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15 de maio de 2012

DROGAS E VIOLÊNCIA: IMPACTO SOBRE A FAMÍLIA

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A falta de expectativa de vida, de esperança leva o jovem e até o adulto a procurar no mundo das drogas uma alegria artificial, diz o filósofo

Uma série de transformações estão trazendo mudanças significativas para a sociedade. Por um lado, o mundo evoluiu, trazendo novas formas de o homem trabalhar e se comunicar. Por outro, está sofrendo as consequências desse avanço, tendo que conviver com problemas que interferem, inclusive, em uma das instituições mais sólidas da sociedade: a família.

Para o filósofo e professor de Sociologia da Faculdade de Tecnologia de Guaratinguetá (Fatec), João Geraldo dos Santos Júnior, a sociedade hoje tem características bem diferentes quando comparadas às outras décadas. 

“Mulheres trabalhando fora, portanto crianças sendo criadas fora do lar, muitas vezes em creches, em outras instituições passam o dia lá com a babá. Isso criou uma certa distância entre pais e filhos, natural na sociedade moderna, digamos assim”, explicou.

O professor lembrou ainda um problema social que vem afetando drasticamente a vivência social. O aumento do consumo e o tráfico de drogas, segundo ele, estão trazendo grandes prejuízos à família não só no Brasil, mas em todo o mundo. 

“O que se percebe, devido ao uso de drogas, principalmente, é a desestabilização dos lares. É a falta de respeito; a falta de união entre pais e filhos; o filho não conhece o pai, o pai não conhece o filho”, disse. O professor acredita que, muitas vezes, essa situação acaba ocasionando brigas constantes e leva, até mesmo, ao divórcio dos pais. 

Explicações

O filósofo informou que o problema das drogas é antigo, mas tornou-se mais popular a partir dos anos 50 e 60 nas grandes cidades e depois atingiu o interior. Para ele, a explicação mais plausível pode ser a curiosidade dos jovens em experimentar para ver o que acontece. 

Ainda assim, o professor lembrou que essa não é a raiz do problema. Para João Geraldo, existe um motivo maior que leva ao vício em drogas. “É muitas vezes, a falta de perspectiva. É o não-saber o que nós estamos fazendo aqui que gera essa questão de querer se drogar. É a falta de expectativa de vida, de esperança mesmo. Tudo isso leva o jovem e, muitas vezes, até o adulto, a procurar no mundo das drogas um alívio, uma alegria artificial”, afirmou.

Desdobramentos e soluções

O uso de drogas, além de ser um problema em si, constituindo um desafio a ser vencido pela família que tem um dependente químico, é responsável por outros problemas sociais, como a violência.

“As pessoas que se tornam viciadas no Brasil, muitas vezes a maioria, não são capazes de sustentar o seu vício e aí partem para a violência, para o furto, para o roubo, enfim, para sustentar esse vício”, explicou João Geraldo.

Para o professor, esses são problemas que, infelizmente, só podem ser tratados a longo prazo. Ele disse que o governo tem investido na conscientização sobre o uso de drogas, mas a solução pode estar na maior satisfação da sociedade. 

“Acredito que uma sociedade mais feliz, pessoas mais realizadas em todos os aspectos, sociais, financeiros, mais realizadas politicamente como cidadãos e até no lado espiritual, isso levaria as pessoas a não buscarem nas drogas esse artifício para uma felicidade passageira e tão artificial”.

Ajuda

Uma iniciativa criada em 2004, no Rio de Janeiro, pode ajudar as pessoas que enfrentam problemas com drogas, e também suas famílias, a superar esse problema. A Pastoral da Sobriedade, implantada há oito anos na Arquidiocese do Rio, é uma ação concreta da Igreja Católica para atuar na prevenção e recuperação da dependência química e outras dependências. 

“A nossa porta de entrada é através do grupo de autoajuda, realizado semanalmente. Aqui na arquidiocese do Rio nós temos 23 grupos que estão atuando semanalmente na vivência desse programa de vida nova”, contou a coordenadora da Pastoral, Cristina de Fátima Carvalho.

Ela explicou que o serviço é totalmente gratuito e também é voltado ao apoio e acolhimento às famílias de dependentes químicos, que aprendem mais sobre a doença e sobre como lidar com o familiar que passa por esta situação. O trabalho conta com atendimento ambulatorial e, quando necessário, a pessoa é encaminhada para os pólos do município que oferecem internação.

Sobre os resultados alcançados pelo trabalho, Cristina se mostra otimista. “A gente sempre diz assim que o milagre se faz pela perseverança. Todos aqueles que perseveram no programa de vida nova da Pastoral da Sobriedade se recuperam e conseguem atingir a abstinência”, finalizou.
Jéssica Marçal
Da Redação

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