A Palavra de Deus

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DOPAS

DOAÇÃO, ORAÇÃO, POBREZA, ALEGRIA E SIMPLICIDADE

29 de outubro de 2015

Observe como você encara o mundo ao seu redor

Observe como você encara o mundo ao seu redor

Os seus pensamentos podem influenciar sua reação diante de um acontecimento ao seu redor

Em nossa vida, fazemos planos e estabelecemos metas, com isso, visualizamos situações que “podem vir a ser”, que “podem ocorrer”, e nos colocamos numa posição de expectativa e investimento de energia, trabalho e emoção. Mas essas expectativas podem, em algum momento, concretizar-se ou não.


O acúmulo de expectativas e situações não resolvidas, bem como problemas cotidianos, profissionais e pessoais, podem nos levar ao famoso estresse, que não vem apenas por aquilo que está externo a nós e visível – como problemas, pessoas, falta de dinheiro, desemprego etc. –, mas, especialmente, ao que chamamos de fatores internos, ou seja, a maneira como interpretamos a vida e seus acontecimentos, as pessoas com as quais convivemos e as situações pelas quais passamos.

Geramos ou pioramos um estado de estresse pela forma como encaramos a vida. Quer um exemplo bem simples de como isso acontece? Por um descuido, você bate seu carro. Não é nada grave, não houve vítimas. Qual a solução mais prática? Buscar um funileiro, avaliar os danos, fazer o orçamento, analisar as formas de pagamento, verificar se você pode ou não pagar agora e decidir por fazer o conserto. Isso é prático, racional e direto (mesmo sabendo que haverá um gasto e que você não poderá pagá-lo agora).

Porém, um modo que gera grande desgaste é olhar para a mesma situação e cobrar-se: “Eu fiz tudo errado! Como pude bater esse carro! Eu não me perdoo, sou mesmo um idiota”. Todos esses pensamentos estressantes e autopunitivos trouxeram alguma solução? Certamente não. Percebe agora como nossos pensamentos e crenças pessoais podem influenciar nossa reação diante de um acontecimento?

A forma como interpretamos as situações e o modo como nossos pensamentos se desenrolam desencadeiam, portanto, a produção do famoso estresse. Crença é aquilo que dá significado à nossa vida. Se eu creio em Deus, meus atos tendem a ser pautados por essa crença. Por outro lado, se creio que tudo será péssimo, que não sou capaz, que nada dá certo comigo ou que nunca minhas expectativas darão certo, temos aí um bom caminho para atitudes desfavoráveis e um amontoado de novos pensamentos negativos e um belo caminho para o adoecimento e para um círculo contínuo e vicioso de estresse.

Muitas vezes, quando estamos nesse estado, achamos mil desculpas para justificar nosso estresse: “Estou estressado, porque meu carro quebrou” ou “Porque meu time perdeu”. Assim como: “Porque meu namoro acabou”, porque … porque… porque… sempre baseados em fatos externos. Você já parou para pensar qual é a sua parcela de responsabilidade diante do que não deu certo? Será que não é devido à sua forma de ver o mundo que o estresse acontece e com ele todas as consequências físicas e emocionais em sua vida?

Faço esse convite a você: pare e observe como você encara o mundo ao seu redor.Esse pode ser um primeiro passo para não ser refém da vida e dar um novo significado à sua história.

Um grande abraço!
Elaine Ribeiro dos Santos - Psicóloga Clínica e Organizacional, colaboradora da Comunidade Canção Nova.

Como viver bem as fases do luto?

Como viver bem as fases do luto?

Ninguém está preparado para perder o outro, mas viver bem as fases do luto é indispensável

Todas as pessoas, quando sofrem alguma grande perda na vida (seja a morte de um ente querido, o diagnóstico de uma doença grave, um processo de falência ou a traição de uma pessoa muito próxima, uma separação, uma punição criminal etc.), passam em maior ou menor intensidade por aquilo que chamamos de processo de luto.


Para lidar com essa situação, a falecida psiquiatra suíça Elisabeth Kubler-Ross pesquisou sobre esse tema e descreveu cinco fases do processo de luto.

A reação psíquica determinada pela experiência da morte (perda) foi descrita por Elisabeth Kübler-Ross em seu livro ‘Sobre a morte e o morrer’, no qual explica que esses estágios nem sempre ocorrem na mesma ordem, nem todos são experimentados pelas pessoas. Ela afirmou que uma pessoa sempre apresentará, pelo menos, duas dessas fases.
São elas:

1) Negação

Surge na primeira fase do luto. É o momento em que nos parece impossível a perda, quando não somos capazes de acreditar nela. A dor da perda é tão grande, que parece não ser possível nem real.

A negação é uma defesa psíquica que faz com que o indivíduo acabe negando o problema, tentando encontrar algum jeito de não entrar em contato com a realidade, seja da morte de um ente querido ou da perda de algo importante. É comum que a pessoa também não queira falar sobre o assunto.

Nessa fase, a pessoa nega a existência do problema ou da situação. Pode não acreditar na informação que está recebendo, tenta esquecê-la, não pensar nela ou ainda busca provas ou argumentos de que o fato não é real.
• “Isso não é verdade!”
• “Vai passar”
• “Sempre dou um jeito em tudo, vou resolver isso também”.

A pessoa continua se comportando como antes (ignorando a situação), não consegue aderir ao tratamento (no caso de doença) ou não falar sobre o assunto (no caso de morte, desemprego ou traição).

2) Raiva

A raiva surge depois da negação. Mesmo assim, apesar da perda já consumada, negamo-nos a acreditar nela. É quando surge o pensamento: “Por que comigo?”. É comum que surjam, nessa fase, sentimentos de inveja e raiva, quando qualquer palavra de conforto nos parece falsa, custando acreditar na sua veracidade.

Nessa fase, a pessoa expressa raiva por aquilo que ocorreu. É comum o aparecimento de emoções como revolta, inveja e ressentimento. Geralmente, essas emoções são projetadas no ambiente externo, percebendo o mundo, os outros e Deus como causadores de seu sofrimento. A pessoa se sente inconformada e vê a situação como uma injustiça.
• “Isso não é justo!”
• “Por que fizeram isso comigo?”

Ela perde a calma quando fala sobre o assunto, evita o tema e se recusa a ouvir conselhos.

3) Negociação

A negociação surge quando o indivíduo começa a encarar a hipótese da perda e, diante disso, tenta negociar para que esta não seja verdade. Ele busca fazer algum tipo de acordo, de maneira que as coisas possam voltar a ser como eram antes. Essa negociação, geralmente, acontece dentro do próprio indivíduo ou, às vezes, voltada para a religiosidade.

As negociações com Deus são normalmente sob forma de promessas ou sacrifícios, pactos e outros similares, são muito comuns e muitas vezes ocorrem em segredo. No caso de uma traição, a pessoa buscar agradar o outro.

• “Vou ser uma pessoa melhor, serei mais gentil e simpático com as pessoas, terei uma vida saudável.”
• “Vou acordar cedo todos os dias, tratar bem as pessoas, parar de beber, procurar um emprego e tudo ficará bem.”
• “Vou pensar mais positivamente e tudo se resolverá.”
• “Deus, deixe-me ficar bem de saúde, só até meu filho crescer.” (pessoa ao saber que está doente)
• “Vou mudar minhas atitudes, meu comportamento, e tudo se resolverá”.

4) Depressão

A depressão surge quando o indivíduo toma consciência de que a perda é inevitável e incontornável. Ele sente o “espaço” vazio da pessoa (ou coisa) que perdeu e percebe que não há como escapar da perda. Toma consciência de que nunca mais verá aquela pessoa (ou coisa); e com o desaparecimento dela, todos os sonhos, projetos e todas as lembranças associadas a essa pessoa ganham um novo valor.

Nessa fase, ocorre um sofrimento profundo. Tristeza, desolamento, culpa, desesperança e medo são emoções bastante comuns. É o momento em que acontece uma grande introspecção e necessidade de isolamento. A pessoa se retira para seu mundo interno, isolando-se, sentindo-se melancólica e impotente diante da situação.

• “Não tenho capacidade para lidar com isso.”
• “Nunca mais as coisas ficarão bem.”
• “Eu me odeio.”

Afastar-se das pessoas e comportar-se de maneira autodestrutiva são situações comuns nessa fase.

5) Aceitação

Última fase do luto. É quando a pessoa aceita a perda com paz e serenidade, sem desespero ou negação. Nessa fase, o espaço vazio deixado pela perda é preenchido. É um período que depende muito da capacidade da pessoa de mudar a perspectiva e preencher o vazio. Voltando-se para a religiosidade, para a fé ou a ajuda de um profissional num processo de psicoterapia.

Nessa fase, percebe-se e vivencia-se uma aceitação do rumo das coisas. As emoções não estão mais tão à flor da pele e a pessoa se prontifica a enfrentar a situação com consciência das suas possibilidades e limitações.

• Não é o fim do mundo.”
• “Posso superar isso.”
• “Posso aprender com isso e melhorar.”

Ela busca ajuda para resolver a situação, conversar com outros sobre o assunto e consegue planejar estratégias para lidar com a questão.
É importante entender que:

As pessoas não passam por essas fases de maneira linear, ou seja, elas podem superar uma fase, mas, depois, retornar a ela (ir e vir), estacionar em uma delas sem ter avanços por um longo período ou ainda suplantar todas as fases rapidamente até a aceitação. Não há regra. Porém, sabe-se que, comumente, a fase mais longa é da depressão para a aceitação.

Tudo depende do histórico de experiências da pessoa e das crenças que ela tem sobre si mesma e sobre a situação em questão. Existem pessoas que podem passar meses ou anos num vai e vem e não chegar à aceitação nunca. Outras, em poucas horas ou dias, fazem todo o processo. Isso varia também em função da perda sofrida.

“Ninguém está preparado para perder o outro; é normal não conseguirmos nos desapegar. Temos a tendência de ficarmos presos em uma relação mesmo quando não a queremos mais. A única saída, então, é ter coragem, enfrentar os desafios que virão e avaliar honestamente nossos sentimentos e emoções.”
O papel de um psicólogo num processo de luto:

O papel de um psicólogo num processo de luto pode ser muito útil para ajudar o indivíduo a identificar o estágio em que se encontra. A resolução do estágio exige a vivência de sentimentos e pensamentos que o indivíduo tenta evitar. A tarefa do psicólogo é permitir que o paciente vivencie o luto. Entendendo que superar não é esquecer nem fingir que nada aconteceu, significa aceitar e continuar a viver, retomar sua rotina, seu trabalho, voltar-se para seus amigos e demais familiares.

Nesse processo, a vivência da fé, para aqueles que creem, é de fundamental importância, pois ajuda a entender que o sofrimento faz parte da condição humana, e a morte e as perdas acontecem para todos.

Jesus veio para nos ensinar que estará sempre junto de nós em todos os momentos, ajudando-nos a carregar a cruz de cada dia, lembrando-nos sempre de que tudo nesta vida é passageiro e que Sua morte na cruz nos dá todos os dias a graça de, juntos com Ele, vivermos por toda a eternidade.
Judith Dipp - Formada em Psicologia, Judith foi cofundadora da Comunidade de Aliança Mãe da Ternura e voluntária num Centro de Atendimento e Aconselhamento para Mulheres ( Montgomery County Counselling and Carreer Center), em Washington, nos Estados Unidos. Atualmente, é psicóloga da Escola Internacional Everest, do Lar Antônia e da Congregação dos Seminaristas Redentoristas, 

Como lidar com os traumas do passado no presente

Como lidar com os traumas do passado no presente

Os traumas do passado podem interferir diretamente em nosso presente

Cada ser humano é único, com incontáveis possibilidades de vivenciar as mais diversas situações. Desde nossas primeiras memórias da infância, vamos acumulando as experiências mais marcantes ao longo da vida; geralmente, as que provocaram maior emoção.

Uma festa de aniversário, aquele passeio esperado, uma viagem, os tombos de bicicleta, as brincadeiras com os primos, um presente especial. São lembranças doces que remetem a um tempo em que o olhar infantil estava mais desperto para os detalhes e encantos do novo, do belo.

Entretanto, nem só de boas lembranças nossa memória está recheada. Muito falamos sobre eventos traumáticos vivenciados em diversas fases do desenvolvimento infantil, mas há também os ocorridos durante a crítica passagem pela adolescência e os que enfrentamos na fase adulta.
Como se fosse hoje

Esse outro lado da moeda tende a ser mais difícil de se elaborar. Causa dor lembrar-se do sofrimento de uma violência física ou emocional, um abuso sexual, a perda de alguém querido, bem como os sentimentos de desamparo, solidão e desespero. Alguns, inclusive, afirmam lembrar-se com tanta nitidez os detalhes do trauma, que poderiam relatar tudo “como se fosse hoje”. Quando dizem essa frase, estão falando a verdade.

Certas pessoas carregam o fardo de dores que acabam pesando mais conforme o passar do tempo. A lembrança passa a ser como um bicho de estimação, algo a ser rememorado para não cair no esquecimento ou para alimentar algum sentimento de vitimização. Outros, pelo contrário, tentam esquecer, a todo custo, os eventos traumáticos que aparecem como flashes indesejados em alguns momentos. Às vezes, colocam uma manta por cima do passado e tentam viver como se essa dor não existisse. É possível até que alguns busquem refúgio em drogas e bebidas, com o desejo de encontrar um conforto momentâneo.
Sujeiras da alma

Primeiramente, é importante entrar em contato com a situação incômoda de forma aberta e transparente. Falar sobre o assunto pode ajudar na elaboração do que aconteceu, principalmente se o evento foi na infância ou adolescência. O adulto que você é hoje pode amparar e consolar a criança que você foi e que não tinha recursos internos para lidar com a situação naquela época. Acolha a dor, reconheça o sofrimento e, se vier uma emoção, abra-se ao pranto que poderá lavar as sujeiras da alma.

Esse pode ser um processo doloroso e longo. Entretanto, estamos falando da qualidade de sua vida, da liberdade que você merece experimentar ao tirar esse peso das costas, que deixa seus passos lentos.
Terrenos escuros e frios

Conforme você for caminhando nesses terrenos escuros e frios, poderá lançar uma luz de compreensão, um sopro quente de perdão que, aos poucos, vão trazer novos significados para a sua história. Se algum passo for muito difícil, tenha paciência consigo, mas não pare! Peça a Deus a graça necessária para enfrentar essas dores, conte com a ajuda de outras pessoas ou profissionais que possam auxiliá-lo nesse processo.

No final, pode acontecer de você descobrir que o perdão – ao outro e a si – é possível e o deixa livre para viver sem o rancor e o ódio. Talvez você encontre uma força interior que não imaginava possuir, e um olhar sereno pode aparecer no seu rosto, junto com um sorriso mais aberto. Valerá a pena conhecer uma nova forma de visitar seu passado e lidar com as dores que pareciam eternas.
Milena Carbonari - é Psicóloga, Pós-Graduanda em Educação e Terapia Sexual, missionária dos Jovens Sarados e membro do Apostolado da Teologia do Corpo Brasil. 

Como a endometriose afeta o físico e o emocional da mulher

Como a endometriose afeta o físico e o emocional da mulher

Quem tem endometriose vive tentando fugir da intensa dor causada por ela, sendo, muitas vezes, taxada como exagerada

Palavra difícil que dá nome a uma doença também complicada. Apesar de ser benigna (não é um câncer nem tem chance de se transformar em um), representa um desafio para a medicina em todos os aspectos. Não sabemos ao certo como é seu início (a teoria mais provável une causas genéticas e imunológicas). Seu diagnóstico é demorado e muitas vezes só pode ser firmado após cirurgia. Não há cura, somente o controle dos sintomas. Realmente, um desafio para as pacientes e para nós ginecologistas.

O que significa?

Endometriose significa a presença de tecido do endométrio (parte interna do útero, responsável pelo sangramento da menstruação) fora do seu lugar original. Pode estar presente no ovário (endometrioma), no corpo do útero (adenomiose) ou em outros órgãos diversos (intestino, bexiga…). Com isso, a cada menstruação ocorre também a inflamação, com ou sem sangramento, em cada um desses lugares, gerando fortes dores abdominais e pélvicas. O problema pode começar na adolescência ou mais tarde, e vai piorando gradativamente. Pode ficar grave a ponto de a paciente sentir dor mesmo fora do período menstrual. Além disso, essa doença frequentemente causa uma grande dificuldade para a mulher engravidar.
Cura natural

A “cura” natural para esse problema ocorre com a menopausa (quando os ovários diminuem a produção de hormônios e a menstruação acaba). O controle da dor é feito com anti-inflamatórios e a tentativa de parada de progressão da doença é feita com a suspensão da menstruação (anticoncepcionais ou outros inibidores hormonais).

Quando as medicações não têm mais efeito ou há o desejo de gravidez, pode-se realizar a cirurgia de videolaparoscopia (onde são queimados os focos de doença) melhorando temporariamente a fertilidade e a dor.

Acho que já deu para perceber como essa doença pode ser muito influente na vida de uma pessoa. Quem tem endometriose vive tentando fugir da intensa dor causada por ela. Muitas vezes, as pacientes são tachadas como exageradas ou “dramáticas” pelos familiares e pelos próprios médicos, por não verem doença palpável justificando tanta dor. O casal também sofre à espera de uma gravidez que talvez nem aconteça.
A doença está ligada a traumas ou desajustes emocionais?

Tudo isso está imerso no universo físico e no âmbito da medicina. Mas se você tem endometriose ou conhece alguém próximo que a tenha, eu o convido a olhar para esse problema com outros olhos. Acredito que nosso corpo seja o espelho do nosso interior, e que toda doença também tem raízes em nossos traumas e desajustes emocionais. Por isso, em toda doença física devemos ter a coragem de mergulhar mais fundo e procurar trabalhar o interior com tanta dedicação quanto seguimos as recomendações médicas. Por que meu corpo sofre tanto a cada menstruação? Há alguma rejeição interior da minha feminilidade? Fiz votos secretos de não ter filhos ou de não querer ser mulher? Por que meu corpo não está permitindo que eu engravide? Tenho medo de me tornar mãe? Será que não quero seguir os exemplos de mãe/mulher que trago na memória?
Não pare na medicina

Deus tem poder para curar facilmente qualquer doença. Ele é o doador da vida que gera filhos, quando quer e vê a hora certa para cada casal, mesmo que sejam considerados inférteis (como vemos tantas vezes na Bíblia). Eu mesma tenho vários testemunhos de pacientes que engravidaram mesmo tendo endometriose grave ou com diagnóstico de esterilidade. Por isso, não pare na medicina, não pare nas limitações físicas. Entregue seu corpo e sua fecundidade a Deus e permita que Ele alcance os medos mais profundos e os cure um a um com Seu amor. Se a doença lhe causar dor em algum momento, una seu coração ao de Jesus, e peça que seu sofrimento não seja em vão.

Não viva sua doença de forma solitária, mas permita que o Senhor entre também nessa parte da sua vida e lhe mostre o que Ele quer fazer em você por meio dela. Deus é sempre bom e não permite nenhum sofrimento desnecessário na vida de seus filhos.
Deixe-O agir!
Roberta Castro -  é Ginecologista e especialista em terapia familiar. Coordenadora do Ministério de Música e Artes da Renovação Carismática Católica no Estado do Espírito Santo. Escritora pela editora Canção Nova

24 de outubro de 2015

A pressa está roubando de nós o bem-estar e os relacionamentos

A pressa está roubando de nós o bem-estar e os relacionamentos.

Foto: mediaphotos, 17216015, by getty images iStock
É importante percebermos que a pressa está nos consumindo

Tenho pensado muito no sentido que estamos dando à nossa vida. Olho em volta e observo o quanto estamos apressados, sem nos encontrar, olhar e conviver. Essa falta de tempo, na busca de “ser” o melhor possível, tem trazido consequências lastimosas para as famílias e para os locais de trabalho, para a convivência comunitária e, principalmente, os relacionamentos considerados importantes para o bem-estar.

Um dia desses, lá na escola em que eu trabalho, o avô de um aluno me chamou e disse: “Professora, vou te contar um caso: é tanto corre-corre que as pessoas estão passando pelas outras e não dão mais ‘bom-dia!’. A senhora acredita que, um dia desses, uma mãe pegou o filho, na porta da sala do meu neto, com tanta ligeireza que o filhinho disse:
– Calma, mãe!
– Não posso. Estou com pressa – ela respondeu.
– Pressa? E quem é pressa? – indagou o filho.”

Após escutá-lo, fiquei também me perguntando – aproveito para lhe perguntar também, caro leitor –: Quem é pressa? O que você responderia ao seu filho se ele lhe fizesse essa pergunta?

A pressa parece uma sombra que não sai do nosso pé por causa das escolhas e necessidades criadas por nós mesmos. Pressa, corre-corre… são vários os nomes e apelidos, mas que sempre nos acompanham, não resta dúvida!

Pois bem, conseguiu responder a pergunta? Quem é pressa?

Caso ainda não tenha conseguido, você pode identificar as suas consequências: estresse, irritação, falta de habilidades sociais, grosserias, impaciência, consumismo, trânsito conflituoso… Ufa! De fato, não tenho mais dúvidas, a pressa tornou-se uma sombra.

Constantemente, enfrentamos problemas por causa da pressa, e cada vez mais arranjamos meios para justificá-la. Quem, nesses últimos tempos, não precisou contornar, esclarecer, desmentir ou mediar conversas que surgiram nos grupos de aplicativos de bate-papo? As pessoas estão dando vida a uma falsa crença: “Fala pelo WhatsApp, que é mais rápido!”. Manda pelo “zapzap”, é ligeirinho!
Vício e dependência

O uso frequente desses recursos, com aspecto de um vício ou de uma dependência, tem sinalizado que os usuários têm necessidades de não parar diante de si mesmos ou das coisas simples da vida. Por exemplo: antes de rezar ao acordar, agradecer a Deus pela noite que passou. Em vez disso, imediatamente pega o celular para ver as horas e as últimas mensagens do dia anterior. É uma verdadeira busca de satisfação. Costumo perguntar: “Essa pressa toda de se comunicar, de se fazer presente é por qual motivo mesmo? Quer ganhar quem? Tudo isso em nome da pressa. Ledo engano!
Estamos sem noção de limites

Carência de companhia, busca de reforço positivo em estar sempre dando opiniões ou alívio para ansiedade… não sei! Tudo isso, “junto e misturado”, tem nos deixado sem noção de limites. Usamos os aplicativos mesmo enquanto as pessoas estão falando conosco, no meio de um aniversário – do início ao fim –, em velórios e também para disfarçar nossa timidez.

Muitas pessoas têm escrito o que querem sem nenhuma responsabilidade. Elas se acham no direito de passar informações inadequadas no grupo. Existe a manipulação de opinião, e o pior, interpretação inadequada do que está sendo lido. Há tanta confusão que, certo dia, não aguentei quando uma amiga do grupo da igreja me disse: “O nosso grupo já brigou. Já saíram vários amigos da nossa época”. Diante disso, reforcei a minha opinião sobre a formação desses grupos, geralmente de pessoas desconhecidas e que se amam tão rapidamente. Tudo por causa da pressa e do significado que se tem dado ao uso do WhatsApp ou qualquer outro instrumento rápido de comunicação e de fácil acesso.

A maioria das pessoas, a partir da terceira mensagem, já virou “gente boa”, dá conselhos, escreve desabafos e partilha segredos. Seria ótimo se todos do grupo já estivessem realmente nesse grau de maturidade. Acho até que o mundo seria outro, porque não há nada mais gostoso do que um bom papo, a troca de ideias e a conversa com os amigos. Contudo, por causa da pressa, seja ela vinda das nossas próprias necessidades ou daquelas produzidas no ambiente em que vivemos, é possível perceber que ela está nos consumindo.
Falta de equilíbrio

Desculpe, D. Pressa, a senhora não é responsável por nada! Falta-nos equilíbrio, bom senso, calma e tempo. Falta-nos também discernimento para escolhermos o melhor para nossas vidas.

Nenhuma contingência tirará de nós a certeza de que, para formar pessoas por meio da educação, será necessária a prática da verdade e do amor, do respeito, da calma e paciência. Portanto, que o uso do WhatsApp fortaleça o que nos falta como seres humanos e que não seja motivo de esconderijo do que somos, do que sentimos e do que, verdadeiramente, precisamos escrever. Às vezes, nem o “kkkk” ou o “rs” têm lógica em algumas mensagens.

Pois bem, conseguimos completar a ideia inicial deste texto: É preciso saber viver, porque a vida não deve ser feita de ilusão.
Judinara Braz - Administradora de Empresa com Habilitação em Marketing.
Psicóloga especializada em Análise do Comportamento.
Autora do Livro “Sala de Aula, a vida como ela é.”
Diretora Pedagógica da Escola João Paulo I – Feira de Santana (BA).

Adão e Eva existiram de verdade?

Adão e Eva existiram de verdade?

Muitos tem dúvidas se Adão e Eva existiram realmente

Os primeiros homens de que fala o Gênesis podem muito bem ter sido rudimentares, como mostram os indícios dos fósseis da pré-história. As ideias religiosas de Adão poderão ter sido puras, mas sob a forma de intuições concretas como dos povos primitivos e das crianças; não se tratava de altos conhecimentos teológicos.


Adão (= Adam, homem) e Eva (=Mãe dos viventes) representam o ser humano criado por Deus. São tão reais quanto é real o gênero humano. Deus se apresentou ao homem nas suas origens, ao homem real e não a um ser fictício. Eles existiram de fato; foram os primeiros seres humanos que receberam de Deus uma alma imortal.
Adão e Eva não são nomes próprios

Por outro lado, Adão e Eva não são nomes próprios como João, Pedro e Maria o são. Então, não necessariamente representam apenas o primeiro casal de humanos, mas os primeiros humanos. São nomes de origem hebraica que significam apenas “homem” e “mulher”. Por isso, a Igreja deixa para o estudo dos cientistas mostrar como os seres humanos surgiram trazidos por Deus; se de apenas um casal (monogenismo) ou de vários casais de um mesmo tronco (poligenismo). O que a Igreja não aceita é que a humanidade tenha surgido, ao mesmo tempo, de vários troncos, em lugares diferentes.
Então o que a Bíblia quer nos ensinar?

O Gênesis, em seus três primeiros capítulos, usa de linguagem figurada para revelar verdades religiosas, não científicas ou históricas. Em resumo, a Bíblia quer nos ensinar apenas o seguinte:

1) Deus criou o ser humano, homem e mulher, podendo ter utilizado a evolução da matéria preexistente até chegar ao grau de complexidade do corpo humano;

2) O Senhor concedeu aos primeiros pais graças espirituais especiais: “justiça original” (harmonia consigo, com a mulher, com a natureza e com Deus), e “estado de santidade” (comunhão profunda com Deus, participação da vida divina), dons preternaturais (não sofrer, morrer, ciência infusa, etc).

3) O Criador indicou aos primeiros pais um modelo de vida figurado pela proibição de comer a fruta da árvore da ciência do bem e do mal. Isso significava que o homem não deveria ser “o árbitro do bem e do mal”, e já que foi elevado à especial comunhão com Deus, deveria comportar-se não simplesmente de acordo com seu bom senso ou suas intuições racionais, mas segundo as normas correspondentes de sua dignidade de filho de Deus;

4) O homem, por soberba e desobediência, disse ‘não’ a esse modelo de vida e ao convite do Criador, perdendo assim o “estado de santidade” e de “justiça original”. Dessa forma, o sofrimento e a morte entraram no mundo por causa do pecado original; isso levou São Paulo a dizer que “o salário do pecado é a morte” (Rom 6, 23).

Não é preciso exagerar a perfeição do estado primitivo da humanidade por causa dos dons preternaturais, e da ” justiça original”. Foi um estado belo, mas do ponto de vista religioso e moral apenas, não sob o aspecto da civilização ou da cultura.
Felipe Aquino -  Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. 

Pílula do dia seguinte: Quais são as consequências?

Pílula do dia seguinte: Quais são as consequências?


Quais consequências isto traz para a mulher, sobretudo para as jovens?

“Ela equivale a uma bomba hormonal para a mulher, com todos os efeitos agressivos e riscos. Altera o processo de ovulação, podendo provocar esterilidade para toda a vida.


Pode causar severos danos à saúde: sangramentos, dores de cabeça e náuseas. Seu uso freqüente pode provocar: danos no fígado, tapar as artérias e provocar infarto, embolias no cérebro ou no pulmão e hemorragias cerebrais, complicar as alterações provocadas pelo tabagismo, aumentar os riscos do colesterol elevado podendo produzir danos no pâncreas, pode produzir cegueira por trombose da artéria da retina, piorar o diabetes. Aumentar o risco de desenvolver câncer de colo do útero e de mama além de depressão”, garante o Bispo.

Já houve vários casos de mortes de jovens causadas pelo uso dessas pílulas. Por exemplo, o jornal O Globo publicou em sua edição de 11/01/01, p.30: que uma menina de 15 anos, Caroline, filha de Jenny Bacon, morreu em Londres, após tomar a pílula do dia seguinte, o que revoltou os pais das alunas na escola onde a pílula é distribuída até para meninas com apenas onze anos.

O Dr. Jerome Lejeune, francês, um dos maiores geneticistas do século XX, já avisava na década de 90 que a pílula do dia seguinte “é uma bomba para o organismo da mulher”.

O Dr. Helio Begliomine membro de diversas sociedades nacionais e internacionais, denuncia ao público a pílula do dia seguinte pelos efeitos contrários à saúde e à vida humana que ela acarreta. E denuncia que há interesses econômicos de grandes firmas que estimulam a sua difusão camuflando as conseqüências negativas que ela possa ter para a mulher e para a sociedade em geral. (Revista PR n.468 – 2001)

Segundo os estudos científicos de D. Rodrigo Aguiar, no caso da pílula do dia seguinte, está comprovado que pode ter três efeitos: “Primeiro: impedir ou atrasar a ovulação. Segundo: Ainda que tenha tido a ovulação, impedir que se dê a fecundação do óvulo pelo espermatozóide. Terceiro: Ainda que tenha havido a fecundação, impedir que o óvulo fecundado se anide ou implante no útero. Este efeito anti-implantatório do óvulo fecundado está fundamentado não só pelo fabricante da pílula, mas também por extensa bibliografia médica.”

A Igreja não tem dúvida de que a pílula do dia seguinte é abortiva; por isso denuncia isto. Estamos falando de um efeito abortivo, pois, segundo a genética, a vida humana inicia desde o momento da fecundação do óvulo pelo espermatozóide. O óvulo fecundado tem já seu mapa genômico próprio e individual, diferente do mapa genômico do pai e da mãe. Se se impede que este óvulo fecundado possa se implantar no útero (nidação), estamos falando de um aborto, ou seja, de um assassinato, e do ser humano mais indefeso.

Afirma o citado Bispo que “os que promovem a pílula do dia seguinte manipulam a linguagem científica: falam de concepção até que se implante o óvulo no útero. Enquanto não se implanta o óvulo fecundado, chamam-no de pré-embrião; já implantado, chamam-no de embrião.” Para a Igreja não existe pré-embrião, mas apenas embrião, já portador de uma alma imortal desde o primeiro momento da sua concepção, mesmo antes de sua nidação no útero da mãe.

A distribuição da pílula anticonceptiva normal e agora a de emergência, provoca cada vez mais a promiscuidade, acentuando uma sexualidade onde o primordial, onde o único motivo é buscar o prazer. Nesta visão hedonista do sexo, o filho torna-se um intruso, um estorvo que se deve descartar. E a mulher é reduzida a um objeto de prazer.
É lamentável que nossas autoridades não vejam isto!

A solução não é distribuir pílulas às jovens, mas reorientar o autêntico sentido da sexualidade, que é expressão do ser humano em sua totalidade. O ato sexual não é só para o prazer, mas o prazer deve acompanhar intenções mais nobres, como a unidade do casal e a comunhão do homem e da mulher, assim como a transmissão da vida. O ato sexual não pode ser apenas um ato de prazer, como para os animais; isto animaliza o homem e a mulher. Ele não é um fim último, mas um meio para a unidade do casal e a procriação. O amor que nutre o matrimônio está chamado a ser fecundo, aberto a outras vidas humanas, no sentido de paternidade responsável.

Pior mesmo do que a gravidez, é a liberação dos atos sexuais fora do matrimônio, que essas medidas geram. Nosso desafio é educar as crianças, os adolescentes e jovens a viver sua sexualidade de uma maneira responsável e plena, e não ficar distribuindo pílulas, camisinhas e laqueaduras. Não estamos lidando com animais.

O Catecismo da Igreja ensina que:

§2270 – “A vida humana deve ser respeitada e protegida de maneira absoluta a partir do momento da concepção. Desde o primeiro momento de sua existência, o ser humano deve ver reconhecidos os seus direitos de pessoa, entre os quais o direito inviolável de todo ser inocente à vida.

“Antes mesmo de te formares no ventre materno eu te conheci; antes que saísses do seio, eu te consagrei” (Jr 1,5). “Meus ossos não foram escondidos quando eu era feito, em segredo, tecido na terra mais profunda” (Sl 139,15).

A sociedade católica precisa reagir a esses absurdos, antes que a nossa civilização volte aos tempos da barbárie dos séculos V.
Felipe Aquino - Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. 

Crise da água pode gerar guerra

Crise da água pode gerar guerra

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
A crise da água é uma preocupação que tem atingido milhões de pessoas

Papa Francisco nos alerta sobre o uso consciente da água e a solidariedade para com os mais pobres. A chegada do calor nos permite usar roupas mais leves, curtir bons momentos ao ar livre, especialmente na praia. No entanto, uma preocupação, que já começa a atingir muita gente, é a falta de água. Essa questão é tão importante, que o Papa Francisco teme que possa ocasionar uma terceira guerra mundial. “A água não é gratuita, como tantas vezes pensamos. Será que o grave problema poderá nos levar a uma guerra?”, alertou o Pontífice em novembro de 2014. A declaração aconteceu ao fim de uma visita à Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), em Roma, quando ele saudou os funcionários do local.

Torneira sem água

Na grande São Paulo, a escassez de água foi motivo de muita dor de cabeça. A região se afogou na maior crise hídrica dos últimos 80 anos. Cerca de 8,8 milhões de pessoas, ao chegarem em casa, depois de um dia intenso, não encontravam uma gota d’água ao abrir a torneira.

Na Encíclica Laudato Si sobre a preservação do meio ambiente, o Santo Padre reflete a questão da água no primeiro capítulo. Conhecedor das realidades que dizem respeito à vida cotidiana, o Papa destaca que “grandes cidades, que dependem de importantes reservas hídricas, sofrem períodos de carência de recurso, as quais, nos momentos críticos nem sempre são administrados com uma gestão adequada e imparcialidade”.

É impossível sustentar o desperdício

Francisco denuncia que é impossível sustentar o desperdício. “A água potável e limpa constitui uma questão de primordial importância, porque é indispensável para a vida humana e para sustentar os ecossistemas terrestres e aquáticos. As fontes de água doce fornecem os setores sanitários, agropecuários e industriais. A disponibilidade de água se manteve relativamente constante durante muito tempo, mas agora, em muitos lugares, a procura excede a oferta sustentável, com graves consequências a curto e longo prazo”, escreve o Santo Padre.

Com viagem à África marcada para novembro, Bergoglio destaca que muitos africanos não têm acesso a água potável segura ou sofrem secas que tornam difícil a produção de alimento. A má distribuição é recordada ao afirmar algumas regiões têm abundância de água e outras sofrem de grave escassez.
Os mais pobres são os que mais sofrem

A qualidade da água, diz o Papa, é um fator que deve ser levado a sério, já que os mais pobres são os que mais sofrem. “Entre os pobres, são frequentes as doenças relacionadas à água, incluindo as causadas por micro-organismos e substâncias químicas. A diarreia e a cólera, devido aos serviços de higiene e reservas de água inadequados, constituem um fator significativo de sofrimento e mortalidade infantil”, enfatiza.
Consequências da crise hídrica

Entre as consequências da crise hídrica estão o aumento do custo dos alimentos; portanto, aumento da fome. Estudos indicam impactos ainda mais sérios até se transformar numa das principais fontes de conflitos deste século. Muita gente pode considerar que o problema da falta de água é culpa apenas das grandes indústrias. É verdade, são responsáveis por lançar detergentes e produtos químicos em rios, lagos e mares, mas o problema da água é de todos nós.

Também nesses momentos difíceis é que se revelam gestos de solidariedade, respeito e amor ao próximo. Cada um faça sua parte para evitar o início de uma terceira guerra mundial. Em nosso quarteirão, bairro ou cidade, cultivemos bons hábitos como economia, reuso e ideias criativas. O diálogo é sem dúvida nosso grande aliado para uma cultura de encontro e solidariedade.
Rodrigo Luiz dos Santos -  é Missionário, cursou Filosofia e é Jornalista. Atualmente, apresenta o programa ‘Manhã Viva’ na TV Canção Nova e é chefe de reportagem da Central de Jornalismo na mesma emissora. 

20 de outubro de 2015

O que determina a personalidade de uma pessoa?

O que determina a personalidade de uma pessoa?

Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
A personalidade de uma pessoa é definida pela totalidade dos traços emocionais

Quando falamos de personalidade, sempre pensamos no conjunto de traços emocionais de uma pessoa, ou seja, como ela reage emocionalmente diante de situações e comportamentos. Isso tem mais a ver quando falamos em caráter, ou seja, se aquela pessoa tem um bom ou mau caráter, como ela age diante da sociedade. No popular, é o tal “jeitão” da pessoa, ou seja, como ela percebe alguém e reage em relação ao outro.

Diferença entre personalidade e temperamento

São coisas diferentes por conceito e por evolução dos estudos da Psicologia. Quando nós falamos em personalidade, cada autor da Psicologia a define de uma forma.
Temperamento se dá como uma reação mais instintiva, biológica. Lá no começo desse estudo, quando pouca coisa se sabia das pessoas, começou-se a perguntar qual era a reação daquele indivíduo frente a determinadas características. Foi quando chegamos ao estudo do que melancólico, colérico, fleumático ou sanguíneo. Já na personalidade, temos um conjunto mais amplo [de fatores] que fala não só do jeito da pessoa ser, mas de uma série de definições de reação, característica e comportamento. É um conceito mais amplo do que o temperamento.
O que realmente significa “personalidade forte”?

Há traços nas pessoas que ficam mais evidentes. Um exemplo é quando falamos no colérico (vou usar a expressão do temperamento de novo): o que marca uma pessoa que tem esse temperamento? É alguém mais enraivecido, que reage de forma mais agressiva. Geralmente, a isso chamamos “personalidade difícil”. No entanto, a popularização desse termo é um erro de conceito.

Personalidade madura

Maturidade não é um sinal apenas de amadurecimento biológico, ou seja, se temos mais ou menos idade. Personalidade madura tem aquela pessoa que consegue viver seus processos emocionais; é aquela que tem, por exemplo, respostas adequadas para um momento, como o término do namoro. Há pessoas que, ao terminar um namoro, conseguem compreender a situação e partem para um outro relacionamento. Outras, no entanto, ficam com um sentimento de vingança e querem tirar satisfação, pois não conseguem entender emocionalmente o fim de uma relação. Diz-se, então, que essa pessoa é imatura no ponto de vista emocional, ou seja, ela não conseguiu ainda conviver e trabalhar com toda a sua emoção. Ela não consegue, por exemplo, sofrer pressão.

Entendemos que a maturidade passa por aspectos não só físicos, mas de compreensão das vivências emocionais e sociais. Nós não podemos nos esquecer de que somos seres biopsicossociais. Temos tudo aquilo que é o nosso biológico, psicológico e aquilo que é nosso convívio na sociedade. Podemos ser pessoas imaturas quando, por exemplo, não sabemos nos relacionar num grupo, conviver positivamente no trabalho, na escola ou no lazer.
O que forma a nossa personalidade?

A nossa personalidade é formada por infinitas situações, e uma delas é a nossa estrutura familiar, o berço onde nascemos, como fomos criados e inseridos na sociedade. Então, se somos pessoas muito expostas a festas e eventos, isso vai dizer se vamos nos tornar pessoas mais falantes, com um jeito mais extrovertido. Se alguém tem uma reação de birra, com uma criança que sempre busca ser agradada, percebemos que ela é um adulto que age como uma criança, ou seja, que só fica bom quando é do jeito dela, que só fica legal quando faz do jeito que ela gosta. Isso também é um traço e um conjunto de questões que vão formar a personalidade madura.

Outra questão que contribui muito para formar a nossa personalidade é a forma de aceitação do nosso “eu”. Primeiro, é preciso que nos aceitemos como somos, entretanto, hoje temos uma exigência da sociedade de seguir o modelo que ela nos impõe. Então, a primeira coisa é nos aceitarmos do jeito que somos, perfeito ou com limitações, para que nos entendamos. Temos de pensar também na aceitação daquilo que são as nossas dificuldades, mas há aqueles que não conseguem conviver com isso, o que é algo bastante complicado.
Problemas de uma pessoa imatura

Uma das maiores queixas, ao falarmos de problemas, é quando demitimos alguém. Aquele que se desliga, geralmente, é uma pessoa que tem problemas de relacionamento; não porque seja ruim tecnicamente ou não conheça aquilo que faz, mas alguém imaturo pode não conseguir se fixar num relacionamento nem estabelecer um bom vínculo no seu trabalho, pode não conseguir definir um destino profissional. É aquela pessoa que hoje faz culinária, amanhã faz desenho, depois desiste e faz administração; daqui a pouco, acha melhor abrir uma barraquinha de cachorro-quente. Mesmo assim, está sempre descontente. Esses são os principais problemas que podemos ter, porque vai chegar uma hora em que os grupos vão se fechando e a pessoa vai se sentindo muito só.
Em um relacionamento, que fatores devem ser observados para saber se o outro tem domínio sobre a sua afetividade?

Conhecer o outro é sempre um mistério. Principalmente, observar como é a sua forma de ser responsável. Ele é uma pessoa que cumpre o que diz? É alguém que se adapta fácil às situações ou tem dificuldade de mudar? Como é o humor dessa pessoa? Ela é constante ou oscila muito? Como é o afeto dela, como mostra que ama? Ela é alguém mais extrovertida? O importante é percebê-la socialmente, não só com você, porque, às vezes, existe o erro de olhar o relacionamento só “você e o outro”, mas não vivemos só “eu e o outro”, mas com amigos, com a sociedade.
Influência da razão e do sentimento

Nós podemos sempre reagir ou tomar decisões com base na razão ou na emoção. Se essa minha emoção é mal trabalhada ou mal canalizada, e eu pauto minha decisão apenas nisso, corro um grande risco de fazer algo errado. O que é importante nesse aspecto é se eu sou um ser apenas racional; e razão também é uma qualidade no ser humano. Há pessoas que são extremamente racionais, analíticas, perceptivas nesse ponto. Outras, são totalmente intuitivas. É importante observar isso, porque a razão tem uma influência, mas ela não é a única forma de reagirmos.
Elaine Ribeiro dos Santos - Psicóloga Clínica e Organizacional, colaboradora da Comunidade Canção Nova.

O que significa o 666?

O que significa o 666?

Quando se fala em 666 do Apocalipse de São João surgem muitas dúvidas

O que significa 666? Para não ser enganado, é preciso saber o que os números representavam para os antigos judeus. Por exemplo: os 144 mil eleitos (Apocalipse, cap. 14) é o povo cristão, que não aderiu ao culto imperial, permanecendo fiel a Cristo. 144.000 = 12 x 12 x 1000. O número 12 era símbolo da perfeição e é citado 187 vezes na Bíblia. O número 1000 representava a glória de Deus.

O simbolismo do 666 é claramente interpretado pela Igreja

A mentalidade judia afirmava que o número 7 significava a perfeição e o contato com Deus, e o que estava abaixo era imperfeito, de modo que o número 6 era sinal de imperfeição, de erro. Temos, por exemplo, os 7 Sacramentos, os 7 dons do Espírito Santo, as 7 dores de Virgem Maria e de São José, etc; é um número símbolo de perfeição. O número 6 repetido quer dizer “perfeição da maldade”, e o autor do Apocalipse identifica a besta com o 666, fala desta como de vários personagens ou de alguém que perseguia os cristãos dessa época.
Perseguição ao Cristianismo

É bom lembrar que o Apocalipse foi escrito no fim do séc. I (95 d.C), em grego, e tinha como destinatário as comunidades cristãs da Ásia Menor (Ap 1,4; 2,1-3,22), que falavam o grego. Nessa época, essa região estava sob o domínio do Império Romano e o Cristianismo era duramente perseguido pelo terrível imperador Domiciano (81-96 d.C). Esse imperador se considerava um deus e exigia que todos os seus súditos o adorassem, o que os cristãos jamais aceitaram.

São João, assim escreve o Apocalipse, divinamente inspirado, proclama que, no final, o Cristianismo sairá vencedor. Querendo dizer quem era a besta, sem poder falar claramente para não ser acusado de crime de “lesa majestade” (estava desterrado na ilha de Patmos por causa da Palavra de Deus – cf. Ap. 1,9). De maneira que o apóstolo fez uso da gematria, que consistia em atribuir um número formado pela soma das letras de certo alfabeto para expressar uma verdade conhecida pelos leitores.

Os povos antigos não usavam o sistema arábico (o nosso) para expressar os números, mas sim as próprias letras do alfabeto. Os romanos usavam apenas 7 letras. Também os judeus e os gregos atribuíam números às letras de seus respectivos alfabetos, mas de forma muito mais ampla que os romanos, já que toda letra (grega ou hebraica) possuía um certo valor. Alfabeto Grego: Alfa = 1; Beta = 2; Gama = 3; Delta = 4; Epsilon = 5; Stigma = 6 (antiga letra grega que depois de certo tempo deixou de ser usada); Zeta = 7; Eta = 8; Teta = 9; Iota = 10; Kapa = 20; Lamba = 30; Mu = 40; Nu = 50; Xi = 60; Omicron = 70; Pi = 80; Ro = 100; Sigma = 200; Tau = 300; Upsilon = 400; Phi = 500; Chi = 600; Psi = 700 e Omega = 800. Alfabeto Hebraico: Alef = 1; Bet = 2; Guimel = 3; Dalet = 4; He = 5; Vau = 6; Zayin = 7; Chet = 8; Tet = 9; Yod = 10; Kaf = 20; Lamed = 30; Mem = 40; Num = 50; Sameq = 60; Ayin = 70; Pe = 80; Tsadi = 90; Kof = 100; Resh = 200; Shin = 300; Tau = 400.
Origem do 666

São João era de origem hebraica e escreveu o Apocalipse em grego. Se fizermos a gematria da expressão grega “NVRN RSQ” (César Nero), usando o alfabeto hebraico, totalizaremos 666, pois: N(50)V(6)R(200)N(50) R(200)S(60)Q(100)=666.

As comunidades da Ásia Menor falavam o grego, mas conheciam os caracteres hebraicos. São João misturou aí dois idiomas, ou seja, o grego e hebraico por esse fato. Se, acaso, o livro caísse nas mãos das autoridades romanas, que não conheciam o hebraico, não colocaria em risco seus leitores. Nero (†67) foi o primeiro grande perseguidor dos cristãos e, na época em que foi escrito o Apocalipse (anos 90), Domiciano voltava a perseguir os cristãos com mais força e crueldade. Era “um novo Nero”. Essa e outras evidências levaram aos estudiosos a interpretar que a Besta do Apocalipse era o próprio Imperador Romano, perseguidor dos cristãos.

O Ap 17,10-11 reafirma essa interpretação. Esse versículo diz: “São também sete reis, dos quais cinco já caíram, um existe e o outro ainda não veio, mas quando vier deverá permanecer por pouco tempo. A Besta, que existia e não existe mais, é ela própria o oitavo e também um dos sete, mas caminha para a perdição”. Os reis de que trata a citação são os imperadores romanos. Considerando, cronologicamente, os imperadores a partir da vinda de Cristo, até a época da redação do livro do Apocalipse: cinco já caíram – Augusto (31aC-14dC), Tibério (14-37dC), Calígula (37-41dC), Cláudio (41-54dC) e Nero (54-68dC); 1 existe:– Vespasiano (69-79dC); e 1 durará pouco: – Tito (79-81dC: só 2 anos!); a besta é o oitavo Domiciano (81-96dC).
As duas bestas do Apocalipse, quem são?

A primeira besta, que sobe do mar (v. 1), é o próprio imperador de Roma, Domiciano (como foi explicado); o mar é o Mediterrâneo, onde se localizava Roma, a capital do Império. Sua autoridade vem de satanás (v. 2) e as palavras blasfêmicas que profere (v. 5) se referem ao culto de adoração ao imperador imposto por Domiciano a todos os povos do Império. A segunda besta, que sai da terra (v.11), classificada como “falso profeta” (Ap 16, 13; 19,20; 20,10), é a ideologia do culto imperial favorecido pelas religiões pagãs. A prostituta (caps. 16-17) significa a Roma pagã e idólatra (v. 9). Os reis das terras que se prostituíram com ela (v. 2) são os povos que adotaram o culto de adoração ao imperador.

De maneira figurada, o 666 pode ser símbolo também de toda força, cultura, pessoa, que combata contra Deus e a sua santa Igreja. São João dizia, no séc. I, que o antiCristo já estava no mundo.
Felipe Aquino - apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. 

A força de uma gentileza

A força de uma gentileza


A falta de gentileza machuca a nossa sensibilidade

Em um mundo onde coloca-se em evidência aquilo que não é bom, ser gentil pode parecer fraqueza, quando na verdade é bem o contrário. Quem nunca mudou de ideia depois de um sorriso verdadeiro, um aperto de mão ou até mesmo uma palavra animadora? Atitudes de carinho, respeito e atenção fazem toda a diferença onde quer que seja e tem força para abrir portas e nos levar a grandes realizações! É que o coração humano criado para amar e ser amado, tem sede de ternura e quando a encontra deixa-se guiar por ela. Já a rispidez, é exatamente contrária aos nossos anseios, por isso nos fere tanto quando a recebemos.

Dizem que a falta de gentileza machuca a nossa sensibilidade, tanto quanto uma geada caindo sobre as flores. Retarda o crescimento de tudo o que é amável e nos impede de desabrochar com a beleza e a simplicidade que trazemos na alma. Por outro lado, a gentileza é comparada a um verão maravilhoso cujo calor estimula e influencia o crescimento das belas virtudes que somos capazes de externar. A gentileza é resultado de um coração forte, curado e unido a Deus pela força de seu amor original e jamais pode ser confundida com a fraqueza. A fraqueza faz barulho e tenta impressionar, a gentileza é discreta e faz questão de não aparecer.
Fúria e força

Existe uma fábula atribuída a Esopo que ilustra bem estre contraste:
“Conta-se que o sol e o vento discutiam sobre qual dos dois era mais forte.
Então o vento disse:
– Provarei que sou o mais forte.
Vê aquela mulher que vem caminhando com um lenço azul no pescoço?
Aposto como posso fazer com que ela tire o lenço mais depressa do que você.
O sol aceitou a aposta e recolheu-se atrás de uma nuvem.
O vento começou a soprar até quase se tornar um furacão, mas quanto mais ele soprava com força,
mais a mulher segurava o lenço junto ao pescoço.
Finalmente, o vento acalmou-se e desistiu de soprar.
Então, o sol saiu de trás da nuvem e sorriu bondosamente para a mulher.
Com este gesto, ela imediatamente esfregou o rosto e tirou o lenço do pescoço, respirando aliviada.
O sol disse, então, ao vento:
– Lembre-se disso meu amigo: A gentileza e a bondade são sempre mais fortes que a fúria e a força”.
Gentileza e tempo

Talvez seja por isso que as pessoas que agem com gentileza, respeito e consideração são sempre tão admiradas e dependendo do caso, até mesmo temidas. São Francisco de Sales, grande doutor da Igreja, certa vez escreveu: “Quando encontrar dificuldades e contradições, não tente derrubá-las com sua força; aceite-as com gentileza e tempo.” – e continua explicando que assim se alcançará a vitória. Até porque, muitas vezes por trás de uma palavra grosseira ou até mesmo um gesto humilhante, está um coração ferido, pedindo para ser amado e a gentileza expressa com sinceridade, pode ser o canal para a cura acontecer.

Diante desta fábula, recordo-me também da passagem de I Reis 19, 11-12, onde narra a história do profeta Elias no monte Horebe, desejoso de encontrar Deus. “Um grande e forte vento rasgou os montes e despedaçou rochas, mas o Senhor não estava no vento. Depois da tempestade veio um furacão com resultados amedrontadores, mas o Senhor não estava no terremoto. Veio então um fogo, mas o Senhor não se encontrava no fogo. Depois do fogo ouviu-se um doce sussurro no ar, uma voz mansa e cheia de amabilidade e ali estava Deus”. Um Deus gentil e amoroso que, mesmo tendo poder para criar o universo e manter o mundo, escolhe revelar-se com gentileza e amor.

Fiquemos atentos as oportunidades que Ele nos dá, sendo canais da ternura, neste mundo tão sedento de amor!
Dijanira Silva - missionária da Comunidade Canção Nova, atualmente reside na missão de São Paulo. Apresentadora da Rádio CN América (SP). 

Depressão infantil: conheça as principais causas

Depressão infantil: conheça as principais causas


A depressão infantil é um transtorno atual

Tenho notado meu filho mais triste, sozinho, com mau humor, aborrecendo-se frequentemente, hipersensível, chorando facilmente, sentindo-se inútil e com ideias de perseguição. Em alguns momentos, ele sente desejo de sair de casa e pensa até em suicídio. O que é isso?

Pode ser que seu filho esteja desenvolvendo um quadro de depressão ou tal transtorno já esteja instalado, pois os sintomas descritos acima são de depressão. Porém, há outros sintomas que exigem atenção: comportamento agressivo, alteração no sono, mudanças no rendimento escolar, socialização diminuída, mudança de atitude na escola, queixas somáticas, perda da energia habitual e mudanças no apetite são sintomas secundários de depressão infantil.

Os sinais mais sutis se encontram nas reações físicas, principalmente em crianças menores, como queixa de dor no estômago, dor de cabeça ou outras dores físicas infundadas, gerando ausências em sala de aula por alguns minutos e até mesmo faltas devido às queixas.

A depressão está inserida na classificação diagnóstica como um transtorno do humor que abrange fatores não só emocionais, mas também comportamentais, cognitivos, sociais, fisiológicos e até mesmo religiosos. Nem sempre a depressão vem isolada, ela também pode estar associada a outros quadros de desajustes emocionais, variando sua manifestação de pessoa para pessoa.
Pensamentos pessimistas

Nas crianças, é comum que a depressão as leve a desenvolver pensamentos pessimistas, acreditando que “tudo o que puder dar errado dará” por culpa dela. Outro comportamento comum das crianças é a distração. Elas parecem estar vagando em seus pensamentos internos, o que altera diretamente a atenção e a concentração, interferindo em seu rendimento escolar. Em um conceito amplo, podemos dizer que a depressão é uma distorção cognitiva de como a criança passa a ver o mundo, como se ela colocasse um óculos de lentes preta e passasse a ver o mundo dessa forma, sem cor, sem vida e sem sentido.
Transtorno atual

A depressão infantil é um transtorno atual, por isso não há estudos aprofundados, mas sim uma iniciação científica, visto que se trata de algo novo que vem crescendo dia após dia.
Creio que muitos podem se perguntar no momento: O que levaria uma criança a desenvolver o quadro depressivo? Acredito que a evolução tecnológica, a fragilidade dos vínculos interpessoais e até mesmo a dificuldade dos pais de lidar com os filhos e com o mundo têm sido os fatores que mais contribuem para esse transtorno. O mundo tem se tornado agressivo para as crianças, e muitas podem nem mesmo querer crescer, o que gera outro desajuste emocional, ao qual chamamos de síndrome de Peter Pan. As crianças têm medo de enfrentar o mundo, pois este tem se tornado cada vez mais difícil.
Os adultos são a janela do mundo

As exigências, o mercado de trabalho, as realizações, a relação com o poder e a necessidade de tê-lo, geram adultos ansiosos, estressados, frágeis e depressivos, e é assim que as crianças acabam visualizando a vida, pois os adultos são a janela do mundo para as crianças. É o adulto quem apresenta a elas as relações e o mundo. Mas como fazer essa apresentação se o próprio adulto se “esconde” dentro de sua casa? Antes de questionar as crianças e conduzi-las a tratamentos, não seria mais interessante verificar as relações familiares e sociais em que elas estão inseridas? Será que esses adultos, responsáveis, provedores e educadores estão verdadeiramente saudáveis ou ainda não são capazes de reconhecer seus medos e limites?

Se sou exigente, perfeccionista, impetuoso, agressivo, competitivo, dinâmico e ativo no mercado de trabalho, como tenho lidado com meu filho em casa? Exijo dele da mesma forma? Provavelmente sim! E assim torno-me criador de uma criatura que pode não dar conta de sofrer frustrações, de compreender as limitações dos outros, que não aprende a perdoar nem a suportar o mundo, desejando não viver nele e se fechando numa realidade em preto e branco.
Aline Rodrigues - é missionária do segundo elo da Comunidade Canção Nova.

Causas e consequências do esgotamento espiritual

Causas e consequências do esgotamento espiritual

Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
Quanto maior o esgotamento espiritual menor a qualidade do ministério

Todas as atividades, se não forem vivenciadas com equilíbrio e maturidade, podem causar sérios riscos à saúde. No campo espiritual não é diferente. Com o passar do tempo, o excesso de atividades na comunidade cristã ou em outras áreas de evangelização podem silenciosamente atingir nossa alma levando-nos a um sério esgotamento espiritual.

Muitos estão esgotados espiritualmente, mas não conseguem admitir tamanha sobrecarga sobre os ombros. Quem se esgotou esgota também quem está ao seu lado.

O esgotamento espiritual traz consigo algumas características negativas para o bom andamento da missão evangelizadora. Muitos começam a exercer ministérios de maneira funcional; executam tarefas, mas o amor, que há tempos os motivava no exercício da missão, tornou-se apenas algo que pertenceu a uma antiga história de amor.

Quando isso acontece, tornam-se funcionários do Sagrado e deixam de ser discípulos missionários. Transformam a missão em algo funcional. Se antes o que alimentava a alma era o ardor missionário e evangelizador, agora cumprem suas obrigações sem se preocupar com a qualidade da evangelização.

Quanto maior o desânimo menor a qualidade do ministério. Jesus não quer funcionários que executem a missão em uma empresa, Ele quer amigos, discípulos, apóstolos que se apaixonam pela proposta do Reino e são impulsionados pelo Espírito Santo a levar a Boa Nova da salvação aos cantos e recantos do mundo. Um discípulo apaixonado é aquele que, a cada dia, examina sua consciência e procura, a cada nova manhã, renovar seu amor pelo Senhor. Quanto maior for nossa intimidade com Cristo melhor será a qualidade do nosso ministério.

Muitos se apaixonaram por Jesus Cristo um dia. Com o tempo, esse amor foi esfriando, pois deixaram de alimentar o relacionamento. A chama viva da paixão, que no início era um fogo abrasador, com o tempo tornou-se brasa, foi se apagando lentamente e hoje restam apenas algumas cinzas de um amor que não foi cuidado. Quando desviamos o olhar de Jesus Cristo, começamos a desejar outros deuses. Quantos foram seduzidos pelo poder, pela fama e o comodismo! Desviaram seu olhar do essencial e alimentam sua vida do periférico. Amores ilusórios se desfazem como o orvalho ao nascer do sol. Amores verdadeiros desabrocham como flores no jardim para alimentar a vida com a beleza que é dom divino.

Outros ainda cuidam com tanto zelo das coisas de Deus que se esqueceram do próprio Deus. Quando Ele deixa de ser a fonte na qual a alma sacia a sede, busca-se águas em fontes duvidosas que prejudicam a saúde espiritual da alma. Cuidar das coisas de Deus é importante, porém se Ele próprio não for a fonte primeira da vida missionária, seremos apenas empregados e não Seus amigos.

O esgotamento espiritual traz sérios riscos para a alma de todo cristão. Quem desvia o olhar de Jesus perde o horizonte de sua vocação. Nossa alma se alimenta daquilo que oferecemos a ela. Somente no cultivo de uma intimidade profunda com o Senhor voltaremos às origens do nosso primeiro amor.
Padre Flávio Sobreiro - é vigário paroquial da Paróquia Santo Antônio, em Jacutinga (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG).

Como devo reagir à oração não respondida?

Como devo reagir à oração não respondida?

Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
Descubra como o cristão deve reagir à oração não respondida

Orar é dialogar com Deus. Na intimidade da oração, o coração rasga o véu do medo e abandona-se nas mãos do Pai. Diante das demandas da vida, muitas são as coisas a serem apresentadas. Muitos outros tantos são as necessidades que afligem a alma e roubam a paz. Contudo, nem sempre nossos pedidos são atendidos. Diante dessa realidade, uma pergunta ecoa no coração: Como o cristão deve reagir à oração não respondida?

Os pais sabem muito bem que nem todos os pedidos de seus filhos podem ser atendidos. Muitos são os motivos que estão por trás de um desejo não realizado. Talvez, a criança precise crescer um pouco mais para que tal necessidade seja atendida; ou ainda, tal pedido possa ser perigoso e colocar em risco a vida dela. Muitos pais sabem que alguns pedidos que seus filhos lhes fazem é apenas capricho disfarçado de necessidade extrema.
Alguns pedidos dirigidos a Deus visam apenas preencher nosso ego

Deus é Pai e sabe que nem todos os nossos pedidos poderiam ser atendidos no tempo e na ocasião que desejamos. Por amor, Ele intervêm diante de nossas necessidades e concede-nos apenas aquilo de que precisamos. Alguns pedidos dirigidos a Deus visam apenas preencher nosso ego, mas maquiamos a realidade de tal maneira que parece uma necessidade urgente.

Vivemos tempos no qual nos desacostumamos a viver com o essencial, e essa realidade, muitas vezes, é refletida em nossa vida de oração. Muitos não suportam mais viver com o essencial e precisam do periférico. Se não adquirirmos a sabedoria divina, vamos, a cada nova oração, disfarçar o periférico de essencial.
O que hoje não compreendemos amanhã pode ser tão claro como a luz do dia

Deus não se deixa enganar e concede-nos apenas aquilo de que temos necessidade. Ele conhece o conteúdo de uma intenção na sua verdadeira essência. Mesmo que algum pedido seja justo e necessário, os projetos do Senhor para cada um de nós vai se revelando nos acontecimentos da vida. O que hoje não compreendemos, amanhã pode ser tão claro como a luz do dia.
Deus responde todas as nossas orações, mesmo que Sua resposta seja ‘não’

Mesmo que algum pedido não tenha sido atendido, não desanimemos. O Senhor responde todas as nossas orações, mesmo que a resposta seja ‘não’. Talvez o fato de não termos recebido a graça hoje seja pelo fato de que Deus esteja preparando o melhor para o futuro. Renovemos nossa confiança no Senhor e busquemos o essencial. Tenhamos a coragem de olhar para as nossas necessidades espirituais e humanas e ver se não estamos nos comportando como crianças mimadas, que de tudo tem necessidade, mas lhe falta maturidade suficiente para discernir a realidade das intenções.
Fortaleçamos nossa alma na luz do Espírito Santo de Deus rezando:

“Divino Espírito, que com sua luz de amor concedei a sabedoria necessária aos corações vacilantes, concedei-me a graça da sabedoria diante das necessidades, e que minha oração, elevada ao Pai, seja sempre guiada por aquilo que realmente necessito. Afastai-me do desejo desenfreado de satisfazer meus caprichos pessoais e ajudai-me a buscar na força da oração o essencial na vida. Amém!”
Padre Flávio Sobreiro - é vigário paroquial da Paróquia Santo Antônio, em Jacutinga (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG).


3 de outubro de 2015

Evangelizar é a missão de todo cristão

Evangelizar é a missão de todo cristão

Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
O cristão precisa viver sua fé anunciando a vida em Jesus, pois evangelizar é a missão de todo cristão.

Quando fui à Terra Santa pela primeira vez, um judeu me perguntou se eu sabia a diferença entre o mar da Galileia e o mar Morto. Disse que sabia que o primeiro era de água doce, cheio de vida e o segundo tinha altíssimo grau de salinidade. Ao seu redor não há vegetação nem vida. É com razão chamado de “Mar Morto”. Ele me disse que era isso mesmo. Mas perguntou qual seria a razão dessa situação de vida e morte? Respondi que de fato não sabia. Ele me disse que o mar da Galileia tem vida porque recebe as águas das montanhas e não fica com elas para si… Deixa as águas saírem para o deserto, formando o Rio Jordão, onde Jesus foi batizado. Esse rio vai desaguar no mar morto. Mas esse segundo mar é egoísta: não entrega as suas águas. Por isso fica morto.

Ser cristão é seguir o exemplo do mar da Galileia. Rezamos “venha a nós o vosso Reino… dai-nos o pão de cada dia”, mas também nos comprometemos com o amor, a solidariedade e o perdão. Não podemos viver como a água parada do mar morto. Em água estagnada cria-se o mosquito da dengue. Cristão parado é cristão dengoso. Aliás, nem é bem cristão… É “tristão”.
Todo cristão é um missionário

Ultimamente a Igreja tem insistido muito em que todo cristão é missionário. É isso mesmo. Precisamos viver a nossa fé no caminho, sempre anunciando a vida em Jesus. Todos nós somos evangelizadores. Cristão que só fica sentado na igreja ouvindo o padre é também um cristão “dengoso”. Está infectado pela epidemia do marasmo religioso. A sua fé é morta… É salgada… É triste.

O verdadeiro cristão é um riacho, nunca uma poça de água parada. Não precisa ter carro ou avião para ser um grande missionário. Santa Teresinha do Menino Jesus, viveu enclausurada num Carmelo, mas tinha um coração missionário que voava pelo mundo inteiro por meio da intercessão. A sua solidariedade espiritual atingia os quatro cantos da terra. Há pessoas que pela sua postura de fé, mesmo presas a uma cama em um hospital, mudam um lugar de morte em um mar da Galileia, um lugar de pescas milagrosas. O lugar é a gente quem faz.
Dengue espiritual

Vamos combater a epidemia da dengue espiritual das nossas paróquias. Não basta ir à missa, é preciso sair em missão. Não pense que isso exige ir muito longe. Cada um de nós com menos de 25 anos certamente já andou dez vezes mais quilômetros do que Jesus em seus 33 anos de vida.

A missão não se mede pelo velocímetro, mas pelo coração.

Padre Joãozinha, SJC. - Padre da Congregação do Sagrado Coração de Jesus (Dehonianos), doutor em Teologia, diretor da Faculdade Dehoniana em Taubaté (SP), músíco e autor de vários livros.


Vício em eletrônicos pode desenvolver patologias

Vício em eletrônicos pode desenvolver patologias

Foto: Martin Dimitrov,74557609, iStock by Getty Images
As pessoas estão se tornando dependentes dos eletrônicos

O que antes era uma preocupação apenas com os adolescentes, por ficarem horas e horas em jogos virtuais, se estende a classe dos adultos e o pior, até mesmo das crianças. Muitos pais na ânsia de ter um tempo “livre” para eles, sem choro e sem necessidade de dedicação aos filhos, usam como moeda de troca o tablet e o celular, oferecendo precocemente aquele que pode ser o grande vilão da vida adulta do seu filho. Por isto gostaria de questionar: será que estamos sabendo utilizar os eletrônicos, em especial os meios de comunicação?

Esta tem sido a pergunta de muitos estudiosos, saber quais são as influências e para bem dizer, os malefícios que este vício pode causar, assim como sua forma de tratamento.
Muito já se falou dos jogos, mas agora gostaria de levantar os questionamentos acerca dos meios de comunicação virtual. Pode se dizer que nunca foi tão fácil acessar a internet como atualmente, são poucos os lugares que não é possível se conectar. E quando isto não acontece, o caos está instalado. Quem nunca ouviu uma pessoa dizer, “aqui não tem nada para fazer, não tem nem internet!” ou “aqui tem Wi-Fi? Qual a senha?”
Atendimento psicológico

Partindo do princípio que tudo que está em exagero pode se tornar uma doença, poderíamos dizer então que o excesso de tempo envolvido com tais eletrônicos é uma patologia e que para isto já existem clínicas de recuperação nos grandes centros. Já se imaginou internado em uma clínica de recuperação por não conseguir se controlar com uso destes meios? Ainda não se trata de uma realidade comum tais internações, no entanto, o número de pessoas atendidas em consultórios psicológicos sim.

As pessoas não chegam nos consultórios dizendo que possuem dependência de internet, jogo patológico ou nomofobia (“no mobile fobia”, ou “fobia de ficar sem celular”), eles chegam se queixando das consequências de tais patologias, que são a baixa autoestima, distúrbios de humor, depressão, fobias e irritabilidade.

Normalmente estes comportamentos dificultam as relações sociais feitas na vida real, sendo então um “refúgio” para aqueles que são retraídos, tímidos, inseguros, complexados, pois neste mundo imaginário, posso me refugiar, distrair, ser quem eu desejo ser, porque hoje é muito comum criar um fake (pessoa imaginária) e fazer tudo aquilo que gostaria de fazer e não “consigo”.
Distúrbios atencionais

No entanto não são apenas alterações emocionais que podem gerar estas dependências. Estudiosos da mente humana, tem buscado estudar quais implicações neurológicas estas dependências tem causado. A princípio, o que pode se dizer é que estes tais excessos podem causar distúrbios atencionais.

Uma vez que durante as atividades virtuais sejam elas jogos, trabalho, estudo, lazer, dentre outros, estimula-se mais o campo da atenção alternada (alternância do foco entre mais de um estímulo para captar cada uma das atividades em separado, eficazmente), com isso gero em meu cérebro uma necessidade de receber constantemente este estímulo. Em contrapartida, o campo da atenção concentrada (capacidade de desconectar-se de um campo mais amplo de atração, seja visual ou auditivo, a fim de isolar-se ou focar-se em um número reduzido de estímulos). Um outro tipo de atenção humana, não menos inferior que a atenção alternada fica “atrofiada”, pois não tem recebido estímulo suficiente. Este desequilíbrio prejudica diretamente o processo de aprendizagem e memória do ser humano, uma vez que auxilia a transição de informações novas da área da memória de trabalho para a memória de longo prazo.

Contudo, se você acha que não depende tanto da internet para se relacionar, se distrair e se manter informado (jornais impressos e televisionados também oferecem informações), lanço um desafio: Desligue sua internet por um período do dia, observe suas reações e veja até onde você depende emocionalmente desta ferramenta.
Aline Rodrigues - missionária do segundo elo da Comunidade Canção Nova.

Jesus é a nossa paz

Jesus é a nossa paz

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
A paz não se constrói pelas decisões dos grandes do mundo, mas no tu a tu do trato entre as pessoas.

Jesus caminhava pelas estradas da Galileia e formava pouco a pouco os seus discípulos, chamados a serem apóstolos e missionários, enviados a levar a Boa Nova do Evangelho até os confins da terra. Quando retornam de sua primeira experiência missionária, partilham com o Senhor o que haviam feito e ensinado (Mc 6, 30-34). Jesus, sensível ao cansaço que certamente experimentavam, procura conduzi-los a um lugar sossegado. No entanto, a multidão sedenta da presença do Senhor chega na frente. Os discípulos, de lá para cá, aprendem do Senhor a ampliarem os horizontes, atentos às necessidades das pessoas. De fato, “ao sair do barco, Jesus viu uma grande multidão e encheu-se de compaixão por eles, porque eram como ovelhas que não têm pastor. E começou, então, a ensinar-lhes muitas coisas” (Mc 6, 34). A lista dos problemas que os cristãos devem enfrentar ao longo da história é muito grande, mas não podem recusar-se a enfrentá-los.

Ovelhas sem pastor, povo sem referências e orientação, abandono à própria sorte. São situações humanas desafiadoras e provocantes, que pedem resposta da parte dos cristãos e de toda a sociedade. Um dos gritos mais significativos de nosso tempo, como expressão do desgaste a que chegaram as relações entre pessoas e grupos é alto nível de violência, o acirramento dos contrastes ideológicos e sociais, incluindo, infelizmente, também a religião, quando esta tem como vocação própria aproximar as pessoas de Deus e umas das outras.

De acordo com os dados do Mapa da Violência, recentemente publicado, mais de cinquenta e seis mil pessoas foram assassinadas no Brasil em dois mil e doze, das quais vinte e sete mil eram jovens. E os números crescem ainda!

Com a proposta do Ano da Paz, a Igreja no Brasil quer ajudar na superação da violência e despertar para a convivência mais respeitosa e fraterna entre as pessoas, explica o bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da CNBB, dom Leonardo Steiner. “Violência que se manifesta na forma da morte de pessoas, na falta de ética na gestão da coisa pública, na impunidade. A violência, a falta de paz, provém do desprezo aos valores da família, da escola na formação do cidadão, do desprezo da vida simples”. A Igreja propõe uma reflexão sobre os motivos da violência e sobre a necessidade de uma convivência fecunda e frutuosa.

O Papa Francisco, na Exortação Apostólica Evangelii Gaudium, aponta para algumas raízes da violência e propõe que digamos um “não à desigualdade social”: “Hoje, em muitas partes, reclama-se maior segurança. Mas, enquanto não se eliminar a exclusão e a desigualdade dentro da sociedade e entre os vários povos será impossível desarraigar a violência. Acusam-se da violência os pobres e as populações mais pobres, mas, sem igualdade de oportunidades, as várias formas de agressão e de guerra encontrarão um terreno fértil que, mais cedo ou mais tarde, há de provocar a explosão. Quando a sociedade abandona na periferia uma parte de si mesma, não há programas políticos, nem forças da ordem ou serviços secretos que possam garantir indefinidamente a tranquilidade. Isto não acontece apenas porque a desigualdade social provoca a reação violenta de quantos são excluídos do sistema, mas porque o sistema social e econômico é injusto na sua raiz. Assim como o bem tende a difundir-se, assim também o mal consentido, que é a injustiça, tende a expandir a sua força nociva e a minar, silenciosamente, as bases de qualquer sistema político e social, por mais sólido que pareça.

Se cada ação tem consequências, um mal embrenhado nas estruturas duma sociedade sempre contém um potencial de dissolução e de morte. É o mal cristalizado nas estruturas sociais injustas, a partir do qual não podemos esperar um futuro melhor” (Evangelii Gaudium 59). “Isto torna-se ainda mais irritante, quando os excluídos veem crescer este câncer social que é a corrupção profundamente radicada em muitos países – nos seus Governos, empresários e instituições – seja qual for a ideologia política dos governantes” (Evangelii Gaudium 60).

Que resposta pode ser oferecida? A paz começa dentro do coração, no acolhimento daquele que é a paz, Jesus Cristo (Cf. Ef 2, 13-18). E esta paz é fruto da ação do Espírito Santo (Cf. Gl 5,22), a ser acolhido como dom derramado pelo Senhor, que o envia como presente que acompanha a Igreja e todos os cristãos. Vem a ser pedido em oração, pois vem do alto, antes de ser uma conquista pessoal. Sem a abertura para Deus o mundo e as pessoas andarão inquietos e não encontrarão a estrada da paz. E não nos esqueçamos de que os cristãos têm à sua disposição o Sacramento de Cura chamado Reconciliação ou Penitência. O recurso à graça sacramental desarma corações e estimula a busca dos caminhos de paz entre as pessoas.

É bom lembrar também que os discípulos de Jesus, em todas as gerações, trazem consigo as eventuais marcas decorrentes de suas situações familiares e da cultura de seu tempo. Não são diferentes dos outros quanto à natureza, mas, voltando-se para ele, empreendem o esforço cotidiano, sustentado pela graça de Deus, mudando suas atitudes, desarmando-se diante das outras pessoas, começando em casa e nas relações mais comezinhas, para ampliar até o relacionamento. A paz não se constrói pelas decisões dos grandes do mundo, mas no tu a tu do trato entre as pessoas. “Devemos sempre lembrar-nos de que somos peregrinos, e peregrinamos juntos. Para isso, devemos abrir o coração ao companheiro de estrada, sem medos nem desconfianças, e olhar primariamente para o que procuramos: a paz no rosto do único Deus. O abrir-se ao outro tem algo de artesanal, a paz é artesanal.

Jesus disse-nos: ‘Felizes os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus’ (Mt 5, 9). Neste esforço, mesmo entre nós, cumpre-se a antiga profecia: ‘Transformarão as suas espadas em relhas de arado'” (Is 2, 4; Evangelii Gaudium, 244). “Misericórdia e fidelidade se encontram, justiça e paz se abraçam” (Sl 85, 11).

Um olhar mais desarmado, sem considerar inimigas todas as pessoas desconhecidas, a capacidade de construir novas amizades, o conhecimento de ambientes diferentes, a abertura sorridente para as novas gerações, que clamam por adultos mais serenos! Parecem sonhos irrealizáveis, mas um primeiro passo dado mostrará as novas possibilidades abertas pela Providência de Deus!

Vale ainda pensar nas capacidades de cada pessoa, com as quais um ambiente diferente pode ser construído na sociedade. Se passarmos por quem atua na educação, ou quem trabalha em órgãos de segurança, chegando às repartições públicas, nas quais todos sejam bem tratados, a superação de obstáculos burocráticos para o atendimento dos cidadãos, para chegar aos detentores do poder que, sendo cristãos, não podem se omitir na busca de soluções para os graves problemas sociais e na busca sincera do bem comum.

Se dermos glória a Deus, em Jesus Cristo, nossa paz, a paz germinará na terra!
Dom Alberto Taveira Corrêa - Arcebispo da Arquidiocese de Belém – PA.