Crise da água pode gerar guerra
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
Papa Francisco nos alerta sobre o uso consciente da água e a solidariedade para com os mais pobres. A chegada do calor nos permite usar roupas mais leves, curtir bons momentos ao ar livre, especialmente na praia. No entanto, uma preocupação, que já começa a atingir muita gente, é a falta de água. Essa questão é tão importante, que o Papa Francisco teme que possa ocasionar uma terceira guerra mundial. “A água não é gratuita, como tantas vezes pensamos. Será que o grave problema poderá nos levar a uma guerra?”, alertou o Pontífice em novembro de 2014. A declaração aconteceu ao fim de uma visita à Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), em Roma, quando ele saudou os funcionários do local.
Torneira sem água
Na grande São Paulo, a escassez de água foi motivo de muita dor de cabeça. A região se afogou na maior crise hídrica dos últimos 80 anos. Cerca de 8,8 milhões de pessoas, ao chegarem em casa, depois de um dia intenso, não encontravam uma gota d’água ao abrir a torneira.
Na Encíclica Laudato Si sobre a preservação do meio ambiente, o Santo Padre reflete a questão da água no primeiro capítulo. Conhecedor das realidades que dizem respeito à vida cotidiana, o Papa destaca que “grandes cidades, que dependem de importantes reservas hídricas, sofrem períodos de carência de recurso, as quais, nos momentos críticos nem sempre são administrados com uma gestão adequada e imparcialidade”.
É impossível sustentar o desperdício
Francisco denuncia que é impossível sustentar o desperdício. “A água potável e limpa constitui uma questão de primordial importância, porque é indispensável para a vida humana e para sustentar os ecossistemas terrestres e aquáticos. As fontes de água doce fornecem os setores sanitários, agropecuários e industriais. A disponibilidade de água se manteve relativamente constante durante muito tempo, mas agora, em muitos lugares, a procura excede a oferta sustentável, com graves consequências a curto e longo prazo”, escreve o Santo Padre.
Com viagem à África marcada para novembro, Bergoglio destaca que muitos africanos não têm acesso a água potável segura ou sofrem secas que tornam difícil a produção de alimento. A má distribuição é recordada ao afirmar algumas regiões têm abundância de água e outras sofrem de grave escassez.
Os mais pobres são os que mais sofrem
A qualidade da água, diz o Papa, é um fator que deve ser levado a sério, já que os mais pobres são os que mais sofrem. “Entre os pobres, são frequentes as doenças relacionadas à água, incluindo as causadas por micro-organismos e substâncias químicas. A diarreia e a cólera, devido aos serviços de higiene e reservas de água inadequados, constituem um fator significativo de sofrimento e mortalidade infantil”, enfatiza.
Consequências da crise hídrica
Entre as consequências da crise hídrica estão o aumento do custo dos alimentos; portanto, aumento da fome. Estudos indicam impactos ainda mais sérios até se transformar numa das principais fontes de conflitos deste século. Muita gente pode considerar que o problema da falta de água é culpa apenas das grandes indústrias. É verdade, são responsáveis por lançar detergentes e produtos químicos em rios, lagos e mares, mas o problema da água é de todos nós.
Também nesses momentos difíceis é que se revelam gestos de solidariedade, respeito e amor ao próximo. Cada um faça sua parte para evitar o início de uma terceira guerra mundial. Em nosso quarteirão, bairro ou cidade, cultivemos bons hábitos como economia, reuso e ideias criativas. O diálogo é sem dúvida nosso grande aliado para uma cultura de encontro e solidariedade.
Rodrigo Luiz dos Santos - é Missionário, cursou Filosofia e é Jornalista. Atualmente, apresenta o programa ‘Manhã Viva’ na TV Canção Nova e é chefe de reportagem da Central de Jornalismo na mesma emissora.
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