A Palavra de Deus

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DOPAS

DOAÇÃO, ORAÇÃO, POBREZA, ALEGRIA E SIMPLICIDADE

24 de junho de 2016

Não existe mãe perfeita, não se cobre tanto

Não existe mãe perfeita, não se cobre tanto

Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
Toda mãe traz em si a obrigação de ser infalível mas não existe mãe perfeita

Quem não chegou em um momento da vida que precisou se deparar com as fragilidades de sua própria mãe? Que frustração! Ela era uma heroína, quase “imaculada” àqueles olhos infantis. Nesse dia, passamos a ter de compreender que ela tem muitas fraquezas e não dá conta de tudo como imaginávamos.

Quando fomos introduzidos em nossa cultura, herdamos essa imagem materna de alguém que não erra, que nos protege, que é forte e quase podemos dizer que é dotada de “superpoderes”.

Toda mãe traz em si essa enraizada “obrigação” de ser infalível para seus filhos. Principalmente nos dias atuais, em que é preciso dar conta de uma jornada de trabalho longa, cuidar da saúde dos filhos, assim como escola, atividades extras, alimentação, roupa, higiene, organização da casa, relacionamento com o marido, agenda da família, e assim vai… Ufa! E ainda tem o cuidado com si mesma. Por que isso só me veio à lembrança por último? Sim, é assim que acontece. Toda mãe traz consigo o dom da renúncia e de querer fazer o melhor possível para os filhos, mesmo que esse melhor requeira não colocar a si mesma na lista de prioridades.

Com essa “obrigação” de acertar em tudo, perde-se também o direito de cometer falhas. E quando elas acontecem, desmorona um “mundo” sobre os próprios ombros, justamente porque sabemos que nos foi confiado alguém que depende totalmente de nós. “Educar e suprir as necessidades de um filho não é uma tarefa fácil, pois consome todo tempo e energia da mãe. É um cuidado integral, de intensa dependência, que pode, muitas vezes, gerar sentimentos de angústia, ansiedade, fracasso e culpa”, esclarece a psicóloga Lisandra Borges.
Os motivos que fazem as mães não se sentirem a mãe ideal

Comum é encontrar alguém não se sentindo a mãe ideal, e os motivos são díspares. Ou porque acha que é muito protetora ou muito ausente. Outras vezes, porque é muito rígida ou ainda porque não consegue ter a firmeza necessária. Quantas vezes choramos depois de gritarmos com as crianças, mas também porque percebemos nossas omissões e limitações. Ou ainda sentimos aquela angústia e medo por não conseguirmos dar para eles o que precisam. Se o desenvolvimento do filho não está da melhor forma, se as notas na escola estão baixas, se tem ficado doente com frequência ou se o filho está muito rebelde… Ai, meu Deus! Onde estou errando? Tudo pode se tornar motivo de preocupação dentro da cabeça de uma mãe, pois ela entende que suas atitudes são determinantes na vida dos filhos.

Esse sentimento é fruto do muito amor, de alguém que não sabe fazer nada além de se doar, um verdadeiro martírio, como tem citado Papa Francisco, ressaltando também que esse dom não é só o de gerar o filho, mas de lhe dar a vida, a sua própria vida no dia a dia, nas suas escolhas.

Por outro lado, na vivência desse dom, a mulher é chamada a cuidar de si mesma para que esteja também em boas condições para lidar com aqueles que tanto ama e para que tenha saúde e disposição para as lutas diárias. Lisandra Borges dá algumas dicas que favorecem esse processo, como lembrar que a mãe perfeita não existe, pois somos seres humanos e estamos aprendendo todos os dias. Além disso, nenhuma criança vem com manual de instruções, então, aprendemos no dia a dia, com a experiência.

Seis dicas para as mães se cuidarem

1. Aceitar a imperfeição já é um começo. É importante saber que você está fazendo o melhor, atendendo as necessidades do seu filho, mas nunca as conseguirá sanar cem por cento.

2. Aproveitar os bons momentos junto com os filhos, valorizando mais os sentimentos positivos.

3. Cuidar-se. Esse consumir-se provoca um esgotamento, por isso é necessário dar-se o direito de ser cuidada, sem culpa; e aqui vale reafirmar: sem culpa mesmo. Não é porque você se tornou mãe, que vai esquecer de si mesma. Quando nos sentimos bem, os filhos colhem o melhor de nós e são os primeiros beneficiados. Quando você se sente bonita, por exemplo, tudo muda, principalmente o humor.

4. Separar um tempo para si. Em meio a tanta correria, não é fácil ser prioridade, porém vale muito a pena separar um tempo para si. De repente, cuidar das unhas, do cabelo ou fazer algo que lhe dê prazer. Que tal se encontrar com os amigos de que tanto gosta? Separar um momento para estar a sós com Deus? Ou então deixar as crianças com alguém para curtir um cineminha com o marido? De repente, um jantar a dois!

Filhos são os melhores presentes que uma pessoa pode receber de Deus, mas as mães precisam respirar novos ares de vez em quando, retomar as forças para dar o melhor de si para esses tesouros.

5. É preciso também, e principalmente, olhar para o Senhor. Ele sabe das nossas intenções, como está em 1 João 3,19-20: “Nisto conheceremos que somos da verdade, e diante dele tranquilizaremos o nosso coração; porque se o coração nos condena, maior é Deus do que o nosso coração, e conhece todas as coisas”.

Com isso, a mãe é chamada a confiar na graça de Deus. Aliás, mulheres heroínas só existem nas telas de cinema e revistas em quadrinhos. Nós, simples pecadoras, dependemos da graça de Deus. Uma boa forma de nos depararmos com nossas fragilidades e limitações é entendermos que sem Ele não conseguimos realizar nossa missão, que não somos suficientes.

6. Sempre é tempo de retomar. Pedir ajuda é uma excelente saída. Muitas vezes, escondemo-nos atrás de lamúrias ou autopiedade, para não enfrentarmos os problemas.

“Se o sentimento de culpa realmente tiver fundamento e você conseguir identificar alguns pontos que pode melhorar, faça isso, encontre soluções práticas para resolver o problema. Se você se sente culpada por não estar sempre presente com seu filho, encontre uma hora para estar somente os dois”, diz a psicóloga Lisandra Borges.

Aproveite para escutar seu filho e refletir o que está fora do equilíbrio e, talvez, minando sua maternidade. Os nossos exageros como mães, muitas vezes, deixam-nos cegas. Porém, dá para respirar fundo e recomeçar.

A Palavra de Deus nos diz ainda que “a mulher será salva pela maternidade, contanto que permaneça com modéstia na fé, na caridade e na santidade” (I Tm 2,15). Portanto, abandonemo-nos nas mãos de Nosso Senhor, pois à medida que fazemos isso, o fardo se torna leve. A maternidade não é algo que possuímos, mas um presente que nos faz participar da criação e paternidade de Deus. Uma linda experiência do amor de Deus.

Não deixe que a tristeza tome conta de seu coração. Cuide de você sem culpa, cuide de seu filho e acredite na graça de Deus. Celebre, porque Deus, Aquele que realmente é perfeito, faz festa com sua maternidade!
Elzirene Pereira -Jornalista e Missionária da Comunidade Canção Nova 

Fernanda Soares -  é missionária da Canção Nova. Foi apresentadora do programa Revolução Jesus e Vitrine da TV Canção Nova. Jornalista.  Autora dos livros “A mulher segundo o coração de Deus” e “A beleza da mulher a ser revelada”. 

A importância do afeto no relacionamento

A importância do afeto no relacionamento

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
Quando o assunto é relacionamento amoroso, o afeto é fundamental

Cada pessoa tem uma maneira própria de ser, e o mundo é melhor por ser assim. Mas temos em comum o fato de nos relacionarmos uns com os outros e sabermos que os relacionamentos são mais frutuosos quando são marcados pelo afeto, ou seja, um sentimento de carinho que se tem por alguém e que se expressa de diversas maneiras, embora com o mesmo objetivo: demostrar que aprecia e ama. Para uns, demonstrar afeto é fácil e prazeroso; para outros, é difícil e até constrangedor. Tudo depende da relação que se tem com a vida.

Quem não foi desejado pelos pais nem recebeu afeto nos primeiros anos de vida, provavelmente, tem mais dificuldades de acreditar no amor do que quem viveu a experiência de ser acolhido e amado desde sempre. Mas tanto um caso como o outro tem necessidade de experimentar o amor traduzido em afeto e até mesmo, de maneira inconsciente, é inclinado a buscá-lo em tudo o que faz. O afeto tem um poder extraordinário de nos revigorar, e quem já recebeu um abraço em momentos difíceis entende bem o que digo. E não para por aí! Uma boa risada, um olhar amoroso, uma mão amiga, um coração sincero que nos acolhe, independente dos nossos erros, e tantas outras expressões de afetos, trazem sempre um colorido especial aos nossos dias.

Quando o assunto é relacionamento amoroso, aí nem se fala, o afeto é fundamental!
Não imagino um casal de namorados, por exemplo, que raramente se abracem e se beijem, poucas vezes se olham trocando cumplicidade. Não que o afeto seja só isso, mas digamos que seria o mínimo para um casal que se ama. O afeto, a meu ver, é também uma forma de diminuir a distância entre nós que amamos e a alma do amado, onde mora o amor.

O poder de um abraço

Experimento isso, por exemplo, quando abraço afetuosamente meu marido. Sinto-me mais perto do centro do seu ser, que podemos chamar de coração; assim, no mistério desse encontro, sou envolvida não só por seus braços, mas também pela força que emana de sua alma, fazendo-o ser o que é e chamando-me a ser quem sou. Acredito que seja por razões como essa que estudiosos exaltam tanto o poder de um abraço, até mesmo como meio para alcançar a cura do físico e da alma. Não só o abraço, mas o afeto em si, expresso de forma ordenada, traz inúmeros benefícios aos relacionamentos, proporcionando consequentemente uma vida mais plena e feliz.

Afeto x apego

O que não pode acontecer é confundirmos afeto com apego, principalmente em um relacionamento amoroso, pois quanto mais nos apegamos a uma pessoa, menos chances temos de amá-la verdadeiramente, já que apego é egoísmo e não tem nada a ver com amor. Além disso, experiências comprovam que quando tentamos preencher os espaços vazios da nossa alma com a presença exclusiva de uma pessoa, é muito fácil nos decepcionarmos com ela e mais vazios nos tornarmos. Portanto, cuidado, ninguém, a não ser Deus, que é o próprio amor, pode preencher totalmente o coração humano, e o afeto é bom e benéfico, desde que submetido a essa verdade. Amar é viver o desafio de plantar, cultivar e contemplar os frutos sem a pretensão de fazer a colheita, é ter a coragem de sair de si mesmo e doar-se a exemplo de Jesus, sem esperar ser amado; é escolher plantar a felicidade no coração do outro e ser feliz só por isso.

Então, seja afetuoso sem jamais deixar de amar, pois é o amor expresso com afeto que torna seu relacionamento mais pleno e dá sentido a todas as coisas, mesmo as mais ordinárias do dia a dia. Vá além dos muros da indiferença e ame mais, abrace mais, pois já está provado que os benefícios do amar compensam os sacrifícios que ele implica.

“Então, ama! Ama e expressa teu amor sem medo nem culpa, desprende-te de quem te retém, mas não recuses receber nem dar um afeto amoroso”.
Dijanira Silva - missionária da Comunidade Canção Nova, atualmente reside na missão de São Paulo. Apresentadora da Rádio CN América (SP). 

A ternura nasce no coração de quem se sente amado

A ternura nasce no coração de quem se sente amado

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
A ternura contribui para deixar de lado qualquer tipo de divisão ou interesse

Prezados casais de namorados, no artigo anterior, abordamos o tema da admiração. Neste artigo, teremos a possibilidade de nos depararmos com uma das maiores virtudes e atitudes humanas: a ternura. Não se trata aqui de a definir, mas descobrir o que podemos fazer para nos tornarmos pessoas doces, singelas e próximas.

“A ternura nasce no coração de quem se sente amado”, afirma Santa Teresa de Jesus, mística espanhola do século XVI. Essa mulher apaixonada pela vida deixou-se, um dia, tocar pela doçura divina e mudou por inteiro.

Na vida de duas pessoas, que admiradas uma pela outra se sentem chamadas a partilhar momentos, circunstâncias e esperanças, a ternura vem contribuir para deixar de lado qualquer tipo de divisão ou interesse.

Falta constante de ternura

Hoje, ouço muitos casais que, por diversas razões, queixam-se profundamente pela dor que causa um certo ciúme ou desconfiança, um desconforto e até um certo aperto no coração. “Meu namorado, minha namorada não confia em mim.” Expressões como essas vêm de uma atitude agressiva e nada terna. As desconfianças são um sinal visível de quem, não se contentando com não se aproximar, prefere se manter distante. Na vida que levamos, muitas atitudes negativas provêm de imaturidade, mas no relacionamento de pessoas que se amam, provêm de uma falta constante de ternura e bondade.

Exercitar a ternura exige, como primeiro passo, aproximar-se. Temos de sentir o cheiro do outro, temos de nos sensibilizar frente ao rosto dele. Quem não se aproxima nunca terá a oportunidade de praticar a ternura. O colo da mãe é o espaço exclusivo através do qual ela manifesta toda a sua ternura para com seu filho. Não se pode sentir o calor por trás de um vidro ou a milhões de quilômetros de distância. Os namorados serão próximos à medida que se sensibilizam um para com o outro. É belo quando a namorada boa em matemática explica para seu namorado bom em português. Essa complementariedade que nasce da ternura faz com que as relações se tornem cada vez mais sólidas.

Coragem de perdoar

Perguntas e respostas ríspidas, silêncios vazios ou ações indevidas levam não só à mágoa, como também endurece o coração. Um segundo passo para a vivência da ternura é a consolação. Até é uma obra de misericórdia espiritual. Encontro pessoas que, no lugar de consolar, aumentam e dilatam a ferida, criando situações desproporcionadas. Quem vive a ternura sabe que um erro não pode ser superado com uma ofensa. Quando há um mal entendido, precisamos consolar e não aumentar o tamanho da situação ou da circunstância que causou aquele mal estar. O Papa Francisco pede para que, sempre que acontecer algo errado, tenhamos a coragem de desculpar o outro mesmo que nos não tenhamos tido nenhuma responsabilidade. Isso transforma, supera e suaviza o coração de quem precisa ser acolhido e perdoado com ternura.

Por último, há quem diga que doença não dura mil anos, pois não há corpo que a resista. A ternura vence todos os conflitos interiores. Aprendamos, por exemplo, a nos acusarmos das nossas faltas, fazendo com que a relação de namoro e noivado sejam menos tensa. Não digo justificar como alguns pretendem fazer, mas acusar-se. Aprender a pedir perdão sem dar tanta transcendência, sem tanto conflito. Os namorados e os noivos têm o tempo todo para fazer brincadeiras, para crescer na alegria, no conhecimento reciproco, e a ternura é um instrumento eficaz e valioso que contribui nessa realidade. Evitemos, então, tudo aquilo que possa nos tornar pessoas agressivas e vivamos a ternura de maneira forte e aguerrida. Ser tenro não é ser meloso, mas sim doce!

Abraço de ternura e amizade
Padre Rafael Solano - Sacerdote da Arquidiocese de Londrina. Reitor do Seminário Maior Paulo VI. Professor da PUC – PR.

Existe proteção quando se usa amuletos?

Existe proteção quando se usa amuletos?

Foto: Sue Ding / iStock. by Getty Images
Deve-se ter confiança em Deus e não no uso de amuletos

São inúmeros os amuletos nos quais se acredita que, ao portá-los, cria-se uma proteção de todo mal e ainda traz sorte. São eles: figa, olho de cabra, pé de coelho, moedas da sorte, chave, elefante virado de costas para a porta ou a ferradura atrás dela etc. Mas será que tudo isso é verdade? Esses objetos possuem mesmo algum tipo de poder capaz de afetar a vida do ser humano?

Há uma mentalidade vinda do século III ainda muito presente nas pessoas, que é a doutrina maniqueísta, fortemente criticada por Santo Agostinho. Essa seita gnóstica afirma a existência ontológica do bem e do mal como sendo os dois princípios eternos opostos, ou seja, acredita-se que o Reino da Luz e o Reino das Trevas lutam entre si e possuem o mesmo poder. Contrária a essa crença, o cristão católico sabe que só existe um único Deus, Ele é o Todo-poderoso, portanto, não existe nada além ou igual a Ele, porque senão Ele não seria o único Deus. “Jamais haverá outro Deus, ó Trifão, nem houve outro, desde sempre (…) além daquele que fez e ordenou o universo”, afirma São Justino.

Não recorrer a amuletos

Havendo um único Deus, devemos ter confiança n’Ele, ter a certeza do salmista quando nos diz: “O Senhor vai te proteger quando sais e quando entras, desde agora e para sempre.” (Sl 121,8). O próprio Jesus, Deus encarnado, antes da agonia experimentada no Getsêmani, fez uma oração de proteção para seus discípulos, para nós: “Eu já não estou no mundo, mas eles estão no mundo, enquanto eu vou para junto de ti. Pai Santo, guarda-os em teu nome, o nome que me deste, para que eles sejam um, como nós somos um” (Jo 17,11). Ora, não precisamos recorrer a objetos de superstição, uma vez que o próprio Deus nos guarda. Ele é o Pai que dá segurança e proteção para nós que somos Seus filhos.

Dentro da própria Igreja podemos cair nas superstições. Isso acontece quando se “atribui só à materialidade das orações ou aos sinais sacramentais a respectiva eficácia, independentemente das disposições interiores que exigem” (CIC 2111). O cristão que utiliza de objetos sagrados, tais como o terço no bolso, a cruz ou o escapulário no pescoço, as imagens dos santos entre outros, somente como proteção sem depender de Deus é um supersticioso. Esses objetos devem manifestar o amor que se tem a Deus, ou seja, para louvá-lo. Eles servem para demonstrar que se é cristão, embora o mais importante é a intenção do coração, pois é dele que saem as boas ou más intenções (Cf. Mt 15,19).
Prestar culto a Deus

É importante percebermos que os sacramentos estão ordenados à santificação dos homens e à prestação dos cultos a Deus. Os sacramentais são sinais sagrados que significam realidades, sobretudo, espirituais. São obtidos pela oração da Igreja, onde os homens se dispõem a receber o efeito principal dos sacramentos e santificam as diversas situações da vida (Cf. SC 60). Assim, os sacramentais nos conduzem aos sacramentos e não podem ser confundidos como amuletos.

Deus aceita não ser amado, mas é inadmissível para Ele ficar em segundo lugar na nossa vida. Pede-se na Sagrada Escritura: “Amarás o Senhor teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças” (Dt 6,5). Portanto, recorrer a tais amuletos da sorte ou, ainda mais, à magia, feitiçaria e adivinhação, é desrespeitar o amor de Deus, porque “o primeiro mandamento chama o homem a crer em Deus, a esperar n’Ele e a amá-Lo sobre todas as coisas” (CIC 2134). Assim, a verdadeira proteção do cristão é o próprio Deus.
Ricardo Cordeiro - Candidato às Ordens Sacras na Comunidade Canção Nova. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Atua no Departamento de Internet da Canção Nova, no Santuário Pai das Misericórdias e Confessionários.

Como passar pelas provações a exemplo de Tobit

Como passar pelas provações a exemplo de Tobit

Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
Vida de Tobit, ensinamento de amor e fidelidade para os dias atuais

O livro de Tobias, escrito por volta de 200 a.C, promove relatos de amor e fidelidade a Deus e ao próximo, pois narra a história da família de Tobit, que é casado com Ana e pai de Tobias.

A vida de Tobit é marcada por muitas provações, mas também por experiências concretas da Providência de Deus que rege todas as coisas. Seu filho Tobias, que conhece Sara, protagoniza uma bela história de amor num relacionamento que, pela força da oração, culmina num feliz matrimônio. Porém, em toda trajetória de Tobit, Sara e Tobias foi preciso confiar em Deus e esperar mesmo diante de tempos difíceis.

Quem é Tobit?

Tobit, pai de Tobias, homem piedoso e fiel, “andava nos caminhos da verdade e praticava boas obras todos os dias” (Tb 1,3), dava de comer a quem tinha fome, vestia os nus e sepultava os mortos em tempo de perseguições. Ele representa o modelo de pessoa justa. Tobit ainda fazia ofertas em Jerusalém do “dízimo do trigo, do vinho, do óleo, das romãs e das outras frutas” (Tb 1,7), ou seja, era comprometido com a lei e com a caridade naquela época, mas já sinalizando para a nova lei em Jesus Cristo, que “é uma lei de amor, uma lei de graça e liberdade” (CIC 1985).

A história desse homem de Deus, analisada a partir das boas obras do dia a dia, é um testemunho para o mundo de hoje, pois ser justo não é uma exceção nem privilégio para alguns, mas algo necessário para todos. E a postura de Tobit, frente a sua realidade ainda no contexto histórico do Antigo Testamento, demonstra já a preocupação em cuidar do próximo e a importância de ser família. Pois, trazendo para os dias de hoje, a Igreja já ensina que “ao criar o homem e a mulher, Deus instituiu a família humana e dotou-a de sua constituição fundamental” (CIC 2203), ou seja, o que se pode ver na história de família do livro de Tobias, que contempla já o fundamento indispensável, que é o âmbito familiar, o lugar de bênção e da presença de Deus.

É fato que Tobit não praticava obras boas por aquilo que poderia receber em troca, mas por gratuidade, no amor e fidelidade à lei. Em suas práticas ao sepultar mortos, pagar o dízimo e outros gestos, sua postura nos faz pensar, nos dias de hoje, o quanto é preciso servir e ajudar as pessoas com benevolência e doação, o quanto é preciso caminhar contrário à cultura do descarte e do individualismo, como nos tem alertado o Papa Francisco atualmente.

Tobit nas provações

As provações, os sofrimentos e tribulações, que muitas vezes parecem não ter um fundamento ou causa para acontecer, são experiências vividas por muitas pessoas. Pode-se ver situações similares na vida de Tobit, que chega a ponto de querer desistir da própria vida. Porém, não se deve cultivar o fatalismo nem o negativismo, mas crer em Deus que “quer comunicar sua própria vida divina aos homens, criados livremente por ele, para fazer deles, no Seu Filho único, filhos adotivos” (CIC 52).

Assim, antes de ver quais foram tais experiências difíceis na vida de Tobit, há uma urgência nos tempos atuais de compreender a distinção entre provação e tentação, já que “o Espírito Santo permite-nos discernir entre a provação, necessária ao crescimento do homem interior em vista duma virtude comprovada, e a tentação que conduz ao pecado e à morte”(CIC 2847). Na provação, podemos ser moldados para a perfeição, já a tentação conduz, na atração, em fazer o mal no intuito de buscar prazer, egoísmo e lucro.

Dessa forma, após dar sepultura a um homem lançado em praça pública, ato de misericórdia comum na vida cotidiana de Tobit, ele retorna para sua casa. Ao adormecer, a Bíblia narra que havia acima dele pardais, e o excremento destes caiu em seus olhos, deixando-o totalmente cego (cf. Tb 2,9-10). O que dizer dessa situação que Tobit vive, sendo que ele estava fazendo o bem e, logo em seguida, veio a cegueira? Essa é uma realidade que muitas pessoas experimentam, começam a caminhar com Deus e as provações aparecem, e muitas não sabem lidar com essas situações. É preciso entender que ser justo e praticar boas obras não quer dizer que não se terá problemas nem sofrimentos, pois Deus “faz nascer o seu sol sobre maus e bons e faz cair a chuva sobre justos e injustos” (Mt 5,45), ou seja, não há distinção de pessoas por erros cometidos, e sim amor incondicional a todos os seus filhos e filhas.

Assim, diante das provações, vale lembrar que a esperança “proporciona-nos alegria, mesmo em meio à provação: alegres na esperança, pacientes na tribulação” (CIC 1820), pois o próprio Jesus, após conferir aos discípulos a missão de evangelizar, garantiu a eles e a nós: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,20).
Márcio Leandro Fernandes - Natural de Sete Lagoas (MG), é missionário da Comunidade Canção Nova e candidato às Ordens Sacras. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, 

30 de maio de 2016

Crianças superprotegidas tornam-se adultos inseguros

Crianças superprotegidas tornam-se adultos inseguros

Foto: Rogéria Nair/cancaonova.com





É natural os pais quererem superproteger os filhos, porém não é saudável para a vida pessoal

O instinto dos pais de garantir a sobrevivência dos filhos não é privilégio apenas dos humanos porque também os animais fazem isso. Mas, ao contrário dos homens de hoje, eles preparam os filhotes para lidar melhor com isso. Além da preocupação parenteral, na sociedade moderna existe a preocupação legal em proteger os menores, acrescido da falta de segurança física e emocional que o mundo hoje oferece.

Educar e treinar os filhos para a vida nunca foi uma tarefa fácil para os pais que se preocupam com isso. No mundo em que vivemos isto se torna ainda mais difícil. É natural, portanto, que os pais queiram superproteger os filhos, porém não é saudável para a vida pessoal, profissional e matrimonial futura deles.

As meninas são mais protegidas para o mundo externo, mas são desenvolvidas para desempenharem papel de companheira e mãe, por outro lado, os meninos são mais preparados para o mundo externo para garantir o sustento material, mas pouco desenvolvidos para lidar com as situações internas do lar.

Até onde vai a preocupação natural

Um questionamento que surge para os pais é até onde vai a preocupação natural e saudável e onde começa a preocupação excessiva que pode ser maléfica. Ou seja, cuidado, atenção e carinho são necessários, mas a superproteção pode afetar na infância criando crianças apáticas entediadas e adultos inseguros, desfocados e frustrados.

O que fazer?

Existe algo imprescindível que precisa ser feito para se ter filhos com possibilidades de ser feliz. Primeiro proporcione a ele condições com responsabilidades e limites na educação, de acordo com cada etapa de sua vida.
Entretanto, a cultura atual tem dificultado isso porque o acesso aos bens de costumes tem produzido crianças acostumadas com mimos, poucos limites e baixas exigências de desempenho. Isto tudo acrescido da culpa de trabalharem muito e da insegurança paterna de não serem amados ou aceitos. Todo este contexto contribui para as crianças serem educadas tendo seus desejos atendidos como um passe de mágica.

Quais são as consequências

Filhos que começam e não terminam estudos, adolescentes que busca nas drogas mais prazeres. Entre outras consequências, maridos e esposas que não aguentam as dificuldades de um casamento. Adultos inseguros devido à baixa autoconfiança, passivos esperando que as pessoas venham cuidar de suas necessidades e quando isso não acontece ficam irritados e frustrados.

Portanto, geramos filhos com dificuldades psicossociais na vida sentimental e social e também no relacionamento sexual, além de eternos dependentes de alguém que cuidem material e emocionalmente deles. Precisamos deixar os filhos frequentarem a academia do crescimento pessoal para que possam desenvolver a segurança em si mesmos determinação, resistência, frustração e foco. Quando adquiridos no decorrer da vida, torna-se é mais fácil e menos dolorido porque acompanha o amadurecimento das pessoas.

Quando a culpa é dos pais?

Às vezes é necessário um tratamento dos pais superprotetores, pois o excesso de proteção pode ter como raiz a própria insegurança e ansiedade porque podem estar repetindo nos filhos suas próprias neuroses.

Onde encontrar ajuda

A escola também pode ajudar muito, pois este espaço proporciona à criança desenvolver sua autonomia, autoconfiança e capacidade de decisão. As atividades extracurriculares também ajudam, desde que não sejam em excesso a ponto de as crianças não terem tempo livre para brincar sozinha e livre.

É reconhecido que muitos dos medos dos pais são reais, mas precisam trabalhar este sentimento e proteger os filhos permitindo que tenham suas próprias experiências e construam paramentos de sobrevivência às situações que a vida apresenta.
Ângela Abdo - é coordenadora do grupo de mães que oram pelos filhos da Paróquia São Camilo de Léllis (ES) e assessora no Estudo das Diretrizes para a RCC Nacional. 


O amor é construído entre dores e alegrias

O amor é construído entre dores e alegrias

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com




“O amor só é lindo quando encontramos alguém que nos transforma no melhor que podemos ser” (Mário Quintana)

O namoro é o momento do encontro de duas histórias; e todo encontro é sempre delicado. Não se começa a namorar sem uma história familiar, humana, afetiva, social, intelectual, espiritual… Quando homem e mulher se encontram, encontra-se também todo um histórico construído ao longo de muitas estações da vida. Por isso, o namoro precisa de tempo para que o conhecimento da história de cada um seja verdadeiro e profundo.

Namorar não é queimar etapas de um processo. No tempo de namoro, é preciso ter a coragem de não esconder a história um do outro. Quem esconde sua origem esconde-se de si mesmo. É preciso coragem para deixar-se conhecer e ser conhecido. Onde o medo domina o amor se esconde.

Nessas duas histórias que se encontram, há todo um passado que precisa ser partilhado e compreendido. O casal que não compreende o passado um do outro, vai usá-lo,diante das primeiras dificuldades, como argumento para ataques. Amar é também a arte da compreensão. Não há necessidade de concordar com possíveis erros acontecidos no passado de quem está se conhecendo agora, mas é necessária a misericórdia que abraça as fragilidades do outro e lhe dá a oportunidade de recomeçar.

Muitos começam o namoro apaixonados pela perfeição que enxergam naquele que dizem amar. Com o tempo, a perfeição vai dando lugar à realidade. Amor não é paixão, mas sim um estágio muito superior, que é construído entre dores e alegrias. Não existem pessoas perfeitas, mas seres humanos que desejam juntos construir uma história de felicidade apesar de suas limitações, pecados e fragilidades. Somente o casal que se descobre imperfeito poderá buscar a santificação no amor partilhado.

Não há como exigir que o outro ame 100%. Será no processo de conhecimento que ambos vão descobrir quanto cada um aprendeu a amar. Alguns aprenderam a amar 30%, porque a sua história de vida lhe proporcionou somente essa porcentagem. Outros vão amar 50%, e outros ainda apenas 10%. Como encarar e enfrentar essa realidade? Nem sempre será fácil. Exigirá paciência, compreensão, oração e muito amor para ser partilhado. Há disponibilidade interior para aceitar o que o outro pode lhe oferecer de amor no momento? Há misericórdia suficiente para acolher os 30% de amor que o outro pode oferecer? Há paciência para esperar que o amor cresça naquele coração que ainda está em fase de construção?

Há muitos casais de namorados perdidos em seus próprios relacionamentos, pois, quando estavam apaixonados, enxergavam que o outro o amava 100%, mas com o passar do tempo descobriram que só eram amados 20%. Amor é construção diária, é um superar as dificuldades tendo como objetivo a felicidade que abraça com misericórdia duas histórias que decidiram construir uma nova história em comum.

A paixão começa a mostrar os seus limites quando o amor começa a ser mais forte que a perfeição antes vislumbrada. Somente com o amor será possível construir uma vida a dois.
Padre Flávio Sobreiro - Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP e Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG), padre Flávio Sobreiro é vigário paroquial da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, 

Como vencer a desvalorização da família

Como vencer a desvalorização da família

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com





O pior problema das famílias desestruturadas não é de ordem financeira, mas moral

Mais do que nunca, a família é atingida, como disse o Papa João Paulo II, por muitas causas: praga do divórcio, “uniões livres”, aborto, controle irregular da natalidade, “amor livre”, “sexo seguro”, “produção independente”, inseminação artificial, “casamentos” de homossexuais, preservativos, eutanásia, úteros de aluguel, pornografia, ideologia de gêneros, adultérios, feminismos excêntricos, novelas imorais, brigas, bebidas etc.

Toda essa desordem moral desaba sobre a família e seus amargos frutos caem sobre a própria sociedade, especialmente sobre as crianças. Irmã Lúcia, vidente de Fátima, disse a um cardeal que a batalha final de satanás contra a Igreja será pela “destruição do matrimônio e da família”; e hoje isso é notório, pois aí está a base do plano de Deus. João Paulo II disse, certa vez, que o mal sabe que não pode vencer Deus; então, procura destruir sua obra: a família. Ele disse também que o futuro da Igreja e da sociedade passa pela família. A própria ONU está aliada com a proposta de “desconstrução da família”, como se viu na Conferência da China, sobre a mulher, em 1995, e na Conferência do Cairo sobre a demografia em 1996.

Hoje, a Igreja vê a família extremamente ameaçada. Na Carta às Famílias, escrita por ocasião do Ano da Família, em 1994, o Papa João Paulo II faz seríssimos alertas sobre as ameaças que hoje a família sofre. Ele disse: “Nos nossos dias, infelizmente, vários programas sustentados por meios muito poderosos parecem apostados na desagregação da família” (CF 5).

Mais à frente, o Papa continua a denunciar as ameaças à família: “No contexto da civilização do desfrutamento, a mulher pode tornar-se para o homem um objeto, o filho um obstáculo para os pais, a família uma instituição embaraçante para a liberdade dos membros que a compõem. Para convencer-se disso, basta examinar certos programas de educação sexual introduzidos nas escolas, as tendências pró-abortivas que em vão procuram esconder-se atrás do chamado “direito de escolha” (pro choice) por parte de ambos os cônjuges e, particularmente, por parte da mulher” (CF,13).

Nessa mesma linha, sem meias palavras, o Papa denunciou os perigos que hoje rondam a família: “O chamado ‘sexo seguro’, propagandeado pela civilização técnica, na realidade, é, sob o perfil das exigências globais da pessoa, ‘radicalmente não seguro’. E mais, é gravemente perigoso”. Por causa disso, o Papa disse no Brasil, em 1997, que há entre nós milhares de crianças “órfãs de pais vivos” (CF, 14). Que tristeza!

Mostrando que a mentalidade consumista e antenatalista é uma ameaça à família, o Papa diz:
“Quando um tal conceito de liberdade encontra aceitação na sociedade, aliando-se facilmente com as mais variadas formas de fraqueza humana, rapidamente se revela como uma sistemática e permanente ameaça à família” (CF,14).

O pior problema, hoje, das famílias desestruturadas, não é de ordem financeira, mas moral. Quando os pais têm caráter, fé, ou como o povo diz, “tem vergonha na cara”, por mais pobre que sejam, são capazes de impedir a destruição do seu lar. São inúmeros os casais pobres, mas que, com uma vida honesta, de trabalho e honradez, educaram muitos filhos e formaram bons cristãos e honestos cidadãos.

A miséria maior que destrói as famílias pobres e ricas é a miséria moral e a falta de religião. É esse resgate moral que precisamos realizar para recuperar a família segundo o coração de Deus. De tudo o que foi exposto até aqui, chegamos à conclusão de que a reforma da sociedade não poderá ser feita sem a reforma da família, segundo os planos do seu fundador. Somente ancorada na Lei eterna de Deus a família e a sociedade poderão ser felizes.

Em vista dessas ameaças contra a família, torna-se casa vez mais importante uma “educação no lar” que valorize a vida, a lei de Deus, a catequese, a oração em família e a solidariedade entre pais e filhos, entre esposo e esposa. Marido e mulher precisam ser fiéis um ao outro, e jamais se permitirem envolver com intimidades com outras pessoas, ameaçando a destruição da família com o adultério e o divórcio. A família cristã precisa, todos os dias, rezar o Terço de Nossa Senhora.

Os pais precisam dar boa formação moral e religiosa aos filhos, ensinando-lhes com clareza, desde pequenos, a evitar tudo que é imoral, tudo o que foi citado acima e ameaça a família. Aos poucos, uma mídia sem Deus, as novelas perversas, as revistas profanas, vão minando a fé e a moral católicas, e muitos começam achar que certos procedimentos irregulares são normais.

Cabe aos pais fiscalizar o que seus filhos estão aprendendo nas escolas, pois, de modo especial nas escolas públicas, têm sido colocado nas mãos das crianças cartilhas imorais e pornográficas. Hoje, a identidade e a formação das crianças são ameaçadas pela diabólica “ideologia de gênero”, que tenta se implantar por lei, visando a criança.

Os cristãos precisam, por outro lado, manifestar-se de maneira organizada e unida com a hierarquia da Igreja, contra tudo que seja proposta de lei que ameace a família, e rechaçar das escolas tudo que seja imoral na formação dos filhos. A grande maioria católica do nosso país não pode se tornar uma maioria silenciosa e omissa, dominada por uma minoria gritante e agitadora que quer implantar entre nós leis imorais e destruidoras da família.

Por tudo isso, é fundamental que em todas as paróquias haja uma boa pastoral familiar, que possa preparar os jovens para o casamento segundo os valores do Evangelho, em retiros para namorados, noivos e casais. Todos os casais cristãos são chamados, hoje, sem que ninguém fique de fora, a ajudar nessa ação evangelizadora em função da família. Urge que se crie um “mutirão familiar”. Caso contrário, vamos chorar mais tarde, quando virmos nossos filhos e netos vivendo valores que não são do Evangelho da salvação.
Felipe Aquino - Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. 

O que é violência sexual?

O que é violência sexual?

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com






Entenda o que é violência sexual por meio do relato de uma vítima


A escuridão preenchia as ruas da cidade, tímidas luzes da iluminação pública dispersavam as sombras pelo caminho. As aulas da faculdade haviam acabado a pouco e o frio da noite oferecia um caminho pouco confortável no regresso ao lar. Subitamente, um carro, um rosto conhecido, uma oferta de alento, uma dádiva para amenizar o esforço noturno. Afinal, que perigo haveria num rosto familiar? A triste constatação foi que aquela situação era um grande engano, as perversas intenções obscuras sobre as palavras, até então acalentadoras, se mostrariam muito piores do que o frio daquela noite.

Daniela (nome fictício), mãe e universitária de 25 anos, foi vítima de um estupro provocado por três homens, dos quais um era seu amigo há 15 anos e vizinho há nove anos. No retorno da faculdade, que é próxima a sua cidade, ele ofereceu carona para a Daniela, que, por causa do frio e por ser ele um amigo, aceitou. Foi a pior carona da vida dela, pois eles a levaram até um terreno abandonado e ali a espancaram, abusaram sexualmente dela e, insatisfeitos, enfiaram um pedaço grande de madeira com farpas em sua vagina.

Após ser socorrida e levada ao hospital, Daniela precisou levar 132 pontos e passar por um processo doloroso de perícia e depoimentos. Hoje, ela luta para superar essa trauma. Confira o testemunho de Daniela.

Padre Anderson Marçal explica que é preciso ter fé e esperança depois de um abuso. “A pessoa abusada precisa saber que a vida dela não acabou ali; mais do que isso, se uma pessoa abusou dela, há alguém que a ama, e esse alguém é Deus. Então, ela precisa ter esse olhar de que a vida não acabou ali. É um caso sério? É um caso sério. É grave? É grave. Traz consequências profundas? Traz consequências profundas. Mas não é a última palavra ainda.”
Saiba o que é violência sexual e como buscar ajuda

Deparar-se com casos de violência sexual gera comoção. Um olhar externo e distante leva a questionamentos, porém, quando a vítima é um familiar ou até mesmo você, o ponto de vista e os conceitos mudam.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a “violência sexual é qualquer ato sexual, tentativa do ato não desejado ou atos para traficar a sexualidade de uma pessoa, fazendo uso de repressão, ameaça ou força física, praticados por qualquer pessoa independente de suas relações com a vítima e de qualquer cenário, não limitado ao lar ou trabalho”. Ou seja, é uma agressão focalizada na sexualidade da pessoa, mas que a atinge em todo o seu ser.

A violência sexual pode tomar várias formas, e apesar de existir a falsa percepção de que o agressor em potencial se restringe a pessoas distantes, na verdade o mais comum é que seja realizada por pessoas próximas. Segundo a central de atendimento 180, em 46,96% dos casos de violência sexual, o agressor é parceiro da vítima, sendo que 25,27% é praticada por cônjuges.

Ao perceber que está sofrendo abuso, é fundamental que a pessoa busque apoio especializado como delegacias, advogados e psicólogos. O apoio de familiares e amigos é essencial, pois, neste momento, é fundamental criar laços que gerem na pessoa agredida uma sensação de segurança, cuidado e acolhimento.
Fernanda Soares - é missionária da Canção Nova. Foi apresentadora do programa Revolução Jesus e Vitrine da TV Canção Nova. Jornalista. Hoje trabalha como produtora de conteúdo no setor de Internet da Canção Nova.

25 de maio de 2016

Será que sofro de transtorno de ansiedade?

Será que sofro de transtorno de ansiedade?

Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com






Transtorno de ansiedade generalizada: sintomas, causas e tratamentos

Antes de falar propriamente do Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), gostaria de esclarecer que ele faz parte do grupo dos transtornos de ansiedade. Sendo comum em nosso meio e com maior predominância por ter junto dele outras doenças emocionais.

Normalmente, quem tem TAG não possui apenas esse transtorno, mas possivelmente traz junto de si algum outro, como pânico, agorafobia, fobia social ou específica. Mas é válido lembrar que não é uma regra! Dentro da ansiedade é comum a associação de transtornos associados a ela. Outro fator interessante é que se trata de uma doença comum a ambos os sexos, tendo uma predominância nas mulheres, sendo que, a cada duas mulheres, um homem apresenta o transtorno.

A pessoa que sofre desse transtorno fica boa parte de seu tempo preocupada com alguma coisa. Mas com o quê? Qualquer coisa! Tudo que está a sua volta gera ansiedade. Por exemplo: se uma pessoa manda uma mensagem dizendo que precisa falar urgentemente com ela, imediatamente a pessoa que tem TAG começa a pensar: O que será? Será que é grave? Será que fiz alguma coisa que a deixou chateada? Ela começa a entrar em um processo ansioso, sofrendo até mesmo reações corporais, pois experimenta a angústia de não conseguir responder as perguntas que são geradas em sua cabeça, as quais normalmente são negativas. É bem provável que essa pessoa apresente um pensamento catastrófico, pois acredita que o pior sempre vai acontecer, mesmo em situações que aparentemente são simples e corriqueiras.

O que ainda não existe passa a ser angustiante para quem tem TAG. A pessoa fica criando inúmeras situações de consequências negativas e sofre.
Sintomas

Sintomas comuns de quem tem TAG são: palpitações, dor ou pressão no peito, sensação de falta de ar, sensação de cabeça “vazia”, suor nas mãos, tremor, agitação, formigamento e tensão muscular. Tudo isso acontece, porque a pessoa não consegue pensar em outra coisa, a não ser na catástrofe que logo vai acontecer. Isso segundo sua cabeça, que pensa de forma disfuncional (contrário à realidade) nesse momento. Ou seja, errada!

Essas questões geram sofrimento para a pessoa, pois ela fica o tempo todo tentando se controlar. Existe um esforço para que as pessoas à sua volta não percebam que isso está acontecendo. Outras preocupações comuns são: “Há sempre perigo por perto!”, “Eu preciso estar sempre pronto para responder, e responder certo!”, “Não posso perder o controle”, “Preciso da resposta nesse momento, e tem que ser agora!”, “Não posso me deixar dominar por minhas emoções”, “Não consigo viver o momento presente. É difícil demais!”, “Eu preciso evitar coisas que me deixam ansioso.”

O interessante é que a sociedade deseja pessoas assim. Quem tem TAG é extremamente responsável, quer fazer tudo certo, da melhor maneira. A questão é que se torna tão exigente, que já não permite erros. E qualquer situação que, aparentemente, não dê certo, a ansiedade e o sofrimento psíquico se instalam.

Tratamento

O tratamento desse transtorno pode ser medicamentoso e psicoterápico. Lembrando que a terapia ajuda a pessoa a sair do sofrimento e dar uma resposta diferente àquela que tem dado. O medicamento é bom e importante, mas por um tempo; não se pode depender dele eternamente, por isso a ajuda psicológica é fundamental.
Aline Rodrigues - Aline é missionária do segundo elo da Comunidade Canção Nova.

Os benefícios da Eucaristia para a vida interior

Os benefícios da Eucaristia para a vida interior

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com








Três benefícios da Eucaristia para uma vida espiritual

Incontáveis são os benefícios da Sagrada Eucaristia para uma vida interior em Deus. Identificar esses favores nos tornam pessoas melhores e mais comprometidas com o Evangelho.

O Catecismo da Igreja diz que “a Eucaristia é o memorial da Páscoa de Cristo, isto é, da obra da salvação realizada pela Vida, Morte e Ressurreição de Cristo, obra tornada presente pela ação litúrgica” (CIC 1409).

Assim, na Eucaristia, somos convidados a participar da graça que esse sacramento nos confere: a salvação em Jesus Cristo pelo Mistério Pascal, que também nos conduz para outros benefícios em nosso interior.

Vejamos alguns benefícios da Eucaristia para uma vida interior:

Eucaristia e silêncio

O Papa Francisco, em homília na Casa de Santa Marta, afirmou que é preciso “guardar um pouco de silêncio para escutar a Deus, que nos fala com a ternura de um Pai e de uma Mãe”. Pois, para ouvir essa voz terna, é imprescindível um caminho de vida interior.

Diante de um mundo informatizado, com avanços tecnológicos e de rápidas transformações, constata-se que o homem tem se perdido, muitas vezes, no ativismo, na busca frenética por status, posição, poder e tantas outras realidades, que o faz olhar mais para o exterior do que para o seu interior. Dessa forma, percebe-se o descuido com o silêncio que nos leva à interioridade, que não é simplesmente parar de falar ou evitar ruídos, mas uma postura profunda de quem quer ouvir Aquele que muito nos tem a falar.

Na Eucaristia, somos provocados a ouvir o Senhor no silêncio do nosso coração, porque Ele quis fazer morada nós. Com isso, na vida interior, vale recordar o que dizia Santo Agostinho, que “Deus está acima do que em mim há de mais elevado, e é mais interior do que aquilo que eu tenho de mais íntimo”. Imaginemos, portanto, a intimidade que temos ao entrarmos em comunhão com o Corpo e Sangue de Jesus, pois, o íntimo do nosso interior acolhe Aquele que nos é mais íntimo do que nós somos de nós mesmos.

A Palavra diz: “a seguir, tomou o pão, deu graças, partiu-o e lhes deu, dizendo: ‘Isto é o meu corpo, que é dado por vós’” (Lucas 22,19). Jesus, na Última Ceia com seus discípulos, dá-nos Seu próprio Corpo e Sangue.

Eucaristia e oração

Jesus sempre mostrou o caminho da oração. Por várias vezes, Ele retirou-se para estar com o Pai, como é narrado no Evangelho, que, logo após a primeira multiplicação dos pães, Ele “subiu à montanha, a sós, para orar. Anoiteceu, e Jesus continuava lá sozinho” (Mateus 14, 23). Assim, na vida interior em Deus, é importante compreendermos que a oração é “a elevação da alma a Deus ou o pedido a Deus dos bens convenientes” (CIC 2559). Ou seja, orar é colocar-se na presença do Senhor, é estar, ouvir, falar e deixar-se envolver por Ele.

Dessa forma, a participação na Eucaristia nos beneficia na vivência interior da oração, pois a alma se eleva diante de um Deus que é próximo. Essa experiência acontece num espaço concreto e real, que é na Igreja, pois “a Eucaristia é o coração e o cume da vida da Igreja, porque nela Cristo associa a sua Igreja e todos os seus membros ao seu sacrifício de louvor e de ação de graças, oferecido ao Pai uma vez por todas na cruz; por este sacrifício, Ele derrama as graças da salvação sobre o seu corpo, que é a Igreja” (CIC 1407).

Assim, na Eucaristia, somos beneficiados com o melhor lugar para nos encontrarmos com Deus, o nosso coração. Que bom será quando todos tiverem a clareza de Santa Teresinha do Menino Jesus que diz: “A oração é um impulso do coração, é um simples olhar lançado ao céu, um grito de reconhecimento e amor no meio da provação ou no meio da alegria” (CIC 2558). Pois oração na vida interior tem como reflexo: o amor e a alegria.

Eucaristia e a santificação

São João Paulo II, na sua Encíclica Ecclesia de Eucharistia diz: “A Igreja vive da Eucaristia”, sendo assim, os que vivem na Eucaristia caminham na Igreja num processo de santificação e de profunda vida interior, porque, a Eucaristia é fonte de santidade e vida.

A Bíblia nos ensina em I João 2,6 que “aquele que afirma permanecer n’Ele deve viver como Ele viveu”, porque viver como Jesus, pensar como Jesus, falar como Jesus é buscar ser semelhante a Ele. Assim, seguir os passos de Cristo só é possível por Sua graça, já que “tudo o que Cristo viveu foi para que pudéssemos viver n’Ele e para que Ele vivesse em nós. Nós somos chamados a ser uma só coisa com Ele; Ele nos faz partilhar (comungar), como membros de seu corpo, de tudo o que Ele, por nós e como nosso modelo, viveu em sua carne” (CIC 521). Portanto, façamos nossa parte e estejamos unidos a Cristo na Eucaristia, em comunhão com Seu Corpo e Sangue que nos santifica.

Os benefícios de santificação pela Eucaristia são diários, já que, “tendo Cristo passado deste mundo ao Pai, dá-nos na Eucaristia o penhor da glória junto dele: a participação no Santo Sacrifício nos identifica com o seu coração, sustenta as nossas forças ao longo da peregrinação desta vida, faz-nos desejar a vida eterna e nos une já à Igreja do céu, à Santíssima Virgem e a todos os santos” (CIC 1419).

Portanto, Jesus, pela Sua Paixão, Morte e Ressurreição nos deu a salvação para que possamos, assim, alcançar todos os benefícios que a Eucaristia nos concede diariamente ao participarmos de tão grande mistério de doação total de Deus ao homem, para vivermos uma verdadeira vida interior que dê frutos de santidade.
Márcio Leandro Fernandes - Filósofo e missionário da Comunidade Canção Nova

Bondade e beleza fazem parte da mulher


Bondade e beleza fazem parte da mulher

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Saiba como a bondade e a beleza fazem parte da mulher

A narração da criação do mundo, no livro de Gênesis, afirma que tudo o que Deus criou era bom e dentre Suas diversas obras estava a mulher. Porém, ao narrar a criação da luz, da noite, do firmamento, o autor sempre termina dizendo: “E Deus viu que era bom”. No entanto, ao narrar a criação do homem e da mulher, o autor afirma que, para Deus, isso não era só bom, mas MUITO BOM.

A bondade faz parte de você desde o momento da sua concepção e, durante toda a sua vida, sempre se fez presente de maneira intrínseca. O que acontece é que os sofrimentos da vida, as decepções que enfrentamos, as marcas e feridas deixadas em nós podem minar essa bondade. E a luta de todo cristão é não deixar que o mal, a vingança, a ira e a falta de perdão substituam a bondade pela maldade. “Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal pelo bem” (Rm 12,21).

Portanto, se você não tem o costume de ouvir que é boa como pessoa ou naquilo que faz, eis uma verdade a seu respeito: você é muito boa! Repito: a bondade faz parte de você desde o momento da sua concepção e, durante toda a sua vida, sempre se fez presente de maneira intrínseca.

Além de você ser muito boa, é também muito bela. Sim! A beleza é obra e criação de Deus, e, como um excelente autor, Ele foi deixando o reflexo de Sua beleza em todas as Suas criaturas. Mulher, você é espelho da beleza de Deus. “De fato, partindo da grandeza e beleza das criaturas, pode-se chegar a ver, por analogia, o seu Criador” (Sb 13,5), “pois foi o Princípio e Autor da beleza quem as criou” (Sb 13,3).

A bondade e beleza são fundamentais, porque toda mulher boa é bela, mas nem toda bela mulher é boa. A estética é apenas um aspecto da definição de beleza. Uma pessoa fisicamente bonita pode ser moralmente feia, e essa feiura se manifesta, comumente, em uma tristeza que o rosto e os olhos não conseguem esconder.

A beleza atrai

O ser humano é atraído pelo belo, e já dizia Dostoiévski: “A beleza salvará o mundo”. A beleza da pessoa humana não se limita ao corpo, porque ela possui uma dimensão muito maior do que somente a estética: possui também uma dimensão ética e religiosa. Tudo que é verdadeiro, bom e uno traz também o belo. Portanto, a beleza leva a pessoa a amar, contemplar, e isso pode salvar as pessoas e o mundo, pois o amor santifica.

O seu valor não está somente no seu aspecto físico, mas também no seu caráter, na bondade e na capacidade de amar. “Quantas mulheres foram e continuam a ser valorizadas mais pelo aspecto físico que pela competência, pela riqueza da sua sensibilidade e, em última análise, pela própria dignidade do seu ser” (Carta do Papa João Paulo II às mulheres).

Faça uma lista

Do que você não gosta em você? Faça uma lista neste momento. Agora, apresente-a para Deus, que foi quem a criou assim. Numa conversa sincera, peça a Ele a graça de superar esses itens e de enxergar e valorizar o que você gosta em si mesma e que é belíssimo. Agora, a pergunta é: do que você gosta em você? Faça outra lista. Cole essa lista no seu espelho para que, todos os dias, ao se deparar com a sua imagem, você fixe o seu olhar nas coisas belas e boas que você tem.

Mulher, você é muito boa e muito bela! Se você não se sente assim, então peça a Deus a graça de acreditar nessa verdade.

Deus abençoe,
Fernanda Soares - é missionária da Canção Nova. Foi apresentadora do programa Revolução Jesus e Vitrine da TV Canção Nova. Hoje trabalha como produtora de conteúdo no setor de Internet da Canção Nova.

Como ter um matrimônio mais feliz


Como ter um matrimônio mais feliz

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com









10 orientações do Papa Francisco para o amor no cotidiano do matrimônio, em Amoris Laetitia

O Papa Francisco, na sua Exortação a “Alegria do Amor”, diz que “não poderemos encorajar um caminho de fidelidade e doação recíproca se não estimularmos o crescimento, a consolidação e o aprofundamento do amor conjugal e familiar”.

Confira 10 orientações do Papa para viver o amor no cotidiano matrimonial.

1 – Paciência

É importante ter clareza de que “a paciência é uma qualidade do Deus da Aliança, que convida a imitá-Lo também na vida familiar”, tarefa não fácil, mas possível no amor, pois, no matrimônio e na família, a pessoa “mostra-se paciente, quando não se deixa levar pelos impulsos interiores e evita agredir”, ou seja, procura viver com paciência os incômodos e infortúnios do dia a dia. Dessa forma, compreende-se mais sobre o verdadeiro amor ao descobrir, como aponta o Papa, que, “se não cultivarmos a paciência, sempre acharemos desculpas para responder com ira, acabando por nos tornarmos pessoas que não sabem conviver, antissociais incapazes de dominar os impulsos; e a família tornar-se-á um campo de batalha.”

2 – Atitude de serviço

O Papa, diante das palavras de São Paulo sobre a paciência, que é “acompanhada por uma atividade, uma reação dinâmica e criativa perante os outros”, assinala para uma atitude de serviço. Essa prontidão para servir “indica que o amor beneficia e promove os outros”, ocasionando urgência no seio familiar e matrimonial de pessoas boas que vivam a bondade nas ações cotidianas na doação ao próximo, pois a atitude de serviço nos lança em direção ao outro no amor concreto, eficiente e sem reservas, “permitindo-nos experimentar a felicidade de dar, a nobreza e a grandeza de doar-se de forma superabundante, sem calcular nem reclamar pagamento, mas apenas pelo prazer de dar e servir”.

3 – Curando a inveja

Compreender que “a inveja é uma tristeza pelo bem alheio, demostrando que não nos interessa a felicidade dos outros, porque estamos concentrados exclusivamente no nosso bem-estar” é imprescindível para vencer tal fraqueza, pois, “no amor, não há lugar para sentir desgosto pelo bem do outro (cf. At 7,9; 17,5)”, mas sim alegria por tais realizações e conquistas. Assim, como ensina o Pontífice, “o verdadeiro amor aprecia os sucessos alheios, não os sente como uma ameaça, libertando-se do sabor amargo da inveja”.

4 – Sem ser arrogante nem se orgulhar

O orgulho e a arrogância “não se trata apenas duma obsessão por mostrar as próprias qualidades; é pior: perde-se o sentido da realidade, a pessoa considera-se maior do que é, porque se crê mais espiritual ou sábia”. No matrimônio e “na vida familiar, não pode reinar a lógica do domínio de uns sobre os outros, nem a competição para ver quem é mais inteligente ou poderoso, porque essa lógica acaba com o amor”. Por isso, muitas vezes, é necessário ser humilde, atitude que “faz parte do amor, porque, para poder compreender, desculpar ou servir os outros de coração, é indispensável curar o orgulho e cultivar a humildade”.

5 – Amabilidade

Ser amável “significa que o amor não age rudemente, não atua de forma inconveniente, não se mostra duro no trato. Os seus modos, as suas palavras, os seus gestos são agradáveis; não são ásperos nem rígidos”. A predisposição para um encontro verdadeiro com o outro requer amabilidade, porém, “isso não é possível quando reina um pessimismo que põe em evidência os defeitos e erros alheios, talvez para compensar os próprios complexos. Um olhar amável faz com que nos detenhamos menos nos limites do outro, podendo assim tolerá-lo e unirmo-nos num projeto comum, apesar de sermos diferentes”. Já que “ser amável não é um estilo que o cristão possa escolher ou rejeitar: faz parte das exigências irrenunciáveis do amor, por isso todo o ser humano está obrigado a ser afável com aqueles que o rodeiam”.

6 – Desprendimento

O desapego ou desprendimento conduz para um compreensão de que “muitas vezes, para amar os outros, é preciso primeiro amar a si mesmo. Todavia, esse hino à caridade afirma que o amor não procura o seu próprio interesse ou não procura o que é seu”. O Papa diz que “uma pessoa que seja incapaz de se amar a si mesma sente dificuldade em amar os outros”, já que, nas Escrituras, a orientação é que “não tenha cada um em vista os próprios interesses, mas todos e cada um exatamente os interesses dos outros (cf. Fl 2,4).” Essa postura em relação ao próximo demonstra um amor que pode transbordar gratuitamente “sem nada esperar em troca” (Lc 6, 35), até chegar ao amor maior, que é “dar a vida” pelos outros.

7 – Sem violência interior

Para superar um interior violento é preciso “à paciência, que evita reagir bruscamente perante as fraquezas ou erros dos outros”, pois a “reação interior de indignação provocada por algo exterior”, seja nas várias situações da vida, “trata-se de uma violência interna, uma irritação recôndita que nos põe à defesa perante os outros, como se fossem inimigos molestos a evitar”. Diante dessa ira excessiva, a solução mostrada pelo Papa é que “nunca se deve terminar o dia sem fazer as pazes na família.” Desta forma, entende-se que “a indignação é saudável, quando nos leva a reagir perante uma grave injustiça; mas é prejudicial, quando tende a impregnar todas as nossas atitudes para com os outros”.

8 – Perdão

“Se permitirmos a entrada dum mau sentimento no nosso íntimo, damos lugar ao ressentimento que se aninha no coração.” Contrário a esse ressentir, o Papa Francisco instrui que o perdão é “fundado numa atitude positiva que procura compreender a fraqueza alheia e encontrar desculpas para a outra pessoa, como Jesus que diz: Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem (cf. Lc 23, 34)”. Porém, a tendência humana “costuma ser a de buscar cada vez mais culpas, imaginar cada vez mais maldades, supor todo o tipo de más intenções; assim, o ressentimento vai crescendo e cria raízes”; e no matrimônio, “qualquer erro ou queda do cônjuge pode danificar o vínculo de amor e a estabilidade familiar”. Então, “se aceitamos que o amor de Deus é incondicional, que o carinho do Pai não se deve comprar nem pagar, então poderemos amar sem limites, perdoar aos outros, ainda que tenham sido injustos para conosco.”

9 – Alegrar-se com os outros

O Papa diz que “alegra-se com o bem do outro, quando se reconhece a sua dignidade, quando se apreciam as suas capacidades e as suas boas obras”. Mas “isso é impossível para quem sente a necessidade de estar sempre a comparar-se ou a competir, inclusive com o próprio cônjuge, até o ponto de se alegrar secretamente com os seus fracassos”. O matrimônio e “a família deve ser sempre o lugar onde uma pessoa que consegue algo de bom na vida, sabe que ali se vão congratular com ela”. Assim, diz o Pontífice que “nosso Senhor aprecia de modo especial quem se alegra com a felicidade do outro”.

10 – Tudo desculpa

Tudo desculpar “implica limitar o juízo, conter a inclinação para se emitir uma condenação dura e implacável: não condeneis e não sereis condenados (cf. Lc 6, 37)”. Assim, no amor cotidiano matrimonial, “os esposos, que se amam e se pertencem, falam bem um do outro, procuram mostrar mais o lado bom do cônjuge do que as suas fraquezas e erros. Em todo caso, guardam silêncio para não danificar a sua imagem. Mas não é apenas um gesto externo, brota duma atitude interior. Também não é a ingenuidade de quem pretende não ver as dificuldades e os pontos fracos do outro, mas a perspectiva ampla de quem coloca essas fraquezas e erros no seu contexto; lembra-se de que esses defeitos constituem apenas uma parte, não são a totalidade do ser do outro: um fato desagradável no relacionamento não é a totalidade desse relacionamento”. Por fim, o Papa fala que “o amor convive com a imperfeição, desculpa-a e sabe guardar silêncio perante os limites do ser amado”.
Canção Nova

Verdades fundamentais sobre o matrimônio

Verdades fundamentais sobre o matrimônio

Foto: Arquivo CN

Quatro verdades fundamentais do Sacramento do Matrimônio

Iluminados pela Exortação Apostólica Amoris Laetitia e por catequeses contidas em meu livro “Papa Francisco às Famílias”, vamos refletir sobre quatro aspectos essenciais da família: indissolubilidade, unidade, fidelidade e abertura à vida. Nessa mútua recepção unida à graça de Cristo, “os noivos prometem um ao outro entrega total, fidelidade e abertura à vida, e também reconhecem como elementos constitutivos do matrimônio os dons que Deus lhes oferece, tomando a sério o seu mútuo compromisso, em nome de Deus e perante a Igreja”, afirma o Pontífice.

Depois de dois anos de reflexão sobre a família no mundo atual, o resultado foi um lindo hino à instituição base da sociedade sobre a alegria do amor na família. Católicos de todos os continentes puderam contribuir, respondendo questionários enviados às dioceses. A partir desse material, dois Sínodos confrontaram ideias de maneira aberta, permanecendo e fortalecendo-se a convicção de verdades fundamentais do Sacramento do Matrimônio.

“O próprio mistério da família cristã só se pode compreender plenamente à luz do amor infinito do Pai, que se manifestou em Cristo entregue até ao fim e vivo entre nós. Por isso, quero contemplar Cristo vivo que está presente em tantas histórias de amor e invocar o fogo do Espírito sobre todas as famílias do mundo”, destaca o Santo Padre no terceiro capítulo do documento.

Indissolubilidade

Elemento essencial do ensinamento da Igreja acerca do matrimônio e da família é a indissolubilidade. Francisco afirma: “O que Deus uniu não o separe o homem” (Mt 19,6). Isso não deve ser entendido como um peso, mas um presente. O caminho do casal é acompanhado pela bondade divina. Por meio da graça, o coração é curado e transformado. Vocação recebida pela Igreja ao longo do tempo, o matrimônio é um dom do Senhor (cf. 1 Cor 7, 7) que deve ser cuidado. “Seja o matrimônio honrado por todos e imaculado o leito conjugal” (Heb 13, 4). Esse dom de Deus inclui a sexualidade: “Não vos recuseis um ao outro” (1 Cor 7, 5).

Unidade

Ao viver essa unidade, a família torna-se “comunidade de vida e amor (cf. n. 48)”, como definiu o Concílio Ecumênico Vaticano II na Constituição pastoral Gaudium et spes sobre a promoção da dignidade do matrimônio e da família (cf. nn. 47-52). O ponto de unidade é o amor no centro da família. A união dos esposos integra a dimensão sexual e a afetividade. Na raiz dessa unidade, Cristo Senhor “vem ao encontro dos esposos cristãos com o sacramento do matrimônio” (n. 48).

A exortação Amoris Laetitia recorda ainda que a união sexual é caminho de “crescimento na vida da graça para os esposos”. A união dos corpos é expressa nas palavras do consentimento, pelas quais se acolheram e doaram reciprocamente para partilhar a vida toda. Tal consentimento e união dos corpos são instrumentos da ação divina que os torna uma só carne.

Fidelidade

Mais que um sinal de visível compromisso, o matrimônio é um dom para santificação e
salvação dos esposos, porque sua pertença recíproca é a representação real da mesma
relação de Cristo com a Igreja. Os esposos são, portanto, para a Igreja, a lembrança permanente daquilo que aconteceu na cruz; são um para o outro, e para os filhos, testemunhas da salvação, da qual o sacramento os faz participar.

Abertura à vida

“Nenhum ato sexual dos esposos pode negar esse significado, embora, por várias razões, nem sempre possa efetivamente gerar uma nova vida”. Amoris Laetitia recorda que também “os esposos a quem Deus não concedeu a graça de ter filhos podem ter uma vida conjugal cheia de sentido, humana e cristãmente falando”. A escolha da adoção e do acolhimento exprime uma fecundidade particular da experiência conjugal. O matrimônio é, em primeiro lugar, uma “íntima comunidade da vida e do amor conjugal”, que constitui um bem para os próprios esposos; e a sexualidade “ordena-se para o amor conjugal do homem e da mulher”. O bebê que chega “não vem de fora juntar-se ao amor mútuo dos esposos; surge no próprio coração desse dom mútuo, do qual é fruto e complemento”. A abertura à vida implica em uma vivência harmoniosa e consciente do casal em sintonia com uma paternidade responsável.
Rodrigo Luiz dos Santos - é editor-chefe de Jornalismo da TVCN e apresentador de programas relacionados à Igreja. Missionário na Canção Nova, 

14 de maio de 2016

Traição. E como isso afeta você?

Traição. E como isso afeta você?

Foto: AndreyPopov, , iStock. by Getty Images
Não vale a pena jogar fora uma história por causa de traição

Traí, já fui traída e não recomendo.

Em nossa vida de fé, quando se fala em traição, logo pensamos em Judas Iscariotes entregando Jesus. Mas será que nós estamos preparados para ser fiéis a quem está do nosso lado?


Na minha adolescência, para lá de uma década atrás, numa festa, beijei um moço que acabara de conhecer. Eu namorava firme, era moça de fino trato, de grupo de oração e tudo mais, mas escutei uma voz que soprava e dizia: “Vai, boba, ninguém vai saber”. Eu fui. Dei uns beijinhos num cara muito bem recomendado por uma “amiga”.

A noite de farra passou, o dia clareou e me senti muito mal. Fiquei pensando se eu realmente gostava do namorado, se eu gostava de mim mesma, se aquilo era “normal” como tanta gente falava e fazia.

Uma outra voz dizia no meu interior: “Gente, qual a necessidade disso?”.

Questionei-me como era pouco autêntico estar com uma pessoa bacana e, na primeira oportunidade, não zelar pela sua confiança, por todo o cuidado e afeto dela para comigo, todo o tempo que ela dedicou ao nosso relacionamento. Senti-me mal por trair minha consciência, minha essência, minha dignidade como mulher que nunca quis ferir ninguém, mas que, por um ímpeto, manchou um laço em construção. Também me senti péssima como filha de Deus, perguntando-me como olharia novamente para aquele rapaz, meu namorado. Assim que o encontrei, contei tudo e pedi perdão, já preparada para toda sorte de insultos que ele quisesse me dizer.

Para minha surpresa, ele me perdoou e pediu que continuássemos o relacionamento.

“Moço para casar”, logo pensei.

Com esse episódio, porém, a confiança que havia sido quebrada não se retomou, e o namoro acabou pouco depois. Na verdade, acabou no momento em que eu decidi trair a minha essência, a ele e aos valores que aprendi.

Fui traída

Também já fui traída. Descobri pelo falecido Orkut (num episódio vexatório em praça pública, ou melhor, para o mundo ver).

Em um dia, após trabalhar muito num evento, meus colegas, em rodinha, riam de vários perfis naquela rede. Não sei por que cargas d’água tive um ímpeto de procurar pelo nome do namoradinho no campo de busca.

Para minha surpresa, o digníssimo, que me dizia nem participar dessa rede social, tinha não só perfil, mas várias fotos de casal com uma moça, que não era eu. Eu até a conhecia, inclusive!

Pensem numa pessoa humilhada! Com o coração partido, a léguas de distância, fui tirar satisfações e recebi como resposta que a moça era uma amiga. Desde quando amigo posta foto de beijo na boca? Meu mundo caiu. Era namoro firme, com todo o protocolo de se conhecer família de ambos, planos enfim.

Vida que seguiu, cada um para um lado.

Eu perdoei e amadureci muito de lá pra cá. Tive outros namorados. Um bom tempo depois, conheci o homem com quem estou casada há mais de quatro anos. Estamos bem felizes, obrigada!
Respeito e confiança são a base de qualquer relacionamento

Aos poucos, ou na marra, aprendemos que, na verdade, a pessoa que você traiu talvez nunca saiba da sua traição se você não contar. Mas e você, consegue esquecer-se de si? Consegue ser imune ao sentimento de desonestidade para com o outro e fingir que nada aconteceu? Pode parecer bobagem, mas o problema não está só em omitir do outro uma traição, mas sim o que uma traição faz na sua cabeça, confundindo seus sentimentos.

No filme ‘A Paixão de Cristo’, a tormenta de Judas pós-traição é retratada por uma grande confusão. É assim que eu me via nas duas situações de minha vida que relatei, quando traí e quando fui traída.

Amar é decisão, não é complicação nem pode nos tirar a paz.
Exige renúncia, escolha e mudança de vida

Ora, não é possível ter todos os homens do mundo! No namoro, o que se treina é a fidelidade.

Conheço bem essa história de “quando eu casar, vou parar de trair”. Balela! Se você não conseguiu ser fiel antes do altar, se não dedicou tempo, mente e coração para renunciar às tentações de estar com outras pessoas, como irá se dedicar só a uma após o casamento?

Nossas virtudes e valores não são uma chave liga/desliga, mas exigem lapidação, cuidado e exercício diário.

Sempre haverá um homem mais bonito, mais inteligente, mais rico, mais interessante que aquele com quem você escolheu estar. Mas é preciso maturidade para entender que nenhum outro homem do mundo tem a história que vocês construíram.

Cuidado! A tentação é astuta. Já repararam que sempre que um casal briga pode vir à mente a lembrança de relacionamentos anteriores, em momentos felizes? Não se engane, pois se o relacionamento acabou, teve motivos para isso e não seria um “mar de rosas” como a tentação pode vir a fazê-lo delirar. Em vez de lamuriar que você viveu momentos felizes com algum ex-namorado ou começar a pensar que vai viver a felicidade plena traindo, gaste essa mesma energia pensando em formas de cuidar do seu relacionamento, o qual, por livre escolha, você quis assumir. Ou escolha deixar essa pessoa livre, para conhecer alguém que realmente cuide dela. Todos nós merecemos estar com alguém que vale a pena e sentir que valemos muito para esse alguém!

Não vale a pena jogar uma história, uma vida a dois para o alto, por um desejo momentâneo. Vale?
Mariella Silva de Oliveira Costa - esposa, católica, feliz e amante de uma boa prosa. Jornalista, professora universitária, cientista em formação e servidora pública,  Participa da Renovação Carismática Católica, desde 1998, onde serviu especialmente no Ministério Universidades Renovadas e no Ministério de Comunicação Social.