A Palavra de Deus

A Palavra de Deus

DOPAS

DOAÇÃO, ORAÇÃO, POBREZA, ALEGRIA E SIMPLICIDADE

23 de abril de 2014

CRISTO RESSUSCITOU, RESSUSCITOU DE VERDADE!


Quarta-Feira, 23 de abril 2014
Cristo ressuscitou, ressuscitou de verdade!

Este mês de abril tem como centro o maior fato de todos os tempos, a grande verdade que dividiu a história em "antes de Cristo e depois de Cristo": a Ressurreição de Jesus. É a grande verdade, porque, se Cristo não houvesse ressuscitado, vã seria a nossa fé e a vida cristã não teria sentido. Assim, qualquer religião seria válida, pois são caminhos para Deus, por isso cada um escolheria livremente o seu caminho e a sua religião; mas não! Cristo ressuscitou! Ele dá sentido à vida e à história. Ele é realmente o caminho para Deus. Ele é a Verdade que todo ser humano procura. Ele é a Vida que todos nós almejamos: vida com qualidade total, vida em abundância, vida verdadeira.

O outro fato para o qual converge e se dirige toda a história é a vinda gloriosa de Jesus para implantar, no meio de nós, o Seu reino. Sua vinda trará a terra nova, a humanidade nova, o mundo novo com homens e mulheres novos, a nova sociedade onde reinará a verdade, a justiça, o amor e a paz. O mundo e a vida que todos almejamos.

A Palavra de Deus, que nos atesta a Ressurreição de Jesus, nos aponta também para a Sua vinda gloriosa. E nós estamos entre esses dois eventos maravilhosos, buscando, em cada Páscoa, a nossa ressurreição e a vida nova. Ao mesmo tempo, voltamo-nos para a feliz expectativa da vinda de Jesus em glória, e nos deixamos transformar, a cada dia, pela ação poderosa do Espírito Santo que nos foi dado. Veja bem: o mesmo Espírito Santo – nos atesta as escrituras –, que ressuscitou Jesus dos mortos, nos foi dado e habita em nós, para realizar em cada um a Ressurreição de Cristo e conduzir-nos para a vida nova.

Seu irmão, 
Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova

LANÇADA CARTILHA SOBRE REFORMA POLÍTICA E ELEIÇÕES LIMPAS

Cartilha é intitulada “Por um sistema político identificado com as reivindicações do povo”

Da redação, com CNBB



Membros da Coalização Democrática pela Reforma Política e Eleições Limpas lançaram, nesta terça-feira, 22, a cartilha sobre o Projeto de Lei de Iniciativa Popular de Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, intitulada “Por um sistema político identificado com as reivindicações do povo”.

O lançamento ocorreu durante entrevista coletiva à imprensa, na Câmara dos Deputados, da qual participaram o bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da CNBB, Dom Leonardo Steiner, os membros do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Aldo Arantes, Cláudio Pereira e Marcello Lavenère, e da diretora do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, Jovita Rosa. Na ocasião, houve também o lançamento da Coalização Parlamentar pela Reforma Política.

A cartilha explica o que é a Coalização pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, constituída por 95 entidades, entre elas a CNBB, bem como os principais pontos da proposta: proibição de doações de recursos financeiros de empresas para financiar campanhas eleitorais; a mudança no sistema de votação, sendo feito em dois turnos, no qual, no primeiro, o eleitor votaria em um programa, em ideias e, no segundo turno, escolheria as pessoas que irão colocar em prática o projeto; a equiparação entre o número de homens e mulheres no meio político, sendo que, para cada candidato homem, teria uma mulher; e a regulamentação do artigo 14 da Constituição de 1988, que trata dos instrumentos de participação popular.

Financiamento de campanhas

Durante a coletiva, Dom Leonardo falou sobre a prévia da votação da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIn) número 4650, impetrada no Supremo Tribunal Federal (STF) pela OAB.

Até o momento, há seis votos a favor da inconstitucionalidade de artigos da Lei Eleitoral (9.504/1997), que tratam de doações a campanhas eleitorais por pessoas físicas e jurídicas, e de trechos da Lei dos Partidos Políticos (9.096/1995), que disciplinam a forma e os limites para efetivação de doações a partidos políticos no Brasil. “A coalizão tem trabalhado para que, realmente, o poder econômico tenha cada vez menos influência nas nossas eleições”, disse Dom Leonardo.

Na Câmara dos Deputados, um projeto de emenda constitucional prevê tornar a prática de doações de empresas privadas uma norma da Constituição Federal. Para Dom Leonardo, o resultado prévio da votação no STF já demonstra que não será possível.

“O desejo aqui na Câmara, por um determinado grupo de trabalho, é que se constitucionalize essa participação econômica. O Supremo está sinalizando que isso não seja constitucional”, resumiu.

O secretário geral do Conselho Federal da OAB, Cláudio Pereira, ressaltou o sentido de igualdade de condições na disputa eleitoral que a inconstitucionalidade da Lei representa.

“O que o Supremo faz ao impedir que as empresas interfiram no processo político eleitoral é aprimorar o processo político eleitoral, é permitir que a vontade popular prevaleça em igualdade de condições, contribuindo com isso para legitimação ainda maior dos nossos representantes eleitos pelo voto do povo”, disse.

O membro do Conselho Federal da OAB e Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), Marcello Laverère Machado, considerou a coletiva como um convite à imprensa, “responsáveis pela formação da opinião plural”, para comunicar que, no final deste ano, acontecerão as últimas eleições com financiamento de empresas.

“Certamente, em 2016 nós não teremos mais a participação do dinheiro das empreiteiras, das pessoas jurídicas, do capital financeiro, dos bancos, tornando desigual a luta política, entre outras conquistas que esperamos até as próximas eleições, como a paridade de gênero, o fortalecimento dos instrumentos da democracia direta”, comemorou Lavenère.

Coalização Parlamentar

Logo após a coletiva, houve o lançamento da Coalização Parlamentar pela Reforma Política e Eleições Limpas, que conta com o apoio, segundo dados da OAB, de 170 parlamentares.
Kelen Galvan
Jornalista da rede Canção Nova de comunicação

A DISTÂNCIA NÃO DEVE RESTRINGIR A FRATERNIDADE


Notamos em nossa vida, o quanto ela nos prepara e alimenta amizades boas, esse relacionamento sincero, é de forma exuberante a nossa vida, pois, a energia que é transmitida de um ao outro é inimaginavel! Forças especiais são criadas pra melhorar aquele laço de fraternidade! Uma nova conquista pacífica é encaminhada aos corações, que lutam por manter este laço de amizade! Assim surge a necessidade, de se manterem em contato, trocando informações, e preservando um ao outro, de forma que gere um domínio do bem-estar da sua querida amizade! A forma com que prosperam, é individual a cada ser, fornecem conforto e carinho a todo momento, para que não tenha a impressão de que se encontra no esquecimento. O valor do afeto, é inpagável, cada sensação, cada segundo de dedicação é unico, e de forma verdadeira jamais é esquecido! É bom e essencial ter amizades*. O ruim é desapegar daquela saudável rotina, de trocar carisma e apoio. Assim transforma em um problema sombrio, a distância evidentemente corroi a alegria, principalmente quando este costume de estar feliz é arrancado a força. Esta é uma luta que muitos enfrentam, e acredito que é o destino de todos nós nesse mundo. Crescemos juntos, ou vivemos juntos com pessoas, ou se conheceram o tempo suficiente pra considerar o proximo como especial. Acredito que esta é a ironia do destino mais injusta que existe. Infelizmente com o tempo, somos obrigados a nos afastar, e não poder viver no mesmo ambiente de antes. É certo que não existe uma pessoa hoje no mundo, que não esta distante de um ente querido, trocam saudações, de tempos em tempos, mas conformar com isso é uma luta de tristeza a enfrentar ate o fim! E so percebemos a realidade da distancia, quando tudo se esvazia, é quando lembramos dos momentos que mais poderiamos aproveitar, e deixamos escapar entre os dedos. É um arrependimento sem fim, mas o tempo passa, coisas novas acontecem ao mesmo nível, e sera uma jornada sem fim, encontrar uma nova pessoa como aquela que prezava. É difícil entender a vida ou objetivo, se parar-mos pra pensar, a coisa que encontraremos no fim, é apenas uma vasta solidão de tudo aquilo que ja foi real. Um dia, jamais sera semelhante ao anterior, tentamos enganar o nosso proprio interior, e passamos a ter uma certa esperança, mas isso é incerto, e previlegiado a poucos, muitos morreram com ela, injustiçamente não foram capazes de realizar novamente o desejo de presenciar tudo que ja passou. Termino dizendo, de que vale todo o egoismo, se no final tudo se torna contra si, e o problemático arrependimento perpetua seu bem-estar? "Não Lute para ser esquecido, e sim para ser lembrado!" Esta ousadia, lhe recompensará com Honra ao final.
Lucas da Silva Moreira

CELEBRAR A PÁSCOA É DEIXAR-SE ILUMINAR POR JESUS


Somos uma imensa nação constituída pela fé em Jesus Cristo morto e ressuscitado, homens e mulheres espalhados por todo o mundo, convocados a testemunhar a presença salvadora d'Ele a todos, certos de que este anúncio é portador de vida e de esperança. Nos anos de Sua vida pública, o Senhor Jesus semeou essa esperança nos muitos encontros com as pessoas, como sinal da Sua vitória sobre o pecado e a morte. Ninguém passou em vão ao Seu lado! Aos Seus discípulos, mesmo quando tinham a visão obscurecida, o Senhor anunciou-lhes o Seu mistério de Morte e Ressurreição. E Sua palavra se cumpriu: Jesus Cristo ressuscitou, como havia dito! 

No correr dos séculos, este anúncio chega às sucessivas gerações por meio do testemunho. A averiguação científica, no sentido frio que a caracteriza, não é suficiente para crer. Trata-se de uma moção da liberdade, que traz consigo o risco, no qual a pessoa aposta, antes de tudo, na honestidade e na seriedade de quem diz "Jesus ressuscitou!". É uma experiência semelhante ao acreditar no amor dos outros. Pode-se fazer mil observações, mas o passo decisivo será dado pela liberdade de quem se arrisca. Quem diz "eu creio" torna-se, por sua vez, anunciador da mesma verdade. E o resultado é que, até o dia da volta do Senhor, no fim dos tempos, a mesma força transformadora da Ressurreição de Cristo se atualiza e produz seus frutos. 

Queremos celebrar a Páscoa de Jesus Cristo mais uma vez. Nas últimas semanas, a Igreja propôs um caminho de conversão que, de certa maneira, antecipou o que se quer viver na Páscoa. É uma vida nova, na superação do pecado e da maldade. Quem se reconhece frágil e pecador, diante do Senhor Jesus Cristo, não teme aproximar-se do trono da graça, mas experimenta o acolhimento da misericórdia e do perdão. Páscoa é a alegria da conversão a Jesus Cristo! 

Celebrar a Páscoa é deixar-se iluminar por Jesus. Na Vigília Pascal, o Rito da Luz expressa tal disposição. A escuridão da noite é vencida pelo fogo novo, sinal do Ressuscitado: "Eis a luz de Cristo!". Graças a Deus, porque a esperança se acende no coração de todos os homens e mulheres. "Esta noite lava todo crime, liberta o pecador dos seus grilhões; dissipa o ódio e dobra os poderosos, enche de luz e paz os corações. Na graça desta noite, o vosso povo acende um sacrifício de louvor; acolhei, ó Pai Santo, o fogo novo: não perde, ao dividir-se, o seu fulgor". Assim proclama a Igreja na Páscoa. 

Celebrar a Páscoa é fazer memória aos feitos de Deus. Por isso, as celebrações pascais são abundantes na proclamação da Palavra do Senhor. É costume passar algumas hora em oração - vigília - de sábado para domingo, na Páscoa, ouvindo os passos principais da história da salvação. Atualizam-se palavras que iluminavam as celebrações pascais no Antigo Testamento: "Quando vossos filhos vos perguntarem: ‘Que significa este rito?’ respondereis: ‘É o sacrifício da Páscoa do Senhor, que passou ao lado das casas dos israelitas no Egito, quando feriu os egípcios e salvou as nossas casas’” (Ex 12, 26-27). "Quando amanhã teu filho te perguntar: ‘Que significam estes mandamentos, estas leis e estes decretos que o Senhor nosso Deus vos prescreveu?’, então lhe responderás: ‘Nós éramos escravos do Faraó no Egito, e o Senhor nos tirou de lá com mão poderosa. O Senhor fez à nossa vista grandes sinais e prodígios terríveis contra o Egito, contra o Faraó e contra toda a sua casa. Ele nos tirou de lá para nos conduzir à terra que havia jurado dar a nossos pais. O Senhor mandou que cumpríssemos todas essas leis e temêssemos o Senhor nosso Deus, para que fôssemos sempre felizes, e ele nos conservasse vivos, como o fez até hoje. Seremos justos se guardarmos estes mandamentos e os observarmos diante do Senhor nosso Deus, como ele nos ordenou’" (Dt 6, 20-25). Páscoa é memória cheia de gratidão! 

Celebrar a Páscoa é renovar a graça do Batismo. A liturgia da Igreja é feita para louvar a Deus e santificar os fiéis. Todo o caminho quaresmal percorrido pelos cristãos os conduz à noite pascal, quando, acompanhando os que nela são batizados, todos renunciam ao pecado e ao demônio e professam a fé: 'Creio em Deus, Pai e Filho e Espírito Santo! Creio na Igreja, na Ressurreição da Carne, na Remissão dos pecados, na vida eterna!' Velas acesas no Círio Pascal expressem a mesma vida recebida no dia do batismo. Depois, a mesma água, sinal da vida no batismo, é aspergida sobre o povo de Deus reunido: "Banhados em Cristo, somos uma nova criatura. As coisas antigas já se passaram, somos nascidos de novo. Aleluia" (Canto da Liturgia Pascal). 

Celebrar a Páscoa é participar da Ceia do Senhor, onde o verdadeiro Cordeiro Pascal, Nosso Senhor Jesus Cristo, é dado em alimento na Santa Eucaristia. Páscoa é comunhão pascal, vivida de forma profunda e participada, deixando para trás os ressentimentos, ódios e rancores, abrindo-se para que as marcas do pecado sejam superadas. 

Celebrar a Páscoa é viver de forma diferente: "Pelo batismo fomos sepultados com ele na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dos mortos pela ação gloriosa do Pai, assim também nós vivamos uma vida nova. Pois, se fomos, de certo modo, identificados a ele por uma morte semelhante à sua, seremos semelhantes a ele também pela ressurreição. Sabemos que o nosso homem velho foi crucificado com Cristo, para que seja destruído o corpo sujeito ao pecado, de maneira a não mais servirmos ao pecado. Pois aquele que morreu está livre do pecado. E, se já morremos com Cristo, cremos que também viveremos com ele. Sabemos que Cristo, ressuscitado dos mortos, não morre mais. A morte não tem mais poder sobre ele. Pois aquele que morreu, morreu para o pecado, uma vez por todas, e aquele que vive, vive para Deus. Assim, vós também, considerai-vos mortos para o pecado e vivos para Deus, no Cristo Jesus" (Rm 6, 4-10). A palavra de São Paulo é um roteiro precioso para viver a Páscoa! Celebremos, pois, a festa, com os pães ázimos da sinceridade e da verdade! (Cf. 1Cor 5,8) 

Nossos votos de Páscoa cheguem a todos os irmãos e irmãs, com o convite de nos tornarmos sinais de vida nova. Há muita gente que espera o sinal de uma vida diferente da parte dos cristãos. Há um clamor pelo testemunho mais ativo nas estruturas do mundo, no compromisso com os valores do Evangelho, com a dignidade da vida humana e a verdade. Cabe-nos dar uma resposta corajosa e alegre, para que o facho luminoso do aleluia pascal continue a percorrer as estradas do mundo por meio de nossa geração.
Dom Alberto Taveira Corrêa - Arcebispo de Belém - PA

FRATERNIDADE



Quero fraternidade e amor de verdade não importando a intensidade, respeito e companheirismo, doçura, quero ser valorizado pelo que sou e não pelo que tenho, quero alguém que procura me entender, que sonhe junto comigo, que seja minha amiga pra todas as horas, que me ouça, que me ajude nas horas difíceis, uma pessoa que queira compartilhar momentos e memórias, que queira construir comigo uma história de felicidade, uma mulher que saiba valorizar meus sentimentos, que saiba valorizar cada segundo, quero paz e saúde, quero que me ajude com soluções, que goste de estudar e que deixe a ignorância de lado, que avalie e pense nas palavras que diz, que evita tomar decisões no calor das emoções, que seja consciente do que faz, uma pessoa eminente à mim, quero uma arquiteta para planejar o futuro comigo, que valorize o tempo, que valorize Deus, não importa a forma como o vê,que tenha fé em si própria, que saiba plantar e colher sentimentos,que durma abraçada e aconchegada comigo e que logo pela manhã conte seus sonhos...
Felipe Cordeiro

SANTOS POR AMOR


Nos primeiros séculos, os que tinham sido batizados, na Vigília Pascal, vestiam-se de branco até o segundo domingo da Páscoa, oferecendo a todos o testemunho externo da vida nova recebida no sacramento. Neste fim de semana, é toda a Igreja, vestida de gala, que deseja oferecer ao mundo inteiro a roupa da alegria, chamada santidade, com a canonização de João XXIII e João Paulo II, duas pérolas da coroa da Igreja em nosso tempo, cujos exemplos são oferecidos como referência para a maravilhosa aventura cristã. São dois contemporâneos, com os quais muitos de nós compartilharam diálogo e convivência. Seu modo de viver está bem ao nosso alcance, suas palavras e ensinamentos ecoaram pelo mundo pelos meios de comunicação de nossa época. Mostram que a santidade é atual e possível.

Os santos são homens e mulheres que levaram a sério a graça do batismo e decidiram viver não para si, mas para Deus e para o serviço dos outros. Não programaram ser canonizados, mas quiseram ser bons cristãos. João XXIII, em seu diário, descreveu com simplicidade e profundidade o seu dia a dia, seus roteiros de oração e meditação, suas decisões cotidianas de perdão, alegria, seriedade no seguimento de Nosso Senhor. João Paulo II, que viveu, na infância e na juventude, capítulos dolorosos provocados pelas ideologias e autoritarismos do século XX, conduziu a Igreja à virada do milênio e nos brindou com o convite à santidade: "Se o batismo é um verdadeiro ingresso à santidade de Deus, por meio da inserção em Cristo e da habitação do Seu Espírito, seria um contrassenso contentar-se com uma vida medíocre, pautada por uma ética minimalista e uma religiosidade superficial. Perguntar a um catecúmeno: 'Queres receber o Batismo?' significa, ao mesmo tempo, pedir-lhe: 'Queres fazer-te santo?'. Significa colocar, na sua estrada, o radicalismo do Sermão da Montanha: 'Sede perfeitos, como é perfeito vosso Pai celeste' (Mt 5,48). 

Este ideal de perfeição não deve ser objeto de equívoco vendo nele um caminho extraordinário, percorrido apenas por algum gênio da santidade. Os caminhos da santidade são variados e apropriados à vocação de cada um. Agradeço ao Senhor por me ter concedido beatificar e canonizar muitos cristãos, entre os quais numerosos leigos que se santificaram nas condições ordinárias da vida. É hora de propor, de novo, a todos, com convicção, esta medida alta da vida cristã ordinária: toda a vida da comunidade eclesial e das famílias cristãs deve apontar nesta direção". (Novo millenio ineunte, 31).

João XXIII viveu as duras realidades das duas guerras mundiais e veio a suceder, visto como eventual Papa "de transição", o grande Papa Pio XII. Como alguém que trata de amenidades, fez saber aos que com ele trabalhavam, no início de seu pontificado, que convocaria um Concílio Ecumênico. Dali para frente, provocou na Igreja a oração e a preparação efetiva para o que o próprio Papa chamou de nova primavera, desejando uma nova estação de abertura e diálogo com todas as realidades de nosso tempo. Os cinco anos de pontificado valeram séculos! Mater et Magistra e Pacem in terris foram duas encíclicas que firmaram princípios e práticas para a ação social da Igreja. Abriu e conduziu a primeira sessão de trabalhos do Concílio Vaticano II, mostrou ao mundo a face da bondade, abriu sorrisos, foi ao encontro dos mais sofredores, pintou de bom humor o rosto da Igreja! Viveu a dura experiência de uma enfermidade dolorosa, com o câncer que o levou à morte, parecido com tanta gente de nosso tempo. Sim, foi homem, Papa, irmão, sorriso de Deus para sua época. No próximo domingo, elevado definitivamente à glória dos altares, resplandece como presente de Deus à Igreja e à humanidade.

De João Paulo II nunca se falará suficientemente. Um magistério pontilhado pela sensibilidade inusitada a todas as situações humanas e desafios a serem enfrentados pela Igreja. Uma presença universal efetiva, indo até os confins da terra para levar a Boa Nova do Evangelho. Aquele que nas lides da Polônia havia enfrentado nazistas e comunistas, corajoso na liderança dos católicos para se manterem fiéis à fé cristã, tesouro maior de sua nação, foi conduzido ao sólio de Pedro, em 1978, permanecendo à frente da Igreja até o dia 2 de abril de 2005, na véspera Festa da Divina Misericórdia. No próprio Domingo da Misericórdia, será, agora, canonizado. 

Quantos adultos, jovens e crianças só tiveram esta figura de Papa em seu horizonte de Igreja, até que o Senhor o chamou para a Sua Páscoa pessoal. Naquele início de noite de sua partida, desejoso de estar com o Senhor, tinha o coração agradecido especialmente aos jovens, aos quais tantas vezes se dirigiu e, ali, se encontravam bem perto dele. Apagou-se como uma chama, deu tudo de si à Igreja e ao mundo. Em seus funerais, uma faixa emergia no meio da multidão - "Santo subito" - pedindo que fosse logo aclamado santo. Seu sucessor, o grande Bento XVI, teve a alegria de beatificá-lo, numa apoteótica afluência de gente do mundo inteiro, no dia 1º de maio de 2011. Seus ensinamentos continuam a ser conhecidos e aprofundados na Igreja e no mundo. O convite feito, no início de seu pontificado, continua atual e provocante: "Não tenhais medo de acolher Cristo e de aceitar o seu poder! Antes, procurai abrir, melhor, escancarar as portas a Cristo! Ao seu poder salvador abri os confins dos Estados, os sistemas econômicos assim como os políticos, os vastos campos de cultura, de civilização e de progresso! Não tenhais medo! Cristo sabe bem 'o que é que está dentro do homem'. Somente Ele o sabe!" (Homilia da Missa de inauguração do Pontificado de João Paulo II, 22 de outubro de 1978)

Agora, Papa Francisco canoniza os dois Papas. A Igreja oferece, na Festa da Divina Misericórdia, dois presentes de amor. Fizerem-se santos pela Igreja e pela humanidade, foram homens de nosso tempo, amaram a Igreja e se entregaram por ela. Louvado seja o Senhor pela história, o exemplo e a intercessão dos dois heróis de nosso tempo.

São João XXIII, rogai por nós! São João Paulo II, rogai por nós!
Dom Alberto Taveira Corrêa - Arcebispo de Belém - PA

18 de abril de 2014

EVANGELHO PARA SEXTA-FEIRA (LEITURA ORANTE)

ANO A - DIA 18/04
Paixão e morte de Jesus 
- Jo 18,1–19,42
Tendo dito estas coisas, Jesus saiu com os discípulos para o outro lado da torrente do Cédron, onde havia um horto, e ali entrou com os seus discípulos. Judas, aquele que o ia entregar, conhecia bem o sítio, porque Jesus se reunia ali frequentemente com os discípulos. Judas, então, guiando o destacamento romano e os guardas ao serviço dos sumos sacerdotes e dos fariseus, munidos de lanternas, archotes e armas, entrou lá.
Jesus, sabendo tudo o que lhe ia acontecer, adiantou-se e disse-lhes: «Quem buscais?» Responderam-lhe: «Jesus, o Nazareno.» Disse-lhes Ele: «Sou Eu!» E Judas, aquele que o ia entregar, também estava junto deles. Logo que Jesus lhes disse: ‘Sou Eu!’, recuaram e caíram por terra. E perguntou-lhes segunda vez: «Quem buscais?» Disseram-lhe: «Jesus, o Nazareno!» Jesus replicou-lhes: «Já vos disse que sou Eu. Se é a mim que buscais, então deixai estes ir embora.»
Assim se cumpria o que dissera antes: ‘Dos que me deste, não perdi nenhum.’ Nessa altura, Simão Pedro, que trazia uma espada, desembainhou-a e arremeteu contra um servo do Sumo Sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. O servo chamava-se Malco. Mas Jesus disse a Pedro: «Mete a espada na bainha. Não hei-de beber o cálice de amargura que o Pai me ofereceu?»
- Então, o destacamento, o comandante e os guardas das autoridades judaicas prenderam Jesus e manietaram-no. E levaram-no primeiro a Anás, porque era sogro de Caifás, o Sumo Sacerdote naquele ano. Caifás era quem tinha dado aos judeus este conselho: ‘Convém que morra um só homem pelo povo’.
Entretanto, Simão Pedro e outro discípulo foram seguindo Jesus. Esse outro discípulo era conhecido do Sumo Sacerdote e pôde entrar no seu palácio ao mesmo tempo que Jesus. Mas Pedro ficou à porta, de fora. Saiu, então, o outro discípulo que era conhecido do Sumo Sacerdote, falou com a porteira e levou Pedro para dentro. Disse-lhe a porteira: «Tu não és um dos discípulos desse homem?» Ele respondeu: «Não sou.»
Lá dentro estavam os servos e os guardas, de pé, aquecendo-se à volta de um braseiro que tinham acendido, porque fazia frio. Pedro ficou no meio deles, aquecendo-se também.
Então, o Sumo Sacerdote interrogou Jesus acerca dos seus discípulos e da sua doutrina. Jesus respondeu-lhe: «Eu tenho falado abertamente ao mundo; sempre ensinei na sinagoga e no templo, onde todos os judeus se reúnem, e não disse nada em segredo. Porque me interrogas? Interroga os que ouviram o que Eu lhes disse. Eles bem sabem do que Eu lhes falei.»
Quando Jesus disse isto, um dos guardas ali presente deu-lhe uma bofetada, dizendo: «É assim que respondes ao Sumo Sacerdote?» 23Jesus replicou: «Se falei mal, mostra onde está o mal; mas, se falei bem, porque me bates?» 24Então, Anás mandou-o manietado ao Sumo Sacerdote Caifás.
Entretanto, Simão Pedro estava de pé a aquecer-se. Disseram-lhe, então: «Não és tu também um dos seus discípulos?» Ele negou, dizendo: «Não sou.» Mas um dos servos do Sumo Sacerdote, parente daquele a quem Pedro cortara a orelha, disse-lhe: «Não te vi eu no horto com Ele?» Pedro negou Jesus de novo; e nesse instante cantou um galo.
De Caifás, levaram Jesus à sede do governador romano. Era de manhã cedo e eles não entraram no edifício para não se contaminarem e poderem celebrar a Páscoa.
Pilatos veio ter com eles cá fora e perguntou-lhes: «Que acusações apresentais contra este homem?» Responderam-lhe: «Se Ele não fosse um malfeitor, não to entregaríamos.» Retorquiu-lhes Pilatos: «Tomai-o vós e julgai-o segundo a vossa Lei.» «Não nos é permitido dar a morte a ninguém», disseram-lhe os judeus, em cumprimento do que Jesus tinha dito, quando explicou de que espécie de morte havia de morrer.
Pilatos entrou de novo no edifício da sede, chamou Jesus e perguntou-lhe: «Tu és rei dos judeus?» Respondeu-lhe Jesus: «Tu perguntas isso por ti mesmo, ou porque outros to disseram de mim?»Pilatos replicou: «Serei eu, porventura, judeu? A tua gente e os sumos sacerdotes é que te entregaram a mim! Que fizeste?» Jesus respondeu: «A minha realeza não é deste mundo; se a minha realeza fosse deste mundo, os meus guardas teriam lutado para que Eu não fosse entregue às autoridades judaicas; portanto, o meu reino não é de cá.» Disse-lhe Pilatos: «Logo, Tu és rei!» Respondeu-lhe Jesus: «É como dizes: Eu sou rei! Para isto nasci, para isto vim ao mundo: para dar testemunho da Verdade. Todo aquele que vive da Verdade escuta a minha voz.» Pilatos replicou-lhe: «Que é a verdade?»
Dito isto, foi ter de novo com os judeus e disse-lhes: «Não vejo nele nenhum crime. 39Mas é costume eu libertar-vos um preso na Páscoa. Quereis que vos solte o rei dos judeus?» 40Eles puseram-se de novo a gritar, dizendo: «Esse não, mas sim Barrabás!» Ora Barrabás era um salteador.
Então, Pilatos mandou levar Jesus e flagelá-lo. Depois, os soldados entrelaçaram uma coroa de espinhos, cravaram-lha na cabeça e cobriram-no com um manto de púrpura; e, aproximando-se dele, diziam-lhe: «Salve! Ó Rei dos judeus!» E davam-lhe bofetadas.
Pilatos saiu de novo e disse-lhes: «Vou trazê-lo cá fora para saberdes que eu não vejo nele nenhuma causa de condenação.» Então, saiu Jesus com a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Disse-lhes Pilatos: «Eis o Homem!»
Assim que viram Jesus, os sumos sacerdotes e os seus servidores gritaram: «Crucifica-o! Crucifica-o!» Disse-lhes Pilatos: «Levai-o vós e crucificai-o. Eu não descubro nele nenhum crime.» Os judeus replicaram-lhe: «Nós temos uma Lei e, segundo essa Lei, deve morrer, porque disse ser Filho de Deus.»
Quando Pilatos ouviu estas palavras, mais assustado ficou. Voltou a entrar no edifício da sede e perguntou a Jesus: «Donde és Tu?» Mas Jesus não lhe deu resposta. Pilatos disse-lhe, então: «Não me dizes nada? Não sabes que tenho o poder de te libertar e o poder de te crucificar?» Respondeu-lhe Jesus: «Não terias nenhum poder sobre mim, se não te fosse dado do Alto. Por isso, quem me entregou a ti tem maior pecado.»
A partir daí, Pilatos procurava libertá-lo, mas os judeus clamavam: «Se libertas este homem, não és amigo de César! Todo aquele que se faz rei declara-se contra César.»
Ouvindo estas palavras, Pilatos trouxe Jesus para fora e fê-lo sentar numa tribuna, no lugar chamado Lajedo, ou Gabatá em hebraico. 14Era o dia da Preparação da Páscoa, por volta do meio-dia. Disse, então, aos judeus: «Aqui está o vosso Rei!» 15E eles bradaram: «Fora! Fora! Crucifica-o!» Disse-lhes Pilatos: «Então, hei-de crucificar o vosso Rei?» Replicaram os sumos sacerdotes: «Não temos outro rei, senão César.» 16Então, entregou-o para ser crucificado. E eles tomaram conta de Jesus.
Jesus, levando a cruz às costas, saiu para o chamado Lugar da Caveira, que em hebraico se diz Gólgota, onde o crucificaram, e com Ele outros dois, um de cada lado, ficando Jesus no meio. Pilatos redigiu um letreiro e mandou pô-lo sobre a cruz. Dizia: «Jesus Nazareno, Rei dos Judeus.»
Este letreiro foi lido por muitos judeus, porque o lugar onde Jesus tinha sido crucificado era perto da cidade e o letreiro estava escrito em hebraico, em latim e em grego. Então, os sumos sacerdotes dos judeus disseram a Pilatos: «Não escrevas ‘Rei dos Judeus’, mas sim: ‘Este homem afirmou: Eu sou Rei dos Judeus.’» Pilatos respondeu: «O que escrevi, escrevi.»
Os soldados, depois de terem crucificado Jesus, pegaram na roupa dele e fizeram quatro partes, uma para cada soldado, excepto a túnica. A túnica, toda tecida de uma só peça de alto a baixo, não tinha costuras. Então, os soldados disseram uns aos outros: «Não a rasguemos; tiremo-la à sorte, para ver a quem tocará.» Assim se cumpriu a Escritura, que diz:Repartiram entre eles as minhas vestese sobre a minha túnica lançaram sortes.
E foi isto o que fizeram os soldados.
Junto à cruz de Jesus estavam, de pé, sua mãe e a irmã da sua mãe, Maria, a mulher de Clopas, e Maria Madalena. Então, Jesus, ao ver ali ao pé a sua mãe e o discípulo que Ele amava, disse à mãe: «Mulher, eis o teu filho!» Depois, disse ao discípulo: «Eis a tua mãe!» E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-a como sua.
Depois disso, Jesus, sabendo que tudo se consumara, para se cumprir totalmente a Escritura, disse: «Tenho sede!»
Havia ali uma vasilha cheia de vinagre. Então, ensopando no vinagre uma esponja fixada num ramo de hissopo, chegaram-lha à boca. Quando tomou o vinagre, Jesus disse: «Tudo está consumado.» E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.
Como era o dia da Preparação da Páscoa, para evitar que no sábado ficassem os corpos na cruz, porque aquele sábado era um dia muito solene, os judeus pediram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados. Os soldados foram e quebraram as pernas ao primeiro e também ao outro que tinha sido crucificado juntamente. Mas, ao chegarem a Jesus, vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas. Porém, um dos soldados traspassou-lhe o peito com uma lança e logo brotou sangue e água. Aquele que viu estas coisas é que dá testemunho delas e o seu testemunho é verdadeiro. E ele bem sabe que diz a verdade, para vós crerdes também.
É que isto aconteceu para se cumprir a Escritura, que diz: Não se lhe quebrará nenhum osso. E também outro passo da Escritura diz: Hão-de olhar para aquele que trespassaram.
Depois disto, José de Arimateia, que era discípulo de Jesus, mas secretamente por medo das autoridades judaicas, pediu a Pilatos que lhe deixasse levar o corpo de Jesus. E Pilatos permitiu-lho.
Veio, pois, e retirou o corpo. Nicodemos, aquele que antes tinha ido ter com Jesus de noite, apareceu também trazendo uma mistura de perto de cem libras de mirra e aloés. Tomaram então o corpo de Jesus e envolveram-no em panos de linho com os perfumes, segundo o costume dos judeus. No sítio em que Ele tinha sido crucificado havia um horto e, no horto, um túmulo novo, onde ainda ninguém tinha sido sepultado. Como para os judeus era o dia da Preparação da Páscoa e o túmulo estava perto, foi ali que puseram Jesus.

LEITURA ORANTE
ORAÇÃO INICIAL
Preparo-me para a Leitura Orante, rezando:
- Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos.
- Porque pela vossa santa cruz, remistes o mundo.

1- LEITURA (VERDADE)O que diz o texto? 
Leio atentamente a Paixão de Jesus em Jo 18, 1-19,42.
Depois de fazer essa oração, Jesus saiu com os discípulos e foi para o outro lado do riacho de Cedrom. Havia ali um jardim, onde Jesus entrou com eles. Judas, o traidor, conhecia aquele lugar porque Jesus tinha se reunido muitas vezes ali com os discípulos. Então Judas foi ao jardim com um grupo de soldados e alguns guardas do Templo mandados pelos chefes dos sacerdotes e pelos fariseus. Eles estavam armados e levavam lanternas e tochas. Jesus sabia de tudo o que lhe ia acontecer. Por isso caminhou na direção deles e perguntou: 
- Quem é que vocês estão procurando? 
- Jesus de Nazaré! - responderam. 
- Sou eu! - disse Jesus. 
Judas, o traidor, estava com eles. Quando Jesus disse: "Sou eu", eles recuaram e caíram no chão. Jesus perguntou outra vez: 
- Quem é que vocês estão procurando? 
- Jesus de Nazaré! - tornaram a responder. 
Jesus disse: 
- Já afirmei que sou eu. Se é a mim que vocês procuram, então deixem que estes outros vão embora! 
Jesus disse isso para que se cumprisse o que ele tinha dito antes: "Pai, de todos aqueles que me deste, nenhum se perdeu." 
Aí Simão Pedro tirou a espada, atacou um empregado do Grande Sacerdote e cortou a orelha direita dele. O nome do empregado era Malco. Mas Jesus disse a Pedro: 
- Guarde a sua espada! Por acaso você pensa que eu não vou beber o cálice de sofrimento que o Pai me deu? 
Jesus diante de Anás 
Em seguida os soldados, o comandante e os guardas do Templo prenderam Jesus e o amarraram. Então o levaram primeiro até a casa de Anás. Anás era o sogro de Caifás, que naquele ano era o Grande Sacerdote. Caifás era quem tinha dito aos líderes judeus que era melhor para eles que morresse apenas um homem pelo povo. 
Pedro nega Jesus 
Simão Pedro foi seguindo Jesus, junto com outro discípulo. Esse discípulo era conhecido do Grande Sacerdote e por isso conseguiu entrar no pátio da casa dele junto com Jesus. Mas Pedro ficou do lado de fora, perto da porta. O outro discípulo, que era conhecido do Grande Sacerdote, saiu e falou com a empregada que tomava conta da porta. Então ela deixou Pedro entrar e lhe perguntou: 
- Você não é um dos seguidores daquele homem? 
- Eu, não! - respondeu ele. 
Por causa do frio, os empregados e os guardas tinham feito uma fogueira e estavam se aquecendo de pé, em volta dela. Pedro estava de pé, no meio deles, aquecendo-se também. 
Jesus diante do Grande Sacerdote 
O Grande Sacerdote fez algumas perguntas a Jesus a respeito dos seus seguidores e dos seus ensinamentos. 
E Jesus respondeu: 
- Eu sempre falei a todos publicamente. Ensinava nas sinagogas e no pátio do Templo, onde o povo se reúne, e nunca disse nada em segredo. Então, por que o senhor está me fazendo essas perguntas? Pergunte aos que me ouviram, pois eles sabem muito bem o que eu disse a eles. 
Quando Jesus disse isso, um dos guardas do Templo que estavam ali deu-lhe uma bofetada e disse: 
- Isso é maneira de falar com o Grande Sacerdote? 
- Se eu disse alguma mentira, prove que menti! - respondeu Jesus. - Mas, se eu falei a verdade, por que é que você está me batendo? 
Depois Anás mandou Jesus, ainda amarrado, para Caifás, o Grande Sacerdote. 
Pedro nega Jesus outra vez 
Pedro ainda estava lá, de pé, aquecendo-se perto do fogo. Então lhe perguntaram: 
- Você não é um dos seguidores daquele homem? 
- Não, eu não sou! - respondeu ele. 
Um dos empregados do Grande Sacerdote, parente do homem de quem Pedro tinha cortado a orelha, perguntou: 
- Será que eu não vi você com ele no jardim? 
E outra vez Pedro disse que não. 
E no mesmo instante o galo cantou. 
Jesus diante de Pilatos 
Depois levaram Jesus da casa de Caifás para o palácio do Governador romano. Já era de manhã cedo. Os líderes judeus não entraram no palácio porque queriam continuar puros, conforme a religião deles; pois só assim poderiam comer o jantar da Páscoa. Então o governador Pilatos saiu, foi encontrar-se com eles e perguntou: 
- Que acusação vocês têm contra este homem? 
Eles responderam: 
- O senhor acha que nós lhe entregaríamos este homem se ele não tivesse cometido algum crime? 
Pilatos disse: 
- Levem este homem e o julguem vocês mesmos, de acordo com a lei de vocês. 
Então eles responderam: 
- Nós não temos o direito de matar ninguém. 
Isso aconteceu assim para que se cumprisse o que Jesus tinha dito quando falou a respeito de como ia morrer. 
Pilatos tornou a entrar no palácio, chamou Jesus e perguntou: 
- Você é o rei dos judeus? 
Jesus respondeu: 
- Esta pergunta é do senhor mesmo ou foram outras pessoas que lhe disseram isso a meu respeito? 
- Por acaso eu sou judeu? - disse Pilatos. - A sua própria gente e os chefes dos sacerdotes é que o entregaram a mim. O que foi que você fez? 
Jesus respondeu: 
- O meu Reino não é deste mundo! Se o meu Reino fosse deste mundo, os meus seguidores lutariam para não deixar que eu fosse entregue aos líderes judeus. Mas o fato é que o meu Reino não é deste mundo! 
- Então você é rei? - perguntou Pilatos. 
- É o senhor que está dizendo que eu sou rei! - respondeu Jesus. - Foi para falar da verdade que eu nasci e vim ao mundo. Quem está do lado da verdade ouve a minha voz. 
- O que é a verdade? - perguntou Pilatos. 
Jesus é condenado à morte 
Depois de dizer isso, Pilatos saiu outra vez para falar com a multidão e disse: 
- Não vejo nenhum motivo para condenar este homem. Mas, de acordo com o costume de vocês, eu sempre solto um prisioneiro na ocasião da Páscoa. Vocês querem que eu solte para vocês o rei dos judeus? 
Todos começaram a gritar: 
- Não, ele não! Nós queremos que solte Barrabás! 
Acontece que esse Barrabás era um criminoso. 
Continuo a leitura na sua Bíblia, até Jo 19,1-42.

2- MEDITAÇÃO (CAMINHO)O que diz o texto para mim, para nós?
Hoje, sexta-feira santa, leio, com calma e pausas de silêncio, o texto da Paixão e Morte de Jesus.

3- ORAÇÃO (VIDA)O que o texto me leva a dizer a Deus? 
Rezo, com toda a Igreja, a 
VIA-SACRA 
1. Jesus é condenado à morte por Pilatos (Mt27,26) 
A cada estação, faço um momento de silêncio e depois rezo: 
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós.
2. Jesus carrega a sua Cruz (Mt 27,31) 
3. Jesus cai pela primeira vez 
4. Jesus encontra a sua Mãe 
5. Jesus recebe ajuda de Simão para carregar a Cruz (Mt27.32) 
6. Verônica enxuga o rosto de Jesus 
7. Jesus cai pela segunda vez sob o peso da Cruz 
8. Jesus fala às mulheres de Jerusalém (Lc 23,27) 
9. Jesus cai pela terceira vez sob o peso da Cruz 
10. Jesus é despojado de suas vestes (Mt 27,35) 
11. Jesus é pregado na Cruz 
12. Jesus morre na Cruz (Mt 27,50) 
13. Jesus é descido da Cruz (Mt 27,59) 
14. Jesus é sepultado (Mt27,60) 
15. Jesus ressuscitou (Mt 28,5). 

Termino, rezando por todas as pessoas que sofrem: 

Senhor, não te peço que me troques a cruz. 
Ajuda-me a carregá-la. 
Não te peço que me encurtes o caminho. 
Peço-te que venhas comigo. 
Não te peço que me troques a água em vinho. 
Dá-me de beber o que for do teu agrado. 
Não te peço que me troques a cruz. 
Ajuda-me a carregá-la. 

Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós.

4- CONTEMPLAÇÃO (VIDA E MISSÃO)Qual o meu novo olhar? 
A contemplação da Paixão de Cristo move-me a amá-lo, dado que Ele nos deu provas da verdade e da grandeza do seu amor. Move-nos à contrição, à conversão, a evitar o pecado, a seguir Cristo e a imitá-lo para abraçar a vontade de Deus , mesmo carregando a nossa cruz.

BÊNÇÃO
Bênção
Que o Senhor nos abençoe (fazendo o sinal da cruz)
"Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo".
Ir. Patrícia Silva, fsp

EVANGELHO PARA SÁBADO (LEITURA ORANTE)

ANO A - DIA 19/04
Jesus ressuscitou como disse 
- Mt 28,1-10
Depois do sábado, ao raiar o primeiro dia da semana, Maria Madalena e a outra Maria foram ver o sepulcro. [...] Então o anjo falou às mulheres: “Vós não precisais ter medo! Sei que procurais Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui! Ressuscitou, como havia dito! Vinde ver o lugar em que ele estava. Ide depressa contar aos discípulos: ‘Ele ressuscitou dos mortos e vai à vossa frente para a Galileia. Lá o vereis’. É o que tenho a vos dizer”. [...].

LEITURA ORANTE

ORAÇÃO INICIAL
Preparo-me para a Leitura Orante, rezando, com o mundo inteiro que é iluminado pela luz da Ressurreição do Senhor:
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Creio, Senhor Jesus, que sou parte de seu Corpo.
Trindade Santíssima
- Pai, Filho, Espírito Santo -
presente e agindo na Igreja e na profundidade do meu ser.
Eu vos adoro, amo e agradeço.

1- LEITURA (VERDADE)
Neste texto aparecem duas testemunhas da Páscoa - duas mulheres - e um sinal. O sinal é: “o anjo do Senhor desceu do céu e, aproximando-se, removeu a pedra e sentou-se nela. Sua aparência era como um relâmpago, e suas vestes, brancas como a neve” e afirma claramente: “Vós não precisais ter medo! Sei que procurais Jesus, que foi crucificado. Ele não está aqui! Ressuscitou, como havia dito!... Ide depressa contar aos discípulos: 'Ele ressuscitou dos mortos e vai à vossa frente para a Galileia. Lá o vereis'. É o que tenho a vos dizer . Era preciso reavivar a memória das mulheres e também a nossa! A reação das mulheres é de grande alegria, tornando-se as primeiras anunciadoras da Ressurreição. Mais surpresas ficaram quando se encontram com Jesus que as confirma na fé: "Não tenhais medo; ide anunciar a meus irmãos que vão para a Galileia. Lá me verão".

2- MEDITAÇÃO (CAMINHO)- O que a Palavra diz para mim?
Pergunto-me: o que procuro? O túmulo vazio, escuro? Ou pelo impulso do amor busco descobrir a vida nova, Jesus Cristo vivo na minha comunidade, na minha família?
Leio em voz alta para mim e para mais alguém que estiver comigo, o que disseram os bispos em Aparecida: “Jesus Cristo, verdadeiro homem e verdadeiro Deus, com palavras e ações e com sua morte e ressurreição inaugura no meio de nós o Reino de vida do Pai, que alcançará sua plenitude num lugar onde não haverá mais “morte, nem luto, nem pranto, nem dor, porque tudo o que é antigo desaparecerá” (Ap 21,4). Durante sua vida e com sua morte na cruz, Jesus permanece fiel a seu Pai e a sua vontade (cf. Lc 22,42). Durante seu ministério, os discípulos não foram capazes de compreender que o sentido de sua vida selava o sentido de sua morte. Muito menos podiam compreender que, segundo o desígnio do Pai, a morte do Filho era fonte de vida fecunda para todos (cf. Jo 12,23-24). O mistério pascal de Jesus é o ato de obediência e amor ao Pai e de entrega por todos seus irmãos. Com esse ato, o Messias doa plenamente aquela vida que oferecia nos caminhos e aldeias da Palestina. Por seu sacrifício voluntário, o Cordeiro de Deus oferece sua vida nas mãos do Pai (cf. Lc 23,46), que o faz salvação “para nós” (1Cor 1,30). Pelo mistério pascal, o Pai sela a nova aliança e gera um novo povo que tem por fundamento seu amor gratuito de Pai que salva.” (DAp 143).

3- ORAÇÃO (VIDA)- O que a Palavra me leva a dizer a Deus? 
Rezo com Maria, a Mãe de Jesus, as alegrias da Ressurreição de seu Filho Jesus.
- Rainha do céu, alegrai-vos, aleluia!
- Porque quem merecestes trazer em vosso puríssimo seio, aleluia!
- Ressuscitou como disse, aleluia!
- Rogai a Deus por nós, aleluia!
- Exultai e alegrai-vos, ó Virgem Maria, aleluia!
- Porque o Senhor ressuscitou verdadeiramente, aleluia!

Ave, Maria...
- Rogai por nós, Santa Mãe de Deus.
- Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
Oremos
Ó Deus, que alegrastes o mundo com a ressurreição de vosso Filho, Jesus Cristo, Senhor nosso, concedei-nos, vo-lo suplicamos, que por sua Mãe, a Virgem Maria, alcancemos as alegrias da vida eterna. Pelo mesmo Cristo, nosso Senhor. Amém.

4- CONTEMPLAÇÃO (VIDA E MISSÃO)- Qual o meu novo olhar a partir da Palavra?
Vou cultivar um olhar que descobre na comunidade a Vida, os sinais de Vida e a presença do Cristo Ressuscitado!
Que nesta Páscoa, a nossa luz, com a luz de todos os irmãos, forme uma só chama com o Cristo ressuscitado!

BÊNÇÃO
Jesus Divino Mestre seja para ti:
a Verdade que ilumina, 
o caminho da santidade, 
a vida plena e eterna.
Que ele te guarde e te defenda.
Plenifique de todos os bens
a ti e a todos que amar.
Em nome do Pai,do Filho e do Espírito Santo. Amém.
(T. Alberione)
Ir. Patrícia Silva, fsp

EVANGELHO PARA O DOMINGO (LEITURA ORANTE)

ANO A - DIA 20/04
Os discípulos de Emaús 
- Jo 20,1-9 M. vésp. :  Lc 24,13-35
Naquele mesmo dia, o primeiro da semana, dois dos discípulos iam para um povoado, chamado Emaús, a uns dez quilômetros de Jerusalém. Conversavam sobre todas as coisas que tinham acontecido. Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus se aproximou e começou a caminhar com eles. Os seus olhos, porém, estavam como vendados, incapazes de reconhecê-lo. Então Jesus perguntou: “O que andais conversando pelo caminho?” Eles pararam, com o rosto triste, e um deles, chamado Cléofas, lhe disse: “És tu o único peregrino em Jerusalém que não sabe o que lá aconteceu nestes dias?” Ele perguntou: “Que foi?” Eles responderam: “O que aconteceu com Jesus, o Nazareno, que foi um profeta poderoso em obras e palavras diante de Deus e diante de todo o povo. Os sumos sacerdotes e as nossas autoridades o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. Nós esperávamos que fosse ele quem libertaria Israel; mas, com tudo isso, já faz três dias que todas essas coisas aconteceram! É verdade que algumas mulheres do nosso grupo nos assustaram. Elas foram de madrugada ao túmulo e não encontraram o corpo dele. Então voltaram, dizendo que tinham visto anjos e que estes afirmaram que ele está vivo. Alguns dos nossos foram ao túmulo e encontraram as coisas como as mulheres tinham dito. A ele, porém, ninguém viu”. Então ele lhes disse: “Como sois sem inteligência e lentos para crer em tudo o que os profetas falaram! Não era necessário que o Cristo sofresse tudo isso para entrar na sua glória?” E, começando por Moisés e passando por todos os profetas, explicou-lhes, em todas as Escrituras, as passagens que se referiam a ele. Quando chegaram perto do povoado para onde iam, ele fez de conta que ia adiante. Eles, porém, insistiram: “Fica conosco, pois já é tarde e a noite vem chegando!” Ele entrou para ficar com eles. [...] E estes confirmaram: “Realmente, o Senhor ressuscitou e apareceu a Simão!” Então os dois contaram o que tinha acontecido no caminho, e como o tinham reconhecido ao partir o pão.

LEITURA ORANTE

ORAÇÃO INICIAL
Preparo-me para a Leitura Orante, rezando:
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Creio, Senhor Jesus, que sou parte de seu Corpo.
Trindade Santíssima
- Pai, Filho, Espírito Santo -
presente e agindo na Igreja e na profundidade do meu ser.
Eu vos adoro, amo e agradeço.

1. Leitura (Verdade) - O que a Palavra diz?
Leio atentamente o texto do Evangelho do Dia: Lc 24,13-35.
Naquele mesmo dia, dois dos seguidores de Jesus estavam indo para um povoado chamado Emaús, que fica a mais ou menos dez quilômetros de Jerusalém. Eles estavam conversando a respeito de tudo o que havia acontecido. Enquanto conversavam e discutiam, o próprio Jesus chegou perto e começou a caminhar com eles, mas alguma coisa não deixou que eles o reconhecessem. Então Jesus perguntou:
- O que é que vocês estão conversando pelo caminho?
Eles pararam, com um jeito triste, e um deles, chamado Cleopas, disse:
- Será que você é o único morador de Jerusalém que não sabe o que aconteceu lá, nestes últimos dias?
- O que foi? - perguntou ele.
Eles responderam: 
- O que aconteceu com Jesus de Nazaré. Esse homem era profeta e, para Deus e para todo o povo, ele era poderoso em atos e palavras. Os chefes dos sacerdotes e os nossos líderes o entregaram para ser condenado à morte e o crucificaram. E a nossa esperança era que fosse ele quem iria libertar o povo de Israel. Porém já faz três dias que tudo isso aconteceu. Algumas mulheres do nosso grupo nos deixaram espantados, pois foram de madrugada ao túmulo e não encontraram o corpo dele. Voltaram dizendo que viram anjos e que estes afirmaram que ele está vivo. Alguns do nosso grupo foram ao túmulo e viram que realmente aconteceu o que as mulheres disseram, mas não viram Jesus. Então Jesus lhes disse:
- Como vocês demoram a entender e a crer em tudo o que os profetas disseram! Pois era preciso que o Messias sofresse e assim recebesse de Deus toda a glória.
E começou a explicar todas as passagens das Escrituras Sagradas que falavam dele, iniciando com os livros de Moisés e os escritos de todos os Profetas.
Quando chegaram perto do povoado para onde iam, Jesus fez como quem ia para mais longe.Mas eles insistiram com ele para que ficasse, dizendo:
- Fique conosco porque já é tarde, e a noite vem chegando.
Então Jesus entrou para ficar com os dois. Sentou-se à mesa com eles, pegou o pão e deu graças a Deus. Depois partiu o pão e deu a eles. Aí os olhos deles foram abertos, e eles reconheceram Jesus. Mas ele desapareceu. Então eles disseram um para o outro: - Não parecia que o nosso coração queimava dentro do peito quando ele nos falava na estrada e nos explicava as Escrituras Sagradas?
Eles se levantaram logo e voltaram para Jerusalém, onde encontraram os onze apóstolos reunidos com outros seguidores de Jesus. E os apóstolos diziam:
- De fato, o Senhor foi ressuscitado e foi visto por Simão!
Então os dois contaram o que havia acontecido na estrada e como tinham reconhecido o Senhor quando ele havia partido o pão.

1- LEITURA (VERDADE)O Evangelho de hoje apresenta uma cena magistral: 
Jesus ressuscitado com os discípulos no caminho de Emaús. Eram dois: Cleopas e provavelmente sua esposa, Maria, aquela que estava ao pé da cruz com Maria, a Mãe de Jesus, e com Maria Madalena. É uma caminhada dura, triste, dolorosa, recordando o caminho feito até o Calvário, onde o Mestre foi crucificado e morto. Uma palavra que poderia definir o estado de ânimo de ambos é: decepção! Até que alguém, acerta o passo com eles e caminha junto, ouvindo suas dores e seu desalento. O caminhante os ouve e os ajuda a refletir, recordando as Escrituras e o que haviam profetizado sobre o Messias. Os fatos vão tomando novo significado, à luz da Palavra. Os olhos dos discípulos de Emaús passam a ver com clareza quando Jesus senta-se à mesa com eles e parte o pão.
A Palavra e a Eucaristia são dois momentos privilegiados em que Jesus Ressuscitado se manifesta e é percebido pelos que creem.

2- MEDITAÇÃO (CAMINHO)- O que a Palavra diz para mim?
Quando meu coração sofre, quando está frio busco o calor da Palavra e sento-me à mesa com Jesus? Convido-o para estar comigo? Percebo na pessoa que caminha a meu lado o ritmo do andar de Jesus Ressuscitado?

3- ORAÇÃO (VIDA)- O que a Palavra me leva a dizer a Deus?
Com os dois discípulos de Emaús e os bispos, em Aparecida, faço de minha oração um convite a Jesus: “Guiados por Maria, fixamos os olhos em Jesus Cristo, autor e consumador da fé e dizemos a Ele com o Sucessor de Pedro:
“Fica conosco, pois cai a tarde e o dia já se declina” (Lc 24,29).
Fica conosco, Senhor, acompanha-nos ainda que nem sempre tenhamos sabido reconhecer-te.
Fica conosco, porque ao redor de nós as mais densas sombras vão se fazendo, e Tu és a Luz; em nossos corações se insinua a falta de esperança, e tu os faz arder com a certeza da Páscoa. Estamos cansados do caminho, mas tu nos confortas na fração do pão para anunciar a nossos irmãos que na verdade tu tens ressuscitado e que nos tem dado a missão de ser testemunhas de tua ressurreição.
Fica conosco, Senhor, quando ao redor de nossa fé católica surgem as névoas da dúvida, do cansaço ou da dificuldade: tu, que és a própria Verdade como revelador do Pai, ilumina nossas mentes com tua Palavra; ajuda-nos a sentir a beleza de crer em ti.
Fica em nossas famílias, ilumina-as em suas dúvidas, sustenta-as em suas dificuldades, consola-as em seus sofrimentos e no cansaço de cada dia, quando ao redor delas se acumulam sombras que ameaçam sua unidade e sua natureza. Tu que és a Vida, fica em nossos lares, para que continuem sendo ninhos onde nasça a vida humana abundante e generosamente, onde se acolha, se ame, se respeite a vida desde a sua concepção até seu término natural.
Fica, Senhor, com aqueles que em nossa sociedade são os mais vulneráveis; fica com os pobres e humildes, com os indígenas e afro-americanos, que nem sempre encontram espaços e apoio para expressar a riqueza de sua cultura e a sabedoria de sua identidade. Fica, Senhor, com nossas crianças e com nossos jovens, que são a esperança e a riqueza de nosso Continente, protege-os de tantas armadilhas que atentam contra sua inocência e contra suas legítimas esperanças. Oh bom Pastor, fica com nossos anciãos e com nossos enfermos! Fortalece a todos em sua fé para que sejam teus discípulos e missionários!” (DAp 554).

4- CONTEMPLAÇÃO (VIDA E MISSÃO)- Qual o meu novo olhar a partir da Palavra?
Vou estar atento/a para ouvir os passos do Ressuscitado ao meu lado, para ouvi-lo na sua Palavra e encontrá-lo na Eucaristia e nas pessoas.

BÊNÇÃO
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém. 
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém. 
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém. 
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém. 
Ir. Patrícia Silva, fsp

BUSCAR O VIGOR ESPIRITUAL


Os diagnósticos da crise contemporânea apontam processos corrosivos de desumanização, pesando existencialmente sobre os ombros de todos. É incontestável a perda do sentido da própria vida, com consequentes atentados contra a dignidade do outro. Violências de todo tipo permeiam as relações sociais e humanas como o tráfico de pessoas - tema da Campanha da Fraternidade (CF-2014) - a banalização da vida e a perda da noção de moralidade, que resultam no desrespeito aos valores essenciais do ser humano. 

Essa desumanização que alimenta dia a dia o aumento da violência e intensifica a inércia de ações governamentais e cidadãs, exige reação urgente e massiva na reconfiguração dos cenários socioculturais e políticos. 

Tem-se a impressão de que a sociedade contemporânea é um caminhão desgovernado ladeira a baixo, sem freios. De tudo acontece. Tudo parece possível quando deixa de existir clareza sobre os valores do bem e do mal na vida social e familiar. Diante desta realidade, é compromisso inegociável do cristão o combate diuturno para fazer triunfar o bem e a justiça. 

Ardiloso, o mal não se dobra facilmente a qualquer ameaça. Vencê-lo requer estratégias inteligentes, de racionalidade e de vontade política próprias de quem tem estatura cidadã. Mas só a espiritualidade é capaz de sustentar a competência daquele que assume esta luta. Só ela tem poderes para alargar os corações e capacitar as pessoas para uma compreensão que ultrapassa a simples lógica das relações formais e conduzir à construção de uma sociedade justa e solidária, por meio do aprendizado do amor a partir de sua gênese: a fonte inesgotável, o amor, Deus revelado de maneira plena na pessoa de seu Filho, Jesus Cristo, Salvador e Redentor. Significativo é ter presente o ápice do diálogo de Jesus com Nicodemos, narrado pelo evangelista João, quando o Mestre diz: ‘Deus amou tanto o mundo, que deu o seu filho único, para que todo aquele que nele crer não pereça mas tenha a vida eterna’. 

Não se pode ser coração da paz e, assim, vencer o mal, sem beber da fonte do amor, que o limite humano não garante, em si. E este amor de Deus, na história da humanidade, se personifica em Jesus Cristo. Se há essa compreensão, permanece cotidianamente o desafio de aproximação dessa fonte e o usufruto da oferta dadivosa que ele faz de si, com ensinamentos e gestos que, imitados e testemunhados, podem fazer de cada coração da paz instrumento de consecução de uma dinâmica social e política que promova a dignidade humana. 

Esses espantosos diagnósticos de desumanização da sociedade contemporânea precisam ser afrontados, com o propósito inadiável de nova configuração, em segurança pública, educação, trabalho, saúde, moradia, política menos partidarista e mais cidadã. Pela garantia de oportunidades para todos, por uma cultura que supere a exclusão social. Sendo assim, a reconquista da humanização que se anseia neste momento, com a reorganização das diversidades de todo tipo, autonomias e liberdades, demandas e prioridades, só será possível por meio de uma espiritualidade enraizada, fazendo de cada pessoa coração da paz. 

A vivência da Semana Santa, a Semana Maior, fixando o olhar na revelação plena do amor de Deus, aproximando-nos da fonte inesgotável, é a grande oportunidade para se recuperar a espiritualidade tão necessária. A superficialidade de fazer da Semana Santa um feriadão pode ser um equívoco. O repouso justo, o silêncio fecundante, a oração alargadora do coração, as abstinências, a sensibilização pela escuta e a celebração do mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus são possibilidades fecundas para um novo tempo de vida pessoal e comunitária em busca do indispensável vigor espiritual. 
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte

O TESOURO QUE O MUNDO PROCURA




A juventude é a fase em que mais sofremos as investidas do inimigo de Deus, quando enfrentamos as maiores batalhas e temos sentimentos à flor da pele. É uma guerra na qual nos machucamos e ficamos, muitas vezes, mutilados. É difícil ir para a guerra, mas não ir significa não conhecer o sabor da vitória. 

Quem não luta não tem muitos problemas nem dificuldades, mas também não alcança a vitória. É assim que acontece com alguém que está em pecado: como um porco, lambuza-se todo e se mistura tanto à lama que não quer mais sair dela. Mesmo sendo lavado, o porco retorna à lama. Quem não luta contra o pecado torna-se semelhante a esse animal, acostumado à vida do chiqueiro. Muitas vezes, permanecemos no pecado e nas consequências dele, porque não lutamos. 

Há uma história sobre um homem e seu baú cheio de tesouros, os quais ele colecionava e comercializava. Além do baú, possuía tecidos, tapetes, terras, gado, cavalos, casas... Enfim, era muito rico. Ele viajava bastante e sempre comprava algo que não possuía. Assim foi ajuntando tesouros, até que, um dia, numa das viagens, deparou-se com uma pérola negra e se encantou por ela. Era a única no mundo!

Em nenhum dos lugares pelos quais já havia passado havia aquele tesouro. Quis possuí-la e foi até o dono da pérola. Pelo fato de não haver nada parecido no mundo inteiro, o proprietário tinha todo o direito de pedir o valor que quisesse, e foi o que aconteceu. Ele pediu um preço tão alto, que era quase impossível alguém possuir todo aquele dinheiro. O comerciante achou o preço exorbitante, mas, como um bom negociante, fez o cálculo de todos os seus bens, incluindo a roupa do corpo, e percebeu que teria o dinheiro suficiente para comprá-la. Voltou para casa, juntou tudo, vendeu, comprou a pérola e saiu vestido com o mínimo necessário para não estar nu. Olhava o bem recém-adquirido sem ter para onde ir, pois tinha vendido a casa e tudo o que possuía. Achou, então, uma árvore e sentou-se à sombra, contemplando o seu tesouro. Ninguém era mais rico do que aquele homem, mas também ninguém era mais pobre do que ele. Nada custava mais do que a sua pérola e ele era feliz. Havia encontrado o que sempre buscara. Aquele homem acumulou riquezas por toda a vida, achando que nelas seria feliz, até encontrar a pérola. E, quando a encontrou, teve de se desfazer de tudo para comprá-la. 

Nossa situação é parecida: não temos carneiros, tesouros, contas bancárias "gordas" nem cheque especial; muitos não têm carro nem cartão de crédito. Mas, ao longo da vida, adquirimos falsos tesouros como o pecado, por exemplo. Ele nos impossibilitou de buscar o tesouro da felicidade e da paz, que é o próprio Deus. Jesus é a paz na agitação da vida, a alegria verdadeira e plena. 


Muitas pessoas procuram esse Tesouro em lugares impróprios e não O encontram. Sabemos que Cristo está em todas as pessoas, mas não em todas as situações. Existem situações em que somente o diabo está. E é justamente aí que, ao longo da vida, fomos buscar a felicidade: numa zona de prostituição, na boca de fumo, numa butique gastando além do que podíamos e ficando endividados. Buscamos a felicidade na violência, na loucura, na moda, na novela, na traição, em situações em que Deus não está, e acumulamos misérias dentro de nós.

Hoje, alegremo-nos, pois nossa busca acabou! Até mesmo o que temos de material, adquirido com muito custo e trabalho, passa a ter mais valor, mais sentido e mais gosto, porque encontramos o grande Tesouro, que é o próprio Deus. 
Do livro: “Sementes de uma nova geração”

CONFESSAR-SE: COMO? POR QUE?

Por que devo me confessar? 

O coração do homem apresenta-se pesado e endurecido. É preciso que Deus dê a ele um coração novo. A conversão é, antes de tudo, uma obra da graça divina, que reconduz nosso coração a Ele: “Converte-nos, a ti, Senhor, e nos converteremos” (Lm 5,21). O Senhor nos dá a força de começar de novo. É descobrindo a grandeza do amor de Deus que nosso coração experimenta o horror e o peso do pecado e começa a ter medo de ofender o Altíssimo pelo mesmo pecado e de ser separado d'Ele. O coração humano converte-se olhando para aquele que foi transportado por nossos pecados (CIC 1432). 

O pecado é uma palavra, um ato ou um desejo contrário à lei eterna; “é uma falha contra a razão, a verdade, a consciência reta; é uma falta ao amor verdadeiro para com Deus e para com o próximo, por causa de um apego perverso a certos bens. Fere a natureza do homem e ofende a solidariedade humana.” (cf. CIC 1849). Por esse motivo, a conversão traz, ao mesmo tempo, o perdão de Deus e a reconciliação com a Igreja, e é isso que o Sacramento da Penitência e da Reconciliação exprime e realiza liturgicamente. 

A confissão dos pecados graves e veniais 

Cristo instituiu o sacramento da penitência para todos os membros pecadores de Sua Igreja, antes de tudo, para aqueles que, depois do batismo, cometeram pecado grave e, com isso, perderam a graça batismal e feriram a comunhão eclesial. É a eles que o sacramento da penitência oferece uma nova possibilidade de se converter e recobrar a graça da justificação (CIC, 1446).

Comete-se um pecado grave quando, mesmo conhecendo a lei de Deus, se pratica uma ação voluntariamente contra as normas prescritas nos dez mandamentos (cf. CIC 1857-1861). 

O pecado mortal destrói a caridade no coração do homem por uma infração grave da lei de Deus; desvia-O de Deus, que é seu fim último e sua bem-aventurança, preferindo um bem inferior. 

O pecado mortal, atacando em nós o princípio vital que é a caridade, exige uma nova iniciativa da misericórdia de Deus e uma conversão do coração, que se realiza normalmente no sacramento da reconciliação (CIC 1855, 1856). 

A declaração dos pecados ao sacerdote constituiu uma parte essencial do sacramento da penitência: “Os penitentes devem, na confissão, enumerar todos os pecados mortais de quem têm consciência depois de examinar-se seriamente, mesmo que esses pecados sejam muito secretos e tenham sido cometidos somente contra os dois últimos preceitos do decálogo, pois, às vezes, esses pecados ferem gravemente a alma e são mais prejudiciais do que os outros que foram cometidos à vista e conhecimento de todos” (CIC, 1456). 

Todo fiel, depois de ter chegado à idade da discrição, é obrigado a confessar fielmente seus pecados graves, pelo menos uma vez por ano. (cf. CDC, 989; cf. CIC, 1457) 

Aquele que tem consciência de ter cometido um pecado mortal não deve receber a sagrada comunhão, mesmo que esteja profundamente contrito, sem receber previamente a absolvição sacramental, a menos que tenha um motivo grave para comungar e lhe seja impossível chegar a um confessor (cf. CDC, 916; cf. CIC, 1457). 

Procurai o Senhor enquanto é possível encontrá-Lo, chamai por Ele, agora que está perto. Que o malvado abandone o mau caminho, que o perverso mude seus planos, cada um se volte para o Senhor, que vai ter compaixão; pois os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, e vossos caminhos não são os meus – oráculo do Senhor. (Is 55,6-8). 

“Lâmpada para meus passos é tua palavra e luz no meu caminho” (Sl 118,105). 

O pecado venial (pecado ou falta leve), mesmo não rompendo a comunhão com Deus, “enfraquece a caridade, traduz uma afeição desordenada pelos bens criados, impede o progresso da alma no exercício das virtudes e a prática do bem moral; merece penas temporais. O pecado venial deliberado e que fica sem arrependimento nos dispõe, pouco a pouco, a cometer o pecado mortal” (CIC, 1863). 

Por isso, a Igreja vivamente recomenda a confissão frequente desses pecados cotidianos (CDC 988). A confissão regular dos pecados veniais ajuda-nos a formar nossa consciência, a lutar contra nossas más inclinações, a deixar-nos curar por Cristo, a progredir na vida do Espírito. Recebendo mais frequentemente, por meio deste sacramento, o dom da misericórdia do Pai, somos levados a ser misericordiosos como Ele (cf. LG 40,42; CIC, 1458). 

“Mesmo se a Igreja não nos obriga à confissão frequente, a negligência em recorrer a ela é, pelo menos, uma imperfeição e pode tornar-se até um pecado, pois a confissão frequente é o único meio para o cristão evitar o pecado grave” 
(Sto. Afonso de Liguori, Teol. Mor., VI, 437).

11 de abril de 2014

EVANGELHO PARA DOMINGO (DOMINGO DE RAMOS)

ANO A - DIA 13/04
"Este era verdadeiramente Filho de Deus!” 
- Mt 26,14–27,66
[...]. Acima da cabeça de Jesus puseram o motivo da condenação: “Este é Jesus, o Rei dos Judeus”. Com ele também crucificaram dois ladrões, um à sua direita e outro, à esquerda. Os que passavam por ali o insultavam, balançando a cabeça e dizendo: “Tu que destróis o templo e o reconstróis em três dias, salva-te a ti mesmo! Se és o Filho de Deus, desce da cruz!” Do mesmo modo zombavam de Jesus os sumos sacerdotes, junto com os escribas e os anciãos, dizendo: “A outros salvou, a si mesmo não pode salvar! É Rei de Israel: desça agora da cruz, e acreditaremos nele. Confiou em Deus; que o livre agora, se é que o ama! Pois ele disse: ‘Eu sou Filho de Deus’”. Do mesmo modo, também o insultavam os dois ladrões que foram crucificados com ele. Desde o meio-dia, uma escuridão cobriu toda a terra até as três horas da tarde. Pelas três da tarde, Jesus deu um forte grito: “Eli, Eli, lamá sabactâni?”, que quer dizer: “Meu Deus, meu Deus, por que me abandonaste?” Alguns dos que ali estavam, ouvindo-o disseram: “Ele está chamando por Elias!” E logo um deles correndo, pegou uma esponja, ensopou-a com vinagre, colocou-a numa vara e lhe deu de beber. Outros, porém, disseram: “Deixa, vamos ver se Elias vem salvá-lo!” Então Jesus deu outra vez um forte grito e entregou o espírito. Nisso, o véu do Santuário rasgou-se de alto a baixo, em duas partes, a terra tremeu e as pedras se partiram. Os túmulos se abriram e muitos corpos dos santos falecidos ressuscitaram! Saindo dos túmulos, depois da ressurreição de Jesus, entraram na Cidade Santa e apareceram a muitas pessoas. O centurião e os que com ele montavam a guarda junto de Jesus, ao notarem o terremoto e tudo que havia acontecido, ficaram com muito medo e disseram: “Este era verdadeiramente Filho de Deus!” [...].

COMENTÁRIO SOBRE O EVANGELHO

Jesus é o servo obediente de Deus.

Com o domingo de Ramos e da paixão do Senhor tem início a Semana Santa. Com a primeira e a segunda leituras, a ideia inicial a se ter presente é que Jesus é o servo obediente de Deus; obediência que o Senhor aprendeu pelo sofrimento. Toda a vida de Jesus é movida pela escuta de Deus, escuta que o sustentou ao longo de toda a sua vida; escuta que fez com que ele não esmorecesse diante da traição, do sofrimento e da morte. A segunda consideração nos vem do relato da paixão: Jesus é traído por um dos seus, que partilhou com ele a vida e a fé. Mas não somente um o traiu; todos os seus discípulos também o fizeram, pois negar e abandonar é também trair. Não tiveram a coragem de permanecer com o Senhor que eles diziam amar. Noutro evangelho, Pedro, porta-voz do grupo dos discípulos, dirá que a palavras de Jesus continham a vida eterna, lhes fazia experimentar a força da vida de Deus (cf. Jo 6,67-68). Mas naquele momento de dor não conseguiram permanecer fiéis àquele que era a Palavra encarnada do Pai. É do interior do próprio grupo dos discípulos que se dá a traição. Que dor pode ser maior que a traição e o abandono? A espada mais cortante do que a que feriu a orelha do servo do centurião é a traição, pois essa atinge a confiança, o coração. Uma terceira consideração é que Jesus é o inocente condenado injustamente à morte. A inveja é o motivo da condenação e morte de Jesus. A inveja não é racional; como toda paixão que afeta o coração do ser humano, ela é irracional. Dominado pela inveja, o ser humano age perversamente buscando eliminar quem quer que seja. Pilatos, diz o evangelho, sabia da inocência de Jesus e do motivo sórdido pelo qual ele foi entregue, mas por razões políticas a sua decisão partilhou da injustiça dos que acusavam e entregaram Jesus à morte. Na paixão, Jesus permanece praticamente calado. O silêncio do Senhor denuncia a maldade daqueles que o condenam à morte. O silêncio de Jesus revela também a sua compreensão de que no desfecho dramático da sua existência terrena se realiza o desígnio de Deus. O silêncio é sinal de sua entrega nas mãos do Pai. Jesus sofre, se angustia, mas nem uma coisa nem outra o faz desistir de realizar a vontade de Deus. Ao contrário, do alto da cruz, ele faz a sua entrega definitiva: “Pai, em tuas mãos eu entrego o meu espírito”.
Carlos Alberto Contieri, sj
ORAÇÃO
Pai, ajuda-me a descobrir, na morte de Jesus, um testemunho consumado de sua liberdade, e de fidelidade a ti e ao teu Reino.

EVANGELHO COM LEITURA ORANTE PARA SÁBADO

ANO A - DIA 12/04

O plano de matar Jesus 
- Jo 11,45-56
Muitos judeus que tinham ido à casa de Maria e viram o que Jesus fizera, creram nele. Alguns, porém, foram contar aos fariseus o que Jesus tinha feito. Os sumos sacerdotes e os fariseus, então, reuniram o sinédrio e discutiam: “Que vamos fazer? Este homem faz muitos sinais. Se deixarmos que ele continue assim, todos vão acreditar nele; os romanos virão e destruirão o nosso Lugar Santo e a nossa nação”. [...] A partir desse dia, decidiram matar Jesus. [...].

LEITURA ORANTE

ORAÇÃO INICIAL
Preparo-me para a Leitura Orante, com todos os que navegam pela rede da internet, invocando o Espírito Santo:
Espírito de verdade,
a ti consagro a mente e meus pensamentos: 
ilumina-me.
Que eu conheça Jesus Mestre
e compreenda o seu Evangelho.
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, 
tem piedade de nós.

1- LEITURA (VERDADE)
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente o texto, na Bíblia: Jo 11,45-56, e observo pessoas, palavras, relações, lugares.
O Conselho Superior se sentia ameaçado por Jesus. Vejo isto nesta afirmação: "Esse homem está fazendo muitos milagres! Se deixarmos que ele continue fazendo essas coisas, todos vão crer nele. Aí as autoridades romanas agirão contra nós e destruirão o Templo e o nosso país." Era uma ameaça, segundo eles, também contra o Templo e o país. Consequências: planos para matar Jesus e Ele se retirou e era procurado.

2- MEDITAÇÃO (CAMINHO)
O que o texto diz para mim, hoje?
Olhando para Jesus, entendo que sempre que sou coerente, fiel, posso sofrer ameaças e até passar por julgamentos e condenações. Pergunto-me agora: como reajo? Como Jesus? Ou cedo às tentações? Prefiro deixar de lado o Projeto de Deus e me ajustar ao que interessa a outros? Os bispos, em Aparecida, falaram de “uma missão para comunicar vida” como fez Jesus: "A vida se acrescenta dando-a e se enfraquece no isolamento e na comodidade. De fato, os que mais desfrutam da vida são os que deixam da margem a segurança e se apaixonam na missão de comunicar vida aos demais. O Evangelho nos ajuda a descobrir que um cuidado enfermiço da própria vida depõe contra a qualidade humana e cristã dessa mesma vida. Vive-se muito melhor quando temos liberdade interior para doá-la "Quem aprecia sua vida terrena, a perderá" (Jo 12,25). Aqui descobrimos outra profunda lei da realidade: "que a vida se alcança e amadurece à medida que é entregue para dar vida aos outros. Isso é, definitivamente, a missão." (DAp 360).

3- ORAÇÃO (VIDA)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Oração da Campanha da Fraternidade de 2014 
Ó Deus, sempre ouvis o clamor do vosso povo
e vos compadeceis dos oprimidos e escravizados.
Fazei que experimentem a libertação da cruz 
e a ressurreição de Jesus.
Nós vos pedimos pelos que sofrem
o flagelo do tráfico humano.
Convertei-nos pela força do vosso Espírito,
e tornai-nos sensíveis às dores destes nossos irmãos.
Comprometidos na superação deste mal, 
vivamos como vossos filhos e filhas,
na liberdade e na paz.
Por Cristo nosso Senhor.
Amém!

4- CONTEMPLAÇÃO (VIDA E MISSÃO)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Meu novo olhar é de atenção àquilo que pode ser uma manipulação da minha coerência de vida com o Evangelho. Minha opção é por Jesus Cristo. 

BÊNÇÃO
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém. 
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém. 
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém. 
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém. 
Ir. Patrícia Silva, fsp

O SEGREDO DA PACIÊNCIA


“Vale mais ter paciência do que ser valente; é melhor saber se controlar do que conquistar cidades inteiras.” (Provérbios 16,32).

Um dos sentimentos mais perturbadores da atualidade tem nome: impaciência! A falta de paciência tem feito com que muitas pessoas se desesperem quando entram em contato com essa realidade na vida. Muitos conflitos, raivas e mágoas têm ganhado vida devido à impaciência. Mas o que desencadeia esse sentimento? Como podemos exercitar a parcimônia em nossa vida? Como controlar a falta dessa virtude? Quais os segredos para ser paciente? 

Paciência é uma virtude. Poderíamos defini-la como a capacidade de autocontrole diante de inúmeras realidades que ultrapassam os nossos limites emocionais, sociais e espirituais. 

A falta de paciência nasce na vida em função de inúmeros fatores. Fato é que a paciência faz parte do nosso processo humano. Há dias em que acordamos sem essa virtude. As dificuldades começam a se agravar quando a impaciência começa a ocupar grande parcela de nossos pensamentos e, como consequência disso, desestrutura nossa relação com o próximo, com nós mesmos e também com Deus. 

Quando o nível de impaciência adquire espaços indevidos em nossa vida, entramos em um campo complexo que necessita de reflexão e, que, na maioria das vezes, exige mudança de atitudes em relação ao que nos rouba a paz interior. Muitos dizem que não têm paciência, mas quando são questionados sobre o que lhes tira a paciência não sabem responder; e quando esta resposta não é clara, temos um quadro bastante complexo, que precisa ser analisado tanto na área humana quanto na espiritual. Geralmente, quando não sabemos de onde ele surge, é porque estamos diante de uma realidade que não conhecemos ou, por medo, não queiramos entrar em contato com ela. O medo das próprias sombras nos impede de alcançar a luz que ilumina as nossas mais profundas realidades sombrias. 

Nem sempre é fácil aceitar o diferente. E esta é uma das realidades que mais roubam a paz de muitas pessoas. Na maioria das vezes, desejamos que o outro seja como nós, pense, sinta e veja o mundo a partir dos nossos olhos. As relações interpessoais estão marcadas pela falta de paciência com o diferente. Muitos casais, após um tempo de namoro ou de casamento, acabam descobrindo que o namorado ou marido, a esposa ou a namorada, é uma pessoa diferente daquilo que imaginavam. Quando isso acontece, surgem os conflitos internos que desencadeiam, muitas vezes, sérios desentendimentos conjugais e de relacionamento. 

Muitos processos de namoro idealizam o outro como o protótipo da perfeição. Imaginam que estão diante de um ser humano perfeito. Quando este mito da perfeição começa a ser desconstruído, surge a decepção, a tristeza e a desilusão. Nem sempre é fácil aceitar que, durante muito tempo, se conviveu com alguém que não era tão perfeito como antes se havia imaginado. Geralmente, quando isso acontece, muitos casais se defrontam com uma verdade com a qual até o momento não haviam tido contato. Superar a ilusão que foi criada e aceitar que o outro não é tão perfeito como se havia imaginado é um processo, muitas vezes, doloroso, que só é superado com muita compreensão e paciência.Essa falta de paciência se reflete também em muitas famílias. Pais se desentendem com os filhos quando entram em contato com a realidade familiar e descobrem que estes não estão correspondendo ao que um dia lhes fora ensinado. Este fato tem causado muitos desajustes em inúmeras famílias. Durante a infância, os genitores os educaram com a melhor das intenções e procuravam levá-los à igreja; acreditavam sinceramente que estes iriam seguir os passos que, um dia, lhes fora ensinado. Mas a adolescência chega e os filhos já não querem ir mais à Santa Missa, não obedecem tanto quanto antes obedeciam. Muitos se tornam rebeldes. Como enfrentar esta situação de desajuste nas relações familiares?

O princípio da paciência é fundamental. Nem sempre é fácil para os pais aceitarem que seus filhos, muitas vezes, não vão seguir tudo aquilo que eles ensinaram. Muitos genitores, quando se defrontam com esta realidade, entram em crise e tentam pela força obrigá-los a fazer o que lhes fora ensinado um dia. A experiência mostra que forçar o outro a fazer aquilo que desejamos provoca muitas confusões e desajustes no lar. Na maioria das vezes, a rebeldia dos filhos em não querer ir à igreja é uma maneira camuflada de enfrentarem e dizerem aos pais: “Agora quem manda na minha vida sou eu!”. A oração é fundamental para quem enfrenta situações desse tipo. 

No diálogo com Deus, encontramos sabedoria para enfrentar situações complicadas e de difícil solução. Contudo, é preciso que os pais procurem conhecer os filhos e o momento que eles estão vivendo. O diálogo em família é fundamental. Mas sempre vale lembrar que a abertura para os filhos começa desde a infância destes. O que não foi construído no tempo dificilmente será construído na pressa. Quem nunca conseguiu se aproximar dos filhos quando estes eram pequenos, dificilmente vai conseguir fazê-lo na adolescência destes.

Se a relação de impaciência dos pais com os filhos pode ser conflitiva, o mesmo acontece em relação aos filhos com os pais. Nem sempre estes conseguem compreender as “cobranças” dos genitores. Interessante notar que muitos adolescentes querem que seus pais compreendam o mundo no qual estão vivendo atualmente. Essa tentativa nem sempre é frutífera, pois os pais viveram em épocas diferentes das quais os adolescentes e jovens vivem hoje. Tiveram uma educação diferente, de acordo com a época na qual viviam. Os filhos, portanto, precisam desenvolver um olhar compreensivo em relação aos pais. Tudo isso faz parte da bagagem humana e espiritual destes [pais]. Sempre será preciso que haja compreensão e paciência de ambas as partes para que o respeito e o diálogo possam ser exercidos. O olhar de compreensão é fundamental nas relações familiares. Quando este olhar é descuidado, a paciência cede lugar aos conflitos e desentendimentos.

Muitos funcionários vivem à beira de um ataque de nervos na empresa em que trabalham. Diante de uma variedade enorme de diferentes formas de pensar, por vezes a falta de paciência acaba lhes roubando a paz do ambiente profissional. Nas relações empresariais, a impaciência pode ser um dos sentimentos que predominam em quase todos aqueles que convivem diariamente e dividem o mesmo espaço durante todo um ano. O jeito de ser do outro pode causar sérias irritações em todos ou em alguém especificamente. Geralmente, todos desejam que todos sejam iguais. Quando esta postura é adotada pelos funcionários, as divergências começam a surgir. O patrão gostaria que o secretário fosse tão ágil no pensamento como ele o é. O secretário acredita que o contador deveria ser tão simpático quanto ele o é. O contador, por sua vez, pensa que a cozinheira deveria ser tão organizada como ele o é. Na maioria das vezes, sempre exigimos que o outro seja como somos. Quando essa realidade se apresenta, estamos diante de um sério conflito de impaciência nas relações interpessoais que atingem diversos funcionários.

A impaciência nas empresas surge, muitas vezes, de conflitos pessoais mal resolvidos. Muitos projetam suas sombras em outras pessoas. E quando isso acontece, o que eles veem de negativo no outro são suas próprias realidades negativas que não foram trabalhadas. Outros passam a vida distribuindo suas sombras interiores para seus colegas de trabalho. Outros ainda nunca tiram férias, pois se ficarem um tempo maior sem suas sombras projetadas, entrarão em desespero, pois terão de enfrentar seu lado sombrio. Sempre será mais fácil projetar no outro aquilo que não temos coragem de enfrentar em nós.

Outros, ao longo da vida, desejam que todos caminhem no seu ritmo espiritual. A vida é como um jardim com muitas flores. Algumas estão nascendo, outras começaram a crescer, algumas estão com botões, outras já estão florindo. A impaciência no campo espiritual faz com que pensemos que todos estão no mesmo processo que o nosso. E a realidade mostra que não é bem assim. Cada pessoa está em uma etapa no processo de amadurecimento espiritual. Alguns estão bem adiantados na caminhada, outros estão engatinhando, outros ainda estão descobrindo o que é a fé. Cada pessoa exige um ritmo próprio de caminhar. Saber respeitar o tempo de cada um é sabedoria que nasce de um profundo relacionamento com Deus e com o próximo. Corremos o risco de exigir que o outro pule etapas em seu processo de amadurecimento espiritual. Quando isso acontece muitos se sentem sufocados, pois não lhes foi permitido percorrer o processo necessário de amadurecimento na fé com paciência. Imagine o que seria da primavera se o outono não cumprisse seu tempo? A primavera é um processo de estações. O amadurecimento espiritual é um processo de paciência que nasce de um olhar de respeito diante do tempo de cada ser humano.

Inúmeras comunidades vivem em profundas crises pela impaciência entre seus membros. O diferente sempre é motivo de questionamentos e incompreensões. Diante daquele que pensa de maneira diferente, muitos acabam se colocando na defensiva. Talvez, a paciência necessária nas relações comunitárias poderia fazer com que todos aprendessem com quem pensa diferente da maioria. O outro nunca deve ser visto como opositor. Quando o jeito de ser do outro nos questiona e nos retira de nossas seguranças é chegado o momento de refletir e descobrir novos caminhos para criar relações de paz. Não será excluindo quem pensa diferente da maioria que chegaremos a algum lugar. A diferença do outro é motivo para crescer sempre em comunidade de fé. Os discípulos de Cristo não eram iguais entre si. Cada um tinha um estilo de ser. E foram essas diferenças que deram origem às primeiras comunidades cristãs. Jesus sabia que, com a paciência, seria possível compreender a cada um sem excluir ninguém do Seu plano de amor.

O excesso de impaciência na vida pode ser fruto da falta de paciência consigo mesmo. Muitas pessoas não conseguem ter paciência com elas mesmas. Muitas vivem reféns do passado. Algemaram em seu coração situações tristes: raiva, mágoas, falta de perdão. Hoje, não conseguem ter uma vida de paz. Não se reconciliaram com o que passou e dão vida, no presente, ao que nunca mais voltará. Quem faz esse processo, muitas vezes doentio, perde a oportunidade de reescrever seu presente com tonalidades de esperança. Ter consciência dos processos que aprisionam o presente ao passado pode ser fonte libertadora para dar início a uma nova vida. Reconciliar-se com as próprias sombras é apenas o início de uma caminhada que não tem data marcada para terminar. 

Diante de todos aqueles que estavam aprisionados pelos sofrimentos passados, Jesus não condenou, apenas olhou com esperança diante das páginas da vida que cada um deveria escrever. O olhar de possibilidades de Cristo devolveu a cada um a paciência necessária para recomeçar uma nova história.

Em um tempo no qual poucos tinham paciência com o pecador, Jesus iluminou com um olhar de acolhida o coração de todos aqueles que faziam da impaciência uma lei para julgar quem era diferente. Enquanto muitos paravam nos erros, Cristo caminhava pela história de cada pessoa e adentrava no coração de cada uma. O olhar de Cristo Ressuscitado nos ensina o caminho para a prática da paciência no cotidiano da vida. Ver além das aparências, acolhendo a quem pensa diferente, é um caminho para descobrirmos os segredos da serenidade.

O cultivo da paciência é um exercício diário. Muitas vezes, esse processo em nós é lento, mas nem por isso devemos desanimar. Deus é extremamente paciente com as nossas limitações, com nossos erros, egoísmos e nossas mentiras. Será cultivando a paciência no jardim de nossa alma que colheremos flores de bondade e tolerância. A paciência somente será construída no meio de nós quando Jesus for nosso modelo de amor para com todos. 

“Vale mais ter paciência do que ser valente; é melhor saber se controlar do que conquistar cidades inteiras” (Provérbios 16,32).

Um dos sentimentos mais perturbadores da atualidade tem nome: impaciência! A falta de paciência tem feito com que muitas pessoas se desesperem quando entram em contato com está realidade na vida. Muitos conflitos, raivas e mágoas tem ganhado vida a partir da impaciência. Mas o que desencadeia a impaciência? Como podemos exercitar a paciência em nossa vida? Como controlar a falta de paciência? Quais os segredos da paciência?

Paciência é uma virtude. Poderíamos defini-la como a capacidade de autocontrole diante de inúmeras realidades que ultrapassam os nossos limites emocionais, sociais e espiritualidade.

A falta de paciência nasce na vida a partir de inúmeros fatores. Fato é que a paciência faz parte do nosso processo humano. Há dias em que acordamos sem paciência. As dificuldades começam a se agravar quando a impaciência começa a ocupar grande parcela de nossos pensamentos e como consequência disto desestrutura nossa relação com o próximo, conosco mesmo e também com Deus.

Quando o nível de impaciência adquire espaços indevidos em nossa vida, entramos em um campo complexo que necessita de reflexão e que na maioria das vezes exige mudança de atitudes em relação ao que nos rouba a paz interior. Muitos dizem que não tem paciência, mas quando são questionados acerca do que lhes tira a paciência não sabem responder. Quando está resposta não é clara temos um quadro bastante complexo e que precisa ser analisado tanto na área humana quanto na espiritual. Geralmente quando definimos um sentimento que nos incomoda e não sabemos de onde ele surge, estamos diante de uma realidade que não conhecemos, ou talvez por medo não queiramos entrar em contato. O medo das próprias sombras nos impede de alcançar a luz que ilumina as nossas mais profundas realidades sombrias.

Nem sempre é fácil aceitar o diferente. E está é uma das realidades que mais roubam a paz de muitas pessoas. Na maioria das vezes desejamos que o outro seja como nós, pense, sinta e veja o mundo a partir dos nossos olhares. As relações interpessoais estão marcadas pela falta de paciência com o diferente. Muitos casais após um tempo de namoro ou de casamento acabam descobrindo que o marido, ou a esposa, é uma pessoa diferente daquilo que imaginavam. Quando isto acontece surgem os conflitos internos que desencadeiam muitas vezes em sérios desentendimentos conjugais.

Muitos processos de namoro idealizam o outro como o protótipo da perfeição. Imaginam que estão diante de um ser humano perfeito. Quando este mito da perfeição começa a ser desconstruído surge a decepção, a tristeza e a desilusão. Nem sempre é fácil aceitar que durante muito tempo se conviveu com alguém que não era tão perfeito como antes se havia imaginado. Geralmente quando isso acontece muitos casais se defrontam com uma verdade que até o momento não haviam tido contato. Superar a ilusão que foi criada e aceitar que o outro não é tão perfeito como se havia imaginado é um processo muitas vezes dolorido e que só é superado com muita compreensão e paciência.

Esta falta de paciência se reflete também em muitas famílias. Pais se desentendem com seus filhos quando entram em contato com a realidade familiar e descobrem que seus filhos não estão correspondendo ao que um dia lhes foi ensinado. Este fato tem causado muitos desajustes em inúmeras famílias. Durante a infância, os pais educaram os filhos com a melhor das intenções e procuravam leva-los para a Igreja; e acreditavam sinceramente que seus filhos iriam seguir os passos que um dia lhes fora ensinado. Mas adolescência chega e os filhos já não querem ir mais para a Missa, não obedecem tanto quanto antes obedeciam. Muitos se tornam rebeldes. Como enfrentar esta situação de desajuste nas relações familiares? O princípio da paciência é fundamental. Nem sempre é fácil para os pais aceitarem que seus filhos muitas vezes não irão seguir tudo aquilo que eles ensinaram. Muitos pais quando se defrontam com esta realidade entram em crise, e tentam pela força obrigarem os filhos a fazerem o que lhes foi ensinado um dia. A experiência mostra que forçar o outro a fazer aquilo que desejamos provoca muitas confusões e desajustes no lar. Na maioria das vezes a rebeldia dos filhos em não querer ir a Igreja é uma maneira camuflada de enfrentarem e dizerem aos pais: “Agora quem manda na minha vida sou eu!” A oração é fundamental para quem enfrenta situações neste nível. No diálogo com Deus encontra-se sabedoria para enfrentar situações complicadas e de difícil solução. Contudo, é preciso que os pais procurem conhecer seus filhos e o momento que eles estão vivendo. O diálogo em família é fundamental. Mas sempre vale lembrar que a abertura para os filhos começa desde a infância. O que não foi construído no tempo dificilmente será construído na pressa. Quem nunca conseguiu se aproximar dos seus filhos quando pequenos dificilmente irá conseguir na adolescência.

Se a relação de impaciência dos pais com os filhos pode ser conflitiva, o mesmo acontece em relação aos filhos com os pais. Nem sempre os filhos conseguem compreender as “cobranças” dos pais. Interessante notar que muitos adolescentes querem que seus pais compreendam o mundo no qual estão vivendo atualmente. Está tentativa nem sempre é frutífera, pois os pais viveram em épocas diferentes das quais os adolescentes e jovens vivem hoje. Tiveram uma educação diferenciada, de acordo com a época na qual viviam. Os filhos, portanto, precisam desenvolver este olhar compreensivo em relação a seus pais. Tudo isto faz parte da bagagem humana e espiritual dos pais. Sempre será preciso que haja compreensão e paciência de ambas as partes para que o respeito e o diálogo possam ser exercidos. O olhar de compreensão é fundamental nas relações familiares. Quando este olhar é descuidado a paciência cede lugar aos conflitos e desentendimentos.

Muitos funcionários vivem a beira de um ataque de nervos na empresa em que trabalham. Diante de uma variedade enorme de diferentes formas de pensar, por vezes a falta de paciência acaba roubando a paz do ambiente de trabalho. Nas relações empresariais a falta de paciência pode ser um dos sentimentos que predominam em quase todos aqueles que convivem diariamente e dividem o mesmo espaço durante todo um ano. O jeito de ser do outro pode causar serias irritações em todos ou em alguém especificamente. Geralmente todos desejam que todos sejam iguais. Quando esta postura é adotada pelos funcionários as divergências começam a surgir. O patrão gostaria que o secretario fosse tão ágil no pensamento como ele é. O secretário acredita que o contador deveria ser tão simpático quanto ele é. O contador pensa que a cozinheira deveria ser tão organizada quanto ele é... Na maioria das vezes sempre se exige que o outro seja como somos. Quando esta realidade se apresenta estamos diante de um sério conflito de impaciência nas relações interpessoais que atingem diversos funcionários.

A impaciência nas empresas surge muitas vezes de conflitos pessoais mal resolvidos. Muitos projetam suas sombras em outras pessoas. E quando isto acontece o que eles veem de negativo no outro são suas próprias realidades negativas que não foram trabalhadas. Outros passam a vida distribuindo suas sombras interiores para seus colegas de trabalho. Outros ainda nunca tiram férias, pois se ficarem um tempo maior sem suas sombras projetadas, entrarão em desespero, pois terão que enfrentar seu lado sombrio. Sempre será mais fácil projetar no outro aquilo que não se tem coragem de enfrentar.

Outros ao longo da vida desejam que todos caminhem no seu ritmo espiritual. A vida é como um jardim com muitas flores. Algumas estão nascendo, outras começaram a crescer, outras estão com botões, outras já estão florindo. A impaciência no campo espiritual faz com que pensemos que todos estão no mesmo processo que o nosso. E a realidade mostra que não é bem assim. Cada pessoa está em uma etapa no processo de amadurecimento espiritual. Alguns estão bem adiantados na caminhada, outros estão engatinhando, outros ainda estão descobrindo o que é a fé. Cada pessoa exige um ritmo próprio de caminhar. Saber respeitar o tempo de cada um é sabedoria que nasce de um profundo relacionamento com Deus e com o próximo. Corremos o risco de exigir que o outro pule etapas em seu processo de amadurecimento espiritual. Quando isto acontece muitos se sentem sufocados, pois não lhes foi permitido que percorressem o processo necessário de amadurecimento na fé com paciência. Imagine o que seria da primavera se o outono não cumprisse seu tempo? A primavera é um processo de estações. O amadurecimento espiritual é um processo de paciência que nasce de um olhar de respeito diante do tempo de cada ser humano.

Inúmeras comunidades vivem em profundas crises pela impaciência entre seus membros. O diferente sempre é motivo de questionamentos e incompreensões. Diante daquele que pensa de maneira diferente muitos acabam se colocando na defensiva. Talvez, a paciência necessária nas relações comunitárias poderia fazer com que todos aprendessem com quem pensa diferente da maioria. O outro nunca deve ser visto como opositor. Quando o jeito de ser do outro nos questiona e nos retira de nossas seguranças é chegado o momento de refletir e descobrir novos caminhos para criar relações de paz. Não será excluindo quem pensa diferente da maioria que chegaremos a algum lugar. A diferença do outro é motivo para crescer sempre em comunidade de fé. Os discípulos de Cristo não eram iguais entre si. Cada um tinha um estilo de ser. E foram estas diferenças que deram origem as primeiras comunidades cristãs. Jesus sabia que com a paciência seria possível compreender a cada sem excluir ninguém do seu plano de amor.

O excesso de impaciência na vida pode ser fruto da falta de paciência consigo mesmo. Muitas pessoas não conseguem ter paciência com elas mesmas. Muitos vivem reféns do passado. Algemaram em seu coração situações tristes: raiva, mágoas, falta de perdão... Hoje não conseguem ter uma vida de paz. Não se reconciliaram com o que passou e dão vida no presente ao que nunca mais voltará. Quem faz este processo, muitas vezes doentio, perde a oportunidade de reescrever seu presente com tonalidades de esperança. Ter consciência dos processos que aprisionam o presente ao passado pode ser fonte libertadora para dar inicio a uma nova vida. Reconciliar-se com as próprias sombras é apenas o inicio de uma caminhada que não tem data marcada para terminar. Diante de todos aqueles que estavam aprisionados pelos sofrimentos passados, Jesus não condenou, apenas olhou com esperança diante das páginas da vida que cada um deveria escrever. O olhar de possibilidades de Cristo devolveu a cada um a paciência necessária para recomeçar uma nova história.

Em um tempo onde poucos tinham paciência com o pecador, Jesus iluminou com um olhar de acolhida o coração de todos aqueles que faziam da impaciência uma lei para julgar quem era diferente. Enquanto muitos paravam nos erros, Jesus caminhava pela história de cada pessoa e adentrava no coração de cada um. O olhar de Cristo nos ensina hoje o caminho para a prática da paciência no cotidiano da vida. Ver além das aparências, acolher quem pensa diferente é um caminho para descobrirmos os segredos da paciência.

O cultivo da paciência é um exercício diário. Muitas vezes o processo da paciência em nós é lento. Mas nem por isso devemos desanimar. Deus é extremamente paciente com as nossas limitações, erros, egoísmos, mentiras... Será cultivando a paciência no jardim de nossa alma que iremos colher flores de bondade e tolerância. A paciência somente será construída no meio de nós, quando Jesus for nosso modelo de amor para com todos.
Pe. Flávio Sobreiro



























Padre Flávio Sobreiro