A Palavra de Deus

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DOPAS

DOAÇÃO, ORAÇÃO, POBREZA, ALEGRIA E SIMPLICIDADE

30 de maio de 2016

Crianças superprotegidas tornam-se adultos inseguros

Crianças superprotegidas tornam-se adultos inseguros

Foto: Rogéria Nair/cancaonova.com





É natural os pais quererem superproteger os filhos, porém não é saudável para a vida pessoal

O instinto dos pais de garantir a sobrevivência dos filhos não é privilégio apenas dos humanos porque também os animais fazem isso. Mas, ao contrário dos homens de hoje, eles preparam os filhotes para lidar melhor com isso. Além da preocupação parenteral, na sociedade moderna existe a preocupação legal em proteger os menores, acrescido da falta de segurança física e emocional que o mundo hoje oferece.

Educar e treinar os filhos para a vida nunca foi uma tarefa fácil para os pais que se preocupam com isso. No mundo em que vivemos isto se torna ainda mais difícil. É natural, portanto, que os pais queiram superproteger os filhos, porém não é saudável para a vida pessoal, profissional e matrimonial futura deles.

As meninas são mais protegidas para o mundo externo, mas são desenvolvidas para desempenharem papel de companheira e mãe, por outro lado, os meninos são mais preparados para o mundo externo para garantir o sustento material, mas pouco desenvolvidos para lidar com as situações internas do lar.

Até onde vai a preocupação natural

Um questionamento que surge para os pais é até onde vai a preocupação natural e saudável e onde começa a preocupação excessiva que pode ser maléfica. Ou seja, cuidado, atenção e carinho são necessários, mas a superproteção pode afetar na infância criando crianças apáticas entediadas e adultos inseguros, desfocados e frustrados.

O que fazer?

Existe algo imprescindível que precisa ser feito para se ter filhos com possibilidades de ser feliz. Primeiro proporcione a ele condições com responsabilidades e limites na educação, de acordo com cada etapa de sua vida.
Entretanto, a cultura atual tem dificultado isso porque o acesso aos bens de costumes tem produzido crianças acostumadas com mimos, poucos limites e baixas exigências de desempenho. Isto tudo acrescido da culpa de trabalharem muito e da insegurança paterna de não serem amados ou aceitos. Todo este contexto contribui para as crianças serem educadas tendo seus desejos atendidos como um passe de mágica.

Quais são as consequências

Filhos que começam e não terminam estudos, adolescentes que busca nas drogas mais prazeres. Entre outras consequências, maridos e esposas que não aguentam as dificuldades de um casamento. Adultos inseguros devido à baixa autoconfiança, passivos esperando que as pessoas venham cuidar de suas necessidades e quando isso não acontece ficam irritados e frustrados.

Portanto, geramos filhos com dificuldades psicossociais na vida sentimental e social e também no relacionamento sexual, além de eternos dependentes de alguém que cuidem material e emocionalmente deles. Precisamos deixar os filhos frequentarem a academia do crescimento pessoal para que possam desenvolver a segurança em si mesmos determinação, resistência, frustração e foco. Quando adquiridos no decorrer da vida, torna-se é mais fácil e menos dolorido porque acompanha o amadurecimento das pessoas.

Quando a culpa é dos pais?

Às vezes é necessário um tratamento dos pais superprotetores, pois o excesso de proteção pode ter como raiz a própria insegurança e ansiedade porque podem estar repetindo nos filhos suas próprias neuroses.

Onde encontrar ajuda

A escola também pode ajudar muito, pois este espaço proporciona à criança desenvolver sua autonomia, autoconfiança e capacidade de decisão. As atividades extracurriculares também ajudam, desde que não sejam em excesso a ponto de as crianças não terem tempo livre para brincar sozinha e livre.

É reconhecido que muitos dos medos dos pais são reais, mas precisam trabalhar este sentimento e proteger os filhos permitindo que tenham suas próprias experiências e construam paramentos de sobrevivência às situações que a vida apresenta.
Ângela Abdo - é coordenadora do grupo de mães que oram pelos filhos da Paróquia São Camilo de Léllis (ES) e assessora no Estudo das Diretrizes para a RCC Nacional. 


O amor é construído entre dores e alegrias

O amor é construído entre dores e alegrias

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com




“O amor só é lindo quando encontramos alguém que nos transforma no melhor que podemos ser” (Mário Quintana)

O namoro é o momento do encontro de duas histórias; e todo encontro é sempre delicado. Não se começa a namorar sem uma história familiar, humana, afetiva, social, intelectual, espiritual… Quando homem e mulher se encontram, encontra-se também todo um histórico construído ao longo de muitas estações da vida. Por isso, o namoro precisa de tempo para que o conhecimento da história de cada um seja verdadeiro e profundo.

Namorar não é queimar etapas de um processo. No tempo de namoro, é preciso ter a coragem de não esconder a história um do outro. Quem esconde sua origem esconde-se de si mesmo. É preciso coragem para deixar-se conhecer e ser conhecido. Onde o medo domina o amor se esconde.

Nessas duas histórias que se encontram, há todo um passado que precisa ser partilhado e compreendido. O casal que não compreende o passado um do outro, vai usá-lo,diante das primeiras dificuldades, como argumento para ataques. Amar é também a arte da compreensão. Não há necessidade de concordar com possíveis erros acontecidos no passado de quem está se conhecendo agora, mas é necessária a misericórdia que abraça as fragilidades do outro e lhe dá a oportunidade de recomeçar.

Muitos começam o namoro apaixonados pela perfeição que enxergam naquele que dizem amar. Com o tempo, a perfeição vai dando lugar à realidade. Amor não é paixão, mas sim um estágio muito superior, que é construído entre dores e alegrias. Não existem pessoas perfeitas, mas seres humanos que desejam juntos construir uma história de felicidade apesar de suas limitações, pecados e fragilidades. Somente o casal que se descobre imperfeito poderá buscar a santificação no amor partilhado.

Não há como exigir que o outro ame 100%. Será no processo de conhecimento que ambos vão descobrir quanto cada um aprendeu a amar. Alguns aprenderam a amar 30%, porque a sua história de vida lhe proporcionou somente essa porcentagem. Outros vão amar 50%, e outros ainda apenas 10%. Como encarar e enfrentar essa realidade? Nem sempre será fácil. Exigirá paciência, compreensão, oração e muito amor para ser partilhado. Há disponibilidade interior para aceitar o que o outro pode lhe oferecer de amor no momento? Há misericórdia suficiente para acolher os 30% de amor que o outro pode oferecer? Há paciência para esperar que o amor cresça naquele coração que ainda está em fase de construção?

Há muitos casais de namorados perdidos em seus próprios relacionamentos, pois, quando estavam apaixonados, enxergavam que o outro o amava 100%, mas com o passar do tempo descobriram que só eram amados 20%. Amor é construção diária, é um superar as dificuldades tendo como objetivo a felicidade que abraça com misericórdia duas histórias que decidiram construir uma nova história em comum.

A paixão começa a mostrar os seus limites quando o amor começa a ser mais forte que a perfeição antes vislumbrada. Somente com o amor será possível construir uma vida a dois.
Padre Flávio Sobreiro - Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP e Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG), padre Flávio Sobreiro é vigário paroquial da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, 

Como vencer a desvalorização da família

Como vencer a desvalorização da família

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com





O pior problema das famílias desestruturadas não é de ordem financeira, mas moral

Mais do que nunca, a família é atingida, como disse o Papa João Paulo II, por muitas causas: praga do divórcio, “uniões livres”, aborto, controle irregular da natalidade, “amor livre”, “sexo seguro”, “produção independente”, inseminação artificial, “casamentos” de homossexuais, preservativos, eutanásia, úteros de aluguel, pornografia, ideologia de gêneros, adultérios, feminismos excêntricos, novelas imorais, brigas, bebidas etc.

Toda essa desordem moral desaba sobre a família e seus amargos frutos caem sobre a própria sociedade, especialmente sobre as crianças. Irmã Lúcia, vidente de Fátima, disse a um cardeal que a batalha final de satanás contra a Igreja será pela “destruição do matrimônio e da família”; e hoje isso é notório, pois aí está a base do plano de Deus. João Paulo II disse, certa vez, que o mal sabe que não pode vencer Deus; então, procura destruir sua obra: a família. Ele disse também que o futuro da Igreja e da sociedade passa pela família. A própria ONU está aliada com a proposta de “desconstrução da família”, como se viu na Conferência da China, sobre a mulher, em 1995, e na Conferência do Cairo sobre a demografia em 1996.

Hoje, a Igreja vê a família extremamente ameaçada. Na Carta às Famílias, escrita por ocasião do Ano da Família, em 1994, o Papa João Paulo II faz seríssimos alertas sobre as ameaças que hoje a família sofre. Ele disse: “Nos nossos dias, infelizmente, vários programas sustentados por meios muito poderosos parecem apostados na desagregação da família” (CF 5).

Mais à frente, o Papa continua a denunciar as ameaças à família: “No contexto da civilização do desfrutamento, a mulher pode tornar-se para o homem um objeto, o filho um obstáculo para os pais, a família uma instituição embaraçante para a liberdade dos membros que a compõem. Para convencer-se disso, basta examinar certos programas de educação sexual introduzidos nas escolas, as tendências pró-abortivas que em vão procuram esconder-se atrás do chamado “direito de escolha” (pro choice) por parte de ambos os cônjuges e, particularmente, por parte da mulher” (CF,13).

Nessa mesma linha, sem meias palavras, o Papa denunciou os perigos que hoje rondam a família: “O chamado ‘sexo seguro’, propagandeado pela civilização técnica, na realidade, é, sob o perfil das exigências globais da pessoa, ‘radicalmente não seguro’. E mais, é gravemente perigoso”. Por causa disso, o Papa disse no Brasil, em 1997, que há entre nós milhares de crianças “órfãs de pais vivos” (CF, 14). Que tristeza!

Mostrando que a mentalidade consumista e antenatalista é uma ameaça à família, o Papa diz:
“Quando um tal conceito de liberdade encontra aceitação na sociedade, aliando-se facilmente com as mais variadas formas de fraqueza humana, rapidamente se revela como uma sistemática e permanente ameaça à família” (CF,14).

O pior problema, hoje, das famílias desestruturadas, não é de ordem financeira, mas moral. Quando os pais têm caráter, fé, ou como o povo diz, “tem vergonha na cara”, por mais pobre que sejam, são capazes de impedir a destruição do seu lar. São inúmeros os casais pobres, mas que, com uma vida honesta, de trabalho e honradez, educaram muitos filhos e formaram bons cristãos e honestos cidadãos.

A miséria maior que destrói as famílias pobres e ricas é a miséria moral e a falta de religião. É esse resgate moral que precisamos realizar para recuperar a família segundo o coração de Deus. De tudo o que foi exposto até aqui, chegamos à conclusão de que a reforma da sociedade não poderá ser feita sem a reforma da família, segundo os planos do seu fundador. Somente ancorada na Lei eterna de Deus a família e a sociedade poderão ser felizes.

Em vista dessas ameaças contra a família, torna-se casa vez mais importante uma “educação no lar” que valorize a vida, a lei de Deus, a catequese, a oração em família e a solidariedade entre pais e filhos, entre esposo e esposa. Marido e mulher precisam ser fiéis um ao outro, e jamais se permitirem envolver com intimidades com outras pessoas, ameaçando a destruição da família com o adultério e o divórcio. A família cristã precisa, todos os dias, rezar o Terço de Nossa Senhora.

Os pais precisam dar boa formação moral e religiosa aos filhos, ensinando-lhes com clareza, desde pequenos, a evitar tudo que é imoral, tudo o que foi citado acima e ameaça a família. Aos poucos, uma mídia sem Deus, as novelas perversas, as revistas profanas, vão minando a fé e a moral católicas, e muitos começam achar que certos procedimentos irregulares são normais.

Cabe aos pais fiscalizar o que seus filhos estão aprendendo nas escolas, pois, de modo especial nas escolas públicas, têm sido colocado nas mãos das crianças cartilhas imorais e pornográficas. Hoje, a identidade e a formação das crianças são ameaçadas pela diabólica “ideologia de gênero”, que tenta se implantar por lei, visando a criança.

Os cristãos precisam, por outro lado, manifestar-se de maneira organizada e unida com a hierarquia da Igreja, contra tudo que seja proposta de lei que ameace a família, e rechaçar das escolas tudo que seja imoral na formação dos filhos. A grande maioria católica do nosso país não pode se tornar uma maioria silenciosa e omissa, dominada por uma minoria gritante e agitadora que quer implantar entre nós leis imorais e destruidoras da família.

Por tudo isso, é fundamental que em todas as paróquias haja uma boa pastoral familiar, que possa preparar os jovens para o casamento segundo os valores do Evangelho, em retiros para namorados, noivos e casais. Todos os casais cristãos são chamados, hoje, sem que ninguém fique de fora, a ajudar nessa ação evangelizadora em função da família. Urge que se crie um “mutirão familiar”. Caso contrário, vamos chorar mais tarde, quando virmos nossos filhos e netos vivendo valores que não são do Evangelho da salvação.
Felipe Aquino - Professor Felipe Aquino é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. 

O que é violência sexual?

O que é violência sexual?

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com






Entenda o que é violência sexual por meio do relato de uma vítima


A escuridão preenchia as ruas da cidade, tímidas luzes da iluminação pública dispersavam as sombras pelo caminho. As aulas da faculdade haviam acabado a pouco e o frio da noite oferecia um caminho pouco confortável no regresso ao lar. Subitamente, um carro, um rosto conhecido, uma oferta de alento, uma dádiva para amenizar o esforço noturno. Afinal, que perigo haveria num rosto familiar? A triste constatação foi que aquela situação era um grande engano, as perversas intenções obscuras sobre as palavras, até então acalentadoras, se mostrariam muito piores do que o frio daquela noite.

Daniela (nome fictício), mãe e universitária de 25 anos, foi vítima de um estupro provocado por três homens, dos quais um era seu amigo há 15 anos e vizinho há nove anos. No retorno da faculdade, que é próxima a sua cidade, ele ofereceu carona para a Daniela, que, por causa do frio e por ser ele um amigo, aceitou. Foi a pior carona da vida dela, pois eles a levaram até um terreno abandonado e ali a espancaram, abusaram sexualmente dela e, insatisfeitos, enfiaram um pedaço grande de madeira com farpas em sua vagina.

Após ser socorrida e levada ao hospital, Daniela precisou levar 132 pontos e passar por um processo doloroso de perícia e depoimentos. Hoje, ela luta para superar essa trauma. Confira o testemunho de Daniela.

Padre Anderson Marçal explica que é preciso ter fé e esperança depois de um abuso. “A pessoa abusada precisa saber que a vida dela não acabou ali; mais do que isso, se uma pessoa abusou dela, há alguém que a ama, e esse alguém é Deus. Então, ela precisa ter esse olhar de que a vida não acabou ali. É um caso sério? É um caso sério. É grave? É grave. Traz consequências profundas? Traz consequências profundas. Mas não é a última palavra ainda.”
Saiba o que é violência sexual e como buscar ajuda

Deparar-se com casos de violência sexual gera comoção. Um olhar externo e distante leva a questionamentos, porém, quando a vítima é um familiar ou até mesmo você, o ponto de vista e os conceitos mudam.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a “violência sexual é qualquer ato sexual, tentativa do ato não desejado ou atos para traficar a sexualidade de uma pessoa, fazendo uso de repressão, ameaça ou força física, praticados por qualquer pessoa independente de suas relações com a vítima e de qualquer cenário, não limitado ao lar ou trabalho”. Ou seja, é uma agressão focalizada na sexualidade da pessoa, mas que a atinge em todo o seu ser.

A violência sexual pode tomar várias formas, e apesar de existir a falsa percepção de que o agressor em potencial se restringe a pessoas distantes, na verdade o mais comum é que seja realizada por pessoas próximas. Segundo a central de atendimento 180, em 46,96% dos casos de violência sexual, o agressor é parceiro da vítima, sendo que 25,27% é praticada por cônjuges.

Ao perceber que está sofrendo abuso, é fundamental que a pessoa busque apoio especializado como delegacias, advogados e psicólogos. O apoio de familiares e amigos é essencial, pois, neste momento, é fundamental criar laços que gerem na pessoa agredida uma sensação de segurança, cuidado e acolhimento.
Fernanda Soares - é missionária da Canção Nova. Foi apresentadora do programa Revolução Jesus e Vitrine da TV Canção Nova. Jornalista. Hoje trabalha como produtora de conteúdo no setor de Internet da Canção Nova.

25 de maio de 2016

Será que sofro de transtorno de ansiedade?

Será que sofro de transtorno de ansiedade?

Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com






Transtorno de ansiedade generalizada: sintomas, causas e tratamentos

Antes de falar propriamente do Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG), gostaria de esclarecer que ele faz parte do grupo dos transtornos de ansiedade. Sendo comum em nosso meio e com maior predominância por ter junto dele outras doenças emocionais.

Normalmente, quem tem TAG não possui apenas esse transtorno, mas possivelmente traz junto de si algum outro, como pânico, agorafobia, fobia social ou específica. Mas é válido lembrar que não é uma regra! Dentro da ansiedade é comum a associação de transtornos associados a ela. Outro fator interessante é que se trata de uma doença comum a ambos os sexos, tendo uma predominância nas mulheres, sendo que, a cada duas mulheres, um homem apresenta o transtorno.

A pessoa que sofre desse transtorno fica boa parte de seu tempo preocupada com alguma coisa. Mas com o quê? Qualquer coisa! Tudo que está a sua volta gera ansiedade. Por exemplo: se uma pessoa manda uma mensagem dizendo que precisa falar urgentemente com ela, imediatamente a pessoa que tem TAG começa a pensar: O que será? Será que é grave? Será que fiz alguma coisa que a deixou chateada? Ela começa a entrar em um processo ansioso, sofrendo até mesmo reações corporais, pois experimenta a angústia de não conseguir responder as perguntas que são geradas em sua cabeça, as quais normalmente são negativas. É bem provável que essa pessoa apresente um pensamento catastrófico, pois acredita que o pior sempre vai acontecer, mesmo em situações que aparentemente são simples e corriqueiras.

O que ainda não existe passa a ser angustiante para quem tem TAG. A pessoa fica criando inúmeras situações de consequências negativas e sofre.
Sintomas

Sintomas comuns de quem tem TAG são: palpitações, dor ou pressão no peito, sensação de falta de ar, sensação de cabeça “vazia”, suor nas mãos, tremor, agitação, formigamento e tensão muscular. Tudo isso acontece, porque a pessoa não consegue pensar em outra coisa, a não ser na catástrofe que logo vai acontecer. Isso segundo sua cabeça, que pensa de forma disfuncional (contrário à realidade) nesse momento. Ou seja, errada!

Essas questões geram sofrimento para a pessoa, pois ela fica o tempo todo tentando se controlar. Existe um esforço para que as pessoas à sua volta não percebam que isso está acontecendo. Outras preocupações comuns são: “Há sempre perigo por perto!”, “Eu preciso estar sempre pronto para responder, e responder certo!”, “Não posso perder o controle”, “Preciso da resposta nesse momento, e tem que ser agora!”, “Não posso me deixar dominar por minhas emoções”, “Não consigo viver o momento presente. É difícil demais!”, “Eu preciso evitar coisas que me deixam ansioso.”

O interessante é que a sociedade deseja pessoas assim. Quem tem TAG é extremamente responsável, quer fazer tudo certo, da melhor maneira. A questão é que se torna tão exigente, que já não permite erros. E qualquer situação que, aparentemente, não dê certo, a ansiedade e o sofrimento psíquico se instalam.

Tratamento

O tratamento desse transtorno pode ser medicamentoso e psicoterápico. Lembrando que a terapia ajuda a pessoa a sair do sofrimento e dar uma resposta diferente àquela que tem dado. O medicamento é bom e importante, mas por um tempo; não se pode depender dele eternamente, por isso a ajuda psicológica é fundamental.
Aline Rodrigues - Aline é missionária do segundo elo da Comunidade Canção Nova.

Os benefícios da Eucaristia para a vida interior

Os benefícios da Eucaristia para a vida interior

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com








Três benefícios da Eucaristia para uma vida espiritual

Incontáveis são os benefícios da Sagrada Eucaristia para uma vida interior em Deus. Identificar esses favores nos tornam pessoas melhores e mais comprometidas com o Evangelho.

O Catecismo da Igreja diz que “a Eucaristia é o memorial da Páscoa de Cristo, isto é, da obra da salvação realizada pela Vida, Morte e Ressurreição de Cristo, obra tornada presente pela ação litúrgica” (CIC 1409).

Assim, na Eucaristia, somos convidados a participar da graça que esse sacramento nos confere: a salvação em Jesus Cristo pelo Mistério Pascal, que também nos conduz para outros benefícios em nosso interior.

Vejamos alguns benefícios da Eucaristia para uma vida interior:

Eucaristia e silêncio

O Papa Francisco, em homília na Casa de Santa Marta, afirmou que é preciso “guardar um pouco de silêncio para escutar a Deus, que nos fala com a ternura de um Pai e de uma Mãe”. Pois, para ouvir essa voz terna, é imprescindível um caminho de vida interior.

Diante de um mundo informatizado, com avanços tecnológicos e de rápidas transformações, constata-se que o homem tem se perdido, muitas vezes, no ativismo, na busca frenética por status, posição, poder e tantas outras realidades, que o faz olhar mais para o exterior do que para o seu interior. Dessa forma, percebe-se o descuido com o silêncio que nos leva à interioridade, que não é simplesmente parar de falar ou evitar ruídos, mas uma postura profunda de quem quer ouvir Aquele que muito nos tem a falar.

Na Eucaristia, somos provocados a ouvir o Senhor no silêncio do nosso coração, porque Ele quis fazer morada nós. Com isso, na vida interior, vale recordar o que dizia Santo Agostinho, que “Deus está acima do que em mim há de mais elevado, e é mais interior do que aquilo que eu tenho de mais íntimo”. Imaginemos, portanto, a intimidade que temos ao entrarmos em comunhão com o Corpo e Sangue de Jesus, pois, o íntimo do nosso interior acolhe Aquele que nos é mais íntimo do que nós somos de nós mesmos.

A Palavra diz: “a seguir, tomou o pão, deu graças, partiu-o e lhes deu, dizendo: ‘Isto é o meu corpo, que é dado por vós’” (Lucas 22,19). Jesus, na Última Ceia com seus discípulos, dá-nos Seu próprio Corpo e Sangue.

Eucaristia e oração

Jesus sempre mostrou o caminho da oração. Por várias vezes, Ele retirou-se para estar com o Pai, como é narrado no Evangelho, que, logo após a primeira multiplicação dos pães, Ele “subiu à montanha, a sós, para orar. Anoiteceu, e Jesus continuava lá sozinho” (Mateus 14, 23). Assim, na vida interior em Deus, é importante compreendermos que a oração é “a elevação da alma a Deus ou o pedido a Deus dos bens convenientes” (CIC 2559). Ou seja, orar é colocar-se na presença do Senhor, é estar, ouvir, falar e deixar-se envolver por Ele.

Dessa forma, a participação na Eucaristia nos beneficia na vivência interior da oração, pois a alma se eleva diante de um Deus que é próximo. Essa experiência acontece num espaço concreto e real, que é na Igreja, pois “a Eucaristia é o coração e o cume da vida da Igreja, porque nela Cristo associa a sua Igreja e todos os seus membros ao seu sacrifício de louvor e de ação de graças, oferecido ao Pai uma vez por todas na cruz; por este sacrifício, Ele derrama as graças da salvação sobre o seu corpo, que é a Igreja” (CIC 1407).

Assim, na Eucaristia, somos beneficiados com o melhor lugar para nos encontrarmos com Deus, o nosso coração. Que bom será quando todos tiverem a clareza de Santa Teresinha do Menino Jesus que diz: “A oração é um impulso do coração, é um simples olhar lançado ao céu, um grito de reconhecimento e amor no meio da provação ou no meio da alegria” (CIC 2558). Pois oração na vida interior tem como reflexo: o amor e a alegria.

Eucaristia e a santificação

São João Paulo II, na sua Encíclica Ecclesia de Eucharistia diz: “A Igreja vive da Eucaristia”, sendo assim, os que vivem na Eucaristia caminham na Igreja num processo de santificação e de profunda vida interior, porque, a Eucaristia é fonte de santidade e vida.

A Bíblia nos ensina em I João 2,6 que “aquele que afirma permanecer n’Ele deve viver como Ele viveu”, porque viver como Jesus, pensar como Jesus, falar como Jesus é buscar ser semelhante a Ele. Assim, seguir os passos de Cristo só é possível por Sua graça, já que “tudo o que Cristo viveu foi para que pudéssemos viver n’Ele e para que Ele vivesse em nós. Nós somos chamados a ser uma só coisa com Ele; Ele nos faz partilhar (comungar), como membros de seu corpo, de tudo o que Ele, por nós e como nosso modelo, viveu em sua carne” (CIC 521). Portanto, façamos nossa parte e estejamos unidos a Cristo na Eucaristia, em comunhão com Seu Corpo e Sangue que nos santifica.

Os benefícios de santificação pela Eucaristia são diários, já que, “tendo Cristo passado deste mundo ao Pai, dá-nos na Eucaristia o penhor da glória junto dele: a participação no Santo Sacrifício nos identifica com o seu coração, sustenta as nossas forças ao longo da peregrinação desta vida, faz-nos desejar a vida eterna e nos une já à Igreja do céu, à Santíssima Virgem e a todos os santos” (CIC 1419).

Portanto, Jesus, pela Sua Paixão, Morte e Ressurreição nos deu a salvação para que possamos, assim, alcançar todos os benefícios que a Eucaristia nos concede diariamente ao participarmos de tão grande mistério de doação total de Deus ao homem, para vivermos uma verdadeira vida interior que dê frutos de santidade.
Márcio Leandro Fernandes - Filósofo e missionário da Comunidade Canção Nova

Bondade e beleza fazem parte da mulher


Bondade e beleza fazem parte da mulher

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Saiba como a bondade e a beleza fazem parte da mulher

A narração da criação do mundo, no livro de Gênesis, afirma que tudo o que Deus criou era bom e dentre Suas diversas obras estava a mulher. Porém, ao narrar a criação da luz, da noite, do firmamento, o autor sempre termina dizendo: “E Deus viu que era bom”. No entanto, ao narrar a criação do homem e da mulher, o autor afirma que, para Deus, isso não era só bom, mas MUITO BOM.

A bondade faz parte de você desde o momento da sua concepção e, durante toda a sua vida, sempre se fez presente de maneira intrínseca. O que acontece é que os sofrimentos da vida, as decepções que enfrentamos, as marcas e feridas deixadas em nós podem minar essa bondade. E a luta de todo cristão é não deixar que o mal, a vingança, a ira e a falta de perdão substituam a bondade pela maldade. “Não te deixes vencer pelo mal, mas vence o mal pelo bem” (Rm 12,21).

Portanto, se você não tem o costume de ouvir que é boa como pessoa ou naquilo que faz, eis uma verdade a seu respeito: você é muito boa! Repito: a bondade faz parte de você desde o momento da sua concepção e, durante toda a sua vida, sempre se fez presente de maneira intrínseca.

Além de você ser muito boa, é também muito bela. Sim! A beleza é obra e criação de Deus, e, como um excelente autor, Ele foi deixando o reflexo de Sua beleza em todas as Suas criaturas. Mulher, você é espelho da beleza de Deus. “De fato, partindo da grandeza e beleza das criaturas, pode-se chegar a ver, por analogia, o seu Criador” (Sb 13,5), “pois foi o Princípio e Autor da beleza quem as criou” (Sb 13,3).

A bondade e beleza são fundamentais, porque toda mulher boa é bela, mas nem toda bela mulher é boa. A estética é apenas um aspecto da definição de beleza. Uma pessoa fisicamente bonita pode ser moralmente feia, e essa feiura se manifesta, comumente, em uma tristeza que o rosto e os olhos não conseguem esconder.

A beleza atrai

O ser humano é atraído pelo belo, e já dizia Dostoiévski: “A beleza salvará o mundo”. A beleza da pessoa humana não se limita ao corpo, porque ela possui uma dimensão muito maior do que somente a estética: possui também uma dimensão ética e religiosa. Tudo que é verdadeiro, bom e uno traz também o belo. Portanto, a beleza leva a pessoa a amar, contemplar, e isso pode salvar as pessoas e o mundo, pois o amor santifica.

O seu valor não está somente no seu aspecto físico, mas também no seu caráter, na bondade e na capacidade de amar. “Quantas mulheres foram e continuam a ser valorizadas mais pelo aspecto físico que pela competência, pela riqueza da sua sensibilidade e, em última análise, pela própria dignidade do seu ser” (Carta do Papa João Paulo II às mulheres).

Faça uma lista

Do que você não gosta em você? Faça uma lista neste momento. Agora, apresente-a para Deus, que foi quem a criou assim. Numa conversa sincera, peça a Ele a graça de superar esses itens e de enxergar e valorizar o que você gosta em si mesma e que é belíssimo. Agora, a pergunta é: do que você gosta em você? Faça outra lista. Cole essa lista no seu espelho para que, todos os dias, ao se deparar com a sua imagem, você fixe o seu olhar nas coisas belas e boas que você tem.

Mulher, você é muito boa e muito bela! Se você não se sente assim, então peça a Deus a graça de acreditar nessa verdade.

Deus abençoe,
Fernanda Soares - é missionária da Canção Nova. Foi apresentadora do programa Revolução Jesus e Vitrine da TV Canção Nova. Hoje trabalha como produtora de conteúdo no setor de Internet da Canção Nova.

Como ter um matrimônio mais feliz


Como ter um matrimônio mais feliz

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com









10 orientações do Papa Francisco para o amor no cotidiano do matrimônio, em Amoris Laetitia

O Papa Francisco, na sua Exortação a “Alegria do Amor”, diz que “não poderemos encorajar um caminho de fidelidade e doação recíproca se não estimularmos o crescimento, a consolidação e o aprofundamento do amor conjugal e familiar”.

Confira 10 orientações do Papa para viver o amor no cotidiano matrimonial.

1 – Paciência

É importante ter clareza de que “a paciência é uma qualidade do Deus da Aliança, que convida a imitá-Lo também na vida familiar”, tarefa não fácil, mas possível no amor, pois, no matrimônio e na família, a pessoa “mostra-se paciente, quando não se deixa levar pelos impulsos interiores e evita agredir”, ou seja, procura viver com paciência os incômodos e infortúnios do dia a dia. Dessa forma, compreende-se mais sobre o verdadeiro amor ao descobrir, como aponta o Papa, que, “se não cultivarmos a paciência, sempre acharemos desculpas para responder com ira, acabando por nos tornarmos pessoas que não sabem conviver, antissociais incapazes de dominar os impulsos; e a família tornar-se-á um campo de batalha.”

2 – Atitude de serviço

O Papa, diante das palavras de São Paulo sobre a paciência, que é “acompanhada por uma atividade, uma reação dinâmica e criativa perante os outros”, assinala para uma atitude de serviço. Essa prontidão para servir “indica que o amor beneficia e promove os outros”, ocasionando urgência no seio familiar e matrimonial de pessoas boas que vivam a bondade nas ações cotidianas na doação ao próximo, pois a atitude de serviço nos lança em direção ao outro no amor concreto, eficiente e sem reservas, “permitindo-nos experimentar a felicidade de dar, a nobreza e a grandeza de doar-se de forma superabundante, sem calcular nem reclamar pagamento, mas apenas pelo prazer de dar e servir”.

3 – Curando a inveja

Compreender que “a inveja é uma tristeza pelo bem alheio, demostrando que não nos interessa a felicidade dos outros, porque estamos concentrados exclusivamente no nosso bem-estar” é imprescindível para vencer tal fraqueza, pois, “no amor, não há lugar para sentir desgosto pelo bem do outro (cf. At 7,9; 17,5)”, mas sim alegria por tais realizações e conquistas. Assim, como ensina o Pontífice, “o verdadeiro amor aprecia os sucessos alheios, não os sente como uma ameaça, libertando-se do sabor amargo da inveja”.

4 – Sem ser arrogante nem se orgulhar

O orgulho e a arrogância “não se trata apenas duma obsessão por mostrar as próprias qualidades; é pior: perde-se o sentido da realidade, a pessoa considera-se maior do que é, porque se crê mais espiritual ou sábia”. No matrimônio e “na vida familiar, não pode reinar a lógica do domínio de uns sobre os outros, nem a competição para ver quem é mais inteligente ou poderoso, porque essa lógica acaba com o amor”. Por isso, muitas vezes, é necessário ser humilde, atitude que “faz parte do amor, porque, para poder compreender, desculpar ou servir os outros de coração, é indispensável curar o orgulho e cultivar a humildade”.

5 – Amabilidade

Ser amável “significa que o amor não age rudemente, não atua de forma inconveniente, não se mostra duro no trato. Os seus modos, as suas palavras, os seus gestos são agradáveis; não são ásperos nem rígidos”. A predisposição para um encontro verdadeiro com o outro requer amabilidade, porém, “isso não é possível quando reina um pessimismo que põe em evidência os defeitos e erros alheios, talvez para compensar os próprios complexos. Um olhar amável faz com que nos detenhamos menos nos limites do outro, podendo assim tolerá-lo e unirmo-nos num projeto comum, apesar de sermos diferentes”. Já que “ser amável não é um estilo que o cristão possa escolher ou rejeitar: faz parte das exigências irrenunciáveis do amor, por isso todo o ser humano está obrigado a ser afável com aqueles que o rodeiam”.

6 – Desprendimento

O desapego ou desprendimento conduz para um compreensão de que “muitas vezes, para amar os outros, é preciso primeiro amar a si mesmo. Todavia, esse hino à caridade afirma que o amor não procura o seu próprio interesse ou não procura o que é seu”. O Papa diz que “uma pessoa que seja incapaz de se amar a si mesma sente dificuldade em amar os outros”, já que, nas Escrituras, a orientação é que “não tenha cada um em vista os próprios interesses, mas todos e cada um exatamente os interesses dos outros (cf. Fl 2,4).” Essa postura em relação ao próximo demonstra um amor que pode transbordar gratuitamente “sem nada esperar em troca” (Lc 6, 35), até chegar ao amor maior, que é “dar a vida” pelos outros.

7 – Sem violência interior

Para superar um interior violento é preciso “à paciência, que evita reagir bruscamente perante as fraquezas ou erros dos outros”, pois a “reação interior de indignação provocada por algo exterior”, seja nas várias situações da vida, “trata-se de uma violência interna, uma irritação recôndita que nos põe à defesa perante os outros, como se fossem inimigos molestos a evitar”. Diante dessa ira excessiva, a solução mostrada pelo Papa é que “nunca se deve terminar o dia sem fazer as pazes na família.” Desta forma, entende-se que “a indignação é saudável, quando nos leva a reagir perante uma grave injustiça; mas é prejudicial, quando tende a impregnar todas as nossas atitudes para com os outros”.

8 – Perdão

“Se permitirmos a entrada dum mau sentimento no nosso íntimo, damos lugar ao ressentimento que se aninha no coração.” Contrário a esse ressentir, o Papa Francisco instrui que o perdão é “fundado numa atitude positiva que procura compreender a fraqueza alheia e encontrar desculpas para a outra pessoa, como Jesus que diz: Perdoa-lhes, Pai, porque não sabem o que fazem (cf. Lc 23, 34)”. Porém, a tendência humana “costuma ser a de buscar cada vez mais culpas, imaginar cada vez mais maldades, supor todo o tipo de más intenções; assim, o ressentimento vai crescendo e cria raízes”; e no matrimônio, “qualquer erro ou queda do cônjuge pode danificar o vínculo de amor e a estabilidade familiar”. Então, “se aceitamos que o amor de Deus é incondicional, que o carinho do Pai não se deve comprar nem pagar, então poderemos amar sem limites, perdoar aos outros, ainda que tenham sido injustos para conosco.”

9 – Alegrar-se com os outros

O Papa diz que “alegra-se com o bem do outro, quando se reconhece a sua dignidade, quando se apreciam as suas capacidades e as suas boas obras”. Mas “isso é impossível para quem sente a necessidade de estar sempre a comparar-se ou a competir, inclusive com o próprio cônjuge, até o ponto de se alegrar secretamente com os seus fracassos”. O matrimônio e “a família deve ser sempre o lugar onde uma pessoa que consegue algo de bom na vida, sabe que ali se vão congratular com ela”. Assim, diz o Pontífice que “nosso Senhor aprecia de modo especial quem se alegra com a felicidade do outro”.

10 – Tudo desculpa

Tudo desculpar “implica limitar o juízo, conter a inclinação para se emitir uma condenação dura e implacável: não condeneis e não sereis condenados (cf. Lc 6, 37)”. Assim, no amor cotidiano matrimonial, “os esposos, que se amam e se pertencem, falam bem um do outro, procuram mostrar mais o lado bom do cônjuge do que as suas fraquezas e erros. Em todo caso, guardam silêncio para não danificar a sua imagem. Mas não é apenas um gesto externo, brota duma atitude interior. Também não é a ingenuidade de quem pretende não ver as dificuldades e os pontos fracos do outro, mas a perspectiva ampla de quem coloca essas fraquezas e erros no seu contexto; lembra-se de que esses defeitos constituem apenas uma parte, não são a totalidade do ser do outro: um fato desagradável no relacionamento não é a totalidade desse relacionamento”. Por fim, o Papa fala que “o amor convive com a imperfeição, desculpa-a e sabe guardar silêncio perante os limites do ser amado”.
Canção Nova

Verdades fundamentais sobre o matrimônio

Verdades fundamentais sobre o matrimônio

Foto: Arquivo CN

Quatro verdades fundamentais do Sacramento do Matrimônio

Iluminados pela Exortação Apostólica Amoris Laetitia e por catequeses contidas em meu livro “Papa Francisco às Famílias”, vamos refletir sobre quatro aspectos essenciais da família: indissolubilidade, unidade, fidelidade e abertura à vida. Nessa mútua recepção unida à graça de Cristo, “os noivos prometem um ao outro entrega total, fidelidade e abertura à vida, e também reconhecem como elementos constitutivos do matrimônio os dons que Deus lhes oferece, tomando a sério o seu mútuo compromisso, em nome de Deus e perante a Igreja”, afirma o Pontífice.

Depois de dois anos de reflexão sobre a família no mundo atual, o resultado foi um lindo hino à instituição base da sociedade sobre a alegria do amor na família. Católicos de todos os continentes puderam contribuir, respondendo questionários enviados às dioceses. A partir desse material, dois Sínodos confrontaram ideias de maneira aberta, permanecendo e fortalecendo-se a convicção de verdades fundamentais do Sacramento do Matrimônio.

“O próprio mistério da família cristã só se pode compreender plenamente à luz do amor infinito do Pai, que se manifestou em Cristo entregue até ao fim e vivo entre nós. Por isso, quero contemplar Cristo vivo que está presente em tantas histórias de amor e invocar o fogo do Espírito sobre todas as famílias do mundo”, destaca o Santo Padre no terceiro capítulo do documento.

Indissolubilidade

Elemento essencial do ensinamento da Igreja acerca do matrimônio e da família é a indissolubilidade. Francisco afirma: “O que Deus uniu não o separe o homem” (Mt 19,6). Isso não deve ser entendido como um peso, mas um presente. O caminho do casal é acompanhado pela bondade divina. Por meio da graça, o coração é curado e transformado. Vocação recebida pela Igreja ao longo do tempo, o matrimônio é um dom do Senhor (cf. 1 Cor 7, 7) que deve ser cuidado. “Seja o matrimônio honrado por todos e imaculado o leito conjugal” (Heb 13, 4). Esse dom de Deus inclui a sexualidade: “Não vos recuseis um ao outro” (1 Cor 7, 5).

Unidade

Ao viver essa unidade, a família torna-se “comunidade de vida e amor (cf. n. 48)”, como definiu o Concílio Ecumênico Vaticano II na Constituição pastoral Gaudium et spes sobre a promoção da dignidade do matrimônio e da família (cf. nn. 47-52). O ponto de unidade é o amor no centro da família. A união dos esposos integra a dimensão sexual e a afetividade. Na raiz dessa unidade, Cristo Senhor “vem ao encontro dos esposos cristãos com o sacramento do matrimônio” (n. 48).

A exortação Amoris Laetitia recorda ainda que a união sexual é caminho de “crescimento na vida da graça para os esposos”. A união dos corpos é expressa nas palavras do consentimento, pelas quais se acolheram e doaram reciprocamente para partilhar a vida toda. Tal consentimento e união dos corpos são instrumentos da ação divina que os torna uma só carne.

Fidelidade

Mais que um sinal de visível compromisso, o matrimônio é um dom para santificação e
salvação dos esposos, porque sua pertença recíproca é a representação real da mesma
relação de Cristo com a Igreja. Os esposos são, portanto, para a Igreja, a lembrança permanente daquilo que aconteceu na cruz; são um para o outro, e para os filhos, testemunhas da salvação, da qual o sacramento os faz participar.

Abertura à vida

“Nenhum ato sexual dos esposos pode negar esse significado, embora, por várias razões, nem sempre possa efetivamente gerar uma nova vida”. Amoris Laetitia recorda que também “os esposos a quem Deus não concedeu a graça de ter filhos podem ter uma vida conjugal cheia de sentido, humana e cristãmente falando”. A escolha da adoção e do acolhimento exprime uma fecundidade particular da experiência conjugal. O matrimônio é, em primeiro lugar, uma “íntima comunidade da vida e do amor conjugal”, que constitui um bem para os próprios esposos; e a sexualidade “ordena-se para o amor conjugal do homem e da mulher”. O bebê que chega “não vem de fora juntar-se ao amor mútuo dos esposos; surge no próprio coração desse dom mútuo, do qual é fruto e complemento”. A abertura à vida implica em uma vivência harmoniosa e consciente do casal em sintonia com uma paternidade responsável.
Rodrigo Luiz dos Santos - é editor-chefe de Jornalismo da TVCN e apresentador de programas relacionados à Igreja. Missionário na Canção Nova, 

14 de maio de 2016

Traição. E como isso afeta você?

Traição. E como isso afeta você?

Foto: AndreyPopov, , iStock. by Getty Images
Não vale a pena jogar fora uma história por causa de traição

Traí, já fui traída e não recomendo.

Em nossa vida de fé, quando se fala em traição, logo pensamos em Judas Iscariotes entregando Jesus. Mas será que nós estamos preparados para ser fiéis a quem está do nosso lado?


Na minha adolescência, para lá de uma década atrás, numa festa, beijei um moço que acabara de conhecer. Eu namorava firme, era moça de fino trato, de grupo de oração e tudo mais, mas escutei uma voz que soprava e dizia: “Vai, boba, ninguém vai saber”. Eu fui. Dei uns beijinhos num cara muito bem recomendado por uma “amiga”.

A noite de farra passou, o dia clareou e me senti muito mal. Fiquei pensando se eu realmente gostava do namorado, se eu gostava de mim mesma, se aquilo era “normal” como tanta gente falava e fazia.

Uma outra voz dizia no meu interior: “Gente, qual a necessidade disso?”.

Questionei-me como era pouco autêntico estar com uma pessoa bacana e, na primeira oportunidade, não zelar pela sua confiança, por todo o cuidado e afeto dela para comigo, todo o tempo que ela dedicou ao nosso relacionamento. Senti-me mal por trair minha consciência, minha essência, minha dignidade como mulher que nunca quis ferir ninguém, mas que, por um ímpeto, manchou um laço em construção. Também me senti péssima como filha de Deus, perguntando-me como olharia novamente para aquele rapaz, meu namorado. Assim que o encontrei, contei tudo e pedi perdão, já preparada para toda sorte de insultos que ele quisesse me dizer.

Para minha surpresa, ele me perdoou e pediu que continuássemos o relacionamento.

“Moço para casar”, logo pensei.

Com esse episódio, porém, a confiança que havia sido quebrada não se retomou, e o namoro acabou pouco depois. Na verdade, acabou no momento em que eu decidi trair a minha essência, a ele e aos valores que aprendi.

Fui traída

Também já fui traída. Descobri pelo falecido Orkut (num episódio vexatório em praça pública, ou melhor, para o mundo ver).

Em um dia, após trabalhar muito num evento, meus colegas, em rodinha, riam de vários perfis naquela rede. Não sei por que cargas d’água tive um ímpeto de procurar pelo nome do namoradinho no campo de busca.

Para minha surpresa, o digníssimo, que me dizia nem participar dessa rede social, tinha não só perfil, mas várias fotos de casal com uma moça, que não era eu. Eu até a conhecia, inclusive!

Pensem numa pessoa humilhada! Com o coração partido, a léguas de distância, fui tirar satisfações e recebi como resposta que a moça era uma amiga. Desde quando amigo posta foto de beijo na boca? Meu mundo caiu. Era namoro firme, com todo o protocolo de se conhecer família de ambos, planos enfim.

Vida que seguiu, cada um para um lado.

Eu perdoei e amadureci muito de lá pra cá. Tive outros namorados. Um bom tempo depois, conheci o homem com quem estou casada há mais de quatro anos. Estamos bem felizes, obrigada!
Respeito e confiança são a base de qualquer relacionamento

Aos poucos, ou na marra, aprendemos que, na verdade, a pessoa que você traiu talvez nunca saiba da sua traição se você não contar. Mas e você, consegue esquecer-se de si? Consegue ser imune ao sentimento de desonestidade para com o outro e fingir que nada aconteceu? Pode parecer bobagem, mas o problema não está só em omitir do outro uma traição, mas sim o que uma traição faz na sua cabeça, confundindo seus sentimentos.

No filme ‘A Paixão de Cristo’, a tormenta de Judas pós-traição é retratada por uma grande confusão. É assim que eu me via nas duas situações de minha vida que relatei, quando traí e quando fui traída.

Amar é decisão, não é complicação nem pode nos tirar a paz.
Exige renúncia, escolha e mudança de vida

Ora, não é possível ter todos os homens do mundo! No namoro, o que se treina é a fidelidade.

Conheço bem essa história de “quando eu casar, vou parar de trair”. Balela! Se você não conseguiu ser fiel antes do altar, se não dedicou tempo, mente e coração para renunciar às tentações de estar com outras pessoas, como irá se dedicar só a uma após o casamento?

Nossas virtudes e valores não são uma chave liga/desliga, mas exigem lapidação, cuidado e exercício diário.

Sempre haverá um homem mais bonito, mais inteligente, mais rico, mais interessante que aquele com quem você escolheu estar. Mas é preciso maturidade para entender que nenhum outro homem do mundo tem a história que vocês construíram.

Cuidado! A tentação é astuta. Já repararam que sempre que um casal briga pode vir à mente a lembrança de relacionamentos anteriores, em momentos felizes? Não se engane, pois se o relacionamento acabou, teve motivos para isso e não seria um “mar de rosas” como a tentação pode vir a fazê-lo delirar. Em vez de lamuriar que você viveu momentos felizes com algum ex-namorado ou começar a pensar que vai viver a felicidade plena traindo, gaste essa mesma energia pensando em formas de cuidar do seu relacionamento, o qual, por livre escolha, você quis assumir. Ou escolha deixar essa pessoa livre, para conhecer alguém que realmente cuide dela. Todos nós merecemos estar com alguém que vale a pena e sentir que valemos muito para esse alguém!

Não vale a pena jogar uma história, uma vida a dois para o alto, por um desejo momentâneo. Vale?
Mariella Silva de Oliveira Costa - esposa, católica, feliz e amante de uma boa prosa. Jornalista, professora universitária, cientista em formação e servidora pública,  Participa da Renovação Carismática Católica, desde 1998, onde serviu especialmente no Ministério Universidades Renovadas e no Ministério de Comunicação Social. 

Pentecostes. Receba o Espírito Santo

Pentecostes. Receba o Espírito Santo

É tempo de ouvirmos o Senhor e Sua Igreja que nos dizem: “Recebam o Espírito Santo”!

Após a Ressurreição, Jesus apareceu aos Seus discípulos, soprou sobre eles e lhes concedeu o dom do Espírito Santo. Antes de subir ao Céu, recomendou-lhes permanecerem em oração, aguardando o dom do Alto, o novo Consolador, Advogado e Defensor. Na manhã de Pentecostes, Festa das Colheitas para os Judeus, saída à vida pública para a Igreja nascente, vento, línguas de fogo, pregação corajosa do nome de Jesus, partilha dos bens, vida em comunidade, conversões! São os resultados da efusão do Espírito Santo derramado sobre os fiéis. De lá para cá, é sempre o Espírito Santo, Alma da Igreja, diz Jesus, “que convence o mundo em relação ao pecado, à justiça e ao julgamento. Quanto ao pecado: eles não acreditaram em mim. Quanto à justiça: eu vou para o Pai, de modo que não mais me vereis. E quanto ao julgamento: o chefe deste mundo já está condenado” (Jo 16, 8-11).

De fato, sem o Espírito Santo Deus está distante, Cristo é o passado, o Evangelho é letra morta, a Igreja é uma simples organização, a autoridade é dominação, a missão é propaganda, o culto é evocação, o agir cristão é uma moral de escravos. Mas, com o Espírito Santo e no Espírito Santo o Universo, é elevado e clama pelo Reino de Deus, a presença do Cristo Ressuscitado é reconhecida, o Evangelho é vida e poder, Igreja significa comunhão trinitária, a autoridade é um serviço libertador, a missão um Pentecostes, a Liturgia é memorial e antecipação do mistério, o agir humano é divinizado (Cf. Ignazio Hazim, La resurrezione e l’uomo d’oggi – Ed. Ave, Roma, 1970, pp. 25-26).

Espírito Santo é derramado sobre a Igreja

O Espírito Santo é derramado sobre a Igreja, conduzindo-a a viver de forma divina as realidades humanas. Seus dons são Sabedoria, Entendimento, Conselho, Fortaleza, Ciência, Piedade e Temor de Deus. Com eles podemos receber as graças que descem do Céu! Ouvimos o Senhor e Sua Igreja que nos dizem: “Recebam o Espírito Santo”!

O Espírito de Deus deve ser acolhido. Ele é o dom sempiterno de Deus, derramado sobre a Igreja e sobre todos os fiéis. O Espírito Santo age no mundo, suscitando o bem e a busca da verdade. Sua ação conduz as consciências para suscitar a convergência de todos os rios da existência humana para o amor de Deus e Sua presença. N’Ele, podemos acreditar no bem existente no coração das pessoas e receber as forças necessárias para buscá-Lo e valorizá-Lo. Diante de Sua ação, caem todas as resistências interiores. A atitude mais sincera, diante da ação do Espírito Santo, é a docilidade, pois uma pretensa autonomia conduz as pessoas ao orgulho. Deixar-se conduzir por amor é honestidade interior, é saber viver, até porque, de uma forma ou de outra, sempre somos influenciados por alguém, por correntes de pensamento ou doutrinas. Saibamos escolher a melhor companhia, e esta é dada de presente, enviada pelo Pai e pelo Filho segundo a promessa que nos foi feita.

O Espírito Santo se manifesta nos multiformes dons com que prodigaliza os fiéis, suscitando carismas, ministérios e serviços segundo o dom de Deus e o acolhimento de Suas graças. “Há um só corpo e um só Espírito, como também é uma só a esperança à qual fostes chamados. Há um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos, acima de todos, no meio de todos e em todos. No entanto, a cada um de nós foi dada a graça conforme a medida do dom de Cristo” (Ef 4, 4-7). Como árvore que dá bons frutos, a presença dos frutos do Espírito faz a humanidade identificar as raízes das pessoas que por eles se deixam conduzir: “O fruto do Espírito é amor, alegria, paz, paciência, amabilidade, bondade, lealdade, mansidão e domínio próprio” (Gl 5, 22-23). Aconteça Pentecostes, a festa da colheita, quando as pessoas vierem a nós, e a árvore boa produza frutos bons (Cf. Mt 7, 16-18).

“Estando fechadas, por medo dos judeus, as portas do lugar onde os discípulos se encontravam, Jesus entrou e, pondo-se no meio deles, disse: A paz esteja convosco. Depois dessas palavras, mostrou-lhes as mãos e o lado. Então, os discípulos se alegraram por verem o Senhor. Novamente, Jesus disse: A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou, também eu vos envio” (Jo 20,19-21). Com a unção do Espírito Santo, nossa humanidade é marcada pela santidade de Jesus Cristo e nos tornamos capazes de amar os irmãos com o mesmo amor com que Deus nos ama. E o Espírito Santo envia. Se Jesus é o “Enviado”, cheio do Espírito do Pai, nós, ungidos pelo mesmo Espírito, também somos enviados como mensageiros e testemunhas de paz, missionários, Igreja “em saída”. Quanta necessidade tem o mundo de nós como mensageiros de paz, como testemunhas de paz! Também o mundo nos pede para lhe fazermos isso: levar a paz, testemunhar a paz! E esta não se pode comprar, não está à venda. A paz é um dom que se deve buscar pacientemente e construir “artesanalmente” nos pequenos e grandes gestos que formam a nossa vida diária (Cf. Homilia do Papa Francisco em Amã – Jordânia, sábado, 24 de maio de 2014).

Assim, o próprio Espírito Santo suscita, nestes dias, a oração sincera em nosso coração e em nossos lábios: Vem, Espírito Santo, luz do alto, força de Deus para nosso mundo! Vem consolar os corações atribulados, vem trazer alegria às pessoas abandonadas e solitárias. Tua presença inunde todos os recantos da terra e venha ao encontro de todos que anseiam pela verdade e não se satisfazem com respostas superficiais.

Vem Espírito Santo, curar as consciências enfermas, restaurar os corações que se afastaram do reto caminho. Faze com que a vingança de amor aconteça, trazendo para o bem todas as pessoas que tramam a maldade, onde quer que esteja uma pessoa humana. Que todos os homens e mulheres encontrem os sinais do Reino de Deus e que este aconteça em todos os quadrantes do mundo que Jesus veio salvar!

Vem, Espírito Santo, inunda a Igreja com Teus dons e concede-nos o melhor de todos, que é o amor de caridade!
Dom Alberto Taveira Corrêa - Arcebispo da Arquidiocese de Belém – PA.

A importancia do dialogo para o desenvolvimento do ser humano

A importancia do dialogo para o desenvolvimento do ser humano

Foto: Arquivo CN

Dialogar é o caminho da permanente construção da vida social, familiar e individual

A tarefa de construir o bem comum necessita, acima de tudo, de diálogo. Dialogar qualifica a capacidade humana de se dirigir ao outro, nas diferenças e nos parâmetros racionais das oposições. Permite também estabelecer uma relação com a lucidez de discernimentos e escolhas. Trata-se de prática que não oferece espaço para o ódio, vinganças e o aproveitamento espúrio de oportunidades para obter ganhos na contramão do bem comum. A ausência do diálogo permanente, em todas as esferas das relações humanas, explica o nascimento de descompassos, as mazelas de escolhas, os absurdos dos procedimentos que comprometem legalidades e produzem os leitos da corrupção.

Somente pela via do diálogo os muitos segmentos da sociedade construirão o tecido de uma cultura que sustente princípios e legalidades. As guerras, os acirramentos partidários, o recrudescimento da violência, os fundamentalismos – religiosos e políticos -, as inimizades, as crises familiares, tudo advém de incompetências humanas na essencial capacidade para dialogar. Uma qualidade fundamental para se escolher bem, decidir e garantir rumos adequados. Quando falta a indispensável competência da reciprocidade conquistada pelo diálogo, as consequências são sempre desastrosas.

A qualidade do diálogo

Só o diálogo constrói entendimentos que levam à compreensão das mudanças e transformações tão velozes neste tempo. A vivência desse exercício mostra a importância da participação cidadã. Garante lucidez na condução de processos e engradece a alma, fazendo-a apreciar o que se baseia no altruísmo. Sem a abertura para a reciprocidade nos exercícios relacionais em diferentes ambientes – do aconchego da vida familiar aos grupos religiosos, culturais e políticos -, o que se faz torna-se desserviço. Líderes incapacitados para o diálogo, particularmente no âmbito da política, são obstáculos nos funcionamentos da sociedade, prejudicando o bem comum.

O diálogo, longe de ser “conversa fiada”, fofoca, palavras trocadas pelo simples gosto de falar – especialmente aquele gosto muito comum de se falar dos outros -, é a construção de entendimentos que dão suporte para a criação e manutenção do ethos do altruísmo, da seriedade no que se faz e da busca pela verdade. Promove, assim, a coragem da transparência, em todos os sentidos e níveis, balizando na honestidade relações e funcionamentos. A qualidade do diálogo depende muito da visão construída no horizonte dos cidadãos, para além de paixões partidárias. O exercício do diálogo alarga a visão de mundo do cidadão, os horizontes dos funcionamentos institucionais. Permite alcançar a compreensão que anima a indispensável autoestima, a consciência histórica e a configuração política merecedora de credibilidade. Nesse sentido, o diálogo é força para fazer com que a sociedade seja verdadeiramente democrática, capaz de respeitar e promover, com fecundidade, o bem comum.

O diálogo é remédio para curar irracionalidades

Dialogar é o caminho da permanente construção da vida social, familiar e individual. O diálogo é remédio para curar irracionalidades, tônico que fortalece entendimentos cidadãos, intervenção que alarga as estreitezas de interpretações. O princípio do bem comum é o que deve nortear a sociabilidade, superando, assim, radicalismos e violências. Para além de qualquer simples interesse, sobretudo daquele que nasce da idolatria do dinheiro, cada cidadão tem a tarefa de preservar e de promover esse princípio.

O respeito e a promoção do bem comum são deveres de todos. Por isso, ecoe em todo canto, e permeie os tecidos da cultura na sociedade atual, na particularidade do momento vivido na sociedade brasileira, a autoridade do convite e da recomendação do Papa Francisco, dirigindo-se aos brasileiros: é preciso investir todas as forças no diálogo para reconstruções, respeito a legalidades e encontro das indispensáveis saídas, evitando descompassos que comprometam a civilidade, a ordem e a justiça. Acima de tudo, os segmentos diversos da sociedade, para superar mediocridades, partidarismos, radicalismos de todo tipo, fecundando nova cultura, precisam estar em diálogo pelo bem comum.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo - Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, é doutor em Teologia Bíblica pela Pontifícia Universidade Gregoriana (Roma, Itália) e mestre em Ciências Bíblicas pelo Pontifício Instituto Bíblico (Roma, Itália).

http://www.arquidiocesebh.org.br

Por que desejar o batismo no Espírito Santo?

Por que desejar o batismo no Espírito Santo?

Foto: SDenisov, iStock.by Getty Images
Desejar o batismo no Espírito Santo é querer ter sua vida transformada por Ele

Em 2014, o Papa Francisco falou que a Renovação Carismática Católica é uma grande força no serviço do Evangelho, na alegria do Espírito Santo. No início, o Papa afirmou que não era simpatizante do movimento, mas quando começou a conhecer, entendeu o bem que a RCC faz à Igreja. Assim, abordarei sobre “por que desejar o batismo no Espírito Santo”, pois a falta de conhecimento pode ser o motivo de preconceitos ainda hoje sobre o assunto.

Destaca-se que o efeito mais comum do batismo no Espírito Santo é de o próprio Espírito passar a ser um fato vivenciado e não mais somente um objeto de fé intelectual. Padre Raniero Cantalamessa ainda diz que, antes da manifestação dos carismas, Ele é percebido como Espírito que transforma interiormente, que concede o gosto de louvar a Deus, que leva à descoberta de uma alegria nova, que abre a mente à compreensão das Escrituras e, sobretudo, ensina a proclamar que Jesus “é o Senhor”.

Certa vez, visitei um grupo de oração e um servo orou por mim. Lembro que senti algo indescritível e lágrimas surgiram dos meus olhos. Muito mais do que isso, foi uma fé viva que brotava do meu coração, uma transformação de vida. Não posso negar que foi um batismo no Espírito. O teólogo Karl Rahner explica:

“Não podemos negar que o homem possa ter, nesta vida, experiências da graça que lhe possam proporcionar uma sensação de libertação, que lhe abram horizontes totalmente novos, que o marquem profundamente, que o transformem e plasmem, mesmo por muito tempo, a sua atitude cristã mais íntima. Nada impede de chamar tais experiências de batismo do Espírito”.
O que é o bastimo no Espírito Santo

O batismo no Espírito Santo que ouvimos dos movimentos da Renovação Carismática Católica é um dos modos com que Jesus ressuscitado continua Sua obra essencial, que é a de batizar a humanidade “no Espírito” (At 1,5). É uma renovação do acontecimento de Pentecostes, bem como uma renovação do sacramento do batismo e da iniciação cristã em geral, mesmo sendo certo que ambas as realidades coincidem e que nunca devem ser separadas ou contrapostas, afirma Raniero Cantalamessa.

João Paulo II diz que “graças ao Espírito Santo, o nosso encontro com o Senhor acontece no tecido ordinário da existência filial, no face a face da amizade, fazendo experiência de Deus como Pai, Irmão, Amigo e Esposo. Este é o Pentecostes!”.

É certo que o batismo no Espírito Santo, como diz K. Ranaghan citado por Yves Congar, não substitui o batismo e a confirmação. Ele se apresenta como reafirmação e uma renovação adulta desses sacramentos, uma abertura de nós mesmos para todas as suas graças. Para não confundir, a CNBB propõe termos como “efusão do Espírito Santo”, “derramamento do Espírito Santo”.

Desejar o batismo no Espírito é querer ter sua vida transformada por Ele, é viver a alegria de uma fé viva, que se renova a cada sacramento. É proclamar que Jesus é o Senhor e ter uma atitude cristã nova, como em Pentecostes.

Portanto, rezemos:

“Vinde Espírito Criador, a nossa alma visitai
e enchei os corações com Vossos dons celestiais.
Vós sois chamado o Intercessor de Deus Excelso, dom sem par,
a fonte viva, o fogo, o amor, a unção divina e salutar.
Sois o doador dos sete dons e sois poder na mão do Pai,
por Ele prometido a nós, por nós seus feitos proclamai.
A nossa mente iluminai, os corações enchei de amor,
nossa fraqueza encorajai, qual força eterna e protetor.
Nosso inimigo repeli e concedei-nos a Vossa paz;
Se pela graça nos guiais, o mal deixamos para trás.
Ao Pai e ao Filho Salvador, por Vós possamos conhecer
que procedeis do Seu amor, fazei-nos sempre firmes crer.
Amém!”
Ricardo Cordeiro - Seminarista da Canção Nova

7 de maio de 2016

Filhos abandonados dentro da própria casa

Filhos abandonados dentro da própria casa

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Encontrar filhos abandonados emocionalmente pelas famílias é uma dura realidade

Hoje, vivemos um tempo de grande transformação nos relacionamentos sociais. Em pouco tempo, evoluímos enormemente nas possibilidades de comunicação pessoal a distância. Eu, por exemplo, peguei a época em que só existia telefone fixo (com fio) e “orelhões” de rua (sem celular ou internet), e a comunicação escrita era feita por carta. Na minha adolescência, passei muitas horas (todos os dias!) brincando e conversando na rua com os amigos, e em casa com a família. Quando alguém estava presencialmente com outra pessoa, havia muito pouca distração. Tínhamos de investir no relacionamento “ao vivo”, demonstrar sentimentos, conquistar a simpatia dos outros. Mas os tempos mudaram e estima-se que o brasileiro passa, aproximadamente, de três a quatro horas por dia conectado, interagindo via internet, o que reduz muito sua convivência física com amigos e familiares.

Estamos esquecendo como amar

Fico impressionada quando vejo o desenvolvimento de formas de demonstrar emoções via internet (desenhos, “se sentindo…”, carinhas de todos os tipos). As pessoas estão se tornando ótimas no marketing emocional externo, mas estão esquecendo como amar, como fazer carinho físico, como olhar nos olhos e dar atenção a quem está perto. Será que isso não é reflexo da dificuldade de nos abrirmos aos laços emocionais reais e fortes na nossa intimidade?

Medo de expor traumas e fraquezas

Será que não é medo de expor nossos traumas e fraquezas? Digo isso, porque, apesar da internet ser um meio real de conhecimento pessoal e uma forma de diálogo, há um fator limitante que tendencia essa experiência a ser uma ilusão: eu mostro somente o que quero mostrar. Já no convívio concreto, não tenho tanto o domínio sobre a exposição, porque meus gestos, minha entonação de voz, a linguagem corporal, a resposta imediata frente aos estímulos e minhas atitudes reais tornam-me muito mais vulnerável a ser realmente conhecido de maneira mais completa, inclusive naquilo que ainda não está bem equilibrado em mim.

Consequências da ausência dos pais

Claro que essa desconexão dos relacionamentos concretos é um problema. Ele se torna muito mais grave (e com fortes repercussões) quando a conexão enfraquecida é o laço familiar com uma criança ou adolescente. A criança nasce completamente dependente da atenção dos pais. À medida que vai crescendo, vai aprendendo a ter autonomia e tornando-se mais independente. Porém, a atenção real dos pais é indispensável para o saudável desenvolvimento emocional dos filhos. Vários estudos mostram que as consequências da ausência dos pais são graves e podem causar agressividade, tristeza, desenvolvimento de tiques e problemas na escola.

Presentes e ausentes ao mesmo tempo

A questão que quero levantar é que, hoje, muitos pais estão presentes e ausentes ao mesmo tempo. Em corpo estão ali, mas envolvidos com outras coisas. A criança se sente ignorada emocionalmente. Celular, Ipad, notebook, TV… Corpo presente, mente e atenção em outro lugar, com outro foco. Essa falta de atenção gera o sentimento de não ser importante, de não ser amado, de não ser suficiente para atrair a mãe e pai. Os filhos precisam sentir que há envolvimento dos pais, que eles sentem prazer em estar em sua companhia, que estão se divertindo ao brincar com eles. O contato físico e o carinho representam estabilidade e segurança para que eles aprendam o que é um relacionamento afetivo.

Degraus do amadurecimento humano

Sei que a vida é corrida, por isso mesmo é preciso que o tempo designado para estar com os filhos seja de grande qualidade. São preferíveis trinta minutos de exclusividade do que mais tempo ao lado deles, porém fazendo uso das redes sociais. Um dos grandes degraus do amadurecimento humano é aprender a dar importância ao que é importante. Sei que seus filhos e sua família são importantes para você; então, simplesmente esteja ali, de verdade, por inteiro onde estiver. O amor de Deus age por meio de nós, para nos ensinar novas formas de demonstrar o que nós sempre sentimos, o amor que temos aos que nos são preciosos. Você vai se surpreender com a resposta dos seus filhos ao se conectarem com você de verdade.
Roberta Castro - é Ginecologista e especialista em terapia familiar. Coordenadora do Ministério de Música e Artes da Renovação Carismática Católica no Estado do Espírito Santo.


Quero ter filhos ou quero ser mãe?

Quero ter filhos ou quero ser mãe?

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
Parece que a pergunta é uma só, mas existe uma diferença muito grande entre cada uma delas

A primeira pergunta, na verdade, podemos dizer que é fruto de um desejo bem egoísta, uma satisfação do próprio ego. Muitas mães têm seus filhos como troféu, pois ela os expõe constantemente, exibindo aquele que “salvou” o casamento depois de seu nascimento. Exibir as belas roupas caras que é capaz de dar para esse filho, expor seu desenvolvimento e talento, afinal de contas, o filho é especial.

Muitas mães colocam os filhos nesse lugar, e isso é perigoso, porque colocam neles um peso que ainda não são capazes de suportar, mesmo que lhes pareça interessante ou divertido, não é próprio de sua idade. As mães expõem seus filhos como forma de mostrar que sua família é perfeita. Será que é? Ou será que criou um conto de fadas para essa criança viver? Quando ela descobrir que não é a princesa ou o príncipe, qual será a reação dela?

Toda criança passa naturalmente pela fase do narcisismo, egoísmo e egocentrismo. Porém, se essas fases forem estimuladas, pode ser que a criança não dê conta de superá-las e continue presa a elas por toda vida. Pense como é chato e desgastante uma relação com adultos narcísicos, que só pensam no quanto eles podem ser bons, belos e ostentar tudo o que têm! Ou um adulto que possui um grande sentimento de posse, que quer tudo, não se satisfaz com nada e fica às voltas com “ter coisas e pessoas”, todas no mesmo lugar de objetos de pertença. Quem sabe um adulto egocêntrico, que se diz o dono da verdade, que sua palavra e seus pensamentos são sempre os melhores. Tenho certeza que não será fácil conviver com essas pessoas.
Mães que desejam ser mães

Ter filhos é uma resposta à sociedade! Isso revela que sou capaz e viril! Mas a via do amor passa um pouquinho distante dessa relação social. Não que aqueles que desejam a todo custo ter um filho não os amem, mas é uma manifestação de amor diferente.
Aquelas mães que desejam ser mães querem os filhos da forma que eles vierem. Seja saudável, enfermo, biológico ou do coração. Não importa a forma que ela vem, importa que tenho amor para dar a essa criança que me foi confiada. Se você recebesse a notícia de que não poderia gerar filhos, qual seria a sua reação? Adotaria um cachorro e daria a ele todo “amor” que acredita ter? Ficaria presa em seus sentimentos de impotência, doença ou maldição e amargaria a vida e a Deus por não realizar seu sonho? Ou seria capaz de acolher uma criança que foi gerada no ventre de outra pessoa? Difícil resposta, não é?

Uma vez, ouvi uma mãe dizer a Deus que precisava encontrar seus filhos, porque ela sofria a falta deles e sabia que eles também sentiam a falta do amor de mãe. Deus a ouviu e lhe deu uma filha do coração. Esse é o verdadeiro sentido de ser mãe! Saber que possui um amor tão grande que sente a ausência desse filho, o qual, muitas vezes, vem de forma surpreendente.


Adotar uma criança pode ser um risco para aqueles que não sabem amar. Você quer ser mãe ou quer ter filhos?
Aline Rodrigues - é psicóloga há 10 anos, é missionária do segundo elo da Comunidade Canção Nova.