A Palavra de Deus

A Palavra de Deus

DOPAS

DOAÇÃO, ORAÇÃO, POBREZA, ALEGRIA E SIMPLICIDADE

25 de agosto de 2010

     Adolescendo... a fase mais linda da vida. Imagine um riacho cristalino que desce da montanha; um equilibrista na corda bamba da vida; um fruto amadurecendo e criando as primeiras sementes; imagine alguém que aprende, a duras custas, a equilibrar-se na bicicleta da vida; imagine, ainda, alguém que aprende a dirigir e descobre o freio, o acelerador e os semáfros. 
        A adolescencia é um pouco de tudo isso.  É crescimento, aprendizado e descoberta dos porquês da vida. 
Adolescência é transição. Tão importante quanto o trecho que leva de uma estrada à outra, tão importante quanto um vôo de conexão para outro grande vôo. Mas é transição. Dura pouco e deve durar pouco. Dura menos que a infância, menos que a juventude e menos que a idade adulta. 
    Quem lhe dissesse que adolescência e juventude são as fases mais lindas da vida estaria fazendo poesia e média com os jovens, mas não estaria dizendo a verdade. Se for assim espere uma vida feita depois dos 25 anos... 
O projeto humanidade é bem diferente. O ser humano é feito para amadurecer. 
     E a vida adulta apesar de carregar enormes problemas decorrentes das opções próprias do adulto, pode e deve ser mais linda do que a juventude. Não leve muito a sério o adulto que lhe diz que a juventudeé a fase mais linda da vida. 
Nas entrelinhas está dizendo que é mais infeliz agora do que quando era jovem. E que sua vida agora é menos linda do que aos 17 anos. Acredite mais naquela pessoa de 50 ou 60 anos que se mostra feliz e gosta imensamente de ser quem é. 
Aprenda com esta. Amadureceu feliz. 
Padre Zezinho
FAMA SÚBITA 
Pe Zezinho scj 

       O que houve com Susan Boyle, voz fenomenal, 47 anos, internada em maio de 2009 com sinais de colapso nervoso e com a menina Maísa, 7 anos, que chorou duas vezes por sentir-se deslocada diante das câmeras que ela parecia dominar; o que houve com centenas de pessoas a quem a fama feriu por alguns momentos ou para sempre, merece reflexão. 
      A notoriedade não é para qualquer pessoa nem para qualquer idade. Há formigas que carregam pesados fardos e chegam ao formigueiro. Outras, sucumbem à caminho, ou abandonam a carga. Tem acontecido com cantores, artistas, sacerdotes, jogadores e atletas. A mídia é veículo, mas pode se tornar um fardo acima da capacidade da pessoa. Isso explica os desvios de conduta de alguns jogadores de futebol que jogam tudo para o ar e tiram férias por própria conta; também artistas que abandonam o set de filmagem e vão embora cuidar de sua vida pessoal; também os religiosos que rompem com a vida espiritual pregressa e partem para o seu projeto pessoal, e isso, em todas as igrejas. 
*** 
   Foram milhares os famosos feridos pela fama. Suicídios, crimes, desrespeito à palavra dada e aos contratos assinados, graves desvios de conduta, sucessivos matrimônios falidos, perda de rumo, graves problemas com a lei ou com o seu público mostram que, tanto entre eles, os notórios e famosos, quanto entre os não notórios cansados de algum fardo, há feridas incuráveis. Mas o drama ganha dimensões catastróficas quando alguém galgou os degraus da fama. 
*** 
   Álcool, drogas, superdoses de medicina, tendência à autodestruição estão na ordem do dia de muitos famosos; não porque são famosos, mas porque no caso deles, a fama tornou-se peso impossível de administrar. Pensaram controlar e acabaram controlados. É que ninguém fica famoso sozinho. Há todo um mecanismo de marketing atrás da fama. É esse mecanismo que sustenta os famosos que, desde o começo se revela maior do que a pessoa promovida. 
    Os famosos são mais levados do que imaginam ir. Como a criança no carrinho dos tutores que não deseja ir onde a levam, alguns famosos esperneiam, querem fugir do contrato, tentam saltar fora e arcar com menos compromissos, mas nem sempre conseguem. " The show must go on" dizia-se em Hollywood. Pararam de dizer, mas ainda o fazem. Em outras palavras, vale o show e não o artista, nem mesmo o artista número um! Há milhões de dólares em questão! 
*** 
    Aí a fama começa a doer. E é sofrimento mortal que alguns tentam amenizar com drogas. Em alguns casos, como o de Elvis Presley, Marilyn Monroe e Michael Jackson e Elis Regina, que perderam o controle do que ingeriam e do pastor Jim Jones que perdeu o controle da fé que anunciava, chega-se ao ponto do não retorno. Algum dia virá a super-dosagem. O tristemente famosos pastor matou-se e matou mais de 800 fiéis ao ver que sua Jonestown corria o risco de não dar certo.. Não soube voltar atrás. Apostara demais no seu projeto. 
*** 
   Crianças pagaram um alto preço pela notoriedade. De Shirley Temple a Maísa, há que se distinguir o que para uma criança é brincadeira e quando deixa de ser. No caso de Maísa, a simpática e prendada menina de sete anos, sinalizou com clareza que a brincadeira do ancião e famoso apresentador tinha ido longe demais. A brincadeira dele a feriu. Shirley Temple que, na sua época, encantou milhões de cinéfilos amargou um terrível ostracismo ao deixar a infância. Com ela, Pablito Calvo e centenas de crianças midiáticas. A vida se lhes mudou radicalmente depois daqueles dias de holofotes. 
*** 
   Marilyn Monroe, Janis Joplin, Elvis Presley, Judy Garland, Michael Jackson, Elis Regina, Cássia Heller, quinze ou vinte famosos brasileiros, são apenas alguns dos mais conhecidos entre os mais de mil nomes de pessoas famosas que por um momento, ou por anos a fio perderam o controle e a paz. O caso da subitamente famosa Susan Boyle que, vivendo fama súbita de algumas semanas, precisou de ajuda logo após ter perdido uma competição, mostra que, às vezes, o peso da fama tira a pessoa do seu eixo. 
*** 
   Não acontece apenas no mundo artístico. Jogadores de futebol, atletas e até religiosos guindados à fama perderam, com facilidade o referencial e mudaram radicalmente de postura. Pensavam controlar a publicidade, mas foram por ela controlados. A fama, tanto quanto a mídia, são cavalos xucros. Feliz de quem consegue montá-la por anos a fio, sem cair. Na arena, a média é de cinco a oito segundos. Na vida, alguns passam décadas diante das luzes. Outros, porém, em menos de dois anos acabam cegos pelos mesmos holofotes que tanto cortejaram. A formiga cortara pedaço maior do que poderia carregar! 
    Quantos entre nós podem garantir que seriam mais fortes? Oremos pelos famosos. Alguns buscaram desesperadamente os pesos que hoje carregam. Outros não buscaram, mas descobriram-se famosos. Uns e outros sofrem. Mas quem quis a fama sofre mais. Muito provavelmente fez concessões que não deveria ter feito.

19 de agosto de 2010

A graça de perseverar 
Pe. Zezinho, scj 

Volúvel é o ser humano. Não se fixa em muitas coisas. Muitas vezes se fixa é no pecado, no qual não deveria perseverar enquanto abandona e trai a virtude, esta sim, motivo para perseverar. Não poucas vezes, o casal começa com juras de amor e de carinho eterno. Vem a dificuldade e um deles desiste. Pai ou mãe chora de emoção com o nascimento do filho no hospital. Vem a dificuldade e, ele ou ela, acaba fugindo de casa, sem o filho por quem chorou no dia do nascimento. 

O religioso se compromete, faz os votos. Vem a dificuldade e ele opta por outro caminho. Não agüentava mais aquele sacrifício. Descobriu que não estava pronto para tamanho peso. Assim, os que trocam de empresa, de profissão, de amor, de família! Todos eles seguiram outro caminho, ou porque o achavam melhor ou porque o outro estava difícil demais. 

Ninguém pode condenar alguém porque mudou. Sem conhecer todos os porquês, não há como emitir um julgamento. Na verdade, jamais conheceremos todos os porquês de uma pessoa. 

Fato é fato. A nossa é uma sociedade em que pouco se favorece o dom da perseverança. Pelo contrário, muitíssimas mensagens sugerem que se busque o novo. Embutido na proposta, o conselho de que quando as coisas ficam difíceis não faz sentido continuar ... É graça que se deve pedir. 
DEVOÇÕES EXPLOSIVAS 
Pe. Zezinho scj 

    Como professor há mais de 25 anos de "Prática e Crítica de Comunicação na Igreja" minha tarefa não é pura e simplesmente elogiar ou criticar a comunicação dos católicos. Tenho mais é a missão de orientar,questionar e alertar quem aceita minhas orientações para os riscos de uma comunicação insuficiente, confusa ou sujeita a criar desvios. O que é bom e correto deve ser elogiado, o que é bom, mas incorreto deve ser corrigido e o que não é bom deve ser fraternalmente questionado. 
    Sou membro de uma congregação de sacerdotes católicos que tem feito muito bem no mundo, mas cujo fundador, um sociólogo, jornalista e advogado foi duas vezes vetado pela Santa Sé. Uma, por volta dos 40 anos de idade quando, tendo começado uma congregação de sacerdotes oblatos dedicados ao Coração de Jesus, deu ouvidos a dois videntes que pretendiam traduzir novíssimas revelações do Coração de Jesus. Dehon se retratou e quatro meses depois foi-lhe permitido começar outro grupo que é hoje a Congregação dos Sacerdotes do Sagrado Coração de Jesus. Dele a maioria dos dehonianos herdou o cuidado com videntes e com os que dizem que Jesus lhes disse, ou que o Espírito Santo está dizendo a eles alguma coisa. Pelo que sei, a maioria dos meus colegas se pauta por Mateus 24, 24-26. Jesus mandou tomar cuidado com os novos revelados. 
    A segunda objeção ao nosso fundador, Padre Leão João Dehon, não obstante seus muitos méritos, veio cerca de 80 anos depois da sua morte com o questionamento que algumas autoridades da França fizeram a Roma sobre a sua beatificação. Não negam a santidade pessoal do orante e militante Leão Dehon, mas a oportunidade de declará-lo beato, diante da reação de um forte grupo de judeus da França, que não aceitam seus escritos dos anos l897-l903. Consideram-no pouco ecumênico porque mostrando erros políticos e econômicos de alguns judeus no poder, teria generalizado. Não foi o único do seu tempo a fazer isso, mas sobrou para ele. Os outros não eram candidatos à beatificação. Nós, os dehonianos de hoje, já pedimos desculpas por aquelas palavras. Outros seguidores de outros fundadores talvez um dia tenham que fazer o mesmo, a julgar pelos livros que alguns deles escreveram. 
   Embora Dehon tenha, em outras passagens, mostrado sua admiração pelo povo judeu, aquelas conferências deixaram frases explosivas. A beatificação foi sustada. Nós dehonianos entendemos. Se isso ajuda a causa do diálogo com os judeus, porque insistir? Santos nem sempre acertam em tudo. Outros disseram coisas bem mais pesadas, como foi o caso de São Jerônimo e São Pio V numa época de grandes conflitos entre judaísmo e cristandade, mas são vistos como santos. 
   Isso me leva a falar das devoções divulgadas por católicos de vida santa e piedosa, mas que, se não forem explicadas, levarão os fiéis a uma dicotomização do corpo de Cristo. Chamo-as de devoções explosivas. Lidar com dinamite pode dar em explosão se não for bem embalada... Eu mesmo, quando falo de Jesus, devoto que sou do seu Sagrado Coração, sempre explico que não estou adorando aquele órgão motor com sístole e diástole que bombeava o sangue de Jesus. Não adoro uma parte de Jesus. Falo do seu amor, como os pais chamam os filhos de "meu coraçãozinho", ou o casal se chama de "coração". É expressão simbólica. Nunca deixo de explicar, porque não quero que os fiéis adorem um órgão do Cristo. Por isso alerto meus alunos quanto a certas devoções que exclamam: sangue de Cristo, nós te adoramos; cabeça de Cristo, nós te adoramos; mãos de Cristo nós te adoramos... 

14 de agosto de 2010

Assunção de Nossa Senhora (Domingo 15/08/2010)


     Não! Ela não poderia virar as costas assim, perder-se nas profundezas do infinito - e deixar tantos órfãos curtindo a saudade da Mãe que ganharam de Cristo... 
     Sua missão sobre a terra está longe de ter acabado. Elevada ao céu, ela continua presente, enquanto houver aqui embaixo um apóstolo ou uma apóstola, um missionário ou uma missionária, um cristão ou uma cristã trabalhando e lutando para construir o reino de Deus. 
     Jamais poderíamos dispensar sua presença materna. Porque nós não passamos de eternas crianças à procura de amadurecimento da fé, necessitados de amparo e de afeto. 
Por isso creio nas manifestações dela, que são sinais de sua presença constante no meio do povo cristão. E creio na Assunção dela em corpo e alma. Não apenas porque a Igreja me pede que eu acredite, mas também porque sei que não poderia ser diferente. 
    A Assunção é a conclusão lógica da vida de Maria, como é a meta final de nossa pequena história, desfecho inevitável dos que caminham na esperança e na fé. Meta daqueles que guardaram o mandamento do amor em plena fidelidade. 
    Mas quantos são os cristãos que realmente vivem e se alegram neste amor e nesta fidelidade? Quantos são aqueles que, no coração da noite, ainda pensam no alvorecer da eternidade? E quantos são aqueles que caminham e vivem na impaciência de se unirem com Cristo e com a Mãe de todos nós? 
    Não. Assunção não é sonho proibido: é promessa para todos. Mas é urgente reavivar a chamada desta esperança, a fim de que ela não acabe se apagando para sempre. 
    Aquela que foi convocada para o céu - alma e corpo - convida-nos, hoje, a levantar a cabeça. O mais alto possível. Até onde a tentação do mundo se torna ridícula. 

Até onde a esperança da felicidade se torna certeza. 

Pe. Virgilio
Leva-me a conviver 
Pe. Zezinho, scj 

      Ainda não aprendi a conviver com irmãos e irmãs que não pensam como eu penso, não pregam como eu prego e não oram como eu oro. Ainda não sou suficientemente cristão, por isso mesmo, suficientemente ecumênico. Cristãos de verdade são fraternos e ecumênicos e, embora discordem do modo de crer e afirmar a fé, percebem Tua luz nas outras igrejas. Não se acham os únicos eleitos. Ainda sofro da tentação de achar que sou mais cristão do que eles; que eles precisam mudar e eu não! Preciso aprender urgentemente a praticar este exercício de humildade. 
    Há santos fora da minha casa, santos em outros grupos da minha igreja, santos em outras religiões, santos que tu fizeste porque são teus santos e não nossos. Não fomos nós que os fizemos santos, nem nosso maravilhoso movimento ou nossa querida comunidade. Foste Tu, Senhor, com a anuência e a concordância deles. 
     Concede-me, pois, a graça de tentar, nos anos de vida que me restam, ser um santo a teu modo; não ao meu; um santo que não entra em competição. Direi sempre o que penso, mas quero dizê-lo sem perder o respeito pelos irmãos de quem eventualmente eu discordo. Que meus irmãos sejam santos e consagrados do jeito deles. Eu tentarei ser santo do teu e do meu jeito. Se discordar deles, quero discordar com amor e sinceridade, de tal maneira que eles percebam que eu os amo. 
    Para que serve um santo, se ele não se pauta pela verdade? Para que um santo se não admira o que é bom da parte dos outros? Para que um santo que não discorda com sinceridade? Ajuda-me a não brigar pelo teu colo e a não achar que estou mais nele do que os outros. Que eu me contente com o pedacinho que tenho, que já é grande e que basta para as minhas pretensões de, um dia, encontrar-te e viver ao teu lado por toda a eternidade. Merecer, eu não mereço, mas espero estar em Ti para sempre, porque sei que da tua misericórdia. 

13 de agosto de 2010

Pai, Mãe, filhas, filhos... 
Solidão. Dor. Desamparo. Desamor? 
Não sei bem! 
Família: 
Diálogo! Amor! Deus! Fé! 
Diálogo: ponte para um recomeço 
Enquanto se desfaz a dor da solidão. 
Amor: Renovação cada amanhecer, 
Na baila dos encontros mais profundos! 
Deus: Motivação primeira, força, luz! 
Fé: busca mútua do sentido da existência 
Família: 
Dom. Entrega. Espera. 
Acertos e desacertos? 
Para o amor tudo é possível 
Na escola da convivência! 
Família: 
Humildade: escuta do outro, 
Perdão e confiança! 
Família: 
Laços desfeitos? Fenda rompida? 
Irmãos, amigos e amigas, 
Comunidade de fé, grande ajuda. 
Coragem! Para Deus nada é impossível! 
Família: 
Aconchego. Dor partilhada e calada. 
Confiança em Deus! Elo seguro! 

Celina Helena Weschenfelder
Casais que se contemplam 
Pe. Zezinho, scj 

      Contou-me ele, depois de onze anos de casamento. Não conseguindo dormir de dor no joelho, sentou-se numa poltrona ao lado da esposa que dormia no leito, chegou mais perto e passou a noite contemplando a mulher que o fizera pai, o ajudara a amadurecer para o amor e para a vida e o enchera de felicidade e sensatez. 
     -"Gratidão foi o que senti"-, dizia ele. E prosseguiu: - "Deus me deu uma mulher suave bonita, dois filhos, uma família amorosa e uma cúmplice para todos os momentos" 
É discorria: 
      "Fiquei olhando a mulher que eu procurara e achara, a mãe dos meus filhos, aquele corpo bonito, aquela alma escondida sob os olhos que dormiam, e vi nela meu outro eu, extensão de mim, ou eu extensão dela, não sei ao certo! 
      Mas uma das frases dele captou-me de maneira especial. Disse-me: -" Eu era um tipo de homem antes dela. Depois dela eu mudei. Acho que Deus a enxertou em mim e me enxertou nela. Produzo frutos que jamais pensei ser capaz de produzir. Ela deu sabor especial à minha vida. Acho que eu também a tornei mais pessoa." 
      Palavras de marido apaixonado que contempla sua esposa à beira do leito. Quantas esposas e maridos não assinariam em baixo dessa frase? Embora vocês brinquem, dizendo que se casaram com um desastre, com um estrupício, brincadeiras à parte, vocês sabem que, agora, quando querem achar-se, precisam mergulhar um no outro, porque seu eu está dentro da pessoa amada. Vocês deram, um ao outro, o que tinham de melhor e, agora, quando querem achar o melhor si, procuram no cônjuge. É investimento que rende! Isso, quando o casamento deu certo! 
   Conto sempre a história de Dona Leila, para ilustrar o que é um bom casamento. As meninas, que a idolatravam pela excelente mestra e amiga que era, um dia, em aula, perguntaram, à queima roupa, quando ela perdera a virgindade. Dona Leila, tranqüila, reagiu: 
- Mas eu não perdi! Não sou mais virgem, mas não perdi a virgindade! 
- A senhora é casada e tem três filhos. Como não perdeu a virgindade? 
- Eu não rodei bolsinha, nem saí do baile para o motel com um cara que nunca mais vi. Não perdi a virgindade para qualquer um. Dei-a ao meu marido e ele mora comigo. Minha virgindade está lá no mesmo leito que dividimos há catorze anos. E está em excelentes mãos. Só perde a virgindade quem não sabe onde a colocou. Eu sei o que fiz. Foi troca: eu me dei a ele e ele se deu a mim. Agora eu sou de um bom homem e ele, modéstia à parte é meu. Ele não precisa dizer isso: eu percebo. 
   Daquele dia em diante, as meninas perceberam que, isso de gostar de um cara, namorar e acasalar, passa pela descoberta de quem é este outro com quem criarão filhos. Sem alteridade, o sexo é apenas um troca-troca egoísta. Com alteridade é uma viagem de almas e corpos entrelaçados. É por isso que o casamento se chama de enlace! De laços o amor é feito. 

11 de agosto de 2010

                         Santo do dia Santa Clara de Assis
     Clara nasceu em Assis, no ano 1193, no seio de uma família da nobreza italiana, muito rica, onde possuía de tudo. Porém o que a menina mais queria era seguir os ensinamentos de Francisco de Assis. Aliás, foi Clara a primeira mulher da Igreja a entusiasmar-se com o ideal franciscano. Sua família, entretanto, era contrária à sua resolução de seguir a vida religiosa, mas nada a demoveu do seu propósito.
     No dia 18 de março de 1212, aos dezenove anos de idade, fugiu de casa e, humilde, apresentou-se na igreja de Santa Maria dos Anjos, onde era aguardada por Francisco e seus frades. Ele, então, cortou-lhe o cabelo, pediu que vestisse um modesto hábito de lã e pronunciasse os votos perpétuos de pobreza, castidade e obediência.
     Depois disso, Clara, a conselho de Francisco, ingressou no Mosteiro beneditino de São Paulo das Abadessas, para ir se familiarizando com a vida em comum. Pouco depois foi para a Ermida de Santo Ângelo de Panço, onde Inês, sua irmã de sangue, juntou-se a ela.
    Pouco tempo depois, Francisco levou-as para o humilde Convento de São Damião, destinado à Ordem Segunda Franciscana, das monjas. Em agosto, quando ingressou Pacífica de Guelfúcio, Francisco deu às irmãs sua primeira forma de vida religiosa. Elas, primeiramente, foram chamadas de "Damianitas", depois, como Clara escolheu, de "Damas Pobres", e finalmente, como sempre serão chamadas, de "Clarissas".
   Em 1216, sempre orientada por Francisco, Clara aceitou para a sua Ordem as regras beneditinas e o título de abadessa. Mas conseguiu o "privilégio da pobreza" do papa Inocêncio III, mantendo, assim, o carisma franciscano. O testemunho de fé de Clara foi tão grande que sua mãe, Ortolana, e mais uma de suas irmãs, Beatriz, abandonaram seus ricos palácios e foram viver ao seu lado, ingressando também na nova Ordem fundada por ela.
    A partir de 1224, Clara adoeceu e, aos poucos, foi definhando. Em 1226, Francisco de Assis morreu e Clara teve visões projetadas na parede da sua pequena cela. Lá, via Francisco e os ritos das solenidades do seu funeral que estavam acontecendo na igreja. Anteriormente, tivera esse mesmo tipo de visão numa noite de Natal, quando viu, projetado, o presépio e pôde assistir ao santo ofício que se desenvolvia na igreja de Santa Maria dos Anjos. Por essas visões, que pareciam filmes projetados numa tela, santa Clara é considerada Padroeira da Televisão e de todos os seus profissionais.
     Depois da morte de são Francisco, Clara viveu mais vinte e sete anos, dando continuidade à obra que aprendera e iniciara com ele. Outro feito de Clara ocorreu em 1240, quando, portando nas mãos o Santíssimo Sacramento, defendeu a cidade de Assis do ataque do exercito dos turcos muçulmanos.
    No dia 11 de agosto de 1253, algumas horas antes de morrer, Clara recebeu das mãos de um enviado do papa Inocêncio IV a aguardada bula de aprovação canônica, deixando, assim, as sua "irmãs clarissas" asseguradas. Dois anos após sua morte, o papa Alexandre IV proclamou santa Clara de Assis.

9 de agosto de 2010

O que sei sobre o Universo 
Pe. Zezinho, scj 
    Foi na Igreja Católica que aprendi a contemplar o Universo. Até meus 16 anos eu achava aquilo tudo um monte de estrelinhas cintilantes. Nunca me importei com elas. A leitura de alguns textos bíblicos na liturgia, algumas canções do Movimento Gen, alguns livros de espiritualidade e a fala de pregadores em retiros e missas, foram me enchendo de curiosidade por saber mais sobre aquelas luzes. Não poderiam ser frutos do acaso! 
    Comecei a mergulhar mais de cheio na Bíblia, sobretudo, no Gênesis e nos Salmos. Dali nasceriam mais tarde uns 200 poemas e canções sobre a criação e sobre ecologia. Gosto, sobretudo, do Salmo 8. É estupendo. Sem maior conhecimento de psicologia, de biologia ou de sociologia, sem luneta nem telescópios, o autor sabia da vastidão do Universo e da profundidade que há num ser humano. 
     De canto em canto e de prece em prece comecei a agradecer a Deus por morar aqui neste canto da Via Láctea. O que é o homem para que Deus se importe com esse minúsculo ser vivo (Sl 8,4-5), mas inteligente? O que é a minúscula Terra onde moramos, para que Deus tenha feito o que fez por ela, dispondo as rotações e os equinócios de tal forma que ela pega calor e frio com impressionante regularidade? De onde veio a água que temos? Por que a precisão de horas, minutos e dias? Alguém queria a vida aqui! Não foi acaso! 
     A leitura de escritores de renome e de cientistas insuspeitos na sua busca, levaram-me a ouvir os que não crêem em Deus e nos que o amam e louvam. Todos eles me ensinaram alguma coisa. O ateu confesso Karl Sagan (1920-1984) me ensinou mais sobre Deus do que muita gente religiosa. O que ele me mostrou sobre o Universo me aproximou ainda mais do Deus, em quem ele gostaria de crer (livro:Bilhões e Bilhões). Era certamente mil vezes mais bem informado do que eu, mas o universo que aumentou a minha fé, o deixou perplexo. É que sabia mais do que eu e tinha mais interrogações do que eu. Eu me contentei com o pouco que sabia. Foi suficiente para eu concluir. Respeito as dúvidas dele. Já deve estar satisfeito agora que conhece Deus, porque ele deve ter ido para o céu, de tanto que amou esta obra de Deus. 
   Não posso julgá-lo. Só sei que o universo o ensinou a amar o ser humano. A mim ensinou a amar também o Criador que ainda não sei como é. Só sei que Ele existe e que não se parece com nada do que já vi. Ele é mais do que tudo o que possamos descrever ou imaginar. 
   O que sei sobre o Universo é que é gigantesco e desafia todos os estudiosos. Quanto mais descobrimos sobre os bilhões e trilhões de corpos siderais, tanto mais perplexos ficamos. Estamos nos primeiros passos de uma quase infinita estrada de bilhões e bilhões de anos luz. Ou seja: nem sequer começamos... 
Sei muito pouco sobre a criação quase infinita e menos ainda sobre o Criador infinito, mas, depois de ler mais de 50 livros sobre o assunto, já sei o suficiente para saber que estou aqui porque Alguém aqui me quis, neste planeta, neste tempo, nesta era e netsa hora... 
   Como tenho mais de 60 anos, imagino que não tenha muitos anos para desfrutar minha estadia por aqui. Certamente será menos do que os anos que já vivi e nem sempre aproveitei para adorar e louvar o meu Senhor. Mas tenho suficiente humildade para reconhecer que é muito mais o que não sei do que o que sei. E é uma das razões pelas quais sou ecumênico. Minha Igreja não sabe tudo. Mas ela pelo menos admite! (CIC 37). 
   Sei que um pregador encontra Jesus quando fala como aprendiz e nunca como dono da verdade. Tive a sorte de conhecer professores e pregadores humildes das mais diversas Igrejas cristãs. Eles olhavam para o Universo como eu olho: como aprendizes. Quando eu morrer, se Deus me levar para o seu céu, então saberei como isso tudo era imenso! E saberei que não eram apenas estrelinhas cintilantes... Quem sabe descobrirei que havia vidas inteligentes e seres que louvavam a Deus em algum outro canto da criação!... Um dia, como Paulo, verei isso com clareza e sem as imperfeições da ciência e das Igrejas de hoje (1 Cor 13,12). 
   Agora, olho pelo telescópio e pelos microscópios e louvo a Deus por ter visto um pouco dos detalhes da sua obra, mas não brinco de escolhido. Ele sabe se me escolheu ou não. Eu apenas tento aprender mais e mais sobre Ele. Ninguém vai me ouvir num púlpito, gritando que nós somos os inteligentes e os escolhidos e os outros todos são cegos. Minha santa mãe, a Igreja Católica, não aceitaria isso! Se outras igrejas aceitam, então elas têm um sério problema de fé e outro de humildade (Rom 2,6)... 

6 de agosto de 2010

        Em vez de pensar em se destruir, quebre os óculos com que se olha. 
     Você admira os super-heróis, os presidentes de empresas, as grandes estrelas, os modelos nas revistas, os chefes de Estado e todas essas figuras impecáveis nas fotografias; mas, e você? Você não vale mais do que uma imagem, mais do que um número? 
      Você pode decidir ocultar os seus limites; cedo ou tarde, seus amigos vão encontrá-los. Se resolver aceitá-los, convidará também os outros a olhá-lo sem vergonha. A pessoa que mais precisa se sentir amada não é o palhaço projetado para fora de você, mas sim o seu eu interior, com seus temores de ser rejeitado, de decepcionar, de não conseguir sair-se bem, de não ser bastante bonito. 
   Quando você se fecha, mostra-se como uma rocha sem falhas, alguém que não precisa de amor. Nunca se sentirá realmente amado, se não ousar praticar a esperança de revelar o seu verdadeiro rosto. Tirando a sua máscara, você convida o outro a se desarmar. Juntos vocês encontrarão uma intimidade rica em descobertas. 
      Não feche as entradas de seu coração para sufocar as suas emoções. Sem elas, quem é você? 
      Nenhuma lágrima de alegria ou de dor consegue toldar o olhar de uma pessoa vencedora. 
As lágrimas, pelo contrário, limpam o olhar que você lança sobre as suas forças, e permitem que você descubra outras. Livre-se da sua cadeia de complexos. A rosa desabrocha, apesar dos espinhos que ela consegue tão bem nos fazer esquecer. Menos poderosa que os imensos luminosos, a chama da candeia brilha com tanta delicadeza que nada conseguiu ainda imitar a simplicidade da sua beleza. 
   Você procura a excelência. Então tente construí-Ia com humildade. Evite os movimentos bruscos do poder, pois a excelência resiste mal às ambições egoístas. Compartilhe-a, permita que outros a alcancem também. Esta é a única maneira de fazê-la aumentar. Os irrequietos afirmam que chegaram ao grande êxito, sacrificando amizades, alegria, descontração, família... para dedicar-se unicamente à competição. Ora, as pessoas verdadeiramente grandes caminham pela estrada da excelência com prazer, amor e confiança. 
    Se vir alguém superior a você, não o inveje, pois você desperdiçará inutilmente suas forças. O melhor não está no outro, mas no seu espírito. Por que procurar no outro o que só existe em você? No seu compromisso de tornar-se melhor, faça apenas uma pergunta: "Como poderei manifestar a felicidade, se não a trago dentro de mim?" 
   Quando eu for capaz de dizer claramente a mim Mesmo: "Eu me sinto bem comigo mesmo", estarei correndo um grande risco: que os outros descubram isso e cresçam com a qualidade da minha presença. Pelo meu comportamento, tento aproximar-me do grande carvalho que, em frente à minha casa, a cada primavera, não se cansa jamais de ser ele mesmo. 
  Para mostrar aos outros o melhor de você, primeiro conheça as suas forças através da auto-estima. Você não pode compartilhar o que Imagina não ter. 

François Gervais