O futuro da pregação cristã
Pe. Zezinho, scj
Pregadores que não lêem
É visível o desconforto. Um giro pelos canais com programação religiosa mostra a maioria dos pregadores falando de si ou de sua igreja, muita simpatia, muita animação, muita alegria, muito entusiasmo, curas, milagres, exorcismos, promessas de solução, garantias de sucesso, mas pouca historiam, pouca exegese, pouca teologia. Paulo desejou aos Efésios 3,18 que crescessem aprendendo mais sobre a profundidade, a largura, a altura e o comprimento do mistério do Cristo. Estava propondo o que Aristóteles chamava de mathein. Os e-mails que recebo e o que ouço do povo dizem que falta o mathein: muita vivência e muito testemunho e pouca profundidade. Muita simpatia e pouca teologia. O que me impressiona é ouvir isso de pessoas simples. Acham que o pregador é simples demais. Esperam mais cultura dos seus padres e pastores, muitos dos quais raramente citam documentos de suas igrejas e outros pensadores. Nosso padre lê pouco, Nosso pastor lê pouco.. São frases duras de se ouvir. Mas é isso o que muitos dizem. Pregador não tem que ser doutor, mas tem que ser leitor.
Por esta e outras razões preocupa-me o futuro da pregação cristã na mídia. Chegará o dia em que a multidão não ligará mais aqueles canais nem quererá mais ouvir e ver aqueles programas porque já sabe tudo o que vai ouvir e ver. A mesmice é perigosa para a pregação cristã., Uma coisa é repetir e outra é agir como papel carbono.
E será um dia muito triste para a fé cristã, por culpa, não do povo, mas dos pregadores que enfrentaram aqueles microfones e aquelas câmeras sem nenhuma preparação. Acreditaram demais no seu charme. Foram para lá de cesta e de pacote vazio. Na hora de puxar pelo conteúdo não havia. Então deram um pouco mais de simpatia e outro pouco mais do mesmo de ontem. E pensar que bastaria terem anotado umas dez frases de algum livro profundo e de algum documento da Igreja. Não o fizeram.
Repetiram as frases de sempre. Teriam duzentas maneiras de dizê-lo mas disseram exatamente a mesma coisa., dia após dia, semana após semana. Sabiam que estavam se repetindo mas abusaram da paciência do povo. Não perceberam que a pedagogia da repetição não é mesmice de gestos e palavras. O povo se cansou! .Aconteceu com outros apresentadores. Porque não aconteceria com os pregadores? Os templos vazios de hoje ou de amanhã contam histórias de pregação que deu certo por um tempo, mas caducou porque os novos pregadores não tinham nem o mesmo conteúdo nem a mesma unção! Pois é para isso que a Igreja escreve documentos e os teólogos escrevem livros. Para motivar a unção e melhorar o conteúdo. As estantes dos pregadores traem seu preparo e sua cultura. Algumas delas têm mais CD´s e vídeos do que livros de teologia! Infelizmente!
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