Vivemos na Igreja um tempo especial da graça de Deus, a ser guardado “de cor”, quer dizer, no coração! Foram dois anos de missão popular, com a qual dois sinais, a Cruz da Jornada Mundial da Juventude e o Ícone de Nossa Senhora, percorreram todos os recantos do Brasil. Foi dito e cantado, repetido e acolhido no coração o “Bote Fé”, que repercutiu magnificamente, conduzindo jovens e adultos a uma resposta mais decidida ao Senhor, que chama a todos. Ouvimos, cantado em muitos tons, “no peito eu levo uma Cruz, em meu coração o que disse Jesus”.
Deus preparou para a Igreja uma nova estação de evangelização, preparada por Bento XVI, que ajudou-nos a ter claras as razões da Fé. E desde o dia treze de março de 2013, os cristãos católicos saem em campo aberto, protagonistas da nova Evangelização, jogando “na linha de frente”, “atletas de Cristo”, conduzidos pelo Santo Padre o Papa Francisco. Buscamos a todos, pois o limite são os confins da terra, nada menos do que todos, já que têm direito de acolher a Boa Nova de Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida!
E o próprio Papa veio ao Brasil, e do Brasil foi ao mundo, passando pelo campo da fé que era o coração de todos os participantes da “Jornada Mundial da Juventude”, fazendo que o Rio de Janeiro se transformasse num espaço do envio sempre renovado ao anúncio do nome de Jesus Cristo. Rostos emocionados, jovens de todas as idades, livres e soltos, abertos para a vida e para o futuro, foram à praia que Jesus tinha indicado. Quando o viram presente no meio deles, presente no próximo, na multidão reunida e, mais do que tudo, no Sacramento Eucarístico, prostraram-se em adoração, mesmo que alguns tivessem dúvida! Mais uma vez, Jesus se aproximou deles e disse outra vez: “Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações, e batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-lhes a observar tudo o que vos tenho ordenado” (Cf. Mt 18, 16-20).
Entre os participantes da Jornada Mundial da Juventude estavam muitos Bispos. Os Bispos de Belém estiveram lá, com mais de quatro mil representantes da Arquidiocese de Belém. Estávamos unidos a outros Bispos de nossa Região, e tivemos a grata alegria de ouvir o Papa que, ao dirigir-se ao Episcopado brasileiro, indicou a Amazônia como uma prioridade para a ação pastoral da Igreja. Cada um dos Bispos se aproximou para saudar o Papa e experimentei a grande alegria de uma palavra que é estímulo missionário para a Igreja de Belém. Quando me apresentei como Arcebispo de Belém, ouvi sua palavra, olhando bem em meus olhos e segurando-me pelos ombros: “Arrisquem-se! Não tenham medo de arriscar-se. Se vocês não se arriscarem, já estarão errados”. Acolhi sua palavra em nome de toda a nossa Arquidiocese e partilhei logo com os Bispos de nossa Província Eclesiástica e Regional Norte II da CNBB.
Na Vigília celebrada na Praia de Copacabana, pareceu-me entender que o primeiro risco estava na palavra forte: “começar por mim”, com a coragem de descortinar novos campos para evangelização e chegar às periferias geográficas e existenciais, de modo especial a humanidade chagada que clama por aquele que é a única esperança, Jesus Cristo.
Risco é aceitar ser diferente para melhor, na estrada da santidade, sem nivelar nossa vida por baixo! Risco é anunciar a verdade, primeiro a cada um de nós e depois testemunhá-la na coerência do testemunho. Risco é dizer à juventude que vale a pena seguir o Evangelho e que o consumismo, o relativismo e o indiferentismo não conduzem à realização. Risco é anunciar aos que caem que Deus é misericordioso e espalhar o perdão por toda parte.
O risco se amplia, para não errarmos, indo às pessoas que se afastadas da Igreja ou assim se sentem. Queremos arriscar, sim, abrindo frentes de presença da Igreja, através das novas Paróquias e não fiquem espaços sem o anúncio do Evangelho, assim como a acolhida a todas as novas e eficazes formas de evangelização, suscitadas pelo Espírito Santo. Risco é a formação de Comunidades vivas, que darão muito trabalho aos atuais agentes de pastoral e todas as pessoas que se sentem chamadas a olharem ao seu redor, a fim de que ninguém passe em vão ao nosso lado. Arriscar-se é não ter medo do diálogo com quem é diferente e edificar pontes com todos.
Risco é assumir de verdade a organização da caridade, ouvindo e respondendo ao grito dos mais pobres. O horizonte de nossos riscos se amplia quando olhamos do outro lado de nossos rios, onde há uma população insular e de ribeirinhos, parte integrante da família dos filhos de Deus. A estes irmãos e irmãs chegue nossa presença!
Ao entregar ao Papa uma Imagem de Nossa Senhora de Nazaré, havia o desejo de responder, junto com a Virgem Maria, o sim corajoso! Não temos o direito de acomodar-nos! Se não nos arriscarmos, já estaremos errados! Para garantir a o caminho a ser percorrido, temos uma certeza, vinda de Jesus: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,20).
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém do Pará (PA).
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