A Palavra de Deus

A Palavra de Deus

DOPAS

DOAÇÃO, ORAÇÃO, POBREZA, ALEGRIA E SIMPLICIDADE

30 de julho de 2013

OUSADIA

Vivemos na Igreja um tempo especial da graça de Deus, a ser guardado “de cor”, quer dizer, no coração! Foram dois anos de missão popular, com a qual dois sinais, a Cruz da Jornada Mundial da Juventude e o Ícone de Nossa Senhora, percorreram todos os recantos do Brasil. Foi dito e cantado, repetido e acolhido no coração o “Bote Fé”, que repercutiu magnificamente, conduzindo jovens e adultos a uma resposta mais decidida ao Senhor, que chama a todos. Ouvimos, cantado em muitos tons, “no peito eu levo uma Cruz, em meu coração o que disse Jesus”.

Deus preparou para a Igreja uma nova estação de evangelização, preparada por Bento XVI, que ajudou-nos a ter claras as razões da Fé. E desde o dia treze de março de 2013, os cristãos católicos saem em campo aberto, protagonistas da nova Evangelização, jogando “na linha de frente”, “atletas de Cristo”, conduzidos pelo Santo Padre o Papa Francisco. Buscamos a todos, pois o limite são os confins da terra, nada menos do que todos, já que têm direito de acolher a Boa Nova de Jesus Cristo, Caminho, Verdade e Vida! 

E o próprio Papa veio ao Brasil, e do Brasil foi ao mundo, passando pelo campo da fé que era o coração de todos os participantes da “Jornada Mundial da Juventude”, fazendo que o Rio de Janeiro se transformasse num espaço do envio sempre renovado ao anúncio do nome de Jesus Cristo. Rostos emocionados, jovens de todas as idades, livres e soltos, abertos para a vida e para o futuro, foram à praia que Jesus tinha indicado. Quando o viram presente no meio deles, presente no próximo, na multidão reunida e, mais do que tudo, no Sacramento Eucarístico, prostraram-se em adoração, mesmo que alguns tivessem dúvida! Mais uma vez, Jesus se aproximou deles e disse outra vez: “Foi-me dada toda a autoridade no céu e na terra. Ide, pois, fazer discípulos entre todas as nações, e batizai-os em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Ensinai-lhes a observar tudo o que vos tenho ordenado” (Cf. Mt 18, 16-20). 

Entre os participantes da Jornada Mundial da Juventude estavam muitos Bispos. Os Bispos de Belém estiveram lá, com mais de quatro mil representantes da Arquidiocese de Belém. Estávamos unidos a outros Bispos de nossa Região, e tivemos a grata alegria de ouvir o Papa que, ao dirigir-se ao Episcopado brasileiro, indicou a Amazônia como uma prioridade para a ação pastoral da Igreja. Cada um dos Bispos se aproximou para saudar o Papa e experimentei a grande alegria de uma palavra que é estímulo missionário para a Igreja de Belém. Quando me apresentei como Arcebispo de Belém, ouvi sua palavra, olhando bem em meus olhos e segurando-me pelos ombros: “Arrisquem-se! Não tenham medo de arriscar-se. Se vocês não se arriscarem, já estarão errados”. Acolhi sua palavra em nome de toda a nossa Arquidiocese e partilhei logo com os Bispos de nossa Província Eclesiástica e Regional Norte II da CNBB.

Na Vigília celebrada na Praia de Copacabana, pareceu-me entender que o primeiro risco estava na palavra forte: “começar por mim”, com a coragem de descortinar novos campos para evangelização e chegar às periferias geográficas e existenciais, de modo especial a humanidade chagada que clama por aquele que é a única esperança, Jesus Cristo.

Risco é aceitar ser diferente para melhor, na estrada da santidade, sem nivelar nossa vida por baixo! Risco é anunciar a verdade, primeiro a cada um de nós e depois testemunhá-la na coerência do testemunho. Risco é dizer à juventude que vale a pena seguir o Evangelho e que o consumismo, o relativismo e o indiferentismo não conduzem à realização. Risco é anunciar aos que caem que Deus é misericordioso e espalhar o perdão por toda parte.

O risco se amplia, para não errarmos, indo às pessoas que se afastadas da Igreja ou assim se sentem. Queremos arriscar, sim, abrindo frentes de presença da Igreja, através das novas Paróquias e não fiquem espaços sem o anúncio do Evangelho, assim como a acolhida a todas as novas e eficazes formas de evangelização, suscitadas pelo Espírito Santo. Risco é a formação de Comunidades vivas, que darão muito trabalho aos atuais agentes de pastoral e todas as pessoas que se sentem chamadas a olharem ao seu redor, a fim de que ninguém passe em vão ao nosso lado. Arriscar-se é não ter medo do diálogo com quem é diferente e edificar pontes com todos.

Risco é assumir de verdade a organização da caridade, ouvindo e respondendo ao grito dos mais pobres. O horizonte de nossos riscos se amplia quando olhamos do outro lado de nossos rios, onde há uma população insular e de ribeirinhos, parte integrante da família dos filhos de Deus. A estes irmãos e irmãs chegue nossa presença!

Ao entregar ao Papa uma Imagem de Nossa Senhora de Nazaré, havia o desejo de responder, junto com a Virgem Maria, o sim corajoso! Não temos o direito de acomodar-nos! Se não nos arriscarmos, já estaremos errados! Para garantir a o caminho a ser percorrido, temos uma certeza, vinda de Jesus: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,20).
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém do Pará (PA).

SUBLIMIDADE DE CRISTO

A Jornada Mundial da Juventude nos reservou muitas alegrias e até surpresas. O Papa Francisco mostrou-se um pastor profundamente sintonizado com o povo. Sua alma fala com a multidão, com uma leveza espontânea de um pai, amado pelos seus filhos. Cumpriu a vontade de Jesus que queria que São Pedro “confirmasse seus irmãos na fé” (Lc. 32,22). O que se pôde observar é que o centro de seus interesses não era a sua própria pessoa, mas a juventude e o povo em geral. A esses ele queria dar o testemunho de sua vida cristã, totalmente voltada para Cristo. Embora tivéssemos tido muitos momentos de grande significado, nesta Jornada Mundial da Juventude, quero destacar, no entanto, apenas um que, foi um ponto alto de tudo que se viu. Trata-se da Via Sacra do Jovem. Estamos diante de uma representação teatral moderna, fiel à figura central que é Cristo, cujo fulgor atingiu uma expressão mundial. Em qualquer lugar do planeta a encenação pode ser considerada uma obra prima.

A peça se manteve dentro da mais sadia tradição. Mas ao mesmo tempo se encarnou no mundo moderno. Mostrou toda a grandiosidade do Filho de Deus, cujo sacrifício se mostrou o centro da história mundial. A execução do gesto de solidariedade do Salvador, provocou profundas emoções em todas as pessoas que viram a Via Sacra ao vivo, ou acompanharam pela televisão. O profundo silêncio da multidão vem comprovar que só Deus satisfaz a alma humana. Já nos dizia o salmista: “Eu digo ao Senhor: só tu és o meu bem” (Sl. 16, 02). Isso não elimina a necessidade de nos voltarmos para tantas atividades humanas, quais sejam as econômicas, as políticas, as científicas... Elas fazem parte da vida do ser humano. Mas não convém que ocupem o centro do coração. Este queremos reservar Àquele que é o nosso mais fiel amigo: Cristo. Diante dele todos os heróis humanos perdem brilho. Ele nos ajuda, sem nos substituir. Ele nos faz propostas, sem seqüestrar nossa liberdade. Sua presença na vida é estimulante. Ele não é pé no freio, mas proposição de nobres ideais. Um jovem, diante de Jesus exclamou: Cristo é demais. Os Jovens vibram com Ele. Mas também rejuvenesce o coração de qualquer ancião.
Dom Aloísio Roque Oppermann
Arcebispo emérito de Uberaba, MG.

QUANDO É QUE VOCÊS REZAM?

Muitos anos atrás, um monsenhor que estava visitando as missões do Oceano Pacífico, desembarcou numa pequena ilha semideserta. Foi acolhido com entusiasmo por três velhinhos que ele considerou bem esquisitos por parecerem quase selvagens. O prelado começou a interrogá-los:

- Meus filhos, como vocês vivem aqui? Como ocupam o seu tempo?
- Eu estou sempre muito atarefado – respondeu o primeiro – todos os dias, vou pescar para alimentar os meus irmãos.
- Eu também vivo muito ocupado – respondeu o segundo – caço animais e curto as peles para vestir e calçar os meus irmãos.
- E eu – respondeu o terceiro – construí uma cabana e zelo para que fique em ordem, nunca me sobra tempo.
- Mas quando é que vocês rezam? – perguntou o monsenhor.
- Rezar? – responderam juntos os três velhinhos – Nós não sabemos como.

Então, o prelado começou a ensinar-lhes, com muita paciência, o Pai-Nosso. Depois foi embora, continuando a sua viagem. Dois dias depois, um fenômeno impressionante foi visto do navio onde o monsenhor estava. Uma luz fulgurante avançava sobre o mar. Quando esteve perto da embarcação, todos puderam ver os três velhinhos caminhando sobre as águas. Eles subiram no navio e com muita humildade pediram ao prelado:
- O senhor nos perdoe, mas somos homens ignorantes e esquecemos a sua oração: poderia voltar a repeti-la para nós, por favor?

Como sempre não precisamos acreditar nos exemplos que os antigos contavam. No entanto, a mensagem desta pequena história não quer desmerecer a oração do Pai-Nosso, a única oração que o Senhor Jesus ensinou a pedido dos seus discípulos. Ao contrário, quer nos ajudar a entender o que deve acompanhar a verdadeira oração.

Mais do que de palavras repetidas, a oração é feita de atitudes e de gestos concretos que ela própria motiva e ilumina. É fácil entender. Não adiantaria chamar Deus de Pai, acreditar e confiar pessoalmente nele, para, depois, nos esquecermos do compromisso de exercer a mesma paternidade bondosa com os nossos irmãos, tornando-nos, assim, cada vez mais semelhantes a Ele no amor e na generosidade. Teria, também, pouco sentido pedir a Deus o perdão de nossas culpas para depois não saber perdoar a quem nos tem ofendido. É verdade que os três velhinhos da história não conheciam as palavras do Pai-Nosso, mas o zelo em cuidar uns dos outros fazia deles uma verdadeira família. Cada um era “pai”, “mãe” e “irmão”, isto é, zeloso cuidador do outro.

Nós conhecemos a Oração do Senhor muito bem ao ponto de rezá-la, muitas vezes, sem dar nenhuma atenção às palavras e ao sentido delas; rezamos às pressas como uma qualquer peça decorada. O Pai-Nosso, porém, mereceu um capítulo próprio no Catecismo da Igreja Católica. Significa que é o modelo de toda oração, não só por ser palavra de Jesus, mas porque recolhe as afirmações e os pedidos essenciais da nossa fé. Por exemplo, no Pai-Nosso tudo é no plural. É a oração do Povo de Deus que pede o que é necessário para o bem, a paz e a alegria de todos. No Pai-Nosso não pedimos pela saúde de um ou de outro, mas sim para que venha a nós o Reino do Senhor. Não pedimos um carro ou uma casa para cada um, pedimos somente o pão de cada dia para todos, para que ninguém seja obrigado a se humilhar por causa da fome. Os bens materiais são também fruto do nosso trabalho, mas o Reino de Deus e a sua justiça são dons que pedimos diretamente ao Pai, porque acreditamos que venham dele e valham mais do que todo o resto. Jesus prometeu que, se buscarmos o Reino como bem supremo, as demais coisas nos serão dadas por acréscimo (cf. Mt 6,33).

Devemos bater à porta do coração de Deus e insistir não para vencê-lo pelo cansaço e nem pela impertinência do pedinte. Insistimos porque buscamos os bens mais preciosos pelos quais somos nós a não poder cansar. A desistência da procura revelaria que, no fundo, aqueles bens não eram tão importantes para nós. Agarramo-nos a bens passageiros, nenhum dos quais, porém, nos satisfará plenamente, porque nada pode substituir o dom do Espírito Santo que o Pai quer doar a quem o pedir.
Dom Pedro José Conti
Bispo de Macapá (AP).

BUSCAR A PLENITUDE DO ESPÍRITO



Afirmou Bento XVI que, hoje, a Igreja “sente, sobretudo o vento do Espírito Santo que nos ajuda, nos mostra o caminho reto; e assim, com novo entusiasmo, estamos a caminho e damos graças ao Senhor” (Saudação à Assembléia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, 27/10/2012).

O Espírito Santo é Senhor (2Cor 3,17-18) e, portanto, Ele tem todo o direito de nos dar ordens para executarmos alguma coisa (At 8,29) ou para não fazermos algo (At 16,6). São Paulo Apóstolo e os demais apóstolos foram impedidos pelo Espírito Santo “de anunciar a palavra na Ásia” (cf. At 16,6). Essa ordem, aparentemente inusitada, levou São Paulo a refletir sobre o Espírito Santo e a registrar suas reflexões na Carta aos Gálatas:

“Apenas isto quero saber de vós: recebestes o Espírito pelas práticas da Lei ou pela aceitação da fé?” (Gl 3,2). “Aquele que vos dá o Espírito e realiza milagres entre vós, acaso o faz pela prática da Lei, ou pela aceitação da fé?” (Gl 3,5). “A prova de que sois filhos, é que Deus enviou aos vossos corações o Espírito de Seu Filho, que clama: Abbá! Pai!” (Gl 4,6). “Quanto a nós, é pelo Espírito que aguardamos a justiça que só a fé pode revelar” (Gl 5,5). “Deixai-nos conduzir pelo Espírito, e não satisfareis aos desejos da carne” (Gl 5,17). “O fruto do Espírito é amor, caridade, alegria, paz, paciência, afabilidade, bondade, fidelidade, brandura e temperança” (Gl 5,22-23). Entretanto, apesar dessas afirmações de São Paulo, há cristãos que continuam entristecendo (Ef 4,30) e oferecendo resistência ao Espírito Santo (At 7,51), fazendo-O se extinguir em suas vidas (1Ts 5,19). Esses cristãos ainda não entenderam que o Espírito de Deus sabe, de antemão, todas as coisas, e que é por meio d’Ele que Deus no-las revela (1Cor 2,10) e ensina (Jo 14,26; 16,13). Graças ao bom Deus, os cristãos que vivem no Espírito e seguem com dedicação as Suas orientações e ordens (Gl 5,25) são em quantidade bem maior. Esses cristãos estão constantemente pedindo: “Vinde, Espírito Santo, enchei os corações dos vossos fiéis e acendei neles o fogo do vosso amor”! “Quem se deixa conduzir pelo Espírito Santo é realista, sabe medir e avaliar a realidade, e também é fecundo: a sua vida gera vida em seu redor”, ensina o Papa Francisco. (L’osservatore Romano, 23/06/2013, p. 8).

SER GUIADO PELO ESPÍRITO SANTO

Escreve o Papa Francisco: “Muitas vezes, seguimo-Lo e acolhemo-Lo, mas até um certo ponto; sentimos dificuldade em abandonar-nos a Ele com plena confiança, deixando que o Espírito Santo seja a alma, o guia da nossa vida, em todas as decisões; temos medo que Deus nos faça seguir novas estradas, faça sair do nosso horizonte frequentemente limitado, fechado, egoísta, para nos abrir aos seus horizontes”. A novidade que Deus traz à nossa vida é verdadeiramente o que nos realiza, o que nos dá a verdadeira alegria, a verdadeira serenidade, porque Deus nos ama e quer apenas o nosso bem. Se nos deixamos guiar pelo Espírito, a riqueza, a variedade, a diversidade nunca dão origem ao conflito, porque Ele nos impele a viver a variedade na comunhão da Igreja. O Espírito Santo faz-nos entrar no mistério do Deus vivo e nos salva do perigo de uma Igreja gnóstica e de uma Igreja narcisista, fechada no seu recinto; impele-nos a abrir as portas e sair para comunicar a alegria da Fé, do encontro com Cristo. “O Espírito Santo é a alma da missão” (Missa de Pentecostes, 19/05/2013).

CONCLUSÃO

Belíssimo conselho do Apóstolo São Paulo: “Buscai a plenitude do Espírito Santo” (Ef 5,18). Essa deve ser a nossa meta, o foco central da nossa vida espiritual. Num mundo tomado pelo engano de um espiritualismo comercial da Nova Era, do sincretismo religioso e do misticismo neopagão, só com absoluta certeza que a verdadeira espiritualidade tem como fundamento a Pessoa do Divino Espírito Santo. Este é a fonte da plenitude do poder, do amor e dos dons espirituais, da santificação, comunhão e da evangelização.

Buscar a plenitude é buscar viver de forma abissal a espiritualidade carismática renovadora, avivada e sempre reavivada. Não há outra fonte para vida espiritual autêntica, salutar e fecunda sem o Espírito Santo. O mercado religioso tem oferecido uma tremenda falsidade da espiritualidade. 

Em tudo isso, mora o terrível perigo do engodo, do estelionato, da perda da fé, da perda dos bens materiais, do sentido da vida e do encontro com a ilusão e com a loucura. Daí a nossa grande responsabilidade de buscar com intensidade o poder do Espírito Santo para anunciar com ardor a verdadeira espiritualidade. Esta sim é o caminho para uma profunda vida espiritual e fortaleza na jornada à casa do Pai Celestial.

Sem perda de tempo, busquemos a “plenitude do Espírito Santo”!
Padre Inácio José do Vale

PALAVRA, SEMENTE PLANTADA: O PAPA FRANCISCO


Em cada palavra devemos ter um provedor que se chama prudência, cautela e maturidade. As palavras que Sua Santidade o Papa Francisco deixou como legado ao Brasil e ao mundo, na 28ª Jornada Mundial da Juventude, certamente, vai perdurar no coração de quem as levou a sério. O Papa em cada discurso emocionava a todos. Sua metodologia, solenizada numa cultura da simplicidade, colocava a palavra certa na hora certa para o publico certo. Seus gestos, como que grifando o que queria plantar / semear no coração, encantavam, além do que transmitiam. Era Deus falando pela boca do sucessor de Pedro (Mt 16, 18). Por isso, sempre digo: “Metade da palavra é sua a outra metade é de quem a escuta”. Mesmo fora o escrito, em suas passagens pelo meio do povo escreveu com seu olhar, gestos que nos fazem recordar as palavras de Jesus: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei” (Mt 11, 28). Sua Santidade passou para todos nós a cultura da acolhida. Já se fala muito por aí: “Quem acolhe também evangeliza”. Acredito que o contato coração a coração trás o que o Evangelho tem de mais saudável, Jesus o que acolheu sem discriminar ninguém.

Quem se habilita a manobrar ou acionar a palavra pode crer que está usufruindo de uma fonte inesgotável de sentimentos que curam o âmago de quem as vivencia nas estradas da vida. Palavra é jardim cortado por numerosas ruas entrelaçadas e intrincadas. Podemos estar seguros e vislumbrar os mais altos índices de segurança, em nós, que quem pronunciar uma palavra deve saber que sua criação não é mais sua, mas de quem a ouve. O mais difícil não é exprimir ou balbuciar, mas dizer tudo, no pouco que se diz. O Romano Pontífice nos assegurou isso. Assevera-nos Clélia Romano: “Nossa palavra estala como gravetos pisados na floresta, crepitam como lenha queimando, lacrimejando meus olhos chorando”. 

No sombreado, muitas vezes grifada de negrito, cada palavra se descortina, igual tablado ou estrado destinado às representações, uma peça para o palco da vida. Na subjetividade da exposição, buscamos a objetividade para refletirmos, bendizermos e louvarmos o que o coração sente ou poderá sentir. No serpenteado de seus ritmos, nossa imaginação vai além mar, passando o cabo da boa esperança. Sentimo-nos em mares nunca antes navegados, onde suas ondas nos convidam a seguir em frente. Se o mar é “infinito” o mesmo acontece com a palavra que quer guarnecer a consciência com os mais vivos valores da inteligência de seu autor. O Papa Francisco nos ajudou a atravessar os mares da vida. Alegra-nos Diana Ackerman: “As palavras são pequenas formas no maravilhoso caos que é o mundo. Formas que focalizam e prendem idéias, que afiam os pensamentos, que conseguem pintar aquarelas de percepção”.

A palavra é labirinto onde edificamos nossas exposições, discursos, textos, poemas, poesias e outros. É uma terapia, um acréscimo aos nossos conhecimentos, uma fonte copiosíssima onde restabelecemos a “saúde” de nosso bem estar e debelar o que nos amarga. Ela oferece-nos a oportunidade de nos mostrar, não só o que somos, mas também o que podemos vir a ser. Quando falo devo mergulhar no oceano do pensar, revitalizar com prudência tudo o que está no meu inconsciente que grita sem cessar. Devo me corrigir, não só para me justificar, mas para ver onde posso acertar mais. Mário de Andrade testifica: “Escrevo sem pensar, tudo o que o meu inconsciente grita. Penso depois, não só para corrigir, mas para justificar o que escrevi”. Sua Santidade, o Papa, passou para nós o mapa da cada palavra.

Palavra é bússola que norteia os horizontes da vida. Com ela aproximamos as pessoas, ou distanciamos quem amamos. Por meio desta força poderosa unimos corações. Com ela erigimos ódios ou edificamos o amor. Esta unidade pertencente a uma das grandes classes gramaticais é como faca de dois gumes. Devemos gerenciar a palavra e fazer dela nossa força motriz, pois quem é usuário desta faculdade de expressar idéias por meio de sons articulados, deve possuir um provedor que se chama prudência, cautela, maturidade, nas ondulações da vida. Nunca se esqueça que metade da palavra é sua a outra metade é de quem a escuta. Pensemos nisso.
Cônego Manuel Quitério de Azevedo
Arquidiocese de Diamantina (MG).

26 de julho de 2013

EVANGELHO E LEITURA ORANTE PARA SEXTA-FEIRA

ANO C - DIA 26/07 Sexta-feira
Olhos e ouvidos para quê? 
- Mt 13,16-17
“Felizes são vossos olhos, porque veem, e vossos ouvidos, porque ouvem! Em verdade vos digo, muitos profetas e justos desejaram ver o que estais vendo, e não viram; desejaram ouvir o que estais ouvindo, e não ouviram.”

LEITURA ORANTE

ORAÇÃO INICIAL
Preparo-me para a Leitura Orante, rezando, com todos que se encontram aqui, em torno da Palavra:
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém.
Espírito Santo
que procede do Pai e do Filho,
tu estás em mim, falas em mim,
rezas em mim, ages em mim.
Ensina-me a fazer espaço à tua palavra,
à tua oração,à tua ação em mim
para que eu possa conhecer
o mistério da vontade do Pai.
Amém.
1- LEITURA (VERDADE)
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente, na Bíblia, o texto: Mt 13,16-17.
Ver o Messias e ouvi-lo era o grande anseio do povo. Mas, já dizia o profeta Jeremias: “os sacerdotes não perguntaram: Onde está o Senhor? Os depositários da Lei não me conheceram, os pastores rebelaram-se contra mim, os profetas profetizaram por Baal e, assim correram atrás do que não vale nada” (Jr 2,8). O Salmista, por sua vez, afirma: “Meu rochedo e minha muralha és tu, Senhor” (Sl 70). Agora, Jesus, o Messias e Senhor, está presente. Os que o vêem e o escutam “são felizes”. No entanto, devemos admitir que há ainda muitos que estão cegos e surdos.
2- MEDITAÇÃO (CAMINHO)
O que o texto diz para mim, hoje?
Onde vejo e escuto o Messias? Como aproximar e abrir os olhos e ouvidos de tantos que ainda não vêem, nem escutam? Os bispos, em Aparecida disseram: “Os cristãos precisam recomeçar a partir de Cristo, a partir da contemplação de quem nos revelou em seu mistério a plenitude do cumprimento da vocação humana e de seu sentido. Necessitamos nos fazer discípulos dóceis, para aprende d’Ele, em seu seguimento, a dignidade e a plenitude de vida. E necessitamos, ao mesmo tempo, que o zelo missionário nos consuma para levar ao coração da cultura de nosso tempo aquele sentido unitário e completo da vida humana que nem a ciência, nem a política, nem a economia nem os meios de comunicação poderão proporcionar. Em Cristo Palavra, Sabedoria de Deus (cf. 1 Cor 1,30), a cultura pode voltar a encontrar seu centro e sua profundidade, a partir de onde é possível olhar a realidade no conjunto de todos seus fatores, discernindo-os à luz do Evangelho e dando a cada um seu lugar e sua dimensão adequada." (DAp 41).
3- ORAÇÃO (VIDA)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo, com o bem-aventurado Tiago Alberione, também por todos os vovós que hoje homenageamos:
Jesus, Mestre,
que eu pense com a tua inteligência, 
com a tua sabedoria.
Que eu ame com o teu coração. 
Que eu veja com os teus olhos.
Que eu fale com a tua língua. 
Que eu ouça com os teus ouvidos.
Que as minhas mãos sejam as tuas.
Que os meus pés estejam sobre as tuas pegadas.
Que eu reze com as tuas orações. 
Que eu celebre como tu te imolaste.
Que eu esteja em ti e tu em mim. Amém.
4- CONTEMPLAÇÃO (VIDA E MISSÃO)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Meu novo olhar é para ver Jesus e escutá-lo, hoje.

BÊNÇÃO
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém. 
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém. 
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém. 
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Irmã Patrícia Silva, fsp

ORAÇÃO PELOS AVÓS!


Deus de bondade, 
Pai, Filho, Espírito Santo, 
nós te agradecemos por nos teres dado nossos queridos avós. 
Obrigado, Senhor, por suas histórias bonitas, 
palavras amigas, conselhos, carinho e amor por nós. 
Nós agradecemos pelo ombro amigo, 
pela cumplicidade com nossas brincadeiras, 
por seus passos ao ritmo dos nossos, 
pelo colo macio e o olhar sereno, cheio de bondade. 
Nós te pedimos para estas pessoas 
a quem tanto amamos, muita saúde, paz e alegria. 
Pedimos para elas a graça 
de serem fiéis em cumprir a vontade de Deus, 
na alegria e nos sofrimentos, 
como o foram Joaquim e Ana, 
pais de Maria Santíssima e avós de Jesus.
Nós te pedimos, Senhor, que os abençoes 
com a mesma infinita ternura com que nos abençoam. 
Amém.
Ir. Patrícia Silva, fsp

SANTA ANA E SÃO JOAQUIM


Santa Ana e São Joaquim
avós de Cristo
Século I

26 de Julho - Santa Ana e São JoaquimAna e seu marido Joaquim já estavam com idade avançada e ainda não tinham filhos. O que, para os judeus de sua época, era quase um desgosto e uma vergonha também. Os motivos são óbvios, pois os judeus esperavam a chegada do messias, como previam as sagradas profecias.

Assim, toda esposa judia esperava que dela nascesse o Salvador e, para tanto, ela tinha de dispor das condições para servir de veículo aos desígnios de Deus, se assim ele o desejasse. Por isso a esterilidade causava sofrimento e vergonha e é nessa situação constrangedora que vamos encontrar o casal.

Mas Ana e Joaquim não desistiram. Rezaram por muito e muito tempo até que, quando já estavam quase perdendo a esperança, Ana engravidou. Não se sabe muito sobre a vida deles, pois passaram a ser citados a partir do século II, mas pelos escritos apócrifos, que não são citados na Bíblia, porque se entende que não foram inspirados por Deus. E eles apenas revelam o nome dos pais da Virgem Maria, que seria a Mãe do Messias.

No Evangelho, Jesus disse: "Dos frutos conhecereis a planta". Assim, não foram precisos outros elementos para descrever-lhes a santidade, senão pelo exemplo de santidade da filha Maria. Afinal, Deus não escolheria filhos sem princípios ou dignidade para fazer deles o instrumento de sua ação.

Maria, ao nascer no dia 8 de setembro de um ano desconhecido, não só tirou dos ombros dos pais o peso de uma vida estéril, mas ainda recompensou-os pela fé, ao ser escolhida para, no futuro, ser a Mãe do Filho de Deus.

A princípio, apenas santa Ana era comemorada e, mesmo assim, em dias diferentes no Ocidente e no Oriente. Em 25 de julho pelos gregos e no dia seguinte pelos latinos. A partir de 1584, também são Joaquim passou a ser cultuado, no dia 20 de março. Só em 1913 a Igreja determinou que os avós de Jesus Cristo deviam ser celebrados juntos, no dia 26 de julho.

FAZER O BEM AO IDOSO NÃO É PERDA DE TEMPO


Fazer o bem é ir ao encontro das necessidades de alguém. Mas isso exige da pessoa a disposição para deixar o seu conforto para fazer uma boa ação em favor de outrem.

Se ao prestarmos ajuda a uma pessoa estranha já nos traz a sensação de satisfação, maior deveria ser nossa alegria quando nos dispuséssemos a amparar nossos idosos, aqueles que fizeram parte da nossa história, sejam esses pais ou avós.

Para alguns idosos, envelhecer é viver a humilhação, pois a sensação para eles é de que no mundo já não têm mais o seu lugar. Para outros, a velhice pode significar, muitas vezes, suplicar para que sejam notados na convivência com seus parentes. Em muitos casos, essas pessoas (idosos) são tratadas como estorvos, pois quase sempre com idade avançada, progridem também as facilidades às doenças necessitando de mais cuidados. Não é raro encontrarmos nos noticiários manchetes sobre abuso, a falta de paciência, e quase sempre violência contra aqueles que, em razão da sua debilidade física, não têm energias para se defender. Há quem consiga até mesmo usurpar-lhes a credibilidade, quando eles conseguem denunciar os ataques sofridos por aqueles que, um dia, quando bebês, foram também merecedores da atenção de quem hoje merece todo o cuidado. 

Em alguns casos, a importância do velho na família se resume apenas ao valor de uma aposentadoria. Há situações que tal numerário lhes são confiscados pelos filhos ou parentes, quando deveria garantir uma melhor condição de vida.

Conviver com alguém que percebemos dissipar suas forças a cada dia, vai exigir uma dedicação muito maior se comparado aos cuidados que teríamos com uma criança. Pois a criança com o seu próprio desenvolvimento tende a nos liberar daqueles trabalhos que envolvem os cuidados com a higiene, saúde e até mesmo a atenção para não se machucarem, enquanto que o zelo para com os idosos vai nos imputar a cada dia maior dedicação. 

Entretanto, da mesma maneira como lentamente fomos introduzindo nossos filhos dentro da dinâmica do nosso lar, tornando-os participativos, precisaremos também envolver nossos anciãos naquilo que acontece na família, fazendo-os participativos nas conversas, nas reuniões familiares e de maneira especial, quando tivermos que tomar decisões que poderiam propiciar melhores condições de vida a eles. Conceder-lhes o direito de opinar, acerca dos novos planos que estamos tomando os farão sentir-se mais seguros e importantes dentro da família.

"Meu filho, ajuda a velhice de teu pai, não o desgostes durante a sua vida.Se seu espírito desfalecer, sê indulgente, não o desprezes porque te sentes forte, pois tua caridade para com teu pai não será esquecida" (Eclo 3,14-15). Aquele que se dispõe a fazer o bem ao seu idoso, não deve sentir-se como se estivesse perdendo o seu tempo, pois é desse carinho dedicado que será para o idoso seu apoio.

Um abraço de quem também está envelhecendo.
Dado Moura

NÃO CONFIE EM NINGUÉM COM MAIS DE 30 ANOS

O título se refere a uma canção de Marcos Valle, muito em voga na década de 1970, uma época em que a juventude, insatisfeita com as propostas oferecidas pela sociedade de então, bradava que "outro mundo é possível". "Bradava", porque, infelizmente, seus gritos não deram em nada. A própria "revolução cultural", iniciada na Europa em 1968, foi abortada pela mídia neoliberal, ao levar os jovens a substituir os ideais e valores que os sustentavam pela busca desenfreada do poder e do prazer, alienando-os, assim, dos problemas que afligem a humanidade.

Foi por isso que agradeci a Deus ao descobrir num dos milhares de cartazes e faixas levados por jovens em seus protestos pelo Brasil afora durante o mês de junho, uma inscrição... revolucionária: "Mudemos o Brasil... começando de nós mesmos!". Em sua simplicidade, o convite parafraseava a oração do escritor Paulo Coelho: "No começo, eu tinha o entusiasmo da juventude. Pedia a Deus que me desse forças para mudar a humanidade. Aos poucos, percebi que isto era impossível. Então passei a pedir a Deus que me desse forças para mudar a quem estava a minha volta. Agora já estou velho, e minha oração é muito mais simples. Peço a Deus o que devia ter pedido desde o começo. Peço para que consiga mudar a mim mesmo".

Para William Shakespeare (1564/1616), poeta e dramaturgo inglês, considerado "perito em humanidade", "os velhos desconfiam da juventude porque foram jovens...".

De fato, é desde a antiguidade que os jovens despertam críticas, dúvidas e perplexidades nos adultos. É o que prova uma frase escrita há 4000 anos num vaso de argila encontrado nas ruínas de Bagdá: "A juventude está corrompida. Os jovens são malandros e preguiçosos. Nunca serão como seus colegas de antigamente. Não conseguirão manter a nossa cultura".

Um pouco mais perto de nós, aí pelo ano 2000 antes de Cristo, um sacerdote estava tão transtornado com a situação que percebia ao seu redor, que escreveu aflito: "O mundo atingiu o seu ponto crítico. Os filhos já não obedecem a seus pais. O fim do mundo não pode estar longe".

Sempre apresentada como a pátria do saber, sobretudo no campo da poesia e da filosofia, a Grécia não faz exceção. Entre os poetas, citamos Hesíodo, que viveu entre os anos 750 a 650 a.C.: "Não tenho nenhuma esperança no futuro do nosso país se, amanhã, a juventude tomar o poder. Ela é insuportável e desenfreada, simplesmente horrorosa". Dentre os filósofos, escolhemos Sócrates (470-399 a.C.), um dos mais conhecidos: "A juventude adora o luxo, é mal-educada, caçoa da autoridade e não tem o menor respeito pelos mais velhos. Nossos filhos são autênticos tiranos".

Por sua vez, a Bíblia vê os jovens de acordo com a cultura e o contexto de quem escreveu os livros que a compõem. Eis alguns exemplos. O primeiro, extraído dos Provérbios (400 a.C.), evidencia o que distingue o jovem do idoso: "O orgulho do jovem é a sua força, e a honra do ancião está em seus cabelos brancos" (20,29). O segundo, do Eclesiastes (300/250 a.C.), se aproxima da sabedoria grega: "Jovem, alegra-te na tua juventude e busca a felicidade nos dias da mocidade. Deixa-te levar pelo teu coração e por teus olhos. Lembra-te, porém, que Deus vai te pedir contas de todas essas coisas. Expulsa a melancolia do teu coração e afasta de teu corpo a dor, porque a infância e a juventude são passageiras" (11,9-10). O terceiro (da primeira carta do apóstolo João, em torno do ano 100 d.C.), apresenta a beleza da juventude sadia: "Eu me dirijo a vós, jovens, porque sois fortes, a palavra de Deus permanece em vós e vencestes o Maligno" (2,14).

Como se percebe, os jovens foram e continuam sendo um "sinal de contradição" (Cf. Lc 2,34). Na verdade, assim como a velhice, também a juventude, mais do que um período da vida, é um estado de espírito. Oxalá esse "estado de espírito" seja colocado a serviço de um mundo melhor, aliado à sabedoria dos idosos! Somente assim os jovens revolucionários de hoje não serão os velhos reacionários de amanhã...
Dom Redovino Rizzardo
Bispo de Dourados (MS).

O QUE SE PODE PEDIR A DEUS?


O que se pode pedir a Deus? No livro do Gênesis, parece que insistir mais e mais, pedindo descontos, pode ter uma “fundamentação bíblica”! Trata-se de Abraão, o pai da fé (Gn 18, 20-32), apelando à misericórdia de Deus, diante da iminente destruição de uma cidade pecadora. Cinquenta justos, quarenta e cinco, quarenta, trinta, vinte ou dez! A coragem do homem que aposta tudo em Deus e deseja que a cidade não seja destruída. De fato, pode-se pedir tudo a Deus, que pensa em tudo e muito mais para seus filhos. Sabemos também que, por conhecer muito bem a humanidade, Ele é justo e bom para ouvir, acolher e atender do modo melhor para a salvação das pessoas e o bem da humanidade. Mesmo quando aparentemente não nos atende, no arco da vida das pessoas e na história, tudo concorre para o bem dos que o amam (Cf. Rm 8, 29). E amá-lo é o ponto de partida da oração.

A insistência de quem bate à porta de um amigo à meia-noite (Lc 11, 1-13) aponta para a confiança para se aproximar do Pai de todos os dons: “Pedi e vos será dado; procurai e encontrareis; batei e a porta vos será aberta. Pois todo aquele que pede recebe; quem procura encontra; e a quem bate, a porta será aberta” (Lc 11, 9-10). O máximo do que o Pai pode e efetivamente oferecer é o dom do Espírito Santo, penhor da realização de todas as promessas de seu Filho Amado. Ele faz dizer “Jesus é o Senhor” (1 Cor 12, 3) e põe em nossos lábios a invocação do Pai (Gl 4, 6).

Para orar assim, é preciso aprender a rezar, voltando sempre de novo a conhecer esta arte dos próprios lábios do divino Mestre, como os primeiros discípulos: “Senhor, ensina-nos a orar” (Lc 11, 1). Na oração, acontece aquele diálogo com Jesus que faz de nós seus amigos íntimos: “Permanecei em Mim e Eu permanecerei em vós” (Jo 15, 4), que é a alma da vida cristã. Obra do Espírito Santo em nós, a oração abre-nos, por Cristo e em Cristo, à contemplação do rosto do Pai. Aprender a oração cristã é o segredo de uma vida cristã verdadeira, sem motivos para temer o futuro. As comunidades cristãs devem tornar-se autênticas “escolas de oração”, em que o encontro com Cristo se exprima em pedidos de ajuda, ação de graças, louvor, adoração, contemplação, escuta, afetos de alma, até chegar a uma oração intensa, sem se afastar dos compromissos do dia a dia. E ao abrir o coração ao amor de Deus, a oração autêntica abre também ao amor dos irmãos, tornando-nos capazes de construir a história segundo o desígnio de Deus (Cf. Novo Millenio Adveniente 32-33). O mestre autêntico na escola da oração é o próprio Senhor Jesus, a quem os discípulos recorrem.

As lições se encontram no “Pai Nosso”. Começam com o reconhecimento da paternidade de Deus e se desdobram em sete pedidos. A oração ao “nosso Pai” é um bem comum e um apelo urgente para todos os cristãos. Nós o invocamos, porque o Filho de Deus feito homem nos revelou. Rezar ao Pai “nosso” deve desenvolver em nós a vontade de nos assemelharmos a Ele e ter um coração humilde e confiante. Os “Céus” da oração não apontam para um lugar, mas para a majestade de Deus e sua presença no coração dos fiéis. O Céu, Casa do Pai, é a verdadeira pátria para onde nos dirigimos e à qual pertencemos (Cf. Catecismo da Igreja Católica § 2777-2865).

Os três primeiros pedidos buscam a glória do Pai: a santificação de seu Nome, a vinda do Reino e o cumprimento da Vontade divina. Os outros quatro apresentam nossos desejos, que dizem respeito à nossa vida, para nutri-la ou curá-la do pecado, e buscam a vitória do Bem sobre o mal.

“Santificado seja o vosso Nome”. Pedimos o reconhecimento do nome de Deus como santo! Em Jesus, o nome do Deus santo nos é revelado por aquilo que Ele é, por sua Palavra e seu Sacrifício. E a santidade de Deus nos chama à santidade, pois fomos lavados, santificados e justificados em nome de Jesus Cristo e pelo Espírito Santo (Cf. 1 Cor 6, 11).

“Venha a nós o vosso Reino”. O Reino de Deus existe antes de nós, aproximou-se no Verbo encarnado, é anunciado ao longo do Evangelho, veio na Morte e na Ressurreição de Cristo, está no meio de nós e virá na glória, quando Cristo voltar em sua glória! Pedimos o Reino de Deus que é justiça, paz e alegria no Espírito Santo (Rm 14, 17).

“Seja feita a vossa Vontade, assim na terra como no céu”. Deus é Senhor da Vida e da história. A primeira, a última e definitiva palavra sobre a história do universo pertence a Ele e sua vontade é que todos se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade (Cf. 1 Tm 2, 3-4). A nós cabe a maravilhosa aventura de buscar e converter-nos a esta vontade. Pela oração é que podemos discernir qual é a vontade de Deus e obter a perseverança para cumpri-la.

“O pão nosso de cada dia nos dai hoje”. Confiança de filhos que tudo esperam do Pai, que é bom para além de toda bondade! O Pai providente (Cf. Mt 6, 25-34), que nos dá a vida, não pode deixar de nos dar o alimento necessário à vida, todos os bens necessários materiais e espirituais. Mas se pedimos o Pão “nosso”, nos abre o desafio da partilha, por amor, para que a ninguém falte o pão. Ma há uma fome não de pão nem sede de água, mas de ouvir a Palavra (Cf. Am 8, 11)! O quarto pedido nos conduz ao Pão da Vida, a Palavra de Deus acolhida na fé e o Corpo de Cristo na Eucaristia. E a ousadia da oração chega ao auge da confiança quando pede para “hoje”!

“Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos aos que nos têm ofendido”. Nossa oração se volta para o Pai, para confessar nossa miséria e a sua misericórdia! Mas para participar do fundo do coração no amor de Deus, haveremos de ter os seus mesmos sentimentos. Por isso temos a coragem de condicionar seu perdão à nossa capacidade de perdoar!

“Não nos deixeis cair em tentação” envolve uma decisão do coração, um consentimento dado ao Espírito Santo, para não enveredarmos pelo caminho que conduz ao pecado e perseverarmos até o fim.

“Mas livrai-nos do mal”. A vitória sobre o “príncipe deste mundo” (Jo 14,30), o Maligno, foi alcançada uma vez por todas na Páscoa de Cristo. Ao pedir que o Pai nos livre do Maligno, pedimos a libertação de todos os males presentes, passados e futuros. Toda a miséria do mundo é apresentada ao Pai, para implorar o dom precioso da paz e a graça de aguardar, na esperança, a vinda do Cristo Salvador!

Tudo o que for parecido com esta oração é próprio de cristão! Podemos então “usar e abusar” no maravilhoso “Bazar da Pechinha” da misericórdia infinita do Pai! Pequenas e intensas lições, feitas para acompanhar toda a nossa vida de oração, dirigindo-nos ao Pai, a quem pertence o Reino, a glória de seu Nome e o Poder de sua Vontade salvífica! Amém! Que isto se faça!
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA

24 de julho de 2013

A JUVENTUDE QUER VIVER

Caminhar com a juventude é compromisso que deve ser assumido por todos, como inestimável bem para a sociedade e a Igreja. A caminhada dos jovens, especial momento na programação da Semana Missionária na Arquidiocese de Belo Horizonte, ocorrerá neste sábado, 20 de julho, com concentração a partir das 14 horas, na Praça do Papa, em Belo Horizonte. Às 16 horas, os participantes seguirão pela Avenida Afonso Pena até a Praça da Estação. A presença dos jovens, acompanhados e apoiados por familiares e amigos, particularmente por todos os que se movem pela fé em Jesus Cristo, se constituirá num evento significativo para a sociedade.

Essa manifestação com os jovens, grandes protagonistas desta nova etapa que exige um novo tempo para a sociedade brasileira, será a oportunidade de qualificar o atual, complexo e exigente processo de transformação social com os valores do Evangelho de Jesus Cristo. O tratamento político indispensável ao contexto requer esse aprimoramento para superar superficialidades partidárias e galgar níveis de comprovado sentido de bem comum. Muitas referências e instâncias, outrora com força de colaborar com incidências em processos dessa natureza, estão enfraquecidas. As razões de seu enfraquecimento incluem desde a falta de maior sensibilidade social até práticas perigosas de favorecimentos ou de dominação cartorial, especialmente daquilo que deveria funcionar em benefício de todos.

O caminho para as mudanças encontra-se em Jesus Cristo e no seu Evangelho, garantia incontestável da necessária qualificação para se alcançar o desejo das novas gerações, resumido no tema da caminhada do próximo sábado: “A juventude quer viver”. Para se alcançar esse anseio, demandam-se transformações muito significativas, até radicais, em funcionamentos e procedimentos que configuram a sociedade. A Semana Missionária, o Congresso Mundial de Universidades Católicas e o ápice desses acontecimentos, a Jornada Mundial da Juventude, são preciosas oportunidades para uma verdadeira transformação.

Entre nós já estão muitos jovens procedentes de diversas partes do mundo. Na Jornada Mundial da Juventude o coração destes peregrinos vai bater forte ao redor do Papa Francisco. Essas experiências de fé e comunhão precisam fazer a diferença, remodelando mentes, contextos e dinâmicas da sociedade. O fascínio por uma pessoa, Jesus Cristo, é a razão maior, iluminadora de todas as outras, rumo novo à pauta extensa de demandas pela construção de um mundo mais justo e solidário, em que homens e mulheres sejam construtores da paz.

Já no próximo sábado, durante a caminhada “A juventude quer viver” é importante a presença corajosa de cada um, de todos aqueles que apostam nos jovens e com eles buscam um novo tempo. O gesto de caminhar, com o jeito jovem de ser e de se manifestar, pacificamente, seguindo os passos do Senhor da paz, é pública adesão e comprometimento no enfrentamento de problemas gravíssimos que estão desfigurando a sociedade. Nessa extensa pauta, não se pode fechar os olhos à dependência química, “mancha que invade tudo”, como expressaram os bispos no Documento de Aparecida. Esse é um flagelo que atinge todos, especialmente os jovens.

Nessa busca por mudanças estão inscritos os desafios da educação, saúde, trabalho, moradia e o inegociável anseio, direito e exigência de todos os cidadãos, pela reforma política, particularmente com modos novos de fazer e de ser político. A caminhada dos jovens, com essa importante bandeira de que “a juventude quer viver”, merece apoios e nossa presença. A luz para esse novo tempo protagonizado pelos jovens é, incontestavelmente, o seu encontro com Jesus Cristo Vivo, seu seguimento na Igreja e na sociedade. Nesse sentido, lembro o Bem-Aventurado João Paulo II, o instituidor da Jornada Mundial da Juventude, quando diz que “só o que é construído sobre Deus e sobre o amor é durável”.

A caminhada com os jovens tem força de congregar todos por seu sentido significativo de cidadania. Sendo Jesus Cristo e seu Evangelho a razão maior, será uma caminhada ecumênica. Reunirá aqueles que acreditam na juventude e têm coragem de seguir com ela na busca por mudanças. Venham, vamos todos. Neste sábado e também no domingo, quando às 16h, na Praça da Estação, concluiremos a Semana Missionária e o importante Congresso Mundial de Universidades Católicas, realizado na PUC Minas. Depois, no Rio de Janeiro, solidariamente, renovaremos nosso compromisso de sempre caminhar com os jovens.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG).

EVANGELHO E LEITURA ORANTE PARA QUARTA E QUINTA-FEIRA

ANO C - DIA 24/07 - Quarta feira
O semeador 
 Mt 13,1-9
Jesus saiu de casa e sentou-se à beira-mar. Uma grande multidão ajuntou-se em seu redor. Por isso, ele entrou num barco e sentou-se ali, enquanto a multidão ficava de pé, na praia. Ele falou-lhes muitas coisas em parábolas, dizendo: “O semeador saiu para semear. Enquanto semeava, algumas sementes caíram à beira do caminho, e os pássaros vieram e as comeram. Outras caíram em terreno cheio de pedras, onde não havia muita terra. Logo brotaram, porque a terra não era profunda. Mas, quando o sol saiu, ficaram queimadas e, como não tinham raiz, secaram. Outras caíram no meio dos espinhos, que cresceram sufocando as sementes. Outras caíram em terra boa e produziram fruto: uma cem, outra sessenta, outra trinta. Quem tem ouvidos, ouça!”

LEITURA ORANTE
ORAÇÃO INICIAL
Saudação a todos que circulam por este ambiente virtual:
- A nós, a paz de Deus, nosso Pai, a graça e a alegria de Nosso Senhor Jesus Cristo, no amor e na comunhão do Espírito Santo.
- Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo!
Preparo-me para a Leitura, rezando:
Jesus Mestre, que dissestes: "Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome,
eu aí estarei no meio deles", ficai conosco, aqui reunidos (pela grande rede da internet),
para melhor meditar e comungar com a vossa Palavra.
Sois o Mestre e a Verdade: iluminai-nos, para que melhor compreendamos
as Sagradas Escrituras.
Sois o Guia e o Caminho: fazei-nos dóceis ao vosso seguimento.
Sois a Vida: transformai nosso coração em terra boa,
onde a Palavra de Deus produza frutos abundantes de santidade e missão.
(Bv. Alberione)
1- LEITURA (VERDADE)
O que diz o texto do dia? Leio, na Bíblia, atentamente: Mt 13,1-9.
Provérbios, comparações, parábolas são muito usados nas tradições do povo judeu. São comparações que ilustram ou explicam melhor aspectos da vida. Os profetas usaram muito este tipo de linguagem. A parábola descrita neste texto de hoje, descreve o dinamismo da Palavra. Fala de semente, ou seja, de um símbolo de vida. A semente contém a vida que precisa ser desenvolvida e para isto precisa de determinadas condições. A primeira delas é o terreno. Nesta parábola, Jesus fala de quatro diferentes terrenos: à beira do caminho, entre pedras e com pouca terra, no meio de espinhos e em terra boa. Em seguida, ele vai explicar aos discípulos todo o significado destes terrenos.
2- MEDITAÇÃO (CAMINHO)
O que o texto diz para mim, hoje? Que tipo de terreno é meu coração?
Em Aparecida, na V Conferência, os bispos disseram: “Damos graças a Deus que nos deu o dom da palavra, com a qual podemos nos comunicar entre nós e com Ele por meio de seu Filho, que é sua Palavra (cf. Jo 1,1). Damos graças a Ele que, por seu grande amor fala a nós como a amigos (cf. Jo 15,14-15).” (DAp 25).
3- ORAÇÃO (VIDA)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Com Maria, Mãe Mestra e Rainha dos Apóstolos,
guardarei tua Palavra, Senhor, meditando-a no coração.
4- CONTEMPLAÇÃO (VIDA E MISSÃO)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Vou olhar o mundo e a vida com os olhos de Deus e abrir meu coração para que seja terreno bom e acolhedor da Palavra.

BÊNÇÃO
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.


ANO C - DIA 25/07 - Quinta feira
O discípulo serve e não, busca ser servido 
Mt 20,20-28A mãe dos filhos de Zebedeu, com seus filhos, aproximou-se de Jesus e prostrou-se para lhe fazer um pedido. Ele perguntou: “Que queres?” Ela respondeu: “Manda que estes meus dois filhos se sentem, no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda”. Jesus disse: “Não sabeis o que estais pedindo. Podeis beber o cálice que eu vou beber?” Eles responderam: “Podemos”. “Sim”, declarou Jesus, “do meu cálice bebereis, mas o sentar-se à minha direita e à minha esquerda não depende de mim. É para aqueles a quem meu Pai o preparou”. Quando os outros dez ouviram isso, ficaram zangados com os dois irmãos. Jesus, porém, chamou-os e disse: “Sabeis que os chefes das nações as dominam e os grandes fazem sentir seu poder. Entre vós não deverá ser assim. Quem quiser ser o maior entre vós seja aquele que vos serve, e quem quiser ser o primeiro entre vós, seja vosso escravo. Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos”.

LEITURA ORANTE

ORAÇÃO INICIAL
Inicio este momento orando com todos os que estão neste ambiente virtual, a oração de Bento XVI:
Senhor, dai-nos sempre
o fogo de vosso Santo Espírito, 
que ilumine as nossas mentes 
e desperte entre nós o desejo de contemplar-vos, 
o amor aos irmãos, especialmente aos aflitos,
e o ardor por anunciar-vos no início deste século.
1- LEITURA (VERDADE)
- O que a Palavra diz?
Leio atentamente, na Bíblia, o texto de hoje: Mt 20,20-28.
No caminho para Jerusalém Jesus anuncia a sua morte como consequência de toda a sua vida. Enquanto isso, Tiago e João sonham com poder e honrarias, suscitando discórdia e competição entre os outros discípulos. O "cálice" de que fala Jesus é o da sua paixão e morte. João e Tiago dizem que podem beber deste cálice também. Tiago realmente passará pelo martírio. Em Atos 12,2 é narrado que o rei Herodes "mandou degolar Tiago, o irmão de João". Não se concretizou porém, em João. Sabe-se que existe paixão, sofrimento sem chegar ao martírio. Jesus, ao chamar os dez discípulos para perto, fala-lhes que a única coisa importante para o discípulo é segui-lo: servir e não ser servido. Na nova sociedade que Jesus projeta, a autoridade não é exercício de poder, mas serviço que se exprime na entrega de si mesmo para o bem comum.
2- MEDITAÇÃO (CAMINHO)
- O que a Palavra diz para mim?
O meu ser discípulo é conforme o Evangelho? Sou aquela pessoa que serve porque segue Jesus? Sou capaz de viver a radicalidade do Evangelho?
Os bispos, em Aparecida, lembraram o serviço de muitos que, inclusive, dão a própria vida serviço dos demais, como Jesus: “Apesar das deficiências e ambiguidades de alguns de seus membros, a Igreja tem dado testemunho de Cristo, anunciado seu Evangelho e oferecido seu serviço de caridade principalmente aos mais pobres, no esforço por promover sua dignidade e também no empenho de promoção humana nos campos da saúde, da economia solidária, da educação, do trabalho, do acesso à terra, da cultura, da habitação e assistência, entre outros. Com sua voz, unida à de outras instituições nacionais e mundiais, tem ajudado a dar orientações prudentes e a promover a justiça, os direitos humanos e a reconciliação dos povos. Isto tem permitido que a Igreja seja reconhecida socialmente em muitas ocasiões como uma instância de confiança e credibilidade. Seu empenho a favor dos mais pobres e sua luta pela dignidade de cada ser humano tem ocasionado, em muitos casos, a perseguição e, inclusive, a morte de alguns de seus membros, os quais consideramos testemunhas da fé. Queremos recordar o testemunho valente de nossos santos e santas, e aqueles que, inclusive sem haver sido canonizados, tem vivido com radicalidade o evangelho e oferecido sua vida por Cristo, pela Igreja e por seu povo.” (DAp 98).
3- ORAÇÃO (VIDA)
- O que a Palavra me leva a dizer a Deus?
Rezo (ou canto) com o Pe. Zezinho, scj:
Põe teu coração no meu
Põe teu coração no meu 
e o meu coração no teu
Não tenhas medo de abraçar a cruz
Tens também meu ombro e minha força, eu sou Jesus.
Vem comigo, vem que eu sei, a jornada é longa
E eu direi quais os perigos de me acompanhar
É um caminho estreito, 
mas é o feito pra chegar
Segue os passos que eu darei. 
Prende a tua cruz na minha
Vai servir meu povo, faça como eu.
Ele sofre menos quando encontra um Cireneu
Vai ao povo como irmão, 
se preciso estende a mão
Não tenhas medo do meu verbo amar
Tem seus contratempos mas o tempo é de ajudar
Teu projeto eu já tracei,
vai ao povo que eu te ensinarei
O jeito certo de me anunciar,
basta que me peças que eu te ajudo a não errar
Usa a fé com mais razão, 
busca mais sabedoria
Pra chegar ao povo sê um aprendiz
Do que o povo fala e do que a minha Igreja diz.
Do CD Quando me chamaste - Paulinas COMEP
4- CONTEMPLAÇÃO (VIDA E MISSÃO)
- Qual o meu novo olhar a partir da Palavra?
Nas relações onde devo exercer alguma autoridade vou fazer aquele exercício de serviço, como Jesus.

BÊNÇÃO
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém. 
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém. 
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém. 
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Ir. Patrícia Silva, fsp

OS JOVENS DA JMJ E AS AMIZADES: QUAL SEU VALOR REAL?

Estamos celebrando a 28.ª Jornada Mundial da Juventude. O mundo inteiro está vendo os jovens, a grande esperança da humanidade. Se a jornada tem seu valor real com a presença de Sua Santidade o Papa Francisco, melhor será vivê-la unidos ao sucessor de Pedro (Mt 16,18), no pós jornada, inebriados das grandes orientações, conselhos e pistas pastorais para os jovens. O grande campo para semear toda esta riqueza é a família, o bairro, escola, universidade, local de trabalho e, sobretudo, a comunidade paroquial. O tema da campanha é muito prático e autentico para quem quer levar a sério o Evangelizar. Vejam só: “Ide e fazei discípulos entre todas as nações”(Mt 28,19). Para que tudo corra bem precisa de uma metodologia. A amizade pode oferecer grandes meios de aproximação e a dinâmica de quem quer ter no coração o amor Deus ao próximo e à Igreja.

A amizade, de verdade, é como um jardim, sempre precisa de cuidados. Desde todos os tempos o ser humano se socializou. Aos poucos essa máxima foi fazendo parte do cotidiano. Hoje, é impossível falar em alguém que não tenha uma amizade. Em nossa contemporaneidade não é diferente. Cultivar um amigo requer uma dedicação, um tempo, para que a amizade se transubstancie em verdadeiros sentimentos, evitando o constrangimento da desconfiança, abrindo caminhos onde os procedimentos de um verdadeiro eu posso conhecer o outro como alguém que lhe transmita bons conceitos, que inspiram integridade de caráter e discrição. Já nos diz Marina de Almeida Camargo: “A amizade é como as estrelas. Não às vemos toda hora, mas sabemos que existem”.

Em nossa época, levando em conta o caráter social, histórico, cultural é difícil viver sem amigos. Por isso, a amizade precisa ser bem examinada, condecorada com todas as vicissitudes de uma maturidade, onde o medo não ocupe espaço e o vazio não se torne o obvio de uma realidade inexistente. A amizade tem seus ingredientes, que são exigentes, a começar do respeito, valorizando o espaço do outro, sua vida pessoal e todo o contexto onde a pessoa vive. É importante salientar que a amizade é como uma receita. Esta precisa ser levada a sério, em seus conteúdos, para que os resultados sejam almejados. A vida nos oferece muitas receitas, por isso, a prudência deve ter a medida certa para que tudo decorra para o bem, onde a amizade tenha o tempero correto. “Que a amizade não seja como a lua que apesar de linda às vezes muda de fase, mas que seja como o céu que apesar de lindo e infinito”, já nos alertou um autor desconhecido.

Um verdadeiro amigo é aquele que nos conhece tal como somos, compreende nosso estado de vida, nos acompanha nos lucros que a vida nos lisonjeia e nos fracassos que as íngremes situações nos presenteiam. Numa amizade, celebram-se as alegrias e compartilham-se as tristezas da dor. Quando existem erros, em vez de se atirar pedras uma palavra amiga se torna necessária. É, por isso, que uma vida sem amigos, alberga sentimentos, numa ilha deserta, onde não se tem a água da vida, o alimento compartilhado e a luz da sociabilidade de um eu para outro eu. Não podemos esquecer que o outro é um eu que preciso levar a sério. Quem se tranca nos recôncavos de sua existência e se acha auto suficiente, jamais produz o que a vida tem de melhor, uma verdadeira amizade.

Nossa atualidade precisa enobrecer um verdadeiro amigo tendo-o como alguém capaz de tocar o coração, mesmo que este alguém esteja longe de nós ou até no outro lado do mundo. Quem se habilita a descobrir uma verdadeira amizade, está se propondo, mesmo no meio a tantos cascalhos, a encontrar um verdadeiro tesouro. Uma verdadeira amizade, dentro dos parâmetros de nossa contemporaneidade, pode ser a resposta que muito desejamos, um sinal de honestidade que parecíamos jamais impossível encontrar e, sobretudo, uma advertência para reconhecer que não estamos sós na família, na sociedade e na vida. Lílian Tonet nos garante: “as pessoas entram em nossa vida por acaso, mas não é por acaso que permanecem”. Pensemos nisso.
Cônego Manuel Quitério de Azevedo
Arquidiocese de Diamantina (MG).

O PAPA E OS JOVENS


Quando do primeiro “encontro mundial” do Papa com a Juventude, em 1984, a preocupação era garantir que a grande diferença de idade não inviabilizasse o diálogo. Colocar frente a frente gerações tão diferentes, parecia provocar o desencontro, como resultado do encontro proposto.

A iniciativa tinha sido de João Paulo II, o incansável peregrino, obstinado a se encontrar com todo o mundo. Dessa vez a aposta era com a juventude. E o resultado foi surpreendente: entre o ancião que representava a velha guarda, e os jovens que representavam as novas gerações, na verdade havia muito mais concordâncias do que divergências, mais sintonias do que dissonâncias, mais empatia do que oposição.

Esta primeira experiência acendeu a luz inspiradora, para construir uma plataforma dinâmica de diálogo entre a Igreja e a Juventude de nosso tempo. Outro fato concomitante veio corroborar esta proposta: a ONU acabava de estabelecer o ano de 1985 como o “Ano Internacional da Juventude”. O Papa não perdeu tempo: convocou outro encontro com os jovens, ainda em 1985, e nele expôs sua intenção de criar a “Jornada Mundial da Juventude”, a ser realizada em cada ano, por todas as dioceses, de preferência no Domingo de Ramos.

Mas a proposta continha um ingrediente, que a experiência comprovou ser estratégico para sustentar as motivações da Jornada Mundial: ficou estabelecido que, no intervalo de poucos anos, de vez em quando, haveria Jornadas da Juventude, em grandes cidades do mundo, que contariam com a presença do Papa.

E assim já aconteceu em 1986, ano em que se realizou a primeira Jornada Mundial da Juventude, que inaugurou a série que continua até hoje. Daí que agora já estamos na 28ª JMJ, número que inicia sua contagem em 1986. E esta primeira já contou com a presença especial do Papa, traçando de certa maneira o molde das outras que deveriam vir.

O interessante é que a segunda JMJ foi realizada em Buenos Aires, em 1987. Naqueles anos o Bergoglio ainda não era nem cardeal nem arcebispo de Buenos Aires, mas participou de perto desta nova iniciativa da Igreja, de se aproximar dos jovens, colocá-los em contato com Cristo, inseri-los na comunhão eclesial e envolvê-los na missão apostólica.

O fato é que os jovens se tornaram hoje, através das Jornadas Mundiais, uma referência positiva de sensibilidade cristã, de vontade de recuperar valores perenes que motivam nossa existência, e sobretudo de generosidade em abraçar as causas da humanidade e a missão da Igreja.

Nem é de estranhar que entre Juventude e Evangelho exista uma profunda afinidade e uma mútua cumplicidade. Pois na verdade o Evangelho de Cristo sempre traz a dinâmica da renovação, da recuperação de sentido, da mudança e da conversão pessoal com repercussões na sociedade.

Não é por nada que por definição, o “Evangelho” é uma “Boa Notícia”, que tem a força de se renovar sempre, encontrando nas “novas gerações” a porta aberta para entrar e ser acolhida.

Se nos perguntarmos o que está acontecendo nestes dias com a Jornada Mundial da Juventude, podemos dizer que é o Evangelho assumindo as feições da juventude de hoje, e mostrando de novo como ele é o caminho verdadeiro para a plena realização de nossa vida.

Os jovens estão nos dando o testemunho da perene vitalidade do Evangelho de Cristo. 
Dom Demétrio Valentini
Bispo de Jales (SP)

TÍMIDO? COMO ASSIM?


Ainda que sejamos espontâneos na maior parte do tempo, todos nós experimentamos algum grau de timidez. Prova disso é que muitos artistas, cujas vidas são constantemente expostas pela mídia, declaram-se tímidos. Diante disso, a tendência da nossa racionalidade é duvidar. “Tímido? Como assim?”. Essa reação acontece em vista da exposição e da repercussão a que eles se submetem.

De fato, existe em nós um mistério que o inconsciente insiste em não revelar. É a sacralidade, o território, a morada interior que se caracteriza com o mais profundo “eu”. Onde está a nossa essência, nosso núcleo íntimo como pessoa. E quando sentimos que alguma situação ou outra pessoa está rompendo, violando esse território interior, nos sentimos roubados de nós mesmos. A timidez é a consciência de preservação do ser interior, portanto, natural e boa. Mas se você é tímido demais e chega ao extremo de se ver paralisado diante de alguma situação, saiba que está precisando vencer essa barreira. A timidez não pode tirar a sua liberdade de viver e o gosto de compartilhar vitórias e bons momentos entre as outras pessoas. Até porque o nosso íntimo tem a vocação de estar em comunhão, pois precisamos de relacionamentos, dividir o que somos.

As virtudes também são adquiridas pelo exercício. Inicie devagar, sem a imposição, a obrigação de acabar com a timidez de uma hora para outra, dê passos. Comece com alguma coisa mais fácil para você no momento. Disponha-se a fazer uma leitura na igreja, a ensinar algo a alguém ou a um pequeno grupo de pessoas. A partir de tarefas assim, vamos nos acostumando a mostrar um pouquinho mais de nós mesmos.

Com certeza, dentro de algum tempo, descobriremos a alegria de poder estar mais à vontade em meio aos demais, de fazer parte da vida deles e estarmos inseridos na vivência de outras pessoas também.

Não tenha medo de se lançar. Tudo parte de uma decisão que, com o exercício da virtude, aos poucos se torna natural em nós.
Sandro Ap. Arquejada

INDULGÊNCIAS PELA JMJ - RIO 2013



O que é exatamente “indulgência”? Indulgência consiste na remissão concedida pela autoridade eclesiástica (e válida diante de Deus) da pena temporal devido ao pecado já perdoado. A indulgência é dada pela autoridade da Igreja em virtude do poder de ligar [ao céu] e desligar dado por Jesus a Pedro e aos apóstolos. A Igreja age, ao conceder indulgências, no poder espiritual com a missão dada a ela por Cristo e na inspiração do Espírito como "dispensadora da redenção", operada pelo Crucificado. Quando nos arrependemos e confessamos, o Senhor Deus – por meio da Igreja – nos perdoa (cancela) a culpa (e assim a pena eterna). Todavia, todo pecado acarreta uma série de efeitos negativos (para si e para outros) que precisam ser reparados (penas temporais). Para isto existem, nesta vida, a oração, a penitência e a esmola (Mt 6,1-18), uma conversão ardorosa, o martírio e também as indulgências. Na outra vida, existe o purgatório. É, pois, uma graça divina!

Nesse sentido, em vista deste tempo forte de peregrinação que vive a nossa Arquidiocese, o Penitenticário-mor, Sua Eminência Manuel, Cardeal Monteiro de Castro, através do Prot. N. 478/13/I, de 2 de Julho de 2013, transmitiu ao Eminentíssimo Senhor Cardeal Stanislaw Rylko, Presidente do Pontifício Conselho para os Leigos, a cópia do Decreto de Indulgências concedidas pelo Santo Padre Francisco, preparada pela Penitenciária Apostólica em língua latina e italiana, na qual vêm concedidas especiais indulgências por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, na nossa cidade do Rio de Janeiro, de 22 a 29 do corrente mês de julho, durante o Ano da Fé.

O Santo Padre Francisco, desejando que os jovens, em união com os fins espirituais do Ano da Fé, convocado pelo Papa Emérito Bento XVI, possam obter os frutos esperados de santificação da “XXVIII Jornada Mundial da Juventude, que se celebrará de 22 a 29 do próximo mês de julho, no Rio de Janeiro, e que terá por tema: “Ide e fazei discípulos por todas as nações (cfr Mt 28, 19)”, estabeleceu que todos os jovens e todos os fiéis devidamente preparados pudessem usufruir do dom das indulgências como determinado.

Indulgência Plenária para os fiéis presentes na Jornada é concedida, uma vez por dia, mediante as seguintes condições: confissão sacramental, comunhão eucarística e oração segundo as intenções do Sumo Pontífice, e ainda aplicável a modo de sufrágio pelas almas dos fiéis defuntos, pelos fiéis verdadeiramente arrependidos e contritos que devotamente participem dos ritos sagrados e exercícios de piedade que terão lugar no Rio de Janeiro.

Indulgência Plenária para os fiéis legitimamente impedidos de participar da Jornada, mas que a acompanhem pelo rádio ou pela televisão: há uma concessão importante de indulgências para todos os fiéis legitimamente impedidos, que poderão obtê-la desde que, cumprindo as comuns condições espirituais, sacramentais e de oração com o propósito de filial submissão ao Romano Pontífice, participem espiritualmente das sagradas funções nos dias determinados; desde que sigam estes ritos e exercícios piedosos enquanto se desenrolam, pela televisão e rádio, ou sempre que com a devida devoção pelos novos meios de comunicação social.

Indulgência Parcial para todos: concede-se a Indulgência Parcial aos fiéis, onde quer que se encontrem durante o mencionado encontro, sempre que, pelo menos com alma contrita, elevem fervorosamente orações a Deus, concluindo com a oração oficial da Jornada Mundial da Juventude e devotas invocações à Santa Virgem Maria, Rainha do Brasil, sob o título de “Nossa Senhora da Conceição Aparecida”, bem como aos outros patronos e intercessores do mesmo encontro, de modo a que estimulem os jovens a se fortalecerem na fé e a caminharem na santidade.

Como professamos no Credo - “Creio na comunhão dos santos” -, existe um admirável laço entre Cristo e todos os filhos de Deus, à semelhança da unidade que se dá entre a “videira” e os “ramos” (Jo 15,1ss; cf. 1Cor 12,27; 1,9; 10,17; Ef 1,20-23; 4,4). Podemos, pois, também oferecer as indulgências na intenção daqueles que já partiram desse mundo (cf. Código de Direito Canônico, cân. 994). O Senhor realizará aquilo que for de acordo com sua vontade e bondade.

Como o fiel pode obter a indulgência? Fazendo aquilo que a Igreja indica. Primeiramente, no campo da ação exterior: confissão sacramental, comunhão Eucarística, oração pelo Papa Francisco – ao menos 1 Pai Nosso e 1 Ave Maria – e a obra prescrita. Em segundo lugar, e com o mesmo espírito que a anima, de disposição interior: aversão ao pecado, não estar excomungado, desejo de obter a graça. Existem inúmeras obras de piedade, algumas orações como o Creio, Salve Rainha etc., a visita ao SSmo. Sacramento, às basílicas romanas, ao cemitério, a bênção Papal, ensinar a doutrina cristã e ouvir pregações, participar de Congresso Eucarístico, Sínodo, do ensino das Constituições do Concílio Vaticano II e, em nosso caso, neste tempo favorável, participar da JMJ-Rio2013, enriquecidas pela Igreja com especiais indulgências.

Para que estas maravilhas espirituais sejam operadas é necessário que todos os sacerdotes de nossa Arquidiocese estejam dispostos, com horários pré-marcados ou nos locais de catequeses e confissões, durante os dias 22 a 29 deste mês, para o atendimento das confissões auriculares em conformidade com o que determina o Decreto das Indulgências: "Para que os fiéis possam mais facilmente participar destes dons celestes, os sacerdotes, legitimamente aprovados para ouvir confissões sacramentais, com ânimo pronto e generoso se prestem a acolhê-las e proponham aos fiéis orações públicas pelo bom êxito desta “Jornada Mundial da Juventude”.

Lembramos que os fiéis poderão lucrar as indulgências plenárias e parciais em conformidade com o Decreto, que tem validade somente para o período de celebração da JMJ-Rio2013. É um dom a mais para os participantes desses momentos de oração, adoração, celebração e piedade.

Que todos os fiéis vivam, intensamente, a JMJ-Rio2013 e obtenham todas as graças anexas a este tempo santo. Pelas indulgências, os fiéis podem obter para si mesmos e também para as almas do Purgatório, a remissão das penas temporais, sequelas dos pecados, para viver a virtude da santidade, abrindo seus corações para o Redentor, fiel ao lema que viveremos nestes dias: “Ide e fazei discípulos por todas as nações (cfr Mt 28, 19)”.
Dom Orani João Tempesta, O. Cist
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)