O projeto de Deus é liberdade e vida para todos. Por isso Ele se solidariza com quem é oprimido e fraco. Mas a solidariedade de Deus passa através das pessoas comprometidas, como Moisés.
Em Jesus, Deus manifestou-se radicalmente bom, paciente e generoso, dando às pessoas a oportunidade da plena realização. Cabe às pessoas responder com uma vida cheia de frutos, a fim de não esterilizar a solidariedade de Deus.
A comunidade cristã que, pelo Batismo e na Eucaristia celebra a plena comunicação de Deus à humanidade, sente-se interpelada a fazer da opção pelos excluídos o prolongamento da ação de Deus plenamente fiel.
Jesus acaba com a ideia de que Deus esteja aí para castigar. Ele não é o Deus vingador, mas o Deus oferta graciosa: ”Se vocês não se converterem, vão morrer todos do mesmo jeito”.
O que são, pois, as tragédias humanas? São um convite à aceitação do projeto de libertação que Jesus instaura, por meio do qual todos terão liberdade e vida. Quando não aceitam esse projeto, as pessoas se destroem entre si e geram um número crescente de excluídos.
Em Jesus, é oferecida a mais ambiciosa e realizadora promessa: a de fazer a experiência do Deus solidário em tudo até o fim. Essa oferta, contudo, requer mudança de mentalidade. Se as pessoas aceitarem essa oferta, convertendo-se ao projeto de Deus, terão vida; se não, serão cúmplices de mortes constantes e construtores da própria desgraça. Para ter vida, torna-se necessário aceitar a oferta e aderir a Jesus.
A cruz de Cristo vem nos mostrar que adorar a Deus, não é desenvolver uma piedade artificial, esperando obter vantagens na defesa de seus próprios interesses. Pelo contrário, é abraçar o seu projeto, vivê-lo em nossa vida e realizar a solidariedade divina entre nossos irmãos.
Dom Eurico dos Santos Veloso - Arcebispo emérito de Juiz de Fora, MG. - Colunista do Portal Ecclesia.
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