A Palavra de Deus

A Palavra de Deus

DOPAS

DOAÇÃO, ORAÇÃO, POBREZA, ALEGRIA E SIMPLICIDADE

30 de março de 2013

EVANGELHO PARA SÁBADO E DOMINGO


Ano C - 30 de março de 2013 Sábado

Lucas 24,1-12

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos.

1 No primeiro dia da semana, muito cedo, dirigiram-se ao sepulcro com os aromas que haviam preparado.
2 Acharam a pedra removida longe da abertura do sepulcro.
3 Entraram, mas não encontraram o corpo do Senhor Jesus.
4 Não sabiam elas o que pensar, quando apareceram em frente delas dois personagens com vestes resplandecentes.
5 Como estivessem amedrontadas e voltassem o rosto para o chão, disseram-lhes eles: “Por que buscais entre os mortos aquele que está vivo?”
6 Não está aqui, mas ressuscitou. Lembrai-vos de como ele vos disse, quando ainda estava na Galiléia:
7 “O Filho do Homem deve ser entregue nas mãos dos pecadores e crucificado, mas ressuscitará ao terceiro dia”.
8 Então elas se lembraram das palavras de Jesus.
9 Voltando do sepulcro, contaram tudo isso aos Onze e a todos os demais.
10 Eram elas Maria Madalena, Joana e Maria, mãe de Tiago; as outras suas amigas relataram aos apóstolos a mesma coisa.
11 Mas essas notícias pareciam-lhes como um delírio, e não lhes deram crédito.
12 Contudo, Pedro correu ao sepulcro; inclinando-se para olhar, viu só os panos de linho na terra. Depois, retirou-se para a sua casa, admirado do que acontecera.
Palavra da Salvação.
Comentário do Evangelho
À ESPERA DA RESSURREIÇÃO
A morte e a sepultura de Jesus impactou profundamente os discípulos. Eles não compreendiam como o Mestre, tão justo e fiel a Deus, tivesse padecido a morte dos malfeitores; como tivesse sido reduzido à mais total impotência e fraqueza, já que se manifestara poderoso em gestos e palavras; como pudesse ter morrido no mais total abandono, tendo sempre vivido em profunda comunhão com Deus e servido incansavelmente ao povo. Quem havia considerado Jesus um Messias político e esperado dele a libertação do jugo romano, passava pela decepção de ver seus planos frustrados. Quem havia nutrido uma grande amizade por ele, chorava a perda do amigo querido, na dor da saudade de não tê-lo mais junto de si. 
Num primeiro momento, a comunidade dos discípulos considerou a morte de Jesus num prisma puramente humano, não contando com a intervenção do Pai. Por isso, o dia seguinte à sepultura foi tempo de dor e perplexidade para eles, diante da perda do Mestre.
Porém, a Ressurreição ofereceu uma luz nova para a compreensão da morte de Jesus, e levou a comunidade cristã a transformar em tempo de esperança aquele que medeia a morte e sepultura do Senhor e sua Ressurreição. O grão de trigo, tendo sido lançado à terra e morrido, estava destinado a produzir frutos de vida para a humanidade.

Oração
Senhor Jesus, abre o meu coração para a esperança, que me leva a superar o desespero e a frustração diante do mistério da cruz.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês).
Leitura
Gênesis 1,1.26-31 (versão breve)

Leitura do livro do Gênesis. 

1 No princípio, Deus criou os céus e a terra. 
26 Então Deus disse: "Façamos o homem à nossa imagem e semelhança. Que ele reine sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais domésticos e sobre toda a terra, e sobre todos os répteis que se arrastem sobre a terra." 
27 Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher. 
28 Deus os abençoou: "Frutificai, disse ele, e multiplicai-vos, enchei a terra e submetei-a. Dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todos os animais que se arrastam sobre a terra." 
29 Deus disse: "Eis que eu vos dou toda a erva que dá semente sobre a terra, e todas as árvores frutíferas que contêm em si mesmas a sua semente, para que vos sirvam de alimento. 30 E a todos os animais da terra, a todas as aves dos céus, a tudo o que se arrasta sobre a terra, e em que haja sopro de vida, eu dou toda erva verde por alimento." E assim se fez. 31 Deus contemplou toda a sua obra, e viu que tudo era muito bom. 
Sobreveio a tarde e depois a manhã: foi o sexto dia.
Palavra do Senhor. 
Salmo 103/104
Enviai o vosso Espírito, Senhor,
e da terra toda a face renovai.

Bendize, ó minha alma, ao Senhor! 
Ó meu Deus e meu Senhor, como sois grande!
De majestade e esplendor vos revestir
e de luz vos envolveis como num manto.

A terra vós firmastes em suas bases,
ficará firme pelos séculos sem fim;
os mares a cobriam como um manto,
e as águas envolviam as montanhas.

Fazeis brotar em meio aos vales as nascentes
que passam serpeando entre as montanhas;
às suas margens vêm morar os passarinhos,
entre os ramos eles erguem o seu canto.

De vossa casa as montanhas irrigais,
com vossos frutos saciais a terra inteira;
fazeis crescer os verdes pastos para o gado
e as plantas que são úteis para o homem.

Quão numerosas, ó Senhor, são vossas obras,
e que sabedoria em todas elas!
Encheu-se a terra com as vossas criaturas!
Bendize, ó minha alma, ao Senhor!

Oração
Ó Deus, que pelo vosso Filho trouxestes àqueles que crêem o clarão da vossa luz, santificai + este novo fogo. Concedei que a festa da Páscoa acenda em nós tal desejo do céu, que possamos chegar purificados à festa da luz eterna. Por Cristo, nosso Senhor.


Ano C - 31 de março de 2013 Domingo
João 20,1-9
Aleluia, aleluia, aleluia.
O nosso cordeiro pascal, Jesus Cristo, já foi imolado. Celebremos, assim, esta festa na sinceridade e verdade (1Cor5,7s).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João. 

1 No primeiro dia que se seguia ao sábado, Maria Madalena foi ao sepulcro, de manhã cedo, quando ainda estava escuro. Viu a pedra removida do sepulcro. 
2 Correu e foi dizer a Simão Pedro e ao outro discípulo a quem Jesus amava: “Tiraram o Senhor do sepulcro, e não sabemos onde o puseram!” 
3 Saiu então Pedro com aquele outro discípulo, e foram ao sepulcro. 
4 Corriam juntos, mas aquele outro discípulo correu mais depressa do que Pedro e chegou primeiro ao sepulcro. 
5 Inclinou-se e viu ali os panos no chão, mas não entrou. 
6 Chegou Simão Pedro que o seguia, entrou no sepulcro e viu os panos postos no chão. 
7 Viu também o sudário que estivera sobre a cabeça de Jesus. Não estava, porém, com os panos, mas enrolado num lugar à parte. 
8 Então entrou também o discípulo que havia chegado primeiro ao sepulcro. Viu e creu. 
9 Em verdade, ainda não haviam entendido a Escritura, segundo a qual Jesus devia ressuscitar dentre os mortos. 
Palavra da Salvação.
Comentário do Evangelho
O SEPULCRO VAZIO
Os discípulos começaram a se dar conta da ressurreição do Senhor, ao se depararem com o sepulcro vazio. Maria Madalena, alarmada, pensou que o corpo de Jesus tivesse sido retirado, à surdina, e colocado num outro lugar. Pedro, tendo acorrido para se inteirar dos fatos, apenas constatou onde estavam o lençol e os demais panos com que Jesus havia sido envolvido. O discípulo amado, este sim, começou a perceber que algo de muito extraordinário havia acontecido. Por isso, foi capaz de passar da constatação do sepulcro vazio à fé: "Ele viu e acreditou".
O sepulcro vazio, por si só, não podia servir de prova para a ressurreição do Senhor. Seria sempre possível acusar os cristãos de fraude. Poderiam ter dado sumiço ao cadáver de Jesus, e sair dizendo que ele ressuscitara. Era preciso ir além e descobrir, de fato, onde estava o corpo do Mestre. 
O discípulo amado, de imediato, cultivou a esperança de encontrar-se com o Senhor. Sua fé consistiu na certeza de que o Mestre estava vivo, não no sepulcro, porque ali não era o seu lugar. Senhor da vida, não poderia ter sido derrotado pela morte. Filho amado do Pai, as forças do mal não poderiam prevalecer sobre ele. Embora sem ter chegado ao pleno conhecimento do fato, a fé na ressurreição despontava no coração do discípulo amado.

Oração
Espírito de ressurreição, como o discípulo amado, creio que o Crucificado venceu a morte e as forças do mal.
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês). 

Leitura
Atos 10,34.37-43

Leitura dos Atos dos Apóstolos.

34 Então Pedro tomou a palavra e disse: “Em verdade, reconheço que Deus não faz distinção de pessoas, 
37 Vós sabeis como tudo isso aconteceu na Judéia, depois de ter começado na Galiléia, após o batismo que João pregou. 
38 Vós sabeis como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com o poder, como ele andou fazendo o bem e curando todos os oprimidos do demônio, porque Deus estava com ele. 
39 E nós somos testemunhas de tudo o que fez na terra dos judeus e em Jerusalém. Eles o mataram, suspendendo-o num madeiro. 
40 Mas Deus o ressuscitou ao terceiro dia e permitiu que aparecesse, 
41 não a todo o povo, mas às testemunhas que Deus havia predestinado, a nós que comemos e bebemos com ele, depois que ressuscitou. 
42 Ele nos mandou pregar ao povo e testemunhar que é ele quem foi constituído por Deus juiz dos vivos e dos mortos. 
43 Dele todos os profetas dão testemunho, anunciando que todos os que nele crêem recebem o perdão dos pecados por meio de seu nome”. 
Palavra do Senhor.
Salmo 117/118
Este é o dia que o Senhor fez para nós:
alegremo-nos e nele exultemos!

Dai graças ao Senhor, porque ele é bom!
“Eterna é a sua misericórdia!”
A casa de Israel agora o diga:
“Eterna é a sua misericórdia!”

A mão direita do Senhor fez maravilhas,
a mão direita do Senhor me levantou.
Não morrerei, mas, ao contrário, viverei 
para cantar as grandes obras do Senhor!

A pedra que os pedreiros rejeitaram
tornou-se agora a pedra angular.
Pelo Senhor é que foi feito tudo isso:
que maravilhas ele fez a nossos olhos!

Oração
Ó Deus, por vosso filho unigênito, vencedor da morte, abristes hoje para nós as portas da eternidade. Concede que, celebrando a ressurreição do Senhor, renovados pelo vosso Espírito, ressuscitemos na luz da vida nova. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

O ANUNCIO DE UMA GRANDE ALEGRIA

Narra o Evangelho do Domingo de Páscoa que ao local onde havia sido deposto Jesus no sepulcro, na tarde de sexta-feira, chegou Maria de Magdala e chegaram outras mulheres. Jesus tinha sido colocado num sepulcro novo, escavado na rocha, no qual ninguém fora sepultado ainda. Este sepulcro achava-se aos pés do Gólgota, precisamente onde Jesus crucificado expirara depois que o centurião lhe havia traspassado o lado com a lança para verificar, com certeza, a realidade da morte. Jesus fora envolvido em ligaduras pelas mãos caridosas e cheias de afeto das piedosas mulheres, as quais, juntamente com a Sua mãe e com João, o discípulo amado, haviam assistido ao seu extremo sacrifício.

Tendo, porém, caído a noite e iniciando-se o Sábado Pascal, as generosas e afeiçoadas discípulas viram-se obrigadas a adiar a unção do corpo santo e martirizado de Cristo para uma próxima ocasião, logo que isso fosse permitido pela lei religiosa da época. Elas dirigem-se, pois, ao sepulcro, no dia a seguir ao sábado, logo de manhãzinha, isto é, aos primeiros albores do dia; vão preocupadas com a ideia de como remover a grande pedra que tinha sido colocada à entrada do sepulcro, a qual, também havia sido selada. Mas, eis que chegadas ao local viram que a pedra tinha sido retirada do sepulcro.

A pedra colocada na tarde de Sexta-feira Santa por cima do sepulcro de Jesus tornou-se também ela, como todas as pedras tumulares, a testemunha da morte do Homem, do Filho de Deus. E o que testemunha esta pedra no dia a seguir ao sábado, às primeiras horas do despontar do novo dia? O que é que diz e o que é que anuncia essa pedra retirada do sepulcro?

No Evangelho as respostas começam a aparecer de modo tímido. Maria de Magdala, quando possuída de grande susto pela ausência de Jesus do sepulcro, corre a avisar Simão Pedro e o outro discípulo, aquele que Jesus amava (Jo 20,2), a sua linguagem humana encontra somente estas palavras para exprimir o sucedido: "Levaram o Senhor do sepulcro e não sabemos onde o puseram" (Jo 20,2).

Segue-se que também Simão Pedro e o discípulo amado, apressadamente, foram ao sepulcro. Pedro, tendo entrado aí, viu as ligaduras por terra e colocadas à parte, num outro lugar, e o sudário que estivera sobre a cabeça de Jesus (Jo 20,7). Depois entrou, também, São João e viu e acreditou: ambos, com efeito, "não tinham entendido ainda a Escritura, que Ele devia ressuscitar dos mortos" (Jo 20,9).

Jesus vencera a morte e a pedra do túmulo não conseguira ser o seu fim, porque Ele verdadeiramente Ressuscitou e Está no meio de nós! Os encontros com o Ressuscitado irão abrir ainda mais suas mentes e corações para tornar os apóstolos testemunhas da ressurreição.

Devemos constantemente renovar a nossa adesão a Cristo morto e ressuscitado por nós: a sua Páscoa é também a nossa Páscoa, porque em Cristo ressuscitado é-nos dada a certeza da nossa ressurreição. A notícia da sua ressurreição dos mortos não envelhece e Jesus está sempre vivo; e vivo é o seu Evangelho. "A fé dos cristãos, observa Santo Agostinho, é a ressurreição de Cristo". Os Atos dos Apóstolos explicam-no claramente: "Deus ofereceu a todos um motivo de crédito com o fato de O ter ressuscitado dentre os mortos" (17,31). No decorrer da história muitos consagraram a sua vida a uma causa considerada justa e morreram! E permaneceram mortos. A morte do Senhor demonstra o amor imenso com que Ele nos amou até ao sacrifício por nós; mas a sua ressurreição é a certeza de que quanto Ele afirma é verdade que vale também para nós, para todos os tempos. Ressuscitando-o, o Pai glorificou-o. São Paulo assim escreve na Carta aos Romanos: "Se confessares com a tua boca o Senhor Jesus e creres no teu coração que Deus O ressuscitou dentre os mortos, serás salvo" (10,9).

Na Igreja Católica não pode faltar a fé na ressurreição, senão tudo desmorona. Ao contrário, a adesão do coração e da mente a Cristo morto e ressuscitado muda a vida e ilumina toda a existência das pessoas e dos povos. Não é, porventura, a certeza de que Cristo ressuscitou que dá coragem, audácia profética e perseverança aos mártires de todos os tempos? Não é o encontro com Jesus vivo que converte e fascina tantos homens e mulheres, que desde o início do cristianismo continuam a deixar tudo para segui-Lo e pôr a própria vida ao serviço do Evangelho? "Se Cristo não ressuscitou é vã a nossa pregação e vã a nossa fé" (1Cor 15,14). Mas ressuscitou! E está vivo no meio de nós!

O anúncio que ouviremos dentro neste festivo tempo é precisamente este: Jesus ressuscitou, é o Vivente e nós podemos encontrá-Lo. Como O encontraram as mulheres que, na manhã do terceiro dia, o dia depois do sábado, tinham ido ao sepulcro; como O encontraram os discípulos, surpreendidos e perturbados com o que as mulheres tinham contado; como O encontraram muitas outras testemunhas nos dias depois da sua ressurreição. E também depois da sua Ascensão, Jesus continuou a permanecer presente entre os seus amigos como tinha prometido: "E Eu estarei sempre convosco, até ao fim do mundo" (Mt 28,20). O Senhor está conosco, com a sua Igreja, até ao fim dos tempos. 

Iluminados pelo Espírito Santo, os membros da Igreja primitiva começaram a proclamar o anúncio pascal abertamente e sem receio. E este anúncio, transmitido de geração em geração, chegou até nós e ressoa todos os anos na Páscoa com poder sempre novo. É este anúncio que o Papa Francisco espera de todos nós, brasileiros e, particularmente, dos jovens, na JMJ Rio 2013, com o seu empenho missionário.

Feliz Páscoa, e vamos dar testemunho de que Cristo ressuscitou verdadeiramente, Aleluia!
Dom Orani João Tempesta - Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ).

ALELUIA, CRISTO RESSUSCITOU!

A celebração da Páscoa deste ano é para todos nós uma bela oportunidade de bendizer ao Senhor por todos os dons recebidos e pela grande alegria de podermos, com Cristo, ressurgir de nossos pecados. Páscoa é a passagem do Senhor libertando o povo da escravidão, vencendo os opressores. Páscoa é a certeza de que hoje o Senhor vence os pecados que escravizam o ser humano e fazem acontecer uma sociedade injusta e violenta.

A celebração da Jornada Mundial da Juventude no próximo mês de julho no Rio de Janeiro, a experiência da renúncia e eleição do Papa neste último mês, os trabalhos desenvolvidos pelo Ano da Fé, o compromisso com a juventude, em especial na Campanha da Fraternidade, e a beleza da participação do nosso povo nas atividades eclesiais fazem esse horizonte se ampliar!

Porém, a experiência pessoal de libertação e salvação deve ter consequências sociais em nossas comunidades. Somos chamados a ser sal da terra e luz do mundo ao anunciar Jesus Cristo Ressuscitado vivo e presente entre nós. Eis a nossa importante missão de discípulos missionários, buscando agir em uma nova evangelização.

Sem dúvida que a experiência de uma nova vida que brota no coração de cada um de nós deve nos fazer ser comunidades renovadas no Senhor, testemunhas de um novo amanhecer! O primeiro dia da semana, quando o anúncio da Ressurreição ecoou por todos os cantos e chegou até nós, deve anunciar o oitavo dia eterno e sem fim. Fazer Páscoa! Este é o desafio dos tempos atuais! Fazer com que a experiência pascal contagie a vida da sociedade é nossa missão!

A Igreja sempre passou e passará por momentos de alegria e festa (como o acolhimento de Cristo no Domingo de Ramos), mas ela tem certeza de que a cruz e o calvário fazem parte de sua história (Evangelho da Paixão). Nunca faltarão perseguições, dificuldades, incompreensões, calúnias, martírios. Porém, a experiência pascal sempre nos fará ter a alegria da vida que brota da morte, a certeza de que a Ressurreição de Cristo é a resposta que todos temos, tanto para as situações sociais e humanas de hoje como também para a vida de cada um de nós. Isso nós experimentamos ainda na penumbra da fé, que nos dá a certeza daquilo que seremos enquanto caminhamos nas contradições da história.

A celebração da Páscoa é o centro do Ano Litúrgico e o centro de nossa vida cristã, como bem recorda o Apóstolo Paulo: senão nossa fé seria vã. Tudo converge e tudo emana da experiência pascal. O Círio Pascal, atualizado a cada ano, recorda que hoje a luz brilha no meio das trevas e os cristãos espalhados pelo mundo são chamados a ser reflexo dessa luz.

Sabemos que a experiência de Páscoa preenche com uma alegria indizível a nossa vida, porém não deixamos de estar dentro de um mundo contraditório e muitas vezes contrário aos verdadeiros valores do Evangelho e, consequentemente, da vida humana. As pessoas ainda não perceberam que os caminhos que estão trilhando estão levando não só elas, pessoalmente, mas toda a sociedade a uma experiência de aumento de violência e insatisfação, porque estão percorrendo caminhos contrários aos rumos que Deus colocou presente na consciência bem formada das pessoas e nos próprios princípios da lei natural.

Diante de um quadro preocupante de mudança de época, celebrar a Páscoa hoje é anunciar a certeza da vida em meio às contradições hodiernas. É saber, com certeza, que o Senhor conduz a história e que somos chamados a ser sinais dessa vida em Cristo para as pessoas que procuram, mesmo às apalpadelas, o sentido último de suas vidas.

Gostaria que esse anúncio fosse sentido por todos os que hoje estão escravizados pela droga, pelo álcool, pela vida desenfreada, por falsos deuses e falsos caminhos de felicidade. Aqueles que fazem experiências de morte e infelicidade são convidados a olhar para a cruz de Cristo, lugar onde Ele nos salvou, e acolhê-Lo vivo e ressuscitado, experimentando a possibilidade de uma vida cheia de sentido e de paz! Queria que esse anúncio penetrasse em todas as casas e ajudasse os casais a estarem unidos e em paz junto com seus familiares, em especial os filhos. Peço a Deus para que esse anúncio atinja todas as situações de injustiças que clamam aos céus e que as pessoas se convertam ao Deus Vivo! Que a experiência pascal nos faça pessoas pascais em todos os nossos relacionamentos e missões.

Façamos Páscoa! Passemos para esta nova vida. Experimentemos a alegria da verdadeira vida, mesmo com as dificuldades inerentes à vida humana e social. Aquele que faz a primavera suceder ao inverno e que tirou o Seu povo da escravidão, conduzindo-o à terra prometida, hoje nos fala com clareza que em Cristo, o filho eterno de Deus, que assumiu nossos pecados e derramou seu sangue para nos fazer novos de novo, a Páscoa é a última e mais importante palavra que o Senhor nos dá. Não tenhamos medo, Ele ressuscitou e está presente no meio de nós! Ele é nossa vida! Ele é a nossa salvação!

Que essa experiência vivida pessoalmente em nossas comunidades neste abençoado tempo nos faça sempre mais anunciadores alegres e disponíveis da grande boa notícia: o Senhor ressuscitou verdadeiramente, Aleluia!

A todos os que compartilham dos sonhos de um novo tempo para a humanidade convido a olhar para o horizonte vasto à nossa frente, respirar fundo e anunciar a todos que a Vida tem a última palavra ao proclamarmos: Aleluia, Cristo Ressuscitou!

Feliz Páscoa da Ressurreição para todos! 
Dom Orani João Tempesta - Arcebispo do Rio de Janeiro (RJ).

COISAS DO CORAÇÃO

Uma multidão de fiéis, peregrinos e turistas, viveu esta Semana Santa em Roma de modo diferente: quase todos com a expectativa de ver, ouvir, e por que não cumprimentar o novo Pontífice, Papa Francisco? A semana ápice da fé do cristão, quando recordamos a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, a instituição da Eucaristia e do sacerdócio, a Paixão e morte de Jesus, mas principalmente a espera da Sua ressurreição, teve momentos que tiveram mais uma fez como figura central o Papa latino-americano. De fato, Papa Francisco dá a impressão de trazer toda a simplicidade dos gestos e das palavras da nossa Igreja sofrida, que por muitos anos, em meio a ditaduras e perseguições viveu pari passo, o drama dos excluídos e deserdados da sociedade. Papa Francisco parece resgatar todos aqueles anos de tristeza e de humilhações com palavras que provém, mais do que da boca de um Pontífice, da boca do nosso pároco, que está na nossa paróquia. De fato, Papa Bergoglio se firma cada vez mais com um "pároco do mundo". 

Para salientar alguns momentos desta importante Semana Santa, vividos com o novo Pontífice, o nosso olhar retorna para o último domingo, Domingo de Ramos, e Jornada Mundial da Juventude, realizada em todas as dioceses do mundo. Após a cinematográfica procissão de ramos no interior da praça São Pedro, na homilia da missa, o Santo Padre chamou a atenção para três palavras que sintetizaram o seu discurso: alegria, cruz e jovem. E a primeira frase forte: "Jamais sejam homens e mulheres tristes: um cristão jamais pode sê-lo! Jamais se deixem desencorajar! E por favor, não deixem roubar a esperança de vocês!".

Quando fala da cruz recorda que "foi com a cruz que Jesus venceu o mal". "Penso naquilo que Bento XVI dizia aos cardeais, 'os senhores são príncipes, mas de um Rei crucificado. Este é o trono de Jesus'". Olhemos ao nosso redor: tantas feridas infligidas pelo mal à humanidade. "Todos nós podemos vencer o mal que existe em nós e no mundo: com Cristo, com o bem!". A terceira palavra de Papa Francisco "jovem". Domingo de Ramos há 28 anos é sinônimo de Jornada da Juventude. A JMJ é uma festa por excelência e vocês, caros jovens, disse o Papa "têm uma parte importante na festa da fé". "Vocês nos trazem a alegria da fé". O pensamento do Pontífice dirigiu-se à JMJ do Rio de Janeiro, etapa que será vivida - anunciou - nas pegadas de João Paulo II e de Bento XVI: "encontremo-nos naquela grande cidade do Brasil!".

Durante a semana, nas várias missas celebradas na Casa Santa Marta, onde ainda reside Papa Francisco, o Santo Padre pediu que nestes dias pensássemos na paciência que Deus tem com cada um de nós. "Quando se pensa na paciência de Deus: isso é um mistério!", exclamou o Papa Francisco. "Quanta paciência Ele tem conosco! Fazemos tantas coisas, mas Ele é paciente".

Devemos ainda, disse em outra ocasião, abrir o coração à doçura do perdão de Deus: "Todo homem vive a 'noite do pecador', mas Jesus tem uma 'carícia' para todos recordando o olhar com o qual Jesus perdoou Pedro após este renegá-Lo".

Na quarta-feira, durante a sua primeira audiência geral na praça São Pedro, Papa Francisco se interrogou mais uma vez sobre o "que significa viver a Semana Santa". E respondeu: "É acompanhar Jesus no seu caminho rumo à cruz e à ressurreição". Na Semana Santa, vivemos o vértice dessa caminhada de Jesus, que se entregou voluntariamente à morte para corresponder ao amor de Deus Pai. O Papa então perguntou: "O que tudo isso tem a ver conosco? Significa que esta é também a minha, a sua, a nossa caminhada".

Já na quinta-feira de manhã, na missa do Crisma, na basílica de São Pedro, Papa Francisco, diante de mais de 1.600 sacerdotes pediu-lhes que não sejam homens tristes, nem fechados sobre eles mesmos: pediu para que sejam "pastores com cheiro das ovelhas, pastores no meio do seu rebanho". 

Na quinta-feira Santa à tarde o Papa Francisco foi até o Instituto Penal para Menores de 'Casal del Marmo', em Roma para presidir a missa da Ceia do Senhor. Também ali abraçou idealmente todos os jovens do mundo, sem exceção e repetiu o gesto do lava-pés. No final do encontro, um dos jovens presentes fez uma pergunta a Papa Francisco. "Gostaria de saber por que o Senhor veio hoje aqui em Casal del Marmo?". O Santo Padre respondeu: "É um sentimento que veio do coração, eu senti isto. Onde estão aqueles que talvez me ajudarão mais a ser humilde, a ser servidor como deve ser um bispo. E eu pensei, e eu perguntei: 'onde estão aqueles que gostariam de uma visita?'. E me disseram: 'Casal Del Marmo, talvez'. E quando me disseram isto, decidi vir aqui. Mas isto veio do coração, somente do coração. As coisas do coração não tem explicação, elas vem sozinhas", frisou.

Depois da adoração da cruz na tarde da sexta-feira santa, à noite, no Coliseu, a tradicional Via Sacra, cujas meditações foram escritas por jovens libaneses, a pedido do Papa emérito Bento XVI. Nas suas palavras conclusivas Papa Francisco recordou que "a cruz de Jesus é a Palavra com que Deus respondeu ao mal do mundo. Às vezes parece-nos que Deus não responda ao mal, que permaneça calado. Na realidade, Deus falou, respondeu, e a sua resposta é a cruz de Cristo: uma Palavra que é amor, misericórdia, perdão". No sábado a celebração da Vigília Pascal, e no domingo, a missa de Páscoa e a mensagem 'Urbi et Orbi'.

Neste resumo que pode parecer até mesmo redutivo desta semana, notamos quantos convites o Papa nos fez para que vivamos a nossa fé com ardor, recordando que a Semana Santa é um tempo de graça que o Senhor nos doa para abrir as portas do nosso coração, da nossa vida e sair ao encontro do nosso próximo e levar a ele aquele raio de amor que brota do lado traspassado de Jesus. Sim o convite é levar a todos o amor e a ternura de Deus. Feliz Páscoa, na ressurreição de Cristo!
Silvonei José Protz - Diocese de Roma (Itália).

PÁSCOA: UM TEMPO SE INICIA


Com a Páscoa o mundo se renova e começa uma nova perspectiva de história, porque o Cristo Ressuscitado convoca os cristãos para construir uma humanidade diferente, convencida de que uma vida saudável é possível. Ela tem que ser construída tendo como base a fé e a visão otimista de futuro. Os critérios devem aqueles fundados no testemunho autêntico de vida.

No caminho da Páscoa é importante o desapego de ideias antigas, de antigos costumes e normas. É hora de pensar mais alto e olhar para frente com liberdade, com fermento novo e firmar os pés naquilo que é capaz de dar rumo certo aos nossos ideais. Isso é muito difícil quando nos abandonamos no próprio subjetivismo.

No âmbito da fé, sabemos que Deus dá novo sentido para os acontecimentos. Ele é o guia da história, que tira do fracasso um resultado de vitória para a vida. Não é fácil entender os mistérios de Deus Pai, mas eles estão a serviço do bem da criação, especialmente das pessoas, criadas à imagem e semelhança d'Ele e chamadas para construir o mundo. Não podemos ficar numa situação de trevas, de incertezas, como aconteceu com os discípulos de Jesus após Sua Morte na cruz. Não sabiam ainda da Ressurreição do Senhor, mesmo sabendo que o sepulcro tinha sido encontrado vazio. Custaram a entender as promessas do Mestre, nas quais estava inscrito que a morte traria vida nova.

Deus vai sempre na contramão dos critérios humanos. O que para nós parece derrota, para Ele é vitória; o que nos parece fim é começo para Ele, e com muito mais força e vigor. A Ressurreição de Cristo é o recomeço da criação, que depende da continuidade da nossa parte como cocriadores com Deus.

Todos nós estamos em busca de um novo mundo, de uma sociedade transformada e ressuscitada para o bem e para a paz. A Páscoa deve ser vida nova, superior a todo o passado de imperfeições e maldades. É olhar para frente com esperança e na certeza de bons frutos de quem se convence do valor dos seus bons atos.
Dom Paulo Mendes Peixoto
Arcebispo de Uberaba - MG

OS SINAIS DA PÁSCOA


Páscoa significa "passagem" ou agradecimento por um caminho de libertação percorrido. Já no Antigo Testamento, isso estava muito presente na vida do Povo de Deus. A Páscoa era sinalizada por diversas passagens: da Caldeia para Canaã, daí para o Egito e do Egito para a Terra Prometida, atravessando o Mar Vermelho e o deserto. Todas foram marcas de libertação.

Hoje, o grande sinal da Páscoa é a ressurreição de Jesus Cristo, o milagre da vida, realizando a grande aliança de Deus com seu povo, sinalizando a passagem do Antigo para o Novo Testamento. Após a morte de Cristo e Seu sepultamento, os discípulos encontraram o sepulcro vazio, sinal “ainda duvidoso” de ressurreição, a qual foi confirmada, mais tarde, com as aparições, tornando-se fonte de fé para os cristãos. Para entender os sinais do mistério da ressurreição é preciso acompanhar os primeiros tempos da Igreja. É fundamental compreender a Sagrada Escritura para entender o fato da morte gerar vida. Não é necessário ver para crer, mas o amor conduz o discípulo a ter fé no Cristo ressuscitado.

As cenas da Semana Santa continuam acontecendo ainda hoje. Elas reavivam em nós o caminho da Paixão de Cristo e nos lembram dos sofrimentos de tantas pessoas nas diversas faixas etárias e situações do momento. Além da pobreza vivida por muitos, temos as doenças, a violência no trânsito, as afrontas à vida etc.

Os sinais da ressurreição estão presentes na sociedade hodierna. Eles podem ser vistos naqueles que conseguem vencer na vida, saindo de uma situação de sofrimento para uma vida mais saudável. Isto acontece tanto na condição física como também na via espiritual, no caminho de encontro com Jesus Cristo e na convivência comunitária.

Quem faz a experiência da ressurreição, na prática da vida cristã, deve ter uma nova conduta de vida e passar a olhar e cuidar também das coisas do alto, sobrenaturais e dimensões divinas. Digo isso, porque nossa vida é regida pela vitória de Cristo na cruz.

Desejo uma Feliz Páscoa para todos os leitores!
Dom Paulo M. Peixoto - Arcebispo de Uberaba (MG)

28 de março de 2013

EVANGELHO E LEITURA ORANTE PARA SEXTA-FEIRA

ANO C - DIA 29/03 Sexta-feira
Jesus é preso, flagelado, morto 
- Jo 18,1–19,42
Eles tomaram conta de Jesus. Carregando a sua cruz, ele saiu para o lugar chamado Calvário (em hebraico: Gólgota). Lá, eles o crucificaram com outros dois, um de cada lado, ficando Jesus no meio. [...]Junto à cruz de Jesus, estavam de pé sua mãe e a irmã de sua mãe, Maria de Cléofas, e Maria Madalena. Jesus, ao ver sua mãe e, ao lado dela, o discípulo que ele amava, disse à mãe: “Mulher, eis o teu filho!” Depois disse ao discípulo: “Eis a tua mãe!” A partir daquela hora, o discípulo a acolheu no que era seu. Depois disso, sabendo Jesus que tudo estava consumado, e para que se cumprisse a Escritura até o fim, disse: “Tenho sede”! Havia ali uma jarra cheia de vinagre. Amarraram num ramo de hissopo uma esponja embebida de vinagre e a levaram à sua boca. Ele tomou o vinagre e disse: “Está consumado”. E, inclinando a cabeça, entregou o espírito. [...] José de Arimateia pediu a Pilatos para retirar o corpo de Jesus; ele era discípulo de Jesus às escondidas, por medo dos judeus. Pilatos o permitiu. José veio e retirou o corpo. Veio também Nicodemos, aquele que anteriormente tinha ido a Jesus de noite; ele trouxe uns trinta quilos de perfume feito de mirra e de aloés. Eles pegaram o corpo de Jesus e o envolveram, com os perfumes, em faixas de linho, do modo como os judeus costumam sepultar. No lugar onde Jesus foi crucificado havia um jardim e, no jardim, um túmulo novo, onde ninguém tinha sido ainda sepultado. Por ser dia de preparação para os judeus, e como o túmulo estava perto, foi lá que eles colocaram Jesus.

LEITURA ORANTE

ORAÇÃO INICIAL
Com todos os internautas e os cristãos de todos os tempos, coloco-me diante da cruz de Jesus Cristo e rezo:
- Nós vos adoramos, ó Cristo e vos bendizemos
- Porque pela vossa santa cruz salvastes o mundo.

1- LEITURA (VERDADE)O que diz o texto?
Leio, na minha Bíblia: Jo 18,1-19,42 

O Grande Sacerdote fez algumas perguntas a Jesus a respeito dos seus seguidores e dos seus ensinamentos. Faço a leitura meditativa na minha Bíblia.

2- MEDITAÇÃO (CAMINHO)O que o texto diz para mim, hoje?
Quem são os condenados injustamente?
Quem carrega uma grande e pesada cruz no mundo de hoje?
Quem são os crucificados na nossa sociedade?
Os bispos, em Aparecida, disseram: "Na história do amor trinitário, Jesus de Nazaré, homem como nós e Deus conosco, morto e ressuscitado, nos é dado como Caminho, Verdade e Vida. No encontro de fé com o inaudito realismo de sua Encarnação, podemos ouvir, ver com nossos olhos, contemplar e tocar com nossas mãos a Palavra de vida (cf. 1 Jo 1,1), experimentamos que "o próprio Deus vai atrás da ovelha perdida, a humanidade doente e extraviada. Quando em suas parábolas Jesus fala do pastor que vai atrás da ovelha desgarrada, da mulher que procura a dracma, do pai que sai ao encontro de seu filho pródigo e o abraça, não se trata só de meras palavras, mas da explicação de seu próprio ser e agir"136. Esta prova definitiva de amor tem o caráter de um esvaziamento radical (kenosis), porque Cristo "se humilhou a si mesmo fazendo-se obediente até a morte e morte de cruz" (Fl 2,8). " (DAp 242)

3- ORAÇÃO (VIDA)O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo com toda a Igreja, a VIA-SACRA 
1. Jesus é condenado à morte por Pilatos (Mt 27,26) 
A cada estação, faço um momento de silêncio e depois rezo: 
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós. 2. Jesus carrega a sua Cruz (Mt 27,31) 
3. Jesus cai pela primeira vez 
4. Jesus encontra a sua Mãe 
5. Jesus recebe ajuda de Simão para carregar a Cruz (Mt 27.32)
6. Verônica enxuga o rosto de Jesus 
7. Jesus cai pela segunda vez sob o peso da Cruz 
8. Jesus fala às mulheres de Jerusalém (Lc 23,27) 
9. Jesus cai pela terceira vez sob o peso da Cruz 
10. Jesus é despojado de suas vestes (Mt 27,35) 
11. Jesus é pregado na Cruz 
12. Jesus morre na Cruz (Mt 27,50) 
13. Jesus é descido da Cruz (Mt 27,59) 
14. Jesus é sepultado (Mt 27,60) 
15. Jesus ressuscitou (Mt 28,5).
Termino, rezando por todas as pessoas que sofrem:
Senhor, não te peço que me troques a cruz. 
Ajuda-me a carregá-la. 
Não te peço que me encurtes o caminho. 
Peço-te que venhas comigo. 
Não te peço que me troques a água em vinho. 
Dá-me de beber o que for do teu agrado. 
Não te peço que me troques a cruz. 
Ajuda-me a carregá-la.
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós.
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

4- CONTEMPLAÇÃO (VIDA E MISSÃO)
Vou ter um olhar de compaixão para com as pessoas que sofrem e ajudar, como Cireneu, os que caem.

BÊNÇÃO
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém. 
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém. 
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém. 
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém!
Ir. Patrícia Silva, fsp

MENSAGEM DE PÁSCOA INSPIRADA EM ADÉLIA PRADO


O evangelista João fala da morte redentora de Jesus usando a metáfora do trigo, que, para produzir outros grãos, tem que morrer enquanto grão e reviver como pé de trigo (Jo 12, 24). No coração daquele grão de trigo está potencialmente um trigal inteiro, mas o trigal só virá após a transformação do grão, que deve ser sepultado, esperar no ventre escuro e silencioso da terra o tempo da nova vida: a páscoa do trigo.

Deixo o evangelista e continuo a mensagem com a poetisa mineira Adélia Prado (POESIA REUNIDA, São Paulo: Siciliano, 1991), que nos fala da morte como uma continuidade desta vida: "No fim da viagem, no fim da noite, / tem uma porteira se abrindo / pra madrugada suspensa" (p. 63). E se alguém pergunta a Adélia: "Como será a ressurreição da carne? / É como nós já sabemos, eu lhe disse:/ tudo é como aqui, mas sem as ruindades" (p. 121).

Instigado pelo filósofo Heráclito, gosto demais de pensar na vida como um constante ir e vir, um constante devir, como Adélia também poetizou: "Eu sempre sonho que uma coisa gera, / que nunca nada está morto. / O que não parece vivo, aduba. / O que parece estático, espera" (p.19). Tudo está impregnado de transformações. A vida borbulha por toda parte. "Infinita vida que para continuar desaparece / e toma outra forma e rebrota, / árvore podada se abrindo, / a raiz mergulhada em Deus" (p. 232).

No silêncio da espera do Sábado Santo, espremidos pela dor da morte e pela semente da esperança da ressurreição, somos inspirados por Adélia: "Branco tão frágil guarda um sol ocluso, / o que vai viver, espera" (p. 28).

Ouvi uma vez o bispo dom Celso Queiroz dizer que o Riobaldo, de Guimarães Rosa, era o seu quinto evangelista. Nesta Semana Santa, relendo Adélia Prado, eu a fiz a minha evangelista preferida. Como faço com os Evangelhos, eu sempre leio e releio os versos de Adélia.

Feliz Páscoa para todos!
Padre Ismar Dias de Matos - Diocese de Guanhães (MG).

PÁSCOA, VIDA NOVA


Contam que o grande cientista Galileu Galilei, já avançado na idade, a quem lhe perguntava quantos anos tinha, respondia: "Oito, talvez dez". Ao interlocutor, que o olhava sem entender, explicava: "Meu amigo, os anos que eu já vivi não me pertencem mais, já os perdi. O que posso ter ainda é o que restada minha vida. Portanto, pense bem, o cálculo não está tão errado assim". Sábias palavras de um homem consciente da pequenez humana.

Estamos acostumados a medir o tempo de nossas vidas tendo como limites o dia do nascimento e o dia, ainda desconhecido, da nossa morte. No entanto se podemos dizer que morremos um pouco a cada dia, podemos também fazer destes dias - da vida que passa - o amanhecer de uma vida nova, a vida de Jesus ressuscitado, que venceu a morte de uma vez por todas.

Fazemos tanto esforço para prolongar a nossa vida. É nossa obrigação, sem dúvida alguma, porque esta vida é o primeiro grande dom que recebemos, de graça, das mãos de Deus. O que vale, porém, não é a mera sucessão dos dias, como se a nossa vida fosse "vegetativa", o que vale é a nossa maneira de viver. Nós somos uma mistura maravilhosa de pensamentos e ações, de impulsos e decisões, de afetos, desejos e vontades. Assim Deus nos fez: livres, ativos e criativos. Não conseguimos ficar parados como os vegetais; menos ainda nascemos, mais ou menos programados, como os animais. Podemos usar e abusar da nossa liberdade. Podemos fazer o bem e podemos fazer o mal; às vezes confundimos tudo, mas às vezes estamos muito conscientes das nossas possibilidades de dar a vida ou de destruí-la; de dar esperança e alegria ou de sermos causa de desespero e lágrimas.

Como cristãos já deveríamos ter entendido que a morte verdadeira, afinal, é o mal que fazemos; todo coração incapaz de amar está morto também se funciona perfeitamente e bate sem parar. Precisamos colocar a vida nova da ressurreição de Jesus em nossas vidas, muitas vezes cheias de entulhos e de escuridão, faltando-lhes a beleza e a luz esplendorosa da Páscoa.

Quem teve a paciência de acompanhar a catequese da liturgia da Palavra, durante os últimos domingos da quaresma, deve estar entendendo tudo isso. Todos os evangelhos nos convidaram a passar da morte para a vida. A figueira devia ser cortada porque não produzia frutos, mas ganhou uma sobrevida, na esperança de não ocupar mais o terreno inutilmente. O pai da parábola disse ao filho mais velho que o outro, o irmão dele, estava morto, mas agora voltou a viver. Por fim Jesus salvou a pecadora do apedrejamento e a devolveu, perdoada,para uma vida nova dizendo para ela: "Vá em paz e não peque mais". Com o seu trabalho, o vinhateiro se propôs a dar vida nova para a figueira improdutiva. O pai devolveu ao filho aquela dignidade que tinha desprezado, mas nunca perdido. O filho pródigo encontrou uma vida nova no coração do pai que nunca esqueceu aquele que o tinha abandonado e considerado como morto, visto que pediu, antecipadamente, a sua parte da herança. Por fim, a adúltera, já condenada à morte por uma lei amparada por um falso deus, experimentou em Jesus a misericórdia do Pai que não condena o pecador, mas quer que viva por meio do perdão.

Páscoa é, portanto, uma nova vida, vida de amor que vence o ódio e o mal; vida de bondade, compaixão e misericórdia que supera toda indiferença e cegueira do coração. Tempo de vida verdadeira é quando gastamos os nossos dias para amar, mesmo sem ter total consciência disso, e, melhor ainda, se o fazemos sem nenhuma pretensão ou busca de recompensa. Quando saímos do nosso egoísmo interesseiro e amamos o nosso próximo com generosidade e gratuidade é a Páscoa acontecendo; é a vida nova de Jesus produzindo os seus frutos. Os dias que passamos articulando o mal, as horas que perdemos buscando o nosso exclusivo interesse, os instantes que gastamos na desonestidade e na mentira, não são dias de vida, são tempo de morte. Vale a pena nos perguntarmos, dos anos que já vivemos, quantos vivemos para a vida e quantos para a morte? Talvez seja melhor não perder mais tempo e decidir viver a vida nova do amor de Jesus. É a Páscoa acontecendo a cada instante. Contra esta vida - vida de amor em Cristo - a morte não tem mais poder nenhum, já está vencida.
Dom Pedro José Conti - Bispo de Macapá (AP).

INSTITUIÇÃO DA EUCARISTIA


A quinta-feira santa é o dia em que celebramos a instituição da Eucaristia. Escrevendo aos coríntios, Paulo dá uma amostra de como deve ser celebrada, para que possa eliminar as ambiguidades que nem sempre percebemos ao participar da Ceia do Senhor.

Estamos diante do primeiro escrito do Novo Testamento que trata da Eucaristia, surgido por volta dos anos 54/55, prova de que as comunidades fundadas por Paulo já nessa ocasião celebravam a Ceia do Senhor. Esta é celebrada dentro de um contexto bem preciso: o da comunidade de Corinto, com todos os seus problemas e divisões entre ricos e pobres, fortes e fracos.

Corinto era uma metrópole com quase meio milhão de habitantes, 2/3 deles escravos nos campos, nos portos, nas minas de bronze e nas casas da elite.

Os cristãos dessa cidade começavam a Ceia do Senhor com uma refeição em que todos punham em comum o que cada qual trouxera. Era o momento da partilha que precedia o grande sinal que atualizava a partilha de vida do Senhor. Os pobres escravos, que trabalhavam até tarde, talvez não tivessem tempo para preparar algo, esperando saciar a fome com um jantar mais caprichado, comendo o que os ricos trouxeram. Estes - que ficaram sem nada fazer o dia todo - não querendo passar o vexame de ter de comer a comida dos pobres, ou de ter que partilhar com eles o próprio alimento, empanturravam-se e embebedavam-se antes que eles chegassem. E depois se continuava a Ceia do Senhor como se nada tivesse acontecido. E justamente aí se situa o grande dilema: é possível celebrá-la sem partilhar os bens com os que nada têm? Não seria comungar a própria condenação?

Os versículos da segunda leitura da celebração da quinta-feira santa contemplam basicamente a narrativa da instituição da Eucaristia. Paulo afirma tê-la recebido do Senhor e tê-la transmitido às comunidades de Corinto. Embora Paulo não estivesse presente na última Ceia do Senhor, o que ele comunica não podia ter garantia maior de autenticidade do que esta: "eu recebi do Senhor e transmiti a vocês".

A Ceia do Senhor está vinculada a um fato e dado históricos - a noite em que o Senhor foi entregue. Essa noite é mais importante que a noite da saída do Egito, celebrada na ceia pascal judaica, e se reveste de caráter pascal insuperável.

O rito descrito por Paulo é bastante próximo à tradição dos sinóticos e comporta os seguintes passos, feitos de gestos e palavras: 1º - tomar o pão; 2º - dar graças; 3º - partir o pão, gesto este acompanhado das palavras: "Isto é o meu corpo, que é para vocês; façam isto em memória de mim"; 4º - no fim da Ceia, tomar o cálice, enquanto proferem-se as palavras: "Este cálice é a nova aliança no meu sangue; todas as vezes que vocês beberem dele, façam isso em memória de mim".

Chamam a atenção a ação de graças, a fração do pão - duas formas de nomear a Eucaristia - e o memorial, que não é simples repetição mecânica de um rito. É reviver os acontecimentos passados, experimentando hoje seus efeitos. Paulo conclui dizendo: "Todas as vezes que vocês comem deste pão e bebem deste cálice, estão anunciando a morte do Senhor, até que Ele venha".
Dom Eurico dos Santos Veloso - Arcebispo emérito de Juiz de Fora (MG).

EUCARISTIA, MANJAR DE VIDA


É muito belo, meus irmãos, passar de uma festa para outra, de uma oração para outra, de uma solenidade para outra. Aproxima-se o tempo que nos traz um novo início e o anúncio da Santa Páscoa, na qual o Senhor foi imolado.

Do Seu alimento nos sustentamos como de um manjar de vida, e a nossa alma delicia-se com o Sangue precioso de Cristo como numa fonte. Contudo, temos sempre sede desse Sangue, sempre O desejamos ardentemente, mas o nosso Salvador está perto daqueles que têm sede, e na Sua bondade, convida todos os corações sedentos para o grande dia da festa, dizendo: “Se alguém tem sede, venha a mim, e beba” (Jo 7,37). Sempre que nos aproximamos d'Ele para beber, Ele nos mata a sede; sempre que pedimos, podemos nos aproximar do Senhor. A graça é própria desta celebração festiva, não se limita apenas a um determinado momento; nem seus raios fulgurantes conhecem ocaso, mas estão sempre prontos para iluminar as almas de todos que o desejam. Exerce contínua influência sobre aqueles que já foram iluminados e se debruçam, dia e noite, sobre a Sagrada Escritura. Estes são como aquele homem que o Salmo proclama feliz quando afirma: “Feliz aquele homem que não anda conforme o conselho dos perversos; não entra no caminho dos malvados nem junto aos zombadores vai sentar-se; mas encontra seu prazer na lei de Deus e a medita, dia e noite, sem cessar” (Sl 1,1-2).
Por outro lado, amados irmãos, o Deus que, desde o princípio, instituiu esta festa para nós, concede-nos a graça de celebrá-la cada ano. Ele que, para nossa salvação, entregou à morte Seu próprio Filho, pelo mesmo motivo nos proporciona esta santa solenidade que não tem igual no decurso do ano.

Esta festa nos sustenta no meio das aflições que encontramos neste mundo. Por ela, Deus nos concede a alegria da salvação e nos faz amigos uns dos outros. Conduz-nos a uma única assembleia, unindo espiritualmente a todos em todo lugar, concedendo-nos orar em comum e render comuns ações de graças, como deve-se fazer em toda festividade. É este um milagre de sua bondade: congrega, nesta festa, os que estão longe e reúne, na unidade da fé, os que, porventura, encontram-se fisicamente afastados.
Santo Atanásio, Bispo – Século IV

27 de março de 2013

EVANGELHO PARA QUINTA-FEIRA

Ano C - 28 de março de 2013 Quinta-feira


João 13,1-15

Glória a vós, ó Cristo, Verbo de Deus.
Eu vos dou este novo mandamento, nova ordem agora vos dou, que, também, vos ameis uns aos outros, como eu vos amei, diz o Senhor (Jo 13,34).

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo João. 

1 Antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que chegara a sua hora de passar deste mundo ao Pai, como amasse os seus que estavam no mundo, até o extremo os amou. 
2 Durante a ceia, - quando o demônio já tinha lançado no coração de Judas, filho de Simão Iscariotes, o propósito de traí-lo -, 
3 sabendo Jesus que o Pai tudo lhe dera nas mãos, e que saíra de Deus e para Deus voltava, 
4 levantou-se da mesa, depôs as suas vestes e, pegando duma toalha, cingiu-se com ela. 
5 Em seguida, deitou água numa bacia e começou a lavar os pés dos discípulos e a enxugá-los com a toalha com que estava cingido. 
6 Chegou a Simão Pedro. "Mas Pedro lhe disse: Senhor, queres lavar-me os pés!"
7 Respondeu-lhe Jesus: "O que faço não compreendes agora, mas compreendê-lo-ás em breve". 
8 Disse-lhe Pedro: "Jamais me lavarás os pés!" Respondeu-lhe Jesus: "Se eu não tos lavar, não terás parte comigo".
9 Exclamou então Simão Pedro: "Senhor, não somente os pés, mas também as mãos e a cabeça". 
10 Disse-lhe Jesus: "Aquele que tomou banho não tem necessidade de lavar-se; está inteiramente puro. Ora, vós estais puros, mas nem todos!"
11 Pois sabia quem o havia de trair; por isso, disse: "Nem todos estais puros". 
12 Depois de lhes lavar os pés e tomar as suas vestes, sentou-se novamente à mesa e perguntou-lhes: "Sabeis o que vos fiz? 
13 Vós me chamais Mestre e Senhor, e dizeis bem, porque eu o sou. 
14 Logo, se eu, vosso Senhor e Mestre, vos lavei os pés, também vós deveis lavar-vos os pés uns aos outros. 
15 Dei-vos o exemplo para que, como eu vos fiz, assim façais também vós".
Palavra da Salvação.

Comentário do Evangelho
É PRECISO CONVERTER-SE! 
A recusa de Pedro de deixar-se lavar os pés revelou uma mentalidade da qual devia abrir mão como pré-requisito para continuar a ser discípulo de Jesus. Sem isto, era impossível ter parte com ele, e compartilhar de sua vida e missão. 
Pedro comungava com a mentalidade hierarquizada da época, a qual determinava a cada um o seu devido lugar. A relação entre mestre e discípulo era regulada pela superioridade, sapiência, respeitabilidade de um, e pela inferioridade, ignorância e submissão do outro. Ao discípulo competia comportar-se como servidor do Mestre, por exemplo, lavando-lhe os pés após uma longa caminhada. 
O comportamento de Jesus foi, totalmente, diferente. Foi o do escravo que acolhe um hóspede que chega de viagem à casa de seu senhor. Lavar os pés do visitante não cabia ao dono da casa, e sim aos servos. 
O gesto de Jesus pareceu inaceitável a Pedro, pois rompia a hierarquia, podendo gerar desrespeito. A mentalidade de Pedro era perigosa. Agindo assim, corria o risco de introduzir na comunidade dos discípulos de Jesus o esquema de senhor-escravo o qual o Mestre viera abolir. Corria o risco de pôr a perder a obra de Jesus, contaminando-a com os modelos superados, próprios do mundo do pecado. Era urgente que Pedro se convertesse e se convencesse de que, no Reino, a grandeza consiste em fazer-se servidor de todos sem distinção. 

Oração 
Pai, ajuda-me a superar os esquemas mundanos que rompem a fraternidade e me reduzem aos esquemas do pecado, impedindo que eu me faça servidor do meu próximo. 
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE)

Leitura
Êxodo 12,1-8.11-14

Leitura do livro do Êxodo.

1 O Senhor disse a Moisés e a Aarão: 
2 “Este mês será para vós o princípio dos meses: tê-lo-eis como o primeiro mês do ano. 
3 Dizei a toda a assembléia de Israel: no décimo dia deste mês cada um de vós tome um cordeiro por família, um cordeiro por casa. 
4 Se a família for pequena demais para um cordeiro, então o tomará em comum com seu vizinho mais próximo, segundo o número das pessoas, calculando-se o que cada um pode comer. 
5 O animal será sem defeito, macho, de um ano; podereis tomar tanto um cordeiro como um cabrito. 
6 E o guardareis até o décimo quarto dia deste mês; então toda a assembléia de Israel o imolará no crepúsculo. 
7 Tomarão do seu sangue e pô-lo-ão sobre as duas ombreiras e sobre a verga da porta das casas em que o comerem. 
8 Naquela noite comerão a carne assada no fogo com pães sem fermento e ervas amargas.
11 Eis a maneira como o comereis: tereis cingidos os vossos rins, vossas sandálias nos pés e vosso cajado na mão. Comê-lo-eis apressadamente: é a Páscoa do Senhor. 
12 “Naquela noite, passarei através do Egito, e ferirei os primogênitos no Egito, tanto os dos homens como os dos animais, e exercerei minha justiça contra todos os deuses do Egito. Eu sou o Senhor. 
13 O sangue sobre as casas em que habitais vos servirá de sinal (de proteção): vendo o sangue, passarei adiante, e não sereis atingidos pelo flagelo destruidor, quando eu ferir o Egito. 
14 Conservareis a memória daquele dia, celebrando-o com uma festa em honra do Senhor: fareis isso de geração em geração, pois é uma instituição perpétua.
Palavra do Senhor. 
Salmo 115/116
O cálice por nós abençoado
é a nossa comunhão com o sangue do Senhor.

Que poderei retribuir ao Senhor Deus
por tudo aquilo que ele fez em meu favor?
Elevo o cálice da minha salvação,
invocando o nome santo do Senhor.

É sentida por demais pelo Senhor
a morte de seus santos, seus amigos.
Eis que sou o vosso servo, ó Senhor,
mas me quebrastes os grilhões da escravidão!

Por isso oferto um sacrifício de louvor,
invocando o nome santo do Senhor.
Vou cumprir minhas promessas ao Senhor
na presença de seu povo reunido.

Oração
Ó Pai, estamos reunidos para a santa ceia, na qual o vosso filho único, ao entregar-se à morte, deu à sua Igreja um novo e eterno sacrifício, como banquete do seu amor. Concedei-nos, por mistério tão excelso, chega à plenitude da caridade e da vida. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.

O ÓDIO É AUTODESTRUIDOR


FORMAÇÕES

“O ruim é que tudo está assim no mundo: o ódio que devora, a ira que nos torna seus prisioneiros e o rancor que nos envenena.” Dom Notker Wolf

O botânico George Washington Carver (1864-1943) superou um terrível preconceito racial para estabelecer-se como um renomado educador americano. Rejeitando a tentação de ceder à amargura pela maneira como foi tratado, Carver escreveu sabiamente: “O ódio interior acabará por destruir aquele que odeia”.

No livro Bíblico de Ester, vemos como o ódio pode ser autodestruidor. Mordecai, um judeu, recusou curvar-se diante de Hamã – que se atribuíra importância de dignitário na corte persa. Isso irritou Hamã, que manipulou informações para fazer Mordecai e seu povo parecerem ameaças ao império (3,8-9). Quando terminou de tecer suas intrigas, Hamã apelou ao rei persa para matar todos os judeus. O rei promulgou um decreto nesse sentido, mas, antes que ele pudesse ser cumprido, Ester interveio e o plano diabólico de Hamã foi revelado (7,1-6). Enfurecido, o rei executou Hamã na forca que o intriguista havia construído para Mordecai (7,7-10). 

"As palavras de Carver e as ações de Hamã nos lembram de que o ódio é autodestruidor. A resposta bíblica é virar o ódio ao contrário e pagar o mal com o bem”, escreve o reverendo Dennis Fisher. “Não torneis a ninguém mal por mal...”, disse São Paulo Apóstolo (Romanos 12,17). Quando oferecido, “não vos vingueis a vós mesmos...” (v.19). Ao contrário, faça o bem perante todos os homens (v.17) para viver em “... paz com todos os homens” (v.18). 

“É pelo perdão que uma pessoa se redime dos sentimentos amargos que podem transformar sua vida em um inferno. Assim, assinamos um acordo de paz com o seu destino. Para mim, em todo caso, todo perdão é uma vitória do amor sobre si mesmo”, diz Dom Notker Wolf.

Não existe no mundo um sentimento tão sublime e tão poderoso como o amor. O amor vence tudo!
Padre Inácio José do Vale
Professor de Teologia

VERDADEIRAS E FALSAS CRUZES


Há um fato indiscutível, e é que o sofrimento é nosso companheiro ao longo de todo o caminho da vida. E há um segundo fato, igualmente incontestável: conforme as pessoas - conforme a qualidade da alma das pessoas -, o sofrimento esmaga ou faz crescer, destrói ou amadurece.

Essa ambivalência da dor - que pode edificar ou arrasar - indica às claras que o problema, para qualquer ser humano, não reside no sofrimento que Deus envia ou permite que apareça na nossa vida, mas na atitude com que aceitamos ou rejeitamos essa cruz, que Deus nos propõe abraçar. Como sucedeu junto de Cristo no Calvário, a cruz rejeitada afundou o mau ladrão, e a cruz aceitada com humildade, com fé e com amor, salvou o bom. 

Mas, ao lado dessas cruzes enviadas ou permitidas por Deus há outras que nem Deus quer nem nós queremos, mas aparecem. São as “falsas cruzes”, que nada trazem de bom. Em que consistem? 

Trata-se das “cruzes” que nós mesmos “fabricamos”, “inventamos”, e que nunca deveriam ter existido. São as que aparecem só como conseqüência da nossa mesquinhez e dos nossos defeitos. A pessoa egoísta, ciumenta, invejosa, teimosa…, sofre muito e faz sofrer os outros. Mas esses sofrimentos não são “cruzes”, no sentido cristão da palavra. São apenas a destilação amarga do nosso egoísmo. Com certeza não são a vontade de Deus; pelo contrário, trata-se de pecados mais ou menos graves, que evidentemente Deus não quer, mas nós colocamos como pedras no caminho da vida. 

Se fôssemos fazer as contas, veríamos que a maioria desses sofrimentos “fabricados” indevidamente por nós brotam de uma dupla fonte: a fonte do amor-próprio e a fonte do amor pequeno. 

O amor-próprio é uma fonte de péssimas cruzes. Como o orgulho nos faz sofrer! Que feridas infeccionadas não provoca! Basta uma lufada de ar - uma pequena desconsideração ou indelicadeza -, e o amor-próprio sente-se atingido como por um punhal. Uma pessoa orgulhosa é incapaz de tolerar sem ficar magoada - sem se meter num calvário de sofrimentos íntimos - a menor humilhação, mesmo a causada involuntariamente. Fica alterada, abatida; grava a mágoa na memória e a vai remoendo lá dentro; cultiva-a na imaginação, aquece-a ao fogo da autocompaixão, vai engrossando-a à força de lhe dar importância, e termina fazendo dela uma tortura insuportável. Bastava que fosse um pouco mais humilde, que soubesse relevar minúcias, que se esforçasse um pouco por compreender, por desculpar, por oferecer a Deus as pequenas contrariedades, e não teria nem um miligrama dessa cruz ruim, que não é a cruz de Cristo.

Se a pessoa orgulhosa sofre com tormentos fabricados pelo orgulho, que dizer da invejosa? Sempre comparando-se com os outros, sente subirem-lhe ao coração ondas de melancolia, depressões enciumadas, revoltas contra a sorte e até protestos íntimos contra a Providência de Deus. Essa pessoa invejosa, que chora frustrações, foi ela própria a criadora da sua falsa “cruz”. Se tivesse um coração mais generoso, vislumbraria, feliz e agradecida - na mesma situação em que só vê infortúnios e injustiças da vida -, dez mil bondades de Deus e motivos de ação de graças, um panorama de miúdas e saborosas alegrias, que em vez de lágrimas ou revolta lhe poriam canções dentro da alma.

Vejamos agora a segunda fonte de cruzes doentias: a do amor pequeno. Já de início, poderíamos dizer que existe um sinal infalível de que o nosso amor é pequeno: o mau humor. Para quem ama pouco, toda a doação, toda a paciência, toda a compreensão solicitada pelo próximo é excessiva e aborrecida, qualquer sacrifício causa revolta ou malestar. O amor grande pratica generosidades grandes e nem se apercebe do sacrifício que faz. Como dizia Santo Agostinho: “Quando se ama, ou não se experimenta trabalho, ou o próprio trabalho é amado”.

Pelo contrário, o amor pequeno transforma uma palha numa “cruz” insuportável. Então, um sacrifício que caberia “dentro de um sorriso, esboçado por amor”, não cabe na vida e explode em forma de sofrimento irritado, com contínuos resmungos, queixas constantes e incessantes protestos. O mau humor é a sombra do amor pequeno, o sinal que o dá a conhecer.

Se olharmos de perto o que há por trás desse mau humor, veremos que, em noventa por cento dos casos, é simplesmente a pura e simples realidade da vida, com as suas incidências, lutas, dificuldades e esforços normais. Por outras palavras, o que há na raiz do mau humor é apenas a falta de aceitação da realidade, e da vontade de Deus no dia-a-dia.

É triste lamentar, como se fossem coisa do outro mundo, dificuldades que são normais. Não é nenhuma contrariedade inesperada o fato de que os outros tenham asperezas de caráter, de que o cumprimento do dever canse, de que alcançar metas profissionais custe muito, de que conseguir melhorar os nossos próprios defeitos ou os defeitos dos que nos cercam - especialmente os da mulher, do marido, dos filhos - seja algo lento e demorado. No entanto, é muito comum que, ao constatá-lo, nos sintamos indispostos, nos deixemos levar pelo aborrecimento, pela impaciência, pelo protesto, e percamos o bom humor. Reações de todo desproporcionadas e ridículas, pois lá onde nós imaginamos grandes “cruzes” está apenas a “vida”, a vida que, com um pouco mais de amor e bom humor, ficaria pontilhada de alegrias e coroada de ações de graças.

Cristo pede-nos que tomemos com amor a cruz de cada dia (Lc 9, 23), é certo, mas - lembrando o que dizia João Paulo I - essa cruz deveria ser carregada com o “sorriso cotidiano” e não fazendo dela a “tragédia cotidiana”. No entanto, muitos conseguem mudar o sorriso em tragédia. Bastam-lhes para tanto duas coisas: em primeiro lugar, amar pouco, como já víamos. Em segundo lugar, viver mergulhados num mundo de imaginações escapistas e sonhos irreais. 

Muitos são os que reclamam do real - que é a vida, sempre rica em possibilidades de amar, de crescer por dentro, de fazer o bem - e passam a instalar-se, esterilmente, no mundo irreal das hipóteses: se eu tivesse essas outras condições pessoais, essa sorte, essa oportunidade profissional…; se a minha mulher fosse mais bonita, pacífica e econômica…; se o meu país tivesse uma economia mais confiável… E, assim, enquanto vivem no mundo do “tomara que”, atolam-se no que São Josemaria Escrivá chamava a “mística do oxalá”. Desse modo, estragam a realidade, que é a única que existe e que a cada instante nos oferece ocasiões de amar e de servir e, como conseqüência, de sermos felizes.

Quem reclama sem razão da cruz cotidiana perde a cruz de Deus e encontra a “cruz” do diabo. São cheias de sabedoria aquelas palavras da Imitação de Cristo que dizem: “Se levas com gosto a cruz, ela te levará. Se a levas a contragosto, acabas por torná-la mais pesada para ti e a ti mesmo te sobrecarregas. Se rejeitas uma cruz, sem dúvida encontrarás outra, e possivelmente mais pesada”.

Penso que essas reflexões podem ajudar-nos a distinguir, na nossa vida, entre as “verdadeiras” e as “falsas” cruzes. Peçamos a Deus que não nos permita atolar nas cruzes falsas, para que possamos amar as verdadeiras, que nos elevam até Deus.
Padre Francisco Faus

CREIO NA SANTA IGREJA


O nosso Catecismo diz que a Igreja é “um projeto nascido no coração do Pai” (§759) e que “ela é a reação ao caos que o pecado introduziu no mundo”. O Senhor decidiu então reunir todos os homens em Seu Filho, cabeça da Igreja, para trazê-los de volta a si após a dispersão que o pecado gerou na família de Deus. A Igreja é, no mundo presente, o sacramento da salvação, o sinal e o instrumento da comunhão de Deus e dos homens. 

Ela é o povo de Deus que caminha com Ele: "Vós sois uma raça eleita, um sacerdócio régio, uma nação santa, o Povo de sua particular propriedade" (1 Pd 2,9). Passamos a pertencer à Igreja pelo batismo e pela fé. Todos os homens são chamados a fazer parte do povo de Deus, a fim de que, em Cristo, os homens constituam uma só família e um só povo. 

A Igreja é o Corpo de Cristo. Pelo Espírito Santo e pela Sua ação nos sacramentos, sobretudo na Eucaristia, Cristo forma a comunidade dos fiéis como Seu Corpo. Nesta unidade, existe diversidade de membros, de carismas, ministérios e de funções. Todos os membros estão ligados uns aos outros, particularmente aos que sofrem. 

A cabeça da Igreja, deste Corpo, é o Cristo: ela vive d'Ele, n'Ele e por Ele; Ele vive com ela e nela. A Igreja é a Esposa de Cristo: ele a amou e entregou-se por ela. Purificou-a com Seu Sangue. Fez dela a Mãe fecunda de todos os filhos de Deus. Por isso São Paulo disse: “Maridos, amai as vossas esposas como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela” (Ef 5,25). Cristo morreu na Cruz por Sua Igreja, Sua Esposa. A Igreja é o Templo do Espírito Santo. Ele á a alma desse Corpo Místico, princípio de sua vida, da unidade na diversidade e da riqueza de seus dons e carismas. Santo Agostinho disse que, quanto mais alguém ama a Igreja, tanto mais é cheio do Espírito Santo. Esta é a identidade dela: una, santa, católica e apostólica.

Somente a Igreja fundada por Jesus, sobre Pedro e os apóstolos tem essa identidade, garantia e plenitude. O Catecismo diz uma verdade muito importante: "A única Igreja de Cristo, que no símbolo confessamos una, santa, católica e apostólica, subsiste na Igreja Católica, governada pelo Sucessor de Pedro e pelos bispos em comunhão com ele, embora, fora de sua estrutura visível, encontrem-se numerosos elementos de santificação e de verdade " (§870).

Católica quer dizer universal, enviada para levar o Evangelho e a salvação a todos os povos; católica também significa que ela anuncia a “totalidade da fé”; traz em si e administra “a plenitude dos meios de salvação”; abarca todos os tempos; “ela é, por sua própria natureza, missionária” (Ad Gentes 2). 
A Igreja é apostólica, porque foi fundada sobre os apóstolos (Ef 2,20; Ap 21,14), testemunhas escolhidas e enviadas em missão pelo próprio Cristo (Mt 28,16-20; At 1,8; 1Cor 9,1; 15,7-8; Gl 1,1 etc).

Jesus escolheu São Pedro como fundamento visível de Sua Igreja. Entregou-lhe suas chaves. O Bispo da Igreja de Roma, sucessor de São Pedro, é "a cabeça do colégio dos bispos, vigário de Cristo e, aqui na Terra, pastor da Igreja"; é o Papa. Ele tem, por instituição divina, poder supremo, pleno, imediato e universal no que se refere à salvação das almas. Os bispos, estabelecidos pelo Espírito Santo (At 20,28), sucedem os apóstolos. 

A Igreja é indestrutível (Mt 16,18) e infalivelmente mantida na verdade (Jo 14,25; 16,13): Cristo a governa por meio de Pedro e dos demais apóstolos e seus sucessores, o Papa e o colégio dos bispos. Afirma o Catecismo que “a única Igreja de Cristo, que no Símbolo confessamos una, santa, católica e apostólica, subsiste na Igreja Católica, governada pelo sucessor de Pedro e pelos bispos em comunhão com ele (LG 8).” 

A Igreja ensina que “o grau supremo da participação na autoridade de Cristo é assegurada pelo carisma da infalibilidade. Esta tem a mesma extensão que o depósito da revelação divina (LG 25), estende-se ainda a todos os elementos de doutrina, incluindo a moral, sem os quais as verdades salutares da fé não podem ser preservadas, expostas ou observadas (Mysterium Ecclesiae, 3).

A Igreja é una, ela tem um só Senhor, confessa uma só fé, nasce de um só batismo, forma um só Corpo, vivificado por um só Espírito em vista de uma única esperança (Ef 4,3-5). A Igreja é una também porque tem uma só Liturgia em todo o mundo e um só governo. A Igreja é, ao mesmo tempo, visível e espiritual, é uma sociedade hierárquica e Corpo Místico de Cristo. Ela é formada de um elemento humano e um elemento divino. Somente a fé pode acolher este mistério. 
Felipe Aquino

IGREJA DOS POBRES


O Papa Francisco disse, durante o encontro com jornalistas, na semana de sua eleição como Sucessor do Apóstolo Pedro, que a Igreja deve ser, especialmente, dos mais pobres. Esse é o desejo mais profundo do coração de Deus. Jesus, na admirável passagem sobre o juízo final, narrada em parábolas pelo evangelista Mateus, sublinhou: “Todas as vezes que fizestes isto a um destes meus irmãos pequeninos, foi a mim mesmo que o fizestes” (Mt 25, 40). Jesus deixa, assim, uma clara lição aos seus discípulos, que deve ser sempre assumida pela Igreja como importante compromisso.

O Concílio Vaticano II, na Constituição Pastoral Gaudium et Spes, afirma que “as alegrias e esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e daqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo; e não há realidade alguma verdadeiramente humana que não encontre eco no seu coração”. Assim, a voz do Papa Francisco, fazendo ecoar este desejo e sonho de Jesus, reacende no coração da Igreja a chama da opção preferencial pelos pobres. Essa opção, na sua força espiritual e suas consequências concretas na vida e nos empenhos, é um indispensável remédio que modula a Igreja, povo de Deus, comunidade de discípulos com as orientações de seu Mestre e Senhor. 

Gesto primeiro e permanente é contemplar os rostos dos sofredores que doem em nós', sublinha o Documento de Aparecida, fruto da 5ª Conferência dos Bispos Latino-Americanos e Caribenhos, focalizando as pessoas que vivem nas ruas das grandes cidades, as vítimas da violência familiar, os migrantes, os enfermos, os dependentes de drogas, encarcerados, os que carregam o peso e as consequências da discriminação, preconceitos, falta de oportunidades, além dos excluídos da participação cidadã. O Papa Francisco, que esteve presente e participou de maneira decisiva da 5ª Conferência, convida a Igreja a viver o pacto ali assumido e assim detalhado no Documento de Aparecida: “comprometemo-nos a trabalhar para que a nossa Igreja Latino-Americana e Caribenha continue sendo, com maior afinco, companheira de nossos irmãos mais pobres, inclusive até o martírio”.

Francisco indica um caminho que para ser percorrido, com eficácia, precisa de vigor espiritual, de coragem, da profecia e da alegria verdadeira que só brota no coração de quem compreende bem o desejo de Deus. A Igreja está, pois, pela palavra e gestos do Papa, a revisitar os tesouros da fé cristã, banhando-se neles para alcançar uma compreensão espiritual capaz de conferir novos rumos à vida pessoal, organização eclesial e à sociedade. Uma via que deve se concretizar com o modelo da globalização da solidariedade e justiça internacional. Esse compromisso nascido da fé em Jesus Cristo irradia luz sobre o caminho renovador que a Igreja é chamada a trilhar, com força e tarefa de inspirar a sociedade a fazer novas escolhas, responsável que ela é também pelos pobres da Terra.

A simplicidade que emerge de uma Igreja para os pobres há de alcançar raízes que tocam o mais profundo das diversas organizações sociais, exigindo mais transparência, singularmente na conduta pessoal e a coragem de uma presença profética na vida dos necessitados, nas relações sociais e políticas. São urgentes as ações na configuração de projetos, obras, diálogos, cooperação e comprometimentos que construam um rosto novo para a sociedade contemporânea, sem as rugas das exclusões produzidas ou das corrupções praticadas.

Que a Igreja renove sempre sua opção preferencial pelos pobres, realizando projetos grandes ou pequenos, de menor ou maior significação, para reencontrar o ouro de sua fé e os caminhos para que ninguém sofra da mais terrível pobreza: a distância de Deus. Contemplar-se como Igreja para os pobres é viver uma recuperação pujante, revisão humilde e corajosa de atitudes, no compromisso com o bem e com a verdade, anunciando o Reino de Deus. O broto de esperança desse tempo guarda potencial inesgotável para a novidade da Igreja de Cristo, no cumprimento de sua missão ampla e complexa, de ser dos pobres para os pobres.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte (MG)

26 de março de 2013

EVANGELHO PARA QUARTA-FEIRA

Ano C - 27 de março de 2013 - QUARTA-FEIRA

Mateus 26 14-25
Salve, Cristo, luz da vida, companheiro na partilha!
Salve, nosso rei, somente vós tendes compaixão dos nossos erros.

Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo segundo Mateus. 

Naquele tempo,  
14 um dos Doze, chamado Judas Iscariotes, foi ter com os príncipes dos sacerdotes e perguntou-lhes: 
15 "Que quereis dar-me e eu vo-lo entregarei". Ajustaram com ele trinta moedas de prata. 
16 E desde aquele instante, procurava uma ocasião favorável para entregar Jesus. 
17 No primeiro dia dos Ázimos, os discípulos aproximaram-se de Jesus e perguntaram-lhe: "Onde queres que preparemos a ceia pascal?" 
18 Respondeu-lhes Jesus: "Ide à cidade, à casa de um tal, e dizei-lhe: ‘O Mestre manda dizer-te: Meu tempo está próximo. É em tua casa que celebrarei a Páscoa com meus discípulos’". 
19 Os discípulos fizeram o que Jesus tinha ordenado e prepararam a Páscoa. 
20 Ao declinar da tarde, pôs-se Jesus à mesa com os doze discípulos. 
21 Durante a ceia, disse: "Em verdade vos digo: um de vós me há de trair". 
22 Com profunda aflição, cada um começou a perguntar: "Sou eu, Senhor?" 
23 Respondeu ele: "Aquele que pôs comigo a mão no prato, esse me trairá. 
24 O Filho do Homem vai, como dele está escrito. Mas ai daquele homem por quem o Filho do Homem é traído! Seria melhor para esse homem que jamais tivesse nascido!" 
25 Judas, o traidor, tomou a palavra e perguntou: "Mestre, serei eu?" "Sim", disse Jesus.
Palavra da Salvação.

Comentário do Evangelho
A COMUNHÃO ROMPIDA 
O contexto do anúncio da traição de Judas aponta para a ruptura da comunhão que a traição comportaria. Esta seria consumada por alguém que partilhava a intimidade de Jesus, na condição de companheiro de caminhada e missão. Sentar-se à mesma mesa simbolizava comunhão de vida. A traição revelaria a hipocrisia de Judas no seu relacionamento com Jesus. Não era quem dava a impressão de ser, e sim um traidor travestido de amigo. 
Judas, no entanto, não detinha o poder sobre a vida de Jesus. O evangelho sublinha que o gesto dele estava inserido num contexto maior do desígnio divino a respeito do Messias. Nem por isso sua responsabilidade foi menor. As palavras terríveis que recaíram sobre ele não deixam dúvida a este respeito: "Seria melhor que nunca tivesse nascido!". 
Toda a cena é comandada por Jesus. É ele quem dá instruções precisas a respeito do lugar onde deve ser preparada a ceia pascal, da pessoa que haveria de ceder-lhes o local, da mensagem que lhe seria transmitida e dos detalhes da preparação. Os discípulos obedecem prontamente, fazendo tudo conforme o Mestre determinara. 
Só Judas age na contramão da vontade do Mestre, mesmo que sua decisão, em última análise, já estivesse no contexto da vontade de Deus. Nenhum discípulo deveria seguir um tal exemplo. 

Oração 
Pai, reforça minha comunhão com teu Filho Jesus, de forma que nenhuma atitude minha possa colocar em risco este relacionamento profundo propiciado por ti. 
(O comentário do Evangelho é feito pelo Pe. Jaldemir Vitório – Jesuíta, Doutor em Exegese Bíblica, Professor da FAJE – e disponibilizado neste Portal a cada mês). 
Leitura
Isaías 50,4-9
Leitura do livro do profeta Isaías. 
4 O Senhor Deus deu-me a língua de um discípulo para que eu saiba reconfortar pela palavra o que está abatido. Cada manhã ele desperta meus ouvidos para que escute como discípulo; 
5 (o Senhor Deus abriu-me o ouvido) e eu não relutei, não me esquivei. 
6 Aos que me feriam, apresentei as espáduas, e as faces àqueles que me arrancavam a barba; não desviei o rosto dos ultrajes e dos escarros. 
7 Mas o Senhor Deus vem em meu auxílio: eis por que não me senti desonrado; enrijeci meu rosto como uma pedra, convicto de não ser desapontado. 
8 Aquele que me fará justiça aí está. Quem ousará atacar-me? Vamos medir-nos! Quem será meu adversário? Que se apresente! 
9 O Senhor Deus vem em meu auxílio: quem ousaria condenar-me? Cairão em frangalhos como um manto velho; a traça os roerá.
Palavra do Senhor.

Salmo 68/69

Respondei-me, pelo vosso imenso amor,
neste tempo favorável, Senhor Deus.

Por vossa causa é que sofri tantos insultos
e o meu rosto se cobriu de confusão;
eu me tornei como um estranho a meus irmãos, 
como estrangeiro para os filhos de minha mãe. 
Pois meu zelo e meu amor por vossa casa
me devoram como fogo abrasador;
e os insultos de infiéis que vos ultrajam
recaíram todos eles sobre mim!

O insulto me partiu o coração.
eu esperei que alguém de mim tivesse pena;
procurei quem me aliviasse e não achei!
Deram-me fel como se fosse um alimento,
em minha sede ofereceram-me vinagre!

Cantando, eu louvarei o vosso nome
e, agradecido, exultarei de alegria!
Humildes, vede isso e alegrai-vos:
o vosso coração reviverá
se procurardes o Senhor continuamente!
Pois nosso Deus atende à prece dos seus pobres 
e não despreza o clamor de seus cativos.

Oração
Ó Deus, que fizestes vosso Filho padecer o suplício da cruz para arrancar-nos à escravidão do pecado, concedei aos vossos servos e servas a graça da ressurreição. Por Nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na unidade do Espírito Santo.