"Se Cristo não ressuscitou, vazia é a nossa pregação, vazia é também a vossa fé" (1Cor 15,14). A Ressurreição é a confirmação de tudo o que Ele fez e nos ensinou. Ao ressuscitar, Jesus deu a prova definitiva de sua autoridade divina.
A fé na Ressurreição tem como base um acontecimento historicamente atestado pelos discípulos que viram, muitas vezes, o Senhor Ressuscitado e transcendente e representa a entrada da humanidade de Cristo na glória de Deus por toda a humanidade. Jesus "ressuscitou dentre os mortos" (1Cor 15,20). Aquele sepulcro vazio e os panos de linho no chão mostraram aos apóstolos e às mulheres que o corpo d'Ele escapou da morte e da corrupção, e os preparou para vê-Lo vivo.
A Igreja não tem dúvida em afirmar que a Ressurreição de Jesus foi um evento histórico. No §639, o Catecismo afirma: "O mistério da Ressurreição de Cristo é um acontecimento real que teve manifestações historicamente constatadas, como atesta o Novo Testamento. Já São Paulo escrevia aos Coríntios pelo ano de 56: "Eu vos transmiti (...) o que eu mesmo recebi: 'Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras. Foi sepultado, ressuscitado ao terceiro dia, segundo as Escrituras. Apareceu a Cefas e, depois, aos Doze'" (1Cor 15,3-4). O Apóstolo fala da viva tradição da Ressurreição.
A Ressurreição de Jesus foi a base de toda a ação e pregação dos apóstolos e foi muito bem registrada por eles. São João afirma: "O que vimos, ouvimos e as nossas mãos apalparam isto atestamos” (1 Jo1,1-2). Jesus ressuscitado apareceu a Madalena (Jo 20, 19-23), aos discípulos de Emaús (Lc 24,13-25), aos apóstolos no Cenáculo com Tomé ausente (Jo 20,19-23) e, depois, com Tomé presente (Jo 20,24-29); no Lago de Genezaré (Jo 21,1-24), no Monte na Galiléia (Mt 28,16-20). Segundo São Paulo “apareceu a mais de 500 pessoas” (1 Cor 15,6) e a Tiago (1 Cor 15,7).
"Deus ressuscitou esse Jesus e disto nós todos somos testemunhas” (At 2,32), disse São Pedro no dia de Pentecostes. "Saiba com certeza toda a Casa de Israel: Deus o constituiu Senhor (Kýrios) e Cristo, este Jesus a quem vós crucificastes” (At 2,36). “Cristo morreu e reviveu para ser o Senhor dos mortos e dos vivos” (Rm 14,9). No Apocalipse, São João arremata: "Eu sou o Primeiro e o Último, o Vivente; estive morto, mas eis que estou vivo pelos séculos e tenho as chaves da morte e da região dos mortos” (Ap 1,17s).
Toda a pregação dos discípulos estava centrada na Ressurreição de Jesus. Diante do Sinédrio, Pedro dá testemunho da Ressurreição de Jesus (At 4,8-12). Em At 5,30-32 repete. Na casa do centurião romano Cornélio (At 10,34-43), Pedro faz uma síntese do plano de Deus, apresentando a morte e a ressurreição de Jesus como ponto central. São Paulo, em Antioquia da Pisídia, faz o mesmo (At 13,17-41). Jesus ressuscitado caminhou com os apóstolos ainda quarenta dias; a fé no Ressuscitado não foi uma invenção fictícia dos discípulos do Senhor. A primeira experiência destes com Cristo Ressuscitado foi marcante e inesquecível: “Jesus se apresentou no meio dos apóstolos e disse: “A paz esteja convosco!” Tomados de espanto e temor, imaginavam ver um espírito, mas ele disse: "Por que estais perturbados e por que surgem tais dúvidas em vossos corações? Vede minhas mãos e meus pés: sou eu! Apalpai-me e entendei que um espírito não tem carne nem ossos, como estais vendo que eu tenho”. Dizendo isto, mostrou-lhes as mãos e os pés. E, por causa da alegria, não podiam acreditar ainda e permaneciam surpresos, disse-lhes: “Tendes o que comer?”. Apresentaram-lhe um pedaço de peixe assado. Tomou-o, então, e comeu-o diante deles”. (Lc 24,34ss)
Os apóstolos não acreditavam a princípio na Ressurreição do Mestre. Amedrontados, julgavam ver um fantasma. Jesus, então, pede que O apalpem e verifiquem que tem carne e ossos. Nada disto foi uma alucinação nem miragem, nem delírio ou mentira, nem fraude dos apóstolos, pessoas muito realistas que duvidaram da Ressurreição do Mestre. A custo se convenceram, pois o próprio Cristo teve de falar a Tomé: "Apalpai e vede: os fantasmas não têm carne e osso como me vedes possuir" (Lc 24,39). Os discípulos de Emaús estavam decepcionados, porque "nós esperávamos que fosse Ele quem restaurasse Israel" (Lc 24,21). A fé na Ressurreição do Senhor não surgiu "mais tarde" como querem alguns na história das primeiras comunidades cristãs, mas é o resultado da missão de Cristo acompanhada dia a dia pelos apóstolos. Eles eram um grupo de pessoas abatidas, aterrorizadas após a morte de Jesus. Nunca chegariam por eles mesmos a um autoconvencimento da volta de Cristo. Na verdade, renderam-se a uma experiência concreta e inequívoca.
Impressiona também o fato de que os Evangelhos narram que as primeiras pessoas a verem Cristo são as mulheres que correram ao sepulcro. Isto é uma mostra clara da historicidade da Ressurreição; pois as mulheres, na sociedade judaica da época, eram consideradas testemunhas sem credibilidade, já que não podiam se apresentar ante um tribunal. Ora, se os apóstolos, como afirmam alguns, queriam inventar uma nova religião, por que, então, teriam escolhido testemunhas tão pouco confiáveis pelos judeus? Se os evangelistas estivessem preocupados em “provar” ao mundo a Ressurreição de Jesus, jamais teriam colocado mulheres como testemunhas.
Os chefes dos judeus tomaram consciência do significado da Ressurreição de Jesus e, por isso, resolveram apagá-la: “Deram aos soldados uma vultosa quantia de dinheiro...” (Mt 28,12-15). A ressurreição corporal de Jesus era professada tranquilamente pela Igreja nascente sem que os judeus ou outros adversários a pudessem apontar como fraude ou alucinação. Os apóstolos só podiam acreditar na Ressurreição de Jesus pela evidência dos fatos. Eles não tinham disposições psicológicas para “inventar” a notícia da ressurreição de Jesus ou para forjar tal evento.
A pregação dos apóstolos era severamente controlada pelos judeus, de tal modo que qualquer mentira deles seria imediatamente denunciada pelos membros do Sinédrio (tribunal dos judeus). Se a ressurreição de Jesus, pregada pelos apóstolos não fosse real, se fosse fraude, os judeus a teriam desmentido, mas eles nunca puderam fazer isto. Jesus morreu de verdade, inclusive com o lado perfurado pela lança do soldado. É ridícula a teoria de que Ele estivesse apenas adormecido na cruz. Os vinte longos séculos do Cristianismo, repletos de êxito e de glória, foram baseados na verdade da Ressurreição de Jesus. Afirmar que o Cristianismo nasceu e cresceu em cima de uma mentira e fraude seria supor um milagre ainda maior do que a própria Ressurreição do Senhor.
Será que em nome de uma fantasia, de um mito, de uma miragem, milhares de fiéis enfrentariam a morte diante da perseguição romana? Será que em nome de um mito, multidões iriam para o deserto para viver uma vida de penitência e oração? Será que em nome de um mito, durante já dois mil anos, multidões de homens e mulheres abdicaram de construir família para servir ao Senhor ressuscitado? Será que uma alucinação poderia transformar o mundo? Será que uma fantasia poderia fazer esta Igreja sobreviver por 2 mil anos, vencendo todas as perseguições (Império Romano, heresias, Nazismo, Comunismo, racionalismo, positivismo, iluminismo, ateísmo etc.)? Será que uma alucinação poderia ser a base da religião que, hoje, tem mais adeptos no mundo (2 bilhões de cristãos)? Será que uma alucinação poderia ter salvado e construído a civilização ocidental depois da queda de Roma? Isto mostra que o testemunho dos apóstolos sobre a Ressurreição de Jesus era convincente e arrastava, como hoje o faz.
Na verdade, a grandeza do Cristianismo requer uma base mais sólida do que a fraude ou a debilidade mental. É muito mais lógico crer na Ressurreição de Jesus do que explicar a potência do Cristianismo por uma fantasia de gente desonesta ou alucinada. Como pode uma fantasia atravessar dois mil anos de história, com 266 Papas, 21 Concílios Ecumênicos e, hoje, com cerca de 4 mil bispos e 417 mil sacerdotes? E não se trata de gente ignorante ou alienada; muito ao contrário, são universitários, mestres, doutores.
Felipe Aquino - Canção Nova
Nenhum comentário:
Postar um comentário