O Ano da Fé nos traz “um ano de graça do Senhor” e essa graça não vamos desperdiçar. Vejo, com muita admiração, o esforço hercúleo que a humanidade faz para desvendar os segredos do átomo, da matéria escura, das leis da alma humana. O que vai acontecer no dia em que os cientistas não conseguirem mais deter a curiosidade sobre as riquezas da pessoa de Cristo. Será um progresso jamais visto. O que está escondido nessa rica personalidade vai ser motivo de empolgação permanente. Está previsto nas Escrituras que esse tempo há de chegar. “Todos me conhecerão desde o menor até o maior” (Hb. 8, 11).
Basta olhar para a encarnação de Jesus, ponto de junção entre a natureza humana e a divina. É um festival de harmonia, é a composição mais complicada e sábia de todo o universo. Por enquanto, o que sabemos sobre Ele, quando dizia a palavra “eu”, representa apenas um pequeno gemido da ciência. Definitivamente, chegará o dia em que nos debruçaremos sobre a grande obra da criação por excelência e mergulharemos no poder do Pai e na força do Espírito que ultrapassam, de longe, qualquer mistério do cosmos. Neste Ano da Fé, queremos também abrir nossa mente à eficácia do“Sangue Salvador” de Jesus, que a teologia já desvendou. Antigamente, as pessoas achavam que a concentração da vida estava no sangue. Derramar sangue era um crime contra a vida. Também a humanidade podia se alimentar com a carne dos animais, mas não era lícito se alimentar com essa seiva da vida. Já se considerou, outrossim, a vida como residindo no coração, mas, hoje, se acredita que está nas atividades cerebrais. Jesus se adaptou à humanidade.
Por isso aceitou o conceito de vida da Sua época. Querendo dar Sua vida para a nossa salvação, Ele derramou o Seu Sangue. Era o gesto máximo de doação, de eficácia infinita. Nós fomos salvos por essa doação. “Estes lavaram as Suas vestes e as alvejaram no Sangue do Cordeiro” (Ap 7,14). A nossa salvação está em ação, no mistério eucarístico, no qual desfrutamos da Palavra do Senhor, de Seu Corpo e do Seu precioso Sangue. Vamos transmitir nossos conhecimentos sobre Jesus, cujo conhecimento é o mais profundo que existe e de maior eficácia salvadora.
Dom Aloísio Roque Oppermann scj
Arcebispo Emérito de Uberaba, MG
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