É motivo de felicidade sabermos que existem muitas entidades – além da Igreja – que trabalham pelo bem comum da humanidade. Assim, a justiça humana trabalha para que aos mais fracos sejam garantidos os seus direitos. A Prefeitura Municipal zela pela conservação dos bens que são de todos; a escola zela para que a sabedoria dos mais antigos seja colocada à disposição da nova geração; a indústria e o comércio lutam para que os bens, que podem facilitar a vida, estejam ao alcance de todas as classes sociais.
Mas a Igreja realiza um programa, que ninguém consegue imitar, e luta por ele. Ela apresenta uma visão completa do ser humano. Além de contribuir para o desenvolvimento dos bens terrenos – necessários e úteis – apresenta um ideal de plenitude que abrange a totalidade do ser inteligente: trata-se da vida eterna para a qual somos destinados. “Vossa fé e esperança estejam em Deus” (1 Pd 1,21). Muitos pensadores gregos e romanos chegaram à conclusão de que deve haver uma complementação de nossa vida terrena, pois a natureza não nos poderia ter enganado, despertando em nós sentimentos de felicidade infinita; iludindo-nos em alimentar planos audaciosos, frustrando em nós sentimentos de justiça que jamais se concretizam neste mundo. Mas quando Jesus ressuscitou para uma vida total, acabaram-se as dúvidas que poderiam ainda existir. Por ser o nosso irmão mais velho, nós também somos destinados a uma vida total do nosso corpo e da nossa alma.
“Tenhamos confiança e não seremos confundidos na sua vinda” (1Jo 2,28). Não sejamos pessoas com o olhar constantemente voltado para o chão. Se nos mantivermos dentro dos interesses materiais, a nossa vida será pequena. Seria como termos um potente computador e não saber explorar os seus enormes recursos. É preciso elevar os olhos e buscar outros horizontes, porque é lá que se encontra nossa plena realização. E lá encontraremos Aquele que jamais se esquecerá de nós.
Dom Aloísio Roque Oppermann scj
Arcebispo Emérito de Nova Friburgo - RJ
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