Nossa vida é marcada por presenças. Presenças visíveis e próximas como a de uma mãe que brinca com seu filho, como a partilha dos sentimentos com o melhor amigo. Presenças invisíveis como a de duas pessoas que se amam e se encontram apesar das longas distâncias. Há ainda presenças que nos proporcionam paz, segurança, serenidade, esperança… Porém, há também presenças tempestuosas que nos causam medo, insegurança, ameaça…
No plano da vivência humana profunda, o ser humano faz a experiência singular de uma presença misteriosa, mas real, que atinge o centro de seu ser. Uma presença que não cessa de chamar o homem à felicidade plena.
A presença de Deus em nosso meio assumiu a forma visível. Fez-se homem: imagem visível do Deus invisível. A Eucaristia é memória-presente de Cristo em nós.
Na Igreja Católica, a Eucaristia é um dos sete sacramentos. Para nós, cristãos católicos, a Eucaristia não é apenas um “símbolo”, mas sim, a presença “real” de Cristo no pão e no vinho consagrados.
Comungar o Corpo e Sangue de Cristo é comprometer-se com a construção de um mundo melhor. É nos tornarmos outro Cristo no mundo. É sermos sinal de esperança, de paz, de gratuidade, de amor, de fé, em um mundo tão carente destes valores preciosos e essências para a humanidade.
Eucaristia também é sinal de unidade. Unimos-nos a Cristo espiritualmente para sermos sinais de unidade na vida. Como estarmos unidos a Cristo e não sermos sinais de unidade com quem convive conosco? Como estarmos unidos a Cristo e sermos sinais de desunião na família, no trabalho, na comunidade cristã, em nosso grupo de oração? Como?
É necessário olharmos além do que se pode ver com os olhos humanos. A Eucaristia abre nosso olhar para enxergarmos a vida e nossos relacionamentos com os olhos da fé.
A Lumem Gentiun dirá que a comunhão do corpo e do sangue de Cristo faz com que nos transformemos naquilo que recebemos. Comungar o Cristo para ser outro Cristo no mundo. Ser sinal daquele que nos sustenta nas adversidades da vida. São Tomás de Aquino escreveu: “O efeito característico da Eucaristia é a transformação do homem em Deus”. Sermos divinos em nossa humanidade. Levarmos o Sagrado que em nós habita onde formos. Irradiar a Luz que habita em nosso coração. Sermos a sinal de esperança que nasce da nossa Esperança maior.
Eucaristia é partilha. Todas as vezes que comungamos o Cristo estamos nos comprometendo com um mundo mais cristão. A partilha começa na mesa. E em nosso caso, a partilha começa de um modo particular na Mesa da Eucaristia. Se Eucaristia é partilha somos chamados a fazermos o diferencial no mundo. O nome Cristão na sua essência é aquele que segue a Cristo. Uma vez que recebemos Cristo na Eucaristia, nos tornamos portadores de seus ensinamentos. E a melhor maneira de demonstrarmos os frutos da Eucaristia em nossa vida é com o nosso testemunho de vida.
Uma vida doada, que busca a unidade na diversidade dos dons e carismas, que se aproxima dos excluídos e lhes devolve a dignidade de filhos de Deus são passos importantes para quem deseja semear horizontes de uma vida transformada por Cristo.
Ser Cristo no mundo hoje é deixar-se transformar por aquele que habita nosso ser em cada Eucaristia.
Padre Flávio Sobreiro - Arquidiocese de Pouso Alegre (MG).
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