Quando por volta do meio dia do domingo, dia 21 de agosto de 2010, em Madri, na Espanha, o então Papa Bento XVI, em espanhol, anunciou ao mundo que o Rio de Janeiro, no Brasil, seria a sede da próxima Jornada Mundial da Juventude em julho de 2013, um antigo sonho da juventude brasileira começava a se tornar realidade. Esse evento, criado pelo Beato Papa João Paulo II, tinha até então ocorrido na maioria das vezes no hemisfério norte do planeta. Apesar de muitos jovens latino-americanos terem participado de todas as edições da JMJ, sempre eram poucos, no entanto, com relação à grande massa de jovens europeus que acabaram tendo uma tradição “de jornadas” que marca a vida e a organização da pastoral juvenil de muitos países. O pedido feito e aprovado pelos Bispos em Assembleia de Itaici tornou-se público ao Santo Padre no encontro com a juventude no Pacaembu em 2007. Agora torna-se realidade.
O olhar do mundo jovem se volta pela segunda vez para a América Latina. Depois de 26 anos que ocorreu a primeira e única jornada em nossa região, agora com um Papa Latino Americano, ela retorna para ser realizada em nosso país. Será a primeira em língua portuguesa.
Como já tinha acontecido em 2005 com a jornada em Colônia, na Alemanha, que João Paulo II preparou e Bento XVI é quem foi presidir, ocorre pela segunda vez uma jornada de dois Papas: Bento XVI quem escolheu, preparou e o Papa Francisco é que presidirá. É uma oportunidade única para o nosso país e um grande serviço da cidade do Rio de Janeiro para os jovens do mundo.
A Jornada atinge a todos os jovens. Embora sejamos nós que organizamos em colaboração com as autoridades federais, estaduais, municipais, de segurança, das forças armadas e tantos outros atores, a Jornada é dar ao jovem o protagonismo de um grande evento, preparado em sua maioria por jovens que constituem o Comitê Organizador Local (COL) para todos os jovens de boa vontade. Já temos encontro entre jovens das três religiões monoteístas – judeus, cristãos e muçulmanos – se preparando com reuniões. Os jovens cristãos de diversas denominações se apresentam como voluntários e suas casas são disponibilizadas para hospedagem. A riquíssima dimensão cultural com filmes, teatros, exposições, museus, palcos e outras oportunidades poderá ser um belo momento mesmo para o jovem que não professa nenhuma fé.
É um evento mundial em que os jovens nos ensinarão que é possível ter esperança em um mundo novo e que é possível ser jovem nesse atual momento de mudança de época cultural da humanidade, tendo valores importantes para a vida da pessoa humana e da sociedade. Nossa certeza é o Cristo Ressuscitado a quem anunciamos e que nos conduz ao Pai. Os acontecimentos mundiais, nacionais e locais sobre a violência, guerra, incoerência, corrupção, intolerância, pobreza, dependência e tantas outras situações recordam que muitas vezes o nosso progresso científico, comunicacional, midiático, logístico e outros não foi acompanhado por um progresso na fraternidade e no entendimento das pessoas e no respeito uns pelos outros. Em muitas situações humanas parece que estamos mais atrasados do que aqueles povos que chamamos de “bárbaros” na história. Não apenas porque destruíam os monumentos e as civilizações, mas também pensando na truculência e na falta de respeito à dignidade humana. Tempos e consequências que sentimos que a “pedra angular” da sociedade está sendo esquecida. Assim nenhuma casa construída resiste aos vendavais da história.
A JMJ é um tempo em que se sinalizam belos sinais de esperança e confiança no futuro com compromisso do povo jovem com uma presença alegre, mas responsável pelos valores que realmente fazem diferença na vida da pessoa humana. Temos certeza que estamos servindo a humanidade de hoje e de amanhã com esse serviço que prestamos.
A nossa Arquidiocese se prepara com muito carinho. A unidade e os belos sinais concretos que recebo dos padres e do povo que se colocam disponíveis para ajudar e partilhar é muito consolador. A peregrinação dos símbolos da Jornada, que no dia 18 de setembro de 2011 iniciou o seu caminho no Campo de Marte em São Paulo, está chegando ao final: no dia 21 de abril chegará ao Estado do Rio de Janeiro e no dia 6 de julho à cidade do Rio de Janeiro. Esses símbolos trazem consigo toda uma esperança e alegria de um povo que confia em tempos melhores e se compromete com a vida. Já de per si só esses sinais motivaram para que o “setor juventude” em nosso país possa contar com a participação de todas as expressões de trabalho jovem.
O trabalho tem sido árduo. Já tivemos que aumentar o local do COL. A Arquidiocese procura corresponder mesmo com dificuldades a tantas demandas. As notícias sobre a JMJ e principalmente sobre a vinda do Papa pipocam pelas mídias. Algumas vezes sem muita correspondência com a verdade. Mas agradecemos muito a esse importante serviço que fazem em prol da verdade e da comunicação. As várias dificuldades surgidas nesses dois anos, longe de nos desanimar nos deram renovado ânimo. Quanto mais provados e quanto mais dificuldades, mais temos confiança que o Senhor nos prepara para um serviço importante para o mundo, para a Igreja, para os jovens. Levamos com alegria essa missão que a Igreja nos confiou e procuramos fazer o melhor que podemos. Sempre me causou uma grande alegria ver e constatar a criatividade dos vários setores do COL e o empenho de cada grupo com o seu trabalho, mesmo com algumas limitações de espaço, de autorizações ou dificuldades financeiras. Nada disso os tirou do sonho de prepararem um momento importante para a vida do jovem do mundo aqui no Rio de Janeiro. Vocês jovens empenhados nessa bela aventura de fé nos renovam o ânimo e a coragem de continuar lutando pela evangelização.
A nossa cidade, como tantas outras, tem suas limitações e dificuldades. Temos contado com muita sinceridade e disponibilidade para procurar vencer os problemas e montar um esquema para receber o melhor possível aqueles que para cá virão. Claro que os que não poderão vir, e esses são a maioria, poderão acompanhar por vários meios de comunicação antigos e novos. Teremos oportunidade de viver a “aldeia global” nesses dias com a participação das mídias sociais que nos trazem também as várias opiniões daqueles que estão longe.
Agora, 100 dias nos restam para os preparativos. Entramos na reta final. Muito serviço temos pela frente. Não podemos perder um só momento para podermos estar prontos para acolher aqueles que começarão a chegar após as semanas missionárias pelo país. De coração desde já os abraçamos e desejamos as boas-vindas! Vocês são nossos irmãos e assim os recebemos: com carinho de família!
Sabemos também que nos vários países e nas outras cidades do Brasil todos se preparam para a JMJ – alguns para se deslocarem para o
Rio de Janeiro e viver o belo momento junto com o Papa Francisco, que temos certeza, assim como tem acontecido até hoje, encantará os jovens do mundo aqui no Rio de Janeiro. Os outros que não se deslocarão, mas que farão seus encontros assistindo tanto as celebrações do Papa como através das mídias alternativas os demais eventos da Jornada, também se preparam para viver esse momento único para o nosso país.
Mas todos estaremos voltados para o futuro. Além dos legados materiais de uma jornada: questão ecológica, trabalho com os adictos, movimentação financeira para o país, treinamento das pessoas que se tornam líderes, saber acolher o outro como irmão e tantas outras situações, o grande legado é justamente levar Deus para o coração do jovem que, de certo modo já O encontrou, mas que O continua procurando e que é a razão de sua vida. Queremos também demonstrar a confiança que temos no jovem e constatar a responsabilidade alegre do jovem com o amanhã do mundo. O encontro com Cristo que nos conduz ao Pai dos jovens de mais de 160 países, junto com o Papa Francisco, transforma esse evento em um evento para o futuro. O “ide e fazei discípulos entre os povos” que marca o tema dessa Jornada levará, sem dúvida, os discípulos jovens de Cristo a viverem com muito entusiasmo e alegria a sua missionariedade, e sabendo construir um mundo com sua presença e atuação. Já estão hoje em diversos locais de responsabilidade e também no amanhã estarão dirigindo empresas e nações. Eles sempre se lembrarão de que a fraternidade entre os povos de diversas línguas e ideologias é possível, e que é possível também nos sentirmos irmãos e sermos acolhidos como tais mesmo com línguas e costumes diversos.
Meus irmãos e irmãs: 100 dias nos separam desse grande e belo momento. Convido a todos para redobrarem suas orações e intercessão para que o Senhor nos conceda todas as luzes necessárias para essa vivência de fé e nos ajude a discernir os melhores caminhos para este belo e grande serviço à humanidade.
Venham meus amigos, para serem enviados por Cristo como missionários do Reino! Nós nos encontraremos daqui a 100 dias aqui no Rio de Janeiro! Deus os acompanhe na viagem até aqui. Em nome de todos digo: bem-vindos! A paz esteja com todos!
Dom Orani João Tempesta - Colunista do Portal Ecclesia.
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