Está em pleno andamento a 51ª Assembleia Geral (AG) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Aparecida. É tradição de longa data, depois da Páscoa, os bispos todos do Brasil se reunirem em assembleia.
A possibilidade de se encontrarem, durante dez dias, vindos de todos os recantos do país, já justifica essa assembleia, independente dos assuntos a serem tratados.
Consolidar a comunhão dos bispos entre si, partilhando momentos de convivência fraterna, de troca de experiências, e de informações sobre a vida das dioceses, é sempre a finalidade principal de sua assembleia, seja qual for a agenda.
Cada assembleia tem sua característica, dependendo do contexto em se realiza. Desta vez a expectativa maior é como situar a assembleia no novo contexto eclesial, decorrente das diversas surpresas acontecidas neste início de ano, a começar pela renúncia de Bento XVI, culminando com a eleição do Papa Francisco.
Mesmo que nem façam parte da pauta, os comentários a respeito do novo Papa serão, certamente, o assunto principal das conversas entre os bispos.
Uma assembleia, portanto, muito marcada pelo novo clima, de diálogo e de esperança, que o Papa Francisco suscitou de maneira tão insistente neste início de seu pontificado.
Confirmada a presença do Papa no mês de julho, no Rio de Janeiro, o fato se insere no contexto mais amplo da importância da Igreja da América Latina. De fato a eleição de um cardeal latino-americano, e sua primeira visita como Papa ao Brasil, colocam em evidência a perspectiva latino americana da Igreja Católica, no momento histórico que estamos vivendo.
Este contexto repercute também na CNBB. Se a Igreja, no mundo inteiro, "passa a palavra" para a América Latina, é claro que a Igreja do Brasil é chamada a manifestar-se, através dos posicionamentos que o pontificado do Papa Francisco irá certamente solicitar. Isto coloca para a CNBB o desafio de identificar as contribuições válidas que a Igreja do Brasil está em condições de oferecer, contanto que sejam bem dimensionadas.
O tema central desta 51ª AG se apresenta assim: "Comunidade de comunidades: uma nova paróquia".
Sejam quais forem os enfoques que este tema pode comportar, é evidente a referência às "comunidades", que se constituíram na experiência eclesial mais válida e mais consistente que a Igreja do Brasil vivenciou, no seu empenho de suscitar "comunidades eclesiais" autênticas, bem inseridas na realidade, guiadas por valores evangélicos, fortalecidas pela Palavra de Deus, e conscientes da comunhão eclesial a ser devidamente cultivada e manifestada.
A formação de comunidades eclesiais concretas, abertas à participação dos seus membros, prontas a valorizar os ministros ordenados, foi a riqueza mais original, produzida pelo esforço de renovação eclesial incentivado pelo Concílio.
De certa maneira, a Igreja do Brasil, no seu empenho de aplicar o Concílio, refez a caminhada da Igreja Primitiva, que teve nas comunidades o seu fruto melhor, resultante do testemunho que davam do Senhor Ressuscitado.
Com o clima de confiança e de abertura, suscitado pelo Papa Francisco, dá para sonhar que as riquezas da caminhada da Igreja latino-americana sejam agora olhadas com serenidade, e colocadas a serviço da ampla renovação eclesial desencadeada pelo Concílio.
Dom Luiz Demétrio Valentini - Bispo de Jales (SP).
Nenhum comentário:
Postar um comentário