Gostar de mim no fundo do poço, cabeça a mil, coração a zero, e ainda ser capaz de ouvir e respeitar as referências do meu próprio corpo, como um amigo fiel, atento e carinhoso. Amar-me é descobrir que eu sou eu e o outro é o outro. As vezes gostar de mim é um desafio, uma prova de fogo que revela que eu realmente me amo ou finjo amar-me. Gostar de mim quando erro, quando fracasso, quando não dou conta, quando não faço bem feito e ainda encontro quem me critique ou zombe de mim por eu ter sido apenas o que eu sou: limitado, vulnerável, imperfeito, humano. Não é preciso que eu me justifique com você a todo momento, buscando a tua aprovação para o que eu faço e para o modo como eu estou fazendo: amar é reconhecer e aceitar as nossas diferenças e me amar é dar-me o direito de ser diferente. Ainda que às vezes isso represente ser rejeitado por você. Amar é dar a mim o que é meu para dar a você o que é teu. Para lhe dizer "Eu te amo" devo aprender a dizer-me "Eu me amo". Do contrário meu amor por você é apenas uma desculpa, um artifício para conservá-lo na minha coleção de objetos úteis. Antes de você, existe eu, sem que isso signifique presunção da minha parte ou menosprezo pela tua pessoa. E embora eu me sinta muito feliz com a tua presença, antes de estar com você, estou comigo, não lá num lugar imaginário de encontro, mas aqui.
Não ontem ou amanhã, mas agora.
Não ontem ou amanhã, mas agora.
Gerldo Eustáquio de souza
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