A força de uma gentileza
Foto Ilustrativa: fzant by Getty Images
Em um mundo onde coloca-se em evidência aquilo que não é bom, ser gentil pode parecer fraqueza, mas na verdade, é bem ao contrário. Quem nunca mudou de ideia depois de um sorriso verdadeiro, um aperto de mão ou até mesmo uma palavra animadora? Atitudes de carinho, respeito e atenção fazem toda a diferença onde quer que seja e têm força para abrir portas e nos levar para as grandes realizações. É que o coração humano, criado para amar e ser amado, tem sede de ternura; e quando a encontra, deixa-se guiar por ela. Já a rispidez é exatamente contrária aos nossos anseios, por isso, nos fere tanto quando a recebemos.
Dizem que a falta de gentileza machuca nossa sensibilidade tanto quanto uma geada caindo sobre as flores. Retarda o crescimento de tudo o que é amável e nos impede de desabrochar com a beleza e a simplicidade que trazemos na alma. Por outro lado, a gentileza é comparada a um verão maravilhoso, cujo calor estimula e influência o crescimento das belas virtudes que somos capazes de externar. A gentileza é resultado de um coração forte, curado e unido a Deus pela força de seu amor original e, além disso, jamais pode ser confundida com a fraqueza, pois essa faz barulho e tenta impressionar; já a gentileza é discreta e faz questão de não aparecer.
A falta de gentileza machuca nossa sensibilidade
Existe uma fábula atribuída a Esopo que ilustra bem este contraste:
“Conta-se que o sol e o vento discutiam sobre qual dos dois era mais forte.
Então, o vento disse:
– Provarei que sou o mais forte.
Vê aquela mulher que vem caminhando com um lenço azul no pescoço?
Aposto como posso fazer com que ela tire o lenço mais depressa do que você.
O sol aceitou a aposta e recolheu-se atrás de uma nuvem.
O vento começou a soprar até quase se tornar um furacão, mas quanto mais ele soprava com força,
mais a mulher segurava o lenço junto ao pescoço.
Finalmente, o vento acalmou-se e desistiu de soprar.
Então, o sol saiu de trás da nuvem e sorriu bondosamente para a mulher.
Com esse gesto, ela, imediatamente, esfregou o rosto e tirou o lenço do pescoço, respirando aliviada.
O sol disse, então, ao vento:
– Lembre-se disso, meu amigo: ‘A gentileza e a bondade são sempre mais fortes do que a fúria e a força’”.
Gentileza e tempo
Talvez, seja por isso que as pessoas que agem com gentileza, respeito e consideração são sempre tão admiradas e, dependendo do caso, até mesmo temidas. São Francisco de Sales, grande doutor da Igreja, certa vez escreveu: “Quando encontrar dificuldades e contradições, não as tente derrubar com sua força; aceite-as com gentileza e tempo”. E ele continua explicando que, assim, se alcançará a vitória. Até porque, muitas vezes, por trás de uma palavra grosseira ou até mesmo um gesto humilhante, está um coração ferido, pedindo para ser amado; e a gentileza, expressa com sinceridade, pode ser o canal para a cura acontecer.
Diante dessa fábula, recordo-me também da passagem de I Reis 19,11-12, que narra a história do profeta Elias, no monte Horeb, desejoso de encontrar a Deus. “Um grande e forte vento rasgou os montes e despedaçou rochas, mas o Senhor não estava no vento. Depois da tempestade, veio um furacão com resultados amedrontadores, mas o Senhor não estava no terremoto. Veio, então, um fogo, mas o Senhor não se encontrava no fogo. Depois do fogo, ouviu-se um doce sussurro no ar, uma voz mansa e cheia de amabilidade, e ali estava Deus”. Um Deus gentil e amoroso que, mesmo tendo poder para criar o universo e manter o mundo, escolhe revelar-Se com gentileza e amor.
Fiquemos atentos às oportunidades que Ele nos dá, sendo canais da ternura neste mundo tão sedento de amor!
Dijanira Silva
Missionária da Comunidade Canção Nova, desde 1997, Djanira reside na missão de São Paulo, onde atua nos meios de comunicação. Diariamente, apresenta programas na Rádio América CN. Às sextas-feiras, está à frente do programa “Florescer”, que apresenta às 18h30 na TV Canção Nova.
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