A Palavra de Deus

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23 de setembro de 2015

Conheça o que são as doenças psicossomáticas

Conheça o que são as doenças psicossomáticas

Foto: wildpixel, 43011198, iStock by Getty Images
É importante conhecer um pouco mais sobre o universo da medicina psicossomática

Atualmente se escuta falar muito sobre as doenças de fundo emocional, como se as mesmas fizessem parte da história da medicina somente há pouco tempo. Mas, o termo “psicossomático” foi introduzido em 1818 por Helmholtz, com o objetivo de designar as doenças psicossomáticas que surgiam, tendo como origem aspectos mentais.

Iniciando nosso conhecimento sobre a medicina psicossomática, vamos esclarecer o significado de alguns termos muito usados na prática clínica.
Termos e significados*

Somatiforme, somatoforme ou somatomorfo: Toda patologia psíquica que se faz representar no orgânico ou físico.

Somatização: Quando os sintomas envolvidos dizem respeito aos órgãos e sistemas (cardíaco, muscular, respiratório, genital, etc.), mas não se encontra uma correspondência de alteração fisicamente comprovada.

Conversão: Quando a parte física envolvida diz respeito à comunicação corporal da pessoa (cinco sentidos, musculatura, coordenação, etc.), mas não se encontra uma correspondência de alteração fisicamente comprovada.

Dissociação: Quando a parte envolvida diz respeito ao próprio psiquismo (Confusão mental, delírios, despersonalização, desorientação, etc.) mas não se encontra uma correspondência de alteração fisicamente comprovada.

Psicossomáticas: Doenças determinadas, agravadas ou desencadeadas por razões emocionais, com presença de alteração orgânicas constatáveis (asma, hipertensão, dermatites, diabete, etc.)
Linguagem do corpo

A partir destes conceitos, iremos agora compreender um pouco mais as linguagens do corpo através de sua relação com a mente, as emoções e o espírito.

Não é nossa pretensão esgotarmos o assunto, mas oferecemos pequenas luzes nesse fascinante universo da emoção a lesão.

Agora pega o teu leito e anda!

*FONTE: BALLONE, Geraldo José; ORTOLANI, Ida Vani; NETO, Eurico Pereira. Da Emoção a lesão: um guia de medicina psicossomática. 2ª Ed. Ver e ampl., Barueri, SP. Ed. Malone, 2007. 
Érika Vilela - atualmente, faz especialização em Psiquiatria pelo Centro Brasileiro de Pós-graduações.

A diferença entre a Bíblia católica e protestante

A diferença entre a Bíblia católica e protestante

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
Demoraram alguns séculos para que a Igreja Católica chegasse a forma final da Bíblia com os 73 livros

Em vários Concílios, ao longo da história, a Igreja, assistida pelo Espírito Santo (cf. Jo 16,12-13) estudou e definiu o Índice (cânon) da Bíblia; uma vez que nenhum de seus livros traz o seu Índice. Foi a Igreja Católica quem berçou a Bíblia. Garante-nos o Catecismo da Igreja e o Concílio Vaticano II que: “Foi a Tradição apostólica que fez a Igreja discernir que escritos deviam ser enumerados na lista dos Livros Sagrados” (Dei Verbum 8; CIC,120). Portanto, sem a Tradição da Igreja não teríamos a Bíblia. Santo Agostinho dizia: “Eu não acreditaria no Evangelho, se a isso não me levasse a autoridade da Igreja Católica” (CIC,119).

Por que a Bíblia católica é diferente da protestante?

Esta tem apenas 66 livros porque Lutero e principalmente os seus seguidores, rejeitaram os livros de Tobias, Judite, Sabedoria, Baruc, Eclesiástico (ou Sirácida), 1 e 2 Macabeus, além de Ester 10,4-16; Daniel 3,24-20; 13-14. A razão disso vem de longe. No ano 100 da era cristã, os rabinos judeus se reuniram no Sínodo de Jâmnia (ou Jabnes), no sul da Palestina, a fim de definir a Bíblia Judaica. Isto porque nesta época começavam a surgir o Novo Testamento com os Evangelhos e as cartas dos apóstolos, que os judeus não aceitaram. Nesse Sínodo, os rabinos definiram como critérios para aceitar que um livro fizesse parte da Bíblia, o seguinte:

1 – Deveria ter sido escrito na Terra Santa;
2 – Escrito somente em hebraico, nem aramaico e nem grego;
3 – Escrito antes de Esdras (455-428 a.C.);
4 – Sem contradição com a Torá ou lei de Moisés.

Esses critérios eram puramente nacionalistas, mais do que religiosos, fruto do retorno do exílio da Babilônia em 537aC. Por esses critérios não foram aceitos na Bíblia judaica da Palestina os livros que hoje não constam na Bíblia protestante, citados anteriormente. Mas a Igreja católica, desde os apóstolos, usou a Bíblia completa. Em Alexandria no Egito, cerca de 200 anos antes de Cristo, já havia uma influente colônia de judeus, vivendo em terra estrangeira e falando o grego. O rei do Egito, Ptolomeu, queria ter todos os livros conhecidos na famosa biblioteca de Alexandria; então mandou buscar 70 sábios judeus, rabinos, para traduzirem os Livros Sagrados hebraicos para o grego, entre os anos 250 e 100 a.C, antes do Sínodo de Jâmnia (100 d.C). Surgiu, assim, a versão grega chamada Alexandrina ou dos Setenta, que a Igreja Católica sempre seguiu.

Essa versão dos Setenta, incluiu os livros que os judeus de Jâmnia, por critérios nacionalistas, rejeitaram. Havia, dessa forma, no início do Cristianismo, duas Bíblias judaicas: a da Palestina (restrita) e a Alexandrina (completa – Versão dos LXX). Os Apóstolos e Evangelistas optaram pela Bíblia completa dos Setenta (Alexandrina), considerando inspirados (canônicos) os livros rejeitados em Jâmnia.

Ao escreverem o Novo Testamento, utilizaram o Antigo Testamento, na forma da tradução grega de Alexandria, mesmo quando esta era diferente do texto hebraico. O texto grego “dos Setenta” tornou-se comum entre os cristãos; e portanto, o cânon completo, incluindo os sete livros e os fragmentos de Ester e Daniel, passaram para o uso dos cristãos. Das 350 citações do Antigo Testamento que há no Novo, 300 são tiradas da versão dos Setenta, o que mostra o uso da Bíblia completa pelos apóstolos.

Verificamos também que nos livros do Novo Testamento há citações dos livros que os judeus nacionalistas da Palestina rejeitaram. Por exemplo: Rom 1,12-32 se refere a Sb 13,1-9; Rom 13,1 a Sb 6,3; Mt 27,43 a Sb 2, 13.18; Tg 1,19 a Eclo 5,11; Mt 11,29s a Eclo 51,23-30; Hb 11,34 a 2 Mac 6,18; 7,42; Ap 8,2 a Tb 12,15. Nos séculos II a IV, houve dúvidas na Igreja sobre os sete livros por causa da dificuldade do diálogo com os judeus. Mas a Igreja, ficou com a Bíblia completa da versão dos Setenta, incluindo os sete livros.

Após a Reforma Protestante, Lutero e seus seguidores rejeitaram os sete livros já citados. É importante saber também que muitos outros livros, que todos os cristãos têm como canônicos, não são citados nem mesmo implicitamente no Novo Testamento. Por exemplo: Eclesiastes, Ester, Cântico dos Cânticos, Esdras, Neemias, Abdias, Naum, Rute. Outro fato importantíssimo é que nos mais antigos escritos dos papas da Igreja (patrística) os livros rejeitados pelos protestantes (deutero-canônicos) são citados como Sagrada Escritura.
Será que a Igreja se enganou?

Assim, São Clemente de Roma, o quarto papa da Igreja, no ano de 95 escreveu a Carta aos Coríntios, citando Judite, Sabedoria, fragmentos de Daniel, Tobias e Eclesiástico; livros rejeitados pelos protestantes. Ora, será que o papa S. Clemente se enganou e com ele a Igreja? É claro que não. Da mesma forma, o conhecido Pastor de Hermas, no ano 140, faz amplo uso de Eclesiástico e de Macabeus II; Santo Hipólito (†234), comenta o livro de Daniel com os fragmentos deuterocanônicos rejeitados pelos protestantes e cita como Sagrada Escritura: Sabedoria, Baruc, Tobias, 1 e 2 Macabeus.

Fica assim, muito claro, que a Sagrada Tradição da Igreja e o Sagrado Magistério sempre confirmaram os livros deuterocanônicos como inspirados pelo Espírito Santo. Vários Concílios confirmaram isto: os Concílios regionais de Hipona (ano 393); Cartago II (397), Cartago IV (419), Trulos (692). Principalmente os Concílios ecumênicos de Florença (1442), Trento (1546) e Vaticano I (1870) confirmaram a escolha.

No século XVI, Martinho Lutero (1483-1546) para contestar a Igreja, e para facilitar a defesa das suas teses, adotou o cânon da Palestina e deixou de lado os sete livros conhecidos, com os fragmentos de Esdras e Daniel. Lutero, quando estava preso em Wittenberg, ao traduzir a Bíblia do latim para o alemão, traduziu também os sete livros (deuterocanônicos) na sua edição de 1534, e as Sociedades Bíblicas protestantes, até o século XIX incluíam os sete livros nas edições da Bíblia.

Neste fato fundamental para a vida da Igreja (a Bíblia completa) vemos a importância da Tradição da Igreja, que nos legou a Bíblia como a temos hoje. Disse o último Concílio: “Pela Tradição torna-se conhecido à Igreja o Cânon completo dos livros sagrados e as próprias Sagradas Escrituras são nelas cada vez mais profundamente compreendidas e se fazem sem cessar, atuantes.” (DV,8).

Se negarmos o valor indispensável da Igreja Católica e de sua Sagrada Tradição, negaremos a autenticidade da própria Bíblia. Note que os seguidores de Lutero não acrescentaram nenhum livro na Bíblia, o que mostra que aceitaram o discernimento da Igreja Católica desde o primeiro século ao definir o índice da Bíblia. É interessante notar que o papa São Dâmaso (366-384), no século IV, pediu a S.Jerônimo que fizesse uma revisão das muitas traduções latinas que havia da Bíblia, o que gerava certas confusões entre os cristãos.

São Jerônimo revisou o texto grego do Novo Testamento e traduziu do hebraico o Antigo Testamento, dando origem ao texto latino chamado de Vulgata, usado até hoje.
Felipe Aquino - apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. 

20 conselhos do Papa Francisco aos recém-casados

20 conselhos do Papa Francisco aos recém-casados

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
Momento especial para os recém-casados receber os conselhos do Santo Padre

Ao final das audiências gerais, já se tornou costume a saudação do Papa a casais recém-casados. Um momento muito especial para essas pessoas que iniciam uma vida a dois receber a benção do Santo Padre. Em primeiro lugar, Francisco elogia a coragem dos jovens por terem escolhido o matrimônio porque, segundo o Papa, casar “requer muita coragem”. Ao longo do ciclo de catequeses direcionadas às famílias, selecionei 20 conselhos aos novos casais:

Conselhos

1. Façam a experiência do amor gratuito como é o amor de Deus pela humanidade.
2. A mansidão dos santos indique a vocês o estilo das relações entre os cônjuges na família.
3. A fortaleza da santidade até o martírio aponte os valores que verdadeiramente valem a pena na vida familiar.
4. Amem a vida que é sempre sagrada, apesar de marcada por fragilidade e doenças.
5. As obras de misericórdia ajudem vocês a viverem a existência conjugal abrindo-a à necessidade dos irmãos.
6. Encontrem na aliança que, Cristo assumiu com Sua Igreja a preço de Seu Sangue, a base a do pacto conjugal de vocês
7. Construam sua família sobre o mesmo amor que uniu José à Virgem Maria.
8. Desejo de coração que vocês cresçam na generosa disponibilidade em relação ao Senhor, seguindo o exemplo da Virgem Santa.
9. Coloquem Deus no centro para que sua história conjugal tenha mais amor e mais felicidade.
10. Vivam o matrimônio em concreta adesão a Cristo e aos ensinamentos do Evangelho.
11. Vivam o seu amor imitando o amor misericordioso de Jesus.
Virgem Maria
12. Aprendam da Virgem Maria a conceder espaço à escuta da Palavra de Deus e à prática da caridade, vivendo com alegria a pertença à Igreja, à família dos discípulos do Cristo Ressuscitado.
13. A cruz cotidiana seja a referência de vocês para que a vida familiar seja uma lareira de oração e recíproca compreensão.
14. Aprendam a cultivar a devoção à Mãe de Deus pedindo-a para que não falta nunca na casa de vocês o amor e o respeito recíproco.
15. O amor à Eucaristia nutrido pelos santos estimule vocês a fundar a família sobre o amor de Deus.
16. O apostolado dos santos nas periferias convide vocês a ajudar os mais frágeis e necessitados da família.
17. A Devoção ao Sagrado Coração de Jesus e ao Coração Imaculado de Maria sustente vocês no caminho conjugal e na educação com amor dos filhos que o Senhor quiser lhes dar.
18. No caminho que vocês assumiram, busquem a Eucaristia para que nutridos de Cristo sejam famílias cristãs tocadas pelo amor do Coração de Jesus.
Santa Mônica
19. Confiemos à intercessão de Santa Mônica, mãe de Santo Agostinho, os recém-casados e os pais cristãos para que como Mônica, acompanhem com o exemplo e com a oração o caminho dos filhos.
20. Santa Maria seja o modelo no caminho conjugal de dedicação e fidelidade.
Rodrigo Luiz dos Santos - é Missionário, cursou Filosofia e é Jornalista. Atualmente, apresenta o programa ‘Manhã Viva’ na TV Canção Nova 





Como lidar com ansiedade e ataques de pânico?

Como lidar com ansiedade e ataques de pânico?

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
Quem nunca se deparou com uma situação de grande ansiedade, vivenciou ou presenciou uma crise de pânico?

Nos dias atuais é cada vez mais comum ouvir que alguma pessoa é “ansiosa” e não raras vezes se encontrou em um “ataque de pânico”. Frente a tais situações é sempre recomendada ajuda médica e terapia especializadas para avaliar se há sinais de um transtorno de saúde instalado, como este pode ser tratado e quais as ferramentas necessárias para isso.

Em linhas gerais a ansiedade pode ser definida como uma reação do organismo diante de uma situação de ameaça ou de perigo. Portanto, todo ser humano, em algum momento, fica ansioso frente às realidades da vida. As características próprias e o nível de resposta de cada um ajudará o profissional de saúde mental a entender quando essa resposta natural esperada passa a ser um problema clínico e que necessita de tratamento.
Sintomas

O ataque de pânico é distintamente uma situação súbita, imprevisível, incapacitante, com manifestações não apenas “mentais” de medo e angústia, mas também “fisiológicas”, como batimentos cardíacos acelerados, dores no peito, falta de ar e sensação de sufocamento, tonturas, calafrios, medo de morrer, de perder o controle, medo de enlouquecer… Como as crises podem ocorrer nas mais variadas ocasiões e lugares, as pessoas em geral se sentem assustadas e até mesmo envergonhadas após o término do ataque.

Muitos que sofrem deste mal desenvolveram sua primeira manifestação após uma situação traumática em sua vida. Tendências familiares, a própria constituição biológica do indivíduo e a experiência ou não com uso de drogas podem estar associados a surgimento e evolução da doença.
Como agir?

Embora nada substitua o tratamento psiquiátrico e psicológico, há algumas dicas que você pode saber para se ajudar ou auxiliar alguém se isso acontecer. Vamos lá?
Respire fundo e lentamente por alguns minutos. Imagine uma cena calma e que o leve ao relaxamento. Procure interromper os pensamentos de catástrofe ou morte. Deixe os pensamentos passarem, procurando entender que eles não irão te matar ou enlouquecer. Procure se lembrar de que o ataque de pânico é temporário, que sempre vai passar. Procure pensar em alguém em quem confia e que você acredita que se preocupa contigo e que cuida de você.

Neste último ponto, é extremamente importante lembrar que Deus está sempre ao lado de seus filhos e que nunca os desampara. Em situações de pânico, nunca se deve esquecer que apesar das ondas revoltas e ventanias que podem vir durante a viagem, o Senhor está sempre ao lado, “dentro do barquinho” e em alguns minutos acalmará a tempestade, o vento e o mar, que Lhe obedecem. (Mc 4,41)
Érika Vilela - Mineira de Montes Claros (MG), é fundadora e moderadora geral da comunidade ‘Filhos de Maria’. 

19 de setembro de 2015

Como ler a Bíblia dentro do seu contexto

Como ler a Bíblia dentro do seu contexto

Foto: duckycards, 3910083, iStock by Getty Image
É necessário compreender um pouco o contexto no qual o texto bíblico foi escrito

A proposta desse artigo é entendermos melhor uma regra de ouro da literatura, qualquer que seja ela: ler o texto dentro do seu contexto. Isso significa vê-lo também como produto de pessoas diferentes e de épocas também diferentes.

Muitas vezes, nos sentimos desencorajados com determinados textos bíblicos por não conseguirmos entendê-los. Quem nunca leu uma passagem bíblica e não apreendeu quase nada do que estava escrito ali? Quem nunca deparou com conceitos muito complicados e muito distantes daquilo que entendemos e vivemos hoje?

Isso acontece porque cada um dos livros da Sagrada Escritura faz parte de um contexto mais amplo, cujos textos foram escritos numa época muito distante da nossa. Dessa forma, a leitura se torna um pouco mais complexa e, não raras vezes, incompreensível, em virtude de uma distância temporal, linguística e cultural existente entre a redação do texto bíblico e a leitura e a interpretação que fazemos hoje.
A melhor forma de leitura

E por isso chamamos a atenção para a necessidade de uma leitura mais cuidadosa e não tão rápida e superficial, para que não ocorra uma interpretação equivocada e arriscada. Porque é natural entendermos o que lemos a partir de conceitos e da ideia que temos do mundo moderno em que vivemos, esquecendo-nos de que a Bíblia é formada por textos antigos, construídos num mundo diferente do nosso.

Dessa maneira, precisamos buscar o máximo de informações sobre o texto que iremos estudar. Tudo que o cerca, de modo especial o período em que foi escrito e qual contexto histórico que o influencia. Quanto mais informações tivermos a respeito dele [texto], tanto mais poderemos nos guiar pela regra literária citada no começo deste artigo: ler o texto dentro do contexto.

Mas como podemos saber mais sobre a época em que os textos bíblicos foram compostos e sob quais condições se deu esse processo de redação do texto que vamos ler?

É fácil. Basta consultarmos as nossas próprias Bíblias, pois elas nos fornecem essas informações. Precisamos conferir as introduções apresentadas antes de cada livro bíblico. Assim acontece, por exemplo, nas traduções da Bíblia, como a versão da TEB, da Bíblia Jerusalém e do Peregrino. Ou ainda, como na tradução da Bíblia Ave-Maria que traz logo na sua abertura um comentário sobre cada um dos livros bíblicos.

Essas introduções são muito importantes, pois nos dão informações preciosas a respeito do livro que vamos ler, informações estas muito úteis e práticas a respeito do período de composição do texto, sobre o contexto histórico no qual se deu essa redação, a qual grupo esse texto foi primeiramente dirigido, quem o redigiu, entre outros.

Caso tenhamos acesso a fontes confiáveis que podem, da mesma maneira e talvez de forma mais completa, nos fornecer essas informações, podemos e devemos utilizá-las, pois, como dissemos anteriormente, quanto mais informações temos do texto, tanto maior será nossa segurança de que o leremos dentro do contexto, evitando erros e equívocos. Mas, lembre-se: é importante que conheçamos bem essa literatura secundária utilizada para não consultarmos uma bibliografia que possa nos levar ao erro.
O perigo de informações pela internet

Um alerta aos que fazem uso da internet: muito cuidado ao buscar essas informações nesse espaço virtual. Não tenho nada contra a rede mundial de computadores; muito pelo contrário, sou usuário e a vejo como um facilitador da vida cotidiana. Mas, infelizmente, em se tratando de estudos bíblicos, a grande maioria das coisas que encontro nela possui muitos erros ou está ligada a outra doutrina diferente da católica.

Outro recurso apresentado pelas Bíblias, que além de nos auxiliar na compreensão dos textos, também nos fornece informações importantes sobre o conteúdo do que lemos são as notas de rodapé. Essas observações são muito valiosas porque são explicativas e por meio delas nos são esclarecidas questões ligadas à língua, à geografia, à cultura, entre tantas outras coisas que facilitam o nosso entendimento deles. Muitos as ignoram, justamente por serem pequeninas, às vezes é difícil enxergá-las, mas elas estão ali para servir de auxílio para que o texto se torne mais acessível a nós que estamos distantes temporal, cultural e linguisticamente dos textos bíblicos.

Enfim, é necessário fazer uso desses recursos presentes nas nossas Bíblias, assim como das introduções nos livros e das notas de rodapé. Esses recursos fazem, de certo modo, parte da leitura e não podemos ignorá-los. A Igreja, e nossos tradutores, conhecem as distâncias entre nós e o texto e, consequentemente, sabem do risco de uma leitura fora de contexto. Ou seja, informações presentes na própria Bíblia, ainda que não sejam o texto bíblico propriamente dito, são não apenas importantes, mas necessárias para uma leitura da Palavra de Deus sem equívocos e que permita, verdadeiramente, nosso encontro com o sagrado.
Denis Duarte -  é especialista em Bíblia e Cientista da Religião. Professor da Faculdade Canção Nova e do Instituto de Teologia Bento XVI. 

Detóx, meu corpo não faz sozinho?

Detóx, meu corpo não faz sozinho?

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Nos expomos a toxinas excessivamente e o nosso corpo necessita de ajuda para fazer o detox

Uma das características que hoje trazemos nos hábitos alimentares, é o de consumirmos muitos alimentos industrializados e processados, com quantidades abusivas de açúcar, sal e gordura. Esses tipos de alimentos contém em si muitos aditivos alimentares, conservantes e pesticidas, que podem prejudicar nosso organismo a curto ou a longo prazo.
Quando consumimos esses alimentos, as toxinas presentes neles, provocam um tipo de “sufocamento” e levam ao envelhecimento e morte precoce das nossas células. E esse distúrbio no bom funcionamento celular é que trazem as doenças.

Todos nós de alguma forma, estamos expostos a essas toxinas, mas o que cabe a nós, é ajudar o nosso organismo a fazer esse processo de desintoxicação, que ele faz naturalmente. Porém como nos expomos a essas toxinas excessivamente, podemos mudar alguns dos nossos hábitos alimentares para favorecer essa desintoxicação.

Por isso é importante uma dieta que potencialize essa ação. Precisamos portanto, ingerir os alimentos corretos e abrir mão daqueles que prejudicam ainda mais esse processo desintoxicante. O objetivo deste tipo de alimentação é fazer com que essas toxinas sejam eliminadas no suor, na urina e na bile, além de restaurar o equilíbrio do organismo.
Hábitos alimentares e atitudes importantes

1- Quanto mais usarmos os alimentos na sua forma integral e natural, mais teremos os benefícios e efeitos de desintoxicação. Veja os alimentos que favorecem esse processo de desintoxicação:

Folhosos verdes escuros: Agrião – Coentro – Escarola – Salsinha -Alface – Hortelã – Espinafre – Couve

Verduras cruas: Abóbora – Pepino – Berinjela – Tomate – Beterraba – Cenoura
Frutas ricas em fenóis: Kiwi – Abacaxi – Morango – Manga – Maçã – Pêssego – Melancia – Limão – Melão – Maracujá

Chás Claros: Erva doce – Funcho – Capim cidreira
– Carqueja – Chá-verde

2 – Existem alguns alimentos que devem ser evitados ou retirados das nossas refeições para diminuirmos os efeitos intoxicantes do nosso organismo:
– Alimentos enlatados e embutidos (como salsicha e presunto);
– Farinhas e açúcares refinados (brancos);
– Biscoitos tipo salpet e biscoitos doces; Salgadinhos, guloseimas e excesso de doces; Sucos em pó, caixinha ou garrafa; Refrigerantes

3- A prática de atividade física também é fundamental neste processo, pois além de favorecer o nosso metabolismo, nos ajuda na transpiração e eliminação de toxinas pelo suor. Da mesma forma, é muito importante o consumo de líquidos (água, sucos e chás).
4 – Promover a saúde do fígado, que é o principal órgão responsável pela desintoxicação do corpo, evitando consumo excessivo de remédios, álcool e tendo uma alimentação equilibrada, sem excessos de açúcar, gordura ou sal.
Reeducação alimentar

Com todas essas dicas, vale lembrar que para se ter uma vida saudável, muitas vezes é necessário fazermos uma reeducação alimentar. Significa que alguns alimentos podem ser diminuídos, substituídos ou proibidos, seguindo o princípio de equilíbrio entre quantidade e qualidade da nossa alimentação.

Para isso, sempre peça a ajuda de um profissional da área que possa te acompanhar com segurança neste processo de mudanças de hábitos e na busca de uma vida saudável.

Deus os abençoe!
Cristiane Zandim -  É missionária na comunidade Canção Nova desde 2011. Cursou Nutrição na Universidade Universidade Federal Dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM).

O que me faz sonhar e ser feliz

O que me faz sonhar e ser feliz

Mesmo em meios às adversidades podemos sonhar e ser feliz

De tempos em tempos, faz muito bem reavaliarmos a vida e percebermos a necessidade de mudanças para continuarmos vivendo plenamente. É como quem está seguindo em uma estrada reta e, de repente, depara-se com uma bifurcação. Não dá mais para seguir do mesmo jeito, é preciso optar por uma direção ou outra e preparar-se para as novidades que seguem. Sim, a vida é feita de novidades!

Cada dia é único, mesmo que seja repleto de coisas aparentemente iguais. Nós também somos únicos, mesmo que, às vezes, nos tratem como iguais. Então, viver cada dia com suas surpresas, fazendo nossas próprias escolhas, abertos às novidades, é o que dá verdadeiro sentido à vida. Aliás, sentido é uma palavra que tem tudo a ver com a forma que escolhemos viver. Não estamos neste mundo por acaso, e ter um sentido na vida faz toda diferença. Conheço um provérbio popular que diz: “Para o barqueiro que não sabe aonde quer chegar, nenhum vento lhe é favorável”. Ou seja, quem não tem uma meta dificilmente chega a alguma conquista, e até quando aconteçam coisas boas, nada parece lhe favorecer.

É que, na verdade, costuma-se encontrar o que se procura. Por isso, se você busca a felicidade, por exemplo, vai encontrar razões para ser feliz mesmo em meio às adversidades; contudo, se não busca a felicidade, quando ela vier ao seu encontro não a reconhecerá. Assim, se não sei o que estou buscando, como posso encontrar? É claro que existem pedras no caminho e nem todos os ventos sopram a nosso favor, mas quando temos uma direção, algumas pedras nos servem de degraus e alguns ventos fazem nosso barco avançar mar adentro com maior velocidade. Então, se quisermos realizar sonhos e viver em paz, é preciso sabermos com clareza aonde queremos chegar, e, a partir daí, fazermos as pequenas e grande escolhas do dia a dia, sem medo de arriscar.

Lembre-se de que você é único e tem um valor fundamental neste mundo. Siga seu coração e procure agir de acordo com aquilo que você sonha e deseja, e não de acordo com o que os outros pensam e querem para você. Nessa busca, você precisa olhar para seu passado com gratidão, mesmo que tenha sido difícil, sabendo que ele só pode influenciar seu futuro positivamente se você tiver aprendido com seus erros. Também precisa ter calma e respeitar seu processo de mudança.

O mundo pede urgência, é verdade, mas o coração tem seu próprio ritmo. Portanto:

– Tenha paciência com você mesmo, respeite seus limites e vá dando um passo de cada vez sem desanimar.

– Não permita que nada impeça suas relações com as pessoas, com Deus e com você mesmo.

– Se for preciso, reconcilie-se, recomece, ame mais intensamente e não queira ser sempre o dono da razão.

Permita-se o direito de errar e arrisque mais uma vez, sempre que for preciso.

Quem sabe o que quer não perde tempo se lamentando das quedas, olha para o futuro com esperança e sabe que para chegar aonde deseja, tem de viver bem o presente. Portanto, levante a cabeça e volte a acreditar nos seus sonhos agora mesmo!

Você não estará sozinho, existe um Deus que o ama e está disposto a orientar seus passos. “Quer você se volte para a direita, quer para a esquerda, uma voz atrás de você lhe dirá: ‘Este é o caminho; siga-o’” (Is 30,21).

A felicidade está à sua espera, por detrás de cada acontecimento que a vida lhe proporciona, vá ao encontro dela sem medo. Os ventos são favoráveis para o barqueiro que sabe onde quer chegar!
Dijanira Silva -  missionária da Comunidade Canção Nova, atualmente reside na missão de São Paulo. Apresentadora da Rádio CN América (SP).

Por que tantas pessoas estressadas?

Por que tantas pessoas estressadas?

Muitas são as formas de lidar com o estresse do cotidiano

Vivemos tempos onde as relações humanas exigem de nós um alto grau de exposição ou mesmo de uma cobrança social que nos “pede” para que “sempre estejamos bem e felizes”. As redes sociais trazem consigo uma boa fatia destas exigências. Nossa sociedade vive o impacto da depressão, do estresse e da ansiedade. A correria cotidiana, as dificuldades econômicas do país, a insegurança pública e tudo mais, têm gerado uma série de dificuldades emocionais entre as pessoas.

Em todas estas situações, notamos que o estresse muitas vezes se manifesta. A saber, o estresse se instala devido a uma “carga excessiva de estímulos estressantes, situações angustiantes que o indivíduo passou ou está passando, como a morte de alguém importante, o término de um relacionamento, eventos estressantes, onde se enquadram viagens, casamentos, mudança de cidade ou país, situação financeira, doenças ou a simples dificuldade de encarar o dia a dia, e de se adaptar no meio social” (Lipp, et al, 1998).

Muitas são as formas de lidar com estas pressões cotidianas, mas podemos pensar em algumas situações favoráveis em nossos relacionamentos.
Contribuição das tecnologias

Um elemento que se faz essencial, mas que muitas vezes a tecnologia tem tirado de nós, e pode nos ajudar demais, é a conversa, a expressão de nossas ideias e uma boa conversa frente a frente, tendo contato humano de fato, olhando nos olhos e vendo as reações que o outro tem.

É muito fácil “escrever sentimentos ou deixar de escrevê-los” pela tela do celular ou de um computador. Estamos perdendo a habilidade de identificar as emoções no outro, de agir com empatia, ou seja, de nos colocarmos no lugar do outro e sentir sua dor ou mesmo entender as circunstâncias que levam o outro a pensar ou agir de determinada maneira.

Esta “falta de atenção” pode, muitas vezes, levar aos desentendimentos em situações das mais simples possíveis: todos nós conhecemos alguém, algum casal, amigos, colegas de trabalho, que andam se desentendendo demais.

Nossos relacionamentos podem oferecer grande ajuda a quem está bem perto de nós. Quantas vezes, você parou para reparar naquele que vive dentro da sua própria casa, naquele que trabalha com você, no seu marido ou na sua esposa, no seu namorado ou na sua namorada?
Dificuldade no relacionamento

Percebo que muitas das nossas dificuldades nos relacionamentos moram bem aí: na dificuldade em falar sobre o que pensamos, bem como na dificuldade para falar do que necessitamos para nos relacionarmos bem. Parte ainda, da dificuldade que temos em ouvir o outro sem dar uma opinião prévia, ou seja, ouvir sinceramente, ouvir empaticamente, ou seja, ouvir de coração aberto, pois a partir da nossa mudança de atitude mudará também nossa forma de conviver com o outro, bem como em ajudar o outro.

Você tem olhado ao seu redor? Muitos, bem perto de você, precisam, hoje mesmo, do seu olhar atento, da sua escuta empática e da sua proximidade. Pense nisto!
Elaine Ribeiro dos Santos -  Psicóloga Clínica e Organizacional, colaboradora da Comunidade Canção Nova.

Como perceber se sou narcisista digital

Como perceber se sou narcisista digital

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
O narcisismo digital é um sintoma de que algo não vai bem

Você é daquelas pessoas que não perdem a oportunidade de apontar o celular para si e tirar uma selfie? Fica angustiado quando ninguém curte sua foto e extremamente realizado quando percebe um ‘pontinho vermelho’ ali nas notificações do facebook? Não consegue mais viver sem estar em evidência nos mais diversos grupos de “amigos” online? Se a resposta for sim, você pode estar apresentando os sintomas do que os especialistas chamam de “narcisismo digital”.

O que é narcisismo?

A mitologia grega nos fala de um jovem com imensurável beleza chamado Narciso, que vendo a sua bela imagem refletida nas águas de um lago apaixonou-se por si mesmo e acabou sendo tragado pela própria beleza, caindo no lago e morrendo afogado. Este mito foi usado mais tarde pela psiquiatria e pela psicanálise para classificar pessoas que são extremamente preocupadas com a autoimagem, geralmente muito vaidosas, precisam chamar atenção a todo momento numa tentativa de estar sempre em evidência. Tudo isso porque há um investimento da libido (energia psíquica) voltado para a própria pessoa, que – inconscientemente – acaba regredindo em comportamentos infantis de melindres, dramaticidade e insegurança, como se fosse perder o amor da pessoas amada ou sofrer abandono por parte dos pais.
A sociedade da imagem

O mundo moderno gira entorno do espetáculo da imagem. O importante é o corpo, a aparência glamurosa, excitante, bonita, impecável. A televisão, as revistas, as mídias sociais produzem e lucram nos oferecendo este modelo de imagem “perfeita” e “bem sucedida”, ao mesmo tempo em que nos mostram as referências que precisamos imitar para estar “bem na foto”. Sem nos darmos conta, estamos lá, postando a nossa selfie com a roupa igual da atriz da novela, o “corpo sarado” daquele(a) modelo, o mesmo corte de cabelo e tatuagem daquele jogador de futebol.

Um exemplo deste fenômeno da superexploração da imagem é que hoje um dos itens mais importantes nas academias – mais do que os próprios aparelhos – é o espelho. O problema do espelho é que ele não nos mostra o vazio interior e a angustia da alma, mas ele tem revelado que, por trás de cada cada foto – seja dos bíceps, do peitoral, dos glúteos ou apenas de um rostinho bonito – talvez encontra-se um grito de socorro.

Mundo digital e o novo “lago de Narciso”

Assim como Narciso viu a sua imagem reflexa no lago e apaixonou-se por si mesmo até as últimas consequências, hoje temos novas águas que refletem e amplificam uma imagem inflada de nós mesmos. Todos nós conhecemos alguém que não perde uma oportunidade de se mostrar na internet, inclusive ao ridículo.

O problema, no entanto, não é da internet e nem das redes sociais em si, mas de algo que não está bem na pessoa. Cada tentativa de postar uma nova foto ou receber uma curtida pode esconder a necessidade de aceitação externa para compensar a baixa autoestima, muito comum em pessoas narcísicas. Essas pessoas precisam de ajuda para não se “afogarem” no mar do mundo digital, ao ponto de perderem o contato com a realidade.
Como perceber se sou narcisista digital?

– Consigo ficar mais de um dia sem postar fotos pessoais nas diferentes redes sociais?
– Fico triste, depressivo ou angustiado quando minhas postagem não me dão um feedback, tipo curtidas?
– A cada troca de roupa me dirijo ao espelho para tirar foto de mim mesmo(a) e logo em seguida postar?
– Passo uma imagem na internet que não corresponde à minha realidade?
– Sinto inveja e/ou raiva quando outras pessoas ficam em maior evidência do eu na internet?
– Costumo me comparar com outras pessoas e assumir uma postura de competição nas redes sociais?

Se a resposta para a maioria das perguntas acima for “sim”, é preciso buscar ajuda.
Canção Nova

Por que brincar é tão importante?

Por que brincar é tão importante?

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
As brincadeiras infantis são tão importante como o cuidado da saúde

Este artigo começa com uma pergunta para os pais sobre o quanto eles valorizam e como eles enxergam as brincadeiras dos filhos. Para alguns é algo natural porque até os animais fazem isso, para outros uma forma das crianças darem um tempo, enquanto cuidam de outras coisas importantes, ou ainda uma forma prazerosa de passar o tempo que traz saudades da infância, ou simplesmente uma maneira de trabalhar a imaginação.

Alguns acham até que é perda de tempo e buscam incluir atividades que valham a pena, definindo agendas cheias de compromissos formais, ledo engano.

Cuidar das brincadeiras das crianças é tão importante como olhar a saúde, o ensino e as carências afetivas, é uma forma de contribuir para desenvolvimento integral do ser humano.
Parece um tema simples, mas brincar é algo muito sério e importante para as crianças formar ligações entre o seu mundo interno e externo, desenvolver relações afetivas e sociais e aprender a viver no mundo das ideias.
Imaginação e criatividade

É uma forma de treinar as crianças para vida. Numa brincadeira de roda, a criança desenvolve seu controle motor, além de aprender a conviver com os diferentes tempos das outras crianças. A brincadeira de “pique esconde” trabalha a frustração de conviver com a presença e ausência e também formular conceitos abstratos. Com a bricandeira do “Chefe Mandou” a criança aprende a respeitar ordens. Com os desenhos, trabalham a percepção do mundo externo e transformam estes conceitos em realidade. Com os jogos trabalham a imaginação e a criatividade.

Muitas crianças estão convivendo com a obesidade, pois elas ficam muito tempo na internet e deixam de gastar calorias com brincadeiras que consomem energia física, que ajudam a emagrecer além de liberar as tensões diárias. Também perdem a oportunidade de conhecer o seu corpo e treinar não só o corpo mas a mente para cair e levantar na vida. Observar uma criança aprender a andar é conviver com o resultado positivo da persistência.
Espírito de equipe

Na diversão dos jogos coletivos, tais como o futebol, o vôlei e a queimada, quem está na partida não percebe, mas também trabalham o espírito de equipe, cooperação e as diferenças de habilidades. Além de conviverem com a vitória e a derrota, descobrem que as regras fazem parte da vida e que precisam ser obedecidas para o bem comum.
Brincar de “escolhinha” também ensina que horas mandamos e outros momentos obedecemos, que nem sempre as pessoas querem brincar da forma que queremos.
Quanto aprendizado quando se brinca de teatro! Enfrentar o palco da vida, ser o centro das atenções, liderar e se relacionar com outros personagens diferentes, mas também ouvir e aplaudir quando os outros estão brilhando.
O “quebra cabeça” ajuda a exercitar a percepção, a paciência e a resolver problemas que são colocados pela vida. E também quebra o tédio se ficarem presas num apartamento, em dias chuvosos e quando estão doentes.

Se você ainda tem dúvidas, que brincar é muito importante, converse com profissionais que trabalham com desenvolvimento biológico, funcional, evolutivo e emocional e poderá descobrir o valor intrínseco das brincadeiras para a sobrevivência física, psicossocial e profissional e o futuro de seus filhos.
Ângela Abdo -  é coordenadora do grupo de mães que oram pelos filhos da Paróquia São Camilo de Léllis (ES) e assessora no Estudo das Diretrizes para a RCC Nacional. 

14 de setembro de 2015

A Bíblia promove ou proíbe a oração aos anjos?

A Bíblia promove ou proíbe a oração aos anjos?

Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
Os anjos são enviados por Deus para ajudar os herdeiros da salvação 

“A existência dos seres espirituais, não corporais, a que a Sagrada Escritura habitualmente chama anjos, é uma verdade de fé. O testemunho da Escritura é tão claro como a unanimidade da Tradição” (Catecismo da Igreja Católica, 328).



Os anjos, criaturas puramente espirituais, são dotadas de inteligência e vontade: são criaturas pessoais e imortais (CEC, 330), servem a Deus e são seus mensageiros. Eles “veem constantemente a face de meu Pai que está no céu”, afirma Jesus (Mt 18,10). Conforme Daniel 7,9-10.13s, “o Senhor é o único e verdadeiro rei (v.9s.). Serve-O uma imensa corte de anjos que também O assiste na realização do seu desígnio”. São “poderosos mensageiros, que cumprem as suas ordens” (Sl 103,20). Mensageiros de Deus, em momentos decisivos da história da salvação, os anjos estão também encarregados da guarda dos homens (Mt 18,10; At 12,13) e da proteção da Igreja (Ap 12,1-9). São encarregados por Deus de proteger a humanidade.

O povo de Deus sempre sentiu o dever de corresponder à silenciosa e benévola companhia dos anjos, honrando-os. Na literatura judaica, a função dos anjos era tripla: adoração e louvor de Deus; agentes ou mensageiros divinos nos assuntos humanos; guardiães dos homens e das nações (Hb 12,15). Recordar os anjos nos faz lembrar de que, no caminho da vida, não estamos sós. Deus não nos abandona, Ele caminha conosco.

A fé cristã crê também possuir, em cada nação em particular, um anjo encarregado de velar por ela. Em Daniel, capítulo 10, o anjo de Deus defende o povo. De modo semelhante, todos os povos e nações têm um anjo encarregado por Deus de protegê-los e defendê-los em todos os perigos, de modo que a vida temporal se oriente para a vida eterna e todos os povos possam vir a formar o único povo de Deus.

São vários os textos bíblicos que se referem à presença dos anjos. Acredito que um dos textos mais conhecidos e que mostra a presença do anjo está em Lucas, capítulo 1,26-27, quando da Anunciação a Maria: “No sexto mês, o anjo Gabriel foi enviado por Deus a uma cidade da Galileia chamada Nazaré, a uma virgem desposada com um varão chamado José, da casa de Davi; e o nome da virgem era Maria”. Esse texto já nos mostra a missão do anjo que está ligada ao nome, ele é o anjo (do latim angelus e do grego ángelos (ἄγγελος): mensageiro) mensageiro de Deus. Também no texto de Lucas 2,10-11 vemos a missão dos anjos: “O anjo do Senhor apareceu-lhes (aos pastores) e a glória do Senhor envolveu-os de luz”. Eles são os mensageiros do Senhor. Aos pastores e a todos os humildes da terra, é dirigida a mensagem da verdade salvadora: “Hoje, na cidade de Davi, nasceu-vos um Salvador, que é o Messias Senhor” (v.11).

No diálogo com Natanael em João 1,47-51: Jesus disse: “Tu crês porque te disse: “Eu te vi debaixo da figueira? Coisas maiores que esta verás!” E Jesus continuou: “Em verdade, em verdade eu vos digo: Vereis o céu aberto e os anjos de Deus subindo e descendo sobre o Filho do Homem”. Na verdade, quem se aproxima de Jesus vê o céu aberto e os anjos de Deus subir e descer sobre o Filho do homem. O mundo transcendente do Pai, o céu, está agora aberto. Em Jesus, Filho do homem, Deus desce em meio aos homens e estes podem subir até Ele. Os anjos são ministros desse “admirável comércio”, dessa inesperada comunhão.

Anjos são enviados por Deus ao serviço dos que devem herdar a salvação (Hb 1,14), ou seja, são enviados por Ele para ajudar os herdeiros da salvação a servir filhos e filhas de Deus.

Deus nunca deixa o homem abandonado, desorientado nem desanimado. Os anjos são, em primeiro lugar, um sinal luminoso da Providência, da paterna bondade de Deus, que jamais deixa faltar aos filhos e filhas aquilo de que precisam. Intermediários entre a terra e o céu, os anjos são criaturas invisíveis postas à nossa disposição e à disposição dos povos e nações, para nos guiar no caminho de regresso à casa do Pai. Vêm do céu para nos reconduzir ao céu.

Os anjos nos protegem dos perigos, sobretudo, o de nos tornarmos autossuficientes, surdos a Deus e desobedientes a Sua Palavra. Além disso, sugerem-nos pensamentos retos e humildes, bons sentimentos. Desde o começo até a morte, a vida humana é acompanha pela assistência e intercessão celeste: “Cada fiel tem a seu lado um anjo protetor e pastor para o guiar na vida” (S. Basílio Magno). De igual modo, “toda a vida da Igreja se beneficia da ajuda misteriosa e poderosa dos anjos” (At 5,18-20; 8,26-29; 10,3-8; 12,6-11; 27,23-25). O mesmo que acontece com os povos e nações, particularmente nos momentos de maiores dificuldades, acontece também com cada homem e com a Igreja.

Ao colocar em nossa presença anjos para nos guardarem, Deus manifesta o seu carinho para conosco; por isso devemos rezar a eles e lhes pedir que intercedam por nós e nos guardem contra todas as forças do mal. Peçamos ao Anjo da Guarda que nos livre de todas as adversidades, defenda-nos nas adversidades, dirija os nossos passos, como povo, no caminho da salvação e da paz.

Honrando os arcanjos, exaltemos o poder de Deus, Criador do mundo visível e invisível, pois, como diz o Prefácio da Missa dos Arcanjos São Miguel, São Gabriel e São Rafael, “resulta em glória para Vós a honra que prestamos a eles como criaturas dignas de Vós; e a sua inefável beleza, Vós mostrais como sois grande e digno de ser amado sobre todas as coisas”.

Padre Dehon escreveu: “Os anjos louvam a Deus e servem-No. Eles são milhares de milhares, diz Daniel, à volta do trono de Deus, ocupados em servi-Lo” (Dn 7,10). “Anjos do céu, diz o Salmo, bendizei o Senhor, vós que executais as suas ordens” (Sl 102). Deus envia-os junto das criaturas. O seu nome significa “mensageiros”. “São os enviados de Deus, diz São Paulo, vêm ajudar os homens a realizarem a sua salvação” (Hb 1,14). Há os anjos das nações e os anjos de cada um de nós”. Existe uma passagem do Antigo Testamento que ajuda a defender a ideia de que existe um anjo que nos protege, quando Deus disse para Moisés: “Vou enviar um anjo adiante de ti para te proteger no caminho e para te conduzir ao lugar que te preparei” (Ex 23,20). Deus acrescentava: “Está de sobreaviso em tua presença e ouve o que ele te diz (v.21). “Deus ordenou aos seus anjos, para que te guardem em todos os teus caminhos. Eles hão de elevar-te na palma das mãos, para que não tropeces em nenhuma pedra.” (Sl 90). Trata-se aqui dos anjos de cada um de nós” (Cf. Leão Dehon, OSP 4, p. 316).

O Padre Dehon rezava: “Anjos do Senhor, recomendai-me à misericórdia do Sagrado Coração” (OSP 4, p. 317).

Já que podemos rezar aos anjos, trago aqui uma parte do Prefácio da Santa Missa dos Anjos: “Senhor, Pai Santo, proclamamos a vossa imensa glória, que resplandece nos Anjos e nos Arcanjos, e, honrando esses mensageiros celestes, exaltamos a vossa infinita bondade, porque a veneração que eles merecem é sinal da vossa incomparável grandeza sobre as criaturas. Hoje, com a multidão dos anjos que celebram a Vossa divina majestade, queremos adorar-vos e bendizer-vos. Amém”.
Padre Mário Marcelo Coelho 

O que torna um ateu mais susceptível à crença?

O que torna um ateu mais susceptível à crença?

Foto: Arquivo Canção Nova 
A reflexão sobre a morte torna ateus mais susceptíveis à crença, mostra pesquisa da Universidade de Otago, na Nova Zelândia

“Pra que viver? Viver pra quê? Será viver ou padecer? Viver sem Deus não é viver. É padecer”. O trecho em aspas faz parte de uma poesia que escrevi no colegial. Certo professor de filosofia, ateu e anticristão, pediu que escrevêssemos algo sobre a vida. Busquei mil maneiras de escrever sem mencionar algo relacionado à religião para evitar algum tipo de represália, mas concluí que a vida sem Deus é um caminho de frustração. Sem a presença de Deus, nossa existência parece seguir para um fim triste, o da morte. Ao contrário do que muitos pensam, Cristianismo não significa isolamento em si mesmo para um encontro intimista com Deus ou solidão, ser cristão significa abertura para uma vida em comunidade.

Relato sobre um ateu

Em 2009, trabalhei na cobertura da visita do Papa Bento XVI à Jordânia. A convite do reinado jordano, embarquei com mais dois colegas da TV Canção Nova, Nelson Perroni e Renata Vasconcelos, para o trabalho jornalístico. Depois de quase duas semanas intensas ao lado de jornalistas de mundo todo, fui surpreendido por um profissional da maior rede de TV brasileira que se declarava ateu. A minha surpresa foi quando ele disse que estava edificado com nossa cobertura realizada com tanto profissionalismo. “Não imaginava que televisão católica levasse jornalismo a sério”, disparou ele. E completou o desabafo dizendo que cresceu em uma família ateia e nunca se interessou por religião, mas naquela viagem percebeu o quanto lhe fazia falta o contato com o Sagrado ou ao menos um pouco de conhecimento da fé.

Esse algo que o jornalista reconhecia sentir falta, pode ser a busca do sentido narrada pelo psiquiatra austríaco ViktorFrankl. Ele escreveu um livro em que retrata suas memórias psicológicas e reflexões sobre a experiência em Auschwitz. Frankl defende que as pessoas precisam dar significado à vida e não viver em busca de sucesso ou felicidade. A teoria da logoterapia sustenta que o impulso fundamental humano é encontrar “o significado potencial da vida em quaisquer condições”. Ao contrário do filósofo Jean-Paul Sartre que dizia que a “vida é insuportável”, Frankl afirmava que “a vida nunca se torna insuportável por causa das circunstâncias, mas somente por falta de significado e de propósito”.
O que torna um ateu mais susceptível à crença?

A reflexão sobre a morte torna ateus mais susceptíveis à crença. A afirmação é resultado de uma pesquisa da Universidade de Otago, na Nova Zelândia, realizada em 2012. O estudo publicado no site Sciencedaily mostra que quando as pessoas não religiosas pensam na própria morte, inconscientemente, ficam mais receptivas em relação à fé. Já os religiosos tornam ainda mais crentes diante da dor.
Deus existe?

Na busca por responder se Deus existe, São Tomás de Aquino apresenta cinco vias para se chegar a essa resposta. Em sua obra Suma Teológica, afirma que a própria estrutura do ser humano exige que o conhecimento comece pelos sentidos. Portanto, as cinco vias sugeridas são:

1 – Via do movimento: o mundo está em movimento, porém é movido por um primeiro motor imóvel;
2 – Via da causa eficiente: existência de uma causa primeira para conseguir explicar a cadeia de causas que acontecem no mundo;
3 – Via do contingente e do necessário: defende a existência de um ser necessário na qual dependem todos os seres contingentes;
4 – Via dos graus de perfeição: há um ser máximo no qual todos os seres presentes no mundo participam com Ele em diferentes graus de perfeição;
5 – Via do governo das coisas: existe um arquiteto inteligente que governa, coordena ou dá uma finalidade a todas as coisas no mundo.

Certa vez li, na internet, uma frase atribuída a João Paulo II. A citação dizia mais ou menos assim: “não questiono o porquê dos ateus não acreditarem em Deus, mas me questiono sobre o vazio que essas pessoas vivem”. Atualmente, o Papa Francisco tem motivado os cristãos a viver a cultura do encontro. Esse passo adiante contribui para o cultivo dos laços de valores e solidariedade para com aqueles carentes de fé. Lembrando o colega que conhecemos lá na Jordânia, brota gratidão por ter contribuído com nosso trabalho de informação, mas de maneira especial, a partir do nosso testemunho, ter acrescentado algo na vida daquele cara que se dizia ateu e que passou a perceber que lhe faltava algo.

Nunca mais nos encontramos, mas sempre me recordo dele e dirijo orações para que aquele “vazio” seja preenchido pela presença de Deus. Além disso, torna-se uma motivação a mais para crescer como um profissional consagrado a Deus na Canção Nova.
Rodrigo Luiz dos Santos - é Missionário, cursou Filosofia e é Jornalista. Atualmente, apresenta o programa ‘Manhã Viva’ na TV Canção Nova 

Os casais de segunda união não devem se afastar da Igreja

Os casais de segunda união não devem se afastar da Igreja

Os casais de segunda união podem e devem participar da Igreja

Para a Igreja, no conceito jurídico, a relação de um casal é considerada um segunda união quando um deles ou ambos receberam o sacramento do matrimônio, passaram pela separação e, por conseguinte, pelo divórcio; unindo-se, então, a uma outra pessoa. Já no conceito pastoral, os elementos de uma segunda união para a Igreja são: a vontade firme de formar uma nova e séria união responsável e aberta para a vida e a estabilidade do casal, isto é, um estado permanente, sobretudo, com o elemento mais importante, que é percorrer um caminho de vida cristã.

A Igreja tem um serviço pastoral chamado Tribunal Eclesiástico. O casal, que está nessa situação de unir-se pela segunda vez a outra pessoa, deve procurar o seu pároco, conversar com ele, contar-lhe como aconteceu a sua separação, como era sua vida antes do matrimônio, no dia do casamento e mostrar-lhe os fatos. Ele [o padre], conforme os fatos, poderá orientá-los a consultar esse Tribunal. Esse processo é importante para a tranquilidade e a paz de ambos; é um direito deles, pois se a Igreja declara o matrimônio nulo, as portas podem ser abertas para um outro casamento.

Eu estava numa paróquia, no interior do Rio Grande do Sul, chamada Bandeirantes. Lá, a maioria dos casais vivia nessa situação. Então, ninguém podia comungar. As parábolas da Divina Misericórdia, assim com as do bom samaritano, dizem que, diante de uma pessoa em necessidade, (não se duvida disso), deve-se fazer alguma coisa para ajudá-la, assim como Jesus o fez. Essas são as duas preocupações da Igreja: a realidade e o jeito de Jesus. Mas qual o jeito, hoje, da Igreja? Essa é uma realidade nova para ela. Só depois do Concílio Vaticano II é que se começou a refletir sobre esse assunto. Antes, nem se cogitava sobre isso; era um capítulo fechado na Igreja. Mas, após o Concílio, começaram-se os estudos e a abertura para os casais de segunda união.

Deus ama o ser humano com um amor indissolúvel, eterno e fiel, e é por meio do sacramento do matrimônio que Ele faz uma aliança indissolúvel e fiel também com o casal. A segunda união rompe essa aliança, e aí está o impedimento: esses casais não podem se confessar nem receber a comunhão.

O Papa João Paulo II fala que eles podem e devem participar da vida da Igreja, porque o divórcio não lhes tira a fé nem o valor do batismo. Eles pertencem à Igreja, por isso têm o direito de fazer dela sua casa, sua tenda, de sentirem-se bem dentro dela como em suas casas e de serem acolhidos como irmãos.

Os casais de segunda união podem e devem participar da Igreja. Eles são incentivados a ter uma vida cristã e, por último, ter grande esperança, consolo, conforto e uma firme confiança nela.

Como afirma o saudoso Pontífice, eles esperam o momento que a Divina Providência reconhece a graça da conversão e da salvação. João Paulo II proclama também, em sua Exortação Apostólica Familiaris Consortio nº 84: “Com firme confiança, a Igreja crê que, mesmo aqueles que se afastaram dos mandamentos do Senhor e vivem atualmente nesse estado, poderão obter de Deus a graça da conversão e da salvação, se perseverarem na oração, na penitência e na caridade”.
Padre Luciano Scampini
Sacerdote da Arquidiocese de Campo Grande

A Igreja Católica anula casamento?

A Igreja Católica anula casamento?

Foto: iStock By Getty Images
A Igreja Católica permite a nulidade dos casamentos?

Ao contrário do que muitos querem propor ou estão noticiando a respeito das mudanças propostas pelo Papa Francisco, em relação aos processos de nulidade do matrimônio, não houve e nem haverá uma mudança da doutrina da Igreja a respeito da indissolubilidade do matrimônio e também do divórcio.

A moral e a doutrina são imutáveis, pois não são de origem humana, mas divina. Nas mudanças de época e costumes, sempre se questiona sobre a validade de certas doutrinas e dos valores evangélicos. Será importante lembrar que as verdades da fé não são uma imposição da Igreja, mas vêm do coração de Deus e cabe à Igreja, como mãe e esposa do Cordeiro, ser a fiel zeladora e defensora destes mesmos valores e da verdade revelada.
O casamento que não deu certo é inválido?

A Igreja sempre reconheceu que certos casamentos não preenchem as condições legais para serem considerados válidos. Para avaliar os diferentes casos e situações, os tribunais eclesiásticos foram estabelecidos e, após uma minuciosa avaliação do caso, em particular, determinam a sentença pela validade ou não daquele matrimônio. Porém, o pressuposto do casamento não ter dado certo não significa dizer que, necessariamente, o mesmo seja inválido. O fato é que a Igreja jamais anula um casamento legalmente válido, mas ela pode averiguar a possibilidade de decretar a nulidade de um matrimônio que, na verdade, não existiu.
Facilitar o acesso dos fiéis ao tribunais eclesiásticos

A preocupação do Papa vem somar-se à angústia de muitos casais que querem uma resposta da Igreja sobre a possibilidade ou não de se declarar nula uma união conjugal anterior, e a mesma se protela e se prorroga por um prazo muito longo. Do outro lado, existe, muitas vezes, uma morosidade e uma falta de agilidade no julgamento destes mesmos processos. A Igreja deseja, então, que estes trâmites processuais facilitem o acesso dos fiéis aos tribunais eclesiásticos e que estes ajam de forma mais simplificada ao analisarem os processos que são de sua competência.
Juízos mais simples serão resolvidos pelos bispos

Os decretos emitidos pelo Papa Francisco reforçam e solidificam a autoridade do bispo diocesano como autoridade moral e juiz em sentenças nas quais a palavra final cabe à sua definição. Os juízos mais simples, onde não existam dúvidas sobre o determinado caso, podem ser decididos pelo próprio bispo ou por um único juiz no menor prazo possível. Do outro lado, a Igreja deseja que estes processos não sejam onerosos para os fiéis e sejam facilitados ao máximo para que, em muitos casos, o acesso seja gratuito.

A Igreja deseja favorecer ou estimular os processos de nulidade?

A Igreja não deseja favorecer e nem estimular os processos de nulidade matrimonial, mas agilizar o andamento dos mesmos para que a angústia e as “trevas da dúvida” não sejam prolongadas, e favorecer o cuidado, o esclarecimento para cada fiel sobre a sua real situação. A Igreja, como mãe, usará sempre da misericórdia para com seus filhos, sem contudo abrir mão da verdade, independentemente da situação. O valores essenciais do matrimônio precisam ser cada vez mais valorizados e os fiéis cada vez mais conscientizados sobre os compromissos inerentes à vida matrimonial, pois o primeiro trabalho a ser feito é formar casamentos mais sólidos para que recorram sempre menos aos processos de nulidade.
Padre Roger Araújo - Sacerdote da Comunidade Canção Nova, jornalista e colaborador do Portal Canção Nova.

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Crianças superprotegidas tornam-se adultos inseguros


Crianças superprotegidas tornam-se adultos inseguros

 Foto: Rogéria Nair/cancaonova.com
É natural os pais quererem superproteger os filhos, porém não é saudável para a vida pessoal

O instinto dos pais de garantir a sobrevivência dos filhos não é privilégio apenas dos humanos porque também os animais fazem isso. Mas, ao contrário dos homens de hoje, eles preparam os filhotes para lidar melhor com isso. Além da preocupação parenteral, na sociedade moderna existe a preocupação legal em proteger os menores, acrescido da falta de segurança física e emocional que o mundo hoje oferece.

Educar e treinar os filhos para a vida nunca foi uma tarefa fácil para os pais que se preocupam com isso. No mundo em que vivemos isto se torna ainda mais difícil. É natural, portanto, que os pais queiram superproteger os filhos, porém não é saudável para a vida pessoal, profissional e matrimonial futura deles.

As meninas são mais protegidas para o mundo externo, mas são desenvolvidas para desempenharem papel de companheira e mãe, por outro lado, os meninos são mais preparados para o mundo externo para garantir o sustento material, mas pouco desenvolvidos para lidar com as situações internas do lar.
Até onde vai a preocupação natural?

Um questionamento que surge para os pais é até onde vai a preocupação natural e saudável e onde começa a preocupação excessiva que pode ser maléfica. Ou seja, cuidado, atenção e carinho são necessários, mas a superproteção pode afetar na infância criando crianças apáticas entediadas e adultos inseguros, desfocados e frustrados.
O que fazer?

Existe algo imprescindível que precisa ser feito para se ter filhos com possibilidades de ser feliz. Primeiro proporcione a ele condições com responsabilidades e limites na educação, de acordo com cada etapa de sua vida.

Entretanto, a cultura atual tem dificultado isso porque o acesso aos bens de costumes tem produzido crianças acostumadas com mimos, poucos limites e baixas exigências de desempenho. Isto tudo acrescido da culpa de trabalharem muito e da insegurança paterna de não serem amados ou aceitos. Todo este contexto contribui para as crianças serem educadas tendo seus desejos atendidos como um passe de mágica.
Quais são as consequências?

Filhos que começam e não terminam estudos, adolescentes que busca nas drogas mais prazeres. Entre outras consequências, maridos e esposas que não aguentam as dificuldades de um casamento. Adultos inseguros devido à baixa autoconfiança, passivos esperando que as pessoas venham cuidar de suas necessidades e quando isso não acontece ficam irritados e frustrados.

Portanto, geramos filhos com dificuldades psicossociais na vida sentimental e social e também no relacionamento sexual, além de eternos dependentes de alguém que cuidem material e emocionalmente deles. Precisamos deixar os filhos frequentarem a academia do crescimento pessoal para que possam desenvolver a segurança em si mesmos determinação, resistência, frustração e foco. Quando adquiridos no decorrer da vida, torna-se é mais fácil e menos dolorido porque acompanha o amadurecimento das pessoas.
Quando a culpa é dos pais?

Às vezes é necessário um tratamento dos pais superprotetores, pois o excesso de proteção pode ter como raiz a própria insegurança e ansiedade porque podem estar repetindo nos filhos suas próprias neuroses.
Onde encontrar ajuda?

A escola também pode ajudar muito, pois este espaço proporciona à criança desenvolver sua autonomia, autoconfiança e capacidade de decisão. As atividades extracurriculares também ajudam, desde que não sejam em excesso a ponto de as crianças não terem tempo livre para brincar sozinha e livre.

É reconhecido que muitos dos medos dos pais são reais, mas precisam trabalhar este sentimento e proteger os filhos permitindo que tenham suas próprias experiências e construam paramentos de sobrevivência às situações que a vida apresenta.
Ângela Abdo - é coordenadora do grupo de mães que oram pelos filhos da Paróquia São Camilo de Léllis (ES) e assessora no Estudo das Diretrizes para a RCC Nacional. Atua como curadora da Fundação Nossa Senhora da Penha e conduz workshops de planejamento estratégico e gestão de pessoas para lideranças pastorais.


Ignorar ou reprimir as emoções negativas?

Ignorar ou reprimir as emoções negativas?

Foto: Wesley Almeida
Ignorar ou reprimir as emoções negativas nem sempre é a melhor solução

Na composição integral do ser humano a ciência identifica as dimensões física, psíquica, social e espiritual como sendo, basicamente, as principais que possuímos. Mesmo que em algumas abordagens filosóficas e antropológicas apareçam mais ou menos dimensões, trataremos, por ora, dessas quatro.


No geral, o desejo humano tende a buscar somente o lado positivo de cada uma dessas dimensões, muitas vezes num afã quase neurótico por saúde, beleza, alegria, euforia, êxtase etc. Assim, se estamos em um ambiente espiritual – uma igreja, um grupo de oração ou na santa missa – desejamos sentir aquele arrepio, uma palavra que seja certeira ou uma forte emoção. Se no ambiente social, queremos nos sentir amados e acolhidos, buscamos ser bem vistos e reconhecidos pelas pessoas que estão por perto. Também queremos – às vezes exigimos – reconhecimento profissional quando executamos alguma atividade no trabalho, além de elogios quando tiramos boas notas na escola ou faculdade, ou quando nos parabenizamos por não sermos abalados pelo desânimo ou depressão, entre outras situações semelhantes.
Mistérios reveladores

Se fizermos um honesto exame de consciência, muito provavelmente nos identificaremos com alguns ou muitos desses exemplos. Entretanto, a proposta que faço aqui é para olharmos com mais receptividade para situações tão humanas quanto a alegria, o prazer, o riso, a paz. Como diria o poeta Terêncio: “nada do que é humano me é estranho”; podemos alargar o significado dessa frase reconhecendo que tudo o que é humano pode agregar, trazer mistérios reveladores, apresentar novas realidades que antes estavam encobertas pela luz da harmonia.

Não precisamos buscar sofrimentos; inevitavelmente, as dores se apresentam a todas as realidades humanas. Contudo, é possível fazer escolhas dentro das circunstâncias mais opacas e densas que somos levados a provar vez ou outra. A perda, o luto, o fracasso, a inveja, a tristeza, a vergonha e tantas outras emoções não precisam receber nossa resistência e rejeição. Se adotarmos posturas de negação frente aos sentimentos menos agradáveis, provavelmente eles persistirão e se agravarão ao longo do tempo.
Novo aprendizado

A proposta, assim, é lançar um novo olhar para as emoções negativas e não apresentar resistência a elas. Assim como acolheríamos a alegria, podemos receber a tristeza como uma companheira que tem algo a dizer nesse determinado momento. Quanto tempo essa hóspede irá permanecer? Talvez o tempo da aprendizagem do novo, o tempo da quebra de um tijolo dentro do peito, quem sabe o espaço entre você e a maturidade, entre você e a verdadeira liberdade interior.

Se aparecer a inveja, o ciúme, permita-se um olhar profundo para dentro de si e pergunte-se: o que essas emoções têm a me dizer? Pergunte à angústia, à ansiedade: onde querem me levar? Que lugares dentro de mim devo olhar com mais cuidado, onde devo depositar mais amor, em quais cantos escuros devo me demorar com mais paciência? No final das contas, essas emoções tão facilmente rejeitadas, podem ser amigas que o auxiliarão a encontrar respostas e a despertar o lado criativo que há dentro de você.

Os momentos de passagem tendem a ser desafiadores. Angustiamo-nos quando não enxergamos o outro lado do caminho, quando falta o horizonte e os consolos. Entretanto, se nos dispusermos a abaixar nossas resistências ao que é inesperado e desagradável, haverá a oportunidade de descobrir que, quando estamos na sombra, podemos observar a luz com mais nitidez. E então, o novo se abrirá em forma de maturidade, crescimento, humildade e paz.

Coragem! A aventura do autoconhecimento certamente te levará para vales, montanhas, lagos e abismos, mas é um desafio que te fará mais autêntico, maduro e livre.
Milena Carbonari Krachevski - Psicóloga, Pós-Graduanda em Educação e Terapia Sexual, Missionária dos Jovens Sarados, membro do Apostolado da Teologia do Corpo Brasil.

7 de setembro de 2015

Pátria e Bíblia

Pátria e Bíblia

O relacionamento fraterno constrói uma sociedade mais justa e saudável para todos. É a Palavra bíblica que educa as pessoas para o diálogo, para a relação fraterna e para uma Pátria verdadeiramente de paz. Não basta celebrar a Semana da Pátria e Mês dedicado à Bíblia se não há comprometimento com a felicidade e a vida de todo o povo.

O Brasil tem experimentado diversos tipos de avanços. Em muitos deles não conseguimos sentir verdadeiros sinais de vida digna. O Grito dos Excluídos do sete de setembro ainda acontece de forma abafada, porque muita gente continua excluída, sem as condições reais de cidadania e de valores nos campos sociais, políticos e econômicos.

A Bíblia provoca atitudes de luta, de força em prol da justiça e de denúncia dos responsáveis pela prática das injustiças. Ela é como sentinela que aponta para direções justas. Seu objetivo é salvar a vida do povo. É a voz de Deus que vem importunar os mecanismos que favorecem determinados grupos privilegiados.

Almejamos uma Pátria de amor, porque onde há amor, não pode existir a prática do mal. É a justiça do Reino, no cumprimento e na fidelidade ao Projeto querido por Deus. É o Reino do perdão, da acolhida e da reintegração das pessoas na comunidade. Faz pensar num pastor de ovelhas que, quando perde uma delas, vai à sua procura até encontrá-la.

Nunca teremos uma Pátria de irmãos se não contarmos com os ensinamentos da Bíblia. Ela é Palavra de Deus que anuncia princípios de fraternidade, de honestidade, de transparência e de tudo que leva à vivência do bem. O país precisa garantir e cultivar a justiça para que seu povo tenha vida e liberdade plena.

Corremos o perigo de uma religião fácil, sem compromisso com a criação e com os Mandamentos da Sagrada Escritura. Qualquer ofensa a alguém é romper com a vida de todos na comunidade. Por isto temos que lançar mão nos instrumentos que integram na prática da convivência e no valor da vida no país.
Dom Paulo Mendes Peixoto - Bispo de São José do Rio Preto – SP