Existe entre nós, católicos, a catequese e a anti-catequese. A primeira é vivência e transmissão correta de algumas verdades da fé, já que não temos como ensinar todas elas, tantas são as informações contidas no depósito da fé católica. A segunda é a vivência e a transmissão de alguma doutrina contrária ao que a Igreja ensina, mas mesmo assim carimbá-las como o falso nome de catolicismo. Não são poucos os pregadores anti-catequistas, sobretudo nesses dias de mídia intensa com pregadores que não estudaram e não estudam nem a pau o seu catecismo e os livros de teologia.
Exemplifico sem citar nomes. O sacerdote acabara de sugerir aos seus muitos ouvintes, naquele Natal, que com o mouse acessassem o site e, nele, apagassem uma das velinhas virtuais. O gesto equivaleria ao de acender ou apagar uma vela de cera num santuário e ajudaria uma entidade pobre. Boa proposta, bom simbolismo.
O erro veio na doutrina que seguiu. Garantiu que, a cada vela apagada, o fiel se libertaria de uma maldição. Ora, ele sabe e, se não sabe deveria saber, porque sua faculdade certamente ensinou que isso é amuletização e superstição. Vai contra a doutrina católica. Mas fez. Como ele, muitos outros do seu grupo fazem.
Irmãos que ensinam a anti-catequese a pretexto de evangelizar oram para que Deus "possa" curar alguém; como se Deus não pudesse! Anunciam quebra de maldições em família quando está claro, nos textos da Igreja e do Novo Testamento, que Jesus já morreu para que ninguém mais fosse maldito. Ele já nos resgatou de antemão. Uma coisa é aceitação de bênção e outra é a quebra de maldição. Uma é necessária, a outra cerimônia é inútil porque toda maldição já foi quebrada. Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro; (Gálatas 3, 13) O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos. (Mateus 20,28) Ninguém tem que pagar pelos pecados dos seus antepassados. Uma coisa é orar por eles, outra é crer que sobrou maldição para a família pagar. O Reino de Deus não funciona como o governo brasileiro com os impostos atrasados. Não depois da cruz e da ressurreição!
E há aquele ele que ensinou que se pode pagar o dízimo para a sua emissora e dar uma "contribuição" para a diocese...Dei e entender que uma emissora de rádio é mais importante que uma diocese. Dízimo para aquela obra e pequena ajuda para a igreja local...
O desfile de informações erradas continua. Vez por outra se ouve um pregador a dizer que, quando você peca você enfia um espinho na cabeça de Jesus e Maria lá no céu; e que eles sofrem com o seu pecado. Não é o que a Igreja ensina.
Está gravada a palestra na qual se afirma que ao comungar Jesus o fiel também comunga Maria porque, em virtude da união hipostática com o filho, ela e ele têm o mesmo DNA... Outro afirmou solenemente que se Maria não fosse virgem, não teria sido escolhida para gerar o Cristo porque foi sua virgindade que lhe mereceu este chamado. Não é desta forma que a Igreja vê os méritos de Maria. O próprio Jesus salienta que, mais do que pelo ventre que o gerou e pelos seios que o amamentaram, a bem aventurança de Maria estava no seu ouvir e praticar a Palavra. Com, ela todos os que o seguissem. (Lc 11,27-28)
E muitos viram o pregador anunciar um demônio que entrara numa mulher presente à missa, sem mostrar nem a mulher nem o demônio. Pior ainda foi quando orou em línguas antes do Pai Nosso para realizar aquele meio exorcismo e invocou São Miguel Arcanjo com sua espada luminosa para expulsar o tal demônio. Se já estavam no Pai Nosso e Jesus estava li no altar, porque tinha acontecido a consagração, por que recorrer a São Miguel Arcanjo? Jesus tem menos poder?
Não faltam canções a dizer que querem amar "somente" a Deus, negando a doutrina essencial do cristianismo, expressa com clareza em Mateus 25,31-46 e em Mt 7,15-23. E houve o caso do pregador que garantiu que, a cada rosário que oramos, uma alma é "resgatada do inferno". O outro, querendo consertar a gafe, acentuou que o que ele queira dizer é que Maria resgata uma alma do purgatório a cada Ave Maria orada com fervor.
O desfile de gafes continua. Que falem os mestres, os doutores em teologia, o liturgistas para que se corrijam tais excessos. É de se duvidar que sejam ouvidos. Evidentemente, quem ensina dessa forma não estudou direito a doutrina católica. Os documentos da Igreja são claros a esse respeito. Não é que a Igreja não tenha falado. Falar, ela fala. O problema é que grande número muitos dos que gostam de ser ouvidos não ouvem. Se ouvissem não diriam o que andam dizendo!
De estarrecer foi a afirmação de que a dengue e o câncer são doenças trazidas por demônios. Na mesma semana um dos pregadores orou para expulsar do Brasil o demônio da dengue com seus mosquitos e o outro solenemente expulsou o demônio causador do câncer em cinco pessoas da assembléia. As pessoas não foram mostradas. Pena que meses depois não se tocou mais no assunto. Aquele demônio especializado em causar câncer existe? Foi embora ao comando de tão preparado pregador? As pessoas foram realmente curadas? Ou não interessava mais tirá-las do seu anonimato? Podem pregadores agir desta forma? O leitor já sabe a resposta!
Pe. Zezinho, scj
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