Se o planeta vai esquentar
entre três, cinco, oito graus;
se as calotas polares vão derreter;
se o mar vai subir;
se as cidades baixas vão desaparecer;
se um bilhão de pessoas vão migrar;
se vai haver secas, chuvas torrenciais, furacões;
se em 40 anos o Pantanal não vai existir;
se em 50 anos a amazônia será uma savana;
se em 40 anos o Nordeste será inabitável;
se em 50 anos o São Francisco vai correr apenas em época de chuva;
se milhões de espécies irão desaparecer;
se bilhões de pessoas irão morrer;
se o único lugar habitável do planetea será onde hoje estão os continentes gelados;
Que rumo tem nossa velocidade?
Nossa competitividade?
Nossas tecnologias?
Que adianta saber se o aquecimento global é o óbito do mercado?
Que adiante essa pressão para um desenvolvimento se ele nos leva ao abismo?
Que adianta saber se os sobreviventes cuspirão em nossos túmulos?
Já estaremos mortos e nem o inferno poderá punir essa geração predadora.
Penso em nossos filhos, filhas, netos...
Penso nos que vão morrer à míngua, de fome, sede, calor...
Com um pouco de misericórdia penso na humanidade...
Um pouco mais, e penso em todos os seres vivos...
Recuso-me a conceder ao capital o poder de exterminar a vida.
Seria sua suprema honra, sua suprema glória.
Creio ainda que Deus existe, age na História e sempre tem uma carta na manga...
Creio que ele se revela nos pequeninos e nas pessoas magnânimas,
em quem aprendeu a cultivar os solos,
a captar a água da chuva,
a preparar e repartir seu próprio pão,
a viver uma vida simples,
em quem faz ciência, arte, política e economia
a serviço da humanidade,
quem não desperdiça nem agride as pessoas e a natureza.
Em todas as épocas, Ele suscitou pessoas à altura de seu tempo.
Não vai nos faltar agora, quando a humanidade mais dele precisa.
Roberto Malvezzi
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