A Palavra de Deus

A Palavra de Deus

DOPAS

DOAÇÃO, ORAÇÃO, POBREZA, ALEGRIA E SIMPLICIDADE

28 de novembro de 2010

O essencial é invisível aos olhos.

O valor maior da pessoa humana é o espírito, a alma criada à imagem do Criador; depois vem o corpo, a bela morada da alma. Se o corpo pesa sobre o espírito, este agoniza e o homem fica aniquilado, frustrado, vazio. Se você bater num tambor cheio d'água, ele não fará barulho; mas se você bater num tambor vazio, vai fazer um barulhão.
Os homens também são assim, fazem muito barulho quando estão vazios... Se a hierarquia de valores for invertida, a grandeza do homem fica comprometida. Quando você permite que as paixões do corpo sufoquem o espírito, não há mais homem ou uma mulher em você, mas uma "caricatura" de homem ou de mulher.
O homem do século XX dominou a matéria e a tecnologia, mas lamentavelmente está de cabeça para baixo. É por isso que vimos a matança de dez milhões de irmãos na Primeira Guerra Mundial, o extermínio de cinquenta milhões na Segunda e de mais de cem milhões de vítimas do comunismo na União Soviética e na China.
Além disso, jovem, saiba de uma realidade muito triste: neste século das maravilhas da tecnologia, não houve um dia sequer sem que houvesse, em algum lugar do planeta, uma guerra. Em nenhum dia deste século XX, que há pouco terminou, a humanidade conheceu cem por cento o gosto da paz!
Não é à toa, caro jovem, que a nossa geração é a que mais consome antidepressivos e remédios para dormir e necessita cada vez mais de psicólogos e psiquiatras. Não é mais o corpo que está doente; é a alma. E quando o espírito adoece, toda a pessoa fica enferma.
A cultura do corpo, da glória e do prazer deixa um vazio; porque o homem só pode se satisfazer com aquilo que está acima dele; não com o que está abaixo. 
O prazer, sobretudo, se é imoral, passa e deixa sabor de morte; a alegria, por outro lado, que é a satisfação do espírito, deixa gosto de vida.
Se você se frustrar no nível biológico, porque tem algum defeito físico, pode sublimar essa frustração e ser feliz se realizando num nível mais alto, o da cultura, o do saber.

Se você não pode se realizar no nível racional, pode se realizar no nível espiritual, que é o mais elevado, numa relação íntima com Deus. Mas se você desprezar o nível espiritual, não poderá se realizar porque acima deste não há outro no qual você possa buscar a compensação.

O grande poeta francês Exupèry dizia que "o essencial é invisível aos olhos". A razão é simples: tudo que é visível e material passa e acaba; o invisível, o espiritual, fica para sempre.
Você sabe que os todos os seres criados voltam ao seu nada, voltam ao pó da terra. Por quê? Porque a força que os mantém vivos está em cada um, mas não lhes pertence. O poder de ser uma rosa está na rosa, mas não é dela. Quando você vê uma bela flor murchar é como se ela estivesse lhe dizendo: "A beleza estava em mim, mas não me pertencia; Deus a tinha me emprestado". Da mesma forma, o poder de ser um cavalo está no cavalo, mas não é dele. Se fosse dele, jamais ele morreria. Ele foi criado por Alguém que o mantém vivo. Assim como quando uma bela artista envelhece, e surgem as rugas, ela está dizendo que a beleza estava nela, mas não era propriedade dela.
Deus disse a Moisés: "Eu Sou Aquele que Sou! Yahweh!" Isso quer dizer: Somente Deus é a fonte da vida, e todos os seres dependem d'Ele para existir. Se você ficar cultivando apenas o seu belo corpo e se esquecer de sua alma, amanhã estará amargurado, pois, do mesmo jeito que a rosa murchou, o seu corpo também envelhecerá; e isso é para todos, de maneira inexorável.
Por outro lado, quanto mais você viver, tanto mais a alma poderá se tornar bela e jovem, tanto mais o espírito poderá se renovar.
São Paulo expressou muito bem esta mensagem cristã:

"É por isso que não desfalecemos. Ainda que exteriormente se desconjunte nosso homem exterior, nosso interior renova-se de dia para dia [...] Porque não miramos as coisas que se veem, mas sim as que não se veem. Pois as coisas que se veem são temporais e as que não se veem são eternas" (II Cor 4, 16-17).
Felipe Aquino - Canção Nova

Tempo de Advento, tempo de esperança!

O primeiro olhar do tempo do Advento descortina o horizonte de sua volta do fim dos tempos. Olhamos para a definitiva manifestação do Cristo, quando vier em Sua glória, e clamamos com a Igreja “Vem, Senhor Jesus”. Verdadeiramente, o Senhor voltará e seremos julgados pelo amor, como Ele mesmo indicou no sermão escatológico do Evangelho de São Mateus. “O Senhor virá!”
Na conjugação do verbo da esperança, diremos depois que o Senhor vem. De fato, as duas semanas centrais do Advento abrirão nossos corações para a experiência da presença de Cristo em nossa história. Presente no próximo, especialmente nos mais pobres, presente na Comunidade, em sua Palavra e na Eucaristia. E Ele nos espera ainda no silêncio orante de nosso coração.
Para acompanhar-nos, a Igreja oferece dois "padrinhos" de Advento, o profeta Isaías e São João Batista. O profeta viu de longe e anunciou a chegada do Salvador. Com ele se aprende a sonhar alto! "Sim! As velhas angústias terminaram, desapareceram de minha vista. Sim! Vou criar novo céu e nova terra! As coisas antigas nunca mais serão lembradas, jamais voltarão ao pensamento. Mas haverá alegria e festa permanentes, coisas que vou criar, pois farei de Jerusalém uma festa, do meu povo, uma alegria. Eu farei festa por Jerusalém, terei alegria no meu povo. Ali não mais se ouvirá o soluçar do choro nem o suspirar dos gemidos. Não haverá ali crianças que só vivam alguns dias, nem adultos que não completem os seus dias, pois será ainda jovem quem morrer com cem anos. Não alcançar os cem anos será maldição. Quem fizer casas, nelas vai morar, quem plantar vinhedos, dos seus frutos vai comer. Ninguém construirá para outro morar, ninguém plantará para outro comer. A vida do meu povo será longa como a das árvores, meus escolhidos vão gozar do fruto do seu trabalho. Ninguém trabalhará sem proveito, ninguém vai gerar filhos para morrerem antes do tempo, porque esta é a geração dos abençoados do Senhor, ela e seus descendentes. E, então, antes que me chamem, já estou respondendo, ao começarem a falar, já estou atendendo. Lobo e cordeiro pastarão juntos, o leão comerá capim junto com o boi... Ninguém fará o mal, ninguém pensará em prejudicar na minha santa montanha" (Is 65, 17-25). "O Senhor vem!"
João Batista, por sua vez, anunciou a proximidade do Reino de Deus e pregou a conversão dos corações, para preencher vales e abaixar os montes. Indicou estradas até para os desertos da vida, veredas que se abrem para o encontro com o Salvador.
Na última semana antes do Natal, aí sim, é que voltaremos os olhos para o nascimento de Jesus Cristo em Belém de Judá. É o tempo do presépio, tempo de fazer festa para o Aniversariante, que é Jesus. Com Maria, José, pastores e magos, meditaremos de novo a cena sempre nova do Deus feito homem para a nossa salvação, nascido num estábulo e reclinado numa manjedoura. “O Senhor veio!”
O tempo do Advento não é em primeiro lugar uma preparação para o Natal, já que a Igreja só reserva a última semana para isso. Advento é tempo de conhecimento de Deus que está sempre se dirigindo a nós, homens e mulheres de cada tempo. Batendo à porta dos corações, quer encontrar uma reposta de amor. É o dinamismo da fé cristã, que vai ao encontro do Senhor que vem. A madrinha que a Igreja oferece para a última etapa do Advento é a Virgem Maria. O grande Papa Paulo VI considerava o Advento o tempo mais adequado para o cultivo da devoção mariana.
Conduzidos por tais testemunhas, a Santíssima Virgem Maria, João Batista e Isaías, deixemo-nos tocar pela graça de Deus. É hora de arrumar a casa de nossa vida, para receber carinhosamente a visita de Nosso Senhor Jesus Cristo. Certamente, são muitas as coisas que ocupam nossos corações. Desfazer-se do supérfluo, olhar ao redor para a prática da caridade, escutar mais e melhor a Palavra de Deus. Tempo de graça, pois o Senhor, virá, vem e veio, Nosso Salvador, Jesus Cristo! Maranathá! Vem, Senhor!
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA

26 de novembro de 2010

O Cristo do terceiro milênio

Para o papa João Paulo II, 
o cristianismo e o mundo devem ser reevangelizados. 
Entre os múltiplos preparativos e celebrações dos dois milênios de cristianismo, o Vaticano me pediu, através do secretário-geral da Comissão Pró-América Latina, dom Cipriano Calderón, uma imagem do Senhor que representasse os objetivos da Igreja na passagem do milênio. 
Busquei realizar o trabalho através da tradição não só oral e escrita, mas também da iconográfica. Depois de dois milênios de história, podemos reconhecer sinais preciosos da doutrina e da cultura cristã em diferentes épocas. 
A figura ora apresentada, denominada pelo Vaticano de Jesus Cristo salvador e evangelizador, procurou ser uma síntese da forma sagrada para a humanidade e da atual visão cristã da Igreja, sempre de acordo com a milenar tradição e razão de nossa fé. 
A forma circular - perfeição, plenitude, aliança, unidade, absoluto -, inspirada nas placas peitorais dos sacerdotes de várias religiões e tribos, tem sido a forma cabal da verdade que nos faz repousar. 
A falta de ângulos é a maneira perfeita para demonstrar a não-divisão e a própria comunhão. 
O dourado , cor da divindade, em metal nobre, é a luz. O Cristo, luz do mundo, brilha na escuridão e desfaz as trevas. 
A cruz resplandece como centro do cosmo. Sinal e instrumento de nossa redenção, ela atravessa o corpo de Cristo e o seu corpo místico, a Igreja. A cruz, preço da remissão da humanidade, faz parte do mistério cristão. 
Cristo é a fonte da salvação que jorra para os quatro cantos da Terra. 
O Senhor Jesus sentado é o sinal da autoridade e está com o semblante e veste da Tradição. Na estola, em grego, ICXC, primeira língua da Igreja. Seu senhorio é de justiça e misericórdia. 
O Evangelho na mão esquerda tem a palavra grega escrita em latim Evangelium. Ele é a própria boa nova. A sua mão direita abençoa e nos indica: Ide. (cf. Mt 28,19). 
A figura do Senhor , realizada com sinais gráficos cortados sobre o metal, quer ser uma continuidade da Palavra. A placa de metal, em latão dourado, tem 60 centímetros de diâmetro. 
Nada - cores, três dimensões, perspectivas ou outros elementos - nos desvia do único essencial, a figura do Senhor Jesus, Palavra encarnada. Sinal de unidade, a figura e a forma aqui representadas são a de uma imagem perpetuada na tradição milenar e eclesial. 

Cláudio Pastro

Para onde caminha a humanidade

Se o planeta vai esquentar 
entre três, cinco, oito graus; 
se as calotas polares vão derreter; 
se o mar vai subir; 
se as cidades baixas vão desaparecer; 
se um bilhão de pessoas vão migrar; 
se vai haver secas, chuvas torrenciais, furacões; 
se em 40 anos o Pantanal não vai existir; 
se em 50 anos a amazônia será uma savana; 
se em 40 anos o Nordeste será inabitável; 
se em 50 anos o São Francisco vai correr apenas em época de chuva; 
se milhões de espécies irão desaparecer; 
se bilhões de pessoas irão morrer; 
se o único lugar habitável do planetea será onde hoje estão os continentes gelados; 

Que rumo tem nossa velocidade? 
Nossa competitividade? 
Nossas tecnologias? 
Que adianta saber se o aquecimento global é o óbito do mercado? 
Que adiante essa pressão para um desenvolvimento se ele nos leva ao abismo? 
Que adianta saber se os sobreviventes cuspirão em nossos túmulos? 

Já estaremos mortos e nem o inferno poderá punir essa geração predadora. 

Penso em nossos filhos, filhas, netos... 
Penso nos que vão morrer à míngua, de fome, sede, calor... 
Com um pouco de misericórdia penso na humanidade... 
Um pouco mais, e penso em todos os seres vivos... 

Recuso-me a conceder ao capital o poder de exterminar a vida. 
Seria sua suprema honra, sua suprema glória. 

Creio ainda que Deus existe, age na História e sempre tem uma carta na manga... 
Creio que ele se revela nos pequeninos e nas pessoas magnânimas, 
em quem aprendeu a cultivar os solos, 
a captar a água da chuva, 
a preparar e repartir seu próprio pão, 
a viver uma vida simples, 
em quem faz ciência, arte, política e economia 
a serviço da humanidade, 
quem não desperdiça nem agride as pessoas e a natureza. 

Em todas as épocas, Ele suscitou pessoas à altura de seu tempo. 
Não vai nos faltar agora, quando a humanidade mais dele precisa. 


Roberto Malvezzi

20 de novembro de 2010

Dia Nacional da Consciência Negra

           O Dia Nacional da Consciência Negra foi instituído para homenagear Zumbi dos Palmares, líder do Quilombo dos Palmares, que se tornou o baluarte na luta dos negros contra a escravidão. 
           O Quilombo dos Palmares surgiu em 1597, com a fuga de quarenta negros de um engenho de Porto Calvo, situado ao sul da capitania de Pernambuco, no atual estado de Alagoas. Foi o maior, mais organizado e mais duradouro quilombo brasileiro, encravado na serra da Barriga, com uma população que chegou a vinte mil habitantes, numa área de aproximadamente 27 km². Recebeu o nome de Palmares em razão das palmeiras da região.
        Zumbi nasceu no Quilombo dos Palmares, provavelmente em 1655, mas foi capturado ainda bebê por uma expedição militar e doado ao padre Antônio de Melo, do distrito de Porto Calvo. Batizado como Francisco, o menino aprendeu a ler e escrever na paróquia. Apesar de todas as regalias, incomuns aos negros daquela época, aos 15 anos, ele decidiu, voltar ao quilombo com alguns escravos fugitivos.
         Em Palmares, Francisco passou a ser chamado de Zumbi e se destacou como chefe militar. O sistema colonial português abominava os quilombos, sobretudo Palmares, por ser o mais poderoso e manter intenso e constante contato com as comunidades vizinhas, gerando conflitos. Os negros mantidos no cativeiro, bem como as comunidades excluídas, ouviam histórias de Palmares e alimentavam a esperança de fugir, para se juntarem aos quilombolas.
        Domingos Jorge Velho exterminou Palmares em 1694, mas Zumbi conseguiu escapar; escondido na mata continuou liderando os quilombolas que sobreviveram e novos grupos que se uniram à causa. Em 1695, Zumbi foi traído e morto.
Embora já tenham decorrido mais de trezentos anos, ninguém conseguiu extinguir o sonho de Zumbi: uma sociedade igualitária em todos os âmbitos. Por isso, seu pensamento permanece vivo até hoje, alimentado por todas as pessoas que lutam pela democracia racial, social e econômica.
        A lei no 9315, de 20/11/1996, assinada pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, inscreveu o nome de Zumbi dos Palmares no Livro dos Heróis da Pátria, que se encontra no Panteão da Liberdade e da Democracia.
Ref: Datas comemorativas, cívicas e históricas, PAULINAS

Á quem diga que o viu...

Diariamente, na televisão e no rádio, há pregadores e fiéis dando testemunho de que Deus lhes falou ou iluminou para dizerem ou agirem desta ou daquela forma. Nem todos dizem que Deus lhes apareceu, mas dão a entender que Deus se comunicou com eles e lhes disse interiormente o que deveriam falar ou fazer.
Estão certos? São como os profetas e patriarcas de ontem, que falavam com Deus e Deus lhes falava? Devemos crer neles? Por que razão cremos nos pregadores de antigamente, que só conhecemos por livros e não cremos nestes de agora, que vemos diante de nossos olhos, alguns deles garantindo milagres e curas? Qual o critério?
Milhões de fiéis apostam nos pregadores de hoje e dizem que Deus está falando ao líder sua Igreja ou ao líder de seu grupo. Não admitem ouvir quem os questiona. São messiânicos e precisam disso. Deus está falando conosco. Somos especiais, como aqueles patriarcas e profetas de antigamente. O que não leram e ninguém lhes contou é que antigamente também muitos se enganaram e enganaram os outros a respeito do Deus que não lhes falava, mas eles diziam que falava. Falta-lhes Isaías 44,25; Jeremias 14,24 e 23,33; Paulo 1 Timóteo 4,1-5. Paulo diz que o aviso de Deus é claro sobre o futuro. Haveria gente usando da profecia e de falsos sinais para enganar o povo. Jesus diz que, se possível fosse, os falsos Cristos enganariam até os eleitos com seus sinais. Mas árvores de raízes profundas, fiéis profundamente enraizados no Cristo sabem discernir (Ef 3,17; Cl 2,7). Engana-se quem não tem raízes profundas. É muito mais fácil mudar de um canteiro para outro uma árvore sem raízes; as outras, simplesmente, ficam onde encontram sua vida!
O Deus que você nunca viu existe e há muitos dizendo que o viram. Escolha! Creia ou duvide deles. Até porque existe uma enorme diferença entre eles, os apóstolos, os patriarcas e os profetas de ontem. Se você não sabe e não vê diferença, está precisando reler a sua Bíblia! 
Pe. Zezinho, scj 

17 de novembro de 2010

Invisível, mas notável

O Evangelho de João diz que ninguém jamais viu a Deus (Jo 1, 18). Nele se lê que João Batista afirmava poder testemunhar que vira Deus porque vira o Filho (Jo 1,34). Jesus deixa claro que se dissesse que não viu, mentiria (Jo 8,55). A Filipe, Ele afirma que quem O viu poderia ter uma idéia de quem era Deus, porque Ele e o Pai viviam a unidade total (Jo 14, 8-12).
Uma pessoa neste mundo viu Deus e provou que o viu. Foi Jesus, que veio Dele (Jo 5,23) Os demais que disseram que viram Deus, pelo seu comportamento, deixaram uma enorme dúvida. É possível alguém ver Deus e fazer o que fizeram? Moisés, mesmo não tendo visto, mas tendo ouvido Deus, desceu da Montanha e mandou matar 3.000 pessoas (Ex 32,28) - era Deus a lhe falar ou ele se confundiu? Se era Deus, então ele não entendeu. Deus disse que não mataria aquelas pessoas (Ex 32,11-14).
Salomão disse que viu duas vezes o Senhor. Era o Senhor ou não? A julgar pelo que fez aos adversários e a maneira como se afastou, o Deus que ele vira duas vezes é de se duvidar que tenha realmente visto. A Moisés Deus diz que o homem não tem condição de vê-lo e querer continuar vivendo neste mundo (Ex 33,20). Jesus deixa claro que um dia seus discípulos O verão no céu porque Ele vive e os seus discípulos viverão aquela experiência (Jo 14,19). Paulo diz aos seus leitores que o que vemos agora é um reflexo meio apagado, como espelho embaçado. Um dia veremos a verdade como ela realmente é (1 Cor 13,12).
Santo Thomas de Aquino diz que é mais fácil sabermos quem Deus não é do que quem Ele é (S.c.gent 1,30), quão pouco sabemos sobre Ele.
Nossa Igreja nos ensina a procurar Deus com a humildade de quem nunca vai vê-Lo como Ele é.Não neste mundo! Somos capazes de Deus, mas há muita coisa que jamais saberemos se Ele não nos socorrer (CIC 27-29;37).
Se uma pessoa for santa e sensata, a primeira coisa que deve fazer quando seus olhos ou ouvidos estiverem vendo ou ouvindo Deus é duvidar de si mesmo e daquela visão ou mensagem. Milhares acreditaram apressadamente e fizeram enorme mal com suas falsas revelações. Se Deus a quer, vai mostrar de maneira clara que se trata do Deus verdadeiro e não de falsos deuses, nem da vaidade do vidente que procura o dinheiro dos crédulos, notoriedade ou poder... Os verdadeiros profetas e os verdadeiros apóstolos nunca deixaram de prevenir contra quem os imitaria. Jesus faz o mesmo. Um dos produtos mais falsos da fé é o falso vidente. Vale a proposta de João e a da Igreja: Ninguém jamais viu a Deus porque Deus não é visível e habita uma luz inacessível (CIC 52; 1 Tm 6,16). Não haverá outra revelação (Cic 66).
Para mim, como católico, está claro. Não posso sair por aí anunciando que vi ou ouvi Deus. Para quem tais visões andam acontecendo, a melhor atitude é procurar ajuda. É experiência grandiosa demais para que alguém decida sozinho. A quase totalidade dos que decidiram enganou-se! 
Pe. Zezinho, scj 

Alimentar a esperança é dinamizar a vida

Deus nos quer cada vez melhores, seja como pedreiros, seja como médicos, garçons, advogados, cozinheiros, etc.. Todos têm seu espaço neste mundo, por isso não é preciso brigar para tomar o lugar do outro.
“O sol nasce para todos”, diz o povo. Ele só não nasce para quem não sai da cama. Assim, temos que ser os melhores em tudo e dinamizar a nossa vida com a esperança em Deus. Não podemos ser como os bonecos infláveis que o vento sacode para todo lado, nem como avestruzes que enterram a cabeça na areia para fugir da tempestade. Não devemos fugir dos problemas, e sim, enfrentá-los e resolvê-los com a fé em Deus.
Além disso, é muito importante evitar pensamentos negativos, porque eles anulam os positivos e aniquilam a esperança e a felicidade, além de criarem um clima de desânimo e tristeza: “Nada dá certo para mim”. Mais ainda: temos que observar e conviver com pessoas positivas, otimistas, pois elas fazem bem a nós.
Gosto, por exemplo, de me encontrar com o Frei Hans, da Fazenda Esperança, uma vez que, apesar dos muitos problemas, ele sempre está satisfeito com tudo. Ele abre casas de recuperação para drogados no mundo todo e sempre está feliz. Cada vez que o observo, digo para mim mesmo: “Eu não posso ser pior”. Vale a pena estar com ele, porque ele transmite alegria e esperança a todos.
Não podemos ser uma Igreja de pessimistas quando o nosso Deus é o Deus das vitórias. Ele nos ama. Tudo o que nos acontece é para o nosso bem, diz a Palavra de Deus (cf. Rm 8,29); se não for para o nosso bem material, o será para o nosso bem espiritual; é essa questão que muitos não entendem.
Até mesmo a morte depende de como a encaramos. Para quem não tem o olhar da fé é uma tragédia, uma desgraça, um absurdo, um fim; mas para quem acredita na ressurreição para a vida eterna com Deus é diferente.
Se engatamos o carro na marcha à ré, nunca andaremos para frente. Esse é o problema de muitos: "engatam" a vida no pessimismo, na derrota, na lamúria, e ainda querem ser felizes, ir para frente, mas não vão de jeito nenhum, pois devem "engatar a primeira marcha". O pessimista só sabe olhar o passado. É incapaz de ter um olhar otimista para o futuro e se enche de medo, que é o microscópio ampliador do perigo: ele faz um formiguinha parecer um boi e nos assusta. Cultivamos tanto o mal que acabamos incapazes de fazer o bem. Ficamos paralisados, inertes.
Desse modo, devemos alimentar a esperança a todo custo e não nos render ao pessimismo e à tristeza de jeito nenhum. A vida também é assim: se acharmos que morreremos, morreremos mesmo, mas se lutarmos, encontraremos a vida, a solução.
Texto extraído do livro: "Animados pela força de Deus", Wellington Silva Jardim
                                                                                                               


Arrogância, sinônimo de poucas amizades

Um bom relacionamento não se faz apenas na atitude de checar uma lista de procedimentos num manual de operações ou seguir algumas receitas deixadas por aqueles que nos precederam. É claro que a vivência dos mais velhos será válida como ponto de referência para aqueles que ainda estão aprendendo a arte do conviver.
Em nossos convívios, nem tudo aquilo que foi um procedimento acertado para uma pessoa, necessariamente, será aplicável como uma “receita de sucesso” para outra. Aliás, quando preparamos alguma coisa, seguindo uma receita, o resultado pode até ser satisfatório, mas, sem dúvida, tende a ficar melhor quando ousamos “personalizar” o prato; seja no tempero ou na quantidade de açúcar. Da mesma maneira, em nossos relacionamentos haverá necessidade de aplicarmos nas experiências e ensinamentos adquiridos um pouco daquilo que somos e que desejamos para a nossa vida, semelhante ao que fazemos com as receitas culinárias.
Todos nós trazemos qualidades e defeitos. E dentro de nossos convívios, assim como o ciúme e a mentira, os quais já foram comentados em outros artigos, a arrogância também causa cismas entre as pessoas.
Entendemos que o diálogo é a ponte que nos faz romper as barreiras, as quais, de tempos em tempos, surgem ao longo das convivências. Contudo, a abertura ao diálogo se tornará ineficaz se a arrogância amordaçar a nossa atitude de acolher as mudanças necessárias para vivermos melhor. A pessoa que se firma nos atos da arrogância acaba por desenvolver um comportamento autoritário; vive no egocentrismo como se todos os outros existissem somente para servi-la.
O arrogante não é capaz de acolher uma crítica, mesmo que esta seja para ajudá-lo na maneira de ser e agir. E para se defender de qualquer comentário ele não hesitará em responder com grosserias, sem aqui mencionar a possibilidade de reagir com um comportamento violento. Certamente, alguém que reage dessa forma tem como característica poucos amigos.
Muitas vezes, essas pessoas somente mantêm “boas relações” com aqueles que são incapazes de contestar seu bel-prazer. Infelizmente, elas se sentem no direito de restringir os direitos do outro, até mesmo na sua liberdade de expressão.
Se numa horta nos preocupamos em arrancar as ervas daninhas entre as hortaliças, por outro lado, por que deixar florescer nossos defeitos justamente entre as pessoas que queremos bem?
Para quem vive esse mal e deseja levar adiante um relacionamento, – seja na amizade ou namoro –, a ajuda pode estar nas orientações de um profissional, as quais o ajudarão nas mudanças daquelas atitudes consideradas normais para ele. Pois, quem gostaria de viver ou se relacionar com alguém que não aprendeu a ouvir ou insiste em preservar seus defeitos?
A receita de um relacionamento sadio e equilibrado tem origem na família e se desenvolve ao longo de nossa vida por meio dos convívios, nas amizades, escola, trabalho, namoro, entre outros. Ninguém é melhor que o outro mesmo que este ocupe uma função hierárquica superior ou manifeste maior capacidade intelectual. Antes, é interessante buscarmos, cada vez mais, atitudes de cordialidade e simpatia com aqueles com os quais convivemos se desejamos tornar nossos relacionamentos sempre duradouros.
Dado Moura - Canção nova

13 de novembro de 2010

Evangelho do dia

Evangelho (Lucas 18,1-8)

Sábado, 13 de Novembro de 2010 
32ª Semana Comum

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo † segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 1Jesus contou aos discípulos uma parábola, para mostrar-lhes a necessidade de rezar sempre, e nunca desistir, dizendo: 2“Numa cidade havia um juiz que não temia a Deus, e não respeitava homem algum. 3Na mesma cidade havia uma viúva, que vinha à procura do juiz, pedindo: ‘Faze-me justiça contra o meu adversário!’
4Durante muito tempo, o juiz se recusou. Por fim, ele pensou: ‘Eu não temo a Deus, e não respeito homem algum. 5Mas esta viúva já me está aborrecendo. Vou fazer-lhe justiça, para que ela não venha agredir-me!’” 6E o Senhor acrescentou: “Escutai o que diz este juiz injusto. 7E Deus, não fará justiça aos seus escolhidos, que dia e noite gritam por ele? Será que vai fazê-los esperar?
8Eu vos digo que Deus lhes fará justiça bem depressa. Mas o Filho do homem, quando vier, será que ainda vai encontrar fé sobre a terra?”

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.

Homilia
        No Evangelho de hoje, o grande tema da liturgia é a oração. Jesus conta uma parábola para nos explicar o comportamento que devemos ter para com Deus, pois Ele possui uma característica muito interessante: Ele quer ser “importunado” pelos Seus filhos. Ora, se aquele juiz não temente a Deus soube atender ao pedido daquela viúva, simplesmente para não ser mais perturbado por ela, quanto mais nós seremos atendidos pelo Altíssimo, sendo que Ele é tomado de amor, compaixão e misericórdia por cada um de nós, se a Ele recorrermos com confiança.
        Mas precisamos confessar uma coisa: não é fácil rezar! Aliás, rezar é uma das coisas mais difíceis para o cristão, simplesmente pelo fato de trazermos, dentro de nós, fruto do pecado original, uma indisposição para isso. Todavia, é fundamental que venhamos, num primeiro momento, entender o que, verdadeiramente, significa oração. E o que é oração? Para responder a esta pergunta, somos convidados para recorrer à definição de Santa Teresa D’Avila sobre o assunto: oração é um diálogo entre duas pessoas que se amam. Ana, a mãe de Samuel (I Sm 1,1ss) também traz uma definição espetacular do que é oração, quando interpelada pelo sacerdote Heli, quando a questiona sobre sua atitude – aparentemente – estranha no templo: “Meu senhor, eu simplesmente derramo a minha alma na presença do Senhor”, afirma ela.
        A atitude dos maiores homens e mulheres da Sagrada Escritura também no revela sobre o que é oração, pois sempre tiveram a coragem de rasgar as vestes na presença de Deus, ou seja, tinham a coragem de rasgar o coração, arrancar as máscaras e desnudarem-se diante d’Ele numa profunda transparência e verdade. Isso é oração.
        Ora, se oração é intimidade diante de Deus, é rasgar o coração diante d’Ele, é derramar a alma diante do altar d’Ele, aqui está o grande motivo pelo qual não conseguimos rezar. Por quê? Porque somos acostumados a ir para a oração e querer colocar máscaras diante de Deus Pai, pois achamos que Ele vai nos atender se formos “bonzinhos”, pois o mundo só aceita “os bonzinhos”, aqueles que não possuem dificuldades. Por essa razão, para sermos aceitos pelas pessoas, nós precisamos disfarçar nossas misérias e pecados; o mesmo comportamento temos diante de Deus Pai.
       E aí está o ponto pelo qual não somos atendidos por Deus: queremos usar máscaras diante d’Ele. Os Padres do Deserto vão dizer que a alma da oração não é a piedade – estar inteiro na oração; isso é consequência dessa  prática [oração]. A alma da oração não é a fidelidade – todos os instantes, momentos e dias, estou em oração; isso também é consequência. Para os Padres de Deserto, a alma da oração é a verdade, ou seja, tudo aquilo que está dentro de nós, que não temos a coragem de partilhar com ninguém. Aliás, o Senhor quer conversar, neste diálogo de amor , sobre tudo aquilo que não veio d’Ele, ou seja, nossas misérias, nossos pecados.
      Tudo aquilo que temos de bom, de virtudes e talentos em nós, na oração, o Senhor quer que, no máximo, venhamos a agradecer e colocar tudo isso a serviço dos irmãos. O que Ele quer conversar conosco é sobre aquilo que não veio d’Ele: nossas misérias, nossos pecados, nossas feridas, pois Ele quer transformar tudo isso em carisma, em dom, em vida para a vida dos outros. Para isso, é preciso rasgar o coração e suplicar com confiança, pois a confiança é a mãe da oração; a confiança é este vaso que colhe a misericórdia de Deus, a qual se derrama do Coração Misericordioso de Jesus, do Seu lado aberto da cruz redentora.
Padre Pacheco

As Conquistas de Jonas

Novembro de 2010

        Durante este ano de 2010, refletindo sobre a história do profeta Jonas. Aprendemos muita coisa a respeito desse personagem, que ocupa um lugar na lista dos profetas menores. E a história de Jonas traz uma grande lição para nós. Analisando bem os fatos narrados nesse texto, podemos tirar muitas lições, as quais nos ajudarão a seguir o rumo certo na vida. A história de Jonas poderá ser também a nossa história, ou uma de nossas histórias e conquistas. 
         A Bíblia narra a experiência de vida e fé de um povo e nos coloca em sintonia com o Deus da Vida. A Bíblia é o Livro da Vida, pois ela, de certa forma, retrata a história da humanidade. É por meio dela que tomamos conhecimento de que não nascemos por acaso. Somos criaturas feitas à imagem e semelhança de Deus, com capacidade para conhecer, amar, imitar, servir o nosso criador e às pessoas de nossa época, as quais fazem parte de nossa história. 
        Jonas é um personagem bíblico, cuja história nos intriga. Narra a Bíblia que ele foi enviado por Deus para levar uma mensagem aos ninivitas, advertindo-os das desgraças que lhes sobreviriam se não se convertessem ao Deus da vida. Mas, Jonas tem medo. E o medo faz com que ele se desvie da rota da obediência a Deus. Mas Deus sabe como lidar com suas criaturas!
       Já sabemos o que acontece com Jonas e como Deus se comove com a desgraça dele e o chama à realidade de sua desobediência. O comportamento de Jonas não é um comportamento que diz respeito somente a ele. Será que não nos vemos retratados nessa história ou em outras semelhantes, descritas na Sagrada Escritura? A fragilidade de Jonas é o retrato da nossa fragilidade. É verdade que não agimos todos da mesma maneira! A pessoa humana tem sua autonomia, suas tendências e se deixa também levar pelo medo, pela incerteza, então procura realizar o que é mais fácil e de menor peso. 
        Todo ser humano tem suas potencialidades e suas fraquezas, que são características de sua natureza. Ao lado dessas características, a pessoa desenvolve o próprio instinto, que é enriquecido com os detalhes oferecidos pela intuição fecunda, trabalhada com os detalhes da imaginação e dos talentos de sua inteligência. 
      Além dessas qualidades outorgadas ao ser humano, ele tem a possibilidade de aumentar esse potencial, em vista do uso que faz desses dons. A vida ensina muita coisa. Os acontecimentos que se desenvolvem ao redor de nós, dos quais participamos ou não, nos outorgam possibilidades de vivências e de conhecimentos, que aos poucos despertam nossa inteligência e vão formando nosso caráter. 
Enquanto crescemos em idade, vamos crescendo também em sabedoria e, dessa maneira enriquecemos o nosso intelecto, despertamos os nossos desejos de bem e aumentamos nossa capacidade de conhecer, estudar, amar e deixar-nos envolver pelo bem e pelas coisas bonitas da vida.
          Quem é o autor de tudo isso? É Deus, o criador do mundo com tudo o que nele existe. No centro desse universo maravilhoso, ele colocou o ser humano, o homem e a mulher feitos à sua imagem e semelhança, para que povoassem a terra e a conservassem. Passados tantos séculos, começamos a perceber o desgaste da natureza com suas perdas, em alguns aspectos irrecuperáveis. 
         E nos perguntamos: O que está acontecendo? Porque a natureza começa a reclamar e a reivindicar os cuidados que ela merece? 
A resposta virá do ser humano que deverá reconhecer seus próprios desatinos, antes que seja tarde demais! 
Contudo, é necessário que alguém levante a voz e faça ressoar aos quatro ângulos da terra o grito de alerta! 
Façamos a nossa parte. A natureza agradece!
SAB - Paulinas

O Profeta garantidor

           Tudo o que o pregador que se considerava profeta dizia terminava com: " Eu lhes garanto, em nome de Jesus! Eu lhes prometo, em nome de Jesus! Eu confio, em nome de Jesus! Eu estou dizendo, em nome de Jesus!" Parecia revestido de uma aura de incontestável certeza. Seu modo de falar era de absoluta convicção de que Jesus lhe falava e ele podia prever as coisas. 

          Chegou, certa vez a dizer que a diferença entre a dona de casa que não tem Jesus e a da sua Igreja é que a outra, ao preparar a comida e ver que faltava óleo, farinha e arroz, chorava, telefonava ao marido e se desesperava, não sabendo o que fazer. A da sua igreja pegava a ultima gota de óleo, o restinho da farinha e de arroz, chamava Jesus e ele multiplicava aquele pouco. O milagre acontecia nas casas de alguém da sua igreja, porque, sendo fiel, Jesus não os deixava passar necessidade. 
           Um dia um rapaz humilde de 22 anos, ousou perguntar ao profeta de onde ele tirava aquela certeza e o profeta disse: 
- Deste livro, que me dá a autoridade que eu tenho, porque eu sigo! - Ao que disse o jovem: 
- Meu pai também segue o mesmo livro e não fala como o senhor. Minha mãe o segue a 60 anos e não fala como o senhor. Eu o sigo desde criança e Deus nunca me apareceu para me dar uma certeza. Esse livro me dá fé e só isso: não dá garantia e nem certeza. Por isso, acho estranho que o senhor prometa milagres, graças, emprego e sucesso em nome deste livro. 
E o pregador reagiu: 
- Quem é você para me contestar? Você nem começou a viver e eu estou vivendo este livro há mais de 50 anos. 
E replicou o jovem: 
-Era só o que eu queria ouvir. Não irei mais às suas pregações. Vou procurar um profeta humilde que não garante nada, mas que aponta para aquele que me ensina a viver da fé. O justo vive da fé e o senhor vive da certeza e da garantia. Então só posso concluir que o senhor não é justo! Nunca mais voltou. 

Pe. Zezinho, scj 

11 de novembro de 2010

Evangelho do dia


Lucas 17,20-25

Quinta-Feira, 11 de Novembro de 2010
São Martinho de Tours

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 20os fariseus perguntaram a Jesus sobre o momento em que chegaria o Reino de Deus. Jesus respondeu: “O Reino de Deus não vem ostensivamente. 21Nem se poderá dizer: ‘Está aqui’ ou ‘Está ali’, porque o Reino de Deus está entre vós”.
22E Jesus disse aos discípulos: “Dias virão em que desejareis ver um só dia do Filho do Homem e não podereis ver. 23As pessoas vos dirão: ‘Ele está ali’ ou ‘Ele está aqui’. Não deveis ir, nem correr atrás. 24Pois, como o relâmpago brilha de um lado até o outro do céu, assim também será o Filho do Homem, no seu dia. 25Antes, porém, ele deverá sofrer muito e ser rejeitado por esta geração”.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.

Leitura Orante 
Preparo-me para a Leitura Orante, rezando com todos os internautas:
Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
Creio,
Senhor Jesus, que sou parte de seu Corpo. Espírito Santo, tu que habitas, pela fé, nos nossos corações, abre-nos à Palavra! Seja a nossa inteligência e a nossa vontade, terreno bom, onde tu possas trabalhar com liberdade, de modo que a nossa vida seja sinal da tua caridade. Amém.
1. Leitura (Verdade) O que diz o texto do dia? 
Leio atentamente o texto, na minha Bíblia: Lc 17,20-25.
Jesus continua falando aos mestres fariseus, que lhe perguntam a data da vinda do Reino de Deus. Jesus evita falar em termos de época. Fala de forma diferente, dos sinais da presença do Reino. e aprofunda mais, dizendo-lhes que o Reino de Deus está dentro deles. O Reino de Deus está ativo neles e na pessoa de Jesus. Em seguida, aos discípulos, Jesus faz uma exortação à vigilância constante.
2. Meditação (Caminho) O que o texto diz para mim, hoje? 
Como discípulos e missionários devemos ser e estar atentos aos sinais do Reino de Deus. Como disseram os Bispos em Aparecida: " O fato de ser discípulos e missionários de Jesus Cristo para que nossos povos, n'Ele, tenham vida leva-nos a assumir evangelicamente e a partir da perspectiva do Reino as tarefas prioritárias que contribuem para a dignificação do ser humano e a trabalhar junto com os demais cidadãos e instituições para o bem do ser humano. O amor de misericórdia para com todos os que vêem vulnerada sua vida em qualquer de suas dimensões, como bem nos mostra o Senhor em todos seus gestos de misericórdia, requer que socorramos as necessidades urgentes, ao mesmo tempo que colaboremos com outros organismos ou instituições para organizar estruturas mais justas nos âmbitos nacionais e internacionais. É urgente criar estruturas que consolidem uma ordem social, econômica e política na qual não haja iniquidade e onde haja possibilidade para todos. Igualmente, requerem-se novas estruturas que promovam uma autêntica convivência humana, que impeçam a prepotência de alguns e que facilitem o diálogo construtivo para os necessários consensos sociais. (DAp 384).
3.Oração (Vida) O que o texto me leva a dizer a Deus? 
Rezo, espontaneamente, com salmos e concluo com a oração do bem-aventurado Alberione, cuja festa celebramos no dia 26 de novembro.
"Jesus, Mestre:
que eu pense com a tua inteligência, com a tua sabedoria.
Que eu ame com o teu coração.
Que eu veja com os teus olhos.
Que eu fale com a tua língua.
Que eu ouça com os teus ouvidos.
Que as minhas mãos sejam as tuas.
Que os meus pés estejam sobre as tuas pegadas.
Que eu reze com as tuas orações.
Que eu celebre como tu te imolaste.
Que eu esteja em ti e tu em mim. Amém".
4.Contemplação (Vida e Missão) Qual meu novo olhar a partir da Palavra? 
Sinto-me discípulo/a de Jesus.
Meu olhar deste dia será de atenção aos sinais do Reino de Deus.
Bênção 
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.

Irmã Patrícia Silva 

Piedade sincera, catecismo errado

          Existe entre nós, católicos, a catequese e a anti-catequese. A primeira é vivência e transmissão correta de algumas verdades da fé, já que não temos como ensinar todas elas, tantas são as informações contidas no depósito da fé católica. A segunda é a vivência e a transmissão de alguma doutrina contrária ao que a Igreja ensina, mas mesmo assim carimbá-las como o falso nome de catolicismo. Não são poucos os pregadores anti-catequistas, sobretudo nesses dias de mídia intensa com pregadores que não estudaram e não estudam nem a pau o seu catecismo e os livros de teologia. 
        Exemplifico sem citar nomes. O sacerdote acabara de sugerir aos seus muitos ouvintes, naquele Natal, que com o mouse acessassem o site e, nele, apagassem uma das velinhas virtuais. O gesto equivaleria ao de acender ou apagar uma vela de cera num santuário e ajudaria uma entidade pobre. Boa proposta, bom simbolismo. 
      O erro veio na doutrina que seguiu. Garantiu que, a cada vela apagada, o fiel se libertaria de uma maldição. Ora, ele sabe e, se não sabe deveria saber, porque sua faculdade certamente ensinou que isso é amuletização e superstição. Vai contra a doutrina católica. Mas fez. Como ele, muitos outros do seu grupo fazem. 
      Irmãos que ensinam a anti-catequese a pretexto de evangelizar oram para que Deus "possa" curar alguém; como se Deus não pudesse! Anunciam quebra de maldições em família quando está claro, nos textos da Igreja e do Novo Testamento, que Jesus já morreu para que ninguém mais fosse maldito. Ele já nos resgatou de antemão. Uma coisa é aceitação de bênção e outra é a quebra de maldição. Uma é necessária, a outra cerimônia é inútil porque toda maldição já foi quebrada. Cristo nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós; porque está escrito: Maldito todo aquele que for pendurado no madeiro; (Gálatas 3, 13) O Filho do homem não veio para ser servido, mas para servir, e para dar a sua vida em resgate de muitos. (Mateus 20,28) Ninguém tem que pagar pelos pecados dos seus antepassados. Uma coisa é orar por eles, outra é crer que sobrou maldição para a família pagar. O Reino de Deus não funciona como o governo brasileiro com os impostos atrasados. Não depois da cruz e da ressurreição! 
        E há aquele ele que ensinou que se pode pagar o dízimo para a sua emissora e dar uma "contribuição" para a diocese...Dei e entender que uma emissora de rádio é mais importante que uma diocese. Dízimo para aquela obra e pequena ajuda para a igreja local... 
        O desfile de informações erradas continua. Vez por outra se ouve um pregador a dizer que, quando você peca você enfia um espinho na cabeça de Jesus e Maria lá no céu; e que eles sofrem com o seu pecado. Não é o que a Igreja ensina. 
         Está gravada a palestra na qual se afirma que ao comungar Jesus o fiel também comunga Maria porque, em virtude da união hipostática com o filho, ela e ele têm o mesmo DNA... Outro afirmou solenemente que se Maria não fosse virgem, não teria sido escolhida para gerar o Cristo porque foi sua virgindade que lhe mereceu este chamado. Não é desta forma que a Igreja vê os méritos de Maria. O próprio Jesus salienta que, mais do que pelo ventre que o gerou e pelos seios que o amamentaram, a bem aventurança de Maria estava no seu ouvir e praticar a Palavra. Com, ela todos os que o seguissem. (Lc 11,27-28)
        E muitos viram o pregador anunciar um demônio que entrara numa mulher presente à missa, sem mostrar nem a mulher nem o demônio. Pior ainda foi quando orou em línguas antes do Pai Nosso para realizar aquele meio exorcismo e invocou São Miguel Arcanjo com sua espada luminosa para expulsar o tal demônio. Se já estavam no Pai Nosso e Jesus estava li no altar, porque tinha acontecido a consagração, por que recorrer a São Miguel Arcanjo? Jesus tem menos poder? 
       Não faltam canções a dizer que querem amar "somente" a Deus, negando a doutrina essencial do cristianismo, expressa com clareza em Mateus 25,31-46 e em Mt 7,15-23. E houve o caso do pregador que garantiu que, a cada rosário que oramos, uma alma é "resgatada do inferno". O outro, querendo consertar a gafe, acentuou que o que ele queira dizer é que Maria resgata uma alma do purgatório a cada Ave Maria orada com fervor. 
        O desfile de gafes continua. Que falem os mestres, os doutores em teologia, o liturgistas para que se corrijam tais excessos. É de se duvidar que sejam ouvidos. Evidentemente, quem ensina dessa forma não estudou direito a doutrina católica. Os documentos da Igreja são claros a esse respeito. Não é que a Igreja não tenha falado. Falar, ela fala. O problema é que grande número muitos dos que gostam de ser ouvidos não ouvem. Se ouvissem não diriam o que andam dizendo! 
        De estarrecer foi a afirmação de que a dengue e o câncer são doenças trazidas por demônios. Na mesma semana um dos pregadores orou para expulsar do Brasil o demônio da dengue com seus mosquitos e o outro solenemente expulsou o demônio causador do câncer em cinco pessoas da assembléia. As pessoas não foram mostradas. Pena que meses depois não se tocou mais no assunto. Aquele demônio especializado em causar câncer existe? Foi embora ao comando de tão preparado pregador? As pessoas foram realmente curadas? Ou não interessava mais tirá-las do seu anonimato? Podem pregadores agir desta forma? O leitor já sabe a resposta! 
Pe. Zezinho, scj 

4 de novembro de 2010

Evangelho do dia


Lucas 15,1-10

Quinta-Feira, 4 de Novembro de 2010 

— O Senhor esteja convosco.
— Ele está no meio de nós.
— Proclamação do Evangelho de Jesus Cristo + segundo Lucas.
— Glória a vós, Senhor.

Naquele tempo, 1os publicanos e pecadores aproximavam-se de Jesus para o escutar.2Os fariseus, porém, e os mestres da Lei criticavam Jesus. “Este homem acolhe os pecadores e faz refeição com eles”.
3Então Jesus contou-lhes esta parábola: 4“Se um de vós tem cem ovelhas e perde uma, não deixa as noventa e nove no deserto, e vai atrás daquela que se perdeu, até encontrá-la? 5Quando a encontra, coloca-a nos ombros com alegria, 6e, chegando à casa, reúne os amigos e vizinhos, e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a minha ovelha que estava perdida!’
7Eu vos digo: Assim haverá no céu mais alegria por um só pecador que se converte, do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão. 8E se uma mulher tem dez moedas de prata e perde uma, não acende uma lâmpada, varre a casa e a procura cuidadosamente, até encontrá-la? 9Quando a encontra, reúne as amigas e vizinhas, e diz: ‘Alegrai-vos comigo! Encontrei a moeda que tinha perdido!’ 10Por isso, eu vos digo, haverá alegria entre os anjos de Deus por um só pecador que se converte”.

- Palavra da Salvação.
- Glória a vós, Senhor.

Comentário do Evangelho:
Nestas duas parábolas o núcleo é a contraposição entre justo e pecador. A ovelha extraviada, ou a moeda perdida, não é o mau ou perverso, mas sim o "pecador" colocado à margem pelas castas religiosas. O justo é o hipócrita que se julga superior aos demais, sendo minucioso observante da Lei, considerando-se justificado no usufruto de privilégios e riquezas. O "pecador" é o excluído pelo sistema religioso do Templo, considerado impuro e pecador, sendo-lhe exigidas ofertas e tributos para os cofres do Templo. Jesus descarta estes critérios religiosos excludentes e opressores e, com amor misericordioso, reergue as pessoas e as integra, com alegria, na vida comunitária. 

Autor: José Raimundo Oliva

"Não tomarás o Santo nome de Deus em vão"

Em nenhuma época da humanidade se falou tanto de Deus. Basta ligar uma TV com parabólica e contar os canais ditos confessionais. São pelo menos quatro em nome dos católicos e três em nome dos evangélicos. Mas, não é só. Pregadores desfilam programas comprados em outros canais comerciais tanto durante o dia como pelas madrugadas. Há uma super oferta de pregações, cultos, missas, terços - misturados com ofertas de produtos -, sempre em nome de Deus.
Ligando o rádio, vamos ouvir mais uma vez uma série de programas católicos e evangélicos. Grande parte é programa musical, dessas com uma pobreza literária, melódica, bíblica, teológica de arrepiar os ossos, com meia dúzia de palavras já previsíveis - amém, aleluia, glória, eu e Deus, Deus e eu, eu te amo - inundando nossos ouvidos. Essa música invadiu também a liturgia e hits ocupam o lugar da boa música litúrgica, trazendo o individualismo até no momento do Pai Nosso. O capital demorou para descobrir que religião é um ótimo comércio, mas agora explora até a última medalhinha milagrosa para fazer dinheiro.
Era inevitável que as religiões, inclusive o cristianismo, se aproximassem dos meios de comunicação. Afinal, evangelho quer dizer exatamente "boa notícia". Portanto, são meios que podem ser postos a esse serviço. Porém, o que se está fazendo com esses meios de comunicação em nome de Deus é que é a questão. Não se espere daí uma palavra profética em nome da justiça, dos pobres, porque é um anúncio mutilado que precisa sobreviver segundo as regras do mercado.
O certo é que, em nenhuma outra época, se manipulou tanto o nome de Deus como nessa que vivemos. Nessas eleições, então, chegou-se às raias da aberração. A difamação, calúnia, parcialidade, inclusive por alguns bispos católicos - usaram até o nome da CNBB -, perdeu qualquer referência bíblica de respeito pelo próximo. "Levantar falso testemunho", ou "invocar o Santo nome de Deus em vão" tornou-se prática do cotidiano. Com dois pesos e duas medidas para avaliar e recomendar candidatos, perdeu-se até o senso da dignidade.
Ninguém manipula a Deus, mas pode manipular seu nome. Entramos no terreno perigoso da caça às bruxas, com um vasto respaldo dos meios de comunicação.
* Roberto Malvezzi (Gogó) é agente Pastoral da Comissão Pastoral da Terra - CPT.