Quais sinais você procura?
A multidão que participou da partilha dos pães na montanha e, depois, seguiu Jesus em Cafarnaum, acaba percebendo que Jesus propõe algo novo. Pedem-Lhe um sinal para crer, conforme lemos em João 6,24-35. Não entenderam o sinal da partilha, e querem um sinal extraordinário como o de Moisés e o maná.
É o apego às tradições do judaísmo e um fechamento à novidade de Jesus. Querem um Messias poderoso. Mas Jesus revela a Sua verdadeira identidade, bem como a daqueles que o recebem dignamente: “Eu sou o Pão da vida. Quem vem a mim nunca mais terá fome, e quem crê em mim nunca mais terá sede” (Jo 6,35).
Desse modo, Jesus observa que muitos procuravam a Ele mas não para assumirem o projeto de vida d’Ele ou para segui-Lo na doação até a morte, simplesmente O procuravam por conta dos Seus milagres ou sinais, como são chamados no Evangelho de São João.
Quais sinais procuramos?
Diante dessa inversão de interesse das multidões, Jesus adverte que devem trabalhar pelo “alimento que não se estraga”. Ele contesta uma vida que põe a acumulação de bens como meta. De novo, uma advertência mais do que atual para os nossos dias em que o consumismo de bens é tida como garantia de felicidade, então, forma-se uma sociedade excludente em que não há lugar para quem não pode produzir nem consumir.
Entretanto, o Reino dos Céus visa a justiça! Os meios materiais precisam ser usados para que haja uma sociedade de vida digna a todos e não como concentração nas mãos de poucos.
É preciso buscar, em primeiro lugar, o Pão descido do Céu, ou seja, o próprio Cristo. E isso requer radicalidade (o que é diferente de radicalismo): uma opção firme pela pessoa de Cristo e sua mudança de vida. Caso contrário, aderir à essa proposta superficialmente seria uma vida incoerente, contraditória e desconexa.
Contudo, a partir do Evangelho do encontro de Jesus com a Samaritana (Jo 4.-5-42), por exemplo, aprendemos que: quem vai a Cristo como discípulo será completamente saciado. Pois, o seguimento a Jesus, apesar de não ser fácil, é capaz de preencher os desejos mais íntimos da pessoa humana, e a simples posse de bens materiais não é capaz de fazê-lo.
Tudo isso é um convite a uma reflexão pessoal: analisemos a nossa Fé, a realidade do nosso seguimento a Jesus, as nossas motivações e objetivos de vida. Um convite para que coloquemos, no centro de nossa existência, o projeto de Deus, encarnado em Jesus e continuado nos Seus seguidores.
Quais sinais procuramos? O que queremos para as nossas vidas?
O verdadeiro “sinal” é o próprio Deus feito homem e vivo na Eucaristia. A centralidade de nossa existência deve estar aí, isto é, tudo deve convergir para Cristo. Dessa forma, também seremos sinal do Céu para a vida do outro. Não um sinal vermelho, como no trânsito quando motoristas e pedestres são impedidos de atravessar, e sim de comunhão, doação e ponte para o Céu à vida de muitos.
Gracielle Reis
Missionária da Comunidade Canção Nova, carioca, jornalista pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e bacharel em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Atualmente, é jornalista da TV Canção Nova de Portugal.
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