A Palavra de Deus

A Palavra de Deus

DOPAS

DOAÇÃO, ORAÇÃO, POBREZA, ALEGRIA E SIMPLICIDADE

25 de abril de 2020

Por que existem bons e maus cristãos na Igreja?








Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

       O título deste artigo, que é uma interrogação, um questionamento, convida-nos a uma reflexão sobre a existência de bons e maus cristãos na Igreja, mas também que tipo de cristão eu sou! Em Isaías (55,10-11) lemos:

“Tal como a chuva e a neve caem do céu e para lá não voltem sem ter regado a terra, sem a ter fecundado e feito germinar as plantas, sem dar o grão a semear e o pão a comer, assim acontece à palavra que minha boca profere: não volta sem ter produzido seu efeito, sem ter executado minha vontade e cumprido sua missão”, portanto, como entender que os cristãos ouvem a Palavra de Deus, são batizados, participam do mistério de Cristo, mas ainda existem bons e maus? O que caracteriza ser um bom cristão? Quem se intitula bom cristão? Quem nos responde esses questionamentos é o próprio Cristo por meio de parábolas.

       São Mateus, em seus escritos (13,36-43), conta-nos várias parábolas para nos ensinar como é que Deus faz chegar a sua Palavra aos homens e mulheres. A parábola do trigo e do joio, semeados no mesmo campo, alerta-nos para a existência de outro semeador, o maligno, o semeador do mal. Onde Deus semeia o trigo, a semente boa, também satanás semeia o joio, a semente do mal. A parábola retrata uma atitude interessante, ou seja, a ação do semeador do mal se caracteriza por acontecer durante a noite, enquanto os empregados dormem. Semear o mal na presença da Luz, durante o dia, não seria possível; semear a noite retrata uma ação contrária àquela que acontece com a semente boa.

     Ainda no Evangelho de Mateus (15, 18-19), Jesus afirma: “Ao contrário, aquilo que sai da boca provém do coração, e é isso o que mancha o homem. Porque é do coração que provêm os maus pensamentos, os homicídios, os adultérios, as impurezas, os furtos, os falsos testemunhos, as calúnias”, ou seja, a maldade provém do coração do homem.

Qual a resposta para existirem bons e maus cristãos na Igreja?

      No mundo, cada cristão terá muitas oportunidades de fazer o mal, mas também terá muitas oportunidades de fazer o bem. Deus nos dá a graça para sermos sempre bons e vencermos o mal. O mal é vencido pela multiplicação de gestos de bondade semeados no mundo. É com bondade, caridade e generosidade que vencemos o mal. A separação entre o que é bom e o que é mau só acontecerá no momento da colheita, isto é, no dia do juízo final (cf. Mc 4,29; Jo 4,35).

      Quando chegar o tempo da colheita, o que não poderá acontecer antes, para não arrancar também o trigo, o dono dirá aos ceifeiros que cortem o trigo e o joio, e que os separem: o joio será queimado e o trigo será guardado no celeiro. Essa parábola parece querer responder a uma questão já presente nas primeiras comunidades cristãs: por que existem bons e maus cristãos na Igreja? A resposta é: tanto Deus como satanás semeiam a sua semente.

     Deus tolera essa semeadura e o crescimento e a maturação de ambas as sementes para dar aos maus a oportunidade de se converterem. O que irá vencer? Com certeza, aquele que praticarmos. O mal expulsa o “ser humano” do coração e fecha a pessoa, torna-a desumana. Mesmo que o coração seja bom, o mal pode ser nele semeado. Jesus confirma que o mal não vem de Deus, mas do inimigo, que é o diabo, aquele que separa e destrói o humano, na vida pessoal.

       Na parábola do semeador (Mt 13,1-23), Jesus insiste no convite e pede aos ouvintes da Palavra que agucem os ouvidos do coração para acolher a “Palavra-semente”, semeada por Cristo, por meio do Seu Evangelho para produzir frutos na vida pessoal e no mundo. São Mateus mostra como a dureza de coração é obra do maligno, que peca desde o princípio (cf. 1Jo 2,22; 3,8).
O coração do cristão

       O homem favorece a obra do maligno quando não permite à Palavra de Jesus lançar raízes na sua existência, em seu “coração-caminho”, “coração-pedra”, “coração-espinho”. Ao contrário, quem se abre à Palavra de Jesus, faz-se “coração-terra”, terra boa, produz abundantes frutos e começa a fazer parte daqueles “bem-aventurados” e “pequeninos” aos quais são revelados os mistérios do Reino (cf. Mt 13,16).

       O “coração-terra” que se deixa cultivar, que se abre para acolher a semente, modelo ideal para entender como a Palavra de Deus penetra no coração, é o local que se abre para acolher a chuva que cai de modo fecundante (Is 55,10-11), é onde o Deus-semeador age, regando e deixando marcas fecundas de vida e de graça. O “coração-terra” acolhe a chuva, a Palavra que vem do alto (Is 55,10-11), e oferece condições para a semente crescer e produzir frutos (Mt 13,1-23). É o coração semeado pela Palavra que produz vida e permite à Palavra transformar desertos existenciais em pastagens verdejantes (Sl 64). É o coração do cristão, terreno ideal para o cultivo da semente-Palavra, para o germinar e o deitar raízes, que atinge centros de decisão da vida pessoal e de onde vão sair os frutos bons.

       Deus não se cansa de semear, de chamar, de prometer. Se Ele fala de terrenos áridos, pedregosos, é porque sabe que, também eles, podem se tornar “coração-terra”, “terra-boa”, capaz de magnífica fecundidade. É preciso “voltar”: “Voltai!” (Jeremias 3,14), convertei-vos! Estamos cercados pelo amor misericordioso de Deus, que põe todo o interesse em nós, que está sempre pronto a renovar-nos o dom da vida, que não nos retira a possibilidade de sermos seus amigos. Ninguém está incapacitado de se abrir a Sua Palavra.

Qual a condição para ouvir a Palavra de Deus?

         Deus criou o ser humano livremente, e entre tantas criaturas que O louvam (as ervas, as flores, os pássaros, as estrelas), colocou em cada pessoa a capacidade para amá-Lo, para corresponder ao Seu amor. Por que muitos não O amam? Por que não fazem o bem? A resposta já foi apresentada na parábola do semeador: há quem esteja disponível, “coração-terra”; e há quem resista à palavra de Jesus, quem se torna “coração-caminho”, “coração-pedra”, “coração-espinho”. Essa atitude interior faz toda a diferença. Há quem se converta e atinja a bem-aventurança, e há quem não se converta, ouvindo sem compreender e vendo sem perceber.

        A condição para ouvir a Palavra de Deus é ser “coração-terra”. A Palavra é uma realidade viva, eficaz, enviada do céu para produzir frutos em nós e realizar a salvação. A Palavra é capaz de realizar o seu objetivo, tal como a chuva e a neve, que fecundam a terra e lhe dão capacidade de produzir frutos, ou seja, de sermos bons cristãos. A Palavra, realmente eficaz sobre o nosso coração, é aquela que, como a chuva e como a neve, vem do céu, é aquela que sai da boca do próprio Deus e fecunda homens e mulheres. A palavra está plantada dentro de nós, mas ela só irá se manifestar em nossa vida, só irá criar raízes, se formos capazes de escutá-la e deixar que produza frutos em nós e para o mundo.

Padre Mário Marcelo, scj
Mestre em zootecnia pela Universidade Federal de Lavras (MG), padre Mário é também licenciado em Filosofia pela Fundação Educacional de Brusque (SC) e bacharel em Teologia pela PUC-RJ. Membro do grupo Interdisciplinar de Peritos (GIP) da Comissão Episcopal Pastoral para a Doutrina da Fé da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

Quais sinais você procura?


        A multidão que participou da partilha dos pães na montanha e, depois, seguiu Jesus em Cafarnaum, acaba percebendo que Jesus propõe algo novo. Pedem-Lhe um sinal para crer, conforme lemos em João 6,24-35. Não entenderam o sinal da partilha, e querem um sinal extraordinário como o de Moisés e o maná.

         É o apego às tradições do judaísmo e um fechamento à novidade de Jesus. Querem um Messias poderoso. Mas Jesus revela a Sua verdadeira identidade, bem como a daqueles que o recebem dignamente: “Eu sou o Pão da vida. Quem vem a mim nunca mais terá fome, e quem crê em mim nunca mais terá sede” (Jo 6,35).

      Desse modo, Jesus observa que muitos procuravam a Ele mas não para assumirem o projeto de vida d’Ele ou para segui-Lo na doação até a morte, simplesmente O procuravam por conta dos Seus milagres ou sinais, como são chamados no Evangelho de São João.

Quais sinais procuramos?

      Diante dessa inversão de interesse das multidões, Jesus adverte que devem trabalhar pelo “alimento que não se estraga”. Ele contesta uma vida que põe a acumulação de bens como meta. De novo, uma advertência mais do que atual para os nossos dias em que o consumismo de bens é tida como garantia de felicidade, então, forma-se uma sociedade excludente em que não há lugar para quem não pode produzir nem consumir.

       Entretanto, o Reino dos Céus visa a justiça! Os meios materiais precisam ser usados para que haja uma sociedade de vida digna a todos e não como concentração nas mãos de poucos.

      É preciso buscar, em primeiro lugar, o Pão descido do Céu, ou seja, o próprio Cristo. E isso requer radicalidade (o que é diferente de radicalismo): uma opção firme pela pessoa de Cristo e sua mudança de vida. Caso contrário, aderir à essa proposta superficialmente seria uma vida incoerente, contraditória e desconexa.

    Contudo, a partir do Evangelho do encontro de Jesus com a Samaritana (Jo 4.-5-42), por exemplo, aprendemos que: quem vai a Cristo como discípulo será completamente saciado. Pois, o seguimento a Jesus, apesar de não ser fácil, é capaz de preencher os desejos mais íntimos da pessoa humana, e a simples posse de bens materiais não é capaz de fazê-lo.

    Tudo isso é um convite a uma reflexão pessoal: analisemos a nossa , a realidade do nosso seguimento a Jesus, as nossas motivações e objetivos de vida. Um convite para que coloquemos, no centro de nossa existência, o projeto de Deus, encarnado em Jesus e continuado nos Seus seguidores.

Quais sinais procuramos? O que queremos para as nossas vidas?

      O verdadeiro “sinal” é o próprio Deus feito homem e vivo na Eucaristia. A centralidade de nossa existência deve estar aí, isto é, tudo deve convergir para Cristo. Dessa forma, também seremos sinal do Céu para a vida do outro. Não um sinal vermelho, como no trânsito quando motoristas e pedestres são impedidos de atravessar, e sim de comunhão, doação e ponte para o Céu à vida de muitos.

Gracielle Reis
Missionária da Comunidade Canção Nova, carioca, jornalista pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e bacharel em História pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), Atualmente, é jornalista da TV Canção Nova de Portugal.


O plano de Deus não é predestinação








Foto ilustrativa: Smileus by Getty Images

     Assim como o homem rico, você pode aderir ou não àquilo que Deus te chama. Deus tem um plano a seu respeito, mas quem determinará sua vida será Ele mesmo. Descobrir o projeto de Deus não significa predestinação, pois, apesar d’Ele ter uma vontade, um plano a seu respeito, isso não significa que todos os eventos da sua vida estão como que “escritos” e que nada poderá mudar esse roteiro. Não! Não é assim que funciona. Você tem livre-arbítrio sobre sua existência e será você quem determinará seu futuro.

     O Senhor tem um plano para você e te deu características, personalidade, temperamento, dons e talentos que fazem de você uma pessoa única, com uma identidade exclusiva, que tem algo específico para cumprir e ser nesta terra e por toda a eternidade. Contudo, é você quem deve escolher aderir ou não ao projeto do Senhor a seu respeito.
Assim como um pai deseja, até planeja, algumas coisas para seu filho, contudo, não pode obrigá-lo, o Criador tem um desejo para sua vida, mas Ele aceita que a palavra final sobre sua existência seja sua.

      Por isso, não existe predestinação! Se nem mesmo Deus define uma sina à qual você não tenha escolha, imagine se os astros influenciarão em circunstâncias predeterminadas! Será você quem optará por qual caminho andar e qual destino quer chegar. Não existe trajetória, acontecimentos predeterminados, não existe pessoa destinada a se casar com você (explico isso no livro "As cinco fases do namoro", no subcapítulo – “Um amor escrito nas estrelas?”) as pessoas têm vocação ao matrimônio, mas não estão destinadas a um único pretendente, você é quem escolherá com quem concretizará a esse seu chamado, assim como também não existem fatos trágicos que o Senhor envie para castigar quem não fez a Sua vontade (o que existe é o nosso afastamento da graça).

     Podemos dizer, como Maria, nosso “sim” a Deus e ao Seu intento, como podemos dizer “não”. Podemos ainda dizer não num primeiro momento e depois reavaliarmos, como podemos também aderir num instante e depois nos afastarmos da vontade de Deus. Sobre a predestinação, vai dizer o Catecismo: “Os anjos e os homens, criaturas inteligentes e livres, devem caminhar para seu destino último por opção livre e amor preferencial. Podem, no entanto, desviar-se” (CIC 311). E completa que, Deus se comunica com o ser humano, faz Seus apelos encaminhando o homem por meio da Sua Divina Providência : “chamamos Divina Providência as disposições pelas quais Deus conduz a sua criação […] Deus guarda e governa, pela sua Providência, tudo quanto criou […] mesmo aquilo que depende da futura ação livre das criaturas” (CIC 302).

O plano de Deus para a humanidade pode não cumprir-se?

       Os planos de Deus para a humanidade, para o cosmos se cumprirão, porque Ele não depende do nosso “sim” e rege o mundo com Seu poder infinito. Ele é maior do que todo o mal que possa ser feito neste mundo e consegue, por Sua força divina, dar curso à Sua vontade, usando-Se até mesmo do mal e dos “nãos” dos homens. Nós é que necessitamos da Sua graça, para darmos curso em qualquer coisa na nossa vida.

     O que existe, portanto, é a graça de Deus manifestada como Divina Providência. O Senhor pode nos fazer entender Seu projeto em nossa vida, pela Sua graça, por meio de fatos que nos acontecem, em entendimentos que possamos ter, em palavras ou por pessoas. Ele pode colocar diante de nós, nos encaminhar a alguém que possa ser um amigo, um cônjuge, que nos leve para Ele mesmo. O Altíssimo pode nos dar uma vivência, uma experiência, algo que nos faça abrir o coração e entender o que Ele está dizendo, sinalizando, o que quer de nós. Entretanto, em tudo isso, seremos nós que escolheremos, que teremos que dizer “Sim, eu quero!” ou “Não, eu não quero!”.

      Quem assume uma vocação, uma profissão, um matrimônio tem que saber que foi ele mesmo quem escolheu. Descobrir e seguir o plano de Deus é alinharmos o nosso querer ao d’Ele. É nesse contexto que deve entrar o nosso livre-arbítrio, ou seja, existe a parte de Deus, porém, deve existir a sua parte e também a sua adesão por livre e espontânea vontade, pois Ele não vai te obrigar ou forçar a querer o mesmo que Ele quer, mas apenas sugestionará e
tentará convencê-lo aos poucos, por amor e com amor.

A culpa é de Deus?

       Caso contrário, se existisse a predestinação, poderíamos nos lamuriar e culpar o Senhor pelas nossas escolhas. Já imaginou alguém decepcionado com o cônjuge, atribuindo a Deus o fardo de ter sido “obrigado” a ter contraído matrimônio com tal pessoa? Ou alguém que desejava ser biólogo, mas teve de ingressar na faculdade de administração porque supôs que Deus assim mandou?

      Se você reconhece em si um dom, por si mesmo, pode fazer uma escolha livre em como viver esse dom, doar-se, esforçar-se esmerá-lo. E quem nos faz reconhecermos o dom de nós mesmos é somente o Senhor, reconhecendo-nos n’Ele, alinhando a vontade d’Ele à nossa. “O bonito não é realizar o nosso próprio sonho, mas realizar o sonho de Deus” (Monsenhor Jonas Abib).

     Todavia, fica aqui para nós que predestinação, assim como todo tipo de previsão de futuro, não condiz com a verdadeira forma do Senhor interagir conosco.

Texto extraído do livro “Entenda o plano de Deus para você“, de Sandro Arquejada.

Sandro Arquejada
Missionário da Comunidade Canção Nova, é formado em Administração de Empresas pela Faculdade Salesiana de Lins (SP). Atualmente, trabalha na Editora Canção Nova. Autor de livros pela Editora Canção Nova.

Onde você busca sua força e vitória?








Foto ilustrativa: CreativaImages by Getty Images

      A fé católica é centrada na pessoa de Cristo. Ele é Deus e, sendo Deus, é onipotente, ou seja, tem poder sobre todas as coisas e vence qualquer exército, porque fortaleza e vitória estão nele. Como Filho de Deus, Cristo também é Senhor. Tudo a Ele está submetido como nos garante as Sagradas Escrituras: Por isso Deus o exaltou soberanamente e lhe outorgou o nome que está acima de todos os nomes, para que ao nome de Jesus se dobre todo joelho no céu, na terra e nos infernos. E toda língua confesse, para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é Senhor” (Fl.2,11).
 
       Em outra passagem bíblica, o Senhor também nos garante que “em todas as coisas somos mais que vencedores pela virtude daquele que nos amou” (Rm. 8,37). Dessa forma, não há inimigo, criatura, situação ou coisa qualquer que o possa vencer.

        Falando a respeito de Cristo Senhor, o Catecismo da Igreja Católica  também nos lembra que “ao longo de toda a sua vida pública, seus gestos de domínio sobre a natureza, sobre as doenças, a morte e o pecado demonstravam sua soberania divina” ( Catecismo 447). É por tudo isso que, como cristãos, podemos dizer, com plena certeza, que “a nossa força e a nossa vitória estão em Jesus”.

Para alcançar a força e a vitória

       No entanto, muitas vezes, nos questionamos: “Por que não alcançamos certas graças ou não vencemos em determinadas lutas? Por que nos sentimos tão fracos? A questão que, certamente, deveríamos nos fazer é: Estamos, de fato, em Cristo? Este “estar em Cristo” traz dois sentidos que gostaria de destacar:

       O primeiro sentido é o da condição, é o modo como devemos estar. Existe algo que precisa acontecer para que alcancemos êxito em nossas lutas: Estar em Jesus, isto é, unidos a Ele e ao Seu projeto a nosso respeito. Precisamos estar inseridos e empenhados em Seu plano de amor por nós. Devemos entender o que Ele deseja para a nossa vida e colaborarmos com isso. Nesta condição – inteiramente rendidos ao que o Senhor nos propõe e direcionados pela Sua Palavra –, teremos a força e a vontade de ver Sua obra chegando ao Seu objetivo e, certamente, o alcançaremos, porque é do agrado de Deus. Batalharemos por algo que o Senhor nos quer dar. Desse modo, a vitória é certa!

     O segundo é o sentido de lugar. Nossa força e vitória estão em um lugar específico: Cristo, Deus e Senhor. Não é fora dele, não é numa instituição, numa outra pessoa ou coisa, mas somente em Jesus – forte e vitorioso – que está a fonte dos dons com que Ele mesmo quer nos presentear. Toda graça está n’Ele. Podemos, então, buscar, no Senhor, a capacidade de enfrentar com disposição de alma os desafios e alcançar a vitória que nos foi reservada, pois foi a Ele que tudo foi dado. Sua presença, agindo em nossa natureza humana, nos impele a lutar e a vencer.

Que força e que vitória o Senhor quer nos dar?

       Outro ponto importante que precisamos levar em conta, nesta reflexão, é que a vitória e a força do cristão não são as mesmas impostas pela mentalidade deste mundo. Algumas vezes, a vitória para mim e para você será apenas a de poder lutar e não se deixar vencer pelo medo ou a frustração de não ter tentado. Poderá ser também a vitória de ter se tornado melhor durante a batalha, ainda que não se alcance o que se almejou no início da luta. Outros frutos vieram! Isso já nos faz vencedores. Muitas vezes, nossa força será não nos deixarmos enfraquecer pela turbulência e as contrariedades, ainda que sintamos as dores dos golpes.

Como alcançar a força e vitória em Jesus?

      A fé é a porta aberta para isso, é a fé de entrega e confiança, a qual, muitas vezes, nos faz dar passos que não seguem a lógica da razão, mas sim a de quem acredita mesmo sem ver. A fé deve ser o modus operandi de cada um que acredita no Cristo. É a forma como atuamos no mundo, em cada situação desafiadora que nos é apresentada, caminhando sobre as águas, vendo vitórias onde só haveriam derrotas e sendo fortes diante daquilo que nos levaria à fraquejar.

      Contudo, a fé se alimenta da oração, desses encontros diários e a sós com Jesus. Forte e vitoriosa é a alma que ora. Se essas características vêm de Jesus, não há como as alcançar se não formos íntimos de seu coração. Quando somos amigos de alguém, é fácil obtermos dele algo de que necessitamos. Sabemos que ele o tem e que, a qualquer momento que precisarmos, sendo nosso amigo, nos dará. Jesus já tem em Suas mãos a vitória e a força de que necessitamos hoje. Num ato de fé, coloquemo-nos em oração e Lhe apresentemos nossas lutas e fraquezas, usemos a Palavra, porque nela há uma série de versículos que nos levam a não desanimar. Creiamos que, por amor, o Senhor nos dará a vitória neste dia.

Comece com estes versículos:

“O Senhor é minha luz e minha salvação, a quem temerei? O Senhor é o protetor de minha vida, de quem terei medo?” (Sl, 26,1)
“Porque o Senhor, vosso Deus, marcha convosco para combater contra os vossos inimigos e para vos dar a vitória.” (Dt. 20,4)
“Nada temas, porque estou contigo, não lances olhares desesperados, pois eu sou teu Deus; eu te fortaleço e venho em teu socorro, eu te amparo com minha destra vitoriosa.” (Is, 41,10)

Elane Gomes
Missionária da Comunidade Canção Nova desde o ano 2000. Atualmente, trabalha no Jornalismo da TV Canção Nova de São Paulo. Prega em encontros pelo Brasil e atua como formadora de membros da Comunidade. 

22 de abril de 2020

Será que sou ansioso ou estressado? Teste sua ansiedade!








Foto ilustrativa: Wesley Almeida/cancaonova.com

     Será que a ansiedade surge a partir de um evento traumático ou após um esmagador estresse, como o que acontece com algumas pessoas? Não necessariamente, pois, enquanto experiências negativas intensas como a morte de um dos pais durante a infância ou outro trauma precoce podem ocasionar ansiedade crônica, tais eventos nem sempre são a raiz do problema.

    Nem todo mundo que viveu uma tragédia ou ocorrência aterrorizante desenvolve um transtorno de ansiedade, e nem todo mundo que desenvolve um transtorno de ansiedade obrigatoriamente já passou por algum tipo de provação.

         Estudos têm demonstrado que existem pessoas que parecem ser “à prova de estresse” e outras “estressáveis”, de modo que em alguns indivíduos o estresse pode desenvolver um transtorno de ansiedade e em outros não.

     Provavelmente, está em jogo a composição genética, que pode conferir à pessoa um estilo de enfrentamento adaptativo, que lhe faculta a capacidade de perceber os eventos negativos da vida, mas não faz deles motivos para ficar doente. Além do aspecto genético, é certo que o carinho recebido na infância e o apoio na vida adulta exercem papéis importantes na capacidade de enfrentamento do estresse.

       Pessoas com um pai ou irmão que teve um transtorno de ansiedade têm maior risco de desenvolver essa doença. Certas variações genéticas podem causar alterações nos níveis de neurotransmissores cerebrais como a serotonina, noradrenalina e dopamina, que podem ser responsáveis pela predisposição à ansiedade.

       Ao longo da vida, essa predisposição genética pode se manifestar ou não, dependendo de fatores ambientais específicos. Isso explica a reação variada de muitas pessoas que são submetidas aos eventos estressantes: enquanto uns desenvolvem quadros graves de ansiedade, outros conseguem ultrapassar esses momentos tranquilamente.

Você está com ansiedade? 

Faça o teste:

Escala HAD: avaliação do nível de ansiedade e depressão

Assinale com “X” a alternativa que melhor descreve sua resposta a cada questão.

1. Eu me sinto tensa(o) ou contraída(o):
( ) a maior parte do tempo (3)
( ) boa parte do tempo (2)
( ) de vez em quando (1)
( ) nunca (0)

2. Eu ainda sinto que gosto das mesmas coisas de antes:
( ) sim, do mesmo jeito que antes (0)
( ) não tanto quanto antes (1)
( ) só um pouco (2)
( ) já não consigo ter prazer em nada (3)

3. Eu sinto uma espécie de medo, como se alguma coisa ruim fosse acontecer:
( ) sim, de jeito muito forte (3)
( ) sim, mas não tão forte (2)
( ) um pouco, mas isso não me preocupa (1)
( ) não sinto nada disso (0)

4. Dou risada e me divirto quando vejo coisas engraçadas:
( ) do mesmo jeito que antes (0)
( ) atualmente um pouco menos (1)
( ) atualmente bem menos (2)
( ) não consigo mais (3)

5. Estou com a cabeça cheia de preocupações:
( ) a maior parte do tempo (3)
( ) boa parte do tempo (2)
( ) de vez em quando (1)
( ) raramente (0)

6. Eu me sinto alegre:
( ) nunca (3)
( ) poucas vezes (2)
( ) muitas vezes (1)
( ) a maior parte do tempo (0)

7. Consigo ficar sentado à vontade e me sentir relaxado:
( ) sim, quase sempre (0)
( ) muitas vezes (1)
( ) poucas vezes (2)
( ) nunca (3)

8. Eu estou lenta(o) para pensar e fazer coisas:
( ) quase sempre (3)
( ) nunca (2)
( ) poucas vezes (1)
( ) nunca (0)

9. Eu tenho uma sensação ruim, de medo, como um frio na barriga ou de um aperto no estômago:
( ) nunca (0)
( ) de vez em quando (1)
( ) muitas vezes (2)
( ) quase sempre (3)

10. Eu perdi o interesse em cuidar da minha aparência:
( ) completamente (3)
( ) não estou me cuidando como deveria (2)
( ) talvez não tanto quanto antes (1)
( ) me cuido do mesmo jeito que antes (0)

11. Eu me sinto inquieta(o), como se eu não pudesse ficar parada(o) em lugar nenhum:
( ) sim, demais (3)
( ) bastante (2)
( ) um pouco (1)
( ) não me sinto assim (0)

12. Fico animada(o) esperando as coisas boas que estão por vir:
( ) do mesmo jeito que antes (0)
( ) um pouco menos do que antes (1)
( ) bem menos do que antes (2)
( ) quase nunca (3)

13. De repente, tenho a sensação de entrar em pânico:
( ) a quase todo momento (3)
( ) várias vezes (2)
( ) de vez em quando (1)
( ) quase nunca (0)

14. Consigo sentir prazer quando assisto a um bom programa de televisão, de rádio ou quando leio alguma coisa:
( ) quase sempre (0)
( ) várias vezes (1)
( ) poucas vezes (2)
( ) quase nunca (3)
Pontuação e resultados

Ansiedade: some os pontos que estão entre parênteses, correspondentes às respostas que você assinalou nas questões 1, 3, 5, 7, 9, 11 e 13.
Total 1: _____

Depressão: some os pontos que estão entre parênteses, correspondentes às respostas que você assinalou nas questões 2, 4, 6, 8, 10, 12 e 14. Total 2: _____

Seu nível de ansiedade (total 1) ou depressão (total 2) seguirá a seguinte escala:

0 a 7 pontos: improvável
8 a 11 pontos: possível (questionável ou duvidosa)
12 a 21 pontos: provável

Fonte: Botega, HJ; Bio, MR; Zomignani, MA; Garcia, JR; Pereira, WAB. Transtornos do Humor em enfermaria de clínica médica e validação de escala de medida (HAD) de ansiedade e depressão. Revista de Saúde Pública, 29 (5): 355-63.1995

Dr. Roque Marcos Savioli
CRMESP 22.338
- Formado pela Faculdade de Ciências Médicas de Santos em 1974.
- Desde 1977 é integrante do Corpo Clínico do Instituto do Coração do HC-FMUSP , atualmente lotado como Médico Supervisor da Divisão Clínica – Unidade de Cardiogeriatria. Doutor em Medicina pela FMUSP e integrante da Sociedade Paulista e Brasileira de Cardiologia .
- Escritor de vários best sellers no Brasil e no exterior e membro da Academia Cristã de Letras e do Instituto de Geografia e História do Estado de São Paulo.
- Apresentador do programa “ Mais Saude “na Rede Cancao Nova de Radio (AM)

A importância do controle do peso corporal


    O aumento de peso está diretamente relacionado à elevação dos níveis da pressão arterial, tanto em adultos quanto em crianças. A relação entre sobrepeso e hipertensão arterial já pode ser observada a partir dos 8 anos de idade. O aumento da gordura visceral também é considerado um fator de risco. Essa gordura, também conhecida popularmente como “barriga de cerveja”, é aquela que, mais profundamente, localiza-se ao redor de órgãos importantes, como o fígado, o pâncreas e os rins.

      Qualquer excesso de gordura corporal é perigoso para a saúde em geral, mas essa gordura visceral é um fator de risco ainda maior do que a subcutânea. Hoje, sabemos que o tecido adiposo é um órgão endócrino, isto é, libera uma série de hormônios e pequenas proteínas (citocinas) na corrente sanguínea, como a Interleucina-6 (IL-6), que estimula a produção de outras proteínas de fase aguda de inflamação, além de aumentar a secreção de triglicérides pelo fígado, contribuindo para a hipertrigliceridemia associada à obesidade visceral.

Diminuição de peso

Resumindo: a gordura em excesso é pró-inflamatória e precisa ser intensamente combatida. Estudos mostram que a diminuição de peso corporal e da circunferência abdominal correlacionam-se com reduções da pressão arterial.

Em relação à circunferência abdominal, sugere-se manter os seguintes parâmetros:

Mulheres: menor do que 80 cm
Homens: menor do que 94 cm

Vamos medir a sua?

     Passe uma fita métrica em torno da barriga relaxada, na altura do umbigo. Certifique-se que toda a fita esteja na mesma altura e que não esteja enrolada em parte alguma. Fazer isso em frente ao espelho ajuda bastante. E, caso você ainda não esteja convencida ou convencido que emagrecer é uma das melhores estratégias para controlar a sua pressão arterial, uma meta-análise publicada em 2008, que analisou estudos já realizados sobre perda de peso e hipertensão, mostrou que: a redução do peso corporal é mais eficaz do que usar medicamentos como Orlistat e Sibutramina, utilizados habitualmente para o tratamento da obesidade.

Texto extraído do livro “Hipertensão Arterial - Uma Visão Integrativa” de Dr. Roque e Dra. Gisela Savioli.

20 de abril de 2020

Sejamos uma Igreja que ora e não fala apenas de oração








Foto ilustrativa: Bruno Marques/cancaonova.com

       O apóstolo e evangelista João descreve, no 14º versículo do primeiro capítulo de seu Evangelho, a notícia mais impactante da história: “O Verbo de Deus se fez carne e habitou entre nós” (Jo 1,14). Ao preparar este artigo, veio-me à memória uma fala muito sábia de nosso Papa emérito Bento XVI: “O Deus eterno e infinito imergiu-se na finitude humana, na sua criatura, para reconduzir a Ele o homem e a criação inteira” (09/01/2013).

Trocando em miúdos…

     Deus, ao se encarnar no seio humano da Virgem Maria, estava decido a encerrar tudo o que separava o homem do próprio Deus. Eis a nossa grande oportunidade de reatar o laço que fora rompido desde o pecado original. O Verbo, aqui, não tem conotação simplista de mera palavra; o Verbo, o Logus, é uma pessoa, é o próprio Deus, Emanuel. Esse Deus Conosco vai falar, mas não apenas falar; vai orar, mas não apenas orar.

    Observe a vida de Cristo. Ele percorreu cidades, vilarejos, povoados, sinagogas, casas de famílias, dirigiu-se aos que tinham alto grau de instrução e aos que pouca instrução possuíam, falou com autoridades constituídas e com os rejeitados usando a voz para mostrar quem Ele era.

Não faça nada sem antes orar, mas também não se limite apenas à oração

       Falas como: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida”, “Eu sou o Príncipe da Paz”, “Eu sou o Bom Pastor” apresentam um Senhor que, com a vida, testificou o seu discurso. Não é nada verdadeiro um cristão católico olhar para a vida de Cristo e não a imitar. É verdade que Cristo, mesmo sendo Deus, orava, e isso deixa para mim e para você um precioso ensinamento: se Cristo orava, por que não oramos?

      O Senhor orava não porque precisava, mas para mostrar ao homem – finito, pequeno e limitado – que a humanidade, para vencer, precisa orar. Não façamos nada sem antes orar, mas também não nos limitemos apenas a orar. Nossa oração precisa se encarnar em nossos atos, comportamentos e decisões, pois uma oração descompromissada com o cotidiano da vida mostra duas realidades:

1º – Não é oração eficaz, porque, se fosse, geraria um desejo de influenciar pessoas, cidades, estados e nações.

2º – Não é oração madura, melhor dizendo, não é oração que nos fez amadurecer enquanto pessoa. São aqueles que “jogam” tudo ao sobrenatural e se eximem das responsabilidades que a vida lhes exige. É o que eu chamo de infantilismo na fé.

     O título do artigo é uma pergunta reflexiva e, por que não, provocativa, que visa gerar em você uma revisão interior. Afinal, qual é a repercussão de sua vida de oração em seus atos?

   Quando o Apóstolo Paulo escreve: “A humanidade aguarda ansiosa a manifestação dos filhos de Deus” (Rm 8,19), só consigo fazer a seguinte leitura deste texto tão provocativo quanto nosso artigo: O que acontece depois da nossa oração? Leve em consideração o cenário social de nossos dias. Quantas crises! É crise moral, crise econômica, política e ética, é subversão de valores que, em tempos não tão distantes do nosso tempo, eram inegociáveis.

     Tenho a firme convicção de que todas essas crises são precedidas pela primeira e mais nociva das crises: a crise espiritual. O homem contemporâneo, em grande número, tem virado as costas para Deus. É exatamente, nesse tempo, que precisamos nos levantar, e há de se levantar um povo que ora e influencia os que estão ao seu redor!

Você aceita fazer parte desse exército?

         Enquanto Igreja, somos a Esposa de Cristo, e essa esposa amada por Ele foi, desde a encarnação, ensinada a orar e agir, porém, com uma diferença; e nossas ações precisam estar marcadas com o selo da oração. O convite é bem objetivo: ore e trabalhe pela implantação do Reino de Deus na Terra. Não estou dizendo que você deva largar tudo e ficar numa capela em adoração se o seu chamado não é para a clausura (e lá existe hora para tudo, inclusive para o trabalho!). Você é chamado a ser sal e luz como professor, cozinheiro, secretário, agente público, comerciante etc.

    A Igreja de nossos dias anseia não apenas por pregadores, músicos ou ministeriados em cura e libertação, mas por médicos, advogados, juízes, vendedores, empresários, motoristas, pedreiros etc., que testemunhem, no seu ofício, que a vida profissional e familiar de cada um deles é o resultado de uma vida de oração com Deus.

Ser faz mais barulho do que fazer!

Fogo na alma!

Evandro Nunes - 
Membro da Renovação Carismática Católica na Diocese de Santo Amaro (SP), Evandro Nunes tem se dedicado à vida missionária desde 2010, exercendo o Ministério da Pregação em todo o Brasil e no exterior. 

Estar em casa é também voltar para a nossa Galileia








Foto ilustrativa: gradyreese by Getty Images

     Neste dias de quarentena por conta da pandemia da covid-19, vimos e ainda estamos vendo informações de todos os tipos circulando pelos meios de comunicação e pelas redes sociais. Dessas informações, algumas que nos chamaram à atenção foram as que davam dicas do que fazer em casa nestes dias. Estávamos tão acostumados a uma rotina frenética de atividades externas, que, agora, precisamos reaprender, às vezes até recorrendo a especialistas, a estar em casa.

     Não sabíamos mais o que era isso. Parecia que estar em casa vinha se tornando como estar num local de pouca intimidade, um lugar para passarmos algumas horas do dia, fazendo poucas atividades, enquanto nossa vida mesmo estava lá fora: trabalhos, estudo, missões, lazer… tudo estava lá. Talvez isso, de certa forma, estivesse nos roubando também o olhar para dentro, olhar para nós mesmos, para o que temos, e vermos que pessoas estávamos sendo e qual é real o objetivo da nossa vida. Qual é o convite de hoje?

Tempo de ficar em casa e voltar às origens

      Dentre as várias transformações que essa pandemia tem nos convidado a viver, uma delas é voltarmos para nós mesmos. São Mateus, no seu Evangelho, narra que, ao aparecer para Madalena, Cristo pede a ela que avise aos discípulos para se encontrarem com Ele na Galileia: “Disse-lhes Jesus: Não temais! Ide dizer aos meus irmãos que se dirijam à Galileia, pois é lá que eles me verão” ( Mt. 28,10). Ou seja, o Senhor quer se reencontrar com os discípulos no lugar onde a missão deles se iniciou. Talvez Jesus quisesse dizer para eles que era tempo de recomeçar a partir das origens, para rever o que foi feito, realizando-o, agora, de maneira nova.

       Ali, na Galileia, após a morte de Jesus, Pedro voltou a pescar mesmos depois de tudo o que já tinha vivido com o Senhor ( Cf. Jo. 21,3). Cristo sabia que os discípulos precisavam ser relembrados do que tinham vivido com Ele naquela região de origem. Estando com eles na Galileia, o Ressuscitado lembra a Pedro que o alvo da sua pesca era outro. Trazendo essa palavra para a nossa situação, recordo-me das notícias de pessoas que, neste tempo do novo coronavírus, foram para o campo ou se deslocaram para o interior, a fim de se isolar. Lembro de pessoas que, como eu, se incomodaram um pouco por ter que parar bruscamente sua rotina; e penso nesta volta à Galileia proposta por Jesus.

     Considero que, mais do que ficar em casa, este é um tempo de voltar às nossas origens, voltar para as coisas que nos definem. É olhar a nossa volta e ver aquilo que fala de nós mesmos e da nossa missão. É tempo de ouvir novamente a voz de Deus, a nossa própria voz e as vozes dos que estão ao nosso redor. Voltar para casa pode ser a oportunidade de analisar como recomeçar a nossa vida, que recursos interiores precisamos para ir adiante e com quais pessoas podemos contar. Voltar para casa é ouvir a atualização dos planos de Deus a nosso respeito. O Senhor tem grandes projetos para nós e não conseguimos alcançá-los sem recalcular o rota, rever os nossos próprios objetivos e propósitos, ajustando-os ao que Ele pensou para nós.

      São inúmeras as passagens bíblicas do Antigo Testamento em que Deus chama seu povo a voltar para Ele. E só volta para o Senhor quem consegue, antes, voltar para si mesmo. Talvez não tenhamos nos afastado muito dele; porém, se nos afastamos da nossa casa interior, é indício de que, possivelmente, nos afastamos de Deus, já que é lá, dentro de nós, que Ele nos fala ao coração. Talvez seja o tempo de voltarmos para nossa Galileia, e estarmos em casa é uma condição favorável para isso. Hoje, mesmo o Senhor quer se encontrar conosco. Foi da Galileia que Jesus também enviou Seus apóstolos (Cf. Mt. 28,19). Certamente, da sua casa, Ele quer enviá-lo a ser nova criatura no mundo após essa experiência de isolamento. Ao ficar em casa, não perca esse momento de voltar para quem você é.

Elane Gomes - 
Missionária da Comunidade Canção Nova desde o ano 2000. Prega em encontros pelo Brasil e atua como formadora de membros da Comunidade. É esposa, mãe e trabalha também com aconselhamento de casais.

A experiência com Deus nos torna cada vez mais humanos 








Foto ilustrativa: Daniel Mafra/cancaonova.com

Sabendo da experiência com Deus, poderia o homem viver sem Ele?

      A história da humanidade vive uma época de extraordinário desenvolvimento tecnológico, de uma nova experiência. As novas descobertas e avanços tecnológicos têm influenciado a maneira de viver e relacionar-se das pessoas. As descobertas no campo da medicina, por exemplo, têm possibilitado a cura de muitas doenças.

     O advento da internet permitiu que as distâncias físicas não fossem mais barreiras para a comunicação, permitiu que a informação chegasse a toda parte, quase que instantaneamente.

     São inegáveis os benefícios trazidos pelos avanços e descobertas científicas para a vida do ser humano, todavia, mesmo frente à evidente evolução tecnológica, a sociedade contemporânea convive com uma aterrorizante crise de sentido da vida.

    A modernidade inaugurou um novo tempo na história da humanidade. O homem moderno desenvolveu-se no aspecto técnico e as funções que cada um exerce na sociedade ganhou grande destaque. O ser humano deixou de preocupar-se com o essencial da vida e fixou-se naquilo que é efêmero, que é “acessório”, arrogando para si o intento criador de toda a realidade, afirmando a autossuficiência da razão humana e postulando que todo conhecimento que não fosse passível de ser demonstrado cientificamente deveria ser considerado como dispensável.

      Apoiado pelo mito da razão suficiente, o homem moderno passou a não mais considerar Deus como uma realidade necessária para sua vida. A felicidade e a realização pessoal passaram a ser buscadas tão somente nas realidades contingentes da vida. Deus, que outrora era tido como realidade essencial, foi reduzido a um acessório, que pode ser colocado de lado. Dessa forma, o ser humano acabou por encarcerar-se em si mesmo, negando uma das suas dimensões constitutivas.

     A busca por relacionar-se com algo maior que si mesmo, algo que o transcenda, está presente em toda história da humanidade, nas diversas culturas e civilizações, comprovando que a abertura ao transcendente é característica do ser humano. O homem, ao fechar-se ao relacionamento com Deus, nega uma das suas dimensões constitutivas.

Viver em Deus é uma escolha que enche a vida de sentido

        A experiência com Deus, por sua vez, torna-nos cada vez mais humanos. No entanto, essa experiência não é imposta; ela passa pelo encontro marcante com Jesus Cristo, Filho Eterno do Pai, que, no mistério da Encarnação do Verbo, fez-se homem; e conforme afirma o Concílio Vaticano II, revela o homem ao próprio homem.

       O Catecismo da Igreja Católica afirma que “o desejo de Deus está inscrito no coração do homem, já que o homem é criado por Deus e para Deus; e Ele não cessa de atrair o homem a si, e somente n’Ele o homem há de encontrar a verdade e a felicidade que não cessa de procurar”. O encontro com Jesus transforma, torna a vida humana repleta de sentido.

     A história comprova que o homem, ao afastar-se de Deus e adotar uma postura autossuficiente, perde-se nos limites da sua própria contingência. Santo Agostinho declara: “Fizeste-nos para ti, e inquieto está o nosso coração, enquanto não repousa em ti.”

     O homem pode viver sem Deus? A resposta a essa pergunta dependerá da escolha que cada um faz para si. Contudo, viver em Deus é uma escolha que enche a vida de sentido e alegria, oferece ao homem a possibilidade de sonhar com uma realidade que ultrapassa os limites do nosso mundo, enche-o de esperança, pois abre para a perspectiva de que ele é criado para a eternidade, para o céu.

Fábio Luiz - 
Candidato às Ordens Sacras na Comunidade Canção Nova. tua no Departamento de Internet da Canção Nova, no Santuário Pai das Misericórdias e Confessionários.

A cada novo dia são apresentadas uma nova beleza e descoberta 









Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Cada dia tem sua própria beleza e o seu encanto, portanto, aprenda a reconhecê-lo

        Ainda bem que o tempo passa! Já imaginou o desespero que tomaria conta de nós se tivéssemos de suportar uma segunda-feira eterna? A beleza de cada dia só existe, porque não é duradoura. Tudo o que é belo não pode ser aprisionado, porque aprisionar a beleza é uma forma de desintegrar a sua essência.

     Dizem que havia uma menina que se maravilhava todas as manhãs com a presença de um pássaro encantado. Ele pousava em sua janela e a presenteava com um canto que não durava mais que cinco minutos. A beleza era tão intensa, que o canto a alimentava pelo resto do dia. Certa vez, ela resolveu montar uma armadilha para o pássaro encantado. Quando ele chegou, ela o capturou e o deixou preso na gaiola para que pudesse ouvir por mais tempo o seu canto.

       O grande problema é que a gaiola o entristeceu, e triste, deixou de cantar. Foi então que a menina descobriu que o canto do pássaro só existia, porque ele era livre. O encanto estava justamente no fato de não o possuir. Livre, ele conseguia derramar na janela do quarto a parcela necessária de encanto, para que a garota pudesse suportar a vida.

     O encanto alivia a existência. Aprisionado, a menina o possuía, mas não recebia dele o que ela considerava ser a sua maior riqueza: o canto!
A beleza do encanto

     Fico pensando que nem sempre sabemos recolher só encanto. Por vezes, insistimos em capturar o encantador e, então, o matamos de tristeza. Amar talvez seja isso: ficar ao lado, mas sem possuir. Viver também.

       Precisamos descobrir que há um encanto nosso de cada dia, que só poderá ser descoberto à medida que nos empenharmos em não reter a vida. Viver é exercício de desprendimento. É a aventura de deixar que o tempo leve o que é dele, e que fique só o necessário para continuarmos as novas descobertas.

       Há uma beleza escondida nas passagens da vida antiga, que se desdobra em novidades. Coisas velhas que se revestem de frescor. Basta que retiremos os obstáculos da passagem.

Não viva olhando para as tristezas

       Deixar a vida seguir. Não há tristeza que mereça ser eterna, nem felicidade. Talvez seja por isso que o verbo dividir nos ajude tanto no momento em que precisamos entender o sentimento de tristeza e alegria. Eles só são suportáveis à medida que os dividimos; e enquanto os dividimos, eles passam como tudo precisa passar.

       Não se prenda ao acontecimento que agora parece ser definitivo. O tempo está passando, e uma redenção está sendo nutrida nessa hora.

       Abra os olhos. Há encantos escondidos por toda parte. Preste atenção. São miúdos, mas constantes. Olhe para a janela de sua vida e perceba o pássaro encantado na sua história. Escute o que ele canta, mas não caia na tentação de querê-lo o tempo todo só para você. Ele só é encantado, porque você não o possui. E nisso consiste a beleza desse instante: o tempo está passando, mas o encanto que você pode recolher será o suficiente para esperar até amanhã, quando o pássaro encantado voltar a pousar na sua janela.

Padre Fábio de Melo -
Sacerdote da Diocese de Taubaté, mestre em teologia, cantor, compositor, escritor e apresentador do programa “Direção Espiritual” na TV Canção Nova.

17 de abril de 2020

Como fazer o encontro do nosso tempo, com o tempo de Deus?








Foto Ilustrativa: Paula Dizaró/cancaonova.com

Aproveite o seu tempo para viver sua fé e Deus lhe ajudará

       “Quando completou-se o tempo previsto, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sujeito à Lei, para resgatar os que eram sujeitos à Lei, e todos recebermos a dignidade de filhos. E a prova de que sois filhos é que Deus enviou aos nossos corações o Espírito do seu Filho, que clama: “‘Abá, Pai!'” (Gl 4,4-6). O tempo do relógio e dos calendários não são suficientes para entender a vida humana. Faz-se necessário ver o tempo, do ponto de vista Daquele que é o Senhor do tempo e que o supera; para Ele “um dia é como mil anos, e mil anos como um dia” (2 Pd 3,8). De fato, diante de Deus afirmamos com clareza: “Nossos anos de vida são setenta, oitenta para os mais robustos, mas pela maior parte são fadiga e aborrecimento, passam logo e nós voamos. Quem conhece o ímpeto da tua ira, quem teme a violência do teu furor? Ensina-nos a contar nossos dias e assim teremos um coração sábio” (Sl 89, 10-12). A plenitude do tempo chegou quando Deus quis!

       Como fazer o encontro do nosso tempo, com o tempo de Deus? Como fazer para que os dias do ano, não voem como penas ao vento e se percam, e sim, tenham sentido profundo e sejam incorporados como tesouro em nossa história? A Igreja aprendeu, no decorrer dos tempos, a contar os dias a partir de seu Senhor, para não parar nas fadigas ou no ócio eventual que, acabam até por irritar nossa frágil natureza. É que para os homens e mulheres de fé, o tempo que corre, chama-se história de salvação e, não minutos aproveitados ou desperdiçados. “Tudo coopera para o bem dos que amam a Deus” (Cf. Rm 8,28).

Qual é a chave do tempo?

          A chave do tempo está em: professar a fé e declarar o amor a Deus. Então, tudo adquire seu pleno sentido, porque a primeira escolha é amar a Deus, antes de optar pela alegria ou pela dor, pelo riso ou pelas lágrimas. Trata-se de buscar em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas as coisas serão dadas por acréscimo. Por isso, a pessoa de fé, entende que não há motivos para se preocupar com o dia de amanhã, pois esse terá sua própria preocupação! “A cada dia basta o Seu cuidado” (Cf. Mt 6,33-34).

         Com o dia de hoje há que se “ocupar”, viver bem cada momento presente, transformando-o em oportunidade para amar a Deus e ao próximo. Se, com tal afirmação, alguém possa parecer simplista, apenas aceitemos o desafio de experimenta-la, e será possível ver os frutos.

        Nesta perspectiva, o que fazer do passado, cuja sombra tantas vezes aparece como fantasma que assusta? Primeiro, uma gratidão imensa pelos dons recebidos, pelo bem que a pessoa foi capaz de fazer, um olhar positivo sobre todas as pessoas e acontecimentos. Depois, uma decisão carregada de sabedoria é experimentar o perdão. Perdoar as pessoas que nos ofenderam, perdoar a nós mesmos pelas falhas, faltas e pecados e, mais ainda, recorrer à fonte do perdão que é a misericórdia infinita de Deus. 

      Ainda à mesma luz, nenhum momento vivido é perdido e jogado no lixo. Ao invés de tentar esquecer os revezes da sociedade ou da política, ou, quem sabe, as derrotas pessoais em todos os campos, que tal integrar tudo, aproveitando para o bem as lições deixadas pela vida?

       Há algo a fazer com o futuro, que muitas vezes repetimos pertencer a Deus e, é verdade! Insegurança é pretender adivinhá-lo, ou antecipá-lo, “morrendo de véspera”. Serenidade é deixar que ele aconteça. Inteligência é aprender a confiar na Providência de Deus e equilibrar os passos do dia a dia com previdência e equilíbrio. Maturidade é estarmos prontos a fazer o que depender de nós, superando a ansiedade que nos tira a paz.

       Entretanto, o que temos à disposição é o presente, e o futuro será uma sucessão de momentos presentes bem vividos!  Na belíssima oração da “Ave Maria”, cujas palavras brotam tão espontaneamente de nosso coração, dizemos assim: “Santa Maria, Mãe de Deus, rogai por nós, pecadores, agora e na hora de nossa morte. Amém”. Quanta sabedoria e piedade em tão poucas palavras, repetidas por nós desde a mais tenra infância. Só temos certeza de dois momentos! O de nossa morte, quando deveremos apresentar-nos diante de Deus, em nossa páscoa pessoal, e esperamos que seja de grande alegria, e o “agora”. Sim, na “Ave Maria” rezamos o mistério do tempo, comprometendo-nos a viver intensamente este agora, repleto de possibilidades, desafios e alegrias, acolhendo com prontidão a tarefa cotidiana de preencher com amor, todas as nossas decisões e os passos a serem dados.

         Para a retomada de nossas rotinas pós pandemia, é bom fazer o propósito de preencher com amor o relacionamento com as pessoas, e esse é o melhor meio para sermos felizes. Falando da acolhida aos migrantes, o Papa Francisco propõe quatro atitudes, a serem praticadas em relação a eles, e nós os temos bem perto (bastando pensar nas levas de indígenas, vindos de outros países, que aportam em nossa região norte). O Papa Francisco indica com a luz da Palavra de Deus, as práticas que servirão para iluminar, a partir dos irmãos mais pobres, todo o relacionamento humano, no tempo que nos é dado: “Acolher”, não repelir as pessoas para lugares onde as aguardam perseguições e violências: “Não vos esqueçais da hospitalidade, pois, graças a ela, alguns, sem o saberem, hospedaram anjos” (Hb 13,2). “Proteger” lembra o dever de reconhecer e tutelar a dignidade inviolável dos que fogem dum perigo real em busca de asilo e segurança e impedir a sua exploração: “O Senhor protege os que vivem em terra estranha e ampara o órfão e a viúva” (Sl 146,9). “Promover” é apoiar o desenvolvimento humano integral dos que chegam de fora, pois Deus “ama o estrangeiro e dá-lhe pão e vestuário” (Dt 10,18-19). “Integrar” é permitir que esses irmãos e irmãs participem na vida da sociedade que os acolhe, para que de todos nós se possa dizer: “Portanto, já não sois estrangeiros nem imigrantes, mas sois concidadãos dos santos e membros da casa de Deus” (Ef 2,19). Vale como “programação”, para viver o mistério do tempo neste ano novo, à luz da Palavra de Deus e da Palavra da Igreja!

Dom Alberto Taveira Corrêa -
foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. No dia 30 de dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém – PA.

Casal em quarentena: como está seu casamento?








Foto ilustrativa: SeventyFour by Getty Images

     Dias de quarentena e isolamento social. A situação pela qual estamos passando, atualmente, é completamente nova. O mundo vive um momento diferente, e as famílias, principalmente, estão aprendendo a lidar, na prática, com esse período em casa – as emoções à flor da pele, hiperconvivência e momentos de descobertas e aprendizados.

       Nestes tempos de pandemia do novo coronavírus (Covid-19), cuidar da saúde sempre será prioridade. Há, no entanto, outros cuidados que também não podem passar despercebidos para quem vive sob o mesmo teto. Um deles é a vida conjugal dos casais e suas famílias.

       Para esses casais que estão juntos, seria uma nova lua de mel ou um grande problema? O momento é de angústia, e o desafio é encontrar o equilíbrio para manter um relacionamento saudável. E aí? Apesar do amor, a convivência 24h por dia e a falta de contato com outras pessoas cria desafios para os relacionamentos, e é preciso encontrar o equilíbrio e saber como conciliar tudo sem afetar o casamento e o relacionamento com a família.

Dicas para enfrentar a quarentena em casal

      O assunto é sério. E é totalmente possível nos adaptarmos neste período e conviver sem atritos e discussões.

Primeira atitude muito importante:

        Cuidado com muitas informações. Informações e notícias, a todo momento, sobre o coronavírus pode afetar a saúde mental do casal e, consequentemente, o relacionamento. Não dê atenção a boatos ou opiniões infundadas, pois o medo, seja de contrair a doença ou de ter um desfecho ruim, é uma emoção que pode nos deixar mais desconfiados e em alerta. Evite os áudios, vídeos, mensagens que circulam fáceis pela internet e WhatsApp, pois isso cria ansiedade, uma tensão ruim e desnecessária. Busque fontes de informações oficiais, limite-se a ler informações somente 1 vez ao dia ou somente quando necessário.

Segunda atitude importante:

       Para evitar brigas desnecessárias, cada um deve buscar, durante o dia, um momento a sós e ter um espaço para realizar uma atividade sozinho, como uma oração, uma leitura, um estudo, exercícios de respiração etc. Essa coisa de que você sempre precisa estar fazendo coisas ou conversando com alguém da família é uma pressão que devemos tirar de cima de nós. Passar um tempo sozinho e ter seu próprio espaço não quer dizer gostar menos de alguém. Principalmente, lidando com a atual pandemia, cuidar de si mesmo, da sua saúde física e mental, faz parte do cuidado com o outro. Portanto, não é se isolar por completo, mas ter um momento do dia para você.

Terceira atitude importante:

         Fazer o que gosta. Estipular, no dia, um período para fazer o que você gosta dentro de casa, seja com seu parceiro, com os filhos ou não – ler, assistir a filme ou série, cozinhar, fazer uma atividade física em casa, pintar, desenhar… Isso areja a mente, fortalece o espírito e acalma o físico.

Quarta atitude importante:

      Buscar atividades e momentos descontraídos em familia. Aproveitar para cozinhar aqueles pratos que não temos tempo para fazer no dia a dia, fazer uma sobremesa elaborada, resgatar jogos de tabuleiro, etc. Se houver crianças, todas essas sugestões podem incluí-las, inclusive jogos on-line com outros amigos confinados.

         Por que não? Pode ser uma oportunidade de os pais conhecerem um pouco o que os filhos gostam na internet. Podem aproveitar, em família, um tempo que, normalmente, não têm devido à rotina de trabalho, e observar mais os filhos, conversar sem tanta pressa, brincar e soltar a criatividade. Aproveitar a oportunidade para fazer um plano futuro como uma viagem, uma reforma da casa, um passeio ou rever juntos fotos também são atividades recomendadas.

Quinta atitude importante:

        Essa atitude é mais voltada para o casal em si, visto que, com o isolamento social, a rotina do casal também muda, altera-se também as emoções e isso pode afetar o relacionamento. Diante do momento que vivemos, uma coisa pequena, de uma atitude quase sem importância do dia a dia, como a louça que não foi lavada ou a tampa do vaso levantada, podem acabar se tornando demasiados importantes e podem levar às desavenças, e acabam por trazer à tona problemas que não foram resolvidos no passado, agravando a situação. Por isso, conversar com o parceiro e apontar como está se sentindo é uma dica muito boa.

        Ajudar um ao outro também faz parte. Cada um fazendo sua parte dentro de casa é algo que facilita muito para que evitem brigas desnecessárias. Se quisermos que nosso relacionamento e nossa paz de espírito não sejam muito perturbados pela quarentena, a disciplina e organização são essenciais, porque quando passamos muito tempo juntos, assim como durante as férias, surgem as irritações, as cobranças e os conflitos.

         Essa é uma oportunidade de fazermos equipe, de nos colocarmos do mesmo lado, de dialogar e compartilhar como estamos nos sentindo com tudo isso e ouvir a outra parte. Ouvir o cônjuge, os filhos, estarmos abertos ao que o outro pensa mesmo que tenhamos opiniões contrárias. A convivência que estamos ‘forçados’ a ter nestes tempos nos leva a sermos flexíveis e abertos. Ouvir com amor e paciência. Evitar conflitos. Essa é a palavra-chave. Em outras palavras, o bem-estar e a tranquilidade são coisas que devemos buscar em nós mesmos e assim estarmos bem com o outro. Estamos também em tempos de reflexão, de olhar para dentro, para nosso coração e nos perguntar como estamos vivendo tudo isso e o que está despertando em nós. Precisamos sair dessa quarentena pessoas melhores e mais fortes.

Há vida lá fora de casa

       As novas tecnologias podem nos ajudar nessa quarentena: fazer conversas em vídeos pelo WhatsApp, Skype, Facetime e outros meios serve para nos comunicarmos com outras pessoas e evitarmos a sensação de isolamento. Fazer videochamadas com pessoas de quem gostamos e compartilhar a experiência com elas. É muito importante não experimentarmos isso sozinhos. Enviar mensagens, fotos, partilhar o dia a dia são maneiras de não nos sentirmos sozinhos nem isolados.

        Enfim, estamos vivendo um tempo diferente, que teve seu início, mas que terá um fim. Cabe a nós vivermos este período da melhor maneira possível, com fé e a certeza interior de que, de verdade, nunca estivemos sozinhos.

Deus está sempre conosco.

Paulo Victor  -
Cirurgião-dentista de formação, Paulo Victor foi membro da Comunidade Canção Nova. Atualmente, ele mora em Campo Grande (MS). É empresário e casado com Letícia Dias.

Letícia Dias - 
é Gerente de Conteúdo e estudante de Letras/Libras com foco na Educação Especial. Foi membro da Comunidade Canção Nova. Hoje, ela mantém uma agitada rotina familiar. Letícia tem um filho caçula que nasceu com Síndrome de Down, e isso a refaz todos os dias.