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9 de setembro de 2017

Nestes tempos difíceis, Francisco propõe a terapia da esperança

Nestes tempos difíceis, Francisco propõe a terapia da esperança


Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
Papa Francisco propões aos cristãos que vivam a esperança diariamente

A Igreja nos ensina que a esperança é uma virtude teologal recebida no sacramento do batismo. Trata-se de uma graça infusa, que nos “ajuda a desejar e esperar tempos melhores em nossa vida, aqui na Terra, e a ter a certeza de que conquistaremos a vida eterna, que será nossa felicidade”1. Em outras palavras, é um modo de enxergar os fatos e a resposta que damos a eles, sempre na expectativa de uma vida plena com Deus. Porém, a maioria dos fatos, hoje, não nos ajudam a dar uma resposta apoiada na esperança, mesmo porque o que menos se vê é a possibilidade de mudança.

A corrupção nos surpreende a cada dia, quando os noticiários apontam novos casos bilionários. A violência faz vítimas todos os dias, e os mais atingidos são os jovens2. O desemprego não dá trégua e já atinge mais de 13 milhões de brasileiros. Os porquês de tantos males é um questionamento complexo, que ultrapassa as possibilidades de respostas imediatas, mas a maneira de se posicionar, neste mundo, é uma escolha individual.

Catequeses de Francisco

Papa Francisco dedica, há oito meses, as catequeses de quarta-feira ao tema da esperança cristã. A escolha se deu justamente pelo desejo de apresentar ao mundo que, no “deserto de nossa vida é possível florir se há esperança”. Na primeira catequese sobre o tema 3, Papa afirmou “que a vida é, muitas vezes, um deserto, é difícil caminhar, mas, se há confiança em Deus, ela pode ser bela e ampla, como uma avenida. Basta não perdermos jamais a esperança e continuarmos a crer, sempre, apesar de tudo”.

É para ultrapassar esse “apesar de tudo” que ele aponta a “terapia da esperança”4. Francisco recorda a situação dos discípulos de Emaús, narrada no Evangelho de Lucas (cfr 24,13-35), que, após o “aparente fracasso de Jesus”, tomam o caminho de volta para casa e se sentem desiludidos. A esperança que tinha de libertação foi vencida na cruz. Mas Jesus Ressuscitado os alcança em amplo sentido; antes de tudo, ouve-os e, depois, aponta o sentido dos fatos. Assim, realiza-se a terapia para uma vida de esperança.

“Jesus fala a eles, antes de tudo, por meio das Escrituras. Quem toma, nas mãos, o livro de Deus não encontra histórias de heroísmo fácil, grandes campanhas de conquista. A verdadeira esperança não é nunca a pouco preço: passa sempre por meio das derrotas”, ensina o Papa.

Jesus é a nossa fonte de esperança

Francisco recorda que “Jesus está sempre ao nosso lado para nos dar a esperança, para aquecer o coração e dizer: ‘Vá em frente, eu estou contigo. Vá em frente’”. É esse o ensinamento da Igreja, que, no caminhar da história, mostra que o mal jamais vence o bem, mesmo que as aparências mostrem o contrário.

“O segredo da estrada que conduz a Emaús está todo aqui: mesmo diante das aparências contrárias, nós continuamos a ser amados, e Deus nunca deixará de nos amar. Ele caminhará sempre conosco, sempre! Mesmo nos momentos mais dolorosos, mais feios e também nos momentos de derrota, ali está o Senhor. Essa é a nossa esperança, e com ela caminhamos adiante, porque Ele está conosco e caminha conosco sempre!”

Somente tomar consciência disso é suficiente para atravessarmos esse mar de tribulações e desesperanças? Francisco aponta, então, o “arremate” dessa terapia: “Os homens precisam de esperança para viver e precisam do Espírito Santo para esperar”. Ele cita a carta aos Hebreus, que compara esperança a uma âncora (cf. 6,18-19); e a esta imagem acrescenta a vela. Se a âncora é o que dá segurança ao barco e o mantém “ancorado” no balanço do mar, a vela é o que faz caminhar e avançar sobre as águas.

“A esperança é realmente como uma vela; ela recolhe o vento do Espírito Santo e O transforma em uma força motriz, que impulsiona o barco, conforme a necessidade, para o mar ou para a terra”, conclui. Desse modo, conscientes de Quem está conosco e se apresenta como o “Terapeuta da esperança”, e mais ainda com quem contamos para o sopro do Espírito Santo, o mar já não nos assusta como antes e podemos navegar com confiança.

Liliane Borges - Jornalista e missionária da Comunidade da Canção Nova

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