A Palavra de Deus

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DOPAS

DOAÇÃO, ORAÇÃO, POBREZA, ALEGRIA E SIMPLICIDADE

18 de setembro de 2017

Encontram-se abertas as inscrições para o Reino de Deus!

Encontram-se abertas as inscrições para o Reino de Deus!



Em todas as celebrações eucarísticas ouvimos a proclamação da Igreja, que ressoa a Escritura: “Felizes os convidados para a Ceia do Senhor” (Cf. Ap19, 9). 
E é grande a alegria por saber que o chamado de Deus quer incluir a todos. Na oração do Rosário, o terceiro mistério luminoso nos faz contemplar justamente o chamado à conversão, que ocorre com o anúncio do Reino de Deus. É que da parte do Senhor existe a clara vontade de salvar a todos, envolvendo as diversas gerações e situações humanas. Ao se tratar de uma grande consolação, resulta igualmente provocante a responsabilidade entregue à liberdade humana, pois Deus não impõe, mas convoca e convida. Conversando com um jovem em recuperação na “Fazenda da Esperança”, Comunidade Terapêutica presente em tantas partes de nosso país e do mundo, ouvi uma afirmação surpreendente. Dizia ele que seu drama maior era uma porteira aberta, por saber que, se quisesse, poderia ir embora. Sabia que o maior presente dado por Deus era entrar pelos umbrais da liberdade que o conduziam, pela estrada do Evangelho, a uma vida nova!

Jesus estabeleceu contato com todas as classes de pessoas, pelo que escandalizava a muitos. Era uma multidão de estropiados, rejeitados da sociedade, doentes de toda ordem, gente solitária, publicanos, pecadores de qualquer classificação. O Evangelho apenas permite entrever os dramas humanos que se apresentavam ao Senhor. Não muito diferente das imagens oferecidas ao vivo e a cores em nossos dias, com pessoas sofrendo toda espécie de miséria. As guerras localizadas ou espalhadas por nossas cidades pela violência e a miséria mostram um mundo machucado e desorientado, carente de encontrar aberta a porta do Reino de Deus! Que seja uma imensa procissão em busca de Deus! Que a meta seja o regaço misericordioso daquele que veio para os pecadores!

Também nossa história pessoal é repleta de idas e vindas, marcadas pelo mistério do pecado, malgrado o desejo de acertar esteja presente, pela própria vontade de Deus que nos criou. Muitas vezes damos nossa resposta positiva aos apelos de Deus e depois seguimos por outra estrada, cedendo ao egoísmo, turrões, cabeças duras que pretendem ser donas da verdade. Podemos ser também como o filho pirracento do primeiro momento que depois se converte e obedece ao Pai. “Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, disse: ‘Filho, vai trabalhar hoje na vinha!’ O filho respondeu: ‘Não quero’. Mas depois mudou de atitude e foi. O pai dirigiu-se ao outro filho e disse a mesma coisa. Este respondeu:‘ Sim, senhor, eu vou’. Mas não foi” (Mt 21, 28-30). Cada pessoa sabe de sua aventura humana de liberdade, quedas, arrependimento, coragem para recomeçar, pedidos de perdão aos milhares, encontros com a misericórdia de Deus. Escute a palavra de Deus: “Quando um ímpio se arrepende da maldade que praticou e faz o que é direito e justo, conservará a própria vida. Arrependendo-se de todos os crimes que cometeu, ele certamente viverá, não morrerá” (Ez 18, 27-28)

O contato de Jesus com as pessoas é marcado pelo chamado constante à conversão. O início de sua pregação resume a proposta que faz à humanidade: “Depois que João foi preso, Jesus veio para a Galiléia, proclamando a Boa Nova de Deus: Completou-se o tempo, e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede na Boa-Nova” (Mc 1, 14-15). Os cobradores de impostos convertidos e as prostitutas que acreditaram em Jesus, mudando radicalmente sua vida, são referências da possibilidade de transformação inscrita por Deus no coração humano (Cf. Mt 21, 28-32).

Os publicanos, cobradores de impostos, traidores do povo por trabalharem para os romanos, manipulavam a fonte permanente de tentação para o ser humano, o dinheiro! A malversação das verbas públicas e as torneiras abertas, pelas quais passam milhões e bilhões, ainda estão expostas diante de nossos olhos, nos dias que vivemos. Multiplicam-se os escândalos, revelam-se operações fraudulentas, mas o “deus dinheiro” continua atraindo as pessoas, traindo-as mesmo quando, confrontadas com acusações e provas dizem não saber de nada. A conversão passa pelo bolso, pois exige um uso dos bens segundo o plano de Deus, fundamentado na partilha e na comunhão. Chamem-se Mateus ou Zaqueu, ou quem sabe estejam no templo orando ao lado de um fariseu, é possível e desejável que os homens e mulheres, todos nós, mudemos o modo de usar os bens da terra!

Outro campo delicado é o da afetividade e da sexualidade e a degradação do uso de tais realidades, sob o título de prostituição. O corpo continua a ser vendido, não só nas zonas de prostituição de nossas cidades. Há outras formas de negociá-lo! Até se enfeita mais este comércio, justificando-o com a falsa liberdade de expor a intimidade das pessoas. Entretanto, o Evangelho de todos os tempos dará nome de Mulher adúltera, ou Samaritana, Prostituta ou outros qualificativos e profissões, a muitas pessoas que creem em Jesus Salvador e a Ele se convertem, mesmo depois de uma vida de miséria e sofrimento.

Com os publicanos e as prostitutas, amplie-se o horizonte para se sentirem envolvidos no chamado à conversão todos os homens e mulheres de nosso tempo, cada um de nós em primeiro lugar, seja qual for o nosso currículo! Encontram-se abertas as portas e as inscrições! Para entrar no Reino de Deus, as condições são o reconhecimento sincero da condição de pecadores, a coragem do arrependimento, a força para recomeçar quantas vezes for necessário, a sinceridade do olhar que se encontra com a misericórdia de Deus. Vale ainda olhar ao nosso redor e fazer festa com aqueles muitos que, também pecadores, são nossos companheiros, irmãos e irmãs que peregrinam na estrada da conversão, sem julgá-los ou pretender excluí-los.

É tempo de pedir com sinceridade: “Ó Deus, que mostrais vosso poder, sobretudo no perdão e na misericórdia, derramai sempre em nós a vossa graça, para que, caminhando ao encontro das vossas promessas, alcancemos os bens que nos reservais”.

Dom Alberto Taveira Corrêa - Arcebispo da Arquidiocese de Belém – PA.

Ser de Deus. O que eu ganho com isso?

Ser de Deus. O que eu ganho com isso?



Vale a pena ser de Deus

Hoje, vivemos a era do ‘Marketing’. Desde pequena, uma criança já sabe manusear um tablet, e por todos os lados vemos propagandas de produtos que oferecem prazer. É fato que as propagandas não vendem produtos, mas convites à felicidade que será alcançada por meio deles. Com isso, vemos uma geração que, a todo momento, se questiona: “O que eu ganho com isso?”, “Quanto eu lucro ao buscar esse ou aquele meio?”. E quando se fala em religião, vemos que esta não está numa realidade tão diferente da comercial. Em muros e cartazes, até mesmo em “carros de som”, anuncia-se, pela cidade, determinada igreja que nos trará benefícios e soluções de forma cada vez mais fácil, descomprometida e acessível ao fiel… Ou poderia dizer ao cliente?

Vemos que, na Bíblia, também havia pessoas interessadas em se beneficiar de Deus. Giezi é um exemplo; ele é um dos servos do profeta Elizeu, que testemunha a cura de Naamã, chefe do exército de Israel. O profeta não aceita nenhum presente de Naamã, o que deixa seu servo contrariado. “Então, Giezi sai correndo para alcançar Naamã. Quando este vê que Giezi corre atrás dele, desce do carro, vai ao seu encontro e lhe pergunta: ‘Está tudo bem?’. Giezi responde: ‘Tudo bem. Só que meu senhor mandou dizer-lhe: Agora mesmo, acabam de chegar, da região montanhosa de Efraim, dois jovens irmãos profetas. Por favor, dê para eles trinta e cinco quilos de prata e duas roupas de festa’. Naamã respondeu: ‘Aceite setenta quilos’. Insistiu para que Giezi aceitasse. Depois, Naamã colocou setenta quilos de prata e as roupas de festa em duas sacolas, e as entregou a dois de seus servos. Estes foram na frente de Giezi levando as sacolas” (cf. II Reis 5,21-25). Giezi mente dizendo que veio a mando do profeta pedir a prata e as roupas, mas o que o comandava nessa ação era seu desejo de ser beneficiado com o milagre que Deus operara em Naamã.

Deus não cede aos caprichos humanos

Na contramão, temos personagens bíblicos que nos mostram o caminho de uma real busca por Deus. O próprio profeta Elizeu, na passagem já citada, nos mostra que não é o que ganhamos com o Senhor que conta, mas o próprio Deus. Naamã lhe ofereceu prata e bens, mas o profeta os recusou, pois queria mostrar àquele homem que não se pode comprar a graça do Senhor. Muitas vezes, vejo por aí mensagens e dizeres onde se exortam um Deus produtor de bênçãos e milagres. Coisas como: “Deus não deixará nada de ruim acontecer. A sua vitória está perto, Deus fará de seus sonhos realidade”. Vamos construindo um “deus” condicionado ao que buscamos, ao que queremos.

Deus quer, sim, nos fazer felizes e nos levar a uma realização. Mas precisamos desmascarar um deus que segue caprichos humanos, que é uma mentira. No fim, são palavras vazias que nos levam a uma fé imatura, e acreditamos que o Senhor existe, sim, mas como nossos planos não acontecem, pensamos que Ele está longe de nós. As promessas de Deus se cumprem sempre, mas precisamos saber se elas vêm, realmente, do Pai.

O que ganho seguindo Cristo?

“Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças” (Dt 6,5). É na intimidade com Deus que encontramos Suas promessas, e assim elas se cumprem. O que ganho seguindo Cristo? Ganho Cristo! “Porque todos fomos criados para aquilo que o Evangelho nos propõe: a amizade com Jesus e o amor fraterno.” (Papa Francisco EG. 265)

Jesus veio ao mundo para nos propor uma amizade verdadeira, sem interesses. Quando seu dia não for bom, você terá onde ir e com quem desabafar. E quando for ótimo? Ele estará junto de você, alegrando-se. ‘Os verdadeiros adoradores’ são aqueles que buscam Deus por quem Ele é, e assim recebem graças em sua vida. Mas quando vem a dificuldade, não renega o amigo, pois sabe que “se lhe formos infiéis, ele permanece fiel, pois não pode renegar a si mesmo.” (cf. II Timóteo 2, 13)

Peçamos a Deus a graça de uma verdadeira conversão, de uma verdadeira disposição interior em buscar o Senhor e experimentar o amor d’Ele por nós. E que cresça, cada vez mais, o amor em nós por Ele. Que o amemos de graça, e o maior ganho que teremos com isso é Sua amizade.

Paulo Pereira - José Paulo Neves Pereira nasceu em Nossa Senhora do Livramento (BA). É missionário da Comunidade Canção Nova e atua no setor de Jornalismo da Canção Nova em Roma, Itália.

Como o celular pode desconectar o seu relacionamento

Como o celular pode desconectar o seu relacionamento



Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

O problema do celular é o exagero que nos torna desconectados nos relacionamentos

– Amor, você ouviu o que eu disse?
– Anh?
– O que você acha sobre isso?
– Uhun…
– Uhun o quê, amor? Você entendeu?
– Peraí amor, só preciso responder umas mensagens aqui…

WhatsApp, Facebook, Twitter, Instagram, Snapchat são parte das inúmeras ferramentas que possibilitam encontros virtuais entre as pessoas por meio do celular. Elas facilitam muito a vida, são usadas até no trabalho, atualizam-nos sobre o cotidiano de quem não vemos todo dia, reaproxima quem passou pela nossa infância, quem tem as mesmas necessidades que nós, enfim, muitas possibilidades de relação aparecem nessa vida conectada. Contudo, em que medida temos nos refugiado nessas conexões virtuais e nos desligado das pessoas que convivem conosco?

A realidade sem wi-fi nem sempre é tão maravilhosa e deslumbrante como as pessoas postam freneticamente nessas mídias sociais virtuais, mas é a realidade na qual se vive e é onde Deus nos plantou para que florescêssemos. E não é justo que nós negligenciemos nossos relacionamentos com quem está ao nosso lado, à espera da resposta no “zapzap”, do comentário naquela foto ou forjando um cenário para o próximo selfie.

Quer estragar um momento romântico, divertido e espontâneo? Pare tudo o que está fazendo e prepare a cena para a foto, montada para que apareçam no melhor ângulo. E repita isso várias vezes, a cada paisagem. Lá se foram minutos preciosos da viagem, do almoço e do passeio. Do que a gente estava falando mesmo? Nem importa, afinal, a foto já teve dezenas de curtidas! Ou ignore completamente quem está a sua volta, porque, afinal, você precisa se manifestar, agora, na internet, sobre esse tema que está todo mundo comentando, e comentar também, nem que seja um KKKKK, mesmo que discorde da situação, só para se mostrar engajado.

Eu não sou contra tecnologia, de jeito nenhum, sou casada com um esposo que trabalha nessa área, e lá em casa a gente está em todas essas redes e muito mais, mas me preocupa a dose diária de virtualidade que a vida vem adquirindo. Quando se percebe, é muito natural deixar as pessoas falando sozinhas enquanto você fita a tela do celular. “Desculpa, pode repetir? Eu não estava prestando atenção…”

Será que não estamos preterindo quem está ao nosso lado em busca de um ativismo virtual? Há famílias na qual todos os membros se comunicam pelo WhatsApp. Bacana, desde que isso não substitua a convivência fraterna dessas pessoas, o carinho mútuo, o amor, o afeto, o cuidado e também o compartilhamento ao vivo de tristezas, dores e dificuldades. Para provocar uma guerra, basta esquecer o carregador do celular.

Minha gente, vivemos bem sem isso, não é? Não precisamos nos fazer escravos do mundo conectado!

Eu já fiz um teste e recomendo: passe um dia completamente desconectado. Inicialmente, parecerá uma tortura, mas, ao fim do dia, você perceberá o quanto pôde cuidar das pessoas e das situações que estavam ao seu lado no dia a dia. Depois, teste ficar dois ou três dias, talvez até uma semana longe das redes virtuais. Você verá como seu tempo foi empregado em observar e agir na realidade mais próxima a você.

Ao dar um tempo nesse ambiente conectado, você voltará a ele com mais senso crítico, menos afetado pelas opiniões extremadas, e poderá dosar mais o seu tempo on-line, para que tenha também tempo de qualidade desconectado. Já percebeu como os nossos sentimentos ficam mais aflorados e acalorados na internet? Nós nos sentimos até mais corajosos para nos manifestar, dizer o que bem queremos e entender os demais à nossa maneira, levando tudo ao pé da letra e a ferro e fogo, combatendo as opiniões contrárias como se estivéssemos em guerra, como se não houvesse amanhã e, muitas vezes, magoando quem está dentro e fora do mundo virtual.

Estar on-line não é problema, o problema é o exagero que nos faz escravos da conexão virtual, negligenciando nossos relacionamentos.

Se estiver difícil vencer essa escravidão em casa, desligue a internet e pratique a frase que um restaurante divulgou bastante nas redes sociais: “Não temos wi-fi. 

Conversem entre vocês”.

Mariella Silva de Oliveira Costa - esposa, católica, feliz e amante de uma boa prosa. Jornalista, pesquisadora e professora universitária, é doutora em Saúde Coletiva (UnB), mestre em tocoginecologia (Unicamp), especialista em jornalismo científico (Unicamp) e graduada em comunicação social (UFV). Participa da RCC desde 1998 tendo atuado no Ministério Universidades Renovadas e no Ministério de Comunicação Social. Cofundadora do projeto 

Declare o Reino de Deus em sua família e afaste o mal

Declare o Reino de Deus em sua família e afaste o mal



Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com 


Toda nossa família precisa ser consagrada a Deus, submetida à vontade d’Ele

“Buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo” (Mt 6,33). Quando não damos as primícias de nosso tempo para Deus, todas as coisas ficam desencontradas e sem segurança em nossa família.

É isso mesmo que o inimigo de Deus quer, que estejamos desprotegidos, sem o verdadeiro ponto de partida em nosso dia a dia, pois, assim, ele pode ter acesso para roubar, exatamente, o que temos de bom. Ele quer destruir tudo o que é bom em nós, porque o que é bom vem de Deus, e o inimigo quer destruir a criação do Senhor.

O objetivo do inimigo

O objetivo do inimigo é destruir tudo que vem de Deus, porque é invejoso, mentiroso, seduz as pessoas para o mal, a fim de que elas sejam totalmente desviadas do plano do Senhor. O demônio quer fazer com que as pessoas se tornem, cada vez mais, infelizes e desencontradas. Ele quer entrar no coração das pessoas e acabar com a bondade que Deus plantou nelas.

Não podemos achar que o homem é bom sozinho, sem Deus. A bondade vem do Pai, e precisamos cultivá-la, regá-la com a água do Espírito Santo.

Imagine, então, o risco que corremos quando não caminhamos lado a lado com Deus! Toda a nossa família precisa ser, urgentemente, levada para Ele, consagrada a Ele, submetida à Sua vontade. E que possamos dizer: “Eu e minha casa serviremos ao Senhor”.

Precisamos agir antes que satanás invada e roube o que nos é mais precioso e sagrado; antes que ele roube o marido, a esposa, os filhos. Não deixemos que isso aconteça em nossa família, não nos enganemos nem percamos tempo.

Somos pessoas boas, mas isso não nos basta. Precisamos ser de Deus para valer, pois somente perseverando n’Ele a bondade pode permanecer em nós.

Imagem e semelhança de Deus

O inimigo quer destruir o que, naturalmente, Deus construiu em nós; ele quer destruir a imagem e semelhança de Deus que somos.

O diabo quer roubar nossos valores e os tesouros que o Senhor nos deu. O inimigo faz de tudo para roubar nossa felicidade, destruir a união entre os casais, o amor nas famílias, os relacionamento entre pais e filhos.

Por isso rezem, rezem, não percam a força e a vontade de rezar. Não se deixem vencer. Comecem rezando o terço todos os dias; depois, reze mais de um terço, busque a Eucaristia, a Palavra de Deus, e expulse satanás da sua casa e do seu casamento.

Com Deus somos mais que vencedores! Ele é maior e tem o poder de nos libertar das ciladas do malvado. Ele pode restituir o casamento, refazer o lar, devolver o amor! Lute, reaja em orações e tome posso do que é seu.

Consagre sua família a Deus

O demônio tem entrado com tudo, roubando, destruindo, fazendo as esposas sofrerem, fazendo as crianças, os filhos sofrerem. No entanto, ele só faz isso com quem dorme no ponto, com quem leva a vida no mais ou menos com Deus, com quem não tem verdadeiro compromisso com o Senhor.

Consagre sua vida e sua família a Jesus, ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Nossa Senhora.

Pais, mães, noivos, namorados, coloquem os seus pés no chão, acordem para a vida e busquem, urgentemente, uma vida de oração.

Invistam nas coisas de Deus, coloquem-no em primeiro lugar, porque não basta vocês serem pessoas de posses, com títulos e diplomas nas mãos; antes, é preciso ser de Deus!

Marlúcia Lopes - Comunidade Canção Nova

Aprenda a conviver sem se fazer de vítima

Aprenda a conviver sem se fazer de vítima


Foto: Wesley Almeida / cancaonova.com

Se tivéssemos a capacidade de julgar alguma coisa, o mundo estaria condenado pelas injustiças das quais achamos ter sido vítimas

Há momentos em que, se houvesse uma estrada que levasse para lugar nenhum, sem dúvida, estaríamos viajando por ela. Justificativas não nos faltariam. Muitas vezes, achamos que ninguém tem paciência conosco, que estão sempre a nos cobrar alguma coisa e que são todos chatos.

Podemos pensar que não temos amigos fiéis, que o namoro não progride, os relacionamentos familiares se tornaram delicados e instáveis, e, na escola ou faculdade, falta-nos estímulo. Quem dera se, em tais situações, pudéssemos “derreter”. Temos a impressão de que o mundo ruiu ou que o “cano da descarga” está sobre nossa cabeça. Parece que os amigos e as pessoas mais próximas se afastaram.

Que “ave de mau agouro” posou sobre nossos ombros, trazendo tanta coisa ruim?

Influenciados por essa sensação de injustiça e incompreensão, não percebemos o nosso próprio comportamento, o qual, lentamente, poderia ter se transformado. A começar por nossas conversas, por menores que sejam esses momentos, o teor do diálogo sempre se esbarra nas críticas, lamúrias etc. Se tivéssemos a capacidade de julgar alguma coisa, o mundo estaria condenado pelas injustiças das quais achamos ter sido vítimas.

Pode ser que todo esse sentimento negativo seja o resultado do nosso próprio temperamento. Sem perceber, podemos ter nos transformado em pessoas inflexíveis e irredutíveis aos novos conceitos. É difícil aceitar essa ideia, mas ninguém gosta de estar junto de alguém que considera somente suas ideias válidas, sua opinião é a que deverá ser acolhida, sempre tem a razão. Amigos, namorados e vizinhos que puderem se afastar de tais pessoas, seguramente o farão, reservando-se manter poucos contatos. Outras, com as quais os vínculos de responsabilidade são mais profundos, poderão apenas se tolerar.

Tenha a coragem de mudar

De nossa parte, pois nos sentimos injustiçados, cabe a retomada da vida com a coragem de admitir a necessidade de mudança, esforçando-nos para que sejamos diferentes a partir de uma profunda e honesta reflexão. Essas mudanças podem ser pequenas, mas de grande impacto, como a disponibilidade do sorriso, a docilidade e presteza em ajudar e, se necessário, o empenho em buscar a convivência, mesmo que possa nos exigir um esforço sobrenatural.

Por melhores que sejam os momentos já vividos, não estamos isentos de outros amargos. Contudo, esses momentos de retomada de consciência acontecem quando temos a capacidade de processar e assimilar essa situação; muito embora, ao fazê-lo, tenhamos a impressão de que não seremos capazes de sobreviver no dia seguinte. As pequenas mudanças ocorridas em nossa vida, certamente, serão refletidas em nosso convívio social e, de maneira muito especial, em nossa família.

Deus abençoe.

Dado Moura - trabalha atualmente na Editora Canção Nova, autor de 4 livros, todos direcionados a boa vivência em nossos relacionamentos. 

14 de setembro de 2017

Amor e perdão, uma feliz combinação

Amor e perdão, uma feliz combinação


Os sentimentos de amor e perdão devem caminhar juntos

Todos nós, combatentes, deveríamos trazer sobre a nossa farda esta frase: ‘Amor e Perdão’. Não pode faltar amor nem perdão na vida do combatente do Senhor. O amor e o perdão caminham lado a lado. A natureza humana e a nossa tendência para o pecado nos levam a agir de forma contrária à vontade de Deus. Muitas vezes, não conseguimos encarar os acontecimentos na visão do amor. O joio que o inimigo semeia, no meio dos filhos de Deus, é o desamor e a recusa em dar o primeiro passo para perdoar.

O perdão é um ato de vontade e, se não lutarmos para sair de nós mesmos, se não deixarmos de lado o nosso orgulho para ir ao encontro dos nossos irmãos, perderemos tudo e todos. A lei do amor precisa triunfar em nossa vida, em nossa casa, em nossa família. Quantas famílias, casamentos e comunidades cristãs estão sendo destruídos pela falta de perdão! Precisamos entender: o perdão é a chave que nos devolve a unidade e que nos conduz a uma vida no amor.

Não podemos nos deixar levar pelos sentimentos. Os nossos sentimentos nos arrastam e nos levam a fazer o que não devíamos. A nossa luta é espiritual, há em nós forças que nos levam ao perdão; mas existem também forças nos segurando, nos prendendo, nos amarrando e escravizando, dizendo ‘não’, impedindo-nos de perdoar. Jesus, no entanto, quer nos dar a vitória do perdão. Perdoar é um presente de Deus, é uma porta de graças. Sempre teremos necessidade de perdoar. Quantas vezes devemos perdoar? É preciso perdoar sempre! Assim como temos dificuldade em perdoar as pessoas, elas também sentem a mesma dificuldade em perdoar as nossas faltas.

A partir do momento em que decidimos perdoar, somos curados e restaurados no amor, recuperamos a alegria e a paz. Quando perdoamos, não estamos fazendo papel de bobo, não estamos compactuando com o erro dos outros. Ao contrário: perdoar é algo muito concreto. É como quando se perdoa uma dívida. Você sabe que a dívida existe, que determinada pessoa deve para você tal quantia; você não é nenhum cego, nenhum “trouxa”. Você sabe de tudo, mas, de olhos abertos para a realidade, você perdoa aquela dívida. Veja: a dívida existe, mas você perdoa.

Perdoar é algo nobre. Não se prenda a coisinhas: salve sua vida. Procure vencer o seu orgulho. Perdoe a todos, perdoe por tudo, perdoe sempre. O perdão faz crescer o amor entre as pessoas, e todo o corpo de Cristo, que é a Igreja, ganha com isso. Muitas vezes, não recebemos as bênçãos do Céu, porque não perdoamos. Deus quer nos abençoar, mas, se estivermos fechados ao perdão, a graça não acontecerá. O nosso coração precisa estar aberto ao perdão para que a graça de Deus seja abundante em nossa vida.

Façamos a oração de São Francisco pedindo a Deus a graça de perdoar sempre: “Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz! Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve a perdão. Onde houver discórdia, que eu leve a união. Onde houver dúvida, que eu leve a fé. Onde houver erros, que eu leve a verdade. Onde houver desespero, que eu leve a esperança. Onde houver tristeza, que eu leve a alegria. Onde houver trevas, que eu leve a luz! Ó Mestre, fazei com que eu procure mais: consolar, que ser consolado; compreender, que ser compreendido; amar, que ser amado, pois é dando que se recebe, é perdoando, que se é perdoado, e é morrendo que se vive para a vida eterna! 

Não se sinta humilhado ao dar o primeiro passo para o perdão. Muito pelo contrário: você é vencedor, porque teve a coragem de perdoar primeiro. Nunca espere que os outros deem o primeiro passo. Dê você e verá a grande libertação que Deus fará em sua vida. Quando nos humilhamos diante dos homens, crescemos diante de Deus e Sua graça é superabundante em nossas vidas! Esta é a vitória do combatente: amar e perdoar, uma feliz combinação. O amor nos leva a perdoar, e o perdão nos faz crescer no amor.

Canção Nova

Você se critica muito?

Você se critica muito?




Como você está em seu autoconhecimento? É muito crítico? Conhece muito ou pouco de si mesmo e de suas características?

Quantos de nós já não nos pegamos avaliando nossas atitudes e nosso jeito de ser, e, muitas vezes, “exagerando” na dose? Poderíamos chamar esse exagero de autocrítica excessiva.

No entanto, em muitas situações por diversos motivos, temos uma visão distorcida dos fatos e de nós mesmos – devido à forma como fomos criados e à influência das pessoas com as quais convivemos – e adotássemos um comportamento perfeccionista e preocupado em realizar tudo da melhor maneira possível.

Muitas vezes, torna-se difícil aceitar algo que não saia de forma correta (pelo menos na nossa forma de ver o mundo) e também de aceitar que não somos perfeitos, que somos passíveis de erro.

Mas, então, ser perfeccionista é um erro!? Características como zelo, responsabilidade, empenho em fazer tudo bem feito são boas, claro, mas podem esconder uma imensa dificuldade em errar e um sofrimento exagerado quando isso acontece. Podemos estender esta exigência não só com relação à visão que temos de nós, como também com relação à crítica excessiva ao outro, fato que acabo criando dificuldades em nossos relacionamentos.

E o que pode gerar essa crítica excessiva? Mau humor, pensamentos negativos, baixa autoconfiança, dificuldade para decidir. Como um círculo vicioso, estas características alimentam umas às outras, se não aceito um erro, fico de mau humor, penso negativamente e cada vez mais deixo de ter confiança em mim.

Uma ótima possibilidade para mudar este quadro é a ampliar sua capacidade de autocompreensão e de avaliação mais clara e objetiva das situações e com uma maior dose de racionalidade. Pergunte-se: “Será que, de fato, eu não posso errar?” e “Será que meus resultados realmente são ruins ou eu sempre estou insatisfeito com tudo?”.

Outro passo importante para superar esse sentimento é reconhecer seus pontos fortes, suas qualidades. Nossos amigos e pessoas com as quais convivemos podem ser ótimas fontes de referência para estas perguntas, quando nós mesmos não conseguimos respondê-las. Muitas vezes, o olhar do outro é muito mais claro e desprovido de crítica do que nosso próprio olhar.

Por mais que estejamos errados, se nossa visão não é tão distorcida, conseguimos ter, até mesmo no erro, uma visão mais adequada, uma capacidade de corrigir-nos sempre que errarmos sem sofrer exageradamente e ter um diálogo interno positivo, com menos punição e mais ação em busca de novas possibilidades.

Cuidado ainda com as pessoas que têm esta opinião crítica em excesso. Já imaginou dois críticos juntos?

Você acredita mesmo que não tem nada de bom ou que tudo aquilo que faz está ruim ou não tem valor? Se você se identificou com estas características, experimente este exercício de reflexão e de cuidado consigo e com as qualidades, que certamente, você possui. Não se trata de negar o que é ruim, mas dar o peso adequado para as situações e comportamentos e, especialmente, de compreender que falhamos, mas que temos a possibilidade de dar a volta por cima.

Elaine Ribeiro dos Santos - Psicóloga Clínica e Organizacional, colaboradora da Comunidade Canção Nova.

Depressão: quais caminhos seguir?

Depressão: quais caminhos seguir?


Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com 



A depressão tem características próprias e não deve ser confundida com um estado de tristeza

Vivemos um ritmo de atividades e de exigências numa sociedade que, cada vez mais, corre por resultados e sucesso. Num mercado de trabalho altamente competitivo e desafiador, doenças surgem no ambiente profissional e preocupam as organizações e a sociedade como um todo. Uma das doenças que chamam à atenção, nesse cenário, é a depressão. Considerada uma das enfermidades que tem crescido de forma expressiva nos últimos anos, a depressão tem características próprias e não deve ser confundida com um estado de tristeza.

Podemos pensar na tristeza como um sentimento que nos leva a um processo de reflexão, de estarmos quietos; sentimento manifestado pela perda de alguém, por algo relacionado ao trabalho, pela decepção com alguém ou a frustração de expectativas irrealizadas. A grande diferença é que uma pessoa triste consegue manter sua rotina diária, seu cuidado pessoal e até mesmo experimentar alegrias que possam surgir nesse período. Como fato passageiro, esse sentimento pode ser identificado em sua origem, ou seja, conseguimos descobrir o motivo pelo qual estamos tristes.

Sinais aparentes da depressão

Quando falamos em depressão, os sinais aparentes de desmotivação, desinteresse, tristeza persistente, falta de desejo de cuidar de si e de dar seguimento às suas atividades cotidianas, bem como aquela sensação de ver o mundo “cinza”, sem cor e sem motivos, tornam-se mais prolongados. Nesses casos, a intervenção médica se faz necessária, bem como o apoio psicológico para que a pessoa possa reestruturar seus pensamentos e descobrir sua forma de lidar com a doença e com a vida. Sabemos ainda que a espiritualidade também tem um papel importante na superação de qualquer adoecimento, inclusive na depressão.

Não nos esqueçamos de que, muitas vezes, em nossa família, na sociedade e entre nossos amigos ainda existe uma dificuldade de compreender a situação pela qual uma pessoa deprimida está passando. Também para o deprimido não é uma tarefa fácil aceitar a doença e o tratamento. O mais importante é que os tratamentos existem, e acreditar na superação e na melhora é um passo essencial tanto para o paciente quanto para aqueles que convivem com ele. Os quadros depressivos podem ter duração de alguns meses ou serem mais persistentes; em ambos os casos, os doentes podem contar com a ajuda especializada, a fim de que as sensações causadas pelo quadro possam ser minimizadas e uma maior qualidade de vida possa ser obtida.

Por mais difícil que seja ou por maior que seja a vergonha ou o sentimento que o esteja impedindo de dar passos para a cura, não deixe de buscar ajuda. Um amigo, um familiar, aquele médico que já conhece um pouco de sua saúde podem ser os primeiros a quem você pode pedir auxílio quando perceber que esse quadro de tristeza está demorando um pouco mais para passar, dando sinais de que vão além do usual.

Elaine Ribeiro dos Santos -  Psicóloga Clínica e Organizacional, colaboradora da Comunidade Canção Nova.

Perdoar deve ser um ato sem limites para ser concedido

Perdoar deve ser um ato sem limites para ser concedido




Perdoar nem sempre é fácil, principalmente quando a causa da ofensa abriu profundas feridas no coração

Muitos caminham pela vida com feridas abertas há muitas décadas, e buscam a cura para a cicatrização. No entanto, quando pensam que ela ocorreu, a ferida se abre novamente e causa dores maiores que no passado. Jesus nos diz que devemos perdoar o nosso irmão setenta vezes sete, ou seja, o perdão não tem limites para ser concedido. No entanto, nossa realidade humana, frágil e pecadora, insiste em deixar que a ofensa seja maior que o perdão. Tudo isso se deve à profundidade que a mágoa causou em nossa alma. Bom mesmo seria se conseguíssemos perdoar sempre e de coração.

O perdão é um processo que precisa de nossa ajuda para que possa ser concedido de maneira plena. As causas das mágoas podem ser várias e ocorrer nas mais diversas situações, desde uma palavra mal interpretada até uma carência profunda e sem consciência. Muitos são os motivos para que as feridas abertas demorem muito tempo para serem cicatrizadas.

Quanto mais remoemos, em nosso coração, a ofensa sofrida, maior será a dificuldade de perdoar. A mágoa, que é alimentada pelo nosso coração, não é benéfica para o nosso processo de cura interior. Pelo contrário, uma mágoa que é alimentada, constantemente, pelo sentimento de revolta aumenta as dores emocionais e dificulta a processo de cicatrização de uma ferida aberta.

O desejo de vingança é bastante comum em quem sofreu uma traição. O primeiro sentimento que surge no coração de quem passa por esse processo é: “Assim como fez comigo, também farei”. Esse sentimento é sempre prejudicial, porque nunca vamos resolver um problema usando das mesmas armas que feriram nossa alma. Guerra de sentimentos produz destruição em massa do amor. A solução para os conflitos não se busca na vingança, mas sim no diálogo sincero, maduro e humano.

A paciência da espera

Também não adianta falarmos para todo mundo e espalharmos aos quatro ventos a revolta que sentimos, se nunca temos a coragem de procurar quem nos ofendeu. Palavras de revolta, quando partilhadas com todos, podem aumentar os princípios de reconciliação. São muitas as situações em que o ser humano precisa de uma plateia que aplauda suas críticas para reforçar a autoestima de que o agressor não merece perdão.

No tumulto das emoções, toda busca de reconciliação e paz será infrutífera. É preciso cultivarmos a paciência da espera. Emoções à flor da pele nunca vão nos ajudar na busca da paz. O tempo é um precioso aliado para quem deseja fazer do perdão um ponto de partida para um novo recomeço. Espere até que as ondas da fúria possam ceder lugar à serenidade das águas de um lago.

Nunca deixe de orar pela situação que você enfrenta. A oração é o alimento da alma e a paz que acalma nossos sentimentos. Busque na oração o primeiro passo para a cura de suas mágoas. Coloque tudo o que você sente nas mãos de Deus e deixe que Ele transforme o negativo de suas emoções nas flores do perdão.

Padre Flávio Sobreiro - Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP e Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG), padre Flávio Sobreiro é vigário paroquial da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Santa Rita do Sapucaí (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG). 

O que me faz sonhar e ser feliz

O que me faz sonhar e ser feliz



Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
Mesmo em meios às adversidades, podemos sonhar e ser feliz

De tempos em tempos, faz muito bem reavaliarmos a vida e percebermos a necessidade de mudanças para continuarmos vivendo plenamente para sermos felizes.

É como quem está seguindo em uma estrada reta e, de repente, depara-se com uma bifurcação. Não dá mais para seguir do mesmo jeito, é preciso optar por uma direção ou outra e preparar-se para as novidades que seguem. Sim, a vida é feita de novidades!

Ser feliz a cada dia

Cada dia é único, mesmo que seja repleto de coisas aparentemente iguais. Nós também somos únicos, mesmo que, às vezes, nos tratem como iguais.

Viver cada dia com suas surpresas, fazendo nossas próprias escolhas, abertos às novidades, é o que dá verdadeiro sentido à vida.

Aliás, sentido é uma palavra que tem tudo a ver com a forma que escolhemos viver. Não estamos, neste mundo, por acaso, e ter um sentido na vida faz toda diferença.

Conheço um provérbio popular que diz: “Para o barqueiro que não sabe aonde quer chegar, nenhum vento lhe é favorável”. Ou seja, quem não tem uma meta dificilmente chega a alguma conquista, e até quando aconteçam coisas boas, nada parece lhe favorecer.

É que, na verdade, costuma-se encontrar o que se procura.

Por isso, se você busca a felicidade, por exemplo, vai encontrar razões para ser feliz mesmo em meio às adversidades; contudo, se não busca a felicidade, quando ela vier ao seu encontro não a reconhecerá.

Assim, se não sei o que estou buscando, como posso encontrar? É claro que existem pedras no caminho e nem todos os ventos sopram a nosso favor, mas, quando temos uma direção, algumas pedras nos servem de degraus e alguns ventos fazem nosso barco avançar mar adentro com maior velocidade.

Sonhos para ser feliz

Se quisermos realizar sonhos e ser feliz, é preciso sabermos com clareza aonde queremos chegar. A partir daí, fazermos as pequenas e grande escolhas do dia a dia, sem medo de arriscar.

Lembre-se de que você é único e tem um valor fundamental neste mundo.

Siga seu coração e procure agir de acordo com aquilo que você sonha e deseja, e não de acordo com o que os outros pensam e querem para você.

Nessa busca, você precisa olhar para seu passado com gratidão, mesmo que tenha sido difícil, sabendo que ele só pode influenciar seu futuro positivamente se você tiver aprendido com seus erros.

Também precisa ter calma e respeitar seu processo de mudança.

O mundo pede urgência, é verdade, mas o coração tem seu próprio ritmo.
Dicas para ser feliz

– Tenha paciência com você mesmo, respeite seus limites e vá dando um passo de cada vez sem desanimar.

– Não permita que nada impeça suas relações com as pessoas, com Deus e com você mesmo.

– Se for preciso, reconcilie-se, recomece, ame mais intensamente e não queira ser sempre o dono da razão.

Permita-se o direito de errar e arrisque mais uma vez, sempre que for preciso.

Quem sabe o que quer não perde tempo se lamentando das quedas, olha para o futuro com esperança e sabe que, para chegar aonde deseja, tem de viver bem o presente. Portanto, levante a cabeça e volte a acreditar nos seus sonhos agora mesmo!

Você não estará sozinho, existe um Deus que o ama e está disposto a orientar seus passos. “Quer você se volte para a direita, quer para a esquerda, uma voz atrás de você lhe dirá: ‘Este é o caminho; siga-o’” (Is 30,21).

A felicidade está à sua espera, por detrás de cada acontecimento que a vida lhe proporciona, vá ao encontro dela sem medo. Os ventos são favoráveis para o barqueiro que sabe aonde quer chegar!

Dijanira Silva - Missionária da Comunidade Canção Nova, desde 1997, Djanira reside na missão de São Paulo, onde atua nos meios de comunicação. Diariamente, apresenta programas na Rádio América CN. Às terças-feiras, está à frente do programa “De mãos unidas”, que apresenta às 21h30 na TV Canção Nova. 

9 de setembro de 2017

Ao removermos nossos escombros, damos passos para a cura

Ao removermos nossos escombros, damos passos para a cura



Ainda há vida por debaixo dos escombros?

“É preciso que não desanimemos de maneira nenhuma; antes, empreendais com calma, cuidado e com uma coragem cheia de paciência, a tarefa de curar a vossa alma das feridas que tenha recebido na batalha” (São Francisco de Sales).

Algo que hoje, infelizmente, tem impedido muitas pessoas de fazerem a experiência com o amor e a misericórdia de Deus para com si mesmo é a dificuldade de lidar com o que podemos chamar de escombros existenciais.

Conforme a Sagrada Escritura, podemos tomar como referência o povo hebreu na história da salvação, que, com o tempo, se cansaram de Deus, esqueceram-se da Mão Forte que os tirou da escravidão, porque caíram nas malhas da sedução e da corrupção do pecado. Contaminaram-se, prostituíram-se, curvaram-se diante dos deuses pagãos e romperam a aliança com Deus.

“Não esqueceis a Aliança que firmei convosco, nem venereis deuses estrangeiros, mas venerai o Senhor, vosso Deus, e ele vos salvará da mão dos vossos inimigos. Eles, porém, não deram ouvidos, e continuaram conforme seu antigo costume” (2Rs 17,38-40).

Como consequência das más escolhas, Jerusalém, a amada e eleita, acabou por terra, incendiada. O Templo Sagrado, morada de Deus, foi invadido, profanado, roubado e destruído. O lugar que o Senhor quis habitar, estar no meio do Seu povo, era somente escombros. Como um pai ou uma mãe, que, mesmo com o coração partido, precisa disciplinar o filho por meio de uma correção ou castigo, Deus agiu energicamente com Seu povo. Era preciso que este passasse por um castigo, resultado de suas próprias escolhas. Aqui é importante ressaltarmos as escolhas.

A liberdade de escolha

Recordo-me do filósofo dinamarquês Sören Kierkegaard (1813-1855) quando apresenta a angústia existencial humana proveniente das escolhas. O homem, que se volta para a satisfação dos seus desejos, que mergulha em uma vida desregrada e permite-se envolver pelas paixões, no primeiro momento, não tem plena consciência da complexidade na qual está se envolvendo, pois está imerso na saciedade de seus desejos.

Kierkegaard aprofunda nessas questões em seus escritos e aponta o resultado do homem que não põe limites na busca pela saciedade de suas paixões e desejos; e acaba tomado por uma escuridão e um vazio por não encontrar a saciedade que procura; e, então, depara-se com a angústia.

Segundo o filósofo, o vazio existencial que o homem experimenta é uma consequência de sua própria liberdade de escolha, que, ao se deparar com a superficialidade de sua realização, encontra-se confinado ao desespero. Kierkegaard aponta a saída para essa realidade como um salto, um impulso que se deve dar para sair desse poço escuro. Mais uma vez, as escolhas e a oportunidade de uma revisão, de um reconhecimento dos erros. Nesse sentido, partindo da filosofia de Kierkegaard, podemos comparar com as exortações de Deus para com o povo, que se afastasse da vida de corrupção e iniquidade. No entanto, pela liberdade, o homem pode querer ou não olhar para dentro de si e voltar para Deus. Kierkegaard acena para essa necessidade: o salto de um reconhecimento dos erros e um salto para Deus.

Remover os escombros: o passo para a cura

Nesse árduo caminho da vida, deparamo-nos com nossos escombros existenciais, com as pedras – e estas não são poucas! São elas as nossas fraquezas e maldades, nossos limites e a incapacidade que tocamos em nossa impotência. Não somos tão fortes assim; precisamos de coragem para encarar nossa verdade. E se não estivermos bem firmes na Rocha, que é Deus, acabamos em escombros e desmoronamos.

Impressionante o que acontece com aqueles que estão imersos nas trevas! Uma pessoa em penumbra não é capaz de enxergar nenhuma possibilidade, apenas de entrega ao desespero, como Kierkegaard nos apresentou. É uma pessoa confinada apenas à derrota, não vendo saída para mais nada. Apenas como que soterrada pelos escombros de sua vida, que desabou sem possibilidade de sobrevivência.

É nessa armadilha que o demônio tem investido e na qual tantos têm caído e morrido. Muitos já se deram por vencidos, não têm expectativas. Quantas pessoas viveram uma experiência com Deus, mas, hoje, por tomarem de volta a vida velha, acabaram por se encontrar com suas próprias fraquezas! Já não se veem mais dignas de voltar para Deus; fecham-se, então, à Luz, que é o próprio Cristo, e trancam-se no quarto escuro do peso e da falta de perdão a si próprio.

Lançando o olhar para essa imagem dos escombros, vem-me à mente aqueles acontecimentos de prédios, construções que sofreram desabamentos, que vieram abaixo por explosões ou acidentes. A equipe de resgate está realizando seu trabalho no lugar dos escombros. Que triste quando conseguem encontrar os corpos já sem vida! Quando, no entanto, vemos aquelas imagens do resgate de pessoas vivas, que estavam horas debaixo daqueles escombros, contemplamos um milagre. São crianças sendo resgatadas, que resistiram e saíram com vida. Meu Deus, que alegria!

Assim acontece conosco quando estamos debaixo dos escombros de nossa vida. Não é o ponto final. Podemos escolher entre permanecer soterrados ou gritar por socorro. Podemos nos render ou buscar dentro de nós a força para suplicar ajuda em sair das pedras. Precisamos ter a coragem de remexer os escombros e não nos contentarmos com a realidade na qual nos encontramos.

Em momentos de nossa vida, somente podemos nos enxergar como um poço de lepras, indignos de Deus. Mas Ele, em sua infinita Misericórdia e Amor, estende Sua Mão como os bombeiros em resgate e vem nos dizer: “Coragem! Ainda há vida por debaixo dos escombros!”.

Deus abençoe você!

Leonardo Ribeiro do Nascimento - Candidato às Ordens Sacras na Comunidade Canção Nova. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Atua no Departamento Rádio Canção Nova no setor de conteúdo, locutor do programa ‘Encontro com a Misericórdia’ e ‘Terço em Família’, no Santuário Pai das Misericórdias e Confessionários.

Nestes tempos difíceis, Francisco propõe a terapia da esperança

Nestes tempos difíceis, Francisco propõe a terapia da esperança


Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
Papa Francisco propões aos cristãos que vivam a esperança diariamente

A Igreja nos ensina que a esperança é uma virtude teologal recebida no sacramento do batismo. Trata-se de uma graça infusa, que nos “ajuda a desejar e esperar tempos melhores em nossa vida, aqui na Terra, e a ter a certeza de que conquistaremos a vida eterna, que será nossa felicidade”1. Em outras palavras, é um modo de enxergar os fatos e a resposta que damos a eles, sempre na expectativa de uma vida plena com Deus. Porém, a maioria dos fatos, hoje, não nos ajudam a dar uma resposta apoiada na esperança, mesmo porque o que menos se vê é a possibilidade de mudança.

A corrupção nos surpreende a cada dia, quando os noticiários apontam novos casos bilionários. A violência faz vítimas todos os dias, e os mais atingidos são os jovens2. O desemprego não dá trégua e já atinge mais de 13 milhões de brasileiros. Os porquês de tantos males é um questionamento complexo, que ultrapassa as possibilidades de respostas imediatas, mas a maneira de se posicionar, neste mundo, é uma escolha individual.

Catequeses de Francisco

Papa Francisco dedica, há oito meses, as catequeses de quarta-feira ao tema da esperança cristã. A escolha se deu justamente pelo desejo de apresentar ao mundo que, no “deserto de nossa vida é possível florir se há esperança”. Na primeira catequese sobre o tema 3, Papa afirmou “que a vida é, muitas vezes, um deserto, é difícil caminhar, mas, se há confiança em Deus, ela pode ser bela e ampla, como uma avenida. Basta não perdermos jamais a esperança e continuarmos a crer, sempre, apesar de tudo”.

É para ultrapassar esse “apesar de tudo” que ele aponta a “terapia da esperança”4. Francisco recorda a situação dos discípulos de Emaús, narrada no Evangelho de Lucas (cfr 24,13-35), que, após o “aparente fracasso de Jesus”, tomam o caminho de volta para casa e se sentem desiludidos. A esperança que tinha de libertação foi vencida na cruz. Mas Jesus Ressuscitado os alcança em amplo sentido; antes de tudo, ouve-os e, depois, aponta o sentido dos fatos. Assim, realiza-se a terapia para uma vida de esperança.

“Jesus fala a eles, antes de tudo, por meio das Escrituras. Quem toma, nas mãos, o livro de Deus não encontra histórias de heroísmo fácil, grandes campanhas de conquista. A verdadeira esperança não é nunca a pouco preço: passa sempre por meio das derrotas”, ensina o Papa.

Jesus é a nossa fonte de esperança

Francisco recorda que “Jesus está sempre ao nosso lado para nos dar a esperança, para aquecer o coração e dizer: ‘Vá em frente, eu estou contigo. Vá em frente’”. É esse o ensinamento da Igreja, que, no caminhar da história, mostra que o mal jamais vence o bem, mesmo que as aparências mostrem o contrário.

“O segredo da estrada que conduz a Emaús está todo aqui: mesmo diante das aparências contrárias, nós continuamos a ser amados, e Deus nunca deixará de nos amar. Ele caminhará sempre conosco, sempre! Mesmo nos momentos mais dolorosos, mais feios e também nos momentos de derrota, ali está o Senhor. Essa é a nossa esperança, e com ela caminhamos adiante, porque Ele está conosco e caminha conosco sempre!”

Somente tomar consciência disso é suficiente para atravessarmos esse mar de tribulações e desesperanças? Francisco aponta, então, o “arremate” dessa terapia: “Os homens precisam de esperança para viver e precisam do Espírito Santo para esperar”. Ele cita a carta aos Hebreus, que compara esperança a uma âncora (cf. 6,18-19); e a esta imagem acrescenta a vela. Se a âncora é o que dá segurança ao barco e o mantém “ancorado” no balanço do mar, a vela é o que faz caminhar e avançar sobre as águas.

“A esperança é realmente como uma vela; ela recolhe o vento do Espírito Santo e O transforma em uma força motriz, que impulsiona o barco, conforme a necessidade, para o mar ou para a terra”, conclui. Desse modo, conscientes de Quem está conosco e se apresenta como o “Terapeuta da esperança”, e mais ainda com quem contamos para o sopro do Espírito Santo, o mar já não nos assusta como antes e podemos navegar com confiança.

Liliane Borges - Jornalista e missionária da Comunidade da Canção Nova

O que Paulo quis dizer com "deixai-vos conduzir pelo Espírito Santo"?

O que Paulo quis dizer com "deixai-vos conduzir pelo Espírito Santo"?


Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
“Deixai-vos conduzir pelo Espírito Santo” (Gl 5,16a)

Você, realmente, sabe o que é se deixar conduzir pelo Espírito Santo? Qual foi a verdadeira intenção do Apóstolo Paulo ao dar essa ordem? Muitos perdem a oportunidade de viver direcionados por Deus, por não entenderem essa máxima fundamental para o Cristianismo.

Para compreender essa ordem de se deixar conduzir pelo Espírito Santo, segundo o pensamento paulino em Gálatas, é necessário olhar para o contexto literário e histórico da carta. Em outras palavras, é importante compreender o que fez com que Paulo dissesse isso. Depois, aí sim, podemos atualizá-la em nossa vida.

Uma das intenções do apóstolo Paulo, na carta aos Gálatas, é responder a uma das questões mais relevantes para o cristianismo primitivo: os pagãos que se convertem à fé de que Jesus é o Cristo precisam viver, segundo alguns preceitos específicos, da lei judaica? Precisam seguir as prescrições alimentícias do judaísmo? Eles tem a obrigação de fazer a circuncisão? (cf. At 10,19-23; 15,1-21; Gl 2,1-10).

A resposta não era tão simples assim, pois estava como “pano de fundo” da discussão o fato de que os judeus, sobretudo os fariseus legalistas daquela época, tinham a ideia de que aqueles que vivessem segundo tais normas seriam justificados por Deus, alcançariam d’Ele a graça e, portanto, seriam de alguma maneira salvos (cf. Gl 2,16). Em contrapartida, aqueles que não as cumprissem seriam considerados pecadores, impuros e estariam condenados às maldições de toda ordem. Desse modo, a vivência da lei seria a causa da justificação.

Qual é o problema dessa concepção legalista?

Se é a lei que justifica o ser humano, então, de nada valeu a vida, paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo! (cf. Gl 3,13-14). Paulo entende a gravidade da questão e, diante da ameaça dos pregadores judaizantes e legalistas que estavam pregando aos gálatas, escreve parte da carta para mostrar que o que justifica é a graça de Deus, a qual, uma vez recebida pelo ser humano, deve ser vivenciada por meio de atitudes concretas (cf. Gl 2,4). Assim, o ser humano continua sendo dependente da graça de Cristo para a sua salvação e livre da tentação de querer salvar-se a si mesmo (cf. Gl 3,10-14).

É por essa razão que o apóstolo Paulo diz aos Gálatas que o cristão não deve viver como escravo da lei, mas sim pela fé vivida em Cristo (cf. Gl 3,23-29). Por que isso é importante? Porque o que deve garantir a vivência da santidade não é a imposição da lei, mas a ação do Espírito Santo no ser humano.

Com efeito, se alguém realiza o bem apenas porque a lei manda, então, o que motivou a ação pode ter sido, talvez, o medo da punição prevista na norma. Um exemplo pode ajudar na compreensão: imagine que uma pessoa esteja apontando uma arma engatilhada para sua cabeça e gritando para que você perdoe alguém que o magoou. Seu perdão seria verdadeiro? Muito provavelmente não! O que o teria conduzido, talvez, fosse o terror da morte. Essa é a dinâmica de quem está vivendo pela lei, segundo Paulo.

Ação do Espírito Santo

Assim, deixar-se conduzir pelo Espírito, dentro do contexto da Carta aos Gálatas, significa ser livre do jugo da lei e realizar a vontade de Deus como fruto da ação do Espírito Santo (cf. Gl 5,22-23). Trata-se de agir segundo a graça de Deus. Assim, se faço o bem, é porque sou cheio do Espírito Santo. Se perdoo, é porque sou cheio do Senhor. Se amo, é porque Cristo vive em mim! (cf. Gl 2,19-21). Quantas pessoas fazem o que Deus quer apenas por medo do inferno ou de qualquer outro castigo! Quantas pessoas vão à Santa Missa, só porque existe um mandamento! Talvez, você, meu querido leitor, tenha respondido essas perguntas, incluindo-se na resposta com um sonoro “eu”.

Diante disso, é preciso deixar-se conduzir pelo Espírito e não pelo medo, nem mesmo pela obrigação da lei. É preciso entender que “foi para a liberdade que Cristo nos libertou” (cf. Gl 5,1). Assim, se perdoo, se amo, se vou à Missa, se sou servo de Deus, é porque tudo isso é fruto da ação poderosa do Senhor na minha vida. É importante salientar ainda duas informações sobre o verdadeiro sentido da expressão “deixai-vos conduzir pelo Espírito Santo”. A primeira é que a melhor tradução do texto grego da Carta aos Gálatas (Gl 5,16a) é “andeis segundo o Espírito”, ou ainda, “andeis no Espírito”, já que o verbo é “paripateo”, literalmente, “andar” ou “caminhar”.

A relevância maior dessa informação está no fato de que este verbo, “paripateo” (andar), é utilizado várias vezes nos escritos paulinos. Trata-se, portanto, de uma utilização minuciosamente pensada (cf. 1Ts 2,12; 4,1.12; Gl 5,16; Rm 6,4; 8,4; 13,13; 14,15; 1Cor 3,3; 7,17; 2Cor 4,2; 5,7; 10,2.3; 12,18; Fl 3,17.18; Cl 1,10; 2,6; 3,7; 4,5).

Qual é o sentido mais profundo disso?

Este termo “andar” é utilizado na literatura secular a partir do século I a.C. para se referir à conduta ou modo de vida. No Novo Testamento, quando este vocábulo designa um modo de vida, ele é determinado por alguma qualificação, ou seja, ele está sempre acompanhado por alguma outra expressão (cf. Mc 7,5; At 21,21). Às vezes positiva, como é o caso em Jo 12,35; Rm 6,4; 13,13; 1Cor 7,17; 2Cor 5,7; 12,18; Gl 5,16; Ef 2,10; 5,2.8.15; Fl 3,17; Cl 1,10; 2,6; 4,5; 1Ts 2,12; 4,1.12; 1Jo 2,6; 4; 2Jo 6. Mas também negativa (cf. Jo 8,12; 12, 35; 1Jo 1,6; 2,11; 1Cor 3,3; 2Cor 4,2; 10,2; Ef 2,1-3; 4,17; Fl 3,18; 2Ts 3,6; 2Ts 3,11; Hb 13,9.

Tais qualificações evocam a ideia de uma oposição entre os dois modos de “andar” ou de “conduzir” a vida. Diante disso, o modo de vida do cristão é “andar segundo o Espírito”, é deixar-se conduzir por Ele. É também, como vimos antes, ser livre no amor e na graça, praticando as obras do Espírito.

Por fim, a segunda informação importante é que ser livre da escravidão da lei, segundo o pensamento paulino, não é fazer tudo o que se quer. Em outras palavras, não é libertinagem! É ser livre em Deus, para viver n’Ele e por Ele.

Desse modo, deixe-se conduzir pelo Espírito, ande segundo Ele, seja livre para amar por gratuidade e graça. Seja livre sendo escravo do Espírito Santo de Deus!

João Cláudio Rufino é Mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP). Membro da Equipe Nacional do Ministério da Pregação e Coordenador Núcleo de Reflexão Teológica da RCC Brasil.

A dor que nos purifica

A dor que nos purifica


Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com 
A cruz e o sofrimento nos purificam, pois abrem nossos olhos para panoramas maiores de vida, mais verdadeiros e belos

O sofrimento nos ajuda a escalar o cume do amor a Deus e do amor ao próximo. São inúmeras as histórias de homens e mulheres que, sacudidos pelo sofrimento, acordaram, adquiriram uma nova visão – que antes era impedida pela vaidade, pela cobiça e pelas futilidades – e perceberam com olhos mais puros: o que vale a pena, de verdade, é Deus, que nunca morre nem trai.

Descobriram que n’Ele se encontra o verdadeiro amor pelo qual todos ansiamos e que nenhuma outra coisa consegue satisfazer. Entenderam que o importante são os tesouros no céu, pois estes nem a traça rói nem os ladrões arrebatam (cf. Mt 6,20). Perceberam, enfim, que os outros também sofrem, por isso decidiram se esquecer de si mesmos e dedicaram-se a aliviá-los e ajudá-los a bem sofrer.

São Paulo Apóstolo

É uma lição encorajadora verificar que, na vida de São Paulo, as tribulações se encadeavam umas às outras, sem parar, mas nunca o abatiam. É que ele não as via como um empecilho, mas como graça de Deus e garantia de fecundidade, de modo que podia dizer de todo o coração: “Trazemos sempre em nosso corpo os traços da morte de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nosso corpo”(2Cor 4,10).

Ainda afirmava: “Sinto alegria nas fraquezas, nas afrontas, nas necessidades e perseguições, no profundo desgosto sofrido por amor de Cristo; porque, quando me sinto fraco, então é que sou forte!” (2Cor 12,10).

Com entusiasmo, ele dizia: “Nós nos gloriamos das tribulações, pois sabemos que a tribulação produz a paciência; a paciência, a virtude comprovada; a virtude comprovada, a esperança. E a esperança não desilude, porque o amor de Deus foi derramado nos nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado” (Rom 5,3-5).

É o retrato perfeito da alma que se agiganta no sofrimento, que se deixa abençoar pela cruz.

Outro exemplo: São João da Cruz

Uma perseguição injusta dos seus próprios confrades arrastou São João da Cruz a um cárcere imundo. Todos os dias, ele era chicoteado e insultado. Mal comia. Suportava frios e calores estarrecedores. Para ler um livro de oração, tinha de erguer-se nas pontas dos pés sobre um banquinho e apanhar um filete de luz que se filtrava por um buraco do teto.

Foi nesses meses de prisão, num cubículo infecto, que ganhou o perfeito desprendimento, alcançou um grau indescritível de união com Deus e compôs, inundado de paz, a ‘Noite escura da alma’ e o ‘Cântico espiritual’, obras consideradas dois dos cumes mais altos da mística cristã. E, uma vez acabada a terrível provação, quando se referia aos seus torturadores, chamava-os, com sincero agradecimento, “os meus benfeitores”.

Testemunho dos santos

As histórias de mulheres e homens santos, que se elevaram na dor, poderiam multiplicar-se até o infinito: mães heroicas, mártires da caridade. Daria para encher uma biblioteca só com a vida dos mártires do século XX, como São Maximiliano Kolbe, que, na sua cruz – na injustiça do campo de concentração nazista, nos tormentos e na morte –, soube dar o amor e a vida com alegria.

Márcio Mendes - é missionário da Comunidade Canção Nova, desde 1994, onde atua em áreas ligadas à comunicação. Teólogo, é autor de vários livros, dentre eles ’30 minutos para mudar o seu dia’, um poderoso instrumento de Deus na vida de centenas de milhares de pessoas.

5 de setembro de 2017

Bíblia: uma junção do ato humano e divino

Bíblia: uma junção do ato humano e divino


Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
Na Bíblia, temos o sagrado que une o ato humano e a ação divina

A princípio, parece uma coisa óbvia dizer que a Bíblia é um livro, ou melhor, uma coleção de livros, e que, como tal, são para serem lidos; mais do que óbvio, é a entendermos como literatura. No entanto, quando se trata das Sagradas Escrituras, nem sempre a coisa é simples, porque a Bíblia é, para nós, a Palavra de Deus.

Por ser Palavra do Senhor, a Igreja venera a Bíblia profundamente. O que acontece, muitas vezes, é que as pessoas entendem de modo equivocado o fato de a termos como Palavra de Deus e de a venerarmos como tal. Acabam, então, por um respeito fora da normalidade, tendo medo de ler a Bíblia.

Destaque para a Palavra de Deus

Eu acho bacana quando chego em uma casa e a Palavra de Deus está aberta, geralmente num lugar de destaque. A pessoa tem aquela Bíblia grande, ilustrada e a coloca na sala, aberta. Isso é bem bonito! É muito importante dar destaque à Palavra de Deus, e a Igreja nos incentiva a fazer isso. No entanto, grande parte dessa pessoas ficam com medo ou respeito excessivo e não a leem. Por isso quero comentar sobre a Bíblia como literatura.

Para ficar mais fácil, vamos separar as palavras: Bíblia e Sagrada. “Bíblia” significa um conjunto de livros, e como já dissemos, livro é para ser lido. Ato humano. E a outra palavra “Sagrada”, segundo o dicionário, é algo relativo às coisas divinas, algo santo, separado. Ato divino. Percebemos aí o que Deus quer: a união do divino com o humano.

Ato humano e ação divina

Na composição da Bíblia Sagrada, temos, no momento da redação dos livros, a mão humana, mas também, e principalmente, a inspiração divina, que é o que torna a Bíblia algo sagrado para nós. Temos aí essa junção do ato humano e da ação divina.

Fazemos o que cabe a nós no ato humano da leitura dos textos; e Deus faz o Lhe cabe, enviando-nos Seu Espírito Santo, que nos ilumina e encaminha nessa leitura.

A Igreja nos ensina que a graça de Deus é oferecida a todo ser humano, mas que para produzir seu efeito é necessário que haja a cooperação humana. É o que a Igreja chama de livre adesão do homem à graça divina. Assim também o é com a Bíblia. Para que a Palavra de Deus, em toda sua sacralidade, e para que o ato divino aconteça em nós, precisamos realizar o ato humano da leitura dos textos.

Fique com Deus. Até a próxima.

Denis Duarte - é graduado em letras, especialista em Bíblia e mestre em Ciências da Religião. Professor e vice-diretor da Faculdade Canção Nova.

Como viver bem o mês da Bíblia?

Como viver bem o mês da Bíblia?



Em setembro, recebemos um belo convite da Igreja no Brasil: olhar com mais carinho para a Bíblia, fonte de nossa fé

O mês de setembro foi escolhido fazendo memória a São Jerônimo (celebrado no dia 30), que traduziu os textos sagrados do hebraico e grego para o latim. O que acontece é que, para muitos, algumas partes da Bíblia são tão difíceis de interpretar, que parecem que ainda estão em grego.

Nem sempre é fácil mergulhar com profundidade na Sagrada Escritura. Por isso, nessa formação, vamos conhecer algumas dicas para viver bem seu mês da Bíblia.

Conheça S. Jerônimo

Foi no fim do quarto século, quando o elenco de livros inspirados nem tinha sido definido de maneira conclusiva na Igreja (pasmem!), que São Jerônimo recebeu a incumbência do Papa Dâmaso de presentear o cristianismo com uma versão da Bíblia em latim, que seria chamada, mais tarde, de Vulgata.

O trabalho foi duro! São Jerônimo teve de analisar muitos papiros e pergaminhos, para ver qual tinha o texto mais antigo, já que os originais, provavelmente, estavam perdidos.

A tradução também era – e ainda é – demorada. Nós, que pesquisamos a Sagrada Escritura e temos de traduzir as passagens que estudamos, às vezes, levamos horas ou dias de pesquisa para traduzir um só versículo!

A dedicação fiel de São Jerônimo mostra que ele foi um homem apaixonado pela Sagrada Escritura. Ele amava a Terra Santa e fez muitas viagens para lá, inclusive, terminando sua caminhada terrestre em Belém.

Jerônimo é a prova de que o estudo, feito junto com a vida de oração, nunca tiram a fé; do contrário, aumentam nosso amor por Deus. Tanto, que o Concílio Vaticano II, quando ensina sobre as Sagradas Escrituras na Constituição Dogmática Dei Verbum, retoma uma frase célebre do santo, tirada de um comentário de Isaías: “Desconhecer as escrituras é desconhecer Cristo” (Comm. in Is. Prol.: PL 24, 17). Por isso, vale a pena debruçar-se sobre a Palavra: amá-la significa amar o próprio Jesus, verdadeira Palavra de Deus.

Por que um mês da Bíblia?

O sopro do Espírito, no Vaticano II, abraçou um movimento bíblico, que trazia novos ares na leitura da Palavra de Deus na Igreja. Até, então, a Bíblia não era nem traduzida para outras línguas, a versão oficial era somente a Vulgata, em latim.

Como bom filho do Concílio, o mês da Bíblia foi inspirado na Igreja do Brasil, em 1971, na arquidiocese de Belo Horizonte (MG), amparado pelo Serviço de Animação Bíblica (das irmãs Paulinas). Logo, espalhou-se pelo Brasil e tornou-se oficial pela CNBB.

A cada ano, a Conferência Episcopal dos Bispos do Brasil apresenta um livro bíblico para ser meditado e aprofundado, mas a escolha do texto não é aleatória. Veja só:

Em 2016, conhecemos Miqueias, o profeta de Morasti, que prega a Palavra de Deus defendendo os camponeses pobres, ensinando sobre a vida em família.

Em 2017, o testemunho mais antigo de uma comunidade, a Primeira Carta aos Tessalonicenses, vai iluminar a vida em comunidade.

Em 2018, o livro da Sabedoria, com suas máximas de vida, ensinando a viver bem e em harmonia, apresentará a vida em sociedade.

Para 2019, está reservado o tema da vida eterna, iluminada pela Primeira Carta de João.

O que fazer para que o mês da Bíblia seja uma experiência bonita e cheia de frutos? Bom, podemos oferecer algumas pequenas dicas que podem ajudar a começar um processo de encanto com a Palavra:
Para o crescimento pessoal

Como em uma boa amizade, é preciso aproximar-se da Sagrada Escritura. Perguntar, conhecer, interessar-se, gastar tempo com os textos e dialogar com eles.

Um bom amigo também é aquele que “faz nada” junto com a gente. Então, o silêncio diante da Palavra é necessário. Não aquele para pensar no que vou cozinhar ou para dar um cochilo, mas o que representa saborear a palavra, como sentir o gosto de um chocolate da boca depois de comer.

Separe um espaço da sua casa para ser seu “cantinho da oração” (uma cômoda, um espaço na prateleira). Não precisa de muito! Coloque alguns objetos sagrados que o levam a Deus, para que, toda vez que você chegar ali, seu coração saiba que é hora de rezar com a Palavra.

Uma boa música ajuda, de preferência instrumental. E que ela não seja a notificação do Whatsapp! Vale a pena conhecer e usar o “modo avião”!

Leia o texto de 1 Tessalonicenses todo! Se terminá-lo, um bom caminho para escolher as passagens é seguir a liturgia diária.
Em comunidade

Procure, com a pastoral litúrgica de sua paróquia, fazer uma celebração da Palavra, bem preparada, cheia de encanto. Fale com o padre da sua comunidade, para convidar um bom palestrante para estudar o livro de 1 Tessalonicenses. E ajude-o a motivar a paróquia para participar.

Leia o texto em comunidade e ore com seus irmãos de caminho. Quando estamos juntos, Deus está no meio de nós e fala conosco.

Fabrizio Zandonadi Catenassi - Mestre e doutorando em Teologia (PUCPR); professor de Sagrada Escritura (Católica SC); membro da diretoria da Associação Brasileira de Pesquisa Bíblica; assessora cursos bíblicos e retiros no Brasil e na América Latina.