A Palavra de Deus

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DOPAS

DOAÇÃO, ORAÇÃO, POBREZA, ALEGRIA E SIMPLICIDADE

9 de setembro de 2013

SABEDORIA E RENÚNCIA

O mundo atual nos oferece muitas coisas: o ser, o ter e o poder. Infelizmente muitas pessoas buscam, desenfreadamente, as paixões desordenadas e se esquecem que tudo isso é efêmero e passageiro. O "carpe diem", o "viver o dia de hoje", como se não existisse o dia de amanhã é um erro dos tolos, dos que não são tementes a Deus, que confiam unicamente em suas forças e ignoram o Senhorio de Nosso Senhor Jesus Cristo e a sua realeza sobre a terra. A primeira leitura da liturgia deste vigésimo terceiro domingo do tempo comum nos ensina, com acuidade, a colocar a confiança unicamente em Deus. Ser sábio é confiar na força de Deus. Infelizmente, na nossa vida há coisas negativas que acontecem e devemos tirar destes cenários, destes fatos a graça de Deus que nos sustenta a levantar dos tombos e das dificuldades e a olhar, com confiança para Deus que continuará conduzindo a nossa vida, porque é "em Deus, unicamente, em Deus que devemos colocar a nossa única esperança e a nossa fortaleza!".

O Evangelho nos ensina que devemos optar por Jesus deixando para trás várias coisas que nos impedem de seguir Jesus Cristo: '"Se alguém vem a mim, mas não se desapega de seu pai e sua mãe, sua mulher e seus filhos, seus irmãos e suas irmãs e até da sua própria vida, não pode ser meu discípulo. 27Quem não carrega sua cruz e não caminha atrás de mim, não pode ser meu discípulo". Jesus nos pede uma exclusividade. Devemos ser dele, não levar nada pelo caminho. Como disse o Papa Francisco quando chegou no Brasil, que não trazia nem ouro e nem prata, trazia apenas Jesus Cristo. É este desprendimento que dá a credibilidade para anunciar o Evangelho.

Quando construímos uma casa nós a iniciamos da base. E, no Evangelho de hoje, Jesus nos ensina isso. Para construirmos uma torre devemos planejar bem para que ela seja terminada e não sejamos motivo de "galhofa" para ninguém. Assim é a nossa vida espiritual e a nossa vida pastoral: todos os dias a nossa conversão deve ser construída, como um tijolinho que é colocado no edifício espiritual da nossa vida que nos fortalece da Palavra de Deus e da Eucaristia para anunciar e testemunhar Jesus Cristo Ressuscitado. O anúncio do Evangelho sempre vem com a Cruz, com as incompreensões, com o sofrimento, com a dor, com as calúnias, com as perseguições, com as injúrias. Mas isso é como os tesouros que vamos cravejando em nossa cruz, para que ela se torne suave e tenhamos a coragem de carregá-la para que ela brilhe no mundo.

Num mundo de guerra e de muros de separação como o nosso o Evangelista diz que se o guerreiro não consegue ganhar a guerra que envie embaixadores da paz. Acabamos de rezar, em comunhão com o grande Francisco, o Papa da paz, na Igreja e no mundo, a rezar pela concórdia na Síria. Ouso dizer que antes de rezar pela paz na Síria devemos rezar pela paz interna na Igreja. Creio que devemos cessar as perseguições, o uso excessivo do legalismo, o uso excessivo dos paramentos elitistas. Quanta gente na Igreja só aparece pelas roupas "escarlates" e se esquece de subir aos morros, de ir às periferias, de estar com os mais pobres, de sair da soberba e da arrogância. Quantos eclesiásticos vivem a morder a língua da maledicência e da guerra interna dos "dossiês", das calúnias, das disputas de poder, demonstrando o seu gosto de mandar e de oprimir só para dizer que "eu mando" e pronto. Não devem ter lido o Evangelho de hoje.

A vida cristã nos ensina sabedoria de acolher a todos: a começar pelos mais pecadores e a renunciar ao maior pecado de hoje: a soberba e a vaidade. Vamos, caminhando de ônibus pelas ruas de nossas cidades, procurando as periferias existenciais e anunciando que a Sabedoria de Jesus Cristo nos ensina a acolher a todos, esquecendo o seu passado, e iniciando do hoje, que Cristo nos chama "Vós fostes, Ó Senhor, um refúgio para nós"(cf. Sl. 89).
Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo emérito de Juiz de Fora (MG).

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