A Palavra de Deus

A Palavra de Deus

DOPAS

DOAÇÃO, ORAÇÃO, POBREZA, ALEGRIA E SIMPLICIDADE

16 de julho de 2015

Oração para os amigos


Oração para os amigos

Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

Senhor, amigo dos pobres e sofredores,

Consolador das almas tempestuosas,

Médico da vida e mestre da sabedoria;

Venho hoje pedir a Tua proteção para meus amigos.

Olha por aqueles que vivem distantes fisicamente da minha presença,

Mas perto do meu coração e das minhas orações.

A geografia das distâncias não nos separou

Da ternura que cultivamos ao longo da vida.

Não permitas que eles se percam nos caminhos tenebrosos

E sê para cada um a luz a guiar suas escolhas.

Assim como visitaste tantos enfermos e devolveste

A eles a saúde e a vida em plenitude,

Olha com misericórdia por meus amigos enfermos.

Diante do sofrimento concedei-lhes a esperança da vida,

Fortalece cada coração na fé e na paciência.

Que eles encontrem na força da oração

O socorro consolador diante do desânimo e da aflição.

Perdoa, Senhor, minhas faltas contra meus amigos,

sei que por vezes fui egoísta e não ouvi os conselhos

Que poderiam ter evitado tantas situações perturbadoras.

Fiquei, muitas vezes, com raiva e isso fez muitos deles se afastarem de mim.

Que eu tenha a coragem de pedir perdão a todos quantos magoei,

E encontre junto deles a graça de ser perdoado.

Dá-me também a força libertadora de perdoar a quem um dia

Feriu minha alma com palavras e gestos.

Diante do Teu exemplo de amor,

Quero ser portador da paz e da reconciliação.

Amém!
Padre Flávio Sobreiro - Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora do Carmo (Cambuí-MG).

Qual o verdadeiro significado do escapulário?


Qual o verdadeiro significado do escapulário?

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com 

Muitas pessoas utilizam o escapulário por modismo ou simplesmente porque outros o usam, mas qual é o verdadeiro significado dele?

Muitas pessoas usam o escapulário ou outros objetos de devoção sem saber o seu verdadeiro significado, pior ainda quando o usam como um amuleto, algo mágico que “dá sorte”, que livra de “mau olhado” ou coisa semelhante. Como se o verdadeiro sentido não viesse do coração daquele que usa tal objeto, o qual, conhecendo o seu verdadeiro significado, o usa para sinalizar algo que está em seu íntimo, em sua fé, em seus propósitos e em sua conversão. Muitos usam cruzes, medalhinhas, terços e vários escapulários de Nossa Senhora do Carmo como modismo, porque todo mundo está usando ou aquele artista usou na novela. Mas qual o verdadeiro significado do escapulário?

O escapulário ou bentinho do Carmo é um sinal externo de devoção mariana, que consiste na consagração a Santíssima Virgem Maria, por meio da inscrição na Ordem Carmelita, na esperança de sua proteção maternal. O escapulário do Carmo é um sacramental. No dizer do Vaticano II, “um sinal sagrado, segundo o modelo dos sacramentos, por intermédio do qual significam efeitos, sobretudo espirituais, que se obtêm pela intercessão da Igreja”. (SC 60)

“A devoção do escapulário do Carmo fez descer sobre o mundo copiosa chuva de graças espirituais e temporais”. (Pio XII, 6/8/50).

A devoção ao escapulário de Nossa Senhora do Carmo teve início com a visão de São Simão Stock. Segundo a tradição, a Ordem do Carmo atravessava uma fase difícil entre os anos 1230-1250. Recém-chegada à Europa como nômade, expulsa pelos muçulmanos do Monte Carmelo, a Ordem atravessava um período crítico. Os frades carmelitas encontravam forte resistência de outras ordens religiosas para sua inserção. Eram hostilizados e até satirizados por sua maneira de se vestir. O futuro dos carmelitas era dirigido por Simão Stock, homem de fé e grande devoto de Nossa Senhora.

O escapulário era um avental usado pelos monges durante o trabalho para não sujar a túnica. Colocado sobre as escápulas (ombros), o escapulário é uma peça do hábito que ainda hoje todo carmelita usa. Com o tempo, estabeleceu-se um escapulário reduzido para ser dado aos fiéis leigos. Dessa forma, quem o usasse poderia participar da espiritualidade do Carmelo e das grandes graças que a ele estão ligadas; entre outras o privilégio sabatino. Em sua bula chamada Sabatina, o Papa João XXII afirma que aqueles que usarem o escapulário serão depressa libertados das penas do purgatório no sábado que se seguir a sua morte. As vantagens do privilégio sabatino foram ainda confirmadas pela Sagrada Congregação das Indulgências, em 14 de julho de 1908.

O escapulário é feito de dois quadradinhos de tecido marrom unidos por cordões, tendo de um lado a imagem de Nossa Senhora do Carmo, e de outro o Coração de Jesus, ou o brasão da Ordem do Carmo. É uma miniatura do hábito carmelita, por isso é uma veste. Quem se reveste do escapulário passa a fazer parte da família carmelita e se consagra a Nossa Senhora. Assim, o escapulário é um sinal visível da nossa aliança com Maria.

É importante destacar algumas atitudes que devem ser assumidas por quem se reveste desse sinal mariano:

• Colocar Deus em primeiro lugar na sua vida e buscar sempre realizar a vontade d’Ele.
• Escutar a Palavra de Deus na Bíblia e praticá-la na vida.
• Buscar a comunhão com Deus por meio da oração, que é um diálogo íntimo que temos com Aquele que nos ama.
• Abrir-se ao sofrimento do próximo, solidarizando-se com ele em suas necessidades, procurando solucioná-las.
• Participar com frequência dos sacramentos da Igreja, da Eucaristia e da confissão, para poder aprofundar o mistério de Cristo em sua vida.

Eu fui revestido com o escapulário, no dia 16 de julho de 1996, quando estava no noviciado da Canção Nova. Nesse dia, consagrei minha afetividade e sexualidade aos cuidados da Virgem Maria, que pode contar sempre com os meus esforços e abertura de coração para ser digno de receber as graças dessa santa devoção.
Padre Luizinho - natural de Feira de Santana (BA), é sacerdote na Comunidade Canção Nova.

7 de julho de 2015

Cinco dicas de como falar de assuntos polêmicos com os filhos


Cinco dicas de como falar de assuntos polêmicos com os filhos

Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
Os filhos, vez ou outra, têm umas pérolas que deixam os pais sem saber como respondê-las

Na convivência entre pais e filhos, alguns assuntos são conversados normalmente, outros podem ser tabus ou gerar dúvidas sobre como devem ser abordados, como falar de sexo, peso, namorado, estudos, drogas, divórcio entre outros.

Existem várias formas de abordar alguns assuntos, mas a intenção não é dar uma receita, apenas algumas dicas que podem ajudá-los a trilhar um caminho de diálogo:

1ª – Não se esquivar do assunto. Avalie a idade do seu filho e converse com ele, aprofunde-se no tema ou não, dependendo das respostas dele. Muitos pais nunca acham que o filho está preparado, mas adiar a conversa não vai adiantar, ou pode até ser pior, pois eles acabam sabendo a verdade por fontes nem sempre confiáveis. Portanto, coloque o assunto na roda.

2ª – Manter a tranquilidade durante a conversa. Não se furte de responder questões polêmicas. Se não tem a resposta, diga que vai buscar saber e dará retorno. Por outro lado, esteja preparado para não obrigar os filhos a falarem de assuntos para os quais não estão preparados. O segredo é introduzir o assunto aos poucos, sempre criando um ambiente favorável ao diálogo, de forma que todos se sintam confortáveis.

3ª – A forma de falar e agir dos pais é fundamental. Não criem monstros, trate o assunto com leveza, sem forçar a barra em conceitos bons e ruins. Trabalhe com fatos e dados as consequências na vida das pessoas e as histórias de conhecidos. O importante na conversa é que o filho sinta um interesse genuíno dos pais, sinta-se muito especial, que merece todo empenho, e que suas preocupações ou dificuldades também são de seus pais.

4ª – Não leve na brincadeira as perguntas que eles fizerem, por mais bobas que pareçam, pois para eles são importantes. Não faça com que eles se sintam tolos, porque não terão coragem de tentar novamente; pelo contrário, valorizem todo o conteúdo debatido.

5ª – Uma forma de conversar assuntos polêmicos é pesquisar com os filhos sobre o assunto, assim eles terão oportunidades de ver várias opiniões. Os pais precisam ter cuidado com as fontes escolhidas para a pesquisa.

Lembrem que os filhos entendem mais aquilo que os pais fazem do que falam; portanto, não basta conversar sobre as consequências ruins das drogas, se os pais chegam alcoolizados e brigando em casa. As atitudes precisam ser coerentes com o discurso.
Ângela Abdo - é coordenadora do grupo de mães que oram pelos filhos da Paróquia São Camilo de Léllis (ES) 

O meio ambiente esta se tornando um grande depósito de lixo


O meio ambiente esta se tornando um grande depósito de lixo

A Terra, nossa casa, parece transformar-se cada vez mais num imenso depósito de lixo

O Papa Francisco, em sua Carta Encíclica Louvado Sejas, faz uma grande convocação: é hora de uma reação mais revolucionária e contundente à cultura do descarte. Para além de análises técnicas e científicas, é urgente sensibilizar-se para compreender o que está acontecendo – sublinha o Santo Padre – com a nossa casa, a Terra. Infelizmente, a dinâmica hegemônica que preside as relações e, particularmente, o uso dos bens da criação, é sustentada pela cultura do descarte. O Santo Padre adverte que a Terra – nossa casa – parece transformar-se cada vez mais num imenso depósito de lixo.

Há uma aceleração descontrolada nos processos de mudança da humanidade e do planeta. A vida ganha ritmo cada vez mais frenético e, nesse contexto, o consumismo torna-se parâmetro que baliza funcionamentos. Na contramão de uma vida saudável, o que se constata é um crescente processo de degradação, impulsionado pela perversidade das ações humanas em nome do “progresso” e do “crescimento da economia”. Impõe-se um ritmo que é avassalador frente à dinâmica da evolução biológica.

Obviamente, não é o caso de se opor ao progresso. O que se defende é a reavaliação de perspectivas e processos que não levam em conta o bem comum. Deve-se buscar, sempre, o desenvolvimento sustentável e integral. São fundamentais as ações que permitam à humanidade perceber, cada vez mais, que a cultura do descarte ameaça a vida. Neste sentido, a contribuição de cada pessoa é fundamental. O Papa Francisco fala da necessidade de se tomar dolorosa consciência diante das muitas e complexas questões que nos preocupam. Os congressos, protocolos, fóruns e outras instâncias que objetivam a preservação do planeta precisam efetivar e operacionalizar com mais rapidez os seus propósitos e compromissos.

A cultura do descarte tudo converte em lixo, na dinâmica do desarvorado consumismo, e só pode ser superada a partir de processos educativos que capacitam para a vivência de uma ecologia integral. A própria natureza muito nos ensina. O Papa Francisco chama a atenção para o funcionamento de ecossistemas, que mostra a interdependência entre os seres vivos. Lembra o Santo Padre que as plantas sintetizam substâncias nutritivas que sustentam os herbívoros. Os carnívoros, por sua vez, se alimentam dos herbívoros e dão origem a uma nova geração de vegetais ao fornecerem significativos volumes de resíduos orgânicos.

O ser humano não pode perder-se nas irracionalidades que incentivam, de modo generalizado, o descarte. É preciso engajar-se nos processos educativos que promovem a ecologia integral, especialmente as suas dimensões sociais e humanas. As condições de vida e a sobrevivência precisam ser mais adequadamente pensadas. Nessa direção, o meio ambiente exige que consideremos a natureza como algo que faz parte de nós, não uma simples moldura. Todos são convocados a pensar a íntima relação entre a crise ambiental e a crise social.

Por isso mesmo, quando se reflete, por exemplo, sobre o estado de saúde de instituições da sociedade, imediatamente há de se considerar o impacto que causam no ambiente e na qualidade de vida. É central, pois, falar de uma ecologia econômica, que não pode distanciar-se do humanismo, não permite o divórcio entre a economia e as análises dos contextos humanos, familiares, urbanos, de trabalho, da relação do ser humano consigo mesmo e com os outros. Também é imprescindível promover uma ecologia social, quando se considera a responsabilidade das instituições que regulam as relações humanas.

No processo de enfrentamento da cultura do descarte, não se pode desconsiderar o crescente problema da violência, o comprometimento da liberdade e a prática perversa da injustiça. É muito grave a hegemonia da postura consumista do ser humano, impulsionada pelos mecanismos da economia globalizada. Lamentável também é a pobreza legislativa de países que não conseguem fortalecer as instituições responsáveis em promover o bem do povo. O que se vê é um sacrifício imposto, principalmente, aos mais pobres.

É urgente trabalhar para uma recuperação da interioridade, ameaçada pelo consumismo, pelo descarte que produz lixo, de modo ilimitado, gerando descompassos que arruínam as condições necessárias para uma vida sustentável. A insanidade destes tempos precisa ser debelada a partir de investimentos e compromissos com a compreensão e a prática de uma ecologia integral.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo - O Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte,



Oração de cura interior pelas etapas da vida


Oração de cura interior pelas etapas da vida

Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
Oração de cura interior de 0 a 6 anos

Senhor Jesus, precisamos muito de Ti e de Tuas graças desde a nossa concepção, pois, depois de adultos, percebemos muitos sofrimentos em nós, os quais começaram antes mesmo da nossa fecundação.

Sabemos, Senhor, que somente Tu tens o poder de fazer novas todas as coisas. Tu fostes gerado pelo Espírito Santo no ventre de Maria; a genética é de Tua mãe, e por ser ela cheia de graça, a fecundação foi maravilhosa!

Hoje, pedimos-Te, Senhor, que Teu Sangue lave a genética vinda de nossos pais, lave toda contaminação espiritual, todas as doenças e maldições, todos os problemas de rejeição e sofrimentos, tudo que nossa mãe absorveu com relação a vícios, brigas, abandonos, violências, desrespeitos e demais coisas que possamos ter enfrentado durante os nove meses de gestação. Sabemos que o Espírito Santo pode nos fazer nascer de novo, por isso entregamos nossos sofrimento em Teu poder, no Espírito Santo.

Pedimos ao Paráclito que faça novas todas as coisas, até mesmo nos faça nascer de novo e cure, desde o momento de nosso nascimento, todos os traumas que possamos ter enfrentado naquela hora, seja por cesária, parto normal ou forçado. Cura, Senhor, todas as dificuldades de aleitamento, amamentação, doenças, vacinas, a nossa criação em casa, as feridas por abandono, as agressões, nossos relacionamentos com irmãos, tios, primos e avós. Cura também, Senhor, a ida à escola, o contato com outras crianças e todo sofrimento que experimentamos em nossa primeira infância.

Oração de cura interior dos 7 aos 14 anos

Pai querido, nessa fase da infância, muitos de nós experimentamos abandonos e dúvidas em relação à nossa família, às rejeições nas diferenças de idade, do nosso corpo e sexo (masculino e feminino). Temos dúvidas em relação à diferença no nosso metabolismo, na cor da nossa pele, no nosso físico e cor dos nossos cabelos e olhos. Temos problema com nossa condição financeira, com a casa em que moramos e os bens que possuímos; e muito dessas coisas trazem para nós sentimos de feridas emocionais. Por isso, Senhor, queremos Te pedir a cura, um renascer no Espírito Santo.

É na idade de criança para adolescência que muitos complexos se desencadeiam em nós, muitos problemas de rebeldias, frustrações , incompreensões, medos e inseguranças. É nesta fase que surgem os complexos em relação ao abandono da família, às violências e aos abusos, sejam eles sexuais, de autoridades, de poder ou as dificuldades escolares com professores e colegas. Nos meninos, os traumas com a primeira ejaculação; nas meninas, a primeira menstruação; com ambos, os desejos de namoro, as paixões e todas as frustrações de não ser correspondido, os apelidos, as palavras que machucam e ferem. Queremos agora, Senhor, pedir a cura para esta fase tão delicada da nossa vida! Que Teu Sangue nos lave e que o passado não nos machuque mais. Éramos adolescentes e assim agíamos, mas não queremos mais ficar na condenação nem preso a esse passado.

Oração de cura interior a partir dos 14 anos até o dia de hoje

Senhor Jesus, Tu passaste por este período crítico da vida, que vai da adolescência à idade adulta, passando pela juventude. Por isso, gostaríamos de ter amado mais nossos pais como deveríamos, ter enfrentado doenças graves, não ter aprendido tantas coisas erradas por não dar ouvidos aos nossos pais, mas a outros adolescentes como nós ou maiores e mais experientes. Estes, Senhor, aproveitaram-se de nós usando argumentos falsos, induzindo-nos ao erro, a uma sexualidade errada, à masturbação, pornografia, bebidas ou drogas, mentiras, desonestidades, traições, adultérios e abandono da fé e da Igreja. Essas pessoas nos levaram ao abandono das verdades e da pureza, entregando-nos a uma vida impura.

Com essas atitudes, Senhor, vieram muitas consequências. Mas estamos arrependidos, queremos nos libertar desse entulho da nossa consciência, da nossa alma e tudo que ficou como pecado, miséria e sofrimentos interiores. No entanto, temos consciência, hoje, de que com o Teu poder e com o Espírito Santo podemos renovar todas as coisas, santificar o nosso passado com uma vida nova, pura e digna.

Senhor, queremos entregar nossa história, e muitas foram as histórias e decepções na formação escolar, com professores que não tinham fé e, por essa razão, abalaram nossa relação com a Igreja e com Deus. Entregamos-Te outros amigos nessa mesma dimensão, os erros formativos na vida profissional, no trabalho e assim também os erros nos namoros, noivados e casamentos, a geração de filhos, na formação de um lar religioso.

Desejaríamos não ter vivido dessa forma, seria bem melhor do jeito de Deus; mas erramos e, agora, temos de arcar com as consequências. Por isso, Senhor, pedimos Tua ajuda e libertação daquilo que nos prende e escraviza.

Sabemos que, às vezes, abandonamos a fé , envolvemo-nos com ocultismo, acreditamos na reencarnação, buscamos outros deuses. Quanto à nossa família, aos nossos amigos, trabalho e fé, pedimos que nos liberte e nos lave com Teu Sangue. Hoje, queremos consagrar a Ti nossa vida, família e trabalho, nossos bens, nossa casa e tudo que possuímos para vivermos esta vida nova em Teu amor.

Amém!
Autor: Padre Vagner Baia

O direito e o dever do descanso


O direito e o dever do descanso


Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
O direito do descanso é fonte de repouso em Deus

A narrativa bíblica projeta em Deus uma necessidade muito humana, o descanso: “Foram concluídos o céu e a terra com todos os seus elementos. No sétimo dia, Deus concluiu toda a obra que tinha feito; e no sétimo dia repousou de toda a obra que fizera. Deus abençoou o sétimo dia e o santificou, pois nesse dia Deus repousou de toda a obra da criação” (Gn 2, 1-4). E faz parte dos mandamentos da lei de Deus a observação do Dia do Senhor: “Lembra-te de santificar o dia do sábado. Trabalharás durante seis dias e farás todos os trabalhos, mas o sétimo dia é sábado, descanso dedicado ao Senhor teu Deus. Não farás trabalho algum, nem tu, nem teu filho, nem tua filha, nem teu escravo, nem tua escrava, nem teu gado, nem o estrangeiro que vive em tuas cidades. Porque em seis dias o Senhor fez o céu e a terra, o mar e tudo o que eles contêm; mas no sétimo dia descansou. Por isso o Senhor abençoou o dia do sábado e o santificou” (Ex 20, 9-11).

Quando veio Jesus, a observância do dia de descanso, sábado para os Judeus, havia se transformado numa norma legalista e pesada. Várias vezes questionado por realizar curas no dia de sábado, ou pelos discípulos que fazem coisas proibidas no dia de descanso, Jesus manifesta total liberdade e anuncia um tempo novo e um novo modo de viver a lei de Deus: “O sábado foi feito para o homem, e não o homem para o sábado. Deste modo, o Filho do Homem é Senhor também do sábado” (Mc 2, 27-18).

A Igreja explicita assim o segundo mandamento: Guardar domingos e festas de guarda. No Antigo Testamento, o mandamento prescrevia que se guardasse o sábado. No entanto, após a Ressurreição do Senhor, que deu início a uma Nova e Eterna aliança com a humanidade, o primeiro dia da semana, Domingo – Dia do Senhor, substituiu a observância do dia de Sábado. O domingo deve ser guardado em toda a Igreja como o dia de festa de preceito por excelência.No domingo e nos outros dias de festa de preceito, os fiéis participam da Santa Missa (Cf. Código de Direito Canônico, 1246-1247) e devem se afastar das atividades e negócios que impeçam o culto a ser prestado a Deus nesses dias.

O primeiro compromisso do cristão no dia de Domingo é a participação na Santa Missa, na atualização perene do único e eterno sacrifício redentor de Nosso Senhor Jesus Cristo. É a oportunidade privilegiada de beber nas fontes da salvação, que acompanha toda a vida do cristão alimentando-se da Palavra de Deus e da Eucaristia. Como não há Domingo sem Missa, não haja cristão sem Missa de Domingo! Também o descanso no dia de Domingo seja considerado como dever a ser observado, primeiro para participar da Eucaristia e depois para restaurar as forças físicas e psicológicas necessárias ao dia a dia.

Durante o Concílio Vaticano II, corria pelo mundo um tema ao qual o Papa Francisco se referiu recentemente, uma possível revisão do Calendário, incluindo uma possível data fixa para a celebração da Páscoa. Naquela ocasião, foi acrescentado um Apêndice à Constituição Sacrosanctum Concilium, que assim de expressa: “Entre os vários sistemas em estudo para fixar um calendário perpétuo e introduzi-lo na sociedade civil, a Igreja só não se opõe àqueles que conservem a semana de sete dias e com o respectivo domingo”. Ao insistir na semana de sete dias, a sabedoria da Igreja parte do ritmo bíblico que se mostrou adequado para a vida humana e ao mesmo tempo estava atenta aos riscos e práticas de sociedades que sobrecarregam, em suas empresas e organizações, a capacidade de trabalho das pessoas. Não é difícil observar as graves consequências para a saúde humana decorrentes da falta de descanso e de férias nas diversas classes sociais. E em tempos de crise econômica, podem multiplicar-se as atividades e buscas de “bicos” para reforçar o orçamento familiar e fazer frente às dificuldades atuais, ao preço de um desgaste no relacionamento entre as pessoas e prejuízo psicológico e espiritual para tantos.

Há que se buscar o equilíbrio entre o sentido religioso e as exigências humanas que se encontram no dever do descanso. Parece-me encontrar justamente numa realidade que buscamos, o Céu, o encontro definitivo com o Senhor na eternidade, o rumo para tal equilíbrio. Santo Agostinho descreveu o Céu com uma frase lapidar: “Ali descansaremos e veremos. Veremos e amaremos. Amaremos e louvaremos, eis o que será num final sem fim” (Ibi vacabimus et videbimus. Videbimus et amabimus. Amabimus et laudabimus, ecce quod erit in fine sine fine).

O Céu será o lugar do descanso de nossas fadigas. Merece descanso quem se aplica ao que faz, evitando a ociosidade e a preguiça. Aplicar-se significa ter o sentido dos deveres do próprio estado, atenção ao bem que nos é possível fazer, significa não desperdiçar tempo no trabalho. Chegar ao final do dia num agradável cansaço, depois de ter preenchido bem todas as oportunidades de encontro com as pessoas e ter contribuído para o bem da coletividade já é fonte de repouso. Mais ainda será no ocaso de nossa vida, quando nos apresentarmos diante do Senhor.

No Céu nós veremos! Encontraremos tudo o que esperamos na fé durante esta vida, contemplaremos a face do Senhor. Até lá, o descanso do dia a dia ou das férias é feito também de tempo para contemplar a natureza, as pessoas, identificar o crescimento dos filhos e demais familiares, enxergar detalhes que nos passam despercebidos no cotidiano da lida da vida.

No Céu nós amaremos! Depois da caminhada nesta terra, só levaremos o amor, que ultrapassa as fronteiras entre o tempo e a eternidade. De fato, “O amor jamais acabará. Agora nós vemos num espelho, confusamente; mas, então, veremos face a face. Agora, conheço apenas em parte, mas, então, conhecerei completamente, como sou conhecido. Atualmente permanecem estas três: a fé, a esperança, o amor. Mas a maior delas é o amor” (1 Cor 13, 8.12-13). Quem ama não se estressa, pois se sente feliz ao fazer o bem. Quando repousamos, seja para amar mais e melhor no dia seguinte. Ao fazer férias, não seja este o tempo de vícios e abusos, mas tempo de relacionamento digno e qualificado com as pessoas, o que será fonte de sadio relaxamento.

No Céu nós louvaremos! O ponto de partida da oração é o louvor, antes da ação de graças, do pedido de perdão ou da súplica. E será também o seu ponto de chegada na eternidade, onde proclamaremos para sempre os louvores de Deus. Aqui na terra, sabemos que Deus é glorificado no ser humano vivo, e que experimentamos desde já um antegozo da eternidade, quando somos capazes de elevar expressões de louvor a Deus. Rezar louvando, cantar a glória de Deus, edificar as pessoas pela liturgia bem celebrada e vivida. Tudo isso é fonte de repouso em Deus!

Dia de folga, Domingo, Férias! Tudo pode ser diferente olhando para o Céu!
Dom Alberto Taveira Corrêa - Arcebispo da Arquidiocese de Belém – PA.