A Palavra de Deus

A Palavra de Deus

DOPAS

DOAÇÃO, ORAÇÃO, POBREZA, ALEGRIA E SIMPLICIDADE

24 de julho de 2013

A JUVENTUDE QUER VIVER

Caminhar com a juventude é compromisso que deve ser assumido por todos, como inestimável bem para a sociedade e a Igreja. A caminhada dos jovens, especial momento na programação da Semana Missionária na Arquidiocese de Belo Horizonte, ocorrerá neste sábado, 20 de julho, com concentração a partir das 14 horas, na Praça do Papa, em Belo Horizonte. Às 16 horas, os participantes seguirão pela Avenida Afonso Pena até a Praça da Estação. A presença dos jovens, acompanhados e apoiados por familiares e amigos, particularmente por todos os que se movem pela fé em Jesus Cristo, se constituirá num evento significativo para a sociedade.

Essa manifestação com os jovens, grandes protagonistas desta nova etapa que exige um novo tempo para a sociedade brasileira, será a oportunidade de qualificar o atual, complexo e exigente processo de transformação social com os valores do Evangelho de Jesus Cristo. O tratamento político indispensável ao contexto requer esse aprimoramento para superar superficialidades partidárias e galgar níveis de comprovado sentido de bem comum. Muitas referências e instâncias, outrora com força de colaborar com incidências em processos dessa natureza, estão enfraquecidas. As razões de seu enfraquecimento incluem desde a falta de maior sensibilidade social até práticas perigosas de favorecimentos ou de dominação cartorial, especialmente daquilo que deveria funcionar em benefício de todos.

O caminho para as mudanças encontra-se em Jesus Cristo e no seu Evangelho, garantia incontestável da necessária qualificação para se alcançar o desejo das novas gerações, resumido no tema da caminhada do próximo sábado: “A juventude quer viver”. Para se alcançar esse anseio, demandam-se transformações muito significativas, até radicais, em funcionamentos e procedimentos que configuram a sociedade. A Semana Missionária, o Congresso Mundial de Universidades Católicas e o ápice desses acontecimentos, a Jornada Mundial da Juventude, são preciosas oportunidades para uma verdadeira transformação.

Entre nós já estão muitos jovens procedentes de diversas partes do mundo. Na Jornada Mundial da Juventude o coração destes peregrinos vai bater forte ao redor do Papa Francisco. Essas experiências de fé e comunhão precisam fazer a diferença, remodelando mentes, contextos e dinâmicas da sociedade. O fascínio por uma pessoa, Jesus Cristo, é a razão maior, iluminadora de todas as outras, rumo novo à pauta extensa de demandas pela construção de um mundo mais justo e solidário, em que homens e mulheres sejam construtores da paz.

Já no próximo sábado, durante a caminhada “A juventude quer viver” é importante a presença corajosa de cada um, de todos aqueles que apostam nos jovens e com eles buscam um novo tempo. O gesto de caminhar, com o jeito jovem de ser e de se manifestar, pacificamente, seguindo os passos do Senhor da paz, é pública adesão e comprometimento no enfrentamento de problemas gravíssimos que estão desfigurando a sociedade. Nessa extensa pauta, não se pode fechar os olhos à dependência química, “mancha que invade tudo”, como expressaram os bispos no Documento de Aparecida. Esse é um flagelo que atinge todos, especialmente os jovens.

Nessa busca por mudanças estão inscritos os desafios da educação, saúde, trabalho, moradia e o inegociável anseio, direito e exigência de todos os cidadãos, pela reforma política, particularmente com modos novos de fazer e de ser político. A caminhada dos jovens, com essa importante bandeira de que “a juventude quer viver”, merece apoios e nossa presença. A luz para esse novo tempo protagonizado pelos jovens é, incontestavelmente, o seu encontro com Jesus Cristo Vivo, seu seguimento na Igreja e na sociedade. Nesse sentido, lembro o Bem-Aventurado João Paulo II, o instituidor da Jornada Mundial da Juventude, quando diz que “só o que é construído sobre Deus e sobre o amor é durável”.

A caminhada com os jovens tem força de congregar todos por seu sentido significativo de cidadania. Sendo Jesus Cristo e seu Evangelho a razão maior, será uma caminhada ecumênica. Reunirá aqueles que acreditam na juventude e têm coragem de seguir com ela na busca por mudanças. Venham, vamos todos. Neste sábado e também no domingo, quando às 16h, na Praça da Estação, concluiremos a Semana Missionária e o importante Congresso Mundial de Universidades Católicas, realizado na PUC Minas. Depois, no Rio de Janeiro, solidariamente, renovaremos nosso compromisso de sempre caminhar com os jovens.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG).

EVANGELHO E LEITURA ORANTE PARA QUARTA E QUINTA-FEIRA

ANO C - DIA 24/07 - Quarta feira
O semeador 
 Mt 13,1-9
Jesus saiu de casa e sentou-se à beira-mar. Uma grande multidão ajuntou-se em seu redor. Por isso, ele entrou num barco e sentou-se ali, enquanto a multidão ficava de pé, na praia. Ele falou-lhes muitas coisas em parábolas, dizendo: “O semeador saiu para semear. Enquanto semeava, algumas sementes caíram à beira do caminho, e os pássaros vieram e as comeram. Outras caíram em terreno cheio de pedras, onde não havia muita terra. Logo brotaram, porque a terra não era profunda. Mas, quando o sol saiu, ficaram queimadas e, como não tinham raiz, secaram. Outras caíram no meio dos espinhos, que cresceram sufocando as sementes. Outras caíram em terra boa e produziram fruto: uma cem, outra sessenta, outra trinta. Quem tem ouvidos, ouça!”

LEITURA ORANTE
ORAÇÃO INICIAL
Saudação a todos que circulam por este ambiente virtual:
- A nós, a paz de Deus, nosso Pai, a graça e a alegria de Nosso Senhor Jesus Cristo, no amor e na comunhão do Espírito Santo.
- Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo!
Preparo-me para a Leitura, rezando:
Jesus Mestre, que dissestes: "Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome,
eu aí estarei no meio deles", ficai conosco, aqui reunidos (pela grande rede da internet),
para melhor meditar e comungar com a vossa Palavra.
Sois o Mestre e a Verdade: iluminai-nos, para que melhor compreendamos
as Sagradas Escrituras.
Sois o Guia e o Caminho: fazei-nos dóceis ao vosso seguimento.
Sois a Vida: transformai nosso coração em terra boa,
onde a Palavra de Deus produza frutos abundantes de santidade e missão.
(Bv. Alberione)
1- LEITURA (VERDADE)
O que diz o texto do dia? Leio, na Bíblia, atentamente: Mt 13,1-9.
Provérbios, comparações, parábolas são muito usados nas tradições do povo judeu. São comparações que ilustram ou explicam melhor aspectos da vida. Os profetas usaram muito este tipo de linguagem. A parábola descrita neste texto de hoje, descreve o dinamismo da Palavra. Fala de semente, ou seja, de um símbolo de vida. A semente contém a vida que precisa ser desenvolvida e para isto precisa de determinadas condições. A primeira delas é o terreno. Nesta parábola, Jesus fala de quatro diferentes terrenos: à beira do caminho, entre pedras e com pouca terra, no meio de espinhos e em terra boa. Em seguida, ele vai explicar aos discípulos todo o significado destes terrenos.
2- MEDITAÇÃO (CAMINHO)
O que o texto diz para mim, hoje? Que tipo de terreno é meu coração?
Em Aparecida, na V Conferência, os bispos disseram: “Damos graças a Deus que nos deu o dom da palavra, com a qual podemos nos comunicar entre nós e com Ele por meio de seu Filho, que é sua Palavra (cf. Jo 1,1). Damos graças a Ele que, por seu grande amor fala a nós como a amigos (cf. Jo 15,14-15).” (DAp 25).
3- ORAÇÃO (VIDA)
O que o texto me leva a dizer a Deus?
Com Maria, Mãe Mestra e Rainha dos Apóstolos,
guardarei tua Palavra, Senhor, meditando-a no coração.
4- CONTEMPLAÇÃO (VIDA E MISSÃO)
Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Vou olhar o mundo e a vida com os olhos de Deus e abrir meu coração para que seja terreno bom e acolhedor da Palavra.

BÊNÇÃO
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.


ANO C - DIA 25/07 - Quinta feira
O discípulo serve e não, busca ser servido 
Mt 20,20-28A mãe dos filhos de Zebedeu, com seus filhos, aproximou-se de Jesus e prostrou-se para lhe fazer um pedido. Ele perguntou: “Que queres?” Ela respondeu: “Manda que estes meus dois filhos se sentem, no teu Reino, um à tua direita e outro à tua esquerda”. Jesus disse: “Não sabeis o que estais pedindo. Podeis beber o cálice que eu vou beber?” Eles responderam: “Podemos”. “Sim”, declarou Jesus, “do meu cálice bebereis, mas o sentar-se à minha direita e à minha esquerda não depende de mim. É para aqueles a quem meu Pai o preparou”. Quando os outros dez ouviram isso, ficaram zangados com os dois irmãos. Jesus, porém, chamou-os e disse: “Sabeis que os chefes das nações as dominam e os grandes fazem sentir seu poder. Entre vós não deverá ser assim. Quem quiser ser o maior entre vós seja aquele que vos serve, e quem quiser ser o primeiro entre vós, seja vosso escravo. Pois o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e dar a vida em resgate por muitos”.

LEITURA ORANTE

ORAÇÃO INICIAL
Inicio este momento orando com todos os que estão neste ambiente virtual, a oração de Bento XVI:
Senhor, dai-nos sempre
o fogo de vosso Santo Espírito, 
que ilumine as nossas mentes 
e desperte entre nós o desejo de contemplar-vos, 
o amor aos irmãos, especialmente aos aflitos,
e o ardor por anunciar-vos no início deste século.
1- LEITURA (VERDADE)
- O que a Palavra diz?
Leio atentamente, na Bíblia, o texto de hoje: Mt 20,20-28.
No caminho para Jerusalém Jesus anuncia a sua morte como consequência de toda a sua vida. Enquanto isso, Tiago e João sonham com poder e honrarias, suscitando discórdia e competição entre os outros discípulos. O "cálice" de que fala Jesus é o da sua paixão e morte. João e Tiago dizem que podem beber deste cálice também. Tiago realmente passará pelo martírio. Em Atos 12,2 é narrado que o rei Herodes "mandou degolar Tiago, o irmão de João". Não se concretizou porém, em João. Sabe-se que existe paixão, sofrimento sem chegar ao martírio. Jesus, ao chamar os dez discípulos para perto, fala-lhes que a única coisa importante para o discípulo é segui-lo: servir e não ser servido. Na nova sociedade que Jesus projeta, a autoridade não é exercício de poder, mas serviço que se exprime na entrega de si mesmo para o bem comum.
2- MEDITAÇÃO (CAMINHO)
- O que a Palavra diz para mim?
O meu ser discípulo é conforme o Evangelho? Sou aquela pessoa que serve porque segue Jesus? Sou capaz de viver a radicalidade do Evangelho?
Os bispos, em Aparecida, lembraram o serviço de muitos que, inclusive, dão a própria vida serviço dos demais, como Jesus: “Apesar das deficiências e ambiguidades de alguns de seus membros, a Igreja tem dado testemunho de Cristo, anunciado seu Evangelho e oferecido seu serviço de caridade principalmente aos mais pobres, no esforço por promover sua dignidade e também no empenho de promoção humana nos campos da saúde, da economia solidária, da educação, do trabalho, do acesso à terra, da cultura, da habitação e assistência, entre outros. Com sua voz, unida à de outras instituições nacionais e mundiais, tem ajudado a dar orientações prudentes e a promover a justiça, os direitos humanos e a reconciliação dos povos. Isto tem permitido que a Igreja seja reconhecida socialmente em muitas ocasiões como uma instância de confiança e credibilidade. Seu empenho a favor dos mais pobres e sua luta pela dignidade de cada ser humano tem ocasionado, em muitos casos, a perseguição e, inclusive, a morte de alguns de seus membros, os quais consideramos testemunhas da fé. Queremos recordar o testemunho valente de nossos santos e santas, e aqueles que, inclusive sem haver sido canonizados, tem vivido com radicalidade o evangelho e oferecido sua vida por Cristo, pela Igreja e por seu povo.” (DAp 98).
3- ORAÇÃO (VIDA)
- O que a Palavra me leva a dizer a Deus?
Rezo (ou canto) com o Pe. Zezinho, scj:
Põe teu coração no meu
Põe teu coração no meu 
e o meu coração no teu
Não tenhas medo de abraçar a cruz
Tens também meu ombro e minha força, eu sou Jesus.
Vem comigo, vem que eu sei, a jornada é longa
E eu direi quais os perigos de me acompanhar
É um caminho estreito, 
mas é o feito pra chegar
Segue os passos que eu darei. 
Prende a tua cruz na minha
Vai servir meu povo, faça como eu.
Ele sofre menos quando encontra um Cireneu
Vai ao povo como irmão, 
se preciso estende a mão
Não tenhas medo do meu verbo amar
Tem seus contratempos mas o tempo é de ajudar
Teu projeto eu já tracei,
vai ao povo que eu te ensinarei
O jeito certo de me anunciar,
basta que me peças que eu te ajudo a não errar
Usa a fé com mais razão, 
busca mais sabedoria
Pra chegar ao povo sê um aprendiz
Do que o povo fala e do que a minha Igreja diz.
Do CD Quando me chamaste - Paulinas COMEP
4- CONTEMPLAÇÃO (VIDA E MISSÃO)
- Qual o meu novo olhar a partir da Palavra?
Nas relações onde devo exercer alguma autoridade vou fazer aquele exercício de serviço, como Jesus.

BÊNÇÃO
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém. 
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém. 
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém. 
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Ir. Patrícia Silva, fsp

OS JOVENS DA JMJ E AS AMIZADES: QUAL SEU VALOR REAL?

Estamos celebrando a 28.ª Jornada Mundial da Juventude. O mundo inteiro está vendo os jovens, a grande esperança da humanidade. Se a jornada tem seu valor real com a presença de Sua Santidade o Papa Francisco, melhor será vivê-la unidos ao sucessor de Pedro (Mt 16,18), no pós jornada, inebriados das grandes orientações, conselhos e pistas pastorais para os jovens. O grande campo para semear toda esta riqueza é a família, o bairro, escola, universidade, local de trabalho e, sobretudo, a comunidade paroquial. O tema da campanha é muito prático e autentico para quem quer levar a sério o Evangelizar. Vejam só: “Ide e fazei discípulos entre todas as nações”(Mt 28,19). Para que tudo corra bem precisa de uma metodologia. A amizade pode oferecer grandes meios de aproximação e a dinâmica de quem quer ter no coração o amor Deus ao próximo e à Igreja.

A amizade, de verdade, é como um jardim, sempre precisa de cuidados. Desde todos os tempos o ser humano se socializou. Aos poucos essa máxima foi fazendo parte do cotidiano. Hoje, é impossível falar em alguém que não tenha uma amizade. Em nossa contemporaneidade não é diferente. Cultivar um amigo requer uma dedicação, um tempo, para que a amizade se transubstancie em verdadeiros sentimentos, evitando o constrangimento da desconfiança, abrindo caminhos onde os procedimentos de um verdadeiro eu posso conhecer o outro como alguém que lhe transmita bons conceitos, que inspiram integridade de caráter e discrição. Já nos diz Marina de Almeida Camargo: “A amizade é como as estrelas. Não às vemos toda hora, mas sabemos que existem”.

Em nossa época, levando em conta o caráter social, histórico, cultural é difícil viver sem amigos. Por isso, a amizade precisa ser bem examinada, condecorada com todas as vicissitudes de uma maturidade, onde o medo não ocupe espaço e o vazio não se torne o obvio de uma realidade inexistente. A amizade tem seus ingredientes, que são exigentes, a começar do respeito, valorizando o espaço do outro, sua vida pessoal e todo o contexto onde a pessoa vive. É importante salientar que a amizade é como uma receita. Esta precisa ser levada a sério, em seus conteúdos, para que os resultados sejam almejados. A vida nos oferece muitas receitas, por isso, a prudência deve ter a medida certa para que tudo decorra para o bem, onde a amizade tenha o tempero correto. “Que a amizade não seja como a lua que apesar de linda às vezes muda de fase, mas que seja como o céu que apesar de lindo e infinito”, já nos alertou um autor desconhecido.

Um verdadeiro amigo é aquele que nos conhece tal como somos, compreende nosso estado de vida, nos acompanha nos lucros que a vida nos lisonjeia e nos fracassos que as íngremes situações nos presenteiam. Numa amizade, celebram-se as alegrias e compartilham-se as tristezas da dor. Quando existem erros, em vez de se atirar pedras uma palavra amiga se torna necessária. É, por isso, que uma vida sem amigos, alberga sentimentos, numa ilha deserta, onde não se tem a água da vida, o alimento compartilhado e a luz da sociabilidade de um eu para outro eu. Não podemos esquecer que o outro é um eu que preciso levar a sério. Quem se tranca nos recôncavos de sua existência e se acha auto suficiente, jamais produz o que a vida tem de melhor, uma verdadeira amizade.

Nossa atualidade precisa enobrecer um verdadeiro amigo tendo-o como alguém capaz de tocar o coração, mesmo que este alguém esteja longe de nós ou até no outro lado do mundo. Quem se habilita a descobrir uma verdadeira amizade, está se propondo, mesmo no meio a tantos cascalhos, a encontrar um verdadeiro tesouro. Uma verdadeira amizade, dentro dos parâmetros de nossa contemporaneidade, pode ser a resposta que muito desejamos, um sinal de honestidade que parecíamos jamais impossível encontrar e, sobretudo, uma advertência para reconhecer que não estamos sós na família, na sociedade e na vida. Lílian Tonet nos garante: “as pessoas entram em nossa vida por acaso, mas não é por acaso que permanecem”. Pensemos nisso.
Cônego Manuel Quitério de Azevedo
Arquidiocese de Diamantina (MG).

O PAPA E OS JOVENS


Quando do primeiro “encontro mundial” do Papa com a Juventude, em 1984, a preocupação era garantir que a grande diferença de idade não inviabilizasse o diálogo. Colocar frente a frente gerações tão diferentes, parecia provocar o desencontro, como resultado do encontro proposto.

A iniciativa tinha sido de João Paulo II, o incansável peregrino, obstinado a se encontrar com todo o mundo. Dessa vez a aposta era com a juventude. E o resultado foi surpreendente: entre o ancião que representava a velha guarda, e os jovens que representavam as novas gerações, na verdade havia muito mais concordâncias do que divergências, mais sintonias do que dissonâncias, mais empatia do que oposição.

Esta primeira experiência acendeu a luz inspiradora, para construir uma plataforma dinâmica de diálogo entre a Igreja e a Juventude de nosso tempo. Outro fato concomitante veio corroborar esta proposta: a ONU acabava de estabelecer o ano de 1985 como o “Ano Internacional da Juventude”. O Papa não perdeu tempo: convocou outro encontro com os jovens, ainda em 1985, e nele expôs sua intenção de criar a “Jornada Mundial da Juventude”, a ser realizada em cada ano, por todas as dioceses, de preferência no Domingo de Ramos.

Mas a proposta continha um ingrediente, que a experiência comprovou ser estratégico para sustentar as motivações da Jornada Mundial: ficou estabelecido que, no intervalo de poucos anos, de vez em quando, haveria Jornadas da Juventude, em grandes cidades do mundo, que contariam com a presença do Papa.

E assim já aconteceu em 1986, ano em que se realizou a primeira Jornada Mundial da Juventude, que inaugurou a série que continua até hoje. Daí que agora já estamos na 28ª JMJ, número que inicia sua contagem em 1986. E esta primeira já contou com a presença especial do Papa, traçando de certa maneira o molde das outras que deveriam vir.

O interessante é que a segunda JMJ foi realizada em Buenos Aires, em 1987. Naqueles anos o Bergoglio ainda não era nem cardeal nem arcebispo de Buenos Aires, mas participou de perto desta nova iniciativa da Igreja, de se aproximar dos jovens, colocá-los em contato com Cristo, inseri-los na comunhão eclesial e envolvê-los na missão apostólica.

O fato é que os jovens se tornaram hoje, através das Jornadas Mundiais, uma referência positiva de sensibilidade cristã, de vontade de recuperar valores perenes que motivam nossa existência, e sobretudo de generosidade em abraçar as causas da humanidade e a missão da Igreja.

Nem é de estranhar que entre Juventude e Evangelho exista uma profunda afinidade e uma mútua cumplicidade. Pois na verdade o Evangelho de Cristo sempre traz a dinâmica da renovação, da recuperação de sentido, da mudança e da conversão pessoal com repercussões na sociedade.

Não é por nada que por definição, o “Evangelho” é uma “Boa Notícia”, que tem a força de se renovar sempre, encontrando nas “novas gerações” a porta aberta para entrar e ser acolhida.

Se nos perguntarmos o que está acontecendo nestes dias com a Jornada Mundial da Juventude, podemos dizer que é o Evangelho assumindo as feições da juventude de hoje, e mostrando de novo como ele é o caminho verdadeiro para a plena realização de nossa vida.

Os jovens estão nos dando o testemunho da perene vitalidade do Evangelho de Cristo. 
Dom Demétrio Valentini
Bispo de Jales (SP)

TÍMIDO? COMO ASSIM?


Ainda que sejamos espontâneos na maior parte do tempo, todos nós experimentamos algum grau de timidez. Prova disso é que muitos artistas, cujas vidas são constantemente expostas pela mídia, declaram-se tímidos. Diante disso, a tendência da nossa racionalidade é duvidar. “Tímido? Como assim?”. Essa reação acontece em vista da exposição e da repercussão a que eles se submetem.

De fato, existe em nós um mistério que o inconsciente insiste em não revelar. É a sacralidade, o território, a morada interior que se caracteriza com o mais profundo “eu”. Onde está a nossa essência, nosso núcleo íntimo como pessoa. E quando sentimos que alguma situação ou outra pessoa está rompendo, violando esse território interior, nos sentimos roubados de nós mesmos. A timidez é a consciência de preservação do ser interior, portanto, natural e boa. Mas se você é tímido demais e chega ao extremo de se ver paralisado diante de alguma situação, saiba que está precisando vencer essa barreira. A timidez não pode tirar a sua liberdade de viver e o gosto de compartilhar vitórias e bons momentos entre as outras pessoas. Até porque o nosso íntimo tem a vocação de estar em comunhão, pois precisamos de relacionamentos, dividir o que somos.

As virtudes também são adquiridas pelo exercício. Inicie devagar, sem a imposição, a obrigação de acabar com a timidez de uma hora para outra, dê passos. Comece com alguma coisa mais fácil para você no momento. Disponha-se a fazer uma leitura na igreja, a ensinar algo a alguém ou a um pequeno grupo de pessoas. A partir de tarefas assim, vamos nos acostumando a mostrar um pouquinho mais de nós mesmos.

Com certeza, dentro de algum tempo, descobriremos a alegria de poder estar mais à vontade em meio aos demais, de fazer parte da vida deles e estarmos inseridos na vivência de outras pessoas também.

Não tenha medo de se lançar. Tudo parte de uma decisão que, com o exercício da virtude, aos poucos se torna natural em nós.
Sandro Ap. Arquejada

INDULGÊNCIAS PELA JMJ - RIO 2013



O que é exatamente “indulgência”? Indulgência consiste na remissão concedida pela autoridade eclesiástica (e válida diante de Deus) da pena temporal devido ao pecado já perdoado. A indulgência é dada pela autoridade da Igreja em virtude do poder de ligar [ao céu] e desligar dado por Jesus a Pedro e aos apóstolos. A Igreja age, ao conceder indulgências, no poder espiritual com a missão dada a ela por Cristo e na inspiração do Espírito como "dispensadora da redenção", operada pelo Crucificado. Quando nos arrependemos e confessamos, o Senhor Deus – por meio da Igreja – nos perdoa (cancela) a culpa (e assim a pena eterna). Todavia, todo pecado acarreta uma série de efeitos negativos (para si e para outros) que precisam ser reparados (penas temporais). Para isto existem, nesta vida, a oração, a penitência e a esmola (Mt 6,1-18), uma conversão ardorosa, o martírio e também as indulgências. Na outra vida, existe o purgatório. É, pois, uma graça divina!

Nesse sentido, em vista deste tempo forte de peregrinação que vive a nossa Arquidiocese, o Penitenticário-mor, Sua Eminência Manuel, Cardeal Monteiro de Castro, através do Prot. N. 478/13/I, de 2 de Julho de 2013, transmitiu ao Eminentíssimo Senhor Cardeal Stanislaw Rylko, Presidente do Pontifício Conselho para os Leigos, a cópia do Decreto de Indulgências concedidas pelo Santo Padre Francisco, preparada pela Penitenciária Apostólica em língua latina e italiana, na qual vêm concedidas especiais indulgências por ocasião da Jornada Mundial da Juventude, na nossa cidade do Rio de Janeiro, de 22 a 29 do corrente mês de julho, durante o Ano da Fé.

O Santo Padre Francisco, desejando que os jovens, em união com os fins espirituais do Ano da Fé, convocado pelo Papa Emérito Bento XVI, possam obter os frutos esperados de santificação da “XXVIII Jornada Mundial da Juventude, que se celebrará de 22 a 29 do próximo mês de julho, no Rio de Janeiro, e que terá por tema: “Ide e fazei discípulos por todas as nações (cfr Mt 28, 19)”, estabeleceu que todos os jovens e todos os fiéis devidamente preparados pudessem usufruir do dom das indulgências como determinado.

Indulgência Plenária para os fiéis presentes na Jornada é concedida, uma vez por dia, mediante as seguintes condições: confissão sacramental, comunhão eucarística e oração segundo as intenções do Sumo Pontífice, e ainda aplicável a modo de sufrágio pelas almas dos fiéis defuntos, pelos fiéis verdadeiramente arrependidos e contritos que devotamente participem dos ritos sagrados e exercícios de piedade que terão lugar no Rio de Janeiro.

Indulgência Plenária para os fiéis legitimamente impedidos de participar da Jornada, mas que a acompanhem pelo rádio ou pela televisão: há uma concessão importante de indulgências para todos os fiéis legitimamente impedidos, que poderão obtê-la desde que, cumprindo as comuns condições espirituais, sacramentais e de oração com o propósito de filial submissão ao Romano Pontífice, participem espiritualmente das sagradas funções nos dias determinados; desde que sigam estes ritos e exercícios piedosos enquanto se desenrolam, pela televisão e rádio, ou sempre que com a devida devoção pelos novos meios de comunicação social.

Indulgência Parcial para todos: concede-se a Indulgência Parcial aos fiéis, onde quer que se encontrem durante o mencionado encontro, sempre que, pelo menos com alma contrita, elevem fervorosamente orações a Deus, concluindo com a oração oficial da Jornada Mundial da Juventude e devotas invocações à Santa Virgem Maria, Rainha do Brasil, sob o título de “Nossa Senhora da Conceição Aparecida”, bem como aos outros patronos e intercessores do mesmo encontro, de modo a que estimulem os jovens a se fortalecerem na fé e a caminharem na santidade.

Como professamos no Credo - “Creio na comunhão dos santos” -, existe um admirável laço entre Cristo e todos os filhos de Deus, à semelhança da unidade que se dá entre a “videira” e os “ramos” (Jo 15,1ss; cf. 1Cor 12,27; 1,9; 10,17; Ef 1,20-23; 4,4). Podemos, pois, também oferecer as indulgências na intenção daqueles que já partiram desse mundo (cf. Código de Direito Canônico, cân. 994). O Senhor realizará aquilo que for de acordo com sua vontade e bondade.

Como o fiel pode obter a indulgência? Fazendo aquilo que a Igreja indica. Primeiramente, no campo da ação exterior: confissão sacramental, comunhão Eucarística, oração pelo Papa Francisco – ao menos 1 Pai Nosso e 1 Ave Maria – e a obra prescrita. Em segundo lugar, e com o mesmo espírito que a anima, de disposição interior: aversão ao pecado, não estar excomungado, desejo de obter a graça. Existem inúmeras obras de piedade, algumas orações como o Creio, Salve Rainha etc., a visita ao SSmo. Sacramento, às basílicas romanas, ao cemitério, a bênção Papal, ensinar a doutrina cristã e ouvir pregações, participar de Congresso Eucarístico, Sínodo, do ensino das Constituições do Concílio Vaticano II e, em nosso caso, neste tempo favorável, participar da JMJ-Rio2013, enriquecidas pela Igreja com especiais indulgências.

Para que estas maravilhas espirituais sejam operadas é necessário que todos os sacerdotes de nossa Arquidiocese estejam dispostos, com horários pré-marcados ou nos locais de catequeses e confissões, durante os dias 22 a 29 deste mês, para o atendimento das confissões auriculares em conformidade com o que determina o Decreto das Indulgências: "Para que os fiéis possam mais facilmente participar destes dons celestes, os sacerdotes, legitimamente aprovados para ouvir confissões sacramentais, com ânimo pronto e generoso se prestem a acolhê-las e proponham aos fiéis orações públicas pelo bom êxito desta “Jornada Mundial da Juventude”.

Lembramos que os fiéis poderão lucrar as indulgências plenárias e parciais em conformidade com o Decreto, que tem validade somente para o período de celebração da JMJ-Rio2013. É um dom a mais para os participantes desses momentos de oração, adoração, celebração e piedade.

Que todos os fiéis vivam, intensamente, a JMJ-Rio2013 e obtenham todas as graças anexas a este tempo santo. Pelas indulgências, os fiéis podem obter para si mesmos e também para as almas do Purgatório, a remissão das penas temporais, sequelas dos pecados, para viver a virtude da santidade, abrindo seus corações para o Redentor, fiel ao lema que viveremos nestes dias: “Ide e fazei discípulos por todas as nações (cfr Mt 28, 19)”.
Dom Orani João Tempesta, O. Cist
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)