A Palavra de Deus

A Palavra de Deus

DOPAS

DOAÇÃO, ORAÇÃO, POBREZA, ALEGRIA E SIMPLICIDADE

11 de abril de 2013

EVANGELHO E LEITURA ORANTE PARA QUINTA-FEIRA

ANO C - DIA 11/04  Qunta-feira
Quem crê tem a vida eterna 
- Jo 3,31-36
Aquele que vem do alto está acima de todos. Quem é da terra, pertence à terra e fala coisas da terra. Aquele que vem do céu está acima de todos. Ele dá testemunho do que viu e ouviu, mas ninguém aceita o seu testemunho. Quem aceita o seu testemunho atesta que Deus é verdadeiro. De fato, aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, pois ele dá o espírito sem medida. O Pai ama o Filho e entregou tudo em suas mãos. Aquele que crê no Filho tem a vida eterna. Aquele, porém, que se recusa a crer no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele.”

LEITURA ORANTE

ORAÇÃO INICIAL
Em comunhão com todos os internautas, coloco-me ao lado de Jesus e Nicodemos, na atitude de discípulo/a. Há muitas coisas que Deus tem ainda para me ensinar e devo aprender. 
Peço a graça de saber escutar os seus ensinamentos e de me deixar transformar por eles. 
Preparo-me para a Leitura Orante, rezando com todos os que se encontram neste "continente digital":

Creio, meu Deus, que estou diante de Ti. 
Que me vês e escutas as minhas orações. 
Tu és tão grande e tão santo: eu te adoro. 
Tu me deste tudo: eu te agradeço. 
Foste tão ofendido por mim: 
eu te peço perdão de todo o coração. 
Tu és tão misericordioso: eu te peço todas as graças
1- LEITURA (VERDADE)O que diz o texto do dia? 
Leio atentamente o texto, na Bíblia: Jo 3,31-36, e observo palavras do Mestre.
Aquele que vem do alto está acima de todos. Quem é da terra, pertence à terra e fala coisas da terra. Aquele que vem do céu está acima de todos. Ele dá testemunho do que viu e ouviu, mas ninguém aceita o seu testemunho. Quem aceita o seu testemunho atesta que Deus é verdadeiro. De fato, aquele que Deus enviou fala as palavras de Deus, pois ele dá o espírito sem medida. O Pai ama o Filho e entregou tudo em suas mãos. Aquele que crê no Filho tem a vida eterna. Aquele, porém, que se recusa a crer no Filho não verá a vida, mas a ira de Deus permanece sobre ele.
Aquele que vem do céu fala das coisas que viu e ouviu. Dá testemunho, portanto. Diz as palavras de Deus. Não as próprias palavras. Porque, diz o Mestre, Deus dá do seu Espírito sem medida. 
2- MEDITAÇÃO (CAMINHO)O que o texto diz para mim, hoje? 
Devo dizer as palavras de Deus. Para tanto, abro todo o meu ser - mente, vontade e coração - para que o Senhor o plenifique com seu Espírito sem medida. Disseram os bispos, em Aparecida: "O Senhor nos disse: “não tenham medo” (Mt 28,5). Como às mulheres na manhã da Ressurreição nos é repetido: “Por que buscam entre os mortos aquele que está vivo?” (Lc 24,5). Os sinais da vitória de Cristo ressuscitado nos estimulam enquanto suplicamos a graça da conversão e mantemos viva a esperança que não defrauda. O que nos define não são as circunstâncias dramáticas da vida, nem os desafios da sociedade ou as tarefas que devemos empreender, mas todo o amor recebido do Pai, graças a Jesus Cristo pela unção do Espírito Santo. Esta prioridade fundamental é a que tem presidido todos os nossos trabalhos que oferecemos a Deus, à nossa Igreja, a nosso povo, a cada um dos latino-americanos, enquanto elevamos ao Espírito Santo nossa súplica para que redescubramos a beleza e a alegria de ser cristãos. Aqui está o desafio fundamental que contrapomos: mostrar a capacidade da Igreja de promover e formar discípulos que respondam à vocação recebida e comuniquem em todas as partes, transbordando de gratidão e alegria, o dom do encontro com Jesus Cristo. Não temos outro tesouro a não ser este. Não temos outra felicidade nem outra prioridade que não seja sermos instrumentos do Espírito de Deus na Igreja, para que Jesus Cristo seja encontrado, seguido, amado, adorado, anunciado e comunicado a todos, não obstante todas as dificuldades e resistências. Este é o melhor serviço – seu serviço! – que a Igreja tem que oferecer às pessoas e nações" (DAp 14).
3- ORAÇÃO (VIDA)O que o texto me leva a dizer a Deus? 
Rezo, espontaneamente, com salmos ou outras orações e concluo: 
Espírito vivificador, 
a ti consagro o meu coração: 
aumenta em mim o amor a Jesus, Vida da minha vida. 
Faze-me sentir filho amado do Pai. Amém. 
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós.
4- CONTEMPLAÇÃO (VIDA E MISSÃO)Qual meu novo olhar a partir da Palavra? 
Meu novo olhar é de alguém que se sente enviado por Deus. Olho, vejo, analiso tudo, tomo decisões com o jeito de ser de Deus, pois sou seu filho. 
BÊNÇÃO
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém. 
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém. 
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém. 
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém. 
Ir. Patrícia Silva, fsp

CNBB EM ASSEMBLÉIA

Está em pleno andamento a 51ª Assembleia Geral (AG) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em Aparecida. É tradição de longa data, depois da Páscoa, os bispos todos do Brasil se reunirem em assembleia.

A possibilidade de se encontrarem, durante dez dias, vindos de todos os recantos do país, já justifica essa assembleia, independente dos assuntos a serem tratados.

Consolidar a comunhão dos bispos entre si, partilhando momentos de convivência fraterna, de troca de experiências, e de informações sobre a vida das dioceses, é sempre a finalidade principal de sua assembleia, seja qual for a agenda.

Cada assembleia tem sua característica, dependendo do contexto em se realiza. Desta vez a expectativa maior é como situar a assembleia no novo contexto eclesial, decorrente das diversas surpresas acontecidas neste início de ano, a começar pela renúncia de Bento XVI, culminando com a eleição do Papa Francisco.

Mesmo que nem façam parte da pauta, os comentários a respeito do novo Papa serão, certamente, o assunto principal das conversas entre os bispos.

Uma assembleia, portanto, muito marcada pelo novo clima, de diálogo e de esperança, que o Papa Francisco suscitou de maneira tão insistente neste início de seu pontificado.

Confirmada a presença do Papa no mês de julho, no Rio de Janeiro, o fato se insere no contexto mais amplo da importância da Igreja da América Latina. De fato a eleição de um cardeal latino-americano, e sua primeira visita como Papa ao Brasil, colocam em evidência a perspectiva latino americana da Igreja Católica, no momento histórico que estamos vivendo.

Este contexto repercute também na CNBB. Se a Igreja, no mundo inteiro, "passa a palavra" para a América Latina, é claro que a Igreja do Brasil é chamada a manifestar-se, através dos posicionamentos que o pontificado do Papa Francisco irá certamente solicitar. Isto coloca para a CNBB o desafio de identificar as contribuições válidas que a Igreja do Brasil está em condições de oferecer, contanto que sejam bem dimensionadas.

O tema central desta 51ª AG se apresenta assim: "Comunidade de comunidades: uma nova paróquia".

Sejam quais forem os enfoques que este tema pode comportar, é evidente a referência às "comunidades", que se constituíram na experiência eclesial mais válida e mais consistente que a Igreja do Brasil vivenciou, no seu empenho de suscitar "comunidades eclesiais" autênticas, bem inseridas na realidade, guiadas por valores evangélicos, fortalecidas pela Palavra de Deus, e conscientes da comunhão eclesial a ser devidamente cultivada e manifestada.

A formação de comunidades eclesiais concretas, abertas à participação dos seus membros, prontas a valorizar os ministros ordenados, foi a riqueza mais original, produzida pelo esforço de renovação eclesial incentivado pelo Concílio.

De certa maneira, a Igreja do Brasil, no seu empenho de aplicar o Concílio, refez a caminhada da Igreja Primitiva, que teve nas comunidades o seu fruto melhor, resultante do testemunho que davam do Senhor Ressuscitado.

Com o clima de confiança e de abertura, suscitado pelo Papa Francisco, dá para sonhar que as riquezas da caminhada da Igreja latino-americana sejam agora olhadas com serenidade, e colocadas a serviço da ampla renovação eclesial desencadeada pelo Concílio.
Dom Luiz Demétrio Valentini - Bispo de Jales (SP).

OS FILHOS NOS EDUCAM


Os pais são educados mediante a educação dos filhos. A razão é muito simples: ninguém pode ensinar o bem sem vivê-lo; não dá para falar em honestidade para o filho, sem praticar esta virtude; e assim por diante.

Não só na exigência da prática das virtudes para poder bem educar, mas também em muitas outras coisas somos educados enquanto educamos, e assim, a família se torna, também para os pais, um educandário. 

Ao educar os filhos você vai notar que nem sempre tudo sai bem, como a gente quer, então somos obrigados a exercitar a paciência, a tolerância, a bondade, etc. Muitas vezes aprenderemos que é preciso esperar e ter fé. Aprendemos que o trabalho em equipe é melhor, que a perseverança foi fundamental para resolver aquele problema.

Certa vez um dos nossos filhos, com apenas oito anos de idade nos deu uma grande lição, sem dizer nada. Era nosso costume rezar o Terço com eles desde pequenos; e um dia, antes da oração, eu lhes contei que algumas pessoas rezavam o Terço em cruz, isto é, com os braços abertos e na horizontal, como penitência. Contei isto sem pretensão alguma de que eles o fizessem. Mas qual não foi a nossa surpresa quando o menino nos disse: “pois eu hoje vou rezar o Terço em cruz!”. E ficou com os braços abertos por mais de vinte minutos até que tudo terminasse.

Por mais que eu insistisse com ele que já estava bom, que podia baixar os braços, não o consegui convencer. Fiquei abismado! Aprendi a respeitar mais a criança.

Outra vez tive que passar uma noite em claro no hospital com um deles com uma crise aguda de bronquite. Quanta coisa se aprende quando se passa uma noite em claro em um hospital...

Quantas lições de caridade, bondade, meiguice, pureza, naturalidade, espontaneidade, as crianças nos dão. Não é à toa que Jesus disse que para entrar no Reino dos céus temos que nos “tornar crianças”.

Elas nos dão grandes lições: não se preocupam com o dia de amanhã, vivem intensamente o presente, confiam em alguém com todo o coração, não se dão ao luxo e aos caprichos dos adultos. Não fazem discriminaçãode pessoas e se adaptam com facilidade a qualquer lugar.

Aprenda com os filhos.
Felipe Aquino - Cancão Nova

CULTIVANDO A ALEGRIA


“A alegria do coração é a vida da pessoa, tesouro inexaurível de santidade, a alegria da pessoa prologa-lhe a vida. Tem compreensão contigo mesmo e consola teu coração; afugenta para longe de ti a tristeza. A tristeza matou a muitos e não traz proveito algum” (Eclo 30,23-25).

A alegria é tão importante quanto o desenvolvimento da inteligência. É sábio dedicar-se ao cultivo da alegria. Como na agricultura, todo cultivo requer cuidado. Cultivar a alegria é coisa de gente inteligente, de gente esperta! Existem momentos da nossa vida em que precisamos dar um ponto final na tristeza. Minha mãe foi uma dessas que optou pelo cultivo da alegria em seu coração. Ela sofreu demais com a morte do meu irmão mais velho e, durante muito tempo, a tristeza tomou conta de seu interior. Pense em uma mulher que, durante a vida inteira, foi gastando o seu coração para o bem dos outros, e somada a esse desgaste vem a perda de um filho num dia tão marcante! A tristeza havia habitado seu interior.
Um dia, cheguei para ela e disse: “Mãe, olha pra mim. O Mário se foi! Mas eu fiquei!”.

Ela precisava reagir mesmo sendo idosa. Por mais doloroso que fosse, ela optou por viver a alegria e a paz que só Jesus nos dá. Minha mãe teve que tirar os olhos do meu irmão e olhar para mim. Ela optou, naquela hora, em deixar a tristeza de lado e cultivar a alegria por mim!

Não sei a sua idade nem quais são as suas perdas. Só sei de uma coisa: é hora de reagir! Olhe para Jesus, pois Ele pode lhe dar a alegria completa. Seja alegre e gere alegria, assim você verá como isso é gratificante! Só conseguiremos contagiar uma sociedade com a “alegria completa” se estivermos ligados a Jesus. Ele é a verdadeira esperança, ele é a verdadeira alegria.

Faça uma radiografia da sua vida, olhe no espelho e pergunte: eu sou alegre? Eu sou feliz? Depois disso, continue a olhar para o espelho e imagine a próxima geração feliz e alegre. Isto é possível ou impossível?

Afirmar que o mundo necessita da sua alegria. Isso é impossível ou possível? Quando falamos em mundo estamos falando em sociedade, em pessoas, e isso precisa causar gratidão em cada um de nós. Este é o maior reconhecimento a que precisamos aspirar: “gerar alegria nos outros”. Nessa vida, podemos ser duas coisas: instrumento de vida ou instrumento de morte. De que lado você está? Seja um especialista em fazer o bem!

Quem não quer ter a alegria no coração? Você conhece pessoas que são inteligentes e sábias, mas tristes? O que você tem cultivado no coração? Tudo que você é e faz tem sido o suficiente para causar alegria?

Cultivar a tristeza é pecado grave. Um fruto que cada um precisa dar é o fruto da alegria, um inesgotável tesouro de santidade!
Cleto Coelho – Comunidade Canção Nova

MARCHA À RÉ


O fato é verdadeiro e fez-me pensar sobre a importância vital de ter flexibilidade para chegar ao sucesso.

Houve um tempo na minha vida em que, toda quinta-feira, lá pelas nove da noite, eu tomava a rodovia por uns setenta quilômetros até uma emissora de TV onde apresentava um programa ao vivo. Naquele dia, não foi diferente. Junto comigo ia um amigo. Conversávamos animadamente. Chovia, mas tínhamos tempo de sobra, pois o percurso poderia ser feito tranquilamente em 45 minutos. Quando chegamos à altura da cidade de Aparecida (SP), bem em frente à Basílica Nova, a rodovia Dutra simplesmente parou. Chovia mais forte. Esperamos uns dez minutos achando que era coisa rápida. Nada mudou. O relógio continuava. Parecia que, de repente, o tempo começava a andar mais rápido. Eram 21h30. Ainda tínhamos uma hora.
Liguei para a produção do programa, explicando o problema. Rapidamente eram 21h45. O trânsito na Dutra continuava completamente imóvel. Chovia ainda mais. Não havia como avançar. Olhei para o lado e percebi que havia um pequeno espaço entre caminhões. Dei marcha à ré e tentei passar por ali. Consegui. Alcancei o acostamento, onde encontrei um retorno.

Meu amigo estranhou, pois a sensação era de que estávamos voltando. De fato tivemos que retornar para retomar o caminho por dentro da cidade de Aparecida. Passei por Guaratinguetá e retomei a Dutra, totalmente livre. Exatamente às 22h30, cheguei a Cachoeira Paulista e entrei imediatamente para o programa, ao vivo.

Tirei a seguinte lição. Na vida é assim. Queremos sempre ir em frente. Nunca queremos dar marcha à ré. Por isso, quando a vida para e aparecem obstáculos intransponíveis ficamos estressados e tristes. A solução para avançar pode ser justamente retroceder. Isso pode acontecer no casamento, na educação dos filhos, na vida profissional, na escola, nos projetos.

Algumas vezes, desistir é a maneira mais sábia de insistir. Lembrei o fato de algumas mulheres que não conseguem engravidar de jeito nenhum. Depois de muitos anos tentando, desistem e resolvem adotar. No mês seguinte estão grávidas. Existe nisso uma profunda lição de sabedoria.

No dia seguinte, recebi muitas mensagens pela Internet cumprimentando-me pela importante lição da marcha à ré. Uma delas deixou-me especialmente comovido. Um jovem estava pronto para se suicidar e assistia à televisão, quando ouviu a minha história. Colocou a mão na consciência e pensou: “É isso mesmo... quero tirar a minha vida, porque não faz mais sentido ir em frente. Preciso desistir de tudo e aceitar os meus fracassos. Preciso dar marcha à ré”.

Aquela Dutra parada salvou a vida do jovem.
Padre Joãozinho, SCJ

O SEU DESEJO É A SUA ORAÇÃO



“Meu coração grita e geme de dor” (Sl 37,9). Há gemidos ocultos que não são ouvidos pelos homens. Contudo, se o coração está possuído por tão ardente desejo que a ferida interior do homem se manifesta em sons externos, procuramos a causa e dizemos a nós mesmos: talvez ele tenha razão de gemer e, talvez, lhe tenha sucedido algo. Mas quem pode compreender esses gemidos, senão aquele a cujos olhos e ouvidos eles se dirigem? Por isso diz: “Meu coração grita e geme de dor”, porque os homens, se ouvem, às vezes, os gemidos de um homem, ouvem, frequentemente, os gemidos da carne; mas não ouvem o que geme em seu coração.

E quem seria capaz de compreender por que grita? Escuta o que diz:“Diante de vós está todo o meu desejo” (Sl 37,10). Não diante dos homens, que não podem ver o coração, mas diante de vós está todo o meu desejo. Se, pois, o teu desejo está diante do Pai, Ele, que vê o que está oculto, o recompensará.
O seu desejo é a dua oração; se o desejo é contínuo, também a oração é contínua. Não foi em vão que o Apóstolo disse: “Orai sem cessar” (1Ts 5,17). Será preciso ter sempre os joelhos em terra, o corpo prostrado, as mãos levantadas, para que ele nos diga: “Orai sem cessar”. Se é isto que chamamos orar, não creio que possamos fazê-lo sem cessar.

Há outra oração interior e contínua: é o desejo. Ainda que faças qualquer outra coisa, se desejas aquele repouso do Sábado eterno, não cessas de orar. Se não queres cessar de orar, não cesses de desejar.

Se teu desejo é contínuo, a tua voz é contínua. Ficarás calado, se deixares de amar. Quais são os que se calaram? Aqueles de quem foi dito: “A maldade se espalhará tanto, que o amor de muitos esfriará” (Mt 24,12).

O arrefecimento da caridade é o silêncio do coração; o fervor da caridade é o clamor do coração. Se tua caridade permanece sempre, clamas sempre; se clamas sempre, desejas sempre; se desejas, tu te recordas do repouso eterno.

“Diante de vós está todo o meu desejo”. Se o desejo está diante de Deus, o gemido não estará? Como poderia ser assim, se o gemido é a expressão do desejo?

Por isso o salmista continua: “Meu gemido não vos é oculto” (Sl 37,10). Não é oculto para Deus, mas o é para a multidão dos homens. Ouve-se, por vezes, um humilde servo de Deus dizer: “Meu gemido não voa, é oculto” e vê-se também esse servo sorrir. Será por que o desejo está morto em seu coração? Se o desejo permanece, também permanece o gemido; este nem sempre chega aos ouvidos dos homens, mas nunca está longe dos ouvidos de Deus.

Santo Agosinho, Bispo e Doutor da Igreja
Felipe Aquino - Cancão Nova