Quarentena: oportunidade para um reajuste interior
Foto ilustrativa: lovelyday12 by Getty Images
A vida é uma escola em que só com humildade, docilidade e mansidão se chega onde se deve. Muitos estacionam em períodos em que se sentem mais confortáveis e acabam por não ver o que está diante dos olhos, outros ainda passam a vida toda em cima de uma disciplina da vida e não consegue ver a grade curricular completa. Claro que é uma metáfora, não vamos conseguir olhar o todo, é impossível sermos oniscientes, isso cabe a Deus. O fato é que conseguimos olhar ao nosso redor e, por vezes, precisaremos reajustar o nosso olhar e mudarmos as nossas estruturas para nos adaptarmos ao mundo.
Por exemplo, nesta quarentena que iniciou-se quase que no mesmo tempo do período quaresmal, quantas vezes eu olhei para minha rotina e consegui enxergar novidades? Estou lhe dizendo para olhar sua vida e reajustar o foco. A novidade que está diante de nós é tão bonita e porta tanta beleza na simplicidade que acabamos nos acostumamos. Como é belo olhar a vida de alguém que não vê as situações difíceis como apenas uma dificuldade ou um obstáculo intransponível. A nossa adaptação, nosso reajuste nos faz crescer. E quando transformamos tudo em oração, aí sim podemos amadurecer ainda mais.
O reajuste proporciona sabedoria
Lembra daquela frase: aproveite os limões que a vida te dá. Pois bem, é isso mesmo. Se não fosse pela necessidade, não teríamos inventado a luz, o telefone etc. O que, de fato, nos inquieta também suscita criatividade e flexibilidade. A idade da pedra passou; impérios imensos ruíram; passamos por diversas pestes, guerras, tudo passa… O que permanece dentro de você quando “tudo passa” é a sabedoria adquirida pelos “reajustes” que você fez.
Vamos a algo ainda mais profundo: autotranscedência. A palavra é um pouco complicada para explicar, mas podemos discorrer que é a capacidade que o homem tem de estar voltado para algo que está além de si mesmo. É preciso reajustar para que você veja o que não está vendo. Mais uma vez e isso é – de certa forma inevitável – precisamos olhar para nós mesmos e fazer aquela revisão. Olhar como quem olha as peças de um relógio, pois, se uma peça precisa de mais óleo ou de uma troca, significa que o relógio não está funcionando bem ou, ainda, não está em pleno funcionamento. Observe o seu e coloque no papel seu ritmo semanal, seu itinerário; amplie sua visão e queira enxergar em você o que está fora do lugar.
É hora de encerrar o que se começou, de dar mais um passo rumo aos sonhos, de enxergar o que não se vê ou o que não se quer ver. Olhar além do horizonte e para si mesmo, porque temos a oportunidade de inaugurar novos tempos, de viver tendo a ciência de que reajustes são possíveis graças à capacidade humana de se reinventar e de querer viver bem. A sabedoria está no ar.
Guilherme Razuk
é candidato às ordens sacras na Comunidade Canção Nova. Graduando do curso de Filosofia (licenciatura) pela Faculdade Canção Nova, Cachoeira Paulista (SP).
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