A Palavra de Deus

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DOPAS

DOAÇÃO, ORAÇÃO, POBREZA, ALEGRIA E SIMPLICIDADE

18 de novembro de 2017

Como você lida com seus pensamentos negativos?

Como você lida com seus pensamentos negativos?




Quanto mais evitamos uma situação, mais ela nos amedronta

É muito comum, ao nos ferirmos em nossos relacionamentos, dizermos frases assim: “Nunca mais vou me envolver com outra pessoa”, “Nunca mais terei alguém”. E, a partir dessas frases, de fato, a pessoa jamais se abre para outras possibilidades ou avalia todas as pessoas ou situações da mesma forma.

Muitas vezes, percepções distorcidas, interpretações exageradas ou extremamente negativas determinarão a forma como passamos a ver o mundo, as pessoas e os relacionamentos. A partir daí, uma espécie de fechamento se dá em nossa vida e começamos a evitar situações ou pessoas. E quantos de nós já não vivemos isso!

Os conceitos que vamos construindo a respeito do mundo estão diretamente ligados às nossas percepções, crenças, cultura e aos nossos valores; muitas vezes, ligados também aos nossos diálogos internos, os quais parecem extremamente reais, ou seja, levam-nos a acreditar em coisas que nem sempre correspondem às verdades dos fatos.

Por exemplo: muitas pessoas se queixam de medos intensos e ficam bloqueadas para fazer algo. Se pararmos e olharmos a fundo, nem sempre esse medo corresponderá a algo possível de ocorrer. Acontece que, ao pensar de forma negativa e disparar uma série de pensamos distorcidos sobre uma situação, todo nosso corpo se mobiliza; então, surgem as fobias, o pânico, o desespero, uma ansiedade aumentada que, no fim, mexe diretamente com nosso corpo.

Assim como no medo, quando nos confrontamos com uma situação que nos bloqueia, podemos pensar em algumas situações para lidar com tais sentimentos:

1- Procure compreender de onde vem esses sentimentos e se, de fato, eles correspondem a algo possível de ocorrer, ou se não é um exagero dos seus pensamentos;
2- Enfrente uma situação e aja racionalmente, isso ajuda especialmente na superação de uma dificuldade. Quanto mais evitamos uma situação, mais ela nos amedronta;
3- Procure analisar a situação de uma outra forma. Se há, por exemplo, uma dificuldade nos relacionamentos afetivos, não necessariamente você precisa se isolar e se fechar ao outro. Pense o que acontece com seus relacionamentos, quais posicionamentos deve tomar, como vê o mundo e procure uma nova forma de reagir e avaliar seus pensamentos;
4- Quando estiver passando por um momento difícil, procure respirar e avaliar a situação. Não fuja do que está acontecendo e evite uma postura de fechamento. Lembre-se: mesmo que algo não tenha dado certo uma ou mais vezes, não significa que você está condenado a coisas tristes e nunca mais terá um relacionamento positivo.

Quando aprendemos a reconhecer nossos pensamentos, podemos ter uma nova atitude diante dos acontecimentos. Ao deixar de lado ideias negativas, deixamos que uma forma de ver a vida mais racional e equilibrada se faça presente. Certamente, todos ao nosso redor receberão os resultados positivos dessa mudança de pensamento e comportamento.

Elaine Ribeiro dos Santos - Psicóloga Clínica e Organizacional, colaboradora da Comunidade Canção Nova.

Descubra-se, apoie-se e impulsione sua vida

Descubra-se, apoie-se e impulsione sua vida






Ninguém é otimista porque não tem problemas, mas avança para impulsionar a vida

No dia a dia é comum observarmos coisas boas e ruins acontecendo a nossa volta a todo instante. Com isso, sentimentos diversos são despertados em nosso interior. Se não estivermos atentos, acabamos sendo levados por eles de um lado para o outro até nos distanciar da felicidade que tanto buscamos. É fácil perceber que existem pessoas de bem com a vida e que conseguem se adaptar de maneira rápida às situações adversas, enquanto outras param diante dos desafios por simples que sejam e não conseguem avançar. Geralmente admiramos as pessoas do primeiro grupo, e até nos perguntamos de onde vem esta força para sorrirem, mesmo quando o mundo parece desabar?

Qual o segredo para sorrirem quando tudo parece desabar?

Segundo especialistas, o segredo está na satisfação com a vida. Ninguém é otimista porque não tem problemas, mas porque tem uma visão positiva em relação às dificuldades. Portanto, aprender a ver o lado bom dos acontecimentos e a ser grato pelo que tem, é a melhor receita para ser feliz. Por outro lado, ficar pensando no que poderia ser mas não foi, e de cara fechada porque não é amado o quanto gostaria de ser, não vai resolver o problema e provavelmente vai até piorar a situação. A propósito, já está provado, que quanto mais uma pessoa tenta chamar a atenção por lamúrias, mais afasta de si as outras pessoas. Afinal quem é que gosta de ficar ao lado de alguém que só reclama?

Que postura tomar?

Também não se trata de viver fora da realidade. A questão é a postura que se toma diante dos desafios que a vida proporciona. A jarra meio vazia para uns, é meio cheia para outros. Depende dos olhos que a enxerga, e os olhos veem de acordo com o que o coração sente.
É por isso que, se quisermos encontrar satisfação na vida e passarmos do vitimismo para realização, é preciso treinar o coração para tomar decisões, ter força de vontade e acima de tudo fazer escolhas. Isso mesmo! Ser feliz passa por fazer escolhas concretas como, por exemplo, acordar cedo em vez de ficar mais alguns míseros minutos na cama e se atrasar ao ponto de ficar o resto do dia com mau humor. A escolha para quem quer mudar de vida será: levantar na hora certa, com boa disposição e fazer tudo com calma, inclusive cumprimentar e sorrir para as pessoas. Aliás, poucas coisas nos fazem tão bem como um sorriso sincero! E saber que custa tão pouco! Experimente hoje sorrir mais e cultivar a alegria. Deixe de lado as queixas e verá o quanto isso lhe fará bem!

Talvez você não possa mudar as situações, mas quando faz opção pela alegria, altera totalmente a maneira como lida com elas. E não precisa ficar procurando razões especiais para ser alegre. Faça acontecer a felicidade na simplicidade do seu dia a dia. Experimente caminhar em um parque, cuidar de plantas, cozinhar, pintar. Dedique-se às pessoas. Preste atenção naqueles que estão ao seu lado, demonstre interesse por quem vem ao seu encontro, esteja disposto a estender a mão, ouvir, elogiar, ser presença, amar. Você ficará surpreso com o quanto isso lhe causará felicidade. Em outras palavras: quer ser feliz? Saia do comodismo!

Qual é a melhor escolha?

Dizem que existem duas principais escolhas que precisamos fazer na vida: aceitar a condição em que nos encontramos, ou aceitarmos a responsabilidade que teremos de mudá-la daqui pra frente. Ou seja, a felicidade que você deseja alcançar e o rumo novo que quer dar para a sua vida, estão ao seu alcance, só dependem de suas escolhas.

Dijanira Silva - Missionária da Comunidade Canção Nova, desde 1997, Djanira reside na missão de São Paulo, onde atua nos meios de comunicação. Diariamente, apresenta programas na Rádio América CN. Às terças-feiras, está à frente do programa “De mãos unidas”, que apresenta às 21h30 na TV Canção Nova. 

Diante das situações adversas, pense e aja de forma diferente

Diante das situações adversas, pense e aja de forma diferente



Crédito: Martin Barraud


Sabe quando falam em dar uma resposta diferente diante de alguma situação?

Pensar diferente, agir diferente? Pois é, vira e mexe, eu me vejo nessas situações! Por vezes, é fácil fazer isso, principalmente quando amamos a pessoa que nos afetou. Porém, quando isso se torna algo constante ou uma situação um pouco mais séria, aí dói, porque nosso orgulho, muitas vezes, é maior do que a nossa capacidade de perdoar. E aí abrimos brecha para muitas coisas acontecerem.

Convido você, que ainda não leu a história de Santa Bakhita, a lê-la. É uma grande lição de superação e perdão!

Quando falo que coisas podem acontecer, estou falando de vários aspectos de nossa vida, desde pequenas perdas, as quais vamos carregando sem necessidade, até as grandes! Eu mesma já perdi amigos e oportunidades, e como é difícil aprender a perdoar, mesmo quando olhamos para a história dos santos e até mesmo para algum testemunho forte de conversão! Sei lá… É como se o erro não fosse nosso; então, não precisamos fazer nada.
Faça da adversidade um impulso para o céu

Deixe-me lhe contar uma coisa, pense comigo: se toda humilhação pela qual passamos for um degrau para o céu, quer dizer que estamos no caminho certo. Deveríamos até agradecer às pessoas que nos impulsionam! E se dermos uma resposta diferente, aí já virou uma corrida para o céu.

A receita eu não tenho, mas tenho aprendido com a vida que, a cada dia e a cada passo, somos capazes de pensar e agir diferente. Quando não fazemos isso, é como se estagnássemos, falássemos assim para Jesus: “Olha, Jesus, essa chance aí, que o Senhor está me dando, eu não a quero. Vou esperar outra”. E se não houver outra? E se nosso encontro com o Senhor estiver próximo? Então, percebemos que faltou só um ou dois degraus para chegarmos no céu. É difícil aceitarmos o cadinho da humilhação, mas mais difícil ainda é perdermos o céu.

Isso não é utopia nem coisa para santos, mas sim para quem busca a santidade, para pessoas de carne e osso, assim como eu e você.

Se colocarmos, na nossa cabeça, que o que realmente importa é o céu, as coisas pequenas do dia a dia ficarão fáceis de suportar, e as grandes (às vezes com um pouco de ajuda, é claro) não ficarão assim tão pesadas.

Ao longo da minha vida, já passei por várias situações, grandes e pequenas, fáceis e difíceis de suportar, mas posso dizer que estou vencendo, pois constato isso no meu crescimento como pessoa, como alguém que busca servir a Deus, que almeja o céu. Ao dizer isso, não digo que sou santa nem exemplo a ser seguido, digo apenas que, se eu consigo, você também consegue.

Sou humana, frágil, tenho meus desequilíbrios, porém, nada disso é maior que o meu desejo do céu.

Faça a experiência

Conheço uma música que diz assim: “Tudo posso. Deus me fortalece. As coisas velhas se foram, tudo novo se fará. Descobri o sentido de viver. Essa é a razão que me faz cantar: tudo posso em Deus que me fortalece”. Se pensarmos assim, ao menos um pouquinho do nosso dia, o fardo que carregamos se tornará mais leve.

Eu o convido a fazer essa experiência de viver um dia de cada vez, uma situação de cada vez. Quem sabe assim, os degraus para o céu se tornem mais fáceis de alcançar.

Estamos juntos nessa luta, nessa batalha. Tenho a certeza de que Deus caminha conosco e nos fará perceber Sua ação, até mesmo na miséria do outro.

Peça ao Espírito Santo que nos ajude, que revele a melhor forma de vivermos a situação que estamos vivendo, e que nos lembremos de que o céu é logo.

Kelly Kruschewsky -  é professora no Instituto Canção Nova, Consagrada permanente na Comunidade Canção Nova, ela é casada com João Paulo Kruschewsky e mãe de três filhos: Pedro, Rafael e Elisa.

Eu me relaciono de verdade com Jesus Salvador?

Eu me relaciono de verdade com Jesus Salvador?




A salvação que Cristo doa ao mundo só é alcançada por aqueles que se lançam em uma relação pessoal com Ele

A salvação nos foi dada por meio de Jesus Cristo, n’Ele fomos salvos (cf. Rm 5, 10). Mas, não basta somente crer, precisamos também nos esforçarmos para viver em conformidade com esse dom, assim exorta-nos a doutrina católica (cf. Tiago 2, 17).

No evangelho de Lucas 23, 39 – 43, nos deparamos com o Cristo suspenso na cruz e ao lado d’Ele dois ladrões. Os dois foram condenados à morte, por consequência das maldades que realizaram e, diferente de Jesus, mereciam o que estavam sofrendo.

O primeiro ladrão, faz como todos os outros que participam desta cena trágica, zomba de Jesus: “Se és o Cristo, salva-te a ti mesmo e salva-nos a nós!” Não é apenas uma zombaria, é um grito de dor. Está clamando – se podes; faça alguma coisa, salva-me desse tormento – esse homem pede a salvação, mas seu pedido de ajuda se baseia somente no sofrimento carnal, ele não ultrapassa o olhar humano em relação a Jesus e por isso não experimenta a graça de conhecê-lo. Jesus, até então, permanece em silêncio.

Em seguida, o segundo ladrão, clama: “Jesus, lembra-te de mim, quando tiveres entrado no teu Reino!” Apesar de sua condição pecadora, ele vê que Jesus não sofre por seus próprios erros, mas nota que, esse homem ao seu lado sabe de algo que o ajuda a suportar tudo aquilo. Então, esse ladrão pede para ser apresentado para essa realidade. Pede uma relação pessoal com Aquele que está ao lado dele.

E, então, Jesus rompe o seu silêncio: “Em verdade te digo: hoje estarás comigo no paraíso.”

O primeiro ladrão, desafia Jesus a sair da cruz e depois tirá-lo. O segundo ladrão, ao contrário, diz: “Vai ao teu Reino e leve-me, também, para ele.”

Os dois pedem para mudar a situação: um pede uma mudança instantânea e o outro se abre para um futuro.

Não é que Deus não queira nos livrar das dores que carregamos, entretanto, Jesus está mais interessado na nossa salvação eterna.
Abandonar-se em Deus

A experiência cristã de, abandonar-se em Deus nos momentos de dor, é fazer a experiência de pedir para Deus algo no futuro, mas sentir-se em paz no presente. Confiar em Jesus faz com que algo mude dentro de nós. Ele não nos tira sempre da cruz, mas com certeza nos dará o paraíso.

A salvação que Cristo doa ao mundo, só é alcançada por aqueles que se lançam em uma relação pessoal com Ele, entregando suas dores, angústias, medos e sofrimentos, no entanto, não colocando como condição para segui-Lo a resolução dessas realidades. É olhar para Cristo e saber que mesmo se a dor não passar aqui, chegará o dia em que O “veremos face a face” (I Cor 13, 12), e ali não haverá mais dores e nem lágrimas.

Maranatha, vem Senhor Jesus.

Paulo Pereira -  nasceu em Nossa Senhora do Livramento (BA). É missionário da Comunidade Canção Nova e atua no setor de Jornalismo da Canção Nova em Roma, Itália.

Quem crê não recua

Quem crê não recua


Foto ilustrativa: Wesley Almeida / cancaonova.com







Quem crê não recua, avança sempre na certeza de que Deus está no controle de tudo

Se, e apenas, se permitirmos, os problemas e as dificuldades poderão abalar a nossa paz e nos ameaçar com a sombra da derrota.

Pedras esperam por você durante todo o trajeto; se forem pequenas: chute-as para fora do caminho; se forem grandes: sente-se sobre elas e espere até que, se manifeste o auxílio divino, e lhe sejam multiplicadas as forças da alma para removê-las. A tentação não o esqueceu, nem se cansou de arquitetar planos e realizar investidas para enganá-lo, seduzi-lo e destruí-lo. Ela tenta derrubá-lo pelo cansaço, inaugurando uma armadilha em cada “esquina” da sua vida.
Como está a sua fé?

É importante parar um pouco, fazer os cálculos e verificar se você continua operante e em condições de travar combate, se tem forças e as armas corretas consigo; parar e verificar como está a sua fé. Uma vez que, a fé é aquela “carta na manga”, aquela arma secreta que é guardada para o momento-chave; qualquer um pode chegar a vitória se souber ”dispará-la” no momento exato. Basta querer e, então, poderá obter sua vitória, arrancando-a com força, das garras da derrota.

Não importa o tamanho do problema, nem a força do mal que o aflige, desde que você tenha a coragem de expor seu coração e mantê-lo no alto, bem acima da dúvida, diante dos olhos de Deus. E esteja certo de que, de uma hora para outra, essa situação vai virar.


A fé pode mudar tudo em qualquer momento; já que o Senhor é poderoso para transformar a derrota na mais deliciosa e esperada vitória. Esse dom divino, paralisa a força do inimigo. Quando o diabo encontra uma pessoa que crê, ele dá um passo para trás, antes de bater em retirada.

Quem crê não recua, avança sempre na certeza de que Deus está no controle de tudo.

Márcio Mendes - Nascido em Brasília, em 1974, é casado e pai de dois filhos. Ex-cadete da Academia da Força Área Brasileira, Mendes é missionário da Comunidade Canção Nova, desde 1994, onde atua em áreas ligadas à comunicação. 

18 de setembro de 2017

Encontram-se abertas as inscrições para o Reino de Deus!

Encontram-se abertas as inscrições para o Reino de Deus!



Em todas as celebrações eucarísticas ouvimos a proclamação da Igreja, que ressoa a Escritura: “Felizes os convidados para a Ceia do Senhor” (Cf. Ap19, 9). 
E é grande a alegria por saber que o chamado de Deus quer incluir a todos. Na oração do Rosário, o terceiro mistério luminoso nos faz contemplar justamente o chamado à conversão, que ocorre com o anúncio do Reino de Deus. É que da parte do Senhor existe a clara vontade de salvar a todos, envolvendo as diversas gerações e situações humanas. Ao se tratar de uma grande consolação, resulta igualmente provocante a responsabilidade entregue à liberdade humana, pois Deus não impõe, mas convoca e convida. Conversando com um jovem em recuperação na “Fazenda da Esperança”, Comunidade Terapêutica presente em tantas partes de nosso país e do mundo, ouvi uma afirmação surpreendente. Dizia ele que seu drama maior era uma porteira aberta, por saber que, se quisesse, poderia ir embora. Sabia que o maior presente dado por Deus era entrar pelos umbrais da liberdade que o conduziam, pela estrada do Evangelho, a uma vida nova!

Jesus estabeleceu contato com todas as classes de pessoas, pelo que escandalizava a muitos. Era uma multidão de estropiados, rejeitados da sociedade, doentes de toda ordem, gente solitária, publicanos, pecadores de qualquer classificação. O Evangelho apenas permite entrever os dramas humanos que se apresentavam ao Senhor. Não muito diferente das imagens oferecidas ao vivo e a cores em nossos dias, com pessoas sofrendo toda espécie de miséria. As guerras localizadas ou espalhadas por nossas cidades pela violência e a miséria mostram um mundo machucado e desorientado, carente de encontrar aberta a porta do Reino de Deus! Que seja uma imensa procissão em busca de Deus! Que a meta seja o regaço misericordioso daquele que veio para os pecadores!

Também nossa história pessoal é repleta de idas e vindas, marcadas pelo mistério do pecado, malgrado o desejo de acertar esteja presente, pela própria vontade de Deus que nos criou. Muitas vezes damos nossa resposta positiva aos apelos de Deus e depois seguimos por outra estrada, cedendo ao egoísmo, turrões, cabeças duras que pretendem ser donas da verdade. Podemos ser também como o filho pirracento do primeiro momento que depois se converte e obedece ao Pai. “Um homem tinha dois filhos. Dirigindo-se ao primeiro, disse: ‘Filho, vai trabalhar hoje na vinha!’ O filho respondeu: ‘Não quero’. Mas depois mudou de atitude e foi. O pai dirigiu-se ao outro filho e disse a mesma coisa. Este respondeu:‘ Sim, senhor, eu vou’. Mas não foi” (Mt 21, 28-30). Cada pessoa sabe de sua aventura humana de liberdade, quedas, arrependimento, coragem para recomeçar, pedidos de perdão aos milhares, encontros com a misericórdia de Deus. Escute a palavra de Deus: “Quando um ímpio se arrepende da maldade que praticou e faz o que é direito e justo, conservará a própria vida. Arrependendo-se de todos os crimes que cometeu, ele certamente viverá, não morrerá” (Ez 18, 27-28)

O contato de Jesus com as pessoas é marcado pelo chamado constante à conversão. O início de sua pregação resume a proposta que faz à humanidade: “Depois que João foi preso, Jesus veio para a Galiléia, proclamando a Boa Nova de Deus: Completou-se o tempo, e o Reino de Deus está próximo. Convertei-vos e crede na Boa-Nova” (Mc 1, 14-15). Os cobradores de impostos convertidos e as prostitutas que acreditaram em Jesus, mudando radicalmente sua vida, são referências da possibilidade de transformação inscrita por Deus no coração humano (Cf. Mt 21, 28-32).

Os publicanos, cobradores de impostos, traidores do povo por trabalharem para os romanos, manipulavam a fonte permanente de tentação para o ser humano, o dinheiro! A malversação das verbas públicas e as torneiras abertas, pelas quais passam milhões e bilhões, ainda estão expostas diante de nossos olhos, nos dias que vivemos. Multiplicam-se os escândalos, revelam-se operações fraudulentas, mas o “deus dinheiro” continua atraindo as pessoas, traindo-as mesmo quando, confrontadas com acusações e provas dizem não saber de nada. A conversão passa pelo bolso, pois exige um uso dos bens segundo o plano de Deus, fundamentado na partilha e na comunhão. Chamem-se Mateus ou Zaqueu, ou quem sabe estejam no templo orando ao lado de um fariseu, é possível e desejável que os homens e mulheres, todos nós, mudemos o modo de usar os bens da terra!

Outro campo delicado é o da afetividade e da sexualidade e a degradação do uso de tais realidades, sob o título de prostituição. O corpo continua a ser vendido, não só nas zonas de prostituição de nossas cidades. Há outras formas de negociá-lo! Até se enfeita mais este comércio, justificando-o com a falsa liberdade de expor a intimidade das pessoas. Entretanto, o Evangelho de todos os tempos dará nome de Mulher adúltera, ou Samaritana, Prostituta ou outros qualificativos e profissões, a muitas pessoas que creem em Jesus Salvador e a Ele se convertem, mesmo depois de uma vida de miséria e sofrimento.

Com os publicanos e as prostitutas, amplie-se o horizonte para se sentirem envolvidos no chamado à conversão todos os homens e mulheres de nosso tempo, cada um de nós em primeiro lugar, seja qual for o nosso currículo! Encontram-se abertas as portas e as inscrições! Para entrar no Reino de Deus, as condições são o reconhecimento sincero da condição de pecadores, a coragem do arrependimento, a força para recomeçar quantas vezes for necessário, a sinceridade do olhar que se encontra com a misericórdia de Deus. Vale ainda olhar ao nosso redor e fazer festa com aqueles muitos que, também pecadores, são nossos companheiros, irmãos e irmãs que peregrinam na estrada da conversão, sem julgá-los ou pretender excluí-los.

É tempo de pedir com sinceridade: “Ó Deus, que mostrais vosso poder, sobretudo no perdão e na misericórdia, derramai sempre em nós a vossa graça, para que, caminhando ao encontro das vossas promessas, alcancemos os bens que nos reservais”.

Dom Alberto Taveira Corrêa - Arcebispo da Arquidiocese de Belém – PA.

Ser de Deus. O que eu ganho com isso?

Ser de Deus. O que eu ganho com isso?



Vale a pena ser de Deus

Hoje, vivemos a era do ‘Marketing’. Desde pequena, uma criança já sabe manusear um tablet, e por todos os lados vemos propagandas de produtos que oferecem prazer. É fato que as propagandas não vendem produtos, mas convites à felicidade que será alcançada por meio deles. Com isso, vemos uma geração que, a todo momento, se questiona: “O que eu ganho com isso?”, “Quanto eu lucro ao buscar esse ou aquele meio?”. E quando se fala em religião, vemos que esta não está numa realidade tão diferente da comercial. Em muros e cartazes, até mesmo em “carros de som”, anuncia-se, pela cidade, determinada igreja que nos trará benefícios e soluções de forma cada vez mais fácil, descomprometida e acessível ao fiel… Ou poderia dizer ao cliente?

Vemos que, na Bíblia, também havia pessoas interessadas em se beneficiar de Deus. Giezi é um exemplo; ele é um dos servos do profeta Elizeu, que testemunha a cura de Naamã, chefe do exército de Israel. O profeta não aceita nenhum presente de Naamã, o que deixa seu servo contrariado. “Então, Giezi sai correndo para alcançar Naamã. Quando este vê que Giezi corre atrás dele, desce do carro, vai ao seu encontro e lhe pergunta: ‘Está tudo bem?’. Giezi responde: ‘Tudo bem. Só que meu senhor mandou dizer-lhe: Agora mesmo, acabam de chegar, da região montanhosa de Efraim, dois jovens irmãos profetas. Por favor, dê para eles trinta e cinco quilos de prata e duas roupas de festa’. Naamã respondeu: ‘Aceite setenta quilos’. Insistiu para que Giezi aceitasse. Depois, Naamã colocou setenta quilos de prata e as roupas de festa em duas sacolas, e as entregou a dois de seus servos. Estes foram na frente de Giezi levando as sacolas” (cf. II Reis 5,21-25). Giezi mente dizendo que veio a mando do profeta pedir a prata e as roupas, mas o que o comandava nessa ação era seu desejo de ser beneficiado com o milagre que Deus operara em Naamã.

Deus não cede aos caprichos humanos

Na contramão, temos personagens bíblicos que nos mostram o caminho de uma real busca por Deus. O próprio profeta Elizeu, na passagem já citada, nos mostra que não é o que ganhamos com o Senhor que conta, mas o próprio Deus. Naamã lhe ofereceu prata e bens, mas o profeta os recusou, pois queria mostrar àquele homem que não se pode comprar a graça do Senhor. Muitas vezes, vejo por aí mensagens e dizeres onde se exortam um Deus produtor de bênçãos e milagres. Coisas como: “Deus não deixará nada de ruim acontecer. A sua vitória está perto, Deus fará de seus sonhos realidade”. Vamos construindo um “deus” condicionado ao que buscamos, ao que queremos.

Deus quer, sim, nos fazer felizes e nos levar a uma realização. Mas precisamos desmascarar um deus que segue caprichos humanos, que é uma mentira. No fim, são palavras vazias que nos levam a uma fé imatura, e acreditamos que o Senhor existe, sim, mas como nossos planos não acontecem, pensamos que Ele está longe de nós. As promessas de Deus se cumprem sempre, mas precisamos saber se elas vêm, realmente, do Pai.

O que ganho seguindo Cristo?

“Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma e de todas as tuas forças” (Dt 6,5). É na intimidade com Deus que encontramos Suas promessas, e assim elas se cumprem. O que ganho seguindo Cristo? Ganho Cristo! “Porque todos fomos criados para aquilo que o Evangelho nos propõe: a amizade com Jesus e o amor fraterno.” (Papa Francisco EG. 265)

Jesus veio ao mundo para nos propor uma amizade verdadeira, sem interesses. Quando seu dia não for bom, você terá onde ir e com quem desabafar. E quando for ótimo? Ele estará junto de você, alegrando-se. ‘Os verdadeiros adoradores’ são aqueles que buscam Deus por quem Ele é, e assim recebem graças em sua vida. Mas quando vem a dificuldade, não renega o amigo, pois sabe que “se lhe formos infiéis, ele permanece fiel, pois não pode renegar a si mesmo.” (cf. II Timóteo 2, 13)

Peçamos a Deus a graça de uma verdadeira conversão, de uma verdadeira disposição interior em buscar o Senhor e experimentar o amor d’Ele por nós. E que cresça, cada vez mais, o amor em nós por Ele. Que o amemos de graça, e o maior ganho que teremos com isso é Sua amizade.

Paulo Pereira - José Paulo Neves Pereira nasceu em Nossa Senhora do Livramento (BA). É missionário da Comunidade Canção Nova e atua no setor de Jornalismo da Canção Nova em Roma, Itália.

Como o celular pode desconectar o seu relacionamento

Como o celular pode desconectar o seu relacionamento



Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

O problema do celular é o exagero que nos torna desconectados nos relacionamentos

– Amor, você ouviu o que eu disse?
– Anh?
– O que você acha sobre isso?
– Uhun…
– Uhun o quê, amor? Você entendeu?
– Peraí amor, só preciso responder umas mensagens aqui…

WhatsApp, Facebook, Twitter, Instagram, Snapchat são parte das inúmeras ferramentas que possibilitam encontros virtuais entre as pessoas por meio do celular. Elas facilitam muito a vida, são usadas até no trabalho, atualizam-nos sobre o cotidiano de quem não vemos todo dia, reaproxima quem passou pela nossa infância, quem tem as mesmas necessidades que nós, enfim, muitas possibilidades de relação aparecem nessa vida conectada. Contudo, em que medida temos nos refugiado nessas conexões virtuais e nos desligado das pessoas que convivem conosco?

A realidade sem wi-fi nem sempre é tão maravilhosa e deslumbrante como as pessoas postam freneticamente nessas mídias sociais virtuais, mas é a realidade na qual se vive e é onde Deus nos plantou para que florescêssemos. E não é justo que nós negligenciemos nossos relacionamentos com quem está ao nosso lado, à espera da resposta no “zapzap”, do comentário naquela foto ou forjando um cenário para o próximo selfie.

Quer estragar um momento romântico, divertido e espontâneo? Pare tudo o que está fazendo e prepare a cena para a foto, montada para que apareçam no melhor ângulo. E repita isso várias vezes, a cada paisagem. Lá se foram minutos preciosos da viagem, do almoço e do passeio. Do que a gente estava falando mesmo? Nem importa, afinal, a foto já teve dezenas de curtidas! Ou ignore completamente quem está a sua volta, porque, afinal, você precisa se manifestar, agora, na internet, sobre esse tema que está todo mundo comentando, e comentar também, nem que seja um KKKKK, mesmo que discorde da situação, só para se mostrar engajado.

Eu não sou contra tecnologia, de jeito nenhum, sou casada com um esposo que trabalha nessa área, e lá em casa a gente está em todas essas redes e muito mais, mas me preocupa a dose diária de virtualidade que a vida vem adquirindo. Quando se percebe, é muito natural deixar as pessoas falando sozinhas enquanto você fita a tela do celular. “Desculpa, pode repetir? Eu não estava prestando atenção…”

Será que não estamos preterindo quem está ao nosso lado em busca de um ativismo virtual? Há famílias na qual todos os membros se comunicam pelo WhatsApp. Bacana, desde que isso não substitua a convivência fraterna dessas pessoas, o carinho mútuo, o amor, o afeto, o cuidado e também o compartilhamento ao vivo de tristezas, dores e dificuldades. Para provocar uma guerra, basta esquecer o carregador do celular.

Minha gente, vivemos bem sem isso, não é? Não precisamos nos fazer escravos do mundo conectado!

Eu já fiz um teste e recomendo: passe um dia completamente desconectado. Inicialmente, parecerá uma tortura, mas, ao fim do dia, você perceberá o quanto pôde cuidar das pessoas e das situações que estavam ao seu lado no dia a dia. Depois, teste ficar dois ou três dias, talvez até uma semana longe das redes virtuais. Você verá como seu tempo foi empregado em observar e agir na realidade mais próxima a você.

Ao dar um tempo nesse ambiente conectado, você voltará a ele com mais senso crítico, menos afetado pelas opiniões extremadas, e poderá dosar mais o seu tempo on-line, para que tenha também tempo de qualidade desconectado. Já percebeu como os nossos sentimentos ficam mais aflorados e acalorados na internet? Nós nos sentimos até mais corajosos para nos manifestar, dizer o que bem queremos e entender os demais à nossa maneira, levando tudo ao pé da letra e a ferro e fogo, combatendo as opiniões contrárias como se estivéssemos em guerra, como se não houvesse amanhã e, muitas vezes, magoando quem está dentro e fora do mundo virtual.

Estar on-line não é problema, o problema é o exagero que nos faz escravos da conexão virtual, negligenciando nossos relacionamentos.

Se estiver difícil vencer essa escravidão em casa, desligue a internet e pratique a frase que um restaurante divulgou bastante nas redes sociais: “Não temos wi-fi. 

Conversem entre vocês”.

Mariella Silva de Oliveira Costa - esposa, católica, feliz e amante de uma boa prosa. Jornalista, pesquisadora e professora universitária, é doutora em Saúde Coletiva (UnB), mestre em tocoginecologia (Unicamp), especialista em jornalismo científico (Unicamp) e graduada em comunicação social (UFV). Participa da RCC desde 1998 tendo atuado no Ministério Universidades Renovadas e no Ministério de Comunicação Social. Cofundadora do projeto 

Declare o Reino de Deus em sua família e afaste o mal

Declare o Reino de Deus em sua família e afaste o mal



Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com 


Toda nossa família precisa ser consagrada a Deus, submetida à vontade d’Ele

“Buscai, em primeiro lugar, o Reino de Deus e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão dadas em acréscimo” (Mt 6,33). Quando não damos as primícias de nosso tempo para Deus, todas as coisas ficam desencontradas e sem segurança em nossa família.

É isso mesmo que o inimigo de Deus quer, que estejamos desprotegidos, sem o verdadeiro ponto de partida em nosso dia a dia, pois, assim, ele pode ter acesso para roubar, exatamente, o que temos de bom. Ele quer destruir tudo o que é bom em nós, porque o que é bom vem de Deus, e o inimigo quer destruir a criação do Senhor.

O objetivo do inimigo

O objetivo do inimigo é destruir tudo que vem de Deus, porque é invejoso, mentiroso, seduz as pessoas para o mal, a fim de que elas sejam totalmente desviadas do plano do Senhor. O demônio quer fazer com que as pessoas se tornem, cada vez mais, infelizes e desencontradas. Ele quer entrar no coração das pessoas e acabar com a bondade que Deus plantou nelas.

Não podemos achar que o homem é bom sozinho, sem Deus. A bondade vem do Pai, e precisamos cultivá-la, regá-la com a água do Espírito Santo.

Imagine, então, o risco que corremos quando não caminhamos lado a lado com Deus! Toda a nossa família precisa ser, urgentemente, levada para Ele, consagrada a Ele, submetida à Sua vontade. E que possamos dizer: “Eu e minha casa serviremos ao Senhor”.

Precisamos agir antes que satanás invada e roube o que nos é mais precioso e sagrado; antes que ele roube o marido, a esposa, os filhos. Não deixemos que isso aconteça em nossa família, não nos enganemos nem percamos tempo.

Somos pessoas boas, mas isso não nos basta. Precisamos ser de Deus para valer, pois somente perseverando n’Ele a bondade pode permanecer em nós.

Imagem e semelhança de Deus

O inimigo quer destruir o que, naturalmente, Deus construiu em nós; ele quer destruir a imagem e semelhança de Deus que somos.

O diabo quer roubar nossos valores e os tesouros que o Senhor nos deu. O inimigo faz de tudo para roubar nossa felicidade, destruir a união entre os casais, o amor nas famílias, os relacionamento entre pais e filhos.

Por isso rezem, rezem, não percam a força e a vontade de rezar. Não se deixem vencer. Comecem rezando o terço todos os dias; depois, reze mais de um terço, busque a Eucaristia, a Palavra de Deus, e expulse satanás da sua casa e do seu casamento.

Com Deus somos mais que vencedores! Ele é maior e tem o poder de nos libertar das ciladas do malvado. Ele pode restituir o casamento, refazer o lar, devolver o amor! Lute, reaja em orações e tome posso do que é seu.

Consagre sua família a Deus

O demônio tem entrado com tudo, roubando, destruindo, fazendo as esposas sofrerem, fazendo as crianças, os filhos sofrerem. No entanto, ele só faz isso com quem dorme no ponto, com quem leva a vida no mais ou menos com Deus, com quem não tem verdadeiro compromisso com o Senhor.

Consagre sua vida e sua família a Jesus, ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Nossa Senhora.

Pais, mães, noivos, namorados, coloquem os seus pés no chão, acordem para a vida e busquem, urgentemente, uma vida de oração.

Invistam nas coisas de Deus, coloquem-no em primeiro lugar, porque não basta vocês serem pessoas de posses, com títulos e diplomas nas mãos; antes, é preciso ser de Deus!

Marlúcia Lopes - Comunidade Canção Nova

Aprenda a conviver sem se fazer de vítima

Aprenda a conviver sem se fazer de vítima


Foto: Wesley Almeida / cancaonova.com

Se tivéssemos a capacidade de julgar alguma coisa, o mundo estaria condenado pelas injustiças das quais achamos ter sido vítimas

Há momentos em que, se houvesse uma estrada que levasse para lugar nenhum, sem dúvida, estaríamos viajando por ela. Justificativas não nos faltariam. Muitas vezes, achamos que ninguém tem paciência conosco, que estão sempre a nos cobrar alguma coisa e que são todos chatos.

Podemos pensar que não temos amigos fiéis, que o namoro não progride, os relacionamentos familiares se tornaram delicados e instáveis, e, na escola ou faculdade, falta-nos estímulo. Quem dera se, em tais situações, pudéssemos “derreter”. Temos a impressão de que o mundo ruiu ou que o “cano da descarga” está sobre nossa cabeça. Parece que os amigos e as pessoas mais próximas se afastaram.

Que “ave de mau agouro” posou sobre nossos ombros, trazendo tanta coisa ruim?

Influenciados por essa sensação de injustiça e incompreensão, não percebemos o nosso próprio comportamento, o qual, lentamente, poderia ter se transformado. A começar por nossas conversas, por menores que sejam esses momentos, o teor do diálogo sempre se esbarra nas críticas, lamúrias etc. Se tivéssemos a capacidade de julgar alguma coisa, o mundo estaria condenado pelas injustiças das quais achamos ter sido vítimas.

Pode ser que todo esse sentimento negativo seja o resultado do nosso próprio temperamento. Sem perceber, podemos ter nos transformado em pessoas inflexíveis e irredutíveis aos novos conceitos. É difícil aceitar essa ideia, mas ninguém gosta de estar junto de alguém que considera somente suas ideias válidas, sua opinião é a que deverá ser acolhida, sempre tem a razão. Amigos, namorados e vizinhos que puderem se afastar de tais pessoas, seguramente o farão, reservando-se manter poucos contatos. Outras, com as quais os vínculos de responsabilidade são mais profundos, poderão apenas se tolerar.

Tenha a coragem de mudar

De nossa parte, pois nos sentimos injustiçados, cabe a retomada da vida com a coragem de admitir a necessidade de mudança, esforçando-nos para que sejamos diferentes a partir de uma profunda e honesta reflexão. Essas mudanças podem ser pequenas, mas de grande impacto, como a disponibilidade do sorriso, a docilidade e presteza em ajudar e, se necessário, o empenho em buscar a convivência, mesmo que possa nos exigir um esforço sobrenatural.

Por melhores que sejam os momentos já vividos, não estamos isentos de outros amargos. Contudo, esses momentos de retomada de consciência acontecem quando temos a capacidade de processar e assimilar essa situação; muito embora, ao fazê-lo, tenhamos a impressão de que não seremos capazes de sobreviver no dia seguinte. As pequenas mudanças ocorridas em nossa vida, certamente, serão refletidas em nosso convívio social e, de maneira muito especial, em nossa família.

Deus abençoe.

Dado Moura - trabalha atualmente na Editora Canção Nova, autor de 4 livros, todos direcionados a boa vivência em nossos relacionamentos. 

14 de setembro de 2017

Amor e perdão, uma feliz combinação

Amor e perdão, uma feliz combinação


Os sentimentos de amor e perdão devem caminhar juntos

Todos nós, combatentes, deveríamos trazer sobre a nossa farda esta frase: ‘Amor e Perdão’. Não pode faltar amor nem perdão na vida do combatente do Senhor. O amor e o perdão caminham lado a lado. A natureza humana e a nossa tendência para o pecado nos levam a agir de forma contrária à vontade de Deus. Muitas vezes, não conseguimos encarar os acontecimentos na visão do amor. O joio que o inimigo semeia, no meio dos filhos de Deus, é o desamor e a recusa em dar o primeiro passo para perdoar.

O perdão é um ato de vontade e, se não lutarmos para sair de nós mesmos, se não deixarmos de lado o nosso orgulho para ir ao encontro dos nossos irmãos, perderemos tudo e todos. A lei do amor precisa triunfar em nossa vida, em nossa casa, em nossa família. Quantas famílias, casamentos e comunidades cristãs estão sendo destruídos pela falta de perdão! Precisamos entender: o perdão é a chave que nos devolve a unidade e que nos conduz a uma vida no amor.

Não podemos nos deixar levar pelos sentimentos. Os nossos sentimentos nos arrastam e nos levam a fazer o que não devíamos. A nossa luta é espiritual, há em nós forças que nos levam ao perdão; mas existem também forças nos segurando, nos prendendo, nos amarrando e escravizando, dizendo ‘não’, impedindo-nos de perdoar. Jesus, no entanto, quer nos dar a vitória do perdão. Perdoar é um presente de Deus, é uma porta de graças. Sempre teremos necessidade de perdoar. Quantas vezes devemos perdoar? É preciso perdoar sempre! Assim como temos dificuldade em perdoar as pessoas, elas também sentem a mesma dificuldade em perdoar as nossas faltas.

A partir do momento em que decidimos perdoar, somos curados e restaurados no amor, recuperamos a alegria e a paz. Quando perdoamos, não estamos fazendo papel de bobo, não estamos compactuando com o erro dos outros. Ao contrário: perdoar é algo muito concreto. É como quando se perdoa uma dívida. Você sabe que a dívida existe, que determinada pessoa deve para você tal quantia; você não é nenhum cego, nenhum “trouxa”. Você sabe de tudo, mas, de olhos abertos para a realidade, você perdoa aquela dívida. Veja: a dívida existe, mas você perdoa.

Perdoar é algo nobre. Não se prenda a coisinhas: salve sua vida. Procure vencer o seu orgulho. Perdoe a todos, perdoe por tudo, perdoe sempre. O perdão faz crescer o amor entre as pessoas, e todo o corpo de Cristo, que é a Igreja, ganha com isso. Muitas vezes, não recebemos as bênçãos do Céu, porque não perdoamos. Deus quer nos abençoar, mas, se estivermos fechados ao perdão, a graça não acontecerá. O nosso coração precisa estar aberto ao perdão para que a graça de Deus seja abundante em nossa vida.

Façamos a oração de São Francisco pedindo a Deus a graça de perdoar sempre: “Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz! Onde houver ódio, que eu leve o amor. Onde houver ofensa, que eu leve a perdão. Onde houver discórdia, que eu leve a união. Onde houver dúvida, que eu leve a fé. Onde houver erros, que eu leve a verdade. Onde houver desespero, que eu leve a esperança. Onde houver tristeza, que eu leve a alegria. Onde houver trevas, que eu leve a luz! Ó Mestre, fazei com que eu procure mais: consolar, que ser consolado; compreender, que ser compreendido; amar, que ser amado, pois é dando que se recebe, é perdoando, que se é perdoado, e é morrendo que se vive para a vida eterna! 

Não se sinta humilhado ao dar o primeiro passo para o perdão. Muito pelo contrário: você é vencedor, porque teve a coragem de perdoar primeiro. Nunca espere que os outros deem o primeiro passo. Dê você e verá a grande libertação que Deus fará em sua vida. Quando nos humilhamos diante dos homens, crescemos diante de Deus e Sua graça é superabundante em nossas vidas! Esta é a vitória do combatente: amar e perdoar, uma feliz combinação. O amor nos leva a perdoar, e o perdão nos faz crescer no amor.

Canção Nova

Você se critica muito?

Você se critica muito?




Como você está em seu autoconhecimento? É muito crítico? Conhece muito ou pouco de si mesmo e de suas características?

Quantos de nós já não nos pegamos avaliando nossas atitudes e nosso jeito de ser, e, muitas vezes, “exagerando” na dose? Poderíamos chamar esse exagero de autocrítica excessiva.

No entanto, em muitas situações por diversos motivos, temos uma visão distorcida dos fatos e de nós mesmos – devido à forma como fomos criados e à influência das pessoas com as quais convivemos – e adotássemos um comportamento perfeccionista e preocupado em realizar tudo da melhor maneira possível.

Muitas vezes, torna-se difícil aceitar algo que não saia de forma correta (pelo menos na nossa forma de ver o mundo) e também de aceitar que não somos perfeitos, que somos passíveis de erro.

Mas, então, ser perfeccionista é um erro!? Características como zelo, responsabilidade, empenho em fazer tudo bem feito são boas, claro, mas podem esconder uma imensa dificuldade em errar e um sofrimento exagerado quando isso acontece. Podemos estender esta exigência não só com relação à visão que temos de nós, como também com relação à crítica excessiva ao outro, fato que acabo criando dificuldades em nossos relacionamentos.

E o que pode gerar essa crítica excessiva? Mau humor, pensamentos negativos, baixa autoconfiança, dificuldade para decidir. Como um círculo vicioso, estas características alimentam umas às outras, se não aceito um erro, fico de mau humor, penso negativamente e cada vez mais deixo de ter confiança em mim.

Uma ótima possibilidade para mudar este quadro é a ampliar sua capacidade de autocompreensão e de avaliação mais clara e objetiva das situações e com uma maior dose de racionalidade. Pergunte-se: “Será que, de fato, eu não posso errar?” e “Será que meus resultados realmente são ruins ou eu sempre estou insatisfeito com tudo?”.

Outro passo importante para superar esse sentimento é reconhecer seus pontos fortes, suas qualidades. Nossos amigos e pessoas com as quais convivemos podem ser ótimas fontes de referência para estas perguntas, quando nós mesmos não conseguimos respondê-las. Muitas vezes, o olhar do outro é muito mais claro e desprovido de crítica do que nosso próprio olhar.

Por mais que estejamos errados, se nossa visão não é tão distorcida, conseguimos ter, até mesmo no erro, uma visão mais adequada, uma capacidade de corrigir-nos sempre que errarmos sem sofrer exageradamente e ter um diálogo interno positivo, com menos punição e mais ação em busca de novas possibilidades.

Cuidado ainda com as pessoas que têm esta opinião crítica em excesso. Já imaginou dois críticos juntos?

Você acredita mesmo que não tem nada de bom ou que tudo aquilo que faz está ruim ou não tem valor? Se você se identificou com estas características, experimente este exercício de reflexão e de cuidado consigo e com as qualidades, que certamente, você possui. Não se trata de negar o que é ruim, mas dar o peso adequado para as situações e comportamentos e, especialmente, de compreender que falhamos, mas que temos a possibilidade de dar a volta por cima.

Elaine Ribeiro dos Santos - Psicóloga Clínica e Organizacional, colaboradora da Comunidade Canção Nova.

Depressão: quais caminhos seguir?

Depressão: quais caminhos seguir?


Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com 



A depressão tem características próprias e não deve ser confundida com um estado de tristeza

Vivemos um ritmo de atividades e de exigências numa sociedade que, cada vez mais, corre por resultados e sucesso. Num mercado de trabalho altamente competitivo e desafiador, doenças surgem no ambiente profissional e preocupam as organizações e a sociedade como um todo. Uma das doenças que chamam à atenção, nesse cenário, é a depressão. Considerada uma das enfermidades que tem crescido de forma expressiva nos últimos anos, a depressão tem características próprias e não deve ser confundida com um estado de tristeza.

Podemos pensar na tristeza como um sentimento que nos leva a um processo de reflexão, de estarmos quietos; sentimento manifestado pela perda de alguém, por algo relacionado ao trabalho, pela decepção com alguém ou a frustração de expectativas irrealizadas. A grande diferença é que uma pessoa triste consegue manter sua rotina diária, seu cuidado pessoal e até mesmo experimentar alegrias que possam surgir nesse período. Como fato passageiro, esse sentimento pode ser identificado em sua origem, ou seja, conseguimos descobrir o motivo pelo qual estamos tristes.

Sinais aparentes da depressão

Quando falamos em depressão, os sinais aparentes de desmotivação, desinteresse, tristeza persistente, falta de desejo de cuidar de si e de dar seguimento às suas atividades cotidianas, bem como aquela sensação de ver o mundo “cinza”, sem cor e sem motivos, tornam-se mais prolongados. Nesses casos, a intervenção médica se faz necessária, bem como o apoio psicológico para que a pessoa possa reestruturar seus pensamentos e descobrir sua forma de lidar com a doença e com a vida. Sabemos ainda que a espiritualidade também tem um papel importante na superação de qualquer adoecimento, inclusive na depressão.

Não nos esqueçamos de que, muitas vezes, em nossa família, na sociedade e entre nossos amigos ainda existe uma dificuldade de compreender a situação pela qual uma pessoa deprimida está passando. Também para o deprimido não é uma tarefa fácil aceitar a doença e o tratamento. O mais importante é que os tratamentos existem, e acreditar na superação e na melhora é um passo essencial tanto para o paciente quanto para aqueles que convivem com ele. Os quadros depressivos podem ter duração de alguns meses ou serem mais persistentes; em ambos os casos, os doentes podem contar com a ajuda especializada, a fim de que as sensações causadas pelo quadro possam ser minimizadas e uma maior qualidade de vida possa ser obtida.

Por mais difícil que seja ou por maior que seja a vergonha ou o sentimento que o esteja impedindo de dar passos para a cura, não deixe de buscar ajuda. Um amigo, um familiar, aquele médico que já conhece um pouco de sua saúde podem ser os primeiros a quem você pode pedir auxílio quando perceber que esse quadro de tristeza está demorando um pouco mais para passar, dando sinais de que vão além do usual.

Elaine Ribeiro dos Santos -  Psicóloga Clínica e Organizacional, colaboradora da Comunidade Canção Nova.

Perdoar deve ser um ato sem limites para ser concedido

Perdoar deve ser um ato sem limites para ser concedido




Perdoar nem sempre é fácil, principalmente quando a causa da ofensa abriu profundas feridas no coração

Muitos caminham pela vida com feridas abertas há muitas décadas, e buscam a cura para a cicatrização. No entanto, quando pensam que ela ocorreu, a ferida se abre novamente e causa dores maiores que no passado. Jesus nos diz que devemos perdoar o nosso irmão setenta vezes sete, ou seja, o perdão não tem limites para ser concedido. No entanto, nossa realidade humana, frágil e pecadora, insiste em deixar que a ofensa seja maior que o perdão. Tudo isso se deve à profundidade que a mágoa causou em nossa alma. Bom mesmo seria se conseguíssemos perdoar sempre e de coração.

O perdão é um processo que precisa de nossa ajuda para que possa ser concedido de maneira plena. As causas das mágoas podem ser várias e ocorrer nas mais diversas situações, desde uma palavra mal interpretada até uma carência profunda e sem consciência. Muitos são os motivos para que as feridas abertas demorem muito tempo para serem cicatrizadas.

Quanto mais remoemos, em nosso coração, a ofensa sofrida, maior será a dificuldade de perdoar. A mágoa, que é alimentada pelo nosso coração, não é benéfica para o nosso processo de cura interior. Pelo contrário, uma mágoa que é alimentada, constantemente, pelo sentimento de revolta aumenta as dores emocionais e dificulta a processo de cicatrização de uma ferida aberta.

O desejo de vingança é bastante comum em quem sofreu uma traição. O primeiro sentimento que surge no coração de quem passa por esse processo é: “Assim como fez comigo, também farei”. Esse sentimento é sempre prejudicial, porque nunca vamos resolver um problema usando das mesmas armas que feriram nossa alma. Guerra de sentimentos produz destruição em massa do amor. A solução para os conflitos não se busca na vingança, mas sim no diálogo sincero, maduro e humano.

A paciência da espera

Também não adianta falarmos para todo mundo e espalharmos aos quatro ventos a revolta que sentimos, se nunca temos a coragem de procurar quem nos ofendeu. Palavras de revolta, quando partilhadas com todos, podem aumentar os princípios de reconciliação. São muitas as situações em que o ser humano precisa de uma plateia que aplauda suas críticas para reforçar a autoestima de que o agressor não merece perdão.

No tumulto das emoções, toda busca de reconciliação e paz será infrutífera. É preciso cultivarmos a paciência da espera. Emoções à flor da pele nunca vão nos ajudar na busca da paz. O tempo é um precioso aliado para quem deseja fazer do perdão um ponto de partida para um novo recomeço. Espere até que as ondas da fúria possam ceder lugar à serenidade das águas de um lago.

Nunca deixe de orar pela situação que você enfrenta. A oração é o alimento da alma e a paz que acalma nossos sentimentos. Busque na oração o primeiro passo para a cura de suas mágoas. Coloque tudo o que você sente nas mãos de Deus e deixe que Ele transforme o negativo de suas emoções nas flores do perdão.

Padre Flávio Sobreiro - Bacharel em Filosofia pela PUCCAMP e Teólogo pela Faculdade Católica de Pouso Alegre (MG), padre Flávio Sobreiro é vigário paroquial da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Santa Rita do Sapucaí (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG). 

O que me faz sonhar e ser feliz

O que me faz sonhar e ser feliz



Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
Mesmo em meios às adversidades, podemos sonhar e ser feliz

De tempos em tempos, faz muito bem reavaliarmos a vida e percebermos a necessidade de mudanças para continuarmos vivendo plenamente para sermos felizes.

É como quem está seguindo em uma estrada reta e, de repente, depara-se com uma bifurcação. Não dá mais para seguir do mesmo jeito, é preciso optar por uma direção ou outra e preparar-se para as novidades que seguem. Sim, a vida é feita de novidades!

Ser feliz a cada dia

Cada dia é único, mesmo que seja repleto de coisas aparentemente iguais. Nós também somos únicos, mesmo que, às vezes, nos tratem como iguais.

Viver cada dia com suas surpresas, fazendo nossas próprias escolhas, abertos às novidades, é o que dá verdadeiro sentido à vida.

Aliás, sentido é uma palavra que tem tudo a ver com a forma que escolhemos viver. Não estamos, neste mundo, por acaso, e ter um sentido na vida faz toda diferença.

Conheço um provérbio popular que diz: “Para o barqueiro que não sabe aonde quer chegar, nenhum vento lhe é favorável”. Ou seja, quem não tem uma meta dificilmente chega a alguma conquista, e até quando aconteçam coisas boas, nada parece lhe favorecer.

É que, na verdade, costuma-se encontrar o que se procura.

Por isso, se você busca a felicidade, por exemplo, vai encontrar razões para ser feliz mesmo em meio às adversidades; contudo, se não busca a felicidade, quando ela vier ao seu encontro não a reconhecerá.

Assim, se não sei o que estou buscando, como posso encontrar? É claro que existem pedras no caminho e nem todos os ventos sopram a nosso favor, mas, quando temos uma direção, algumas pedras nos servem de degraus e alguns ventos fazem nosso barco avançar mar adentro com maior velocidade.

Sonhos para ser feliz

Se quisermos realizar sonhos e ser feliz, é preciso sabermos com clareza aonde queremos chegar. A partir daí, fazermos as pequenas e grande escolhas do dia a dia, sem medo de arriscar.

Lembre-se de que você é único e tem um valor fundamental neste mundo.

Siga seu coração e procure agir de acordo com aquilo que você sonha e deseja, e não de acordo com o que os outros pensam e querem para você.

Nessa busca, você precisa olhar para seu passado com gratidão, mesmo que tenha sido difícil, sabendo que ele só pode influenciar seu futuro positivamente se você tiver aprendido com seus erros.

Também precisa ter calma e respeitar seu processo de mudança.

O mundo pede urgência, é verdade, mas o coração tem seu próprio ritmo.
Dicas para ser feliz

– Tenha paciência com você mesmo, respeite seus limites e vá dando um passo de cada vez sem desanimar.

– Não permita que nada impeça suas relações com as pessoas, com Deus e com você mesmo.

– Se for preciso, reconcilie-se, recomece, ame mais intensamente e não queira ser sempre o dono da razão.

Permita-se o direito de errar e arrisque mais uma vez, sempre que for preciso.

Quem sabe o que quer não perde tempo se lamentando das quedas, olha para o futuro com esperança e sabe que, para chegar aonde deseja, tem de viver bem o presente. Portanto, levante a cabeça e volte a acreditar nos seus sonhos agora mesmo!

Você não estará sozinho, existe um Deus que o ama e está disposto a orientar seus passos. “Quer você se volte para a direita, quer para a esquerda, uma voz atrás de você lhe dirá: ‘Este é o caminho; siga-o’” (Is 30,21).

A felicidade está à sua espera, por detrás de cada acontecimento que a vida lhe proporciona, vá ao encontro dela sem medo. Os ventos são favoráveis para o barqueiro que sabe aonde quer chegar!

Dijanira Silva - Missionária da Comunidade Canção Nova, desde 1997, Djanira reside na missão de São Paulo, onde atua nos meios de comunicação. Diariamente, apresenta programas na Rádio América CN. Às terças-feiras, está à frente do programa “De mãos unidas”, que apresenta às 21h30 na TV Canção Nova. 

9 de setembro de 2017

Ao removermos nossos escombros, damos passos para a cura

Ao removermos nossos escombros, damos passos para a cura



Ainda há vida por debaixo dos escombros?

“É preciso que não desanimemos de maneira nenhuma; antes, empreendais com calma, cuidado e com uma coragem cheia de paciência, a tarefa de curar a vossa alma das feridas que tenha recebido na batalha” (São Francisco de Sales).

Algo que hoje, infelizmente, tem impedido muitas pessoas de fazerem a experiência com o amor e a misericórdia de Deus para com si mesmo é a dificuldade de lidar com o que podemos chamar de escombros existenciais.

Conforme a Sagrada Escritura, podemos tomar como referência o povo hebreu na história da salvação, que, com o tempo, se cansaram de Deus, esqueceram-se da Mão Forte que os tirou da escravidão, porque caíram nas malhas da sedução e da corrupção do pecado. Contaminaram-se, prostituíram-se, curvaram-se diante dos deuses pagãos e romperam a aliança com Deus.

“Não esqueceis a Aliança que firmei convosco, nem venereis deuses estrangeiros, mas venerai o Senhor, vosso Deus, e ele vos salvará da mão dos vossos inimigos. Eles, porém, não deram ouvidos, e continuaram conforme seu antigo costume” (2Rs 17,38-40).

Como consequência das más escolhas, Jerusalém, a amada e eleita, acabou por terra, incendiada. O Templo Sagrado, morada de Deus, foi invadido, profanado, roubado e destruído. O lugar que o Senhor quis habitar, estar no meio do Seu povo, era somente escombros. Como um pai ou uma mãe, que, mesmo com o coração partido, precisa disciplinar o filho por meio de uma correção ou castigo, Deus agiu energicamente com Seu povo. Era preciso que este passasse por um castigo, resultado de suas próprias escolhas. Aqui é importante ressaltarmos as escolhas.

A liberdade de escolha

Recordo-me do filósofo dinamarquês Sören Kierkegaard (1813-1855) quando apresenta a angústia existencial humana proveniente das escolhas. O homem, que se volta para a satisfação dos seus desejos, que mergulha em uma vida desregrada e permite-se envolver pelas paixões, no primeiro momento, não tem plena consciência da complexidade na qual está se envolvendo, pois está imerso na saciedade de seus desejos.

Kierkegaard aprofunda nessas questões em seus escritos e aponta o resultado do homem que não põe limites na busca pela saciedade de suas paixões e desejos; e acaba tomado por uma escuridão e um vazio por não encontrar a saciedade que procura; e, então, depara-se com a angústia.

Segundo o filósofo, o vazio existencial que o homem experimenta é uma consequência de sua própria liberdade de escolha, que, ao se deparar com a superficialidade de sua realização, encontra-se confinado ao desespero. Kierkegaard aponta a saída para essa realidade como um salto, um impulso que se deve dar para sair desse poço escuro. Mais uma vez, as escolhas e a oportunidade de uma revisão, de um reconhecimento dos erros. Nesse sentido, partindo da filosofia de Kierkegaard, podemos comparar com as exortações de Deus para com o povo, que se afastasse da vida de corrupção e iniquidade. No entanto, pela liberdade, o homem pode querer ou não olhar para dentro de si e voltar para Deus. Kierkegaard acena para essa necessidade: o salto de um reconhecimento dos erros e um salto para Deus.

Remover os escombros: o passo para a cura

Nesse árduo caminho da vida, deparamo-nos com nossos escombros existenciais, com as pedras – e estas não são poucas! São elas as nossas fraquezas e maldades, nossos limites e a incapacidade que tocamos em nossa impotência. Não somos tão fortes assim; precisamos de coragem para encarar nossa verdade. E se não estivermos bem firmes na Rocha, que é Deus, acabamos em escombros e desmoronamos.

Impressionante o que acontece com aqueles que estão imersos nas trevas! Uma pessoa em penumbra não é capaz de enxergar nenhuma possibilidade, apenas de entrega ao desespero, como Kierkegaard nos apresentou. É uma pessoa confinada apenas à derrota, não vendo saída para mais nada. Apenas como que soterrada pelos escombros de sua vida, que desabou sem possibilidade de sobrevivência.

É nessa armadilha que o demônio tem investido e na qual tantos têm caído e morrido. Muitos já se deram por vencidos, não têm expectativas. Quantas pessoas viveram uma experiência com Deus, mas, hoje, por tomarem de volta a vida velha, acabaram por se encontrar com suas próprias fraquezas! Já não se veem mais dignas de voltar para Deus; fecham-se, então, à Luz, que é o próprio Cristo, e trancam-se no quarto escuro do peso e da falta de perdão a si próprio.

Lançando o olhar para essa imagem dos escombros, vem-me à mente aqueles acontecimentos de prédios, construções que sofreram desabamentos, que vieram abaixo por explosões ou acidentes. A equipe de resgate está realizando seu trabalho no lugar dos escombros. Que triste quando conseguem encontrar os corpos já sem vida! Quando, no entanto, vemos aquelas imagens do resgate de pessoas vivas, que estavam horas debaixo daqueles escombros, contemplamos um milagre. São crianças sendo resgatadas, que resistiram e saíram com vida. Meu Deus, que alegria!

Assim acontece conosco quando estamos debaixo dos escombros de nossa vida. Não é o ponto final. Podemos escolher entre permanecer soterrados ou gritar por socorro. Podemos nos render ou buscar dentro de nós a força para suplicar ajuda em sair das pedras. Precisamos ter a coragem de remexer os escombros e não nos contentarmos com a realidade na qual nos encontramos.

Em momentos de nossa vida, somente podemos nos enxergar como um poço de lepras, indignos de Deus. Mas Ele, em sua infinita Misericórdia e Amor, estende Sua Mão como os bombeiros em resgate e vem nos dizer: “Coragem! Ainda há vida por debaixo dos escombros!”.

Deus abençoe você!

Leonardo Ribeiro do Nascimento - Candidato às Ordens Sacras na Comunidade Canção Nova. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Atua no Departamento Rádio Canção Nova no setor de conteúdo, locutor do programa ‘Encontro com a Misericórdia’ e ‘Terço em Família’, no Santuário Pai das Misericórdias e Confessionários.

Nestes tempos difíceis, Francisco propõe a terapia da esperança

Nestes tempos difíceis, Francisco propõe a terapia da esperança


Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
Papa Francisco propões aos cristãos que vivam a esperança diariamente

A Igreja nos ensina que a esperança é uma virtude teologal recebida no sacramento do batismo. Trata-se de uma graça infusa, que nos “ajuda a desejar e esperar tempos melhores em nossa vida, aqui na Terra, e a ter a certeza de que conquistaremos a vida eterna, que será nossa felicidade”1. Em outras palavras, é um modo de enxergar os fatos e a resposta que damos a eles, sempre na expectativa de uma vida plena com Deus. Porém, a maioria dos fatos, hoje, não nos ajudam a dar uma resposta apoiada na esperança, mesmo porque o que menos se vê é a possibilidade de mudança.

A corrupção nos surpreende a cada dia, quando os noticiários apontam novos casos bilionários. A violência faz vítimas todos os dias, e os mais atingidos são os jovens2. O desemprego não dá trégua e já atinge mais de 13 milhões de brasileiros. Os porquês de tantos males é um questionamento complexo, que ultrapassa as possibilidades de respostas imediatas, mas a maneira de se posicionar, neste mundo, é uma escolha individual.

Catequeses de Francisco

Papa Francisco dedica, há oito meses, as catequeses de quarta-feira ao tema da esperança cristã. A escolha se deu justamente pelo desejo de apresentar ao mundo que, no “deserto de nossa vida é possível florir se há esperança”. Na primeira catequese sobre o tema 3, Papa afirmou “que a vida é, muitas vezes, um deserto, é difícil caminhar, mas, se há confiança em Deus, ela pode ser bela e ampla, como uma avenida. Basta não perdermos jamais a esperança e continuarmos a crer, sempre, apesar de tudo”.

É para ultrapassar esse “apesar de tudo” que ele aponta a “terapia da esperança”4. Francisco recorda a situação dos discípulos de Emaús, narrada no Evangelho de Lucas (cfr 24,13-35), que, após o “aparente fracasso de Jesus”, tomam o caminho de volta para casa e se sentem desiludidos. A esperança que tinha de libertação foi vencida na cruz. Mas Jesus Ressuscitado os alcança em amplo sentido; antes de tudo, ouve-os e, depois, aponta o sentido dos fatos. Assim, realiza-se a terapia para uma vida de esperança.

“Jesus fala a eles, antes de tudo, por meio das Escrituras. Quem toma, nas mãos, o livro de Deus não encontra histórias de heroísmo fácil, grandes campanhas de conquista. A verdadeira esperança não é nunca a pouco preço: passa sempre por meio das derrotas”, ensina o Papa.

Jesus é a nossa fonte de esperança

Francisco recorda que “Jesus está sempre ao nosso lado para nos dar a esperança, para aquecer o coração e dizer: ‘Vá em frente, eu estou contigo. Vá em frente’”. É esse o ensinamento da Igreja, que, no caminhar da história, mostra que o mal jamais vence o bem, mesmo que as aparências mostrem o contrário.

“O segredo da estrada que conduz a Emaús está todo aqui: mesmo diante das aparências contrárias, nós continuamos a ser amados, e Deus nunca deixará de nos amar. Ele caminhará sempre conosco, sempre! Mesmo nos momentos mais dolorosos, mais feios e também nos momentos de derrota, ali está o Senhor. Essa é a nossa esperança, e com ela caminhamos adiante, porque Ele está conosco e caminha conosco sempre!”

Somente tomar consciência disso é suficiente para atravessarmos esse mar de tribulações e desesperanças? Francisco aponta, então, o “arremate” dessa terapia: “Os homens precisam de esperança para viver e precisam do Espírito Santo para esperar”. Ele cita a carta aos Hebreus, que compara esperança a uma âncora (cf. 6,18-19); e a esta imagem acrescenta a vela. Se a âncora é o que dá segurança ao barco e o mantém “ancorado” no balanço do mar, a vela é o que faz caminhar e avançar sobre as águas.

“A esperança é realmente como uma vela; ela recolhe o vento do Espírito Santo e O transforma em uma força motriz, que impulsiona o barco, conforme a necessidade, para o mar ou para a terra”, conclui. Desse modo, conscientes de Quem está conosco e se apresenta como o “Terapeuta da esperança”, e mais ainda com quem contamos para o sopro do Espírito Santo, o mar já não nos assusta como antes e podemos navegar com confiança.

Liliane Borges - Jornalista e missionária da Comunidade da Canção Nova