A Palavra de Deus

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DOPAS

DOAÇÃO, ORAÇÃO, POBREZA, ALEGRIA E SIMPLICIDADE

28 de abril de 2016

Será que tenho compulsão por compras?

Será que tenho compulsão por compras?

Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com








A compulsão por compras pode ser uma doença psíquica

Há certas épocas do ano em que somos inclinados a gastar mais do que normalmente gastamos. A mídia, o comércio e a nossa remuneração nos levam a esse gasto. Com isso, é aquele entre e sai de loja de sapato, roupa, perfumaria, acessórios e até supermercados, sempre com uma sacolinha. Alguns até com o discurso que estão comprando “porque merecem”, porque trabalham o ano inteiro; outras que se escondem e falam que não estavam podendo comprar, mas precisavam de uma roupa nova. A discussão que levanto hoje é: será que a compulsão por compras é uma doença? Falta de vergonha na cara? Falta de planejamento orçamentário? Vamos discutir essa temática.

Quero que você se questione neste momento:

1. Você possui uma preocupação excessiva e/ou perda de controle sobre o ato de comprar?
2. Tem notado um aumento progressivo do volume de compras?
3. Percebe que existem tentativas frustradas de reduzir ou controlar as compras?
4. Tem comprado para lidar com a angústia ou outra emoção negativa?
5. Envolveu-se em mentiras para encobrir o descontrole com compras?
6. Percebeu prejuízos nos âmbitos social, profissional e familiar?
7. Apresenta problemas financeiros causados por compras?

Seja honesto ao responder esses questionamentos. Você se enquadra em quantos deles? Não preciso ter 100% de aprovação nessas perguntas; 50% positivo já diz que existe um comportamento por compras disfuncional. Você pode estar sendo acometido por uma doença psíquica e não sabe disso.

Entenda o transtorno de comprar

O transtorno de comprar está inserido no DSM-5 (manual diagnóstico e estatístico), no grupo dos transtornos de controle dos impulsos. A compulsão por compras traz uma associação em cadeia, até que seja estabelecida como patologia. Inicialmente, a pessoa precisa ter o start, e quem tem essa função é o ato impulsivo, o desejo impetuoso de comprar, de obedecer seus pensamentos obsessivos que geram angústia e desconforto, até que a voz de comando seja obedecida, neste caso, o ato da compra, pois a pessoa só pensa em comprar o tempo todo.

O pensamento intrusivo surge sem que haja o desejo e aprovação da pessoa e invade a nossa mente. Não conseguindo desviá-lo, a pessoa acaba se entregando ao ato compulsivo para obter o alívio, o que gera um sentimento de culpa, sofrimento e arrependimento, por saber que cedeu a seu pensamento e que não poderia ter comprado, mas que não é suficiente para inibir a próxima compulsão.

Ao responder esse pensamento (obsessivo) intrusivo, são liberados, imediatamente, neurotransmissores (cérebro), que produzem a sensação de prazer e alívio. Fechando esse ciclo, ele se repete constantemente pela necessidade de responder essa voz, que são os pensamentos intrusivos, configurando-se em um ato compulsivo. Podemos notar então que se trata de uma patologia, que e não é tão simples e exige uma intervenção em três áreas disfuncionais diferentes: impulsividade, obsessão e compulsão.
O ato de comprar se dá pelo desejo

Então, podemos compreender que a compulsão é o um comportamento repetitivo e incontrolável, mal adaptativo, que podemos adquirir de qualquer coisa, seja por comida, drogas, álcool, sexo, cigarro, trabalho, atividade física ou compras. Nesse caso, o ato de comprar se dá pelo desejo e não pela necessidade.

Para quem tem compulsão por compras, ir aos centros de compras em época de liquidação e datas comemorativas é um grande perigo. É preciso fugir do perigo, pois o fato de saber que está em promoção, independente do quanto de desconto aquela loja oferece, já é um grande atrativo para o compulsivo. Quantos não exageraram na Black Friday? Consumiram muito mais pela força da propaganda do que pela necessidade do produto. E os exageros das festas de fim de ano? Roupas e brinquedos caros que enchem os olhos e realizam sonhos no Natal!

A disposição das mercadorias nas vitrines, as cores, os produtos… todas as coisas são apresentadas de forma a atrair o olhar do consumidor. No entanto, existe uma parcela da população que é atraída com maior facilidade, por terem esse transtorno consciente ou inconscientemente. É preciso ter consciência daquilo que você é, das suas limitações, para que possa lutar contra elas de forma adequada e com um poder de força maior por conhecer meu “inimigo”.
Qual é a causa dessa compulsão?

Infelizmente, não é como uma receita de bolo, que tem seus ingredientes e preparo bem descritos. Na psicologia, é preciso sempre averiguar a história da pessoa, pois pode ser que a raiz do problema seja fruto de um processo traumático vivido em uma determinada etapa da vida, que hoje, na vida adulta, apresenta-se desta forma. Essa resposta é um mecanismo de defesa adquirido por consequência de um quadro de vulnerabilidade emocional, ansiedade, sentimento de perda ou até mesmo um comportamento aprendido, que é acionado quando se sente ameaçado. Esse comportamento, normalmente, vem associado também a um transtorno de humor; no caso, depressão, ansiedade e fobia podem estar associados ou não. Inicialmente, o que se deve fazer é fugir da ocasião que o leva à compulsão, é entrar nas lojas apenas se verdadeiramente houver necessidade de compra e aprender a responder seus pensamentos intrusivos, para domá-los.

As respostas precisam ser coerentes e reais, para ser capaz de modificar o pensamento – o que não é fácil –, pois ele é imaginário e potente. Pode ser que sozinho você não consiga resistir e responder a seus pensamentos, por isso, o ideal é procurar ajuda psicológica para que um profissional o auxilie a vencer essa limitação.

O ato de comprar pode sim gerar prazer. A questão está em alimentá-lo com grande frequência, tendo por vezes comportamento impulsivo, caindo em um ciclo vicioso e que a pessoa perde o controle. Diante desse cenário e vivendo tempos de crise, lanço uma pergunta: Estou podendo consumir o tanto quanto tenho costume? Ou será que não estou conseguindo controlar meus impulsos e acabo comprando um pouco mais do que deveria e poderia?
Aline Rodrigues - é missionária do segundo elo da Comunidade Canção Nova.

Como ter uma boa convivência com a sogra

Como ter uma boa convivência com a sogra

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
Dicas para lidar com sogras: nunca entre em competição com sua sogra

Fala-se muito das interferências da sogra na vida conjugal, pois nem sempre as opiniões dela caem em boa hora ou são aceitas com naturalidade. Já ouvimos, muitas vezes, o ditado: “”Em briga de marido e mulher, ninguém põe a colher””. Se tal advertência é válida para todos os demais parentes, muito especialmente o será para as sogras.

Uma boa convivência com a sogra
Há sogras de todos os tipos. Algumas agem como conhecedoras de todas as situações e, não contentes em apenas opinar, fazem mil e uma recomendações ao filho, criticam a educação dos netos como se fossem seus filhos. Outras chegam a intrometer-se no gosto da decoração da casa ou em outras coisas particulares do casal.

Grandes são as crises estabelecidas entre nora e sogra, especialmente quando esta insiste em querer agir como mãe não somente do filho, mas fazer as vezes de mãe também da nora. Muitas acreditam que a melhor atitude, diante de uma situação particular do casal, é fazer aquilo que elas próprias orientam.

É evidente que a experiência de vida de nossa sogra é superior à nossa, mas, assim como a vida nos foi capacitando para superarmos os obstáculos, também na vida conjugal aprenderemos a resolver outras questões; agora assumidas e resolvidas entre marido e mulher.

O problema será maior quando a mãe do esposo perder a noção de que o “seu menino” cresceu, sem respeitar o momento ou mesmo o lugar, der palpites, esquecendo que o casal agora já constitui uma nova família; e que uma nova história será contada.

Entretanto, nem sempre a sogra é a grande vilã ou a “pedra no sapato” na vida da nora. Assim como pode acontecer de sogras perderem a noção de que o filho cresceu, há também filhos que não conseguem se desligar do cordão umbilical que os une às genitoras. Nesse caso, seja por uma dependência financeira, seja por mimos ou falta de maturidade, o filho recorre ao “colo” da mãe diante de qualquer pequena dificuldade. Acostumado com os “amparos” da mamãe, isso, por sua vez, abre precedentes para que a sogra também dê seus palpites na vida do casal.
A importância da presença na casa dos pais

O fato de sermos casados não significa que devemos deixar de visitar a casa de nossos pais ou desconsiderar as opiniões deles. Contudo, não podemos fazer dessas visitas um pretexto para apresentar um relatório das experiências e das dificuldades da vida a dois. Caso contrário, o almoço e as festas, que deveriam ser momentos de confraternização, serão aproveitados para que os parentes se “alfinetem” ou transformem o encontro em ocasião para “lavarem a roupa suja”, num território em que a nora poderá se sentir humilhada diante do assunto trazido em pauta.

É interessante considerarmos que cada família estabelece suas próprias regras e normas, em comum acordo, entre os cônjuges. Uma vez detectado o possível problema, cabe ao casal aproveitar essa oportunidade para expor, entre si, a situação que não lhe agrada, no sentido de juntos se adequarem ao impasse. Se ele não consegue ainda se separar da mãe, mesmo depois de casado, talvez seja um bom começo equilibrar o tempo de permanência na casa materna.

Por outro lado, a interferência da mãe do esposo na relação conjugal do filho, entre essas e outras situações citadas acima, pode ser um indicador de que comentários (os quais deveriam permanecer estritamente entre os muros da vida do casal) estejam sendo ventilados em conversas, mais para se ter o que falar do que para oferecer ajuda.

Para que as sogras possam sair das margens dos relacionamentos, basta que elas se lembrem de que seus filhos agora têm vida própria e de que seus conselhos, quando não forem impostos, poderão ser úteis quando solicitados.

De maneira geral, todos nós aprendemos alguma coisa com outras pessoas, assim, também será proveitoso para a sogra aprender com aquilo que a nova geração, da qual faz parte a nora, tem a ensinar.

Um abraço.
Dado Moura - é membro aliança da Comunidade Canção Nova e trabalha atualmente na Fundação João Paulo II para o Portal Canção Nova. 

Como superar as brigas por herança nas famílias

Como superar as brigas por herança nas famílias

Foto: Skynesher, iStock.by Getty Images










O amor sempre será mais valioso que os bens que precisam ser divididos

Nada pode ofuscar o brilho da paz que a família é convidada a irradiar no mundo. Contudo, essa afirmação nem sempre é vivida com total intensidade dentro dos lares. Muitas são as situações que roubam a paz dentro das famílias, e uma dessas tantas causas é o rompimento dos laços afetivos entre irmãos.

Gerados no mesmo amor paterno, muitos irmãos encontram-se separados por situações que poderiam ser resolvidas com um pedido de desculpas ou com o perdão.
Brigas entre irmãos

Não são raras as situações nas quais irmãos estão separados afetivamente por brigas que tiveram origem na divisão de uma herança. Os pais morreram e os bens precisavam ser divididos. Quando se fala em partilha de heranças, a maldita ganância entra em cena; e quando essa vilã se infiltra dentro dos lares, provoca a ruína de relações construídas há décadas.

Por causa de meio metro de terra, há irmãos que não conversam há muitos anos! Por causa daquela casa que precisava ser vendida, para que o valor fosse dividido entre partes iguais, a soberba ocasionou separações e feridas, as quais ainda sagram mesmo após anos.

Infelizmente, encontramos situações nas quais famílias foram destruídas por uma herança que causou a ruína dos laços de sangue. O dinheiro foi mais forte que as décadas de amor e amizade. O meio metro de terra obstruiu os laços de sangue que unia os irmãos daquela família.
Divisão da herança

Em meio a tantas situações de herança em que o dinheiro está envolvido e assume o controle das situações, deparamo-nos com a pobreza de espírito daqueles que vendem seus laços de família por meio metro de terra. O amor sempre será mais valioso que os bens que precisam ser divididos.

Quando irmãos se deixam corromper pela divisão de uma herança, demonstram publicamente que o dinheiro é muito mais forte em suas vidas que o amor de uma família. Quem se vende e deixa-se corromper por uma herança, precisa rever seus princípios e buscar em Deus a misericórdia como princípio de vida.

Hoje, é o tempo de olhar para sua história é saber que o perdão não pode esperar o amanhã para ser concedido. O amor familiar é muito maior que as divisões causadas pelo dinheiro. E nenhuma herança poderá comprar a verdadeira herança dos laços de sangue um dia gerados no ventre de um lar.

Quando a morte chegar, não mais adiantará chorar pelo tempo perdido na briga por causa do meio metro de terra deixado na divisão dos bens. Sete palmos de terra vão selar o arrependimento do perdão não concedido há tempo.
Padre Flávio Sobreiro - é vigário paroquial da Paróquia Nossa Senhora de Fátima, em Santa Rita do Sapucaí (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG).


Educar é tarefa artesanal e contribui para o crescimento na família

Educar é tarefa artesanal e contribui para o crescimento na família

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com








A educação dos filhos não pode ser terceirizada

O amor na família é uma dinâmica de crescimento contínuo. Na Exortação Apostólica Amoris Laetitia, Papa Francisco quer incentivar o amor a se expandir sem limites, o que exige cultivo do o casal e deve transbordar, primeiramente, para os filhos. Quando nós pais abrimos mão dessa característica essencial, estamos correndo um sério risco de tropeçar nessa missão tão linda que o Senhor nos confiou.

Vocação natural dos pais para educar

A família não é um ideal abstrato, mas uma tarefa artesanal. Francisco ensina que a família tem a “vocação natural de educar os filhos para que cresçam na responsabilidade de si e dos outros”. O documento para as famílias mostra que “a Bíblia está povoada de famílias, gerações, histórias de amor e crises familiares”. Infelizmente, não estamos isentos desse perigo, já que até o Rei Davi, admirado por suas conquistas, não teve o mesmo êxito como pai.

A Sagrada Escritura relata que Davi era belo de aparência. Ele venceu o gigante Golias, organizou exércitos, expandiu Israel e ainda possuía dotes musicais. Mas, como pai, não teve o mesmo êxito. Aponto algumas falhas, não para denegrir a imagem deste grande homem, mas para alertar que nós também corremos o mesmo risco.

Davi tinha muitas mulheres e teve muitos filhos também. Veja só o que aconteceu como os filhos de Davi. Adonias, por exemplo, em uma conspiração contra o pai, proclamou-se rei de Israel. O irmão dele, Absalão armou um golpe contra o governo de Davi. Situação impensável como incesto também foi registrado. Amon, o primogênito, abusou sexualmente da irmã, Tamar. Salomão e Natã seguiram um caminho mais correto, orientados pelas leis do Senhor. Arrependido do pecado, o Rei compôs o Salmo 50, um dos mais belos hinos penitenciais da Bíblia.
Erros dos pais na educação dos filhos

Desafios existem e são muitos. O Papa aponta erros em que podemos tropeçar na educação como autoritarismo, favoritismo, conformismo e repressão afetiva. Em meu livro “Papa Francisco às famílias, os segredos para a conquista de um lar feliz”, oriento que é necessária a proximidade do pai e da mãe para a criança. O Santo Padre explica que uma tarefa simples como pedir para o filho subir uma escada, mas não acompanhar os passinhos dele, acaba irritando o pequeno. Mas se pegamos na mão e, passo após passo, o fazemos subir, será mais fácil. Não podemos pedir aos filhos coisas que não somos capazes de fazer. “A relação entre pais e filhos deve ser de uma sabedoria, de um equilíbrio tão grande”, orienta o Papa.

Filhos necessitam de limites e correção

Constata-se que, por exemplo, foram afetadas as relações entre pais e professores na escola. Diante dessa fragilidade e pela pouca busca por conhecimento ou imaturidade, muitos pais estão abrindo mão de sua responsabilidade e atribuindo aspectos da educação a pessoas que se dizem “superespecialistas” em vida afetiva, personalidade e desenvolvimento. Privados do seu papel, o resultado tem sido pais excessivamente apreensivos e possessivos na relação com os filhos, chegando ao ponto de nunca corrigi-los. O Papa afirma que atitudes desse tipo são gravíssimas, já que os filhos necessitam de limites e correção.

Diante dessa ausência, muitos pais se aventuram em um “dialoguismo” superficial. Sobre isso, o Papa propõe algumas reflexões: “Procuramos entender onde estão deveras os filhos no seu caminho? Sabemos onde realmente está a alma deles? E, sobretudo, queremos sabê-lo? Estamos convictos de que eles, na realidade, não estão à espera de algo mais?”.

A responsabilidade da educação dos filhos é dos pais e não pode ser terceirizada. Mas será que existem receitas prontas para educar? Francisco não responde a essa pergunta. Ele apresenta outra questão para pensarmos: “quais tradições temos hoje para transmitir aos nossos filhos?”. Podemos ser grandes profissionais, empreendedores, inclusive bons pregadores, coordenadores de pastorais, porém, estarmos negligenciando em nossa missão dentro de casa. A consequência dessa falha, leva à ineficácia do ministério e afunda o casamento.
Rodrigo Luiz dos Santos - é editor-chefe de Jornalismo da TVCN e apresentador de programas relacionados à Igreja. Missionário na Canção Nova, 

22 de abril de 2016

Dois homens e duas mulheres podem ser padrinhos de batismo?

Dois homens e duas mulheres podem ser padrinhos de batismo?

Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com

A Igreja permite dois homens e duas mulheres serem padrinhos de batismo?

O Código de Direito Canônico diz com toda clareza:

Cânon 872 – “Ao batizando, enquanto possível, seja dado um padrinho, a quem cabe acompanhar o batizando adulto na iniciação cristã e, junto com os pais, apresentar ao batismo o batizando criança. Cabe também a ele ajudar que o batizado leve uma vida de acordo com o batismo e cumpra com fidelidade as obrigações inerentes”.

Cânon 873 – Admite-se apenas um padrinho ou uma só madrinha, ou também um padrinho e uma madrinha.

Então, fica claro que não podem ser dois homens ou duas mulheres padrinhos de batismo de uma criança.

Outras exigências para ser padrinho:

Aproveito para colocar aqui outras exigências que o Código exige para alguém ser padrinho ou madrinha de batismo.

Cânon 874 – § 1. Para que alguém seja admitido para assumir o encargo de padrinho, é necessário que:
1° – seja designado pelo batizando, por seus pais ou por quem lhes faz as vezes, ou, na falta deles, pelo próprio pároco ou ministro, e tenha aptidão e intenção de cumprir esse encargo;

2° – Tenha completado dezesseis anos de idade, a não ser que outra idade tenha sido determinada pelo Bispo diocesano, ou pareça ao pároco ou ministro que se deva admitir uma exceção por justa causa;

3° – seja católico, confirmado, já tenha recebido o Santíssimo Sacramento da Eucaristia e leve uma vida de acordo com a fé e o encargo que vai assumir;

4° – não tenha sido atingido por nenhuma pena canônica legitimamente irrogada ou declarada;

5° – não seja pai ou mãe do batizando.

§ 2. O batizado pertencente a uma comunidade eclesial não católica só seja admitido junto com um padrinho católico, o qual será apenas testemunha do batismo.

Cânon 875 – Se não houver padrinho, aquele que administra o batismo cuide que haja pelo menos uma testemunha, pela qual se possa provar a administração do batismo.

Cânon 876 – Para provar a administração do batismo, se não advém prejuízo para ninguém, é suficiente a declaração de uma só testemunha acima de qualquer suspeita, ou o juramento do próprio batizado, se tiver recebido o batismo em idade adulta.

Cânon 892 – Enquanto possível, assista ao confirmando um padrinho, a quem cabe cuidar que o confirmando se comporte como verdadeira testemunha de Cristo e cumpra com fidelidade as obrigações inerentes a esse sacramento.
Felipe Aquino - é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. 

O mundo poderia existir sem o mal?

O mundo poderia existir sem o mal?

Tudo o que Deus criou era muito bom e não existia o mal

Para entender essa questão, em primeiro lugar, é preciso entender o que é o mal. “Deus é inacessível ao mal” (Tg 1,13). Portanto, o mal não é um lado de Deus, tampouco um outro deus, uma outra força divina, porque o Senhor se revelou como único Deus a Israel em inúmeras situações. Então, o que seria o mal? Na verdade, ser mau não é um ser, uma coisa ou força, mas uma carência do bem, assim como as trevas é a ausência de luz. Por isso, disse Bento XVI: “ O mal só existe onde Deus é insuficiente”.

O mundo foi criado bom por Deus. É notável e maravilhoso que, no relato da criação, em Gêneses 1,1-31, ao fim da criação de cada coisa é dito: “E Deus viu que isso era bom”. Ao fim de todo relato, no versículo 31, o autor bíblico diz: “ Deus viu tudo o que tinha feito era muito bom”. Portanto, tudo o que Deus criou é “muito bom” e não existia o mal em nada.

Como o mal entrou no mundo?

O capítulo terceiro do livro de Gênesis conta como o mal entrou no mundo. Em uma linguagem figurada, vemos a imagem da serpente que alicia Eva e, por meio dela, Adão. O significado desse texto é que o homem, que até então vivia em intimidade e perfeita harmonia com Deus, rebelou-se contra Ele, seduzido por um ser enganador. Sem Deus, o homem e o mundo estão sujeitos ao mal moral (carência da finalidade a que o homem deve tender, especialmente felicidade e amor) e físico (carência de algo no plano material como a fome e a dor).

Quem é esse ser enganador? Um deus do mal? Inúmeros textos bíblicos fazem referência a anjos decaídos, ou seja, seres criados por Deus que são puro espírito, que deveriam servir a Deus, mas “rejeitaram radical e irrevogavelmente a Deus e Seu Reino” (CIC 392). Alguns textos do Antigo Testamento são interpretados pela tradição cristã como um relato da queda de um anjo chefe, satanás, que se volta contra Deus (cf. Is 14,13-14; Ez 28,17). Especialmente Ap 12,7-10 fala da batalha do dragão e seus anjos contra Miguel e os anjos dele. O dragão e os anjos passam a ser os tentadores, ou sejam, aqueles seres que não são deuses, mas que, identificados como o mal, tentam levar o homem a escolher o mal. Então, dessa forma, o mal entra na existência simplesmente como aquilo que rejeita “Deus, que é amor” (I Jo 4,8).

O mundo poderia existir sem o mal

Fica claro, então, que o mundo não só poderia existir sem o mal, como ele já existiu sem o mal. Mais ainda, o mundo voltará a existir sem o mal: “Vi, então, um novo céu e uma nova terra, pois o primeiro céu e a primeira terra desapareceram e o mar já não existia. 

Eu vi descer do céu, de junto de Deus, a Cidade Santa, a nova Jerusalém, como uma esposa ornada para o esposo. Ao mesmo tempo, ouvi do trono uma grande voz que dizia: “Eis aqui o tabernáculo de Deus com os homens. Habitará com eles e serão o seu povo, e Deus mesmo estará com eles. Enxugará toda lágrima de seus olhos e já não haverá morte, nem luto, nem grito, nem dor, porque passou a primeira condição. Então, o que está assentado no trono disse: ‘Eis que eu renovo todas as coisas’. Disse ainda: ‘Escreve, porque estas palavras são fiéis e verdadeiras’. Novamente me disse: ‘Está pronto! Eu sou o Alfa e o Ômega, o Começo e o Fim. A quem tem sede eu darei gratuitamente de beber da fonte da água viva. O vencedor herdará tudo isso; e eu serei seu Deus, e ele será meu filho’” (Ap 21,1-7).
André Botelho - é casado e pai de três filhos. Com formação em Teologia e Filosofia Tomista, Andrade é fundador e moderador geral da comunidade católica Pantokrator, à qual se dedica integralmente.

Como superar as dores e as consequências do adultério

Como superar as dores e as consequências do adultério

Foto: Boleganiki , iStock.by Getty Images
O matrimônio está embasado em três grandes princípios: fidelidade, indissolubilidade e fecundidade

O amor dos esposos é comparado, por São Paulo, ao amor “fiel, indissolúvel e fecundo” entre Cristo e a Igreja: ““Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a Igreja e se entregou por ela”” (Mt 5,25). A quebra da fidelidade conjugal fere e contradiz a união de amor entre Cristo e a Igreja, porque cada casal que se une pelo sacramento do matrimônio sinaliza na terra a união de Deus com os homens, de Cristo com a Igreja.

O adultério é falta grave. Ao falar dele, o Catecismo da Igreja Católica (CIC) diz: ““Cristo condena o adultério mesmo de simples desejo” (cf. Mt 5,27-28). O sexto mandamento e o Novo Testamento proscrevem absolutamente o adultério (cf. Mt 5,32; 19,6; Mc 10,11-12; 1Cor 6,9-10). Os profetas denunciam sua gravidade. Vêem no adultério a figura do pecado de idolatria (Os 2,7; Jr 5,7; 13,27)” (CIC §2380).

Fere a instituição do casamento

E mais: “o adultério é uma injustiça. Quem o comete falta com seus compromissos e fere o sinal da Aliança, que é o vínculo matrimonial, lesa o direito do outro cônjuge e prejudica a instituição do casamento, violando o contrato que o fundamenta. Compromete o bem da geração humana e dos filhos que têm necessidade da união estável dos pais” (CIC §2381).

Aqui, a Igreja explica bem todo o perigo do adultério; ele fragiliza a aliança matrimonial e põe em risco a estabilidade do lar e a felicidade dos filhos. Por essa razão, o cristão deve lutar com todas as forças contra esse mal. Não se pode brincar com esse perigo, porque se pode nele perecer.

Infelizmente, hoje, há muitas forças tenebrosas que empurram as pessoas para o adultério, uma sexualidade cada vez mais acintosa e provocante, especialmente pela internet, televisão, filmes, revistas. Por outro lado, os problemas conjugais, as inseguranças e carências dos cônjuges, criam circunstâncias perigosas que, muitas vezes, empurram alguns para a falta do adultério.
O adultério não deve ser motivo de separação

Há o caso do adultério ocasional, cometido uma vez por fraqueza humana, falta de vigilância e oração; e há também aquele adultério repetido, assumido, consumado, que é muito mais grave e difícil de ser superado. Ambos, sem dúvida, caracterizam falta grave e jamais podem ser justificados. No entanto, o adultério não deve ser automaticamente um motivo de separação do casal. Não. Sempre é possível uma mudança de vida, o arrependimento, o pedido de perdão ao cônjuge ferido e a retomada da fidelidade. Especialmente o sacramento da confissão pode apagar toda culpa e lavar os corações da mancha do pecado. O casal cristão deve analisar, –com paciência e coragem,– essa recuperação e reconciliação pelo bem deles mesmos e pelo bem dos filhos.

O Código de Direito Canônico diz no Cânon 1152: ““Embora se recomende vivamente que o cônjuge, movido pela caridade cristã e pela solicitude do bem da família, não negue o perdão ao outro cônjuge adúltero e não interrompa a vida conjugal, se não tiver expressado ou tacitamente perdoado sua culpa, tem o direito de dissolver a convivência conjugal, a não ser que tenha consentido no adultério, tenha-lhe dado causa ou tenha também cometido adultério. Existe perdão tácito se o cônjuge inocente, depois de tomar conhecimento do adultério, continuou espontaneamente a viver com o outro cônjuge com afeto marital; presume-se o perdão, se tiver continuado a convivência por seis meses, sem interpor recurso à autoridade eclesiástica ou civil”.

Como vencer essa dor?

A Igreja deixa claro que prefere o perdão para o adúltero, evidentemente se este reconhecer a culpa e estiver arrependido. O cônjuge cristão deve lutar com todas as forças humanas e sobrenaturais da fé para superar essa difícil situação. Precisará unir-se profundamente a Deus e contar com a graça dos sacramentos, especialmente o da Eucaristia e da oração “sem cessar” (cf. 1Tes 5,16). Para Deus tudo é possível! Muitas vezes, um casal se une ainda com mais amor e maturidade após uma situação de adultério. De forma que este não deve ser a decretação do fim do casamento.

Nesse caso, o cônjuge cristão precisa lutar com tranquilidade e fé, sem deixar que o desespero e o desânimo tomem conta da situação. Nessa hora, é preciso rezar muito, dar tempo ao tempo, esperar com paciência e permanecer fiel a Deus e aos filhos. E também pedir a ajuda de pessoas maduras que possam fazer uma mediação entre os dois. De forma alguma, a parte traída deverá partir para um novo relacionamento, pois isso complica ainda mais a situação e pode impedir a saudável reconciliação do casal. Muitas vezes, um casal se reconcilia depois até de anos de separação. O tempo passa, os sofrimentos, às vezes, se abatem sobre as pessoas e muitas coisas mudam. Deus age quando rezamos.

Sobretudo, o cônjuge cristão ferido pelo adultério deve saber que está em paz com Deus e com sua consciência, enquanto o outro está no pecado e não pode viver em paz. Portanto, deve permanecer em sua missão de esposa fiel, servindo aos filhos com muita atenção e carinho para superar as dores da ausência do companheiro.

Por que houve a traição?

Essa é uma ocasião também para se refletir profundamente as possíveis causas que puderam ter provocado a situação de adultério. Por que o amor do casal arrefeceu? Por que o outro caiu no adultério? Faltou a atenção recíproca, faltou o carinho conjugal, faltou harmonia sexual? Enfim, as causas devem ser analisadas objetivamente para serem removidas, de forma a se possibilitar a reconciliação.

Evidentemente, todo casal deve se precaver para que um dos cônjuges não seja levado ao adultério. A prevenção sempre é a melhor terapia. Para isso, é preciso que o casal alimente a vida espiritual, a vida de oração e sacramental; pois está provado que esses casais normalmente vivem a fidelidade conjugal. Por outro lado, o carinho, a atenção constante com o outro e tudo o que alimenta o amor conjugal deve ser cultivado dia a dia. É muito difícil um casal se manter verdadeiramente fiel um ao outro se faltar para eles a vida espiritual, o cultivo do amor recíproco e um diálogo sempre aberto sobre todos os problemas.

O casal com dificuldades conjugais precisa procurar logo a ajuda de um orientador maduro e capaz de auxiliá-los. Tudo isso é possível e fundamental para o bem da família e do casal.

A felicidade da sociedade depende das famílias e dos casais; por isso, todo esforço é necessário para lutar contra o adultério.
Felipe Aquino - Professor, é viuvo, pai de cinco filhos. Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. 

16 de abril de 2016

Como educar crianças como crianças

Como educar crianças como crianças

Foto: FamVeld, 71358035, by iStock by getty images







Educar crianças como crianças e não lotar a agenda delas com muitos afazeres

A infância é uma época de formação da criança com forte impacto na vida futura. É natural que os pais se perguntem o que podem fazer para que os filhos aproveitem essa fase de forma sadia. Para isso, eles precisam incentivar os pequenos a brincar, porque a brincadeira é fonte de aprendizado e descoberta do mundo. Naturalmente, a criança gosta e procura brincar, mas, no mundo atual, pode não encontrar condições ideais.

O que fazer quando se tem pouco espaço

Hoje, a falta de segurança e os apartamentos menores acabam restringindo as brincadeiras de rua, ao ar livre, que permitem maior liberdade e exigem criatividade. Os pais podem resolver isso levando os filhos aos parquinhos e piqueniques, à praia em tempo de sol; e, em dias chuvosos, brincar de fazer arte plástica, contar histórias e assistir a filmes com pipoca.
Outro pronto é deixar a criança aproveitar a infância sem lotar sua agenda com muitos afazeres e pouco tempo para o ócio criativo. As atividades pedagógicas e físicas, com orientação de professores, aumentam o conhecimento, mas as brincadeiras livres contribuem para o bom humor.

Criar vínculo afetivo

Crianças e bichos de estimação podem ser uma combinação importante, pois elas gostam de ter alguém para chamar de seu, amar e ser amado, criar vínculo afetivo e aprender a cuidar de outro ser.
Arte para trabalhar as emoções

Arte é fonte de desenvolvimento, principalmente a música. Desde cedo, as crianças são atraídas pelo canto ou barulho de um instrumento. Motivá-las a aprender a cantar ou tocar um instrumento pode ajudá-los a trabalhar suas emoções.

Vocês já viram a cara de uma criança diante de massinha, tinta, colagem, recorte e pintura? A alegria e a tranquilidade são as consequências após brincarem com esses itens, que marcam o compasso da vida. A bagunça os pais arrumam depois, mas os sentimentos de alegria ficam para vida toda.

Combate à solidão

A maioria das pessoas gosta de companhia; portanto, as crianças precisam de amigos para dividir as brincadeiras, os aprendizados e sentimentos. São vínculos que ajudam no desenvolvimento afetivo e no combate à solidão.

A presença dos familiares

A família, estendida para além do lar, ajuda a criança a escrever no livro da vida as lembranças que o acompanharão na vida adulta. Quantas lembranças dos avós, que são pais com açúcar; de tios e primos que tiveram contribuição importante e marcaram a infância! Hoje, os pais enfrentam o vício das crianças com os joguinhos eletrônicos. Esses jogos ajudam no desenvolvimento motor e mental, mas podem levá-las a viverem num mundo virtual e não real. O limite de tempo desses jogos é importante, pois evita o sedentarismo, a obesidade e o isolamento infantil.

Criança é criança quando brinca para valer e com prazer. O segredo é buscar a simplicidade das brincadeiras e investir tempo para ensinar de uma forma lúdica.
Ângela Abdo - Ângela Abdo é coordenadora do grupo de mães que oram pelos filhos da Paróquia São Camilo de Léllis (ES) 

O desafio de compreender, em profundidade, a importância da família

O desafio de compreender, em profundidade, a importância da família

Foto: Daniel Mafra/CN






É necessário ter consciência sobre a importância do matrimônio e da família

Papa Francisco, atento às dinâmicas da cultura contemporânea e após a realização de dois sínodos, traz pertinente interpelação com a Exortação Apostólica sobre o amor na família,Amoris Laetitia. Com sua extraordinária sensibilidade humana e a partir da escuta do mundo católico, Francisco mostra que a grande meta é reavivar a consciência sobre a importância do matrimônio e da família. Desafio complexo, que não permite tratamento superficial. São necessárias ações bem fundamentadas para não se correr o risco de obscurecer ou anular o determinante e indispensável papel da família – lugar da educação por excelência -, particularmente essencial neste momento, quando se precisa configurar novo tecido cultural. E isso é imprescindível para a superação das crises muito desafiadoras, nos âmbitos da ética, política, economia e instituições.

Matrimônio nas diferentes culturas

A Igreja, na unidade de doutrina e práxis, acolhe a indicação de que, em cada país ou região, é possível buscar soluções mais atentas às tradições e aos desafios locais. Longe de qualquer tipo de permissividade, o caminho é se debruçar sobre culturas diferentes, considerando a pluralidade que caracteriza cada sociedade. Essa tarefa exige acuidade, empenho e profunda espiritualidade. Por isso, o Papa Francisco recoloca, com destaque, alguns caminhos pastorais que levam à construção de famílias sólidas, fecundas, segundo o plano de Deus, com especial luz sobre a educação dos filhos.

Não há mais tempo a perder diante da necessidade de se investir na família, referência singular com propriedades para edificar nova cultura humanística e espiritual, que permita superar o atual momento social e político. Há uma complexidade própria na realidade da família que precisa ser adequadamente compreendida e tratada. Para isso, as jaulas do egoísmo e da mesquinhez devem ser evitadas. Essas prisões nascem de individualismos perversos e da consequente perda de capacidade para gestos altruístas, indispensáveis na vida de todos, especialmente no exercício da cidadania. Em questão, portanto, está o desafio de se compreender, em profundidade, a importância da família.

Deturpação dos laços familiares

O desvirtuamento dos laços familiares é um real perigo alimentado por uma exasperada cultura individualista que pode parecer atraente, mas é caminho para prejuízos irreversíveis. É preciso conhecer mais profundamente a realidade familiar para não se negociar o inegociável. A liberdade de escolha, sublinha o Papa Francisco, permite a cada pessoa projetar a própria vida e cultivar o melhor de si mesmo, mas, se não houver objetivos nobres e disciplina, degenera-se numa incapacidade para a doação. O entendimento de que a liberdade individual garante o direito de julgar a partir de parâmetros próprios, como se não houvesse verdades, valores e princípios diferentes, é problemático. Cria a convicção de que tudo, desde que atenda ao interesse particular, é permitido. Contribui para que entendimentos sobre o matrimônio sejam achatados por conveniências e caprichos.

Há um percurso longo para resgatar valores que foram perdidos. Sem essas referências, continuarão a surgir descompassos e a humanidade sofrerá com a perda de rumos. A trajetória a ser seguida exige entendimentos, recomposições e a necessária capacitação para a vivência de valores éticos e morais. E a família é, indiscutivelmente, a primeira escola desses valores. Lugar em que se aprende o bom uso da liberdade. A Exortação Apostólica lembra que há inclinações maturadas na infância que impregnam o íntimo de uma pessoa e permanecem pelo resto da vida como tendência favorável a um valor ou como uma rejeição espontânea de certos comportamentos.
Educação na família

O aprendizado ético e moral no contexto educativo inigualável da família sustenta a vida, permeia atos e escolhas. Somente a instituição familiar tem propriedades para cumprir certas tarefas e metas na formação das pessoas, em razão de sua particular capacidade para alcançar e fecundar corações. De modo especial, é âmbito da socialização primária, em meio aos afetos mais profundos e tocantes, que possibilitam a aprendizagem da reciprocidade, do relacionar-se com o outro. Capacita para a escuta, a partilha, o respeito, a ajuda e a convivência.

A humanidade é convidada a compreender e a investir na força educativa da família, criando condições sociopolíticas, humanísticas e espirituais para que essa escola primeira seja qualificada e se mantenha como vetor para as grandes mudanças.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo - O Arcebispo Metropolitano de Belo Horizonte, 

O bom pastor e as famílias

O bom pastor e as famílias

Foto: Arquivo CN






Exortação Amoris Laetitia: a alegria do amor na família

O Papa Francisco ofereceu à Igreja a Exortação Apostólica Pós-Sinodal “Amoris Lætitia” (A alegria do amor), sobre o amor na família, como fruto de duas Assembleias do Sínodo dos Bispos. Diz o Papa: “Apesar dos numerosos sinais de crise no matrimônio, o desejo de família permanece vivo nas jovens gerações.

Como resposta a este anseio, o anúncio cristão que diz respeito à família é deveras uma boa notícia”. Interpretações mundanas viram no documento papal uma possível decepção, enquanto todos nós, filhos da Igreja, descobrimos a projeção de um renovado sopro a favor da família. Quando muitos especulavam, quem sabe sonhando colocar na boca da Igreja soluções radicais para os problemas da família, independente dos extremismos correntes, o Santo Padre oferece um verdadeiro hino ao amor na família, a ser entoado pelo coro dos cristãos espalhados pelo mundo inteiro.

Como ler Exortação Apostólica?

Papa Francisco aconselha uma leitura calma da Exortação Apostólica, superando a tendência de uma compreensão apressada e superficial. Ele mesmo acena aos casais a beleza do capítulo a respeito do amor no matrimônio ou o texto sobre a fecundidade do amor. Os capítulos sobre as perspectivas pastorais e o reforço da Educação dos filhos certamente atrairão os agentes de Pastoral Familiar. Acompanhar, discernir e integrar a fragilidade será a provocação positiva para todos os que buscam um caminho para evangelizar a boa nova da família diante das situações difíceis e desafiadoras de nosso tempo. E toda a Igreja celebrará as conclusões sobre a espiritualidade conjugal e familiar, com a qual se conclui a Exortação Apostólica.

Não há dúvidas de que o Espírito Santo conduza a Igreja, o que se confirma mais uma vez, mostrando, diante de um mundo em crise e repleto de confusões em todos os níveis, que começa agora uma nova e esperançosa etapa de valorização da família, como foi pensada por Deus.

Celebração do Matrimônio

Nas celebrações matrimoniais judaicas e cristãs, canta-se o salmo da família (Sl 127), com o qual o Papa iniciou a Exortação Apostólica e queremos ecoar com alegria: “Feliz quem teme o Senhor e segue seus caminhos. Viverás do trabalho de tuas mãos, viverás feliz e satisfeito. Tua esposa será como uma vinha fecunda no interior de tua casa; teus filhos, como brotos de oliveira ao redor de tua mesa. Assim será abençoado o homem que teme o Senhor. De Sião o Senhor te abençoe! Possas ver Jerusalém feliz todos os dias de tua vida. E vejas os filhos de teus filhos. Paz sobre Israel!”
É festa para a Igreja quando pode oferecer as boas notícias. E elas estão dentro de nossas casas! Vivemos neste final de semana a Festa do Bom Pastor, na qual resplandecem as atitudes daquele que quer para todos a vida em abundância.
Cabe bem ver as parábolas, chamadas no seu conjunto de Parábola do Bom Pastor (Cf. Jo 10, 1-30) dirigidas às famílias, acolhendo justamente o Evangelho da Família, dirigido a toda a sociedade, que clama, tantas vezes sem consciência clara, por tal novidade.

Bom pastor

Com Jesus, que é a porta das ovelhas, queremos adentrar na casa e no coração de todas as famílias. “Cruzemos o limiar desta casa serena, com sua família sentada ao redor da mesa em dia de festa. No centro, encontramos o casal formado pelo pai e pela mãe com toda a sua história de amor” (Amoris lætitia 9).
Nasça em nós um respeito profundo pela intimidade do lar, com seus segredos, conselhos, liberdade, afeto!
Quem ninguém entre na família como o mercenário ou o salteador, mas seja ela reconhecida como espaço sagrado! É hora de ser radicais, impedindo que entrem em nossas casas os mercenários e ladrões, que roubam nada menos do que a nossa dignidade, para espalhar, na praça pública do mundo, a história e os valores, ainda em desenvolvimento, mas presentes em nossas famílias.

A vida em abundância entra pela porta da casa quando a família acolhe Jesus. Ele é a porta e é aquele que vai à frente das ovelhas, sejam elas o pai, a mãe ou os filhos. O alimento verdadeiro, que sustenta as pessoas da família, tem um nome, que é o próprio Jesus, que é porta, sustento, pastor, aquele que conduz à boa pastagem (Cf. Jo 10, 9). Muito antes de nossas famílias existirem, o Senhor se entregou por elas e confirmou a bênção primordial da família. A força de suas palavras o revela: “Nunca lestes que o Criador, desde o princípio, os fez homem e mulher? Por isso deixará o homem o pai e a mãe e se unirá à sua mulher, e eles serão uma só carne” (Gn 2, 24; Mt 19, 4; Cf. Amoris lætitia 9).
O bom pastor conhece as ovelhas! Aqui ele se torna referência, mais uma vez, para a família. O lar é o lugar do conhecimento profundo.

Quantos pais e mães até se assustam (bendito susto!) quando seus filhos se soltam quando estão em casa, parecendo até agressivos, como gente que trata bem só quem é de fora.
É que em casa os defeitos e as qualidades são tocados com um amor que tudo cobre, tudo suporta e tudo perdoa! Em casa damos uns para os outros a vida, e não firulas ou enfeites, feitos muitas vezes de superficialidade. Benditas sejam as discussões, as lágrimas, e também os abraços, beijos, sorrisos e afetos de quem se sente em casa! E o pastor que é Jesus nos conhece, também porque garantiu estar presente entre aqueles que se reúnem em seu nome (Cf. Mt 18, 20), não só quando rezam, mas em todas as ocasiões.

Família missionária

A família tem também sua dimensão missionária. Certamente muitos de nós temos a experiência de viver em famílias que agregam parentes e conhecidos, atraindo gente que apenas se sente bem naquela casa, reunindo amigos e conhecidos. As casas se tornam grandes, a ajuda a outras pessoas se multiplica, há um gosto especial em estar juntos! Desejamos que nossas famílias olhem para as outras, atraiam, para contribuírem de seu modo a fim de que venha a existir um só rebanho e um só pastor.
O Papa Francisco põe em nossa boca uma belíssima oração, dirigida à Sagrada Família, que oferecemos agora a todas as famílias:
Oração

“Jesus, Maria e José, em vós contemplamos o esplendor do verdadeiro amor. Confiantes, a vós nos consagramos, Sagrada Família de Nazaré. Tornai também as nossas famílias lugares de comunhão e cenáculos de oração. Autênticas escolhas do Evangelho e pequenas igrejas domésticas. Sagrada Família de Nazaré, que nunca mais haja nas famílias episódios de violência, de fechamento e divisão; e quem tiver sido ferido ou escandalizado seja rapidamente consolado e curado. Sagrada Família de
Nazaré, fazei que todos nos tornemos conscientes do caráter sagrado e inviolável da família, da sua beleza no projeto de Deus. Jesus, Maria e José, ouvi-nos e acolhei a nossa súplica. Amém!
Canção Nova

Papa alerta sobre três perigos nas famílias

Papa alerta sobre três perigos nas famílias

Foto: Daniel Mafra /CN









Exortação Amoris Laetitia: a alegria do amor na família

Amoris Laetitia (A alegria do amor) é o título da Exortação Apostólica Pós-sinodal do Papa Francisco. O documento, que tem nove capítulos, reúne os resultados dos dois Sínodos sobre a Família realizados em 2014 e 2015.

Neste artigo, destacamos três alertas que nos é apresentado, na Amoris Laetitia, sobre os perigos nas famílias.

Individualismo

O individualismo exagerado desvirtua os laços familiares e acaba por considerar cada membro da família como uma ilha, fazendo prevalecer, em certos casos, a ideia de um sujeito que se constrói segundo os seus próprios desejos assumidos com caráter absoluto.

As tensões causadas por uma cultura individualista exagerada da posse e fruição geram, no seio das famílias, dinâmicas de impaciência e agressividade.
Independência

A liberdade de escolher permite projetar a própria vida e cultivar o melhor de si mesmo, mas, se não se tiver objetivos nobres e disciplina pessoal, degenera numa incapacidade de se dar generosamente.

Se estes riscos se transpõem para o modo de compreender a família, esta pode transformar-se num lugar de passagem, onde uma pessoa vai quando parecer conveniente para si mesma ou para reclamar direitos, enquanto os vínculos são deixados à precariedade volúvel dos desejos e das circunstâncias.

Amor provisório

Refiro-me à rapidez com que as pessoas passam duma relação afetiva para outra. Creem que o amor, como acontece nas redes sociais, possa-se conectar ou desconectar ao gosto do consumidor, inclusive bloquear rapidamente.

Penso também no medo que desperta a perspectiva de um compromisso permanente, na obsessão pelo tempo livre, nas relações que medem custos e benefícios e mantêm-se apenas se forem um meio para remediar a solidão, ter proteção ou receber algum serviço.

Faz impressão ver que as rupturas ocorrem, frequentemente, entre adultos já de meia-idade, que buscam uma espécie de « autonomia » e rejeitam o ideal de envelhecer juntos cuidando-se e apoiando-se.

Correndo o risco de simplificar, poderemos dizer que vivemos numa cultura que impele os jovens a não formarem uma família, porque nos privam de possibilidades para o futuro.
Trecho extraído da Exortação Apostólica Pós-sinodal do Papa Francisco.