A Palavra de Deus

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DOPAS

DOAÇÃO, ORAÇÃO, POBREZA, ALEGRIA E SIMPLICIDADE

26 de novembro de 2015

Como superar o fim de um relacionamento

Como superar o fim de um relacionamento

Existem meios para superar o fim de um relacionamento

Jesus Cristo sempre foi muito claro ao nos deixar Seus mandamentos e ao dizer que nosso seguimento a Ele implicaria cruzes ao longo do caminho. Mas Ele também disse que estaria sempre ao nosso lado até o fim dos tempos, ajudando-nos a carregar nossos fardos. O Senhor sempre nos deu o exemplo de um amor que perdoa, que é paciente, de um amor que tudo crê, tudo suporta e jamais acaba. Cristo nos convida, todos os dias, a amar como Ele nos amou.

Infelizmente, a vivência de muitas pessoas nos mostra a grande dificuldade que é manter um relacionamento por toda a vida, a dificuldade de uma entrega definitiva, que nos comprometa totalmente e envolva toda a nossa existência.

Muitos são aqueles que contraíram o sacramento do matrimônio, mas, ao longo do tempo, foram abandonados por seus cônjuges ou se viram diante de uma situação insustentável, já não havendo mais a possibilidade de retomar a união. Não lhes restando outra opção, assinam um acordo de divórcio.

O matrimônio contraído na fé é indissolúvel

Quando Jesus falou da indissolubilidade do matrimônio, Ele foi claro: “Não separe o homem o que Deus uniu” (Mt 19,6). A Igreja, fiel à Palavra de Cristo, não pode simplesmente alterar essa doutrina ou anunciar outra realidade diferente. Como bem disse o Papa emérito Bento XVI, em uma entrevista, “o matrimônio contraído na fé é indissolúvel. É uma palavra que não pode ser manipulada; devemos mantê-la intacta, mesmo que contradiga os estilos de vida dominantes nos dias de hoje”.

A teologia do sacramento do matrimônio deve ser lida a partir do amor total que nosso Senhor demonstrou no sacrifício da cruz, como diz São Paulo:

“Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a sua Igreja e por ela se entregou.” (Ef 5, 25).

Não podemos, portanto, pensar que o amor de Cristo seja passível de negociação. Do mesmo modo, a aliança firmada entre um homem e uma mulher, com a intenção de criar e educar os filhos, não pode ser quebrada, mesmo quando se escolhe um divórcio legalmente consensual.

Somos chamados a viver a mesma fidelidade de Cristo à Sua Igreja. Ele permanece fiel, mesmo quando seus membros são infiéis. Quando alguém se divorcia, o faz para efeitos da vida no mundo, não para Deus. Por mais que existam muitos argumentos para contrapor essa realidade espiritual, diante de Nosso Senhor um matrimônio só deixa de existir quando sua nulidade é declarada, o que só pode ser feito por um Tribunal Eclesiástico.

Honrar o sacramento do matrimônio

Não sendo nulo, o matrimônio perdura até a morte de um dos cônjuges. E a culpa não é de Deus se o cônjuge, que tinha o dever de honrar a promessa feita, não o fez. Devemos respeitar o livre-arbítrio, e o nosso dever é honrar o sacramento independente da fidelidade do outro. A promessa foi feita de livre e espontânea vontade na primeira pessoa do singular.

É necessário coragem e força para perseverar na fé, no cumprimento da vontade de Deus, por mais que isso pareça injusto e quase impossível aos olhos do mundo.

Sabedoria dos filhos de Deus

Talvez essa seja a oportunidade para um testemunho único, uma prova de amor a Deus maior do que tudo, quando renunciamos o amor a nós mesmos pela promessa feita a Ele no sacramento do matrimônio. Essa é a sabedoria dos filhos de Deus, uma loucura para os homens.

Quando abraçamos a nossa vocação, precisamos saber que não colhemos apenas flores no caminho. Haverá lutas, como Nosso Senhor lutou na Sua vida neste mundo. Infelizmente, tendemos a romantizar as coisas, a tratar tudo com sentimentalismo, como se para enfrentar a vida e a vocação à qual fomos chamados, não tivéssemos de sofrer. Mas toda vocação tem sua cruz , e o divórcio pode ser uma delas.

Unidos a Cristo não existe solidão

Porém, devemos saber que não existe solidão quando nos unimos a Cristo na cruz, pois depois dela vem a Ressurreição. Essa é a maior de todas as certezas reveladas a nós no Evangelho. Como Jesus somos convidados a abraçar a nossa cruz com amor.

E isso não significa que estamos condenados a viver tristes, infelizes e solitários. Deus é sempre fiel às suas promessas e poderoso para realizar uma nova obra em nossa vida. Basta confiar e se entregar sem medo à sua infinita bondade. Nossa alma deve, acima de tudo, amar e desejar o céu, dar e receber o perdão. Só assim seremos verdadeiramente livres. Lembrando sempre que Deus não permite que nos seja dado um fardo mais pesado do que possamos carregar. Ele ainda nos dá a certeza de que “os sofrimentos da vida presente não têm proporção alguma com a glória futura que nos deve ser manifestada” (Rom 8,18).

Se desejarmos caminhar com Deus e se crermos em Suas promessas, este será mais um passo na fé que somos chamados a dar, mesmo quando a dor de um divórcio fere o mais profundo da nossa alma.

Sabendo que somos fracos, compadecendo-se de nossa dor, a Igreja está sempre aberta para perdoar e acolher, mesmo quando caímos. Da mesma forma, nós somos chamados a dar o perdão àquele que nos feriu, que nos traiu e não conseguiu ser fiel à promessa feita.

O poder do perdão

O perdão tem o poder de nos libertar. Não é uma escolha fácil; todavia, é necessária, pois o perdão vence o mal com o bem e torna suave o caminho. Se não perdoarmos, viveremos como num cárcere privado, escravos das mágoas, da dor e dos ressentimentos, alimentando sempre o desejo de vingança e o rancor. O perdão zera a conta e não cobra mais a dívida. Quando ele é concedido, experimentamos o que é viver a verdadeira liberdade de filhos de Deus.

A maior dádiva que Deus nos deixou foi um amor que pode restaurar nossa vida e dar um novo significado a toda nossa história. A tristeza pode durar uma noite, mas a alegria vem com um novo amanhecer, na beleza de um novo horizonte que se descortina à nossa frente, na esperança de uma vida nova que recomeça todos os dias.
Judith Dipp -  foi cofundadora da Comunidade de Aliança Mãe da Ternura e voluntária num Centro de Atendimento e Aconselhamento para Mulheres Atualmente, é psicóloga da Escola Internacional Everest, do Lar Antônia e da Congregação dos Seminaristas Redentoristas, todos com sede em Curitiba (PR), cidade onde reside.

São Jerônimo e as traduções da Bíblia

São Jerônimo e as traduções da Bíblia

O Papa Dâmaso confiou a São Jerônimo a incumbência de revisar uma antiga tradução dos quatro Evangelhos em latim

Jerônimo foi uma personalidade célebre de seu tempo. Sua capacidade intelectual é demonstrada pela vasta quantidade de textos escritos e traduzidos por ele. Com absoluta certeza seu trabalho mais conhecido é a Vulgata, ou seja, uma versão da Bíblia em latim. Histórias antigas, quando recontadas com frequência, terminam por receber novos elementos que, por vezes, acrescentam, abreviam ou modificam a história original. Por ser este o mês da Bíblia resolvemos abordar a questão da Vulgata, juntamente com todo o trabalho realizado por São Jerônimo ao traduzi-la.

Ordenado sacerdote em 379 d.C., São Jerônimo acompanhou o Bispo Paulino a um concílio regional em Roma. Nesse tempo foi apresentado ao Papa Dâmaso como um exegeta e profundo conhecedor das línguas bíblicas. Por causa da clareza de suas ideias e grande conhecimento, o Pontífice o escolheu para ser seu secretário e em 382 d.C., confiou-lhe a incumbência de revisar uma antiga tradução dos quatro Evangelhos em latim. Ele concluiu este trabalho antes da morte do Papa Dâmaso (11/12/384) e acrescentou também uma versão dos salmos, traduzida do texto grego, que ficou conhecida como Septuaginta.
Expulso de Roma em 385, São Jerônimo se deslocou para Belém na Terra Santa, onde teve contato com a versão hebraica do Antigo Testamento, especialmente com um livro que apresentava lado a lado, de forma comparativa, os diferentes textos do Antigo Testamento nas línguas disponíveis naquele tempo.

Tradução do Antigo Testamento

Este santo e doutor da Igreja se interessou pelo texto em hebraico e iniciou uma nova revisão, de cunho pessoal, em sua tradução dos salmos, por meio da qual comparava o texto hebraico e grego para depois escrevê-lo em latim. Esta versão dos salmos ficou conhecida comoGalicana porque foi usada amplamente na Igreja da França (Galia em latim). Com o sucesso dessa tradução ele começou a traduzir todo o Antigo Testamento, mas, a partir desse momento, não utilizava mais a versão grega e sim a hebraica. Este enorme trabalho prolongou-se por 15 anos, do ano 390 a 405, incluindo uma nova tradução dos salmos feita somente do texto hebraico. Esta tradução do Antigo Testamento foi chamada por São Jerônimo de iuxta hebraeos (que significa “próximo aos hebreus” em português), a qual, somada aos textos do Novo Testamento, traduzidos para o latim, chamou-se Vulgata, isto é, em língua vulgar ou comum.

Ela [Vulgata] era a única versão oficial da Bíblia usada na Igreja até o ano 1.530, quando, devido ao povo não mais falar latim, iniciou-se o processo de tradução para as línguas modernas.

Durante a tradução Jerônimo deparou com passagens difíceis de serem compreendidas, por isso, logo após a conclusão desse trabalho, dedicou-se a escrever prefácios e comentários para os livros da Sagrada Escritura, além de responder às polêmicas teológicas existentes em seu tempo devido ao uso de textos mal traduzidos ou interpretações equivocadas.

Vulgata

Esse grande santo da Igreja morreu no ano 419 e não chegou a ver a Vulgata ser publicada; este fato só aconteceu quando foram reunidos todos os textos e escritos que ele havia traduzido. Importante lembrar que a Vulgata não foi imposta à Igreja, esse processo foi acontecendo à medida que se reconhecia que o texto traduzido por Jerônimo era mais exato e claro do que outras traduções livres disponíveis na época.

Progressivamente a Vulgata foi recebendo pequenas correções, por isso hoje este nome pode designar diversas versões oficiais em latim. Aquela que chamamos hoje de Vulgata foi publicada em 1.592 pelo Papa Clemente VIII, por isso também é conhecida como Vulgata Clementina.
Padre Xavier - sacerdote na Comunidade Canção Nova 

Podemos venerar a imagens dos santos?

Podemos venerar a imagens dos santos?

É correto venerar a imagem dos santos?

Desde os primeiros séculos, os cristãos pintaram e esculpiram imagens de Jesus, de Nossa Senhora, dos santos e dos anjos não para os adorar, mas para as venerar. As catacumbas e as igrejas de Roma dos primeiros séculos são testemunhas disso. Só para citar um exemplo, podemos mencionar aqui o fragmento de um afresco da catacumba de Priscila, em Roma, do início do século III. É a mais antiga imagem da Santíssima Virgem. O Catecismo da Igreja Católica (CIC) traz uma cópia dessa imagem (Ed. de bolso, Ed. Loyola, pag.19).

É o caso de se perguntar, então: Será que foram eles idólatras por cultuarem essas imagens? É claro que não! Eles foram santos e mártires, derramaram, muitos deles, o sangue em testemunho da fé. Seria blasfêmia acusar os primeiros mártires da fé de idólatras. O Concílio de Niceia II, em 787, declarou:

“Na trilha da doutrina divinamente inspirada dos nossos santos padres e da Tradição da Igreja Católica, que sabemos ser a tradição do Espírito Santo que habita nela, definimos com toda a certeza e acerto que as veneráveis e santas imagens, bem como a representação da cruz preciosa e vivificante, sejam elas pintadas, de mosaico ou de qualquer outra matéria apropriada, devem ser colocadas nas santas igrejas de Deus sobre os utensílios e as vestes sacras, sobre paredes e em quadros, nas casas e nos caminhos, tanto a imagem de Nosso Senhor, Deus e Salvador, Jesus Cristo, quanto a de Nossa Senhora, a puríssima e santíssima mãe de Deus, dos santos anjos, de todos os santos e dos justos” (Catecismo da Igreja Católica, nº 1161).

Deus não proibe imagens

Deus nunca nos proibiu de fazer imagens, mas sim ídolos e deuses para adorar. O povo de Deus vivia na terra de Canaã, cercado de povos pagãos que adoravam ídolos em forma de imagens (Baals, Moloc, etc). Era isso que o Senhor proibia terminantemente. A prova disso é que o Altíssimo ordenou a Moisés que fabricassem imagens de dois querubins e que também pintassem as suas imagens nas cortinas do Tabernáculo. Os querubins foram colocados sobre a Arca da Aliança. Confiar essas passagens: Ex. 25,18s, Ex 37,7; Ex. 26,1.31; 1 Rs. 6,23; I Rs 7,29; 2 Cr. 3,10.

Da mesma forma, Deus Pai mandou que, no deserto, Moisés fizesse a imagem de uma serpente de bronze (cf. Nm 21, 8-9), que prefigurava Jesus pregado na cruz (cf. Jo 3,14). Que fique claro: Deus nunca proibiu imagens, o que ele proibiu foi a fabricação de imagens de deuses falsos.

Imagens, testemunho da fé

Essas imagens, no entanto, os cristãos nunca fizeram, porque a Igreja nunca permitiu. As imagens sempre foram, em todos os tempos, um testemunho da fé. Para muitos que não sabiam ler, as belas imagens e esculturas foram como que o Evangelho pintado nas paredes ou reproduzido nas esculturas. Vitor Hugo dizia que as igrejas eram “Bíblias de pedra”. As imagens nos lembram que aqueles que elas representam chegaram à santidade por graça e obra do próprio Deus, são exemplos a serem seguidos e diante de Deus intercedem por nós.
Professor Felipe e Padre Paulo falam sobre a diferença entre católicos e protestantes:
Felipe Aquino -  Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. 

Como curar o ressentimento?

Como curar o ressentimento?

A primeira coisa a fazer para curar um coração ressentido é um diagnóstico claro do problema que mais nos aflige

Como vamos tratar um problema se não conhecemos suas causas? Muitas vezes, para se chegar ao diagnóstico de alguma doença física, gasta-se muito tempo, dinheiro, paciência, estudo e, acima de tudo, persistência e perseverança, tanto do médico como do paciente.

Para a cura do ressentimento, o procedimento é bastante parecido. A primeira coisa a fazer é avaliar os sentimentos estragados. Que sentimentos são esses? Que tipo de estragos ele causa na pessoa? De onde provêm os sentimentos negativos? Desde quando estou me sentindo assim? Lembro-me de algum fato relacionado ao sentimento estragado? É um sentimento racional ou irracional, isto é, mais instintivo do que real? Será que não estou olhando para o problema com lentes de aumento? Ou o problema é realmente sério e perturbador? Desejo realmente a cura ou prefiro manter o sentimento estragado como estratégia para ataques e defesas futuras?

Essas são algumas das perguntas que precisamos responder para tentar formular um diagnóstico mais próximo da realidade. Nunca podemos nos esquecer de que aqui estamos falando de problemas íntimos, de feridas interiores, mágoas nem sempre muito conscientes. Mas, na medida do possível, é preciso diagnosticar para fazer o prognóstico correto, o tratamento adequado, eficiente e eficaz.

É bom lembrar que essas perguntas deverão ser aplicadas às situações que realmente necessitam ser trabalhadas. Não adianta nada a pessoa querer achar sentimentos estragados nas águas do passado. Aí o problema já precisa de outro tratamento.

Parar de se alimentar de sentimentos negativos

Outra coisa importante a se fazer é parar de se alimentar de sentimentos negativos. Para se tornar ressentimento, esses sentimentos precisam de pensamentos negativos, palavras torpes, indelicadezas, hostilidades e outras atitudes semelhantes.

Considere ainda algumas coisas simples, mas fundamentais, para curar esse mal que tanto nos atrapalha: não queira achar que você está sempre certo e que o outro está sempre errado. Ninguém é tão perfeito nem tão imperfeito assim. Então, não é correto a pessoa ceder sempre (como se o outro nunca errasse). Isso provocaria outro problema sério: o sentimento de vítima, que acabaria gerando um complexo de inferioridade. É preciso descobrir a justa medida para se chegar à concessão mútua. Isso parece difícil, mas não é tão complicado assim. Basta termos critérios justos e estarmos desejosos de resolver o problema e não de complicá-lo ainda mais.

O que precisa ser resolvido com urgência?

É preciso também chegar a uma hierarquia dos sentimentos. Existem coisas que precisam ser resolvidas com urgência. Tente descobrir quais os sentimentos estragados mais propensos a se tornarem ressentimento. Estes deverão ser os primeiros a serem atacados pela oração e pela ação de cura.

Se no seu grupo você já brigou com a maioria das pessoas, seja humilde e reconheça que o problema está com você. Ou será que você é o único certo e todos os outros estão errados? Aí somos como a mãe que voltou do desfile da escola de seu filho e disse ao marido: “Só o Juninho marchou direito”. Todos os outros colegas marcharam errado. E, coincidentemente, todos erraram ao mesmo tempo. Eles treinaram o erro. O Juninho se manteve firme e marchou direitinho. Só ele!”. Ora, não queira ser o Juninho, ou, pior ainda, a mãe do menino.

Brigas consecutivas com pessoas próximas

Se você sempre briga com a pessoa mais próxima (marido, esposa, filho, amigo, colega de trabalho) pelo mesmo motivo, repetidamente, é sinal de que o ressentimento já se instalou e que precisa ser tratado com urgência “urgentíssima”. Essa é uma ferida que precisa de tratamento adequado e eficiente.

Qual o melhor remédio?

A partir da constatação da ferida, passamos a aplicar sobre ela o remédio do perdão. Além do perdão e do amor incondicional, precisamos cultivar atitudes que nos levem a viver curados. É preciso ter coragem de ser diferente e não viver como os pagãos, com o entendimento obscurecido (jeito simpático de chamar alguém de anta!) e o coração empedernido. Leia Efésios 4, 17-25.

Temos, assim, alguns elementos muito práticos para uma vida restaurada. Como o próprio texto sugere, a cura do ressentimento é um processo longo; mas se não for iniciado, nunca será concluído. Não podemos ter pressa, mas é preciso começar! O único jeito de perceber se estamos sendo curados ou não é pela qualidade de nossos relacionamentos. Na convivência, especialmente com aqueles que mais nos provocam, é que aprendemos a testar nosso coração. Na superação dos pequenos conflitos do dia a dia, vamos nos preparando para as grandes batalhas de nossa história.

É fundamental perceber que uma das mais lindas obras que o Espírito Santo pode fazer em nossa vida tem a ver com a cura de nosso coração. Quando nos deixamos conduzir por Ele, vamos pouco a pouco matando as obras da resistência em nossa vida. Essas obras de resistência são exatamente as externalizações de um coração ressentido: inimizades, brigas, ciúmes, superstição, ódio, ambição, discórdias, partidos, invejas, bebedeiras, orgias e outras coisas semelhantes (cf. Gl 5,20).

Deixar o Espírito Santo agir

Os frutos do Espírito, ou seja, aquilo que produzimos quando deixamos o Espírito conduzir nossa vida, são exatamente tudo aquilo a que aspiramos e o que conseguimos produzir quando experienciamos a graça da cura do ressentimento. O bonito é que a partir da experiência da cura, os próprios frutos que essa cura produz serão usados para curas posteriores. E isso é fundamental, pois ninguém no mundo está para sempre imunizado contra o ressentimento. Qualquer novo relacionamento, qualquer novo contato com as pessoas com as quais nos relacionamos são sempre possibilidades para o ressentimento.
Trecho extraído do livro “A Cura do Ressentimento” do saudoso padre Léo – SCJ.

Sabedoria do mundo x Sabedoria de Deus

A sabedoria do mundo x sabedoria de Deus


A fé cristã sempre encontrou resistências entre os grandes intelectuais. A sabedoria deles constantemente se opõe a sabedoria de Deus e lhes parece loucura.


“Pois a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus. Assim está escrito: ‘Aquele que apanha os sábios em sua própria astúcia’, e ainda: ‘O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, são fúteis’.”

O problema dos sábios deste mundo não é buscar o conhecimento, é fazer-se um deus por causa do conhecimento. Mas ao contrário, o verdadeiro sábio aos olhos de Deus se coloca sempre na condição de discípulo: “O princípio da sabedoria é o mais sincero desejo da instrução; a preocupação pela instrução é o amor; o amor é a observância de suas leis; a observância das leis é garantia de incorruptibilidade; e a incorruptibilidade faz estar junto de Deus.”Sb 6, 17-19.

Mesmo esta palavra não foi corretamente interpretada antes de Jesus Cristo, pois a observância da lei tomou o lugar de Deus, julgando-se suficiente para a justificação do homem. Assim, os sábios novamente foram tragados pelo conhecimento e afastados da vontade de Deus. E essa é a razão pela qual eles não reconheceram o Messias quando ele se encarnou no seio da Virgem Maria, mas os pobres e os simples o reconheceram.

Paulo espera encerrar o assunto da divisão na comunidade dos Coríntios com essa reflexão sobre a sabedoria do mundo que é loucura para Deus. Esta semente maligna estava entrando na comunidade ainda fraca na fé com a disputa de autoridade a respeito dos pregadores do evangelho… “eu sou de Paulo, eu sou de Apolo”… Agora fica claro que o reino dos céus não é regido pelo estrelismo, mas pela humildade, não é guiado pela sabedoria deste mundo mas pela sabedoria de Deus.

Ele termina afirmando: “Portanto, ninguém ponha sua glória em ser humano algum. Sim, tudo vos pertence: Paulo, Apolo, Cefas, o mundo, a vida, a morte, o presente, o futuro, tudo é vosso, mas vós sois de Cristo e Cristo é de Deus.”

Leia o trecho em I Cor 3, 18-23

Título: Vós sois de Cristo e Cristo é de Deus

Ordens

I Cor 3, 18.21a

“Ninguém se iluda: se algum de vós se julga sábio diante deste mundo, faça-se louco para tornar-se sábio.”

“Portanto, ninguém ponha sua glória em ser humano algum.”

Princípios eternos

I Cor 3, 19-20.21b-23

“Pois a sabedoria deste mundo é loucura diante de Deus. Assim está escrito: ‘Aquele que apanha os sábios em sua própria astúcia’, e ainda: ‘O Senhor conhece os pensamentos dos sábios, são fúteis’.”

“Sim, tudo vos pertence: Paulo, Apolo, Cefas, o mundo, a vida, a morte, o presente, o futuro, tudo é vosso, mas vós sois de Cristo e Cristo é de Deus.”

Qual a mensagem de Deus para mim hoje?

Conhecimento e sabedoria são coisas distintas. O conhecimento é necessário, mas a sabedoria é fundamental. Quando o conhecimento começa a me distanciar de Deus é sinal de que a sabedoria está longe de mim.

Como posso pôr isso em prática?

Buscar a sabedoria de Deus antes que o conhecimento humano.
Fonte Canção nova

21 de novembro de 2015

O que é a oração em línguas?

O que é a oração em línguas?

Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
Durante muito tempo o dom da oração em línguas ficou esquecido e até parecia ter desaparecido do seio da Igreja

A oração em línguas é um dom do Espírito Santo (1 Cor 12,10). São Paulo faz vária citações sobre esse carisma e sua importância para quem o põe em prática. Vemos o apóstolo delongar-se na instrução aos Coríntios sobre o uso do dom das línguas e na correção aos exageros que por vezes ocorriam; podemos perceber que esse era um dom usado com muita freqüência, um dom muito comum para eles e assim o foi, nos primórdios, para a Igreja.

Contudo, durante muito tempo esse dom ficou esquecido e ate parecia ter desaparecido do seio da Igreja, mas novamente essa forma de oração tem ganhado expressão e é cada vez mais comum a sua prática em meio a Renovação Carismática.

Quantas vezes nos vemos perdidos, sem saber como rezar? Faltam-nos as palavras. Outras vezes começamos a louvar a Deus e não somos capazes de permanecer sequer cinco minutos em Seu louvor. Outras, ainda, sentimos o coração quase sair do peito de tanta vontade de falar com o Senhor, mas toda palavra que nos chega á boca parece ser insuficiente.
O Espírito ora em nós

É bom saber que não estamos sozinhos, o Espírito mesmo vem em auxilio à nossa fraqueza.
Porque não sabemos o que devemos pedir nem orar como convém, Ele mesmo se dispõe a orar em nós. Trata-se do próprio Deus, que habita em nossos corações, templos Seus, a orar em nós. Diz a Sagrada Escritura que Ele o faz com gemidos inefáveis, se maneira que a inteligência humana é incapaz de entender.
São gemidos, sílabas que se combinam de maneira inteligível, mas de grande significância. É Deus que, sendo Pai e conhecendo o nosso coração, quer nos levar a uma oração profunda.

A oração em línguas não diz coisas que a inteligência humana compreenda

Aquele que ora em línguas não diz coisas que a inteligência humana seja capaz de compreender; a sua oração brota do seu coração, do seu espírito, rumo ao coração de Deus; ninguém o compreende, nem mesmo ele próprio, porque diz coisas misteriosas sob a ação do Espírito Santo. Há aqui um obstáculo para as pessoas que racionalizam tudo em demasia. Essa oração é uma humilhação para a inteligência… Quantas pessoas ao orar em línguas perguntam a si mesmas se não estão fazendo papel de estúpidas, até mesmo se sentem ridículas por consentir em iniciar tal forma de oração. Contraditório seria entendê-la quando a Sagrada Escritura diz que não é possível fazê-lo.

Há muitos que dizem não querer saber de dons, que a caridade lhes basta, como se esta se contrapusesse aos carismas e vice-versa. O Espírito Santo nos ensina: “Empenhai-vos em procurar a caridade. Aspirai igualmente os dons espirituais…” Devemos aspirar à caridade na mesma intensidade, da mesma forma e profundidade que os dons espirituais ( que acabam por ser uma operação da própria caridade).
A oração em línguas é o único carisma voltado para a edificação pessoal

Felizes são aqueles que se ariscam e se aventuram, mesmo quando os sentimentos contrariam a intenção de se lançar nessa maravilhosa experiência, já que aquele que assim reza edifica-se a si mesmo. Todos os outros carismas são para as outras pessoas; a oração em línguas é o único carisma voltado para a edificação pessoal. Convém não desperdiçar.
Extraído do livro: "Quando Deus é a resposta"

O que é a maturidade afetiva?

O que é a maturidade afetiva?


O anseio da alma humana para o seu crescimento se expressa nessa contínua busca interior pela maturidade afetiva

Você já deve ter escutado, muitas vezes, a seguinte pergunta a respeito de uma pessoa que tem atitudes egoístas e impulsivas: “Será que fulano nunca vai crescer?”.

São Lucas escreve em seu Evangelho: “E Jesus ia crescendo em sabedoria, tamanho e graça diante de Deus e dos homens” (Lc 2,52). A exemplo de Cristo, precisamos trilhar um caminho de crescimento nas diversas áreas de nossa vida.

O que é a maturidade afetiva?

Para a maturidade ser autêntica, a pessoa precisa amadurecer por inteiro. Quando falamos em maturidade afetiva, espiritual, humana, relacional, cultural, social entre outras, é por uma questão didática, porque, na verdade, a pessoa amadurece em todas as suas áreas. Alguém é maduro quando essas áreas começam a funcionar e a interagir de forma a nos levar para o bem de Deus e para o bem do outro.

Quais os passos para alcançarmos essa maturidade?

Você quer quantos passos? Vamos dizer seis, está bem? Primeiro passo: oração profunda. Como diz monsenhor Jonas Abib: intimidade profunda com Deus. Segundo passo: intimidade profunda com Deus. Terceiro passo: intimidade profunda com Deus. Quarto passo: intimidade profunda com Deus. Quinto passo [você mesmo diz!]: intimidade profunda com Deus. E o sexto passo nós dizemos juntos: intimidade profunda com Deus, porque é daí que vem a verdadeira estatura de Cristo.

Ser maduro é ser um homem [e uma mulher] na estatura de Cristo, como está escrito em Efésios 4. E isso só pode vir de Deus; ultrapassa a nossa capacidade humana, porque ainda que, humanamente, conseguíssemos ser maduros, se nós não formos também maduros na parte espiritual, nós não seremos autenticamente maduros e não estaremos na estatura de Cristo.

O que impede uma pessoa de caminhar para a maturidade afetiva?

Tantas coisas, não é? Eu acho que a ignorância, no sentido de ignorar a vontade de Deus. Ignorar que a vontade d’Ele é que nós sejamos santos é um empecilho muito grande! Outro empecilho bastante desafiador é a vida passada da pessoa, a falta de reconciliação com o passado. Isso impede, muitas vezes, a maturidade. Outra coisa é a falta de quem acompanhe e ajude a pessoa a ser madura. E eu dou graças a Deus, porque quem está “no carisma” – como nós – tem mais facilidade de ter uma caminhada.

E para quem é batizado e está na Igreja – como nós também como batizados – temos na própria Igreja todos os instrumentos necessários para ser maduros, pois ser maduro é ser santo. Então temos os sacramentos, a Palavra de Deus, o serviço ao irmão e a oração. Tudo isso, realmente, nos ajuda a tirarmos estes empecilhos.
Em que a maturidade dos afetos favorece, concretamente, a santidade de vida de uma pessoa?

Ser santo é amar a Deus acima de todas as coisas. Viver n’Ele. Viver para Ele. Viver d’Ele e ser inteiramente d’Ele. Aí está no que, concretamente, a maturidade influencia a santidade.
Maria Emmir Nogueira
Cofundadora da Comunidade Católica Shalom

O caminho da ternura

O caminho da ternura

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
O testemunho de Maria nos fortalece para trilhar este caminho de ternura

Jesus Cristo se manifestou pequeno e pobre, nascendo em Belém, povoado simples e só aparentemente sem importância, pois “Tu, Belém, terra de Judá, de modo algum és a menor entre as principais cidades de Judá, porque de ti sairá um príncipe que será o pastor do meu povo, Israel” (Mt 2, 6). Tomou as vestes da simplicidade, manifestando o maior poder de Deus, que vai ao mais profundo das realidades humanas, para resgatá-las em seu amor.

Chamado “Filho do Carpinteiro” José, aprendeu, ele mesmo, uma profissão humana, trabalhador manual, para que as atividades humanas fossem reconhecidas em sua inigualável dignidade. Nele, todo trabalho humano feito com amor é reconhecido como contribuição na edificação do Reino de Deus. Nazaré foi seu ambiente de crescimento na infância, adolescência e juventude, com tudo o que significa convivência sadia, pois se fez igual a nós em tudo, menos no pecado. Foi tão parecido que seus concidadãos se admiravam pela sabedoria com que agia e falava (Cf. Mt 13, 54-55), tudo vindo de dentro, do amor infinito, que é só de Deus, e ele é Deus!

Mãe Maria, ele a teve única entre todas as outras, preparada pelo Pai do Céu para ser santa e imaculada. Numa pessoa, feminina em sua doçura, mulher forte, experimentada na provação, formada nas estradas que foram de Nazaré a Belém, ou passaram pelo Egito, peregrinaram a Jerusalém, foi solícita em Caná e capaz de se fazer discípula do próprio Filho. Declarou-se escrava e aí estava a sua felicidade, sua bem-aventurança. Na hora definitiva da obra de salvação realizada e merecida pelo Senhor Salvador, estava de pé junto à Cruz, colaboradora do Redentor. O amor que perpassou seus pensamentos, palavras e gestos, conduziu-a ao testemunho do derramamento do Espírito Santo no Pentecostes, ela que fora envolvida com a sombra do mesmo Espírito, para a Encarnação do Verbo de Deus. Não fez “grandes” coisas, pois estas foram feitas por Deus em sua história (Cf. Lc 1, 46-49). Sua vida é apenas e tão somente ser a Mãe do Belo Amor, e o tudo de Deus se realiza em seus passos.

Um dia bonito raiou no Rio Jordão, quando sol, água, vozes, pomba, tudo comparece para que se inaugure o ministério da vida pública de Jesus, amor de Deus feito carne, Filho amado a ser acolhido e ouvido. Testemunha-se ali a revelação da Trindade! É o amor que circula entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo. É a humanidade que em João Batista se inclina e quer deixar-se batizar na nova e definitiva torrente que brota do Céu. É o amor de Deus que se derrama, pelo Espírito Santo que nos é dado (Cf. Rm 5, 5).

O Messias foi aguardado com ansiedade por muitos séculos. Era o desejo profundo da plena comunhão entre o Céu e a Terra! Só que muitas pessoas o imaginavam poderoso nas batalhas, violento para destituir os opressores! Neste sentido, Jesus decepciona tais expectativas, porque chega num jumentinho, montaria dos pobres, ao invés dos garbosos cavalos dos vencedores das guerras, ou dos dominadores enriquecidos pelo butim dos povos conquistados. Ele vem como o Rei da Paz, aparentemente termina sua missão no fracasso da morte e anunciou apenas o amor que realizou. Venceu a morte, sim, mas sua ressurreição só é conhecida através do testemunho! Com ele só se pode estabelecer relacionamento através do caminho da fé, que significa confiança gratuita e absoluta e conduz ao amor livre e decidido entre Deus e os homens e as mulheres que criou e entre estes, na reciprocidade do dom e da ternura.

Foi muito difícil para os discípulos de Jesus chegarem à compreensão dos segredos do Mestre. Por três anos brotaram muitas interrogações em seus corações, pelo fato de serem também herdeiros da expectativa do Povo de Israel. Uma delas é a pergunta a respeito do “seu” mandamento, com a qual pretendiam penetrar no mais íntimo do coração do Senhor (Cf. Jo 15, 9-17). Não lhes revelou qualquer fórmula mágica para os problemas do mundo, mas deu-lhes de presente o próprio Céu, o jeito de Deus viver: “Este é o meu mandamento: Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei” (Jo 15, 12). Trata-se de acreditar que o Céu resolve os problemas da terra! É trazer para o dia a dia os critérios de Deus, que nos ama por primeiro, quer para todos vida em abundância, perdoa sempre com misericórdia, a ternura de Deus que vai ao encontro de quem se perdeu.

Somos continuamente tentados pela eficiência, desejo de resultados rápidos. Este fenômeno se verifica também nas decisões dos governantes, com as promessas do consumo e do emprego aparentemente estável, ou as políticas compensatórias, cujo preço chega e já chegou. Como se esvaiu um admirável mundo novo que se proclamou realizado! E infelizmente muitos almejam um mundo sem rédeas ou limites, religião reduzida à esfera privada, laicismo militante, libertinagem à solta, apenas direitos e nenhuma responsabilidade, desrespeito e eliminação da vida desde o ventre materno, desvalorização da família, ideologia de gênero, propostas de mudanças sociais com viés socialista nitidamente anacrônico.

A proposta do Evangelho pode soar ingênua, quando acompanhamos o Jesus de Belém, da Galileia ou do Calvário! Só que não se chega à ressurreição sem passar pela Cruz, loucura aos olhos humanos. Muitos que o seguiram na primeira hora e em todos os tempos o deixaram de lado, pois não oferece tais soluções fáceis. Quando Jesus propõe critérios de Céu, com a disposição para dar a vida uns pelos outros, desmorona a pretensa competição de quem quer derrubar o próximo, destruí-lo para que vença o grupo a que pertencem os que se envolvem nas batalhas da vida. Quem o segue deverá escolher a força da não violência, o amor simples e sincero que vai ao encontro dos outros, as armas da paz, a queda das muralhas que separam as pessoas e o gosto pelo diálogo.

Nestes dias, vale olhar para figuras tão simples quanto emblemáticas na Igreja e na Sociedade, as Mães, cujo dia celebramos. A ternura que revelam é um sinal precioso do amor de Deus. O profeta Isaías nos mostra em palavras preciosas a linda comparação do amor de Deus com o amor materno: “Pode uma mulher esquecer-se daquele que amamenta? Não ter ternura pelo fruto de suas entranhas? E mesmo que ela o esquecesse, eu não te esqueceria nunca” (Is 49, 15). Às mães é confiado o tesouro da vida, conservado no íntimo de seu ventre, e delas a vida recebe calor, estímulo, afeto e ternura. Sua coragem para cuidar dos filhos, o zelo que muitas vezes faz assumir sozinhas a educação de seus queridos, amor que não se explica, mas acontece e é cada dia mais intenso. Nelas encontremos o testemunho e a verdadeira pregação do mandamento do amor. Elas valem e mudam o mundo!

E por falar em família e ternura, o Papa Francisco, fez justamente um apelo a um caminho diferente daquele que muitas vezes se percorre no mundo: “Lembremo-nos de que o ódio, a inveja, o orgulho sujam a vida; então guardar quer dizer vigiar sobre os nossos sentimentos, o nosso coração, porque é dele que saem as boas ou as más intenções, aquelas que edificam e as que destroem… Cuidar, guardar requer bondade, requer ser praticado com ternura… Não devemos ter medo da bondade, da ternura!” (Cf. Homilia do dia 19 de Março de 2013, Solenidade de São José).
É jeito de Céu, é o mandamento do Amor!
Dom Alberto Taveira Corrêa - Arcebispo da Arquidiocese de Belém – PA.

Novena a Nossa Senhora das Graças

Novena a Nossa Senhora das Graças


Cheio de confiança, reze a novena a Nossa Senhora das Graças 
Modo de rezar a novena

1 – Ato de contrição
2 – Meditação do dia
3 – Súplica a Nossa Senhora
4 – Três Ave-Maria, depois a jaculatória: Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!”
5 – Oração final

Ato de contrição

Senhor meu, Jesus Cristo, Deus e Homem verdadeiro, Criador e Redentor meu, por serdes Vós quem sois, sumamente bom e digno de ser amado sobre todas as coisas, e porque Vos amo e estimo, pesa-me, Senhor, por Vos ter ofendido, e pesa-me também por ter perdido o Céu e merecido o inferno. Proponho firmemente, com o auxílio de Vossa divina graça e pela poderosa intercessão de Vossa Mãe Santíssima, emendar-me e nunca mais Vos tornar a ofender. Espero alcançar o perdão de minhas culpas, por Vossa infinita misericórdia. Assim seja.

Meditação do dia

Súplica a Nossa Senhora – Para todos os dias depois da meditação
Ó Imaculada Virgem Mãe de Deus e nossa Mãe, ao comtemplar-vos de braços abertos derramando graças sobre os que vo-las pedem, cheios de confiança na vossa poderosa intercessão, inúmeras vezes manifestada pela Medalha Milagrosa, embora reconhecendo a nossa indignidade por causa de nossas inúmeras culpas, acercamo-nos de vossos pés para vos expor, durante esta oração, as nossas mais prementes necessidades (momento de silêncio e de pedir a graça desejada).
Concedei, pois, ó Virgem da Medalha Milagrosa, este favor que confiantes vos solicitamos, para maior glória de Deus, engrandecimento do vosso nome, e o bem de nossas almas.
E para melhor servirmos ao vosso Divino Filho, inspirai-nos profundo ódio ao pecado e dai-nos coragem de nos afirmar sempre verdadeiros cristãos. Amém.

Rezar 3 Ave-Maria.

Jaculatória: Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós.

Oração final

Santíssima Virgem, eu reconheço e confesso vossa Santa e Imaculada Conceição, pura e sem mancha. Ó puríssima Virgem Maria, por vossa Conceição Imaculada e gloriosa prerrogativa de Mãe de Deus, alcançai-me de vosso amado Filho a humildade, caridade obediência, castidade, santa pureza de coração, de corpo e espírito; alcançai-me a perseverança na prática do bem, uma santa vida, uma boa morte e a graça de (pede-se uma graça), que peço com toda a confiança. Amém.

Meditação para cada dia

1º dia – Primeira aparição
Contemplemos a Virgem Imaculada em sua primeira aparição a Santa Catarina Labouré.
A piedosa noviça, guiada por seu Anjo da Guarda, é apresentada à Imaculada Senhora. Consideremos sua inefável alegria. Seremos também felizes como Santa Catarina se trabalharmos com ardor na nossa santificação. Gozaremos as delicias do Paraíso se nos privarmos dos gozos terrenos.

2º dia -– Lágrimas de Maria
Contemplemos Maria chorando sobre as calamidades que viriam sobre o mundo, pensando que o coração de seu Filho seria ultrajado na cruz, escarnecido, e seus filhos prediletos perseguidos. Confiemos na Virgem compassiva e também participemos do fruto de suas lágrimas.

3º dia -– Proteção de Maria
Contemplemos Nossa Imaculada Mãe dizendo em suas aparições a Santa Catarina: “”Eu mesma estarei convosco: não vos perco de vista e vos concederei abundantes graças”.”
Sede para mim, Virgem Imaculada, o escudo e a defesa em todas as necessidades.

4º dia –- Segunda aparição
Estando Santa Catarina Labouré em oração, a 27 de novembro de 1830, apareceu-lhe a Virgem Maria, formosíssima, esmagando a cabeça da serpente infernal. Nessa aparição, vemos seu desejo imenso de nos proteger sempre contra o inimigo de nossa salvação. Invoquemos a Imaculada Mãe com confiança e amor.

5º dia –- As mãos de Maria
Contemplemos hoje Maria desprendendo de suas mãos raios luminosos. “Estes raios, disse Ela, são a figura das graças “que derramo sobre todos aqueles que mas pedem e aos que trazem com fé a minha medalha””. Não desperdicemos tantas graças! Peçamos com fervor, humildade e perseverança, pois Maria Imaculada nos alcançará.

6º dia -– Terceira aparição
Contemplemos Maria aparecendo a Santa Catarina, radiante de luz, cheia de bondade, rodeada de estrelas, mandando cunhar uma medalha e prometendo muitas graças a todos que a trouxerem com devoção e amor. Guardemos fervorosamente a Santa Medalha, pois, como um escudo, ela nos protegerá dos perigos.

7º dia – Súplica 
Ó Virgem Milagrosa, Rainha Excelsa Imaculada Senhora, sede minha advogada, meu refúgio e asilo nesta terra, meu consolo nas tristezas e aflições, minha fortaleza e advogada na hora da morte.

8º dia – Súplica 
Ó Virgem Imaculada da Medalha Milagrosa, fazei com que esses raios luminosos que irradiam de vossas mãos virginais, iluminem minha inteligência para melhor conhecer o bem, e abrasem meu coração vivos sentimentos de fé, esperança e caridade.

9º dia – Súplica 
Ó Mãe Imaculada, fazei com que a cruz de vossa Medalha brilhe sempre diante de meus olhos e suavize as penas da vida presente e me conduza à vida eterna.
Fonte: Canção Nova

Pensamentos consoladores sobre o purgatório

Pensamentos consoladores sobre o purgatório


O grande doutor da Igreja São Francisco Sales (1567-1655) tem um ensinamento maravilhoso sobre o purgatório. Ele ensinava, já na Idade Média, que “é preciso tirar mais consolação do que temor do pensamento do purgatório”. Eis o que ele nos dia:

1. As almas ali vivem uma contínua união com Deus.

2. Estão perfeitamente conformadas com a vontade de Deus. Só querem o que Deus quer. Se lhes fosse aberto o Paraíso, prefeririam precipitar-se no inferno a apresentar-se manchadas diante de Deus.

3. Purificam-se voluntariamente, amorosamente, porque assim o quer Deus.

4.Querem permanecer na forma que agrada a Deus e por todo o tempo que for da vontade Dele.

5. São invencíveis na prova e não podem ter um movimento sequer de impaciência, nem cometer qualquer imperfeição.

6. Amam mais a Deus do que a si próprias, com amor simples, puro e desinteressado.

7. São consoladas pelos anjos.

8. Estão certas da sua salvação, com uma esperança inigualável.

9. As suas amarguras são aliviadas por uma paz profunda.

10. Se é infernal a dor que sofrem, a caridade derrama-lhes no coração inefável ternura, a caridade que é mais forte do que a morte e mais poderosa que o inferno.

11. O purgatório é um feliz estado, mais desejável que temível, porque as chamas que lá existem são chamas de amor.

(Extraído do livro O Breviário da Confiança, de Mons. Ascânio Brandão).

14 de novembro de 2015

Evidências da existência de Deus

Evidências da existência de Deus


Com os argumentos de Santo Tomás de Aquino conhecemos as coerências racionais para existência de Deus

Não é fácil expor, em linhas tão curtas, os raciocínios que provam racionalmente a existência de Deus. Seria fácil elencar realidades que causam interrogações. Destruir é sempre mais fácil, porém efêmero. Construir é que denota grandeza, mais trabalho e tempo. Exponho, de forma muito simples e com auxílio das fontes expressas abaixo, as cinco vias ou argumentos do grande doutor Santo Tomás de Aquino. Nelas, o doutor angélico explica com grandeza as coerências racionais para existência de Deus. Sugiro que esse texto sirva apenas de estímulo para que o leitor conheça e estude as cinco vias de Santo Tomás que são:

1ª Via do movimento/primeiro motor;
2ª Via da causa eficiente;
3ª Via do contingente e do necessário;
4ª Via dos graus de perfeição;
5ª Via do governo das coisas/da finalidade ser

1ª Via do movimento/primeiro motor:

A primeira via fala de um fato do mundo: o movimento. O sentido da palavra movimento aqui não é simplesmente a locomoção de um lado a outro, mas a modificação dos entes. Percebemos pelos sentidos que as coisas se movimentam. “Nossos sentidos atestam, com toda certeza, que, neste mundo, algumas coisas se movem. Ora, tudo o que é movido é movido por outro. Nada se move que não esteja em potência em relação ao termo de seu movimento; ao contrário, o que se move o faz enquanto se encontra em ato” (S. Th. I, q.2, a. 3). Santo Tomás diz que, antes do movimento, os seres estão em potência, isto é, possuem a possibilidade de se tornar diferentes do que são. Ao se moverem, a potência se transforma em ato (atualização). Se tentarmos regressar a fim de buscar a origem, vamos perceber que é necessário ter um primeiro motor, um primeiro motor não movido por nenhum outro, que é Deus.

1- No mundo, algumas coisas são movidas.
2- Tudo o que é movido, é movido por outro.
3- Não se pode preceder até ao infinito nos moventes e movidos.
4- Logo, é necessário um primeiro motor não movido por outrem, que é Deus.

2ª Via da causa eficiente:

A segunda via observa que tudo depende de uma causa para agir e existir. Ela tem forte semelhança com a primeira, mas nessa, os seres dependem de uma causa eficiente para existir, enquanto naquela observa-se a necessidade de uma causa motriz. Se regressarmos na relação causa e efeito, chegaremos a uma causa primeira não subordinada e não causada, pois não pode ser causada por outra, caso contrário não seria a primeira, nem poderia ser absolutamente independente no agir e no causar. A essa causa eficiente primeira chamamos: Deus.

1- No mundo, todas as coisas têm uma causa eficiente.
2- Nada pode ser a causa eficiente de si mesmo.
3- Não é possível que se proceda até o infinito nas causas eficientes.
4- Logo, existe uma causa primeira eficiente, que é Deus.

3ª Via do contingente e do necessário;

A terceira via é semelhante à primeira e à segunda. Entrando mais intimamente na essência dos entes do universo, procura o ponto de partida na entidade desses seres contingentes, ou seja, dependente de outro ser necessário para existir.

Observamos que existe seres contingentes que existes, mas poderiam não existir, por não ter em si mesmos, em sua essência, a razão de sua existência. Da possibilidade de não existir, fica a necessidade de outro ser que lhe cause a existência. Se remontarmos ao infinito, chegaremos ao ser necessário, que tem si a razão absoluta de sua existência. Contendo na sua própria essência a sua existência, seria absurdo não existir. Desta forma, é necessário afirmar a existência de um ser necessário por si mesmo e que é a causa e a necessidade de todos os outros: Deus.

1- No mundo, há coisas contingentes que existem, mas poderiam não existir.
2- Mas é preciso que algo seja necessário entre as coisas.
3- Não é possível que se proceda ao infinito nas coisas necessárias.
4- Logo, existe um primeiro necessário, que é Deus.

4ª Via dos graus de perfeição;

A quarta via é aprovada pelos graus de perfeição dos entes. O nosso entendimento percebe que existe um grau de perfeição em todas as coisas. Esses graus estão presentes desde os objetos mais comuns até os sentimentos mais obscuros ou nobres, julgamos sobre tais graus de tais coisas tendo como referência alguma coisa de grau máximo. Se para cada coisa existente há um grau máximo, portanto, deve existir um Ser que contém todos os atributos e coisas possíveis em seus graus de perfeição no máximo – e que seria gerador de todas as coisas em grau de perfeição menor. Santo Tomás de Aquino diz que “se encontra nas coisas algo mais ou menos bom, mais ou menos verdadeiro, mais ou menos nobre etc. Ora, mais e menos se dizem de coisas diversas conforme elas se aproximam diferentemente daquilo que é em si o máximo”. Esse Ser é Deus.

1- No mundo, as coisas têm diferentes graus de perfeição.
2- Os graus de perfeição atribuem-se em relação à proximidade do grau máximo.
3- O grau máximo de um gênero é a causa de todas as coisas desse gênero.
4- Logo, há algo que é a causa da existência para todas as coisas, que é Deus.

5ª Via do governo das coisas/da finalidade ser

A quinta via é a prova pela ordem do universo. Se considerarmos a ordem existente no universo, desde os componentes microscópicos existentes até os gigantescos astros do firmamento; a harmonia, a atividade e relação entre eles, facilmente chegamos à seguinte conclusão: houve uma inteligência que criou e ordenou tudo isso; caso contrário, seria absurdo dizer que isso é fruto do acaso.

“De fato, apenas a inteligência pode ser razão da ordem, quer dizer, da organização dos meios em vista de um fim, ou dos elementos em vista do todo que eles compõem: os corpos ignoram os fins e, por conseguinte, se os corpos ou os elementos conspiram em conjunto, é necessário que sua organização tenha sido obra de uma inteligência”.

Garrigou-Lagrange diz: “Os seres privados de razão não tendem a um fim se não são guiados por uma inteligência, como a flecha pelo arqueiro. Com efeito, uma coisa não pode estar ordenada à outra senão por uma causa ordenadora, que necessariamente deve ser inteligente,sapientis est ordinare. Por quê? Porque só a inteligência conhece a razão de ser das coisas”.

Que inteligência ordena o universo?

Tem de ser diferente dos seres da natureza, porque os minerais e vegetais são desprovidos da ciência das coisas e os animais não possuem intelecto. Deve ser também diferente da inteligência humana, que, apesar de perceber e explicar a ordem que existe, não a cria. Tem que ser, pois, a suma inteligência, dado que a ordem do universo supõe um ser que possua a ciência de todos os seres e suas propriedades. Por isso, conclui Garrigou-Lagrange: “Os animais conhecem sensivelmente o objeto que constitui seu fim, mas nesse objeto não percebem a razão formal do fim. Por conseguinte, se não houvesse uma inteligência ordenadora, que governasse o mundo, a ordem e a inteligibilidade que há no universo e que as ciências descobrem, proviria da inteligibilidade, e ainda mais, nossas próprias inteligências proviriam de uma causa cega e ininteligível; uma vez mais, o mais sairia do menos, o que é absurdo”.

Inteligência Criadora e Ordenadora

É preciso esclarecer que a Inteligência Criadora e Ordenadora do universo é Infinita e Divina. Um ser natural, na sua criação, não é precedido por nada e suas propriedades e capacidades provêm de sua própria essência. Daí, a ordem interna de cada ser e, por conseguinte, das relações destas essências entre si, resulta a ordem externa do universo.
Sendo a causa total de toda ordem, o Autor dessas essências precisa ser também Criador, por tirá-las do nada. Portanto, a Inteligência ordenadora é também Criadora. Também, essa Inteligência não pode ter sido criada, porque seria como qualquer outro ser existente e não ordenaria, mas seria ordenada por outra inteligência. Por fim, a Inteligência ordenadora deve ser também por si subsistente e infinita. A esse ser Criador, subsistente por si e infinito, chamamos Deus.
1- No mundo, algumas coisas operam por causa de um fim.
2- Essas coisas não atingem o fim por acaso.
3- Essas coisas não tendem para um fim a não ser que estejam sendo dirigidas por algo inteligente.
4- Logo, existe algo inteligente, que é Deus, que dirige as coisas a um fim.
André Botelho - Com formação em Teologia e Filosofia Tomista, Andrade é fundador e moderador geral da comunidade católica Pantokrator, à qual se dedica integralmente.

Algo inédito sobre amor e sexo

Algo inédito sobre amor e sexo

Ales_Utovko, 47062606, iStock by gett images
Um jeito inédito de mudar nosso coração e nossa mente sobre amor e sexo

O que você pensaria se a Igreja Católica lançasse um material inédito sobre o corpo humano tendo como objetivo mostrar o quanto uma relação sexual pode levar a uma felicidade plena e a um êxtase sem fim? O que você acharia se a Igreja Católica falasse: “As regras agora são: ame e faça o que quiseres”?. O que você concluiria se essa Igreja escrevesse: “O verdadeiro amor é para todo mundo, ninguém pode ficar sem ele”.

Alguns pensariam que a Igreja Católica estaria se “pervertendo”. “Desde quando ela se tornou uma editora de ‘pornografia’? E onde já se viu um material sobre o corpo humano e relações sexuais com direito a felicidade sem fim? É o fim dos tempos mesmo!” Outros achariam que a Igreja está surtando e falando abobrinhas, beirando um delírio. Imagine se as pessoas levam a sério isso: “amar e fazer o que quiser!”. O mundo viraria uma anarquia e uma nova Babilônia. Muitos, na certa, concluiriam que, de fato, a Igreja Católica está em fim de jogo com direito a prorrogação, tentando de tudo para conseguir adeptos. Pense: todo mundo é muita gente para ter um amor verdadeiro. Não dá! É propaganda enganosa. Por favor, chamem o PROCON!

Verdades mentirosas

Quero lhe dizer que já faz um tempo, um bom tempo, desde que Jesus se encarnou, que tudo isso já é verdade na Igreja Católica. Porém, foram nos confundindo sobre a verdade do homem e da mulher, sobre amor e sexo. Foram criando verdades mentirosas e separando o inseparável que, nessa Igreja, ficou com o papel de vilã da história. Separaram o amor do sexo e o sexo do amor, igualaram sexo a pecado e colocaram santidade contra desejos sexuais em uma arena de UFC. Posso lhe dizer que não só fizeram da Igreja Católica uma vilã como negaram ao homem o acesso e a vivência de um amor total e para sempre.

De uma maneira revolucionária, na década de 60 e 70, enquanto o mundo declarava Woodstock como lugar do amor livre, Karol Wojtyla tinha, na Igreja, o lugar onde se aprende a verdade sobre o amor e o quanto esse amor nos faz mais felizes e realizados. Depois, nos anos de 79 a 84, já como Papa João Paulo II, ele foi, a cada quarta-feira, gastando tempo para revelar ao homem o quanto amor e sexo, vividos de maneira verdadeira, conduzia-os a uma antecipação do que viveriam em plenitude no céu.

Manual de nossos desejos sexuais

Posso lhe dizer que esses anos foram testemunhas da confecção de um material inédito sobre o corpo humano, revelando-o (o corpo) como um lugar teológico, ou seja, como um lugar de encontro com Deus. A teologia do corpo (nome dado às catequeses de João Paulo II sobre o amor humano realizadas de 1979 a 1984 – total de 129 catequeses), de fato, é um manual de como nossos desejos sexuais são, na verdade, nobres e nos encaminham para o céu.

Os desejos sexuais foram colocados por Deus

Você deve estar se pensando: “Espera aí! Adriano, você está louco? Sempre lutei contra meus desejos, pensando que eram pecados e que eu tinha de reprimi-los; assim, deixaria Deus feliz! Mas, agora, você me diz que eles me encaminham para o céu?”. Acalme-se, meu amigo! Os desejos sexuais, ou seja, a atração de um homem por uma mulher e de uma mulher por um homem foram colocados pelo próprio Deus, isso porque, na verdade, os dois revelam a imagem de Deus, que é amor. Logo, nossos desejos mais profundos são de amor, por isso não dá para tirar o amor do sexo. Então, você me pergunta: “Agora, viveremos tudo o que desejamos? Como você disse, “amar e fazer o que quiser”?.

Vamos devagar! Quando a Igreja, pela boca de Santo Agostinho, fala: “Ame e faça o que quiseres”, na verdade, ela está nos chamando à essencialidade do amor. E olha que não só a definição do amor como também sua vivência andam bem desgastadas; como gasolina em posto “clandestino”, estão “adulteradas” na concepção mundana.

O amor verdadeiro é total, livre, fiel e fecundo

Na Teologia do Corpo, quando o Papa fala de amor, ele o define com características bem concretas como “totalidade, liberdade, fidelidade e fecundidade”, ou seja, o amor verdadeiro é total, livre, fiel e fecundo. Se amamos assim, podemos fazer o que quisermos, pois esse nosso querer baterá com o querer de Deus!
É preciso resgatar a riqueza que a Igreja Católica tem sobre a sexualidade humana, sobre o corpo, quem é o homem e a mulher. Nunca ela foi do contra, mas sim e sempre a favor de nossa plena felicidade.

Teologia do corpo é um material sobre o quanto podemos, merecemos e somos destinados a fazer do nosso corpo um caminho de verdadeiro prazer e condução para salvação de nossa alma. Dessa forma, em meio ao amor que requer sacrifícios, atingiremos o que nosso coração e o nosso corpo tanto anseia: o céu.

Neste e em outros artigos que escreverei, vamos, por meio de uma linguagem mais fácil, entrar na beleza da Teologia do Corpo. Vamos descobrir uma forma inédita de mudar nosso coração e nossa mente, vamos nos aventurar na riqueza de nossa sexualidade e afetividade vividas no plano de Deus, e, assim, teremos como resultado a liberdade e a plenitude do amor!
Adriano Gonçalves - Mineiro de Contagem (MG), é membro da Comunidade Canção Nova. Atua na TV Canção Nova como apresentador do programa Revolução Jesus. Mais que um programa, o Revolução Jesus é uma missão que desafia o jovem a ser santo sem deixar de ser jovem. 

12 de novembro de 2015

Ignorar ou reprimir as emoções negativas?

Ignorar ou reprimir as emoções negativas?

Foto: Wesley Almeida
Ignorar ou reprimir as emoções negativas nem sempre é a melhor solução

Na composição integral do ser humano a ciência identifica as dimensões física, psíquica, social e espiritual como sendo, basicamente, as principais que possuímos. Mesmo que em algumas abordagens filosóficas e antropológicas apareçam mais ou menos dimensões, trataremos, por ora, dessas quatro.


No geral, o desejo humano tende a buscar somente o lado positivo de cada uma dessas dimensões, muitas vezes num afã quase neurótico por saúde, beleza, alegria, euforia, êxtase etc. Assim, se estamos em um ambiente espiritual – uma igreja, um grupo de oração ou na santa missa – desejamos sentir aquele arrepio, uma palavra que seja certeira ou uma forte emoção. Se no ambiente social, queremos nos sentir amados e acolhidos, buscamos ser bem vistos e reconhecidos pelas pessoas que estão por perto. Também queremos – às vezes exigimos – reconhecimento profissional quando executamos alguma atividade no trabalho, além de elogios quando tiramos boas notas na escola ou faculdade, ou quando nos parabenizamos por não sermos abalados pelo desânimo ou depressão, entre outras situações semelhantes.
Mistérios reveladores

Se fizermos um honesto exame de consciência, muito provavelmente nos identificaremos com alguns ou muitos desses exemplos. Entretanto, a proposta que faço aqui é para olharmos com mais receptividade para situações tão humanas quanto a alegria, o prazer, o riso, a paz. Como diria o poeta Terêncio: “nada do que é humano me é estranho”; podemos alargar o significado dessa frase reconhecendo que tudo o que é humano pode agregar, trazer mistérios reveladores, apresentar novas realidades que antes estavam encobertas pela luz da harmonia.

Não precisamos buscar sofrimentos; inevitavelmente, as dores se apresentam a todas as realidades humanas. Contudo, é possível fazer escolhas dentro das circunstâncias mais opacas e densas que somos levados a provar vez ou outra. A perda, o luto, o fracasso, a inveja, a tristeza, a vergonha e tantas outras emoções não precisam receber nossa resistência e rejeição. Se adotarmos posturas de negação frente aos sentimentos menos agradáveis, provavelmente eles persistirão e se agravarão ao longo do tempo.

Novo aprendizado

A proposta, assim, é lançar um novo olhar para as emoções negativas e não apresentar resistência a elas. Assim como acolheríamos a alegria, podemos receber a tristeza como uma companheira que tem algo a dizer nesse determinado momento. Quanto tempo essa hóspede irá permanecer? Talvez o tempo da aprendizagem do novo, o tempo da quebra de um tijolo dentro do peito, quem sabe o espaço entre você e a maturidade, entre você e a verdadeira liberdade interior.

Se aparecer a inveja, o ciúme, permita-se um olhar profundo para dentro de si e pergunte-se: o que essas emoções têm a me dizer? Pergunte à angústia, à ansiedade: onde querem me levar? Que lugares dentro de mim devo olhar com mais cuidado, onde devo depositar mais amor, em quais cantos escuros devo me demorar com mais paciência? No final das contas, essas emoções tão facilmente rejeitadas, podem ser amigas que o auxiliarão a encontrar respostas e a despertar o lado criativo que há dentro de você.

Os momentos de passagem tendem a ser desafiadores. Angustiamo-nos quando não enxergamos o outro lado do caminho, quando falta o horizonte e os consolos. Entretanto, se nos dispusermos a abaixar nossas resistências ao que é inesperado e desagradável, haverá a oportunidade de descobrir que, quando estamos na sombra, podemos observar a luz com mais nitidez. E então, o novo se abrirá em forma de maturidade, crescimento, humildade e paz.

Coragem! A aventura do autoconhecimento certamente te levará para vales, montanhas, lagos e abismos, mas é um desafio que te fará mais autêntico, maduro e livre.
Milena Carbonari Krachevski
Psicóloga, Pós-Graduanda em Educação e Terapia Sexual, Missionária dos Jovens Sarados, membro do Apostolado da Teologia do Corpo Brasil.


Como o Déficit de Atenção influencia na vida conjugal

Como o Déficit de Atenção influencia na vida conjugal

Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
Na vida conjugal, o Transtorno de Déficit de Atenção pode influenciar na vida conjugal

O Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperativida­de (TDAH) caracteriza-se por dificuldade de atenção, hiperatividade e/ou impulsividade.


Esse transtorno pode provocar conflitos na dinâmica da vida conjugal. Nesse sentido, a compreensão do TDAH, bem como a forma da sua manifestação nos relacionamentos, podem trazer benefícios na resolução de problemas vivenciados pelo casal no cotidiano.

O diagnóstico do TDAH ocorre normalmente na infância, principalmente quando a criança necessita do sistema atencional para o processo de aprendizagem, o que muitas vezes provoca baixo rendimento escolar. Além do sistema atencional deficiente também a dificuldade de controle dos impulsos e a agitação constante, ou seja, a hiperatividade e impulsividade podem trazer dificuldades na adaptação social, portanto, prejuízo nos relacionamentos da criança e do adolescente.

Pesquisas têm demonstrado que 70% das crianças diagnosticadas com o transtorno mantêm os sintomas na vida adulta. Sendo assim, se o transtorno persiste na vida adulta, estes podem apresentar dificuldades no relacionamento afetivo, profissional entre outras dificuldades relacionadas a esse momento específico do desenvolvimento humano, com vivências próprias dessa etapa da vida, gerando sofrimentos para essa pessoa e normalmente para aqueles que convivem diretamente com ela.

Muitos diagnosticados com TDAH ainda apresentam outros transtornos associados, que pode proporcionar ainda mais problemas, tais como: depressão, ansiedade, abuso de substâncias, autismo entre outros.

Transtornos causados pelo TDAH no matrimônio

No casamento, o TDAH pode se manifestar negativamente de várias formas. Muitas dificuldades estão relacionadas à desatenção, hiperatividade e impulsividade.

Pode ocorrer que um dos cônjuges apresente o transtorno ou mesmo os dois. Caso os dois apresentem esse diagnóstico, o problema pode ser potencializado, possivelmente proporcionando mais dificuldades na vida do casal.

Quanto à impulsividade, nota-se que, devido a esse sintoma – entendido aqui como comportamento –, a pessoa pode apresentar-se mais impulsiva nas suas atitudes e agir, muitas vezes, impensadamente, ofendendo o outro, utilizando-se de palavras e tons de voz agressivos, tendendo a possíveis agressões tanto verbal quanto físicas.

Consequências da impulsividade e hiperatividade

A impulsividade normalmente gera ressentimentos, mágoas e afastamento afetivo um do outro. Ainda, a impulsividade e a hiperatividade podem manifestar-se no casamento, por exemplo, na alimentação excessiva, no falar demais (não aguarda o outro terminar o seu raciocínio), no ativismo profissional (não tem descanso, está a todo vapor), no consumismo (compra muito e normalmente sem necessidade, provocando desajuste financeiro para a família), na área sexual (excessiva procura por sexo ou um desligamento; também desatenção no momento do ato, qualquer estímulo interno ou externo é motivo de distração; por isso não alcança o orgasmo) ou no uso de bebidas alcoólicas e utilização de drogas.

A impulsividade está relacionada à incapacidade de inibição do comportamento. Para o ser humano, principalmente na relação a dois, é extremamente importante saber esperar, aguardar o melhor momento para uma tomada de decisão e receber a opinião do outro para juntos escolherem o que é melhor para a família. Como no TDAH, a pessoa apresenta-se impulsiva nas suas atitudes; ela, muitas vezes, não consegue aguardar para compartilhar com o esposo ou esposa uma situação ou desejo para ambos discernirem, assim este acaba tomando decisões sem a participação da outra pessoa.

Atitudes individualistas

No casamento, muitos se queixam do esposo ou da esposa que tem atitudes individualistas, aqueles que, em muitas ocasiões, escolhem algo importante ou simples no dia a dia sem pedir a opinião do outro. Essa situação traz como consequência a sensação de falta de compartilhamento, de amor e respeito; ferindo uma característica importante no matrimônio, que é a transparência e a participação dos dois na construção da família. Essas atitudes podem estar presentes em decorrência de muitos problemas, como a dificuldade de viver a dois; no entanto, no TDAH essa realidade pode ser agravada devido à impulsividade.

Sintoma característico do TDAH

Quanto à desatenção, sintoma característico do TDAH, pode trazer dificuldades de memória, por exemplo, não se lembrar do que falou há dias ou horas; esquecimento de datas importantes, de horários marcados, como buscar os filhos na escola, comprar ou pagar um boleto, entre tantas situações. Os parceiros se sentem rejeitados ou pouco importantes para o outro diante dessa falta de atenção com ele ou mesmo com os filhos. A pessoa desatento não consegue escutar como deveria, atropela a fala do outro antes que termine seu raciocínio; às vezes olha, mas está com o pensamento longe, como se não estivesse ali; apresenta um olhar distante e, em muitos momentos, vê-se tentando entender o fim da historia, já que “voou” na maioria do relato. Assim, não compreende as necessidades do cônjuge, não percebe o momento de vida dele; e este, por sua vez, não se sente acolhido. O relacionamento se torna imaturo, uma vez que não consegue se aprofundar na vida e nos anseios do outro, pois não o conhece nem o vê.

Dificuldade de planejamento e organização

Outra característica é a dificuldade de planejamento e organização. Chega sempre atrasado aos compromissos, não planeja suas atividades diárias e acaba cometendo muitos erros, “atropela” e pode perder o emprego e muitas oportunidades. Normalmente, apresenta procrastinação, ou seja, adia as tarefas, deixando as atividades para serem realizadas na última hora (trabalho e consertos mínimos na casa), ainda costuma não terminar projetos que iniciou, como cursos, atividade física entre outros.

Consequências sérias causadas pela desorganização

Pode-se perceber a desorganização na casa e nos objetos do portador de TDAH, como guarda-roupas desorganizados, roupas no chão, sapatos, papéis infindáveis; tudo fora do lugar. Ainda, muitos apresentam autoestima baixa, o que interfere no relacionamento. Normalmente, sente-se inferiorizado com relação ao outro, gerando desajustes na dinâmica do casal. Essa visão destorcida de si mesmo provoca uma dificuldade de assumir o seu lugar na família. O esposo não se vê como provedor e pai; a esposa não se vê como afetiva, cuidadora e mãe; essa situação traz sérias consequências para o casal e principalmente na vida dos filhos. Portanto, é de suma importância que ambos, esposa e esposo, possam conscientizar-se das suas limitações, buscar ajuda de um profissional para um melhor diagnóstico e tratamento.

Qual o primeiro passo?

O primeiro passo nunca é a acusação. A convivência com uma pessoa que apresenta esse transtorno é difícil de ser suportada, principalmente quando não entendemos que estamos lidando com um transtorno neurobiológico. Sem essa compreensão, acusa-se o outro de imaturo, individualista e irresponsável, o que normalmente traz autoconceito negativo para aquele que apresenta o transtorno e, ao mesmo tempo, falta de admiração por parte do outro que convive com ele.

O mais importante é buscar ajuda e não desistir! Existe tratamento para o TDAH! Existe solução para uma melhor convivência: primeiro, a compreensão; depois a decisão. A busca de ações para uma mudança, com um objetivo real, viver em família.
João Carlos e Maria Luiza 
João Carlos Medeiros é membro do segundo elo Comunidade Canção Nova. Psicólogo clínico e familiar, Medeiros também é logoterapeuta, sexólogo e mestre em sexologia humana. Casado com Maria Luiza da Silva Medeiros que também é membro do segundo elo Comunidade Canção Nova, é psicóloga clínica e familiar. Ela é pós-graduada em psicoterapias cognitivas e em neuropsicologia.

Sexo virtual: carências e consequências

Sexo virtual: carências e consequências

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
A internet tornou-se uma ferramenta fácil para proliferar o sexo virtual

O sexo virtual começou pelo uso do telefone há bastante tempo; algumas agências até se especializaram em oferecer esse tipo de atividade com moças e rapazes “de programa” contratados para isso. Foram os famosos “Teles”: telefantasia, tele-erótico, telesexy, telegay, tele-horóscopo, teletarô, enfim… “telepecado”.

É incrível a capacidade do ser humano para descobrir novas formas de satisfazer a sede de prazer dos seus mais baixos instintos. Seduzido pelo “anjo das trevas” ele se deixa seduzir e põe os mais sofisticados recursos da inteligência e da técnica a serviço do mal; isto é, daquilo que ofende a dignidade da criatura e atenta contra o Criador.

Sexto Mandamento violado

No entanto, a internet superou tudo isso! Primeiro, por causa da privacidade, comodidade e forma anônima com que oferece a fantasia; segundo, porque quase sempre é gratuita. Para ser sincero, nunca vi o Sexto Mandamento tão violado e Deus tão ofendido.

Nunca se viu tanta permissividade moral invadir os nossos lares! Nunca foi tão avassaladora a onda de lama a nos atingir. O Criador é ofendido e desprezado pela criatura mais bela que Ele criou à Sua “imagem e semelhança”, para ser a maior glória d’Ele na face da Terra.

A luxúria de Sodoma e Gomorra, e também da antiga Pompéia consumida pelo Vesúvio, globalizaram-se pela internet. Mas o que mais nos entristece e até revolta é constatar que tudo isso é promovido com a complacência e a conivência das autoridades públicas, que deveriam ser as primeiras a impedir tais absurdos.

Instrumentos de promiscuidade moral

Esses meios de comunicação tão úteis e práticos como o telefone e a internet jamais poderiam, por razões éticas e morais, ser transformados em instrumentos de promiscuidade moral. A nossa sociedade vive o neopaganismo; isto é, o Evangelho, que até alguns anos atrás era a referência para o comportamento da sociedade, não passa agora de letra morta para muitos.

Definitivamente, eliminou-se o “temor de Deus” no meio da sociedade, que, dessa forma, se torna mais individualista, narcisista, hedonista e pecadora. O ateísmo que se vive hoje é um ateísmo prático, selvagem, não mais filosófico. Não mais se pergunta se Deus existe; apenas se age como se Ele não existisse e pronto. Apesar disso, 95% dizem acreditar em Deus, mas ignoram as leis divinas.

O comércio imoral desenfreado pelo dinheiro

Pior do que o pecado cometido sob o peso da fraqueza da carne, é aquele cometido quando se explora comercialmente aquilo que é imoral, que atenta contra a dignidade do ser humano, transformando-o em um meio de lucro. Sem dúvida, estamos aqui diante de um pecado dobrado, praticado não pela fraqueza da natureza humana, mas pelo amor desenfreado pelo dinheiro, como disse São Paulo “razão de todos os males” (cf. 1Tm 6,10).

O Catecismo da Igreja Católica (CIC) fala sobre o escândalo

“Quem usa os poderes de que dispõe, de tal maneira que induzam ao mal, torna-se culpado de escândalo e responsável pelo mal que, direta ou indiretamente, favorece. ‘É inevitável que haja escândalos, mas ai daqueles que o causar’ (Lc 17,1)” (CIC §2287).

É incrível constatar que há pessoas que consigam dormir em paz sabendo que “faturaram” às custas do pecado dos outros e da morte das suas almas. É incrível observar que a sede de dinheiro possa ser maior que o respeito à verdade, à pureza, ao amor ao próximo.

Casados em sites pornográficos

É incrível notar que Cristo continua a ser vendido por “trinta moedas”! Tenho acompanhado e orientado vários jovens mergulhados no vício de assistir à pornografia na web e que me pedem ajuda para sair dele. Tenho também recebido e-mails de esposas que se desesperam quando pegam seus maridos vendo sites pornográficos. A tentação é enorme e a facilidade é muito grande. Outros se enveredam pelos “chats” variados e acabam se complicando.

Tentei ajudar uma jovem e bela mãe que acabou deixando seus dois filhos pequenos e seu esposo para morar com outro homem que conheceu pela internet. É claro que essa moça trazia sérios problemas no casamento e carências que não foram resolvidas. Mas o pior é assim que complicou ainda mais as coisas.

Pessoas carentes são as mais envolvidas

Sem dúvida, esse tipo de relacionamento virtual atinge em cheio as pessoas mais carentes e que lutam contra uma afetividade não bem controlada nem bem equilibrada. Por outro lado, a carne é fraca e pode arrastar qualquer um, mesmo as pessoas espiritualizadas e que vivem um bom relacionamento com Deus. Muitas vezes, embaladas pela conversa virtual, muitas acabam se expondo a perigos de vários tipos, que não imaginam.

É preciso dizer também que a atividade sexual virtual diante da internet pode se transformar em vício; e o pior de tudo é que, muitas vezes, leva o cristão ao pecado da masturbação, fornicação, adultério ou mesmo a uma vivência sexual pervertida com a (o) esposa (o). Tudo isso prejudica a pessoa; em primeiro lugar, porque ofende a Deus e polui a alma e a mente com cenas eróticas que desvirtuam o sexo; em segundo lugar, essa pessoa fomenta em si mesma o sexismo; isso prejudica o namoro, o noivado e o casamento.

Nota-se hoje que práticas condenadas há muito tempo, e que antes não eram aceitas, como sexo anal e oral, começam a se tornar de certa forma aceitos por casais cristãos. Isso é fruto da pornografia que foi anestesiando suas mentes. Nem a pessoa solteira nem o casal cristão podem se entregar à perversidade da pornografia.

O Catecismo da Igreja Católica (CIC) é bem claro ao afirmar que:

“A pornografia (…) ofende a castidade, porque desfigura o ato conjugal, doação íntima dos esposos entre si. Atenta gravemente contra a dignidade daqueles que a praticam (atores, comerciantes e público), porque cada um se torna para o outro objeto de um prazer rudimentar e de um proveito ilícito. Mergulha uns e outros na ilusão de um modo artificial. É uma falta grave. As autoridades civis devem impedir a produção e a distribuição de materiais pornográficos” (CIC § 2354).

Como vencer esse vício ou essa tentação?

Em primeiro lugar é preciso ter calma; não desanimar nem se desesperar diante dele; mas lutar com fé e perseverança, mesmo que se caia um milhão de vezes. Deus quer mais a nossa determinação de lutar contra o pecado, “até o sangue” se for preciso, como manda a Carta ao Hebreus (Hb 12,4): “Ainda não resististe até ao sangue na luta contra o pecado”.

Jesus deixou-nos a receita básica para vencer qualquer pecado: “vigiai e orai”. Estar sempre em estado de oração, com a alma sempre ligada a Deus, sempre suplicando ao Senhor o auxílio de Sua graça para não cair na tentação. “Não nos deixeis cair em tentação…” Ele nos manda pedir essa graça ao Pai na grande oração do Pai-Nosso. “Mosca só assenta em prato frio”; então, não deixe sua alma esfriar pela falta de oração, comunhão, meditação da Palavra, oração do terço etc.

Em segundo lugar, é preciso “vigiar”. Fugir das ocasiões de pecado é uma fuga heroica; se você não se controla diante da internet e do sexo virtual, então não tenha acesso à rede mundial de computadores em seu computador enquanto não aprender a se dominar. Ou então, diante do computador, reze e prometa a Deus não acessar um site de pornografia ou de relacionamento perigoso por amor a Jesus, que, para o salvar, morreu na cruz. Só por amor a Deus podemos deixar de vez o pecado, nunca por medo d’Ele. Escreva sob a tela do monitor do seu computador: “Eu não vou pecar hoje por amor a Jesus; Ele merece isso”. Sem dúvida, o Senhor ficará muito feliz.

E se eu cair?

Levante-se imediatamente; não fique nem um minuto na lama do pecado. Peça perdão a Deus e prometa se confessar tão logo seja possível. Sim, é importante a confissão para que a graça divina lhe dê o perdão e a força para não voltar a pecar. Por outro lado, uma orientação psicológica e uma terapia de oração podem ajudá-lo a vencer o vício do sexo virtual.

O cristão tem que viver a castidade, porque é lei de Deus; e isso só será possível se fechar as janelas da alma (olhos, ouvidos, boca, nariz e mãos) para tudo o que o excita e traz o pecado para seu interior. Com a graça de Deus e a força de vontade, isso é possível.
Felipe Aquino -  Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”.