Principais sintomas da hiperatividade
Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
Eta, menino sapeca! Esse menino não para quieto; tudo o que começa, ele larga! Só Deus!
Que pena você não ter pensado assim antes sobre o comportamento de seu filho, por isso demorou tanto para ver o que lhe faltava, para que ele pudesse se sentir uma criança socialmente saudável e feliz com ele mesmo! Mas como dizem os jovens, “a ficha caiu”. Vamos lá, então, discernir o que está acontecendo com as crianças de hoje. Creio que elas estejam sendo vítimas de um sistema bruto, carentes de atenção, de ensinamentos domésticos, reforços positivos e extremamente exigentes.
As crianças não sabem mais quem elas são, onde estão e para onde estão levando a sua infância. Ora as pessoas as vestem como adultos, ora as tratam como bebês. Mas nunca somente como crianças. E quem são essas crianças às quais estamos nos referindo? Esperamos que sejam crianças que brincam, choram, fazem birra, perguntam, falam e argumentam, que têm direitos e deveres. Dificilmente elas sabem onde estão: se na casa dos pais, se na casa dos avós ou na escola. Enfim, onde tiver gente para tomar conta, parece-me que ali elas vão estar. Para onde elas vão? Aí está o X do problema. Ops, o X do texto.
Para onde as crianças deste mundo contemporâneo estão indo? Algumas para a academia, outras para o ballet ou inglês; e como se fosse pouco, vão também para o apoio pedagógico, isso é, antiga banca, um lugar para fazer o dever de casa. Já outras vão para os consultórios de psicologia ou, quem sabe, neurologistas em busca de receitas para ficarem mais quietas e concentradas.
Há crianças que vão para psiquiatras infantis por não suportarem suas próprias ansiedades. Há também aqueles meninos e meninas, talvez poucos, que vão para área livre de suas casas, para correr de bicicleta, brincar de bonecas ou de super-heróis, fazer comidinha de mentirinha e cantar parabéns para o aniversário da Barbie, imitar a professora e brincar de escola, cair, levantar, ralar os joelhos, viver sem antecipação…
Que maravilha se todas as crianças fossem, desde o início da sua infância, para um território que se chama “brincar”! A ausência de oportunidades próprias para infância, nos tempos modernos, tem produzido comportamentos infantis intolerantes, birrentos, impacientes e, muitas vezes, insatisfeitos. Crianças que reclamam de tudo, de tudo o que têm e de tudo o que não têm.
O bom sempre é o desnecessário e o necessário sempre é o ruim. Acabam por serem afetadas negativamente pelo ambiente e, por consequência, afetam o mesmo. Um dos sintomas de que este século não tem sido adequado para formação dos nossos pequeninos é o surgimento de comportamentos estranhos, transtornos e desajustes que se instalam em muitas dessas crianças e adolescentes; principalmente os que têm a tendência a desenvolver transtornos mentais e comportamentais.
A hiperatividade tem sido uma característica comum no comportamento de muitas crianças, segundo a queixa dos pais e professores nos consultórios de psicologia. A hiperatividade se refere a uma extrema agitação psicomotora, enquanto o déficit de atenção manifesta-se em baixa concentração, impulsividade. Contudo, os dois sintomas juntos provocam incapacidade de terminar as tarefas propostas, sejam elas em casa ou as tarefas escolares.
Impulsividade na execução das tarefas, pouca organização, incapacidade de compreender instruções etc., são sintomas que impedem pais e professores de serem assertivos em suas atitudes frente tal comportamento. Faz-se necessário, então, autocontrole, paciência, estudos e clareza em como se pretende administrar um comportamento dessa natureza. Contudo, não se deve generalizar e achar que todo comportamento por demais ativo está enquadrado no TDHA – Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.
Para saber se existe a possibilidade de ser esse o diagnóstico, deve-se basear os sintomas em várias fontes de informação, não apenas nos resultados dos questionários enviados pelos médicos à escola e à família. Devem ser ouvidos os pais e professores, de forma a “contextualizar” a informação dos questionários. Segundo Jorge Elói, psicólogo, mestre em Psicologia da Educação e pós-graduado em Hipnoterapia, a “Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção é uma perturbação neuropsicológica, com uma alta predisposição genética, aproximadamente 70%”.
É importante ter clareza sobre a característica, a frequência, intensidades e duração do comportamento que está comprometido nesse transtorno, para que não seja confundido o comportamento que requer medicamento e o que não precisa de profissionais de saúde para ser administrado. Contudo, o mais importante na educação de uma criança com comportamento que exige uma atenção especial não está apenas na aquisição dos diagnósticos e na escuta dos encaminhamentos médicos, mas na oportunidade de essas crianças se sentirem amadas e pertencentes a uma família: a viver em um lar harmonioso, livre de tensões, que seus pais tenha expectativas em relação à vida dos filhos; que as crianças convivam com bons exemplos e que, em suas vidas, tenham alegria, amor e divertimento.
A hiperatividade deverá ser enfrentada a partir do que de bom uma criança classificada como tal possa oferecer de melhor para o ambiente em que ela está inserida.
Judinara Braz - Diretora Pedagógica da Escola João Paulo I – Feira de Santana (BA).
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