A Palavra de Deus

A Palavra de Deus

DOPAS

DOAÇÃO, ORAÇÃO, POBREZA, ALEGRIA E SIMPLICIDADE

25 de agosto de 2015

O que a Igreja diz sobre purgatório?

O que a Igreja diz sobre purgatório?

Se quem já morreu não pode fazer nada por si mesmo, o que os vivos poderão fazer por quem já se foi?

Se temos uma certeza a respeito da vida é que a morte um dia virá, ela é certa; cedo ou tarde nós nos depararemos com ela. O que nos consola como cristãos é a nossa fé na ressurreição. Jesus ressuscitou e com Ele todo aquele que n’Ele crer ressuscitará. Talvez, você já tenha se perguntado: “O que vai ser daquele meu parente ou amigo que faleceu? Ele era gente boa, porém, tinha uns pecados. Ele vai para o céu? E se eu morrer, mas não estiver “tão em Deus”, o que vai ser de mim?”.

O ideal é que morramos em Deus, sem pecados, e que tenhamos vivido a reconciliação com todos com amor e gratidão. Enfim, se morrermos em Jesus Cristo, na pureza e sem pecado, com certeza o céu será o nosso destino final, pois lá é a morada dos santos. Devemos, dia após dia, viver o anúncio de Jesus Salvador para alcançarmos a pátria eterna que, por misericórdia, Ele concede aos Seus filhos.

Parece impossível, não é? Mas muitos santos conseguiram, e eles eram pessoas como nós. De qualquer forma, se morrermos não tão santos ou com alguns pecados, a Igreja nos ensina sobre o Purgatório, o lugar da purificação final dos eleitos, daqueles que morreram em Deus, mas ainda precisam de purificação para chegar à glória dos céus.

Foi no Concílio de Florença e de Trento que se desenvolveu a fé no purgatório. Na Bíblia, há algumas passagens que falam desse fogo que purifica (I Cor 3,15; I Pd 1,7). O segundo livro do Macabeus 12,46 fala de Judas, que ofereceu sacrifícios em expiação dos pecados de falecidos. Quando se menciona Purgatório, não diz respeito aos condenados ao céu ou ao inferno, não se trata ainda de um lugar, mas de um estado onde é possível a purificação. Assim, como em nossas orações, preces, Missas e em nossos jejuns somos purificados, quem já morreu não pode fazer mais nada por si mesmo.

Se quem já morreu não pode fazer nada por si mesmo, o que os vivos poderão fazer por quem já se foi? Cremos na comunhão dos santos e no batismo que nos une a Cristo. Por meio de orações, sacrifícios e, principalmente, pela celebração da Santa Eucaristia pedimos pelos falecidos, por aqueles que partiram.

Por fim, irmãos, essa é a nossa fé católica. Vamos com muita confiança viver nossa vida cristã na busca constante e perseverante pela santidade. Vamos, com muita garra, anunciar Jesus Cristo como Senhor e Salvador, e orar por aqueles que partiram, por parentes e amigos falecidos. Vamos rezar também por aqueles que morreram esquecidos, perdidos ou abandonados, para que também sejam purificados pelo fogo do Senhor e cheguem ao Seu Reino.
Padre Marcio - sacerdote na Comunidade Canção Nova. Ordenado em 20 de dezembro de 2009

O sigilo do sacramento da confissão

O sigilo do sacramento da confissão

Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
O sacramento da confissão tem o sigilo inviolável 

Dentre os sacramentos da Igreja, dois recebem o título de sacramentos de cura. São eles: sacramento da penitência e unção dos enfermos. Sobre o sacramento da penitência, o conhecemos por diferentes nomes, e cada um tem o seu significado próprio:




1. Sacramento da conversão: realiza sacramentalmente o convite de Jesus à conversão.

2. Sacramento da penitência: consagra um esforço pessoal e eclesial de conversão, de arrependimento e satisfação do cristão pecador.

3. Sacramento de confissão: a confissão dos pecados diante do presbítero é elemento essencial desse sacramento.

4. Sacramento da reconciliação: concede ao pecador o amor de Deus que reconcilia. O penitente faz a experiência do amor misericordioso do Pai.

Quando falamos em confissão, muitos fiéis carregam no coração o medo; não raro, há aqueles que se perguntam: “O padre não contará meus pecados para outras pessoas?”. Sobre essa questão, os documentos da Igreja afirmam o caráter inviolável do segredo da confissão. O presbítero que acolhe o penitente, ouve seus pecados e lhe administra a absolvição está sob o sigilo sacramental, isso significa que aqueles pecados ouvidos não serão revelados em hipótese alguma.

Sobre o sigilo sacramental, os documentos da Igreja afirmam:

“O sigilo sacramental é inviolável, por isso, é absolutamente ilícito ao confessor, de alguma forma, trair o penitente por palavras ou de qualquer outro modo e por qualquer que seja a causa.

Tem a obrigação de guardar segredo também o intérprete, se houver, e todos aqueles a quem, por qualquer motivo, tenha chegado o conhecimento de pecados por meio da confissão” (Código de Direito Canônico, 893).

“Dada a delicadeza e a grandeza deste ministério e o respeito devido às pessoas, a Igreja declara que todo sacerdote que ouve confissões está obrigado a guardar segredo absoluto sobre os pecados que os seus penitentes lhe confessaram, sob penas severíssimas. Tão pouco pode servir-se dos conhecimentos que a confissão lhe proporciona sobre a vida dos penitentes. Esse segredo, que não admite exceções, é chamado ‘sigilo sacramental’, porque aquilo que o penitente manifestou ao sacerdote fica ‘selado’ pelo sacramento” (Catecismo da Igreja Católica, 1476).

O termo “sigilo” vem do latim sigillum, selo, lacre. Uma vez ouvida a confissão dos pecados, o presbítero sela com seu silêncio aquilo que foi ouvido. Não poderá jamais revelar para outrem o segredo dos pecados apontados pelo penitente. Esse sigilo sacramental é extremamente sério, que o Código de Direito Canônico assim expressa no Cânon 1388: “O confessor que viola diretamente o sigilo sacramental incorre em excomunhão latae sententiaereservada à Sé apostólica; quem o faz só indiretamente seja punido conforme a gravidade do delito”.

Essa violação do sigilo sacramental é direta quando se revela o pecado ouvido em confissão e a pessoa do penitente, quer indicando o nome, quer ainda manifestando pormenores que qualquer pessoa pode deduzir de quem se trata. É indireta quando não se revela tão claramente a pessoa do penitente, mas o modo de agir ou de falar do confessor é tal que origina o perigo de que alguém a conheça.
Padre Flávio Sobreiro - vigário paroquial da Paróquia Santo Antônio, em Jacutinga (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG).


Como identificar se tenho distúrbios na sexualidade?

Como identificar se tenho distúrbios na sexualidade?

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
Alguns distúrbios na sexualidade são facilmente detectados; outros não são tão óbvios 

Tanto se ouve falar sobre os distúrbios sexuais! Muitas vezes, olhamos para esse assunto com preconceito, achando que são distorções graves e bizarras, de pessoas com traumas intensos e claros desequilíbrios afetivos sexuais. Isso é parcialmente verdade.

Realmente alguns traumas sexuais são facilmente detectados quando se manifestam em vícios ou desejos por coisas que fogem dos padrões (animais, crianças, agressividade entre outros). Porém, algumas pessoas vivem sendo guiadas por seus traumas, com distúrbios na sexualidade, sem perceberem isso claramente. Desenvolvem padrões de relacionamento destrutivos, mas não tão óbvios para a sociedade. Isso pode se manifestar em ciúme excessivo, dependência emocional, dificuldade de assumir compromisso, manutenção de vícios mesmo sendo casado (masturbação e pornografia), tendência à traição ou na escolha de namorados sempre com características semelhantes e ruins.

Esses padrões de relacionamentos, muitas vezes, só são percebidos por meio de erros repetitivos. Por exemplo: alguém que foi traído em todos os namoros que teve ou sempre perde o “encanto” pelo outro quando passa a paixão inicial; quando sente necessidade de estar com pessoas que controlem excessivamente sua vida, sendo dependentes emocionais desse relacionamento.

Para avaliar um pouco se seus relacionamentos são saudáveis ou se há algum tipo de distúrbio sexual, é interessante pensar em dois aspectos. Primeiro, o histórico. Olhando para todos os relacionamentos que você teve, consegue perceber alguma repetição? Traição, término do relacionamento, quando começa a exigir compromisso; tendência à agressividade ou ao alcoolismo; perda da individualidade e dependência emocional? Isso pode ser um mau sinal de que os seus traumas familiares estão mal resolvidos dentro de você, e, por causa deles, você tem se apaixonado por pessoas com o mesmo perfil. É como um quebra-cabeça. Nós acabamos atraindo pessoas que se encaixam no nosso padrão afetivo. Se não mudarmos a nossa forma de amar, podemos até mudar a peça, mas o encaixe será sempre o mesmo.

Outra pergunta importante é como esse relacionamento tem influenciado na sua personalidade. Tenho me tornado uma pessoa melhor, mais madura, com autonomia e realizado? Estar com o outro me transformou em uma versão melhor do meu eu? Ou me anulei, escondi-me, fragilizei-me em minha autoimagem, perdi características importantes de minha personalidade, fui afastada de outras pessoas importantes para mim (família, amigos)? Quando um relacionamento é saudável, ele potencializa o que temos de melhor, ajuda-nos a evoluir naquilo que é defeito e nos estimula a desenvolver o que é bom.

O amor não aprisiona, não degrada, não exige exclusividade afetiva (exige fidelidade sexual). O amor verdadeiro nos aproxima de quem realmente somos, dá-nos a oportunidade de ser o melhor que podemos ser em todas as áreas. Um bom relacionamento nos ajuda a equilibrar todos os nossos laços afetivos – com amigos, família, trabalho, comida, comigo mesmo, com Deus…

Tenha coragem de parar para avaliar um pouco sua forma de amar e ser amado. Até que ponto seus traumas ainda têm manipulado seus relacionamentos? Será que é amor ou é um acúmulo das carências que você tem direcionado para o outro? Amar é doar-se. Será que você já se possui o suficiente para poder se relacionar de maneira verdadeira? Deixe Deus passear com você pela sua intimidade e preencher seus vazios. Só Ele pode entrar nesse lugar, só Ele tem amor suficiente para saciar traumas e assim podermos amar como precisamos.

Para aprofundar nesse assunto, recomendo ler meu livro “A verdadeira realização sexual”. Acredito que possa ajudá-lo muito a se conhecer e a desenvolver uma maturidade afetiva.
Roberta Castro - Ginecologista e especialista em terapia familiar. Coordenadora do Ministério de Música e Artes da Renovação Carismática Católica no Estado do Espírito Santo.


A importância dos leigos na evangelização

A importância dos leigos na evangelização

Dentro da comunidade eclesial, os leigos são chamados a desempenhar diversas tarefas

Os leigos são cristãos que têm uma missão especial na Igreja e na sociedade. Pelo batismo, receberam essa vocação de viver intensamente a serviço do Reino de Deus.

Antigamente, a missão do leigo era relegada a segundo plano, valorizando-se somente o sacerdócio e a vida religiosa, mas, depois do Concílio Vaticano II, a vocação e a missão dos leigos foram valorizadas, conferindo-lhes a mesma dignidade dos sacerdotes e religiosos.

Dentro da comunidade eclesial, os leigos são chamados a desempenhar diversas tarefas: catequista, ministro da Eucaristia, agente das diferentes pastorais, serviço aos pobres e aos doentes. São chamados também a colaborar no governo paroquial e diocesano, participando dos conselhos pastorais e econômicos.

Eles não são simples colaboradores do bispo e dos padres, mas membros ativos da comunidade, assumindo ministérios e serviços para o engrandecimento da Igreja de Cristo.

Entretanto, a missão mais importante dos leigos é no mundo. Eles são chamados a realizar sua missão dentro das realidades que encontra no seu dia a dia.

Na família, no trabalho, na escola, no mundo da política, nos movimentos populares, nos meios de comunicação, eles são chamados a testemunhar, pela Palavra e pela vida,, a mensagem de Jesus Cristo.

É uma missão necessária e insubstituível. O papel do leigo não é ficar o dia todo na igreja, mas ser fermento nos ambientes em que vive; nesses campos de vida e de atuação, ser “sal da vida e luz do mundo”.

Quando os leigos assumem, de fato, sua missão específica, podemos sonhar com uma nova ordem social.

O Concílio Vaticano II e os ensinamentos do Papa insistem muito na necessidade de os leigos participarem ativamente na construção de uma nova sociedade, aperfeiçoando os bens existentes e sanando os males.

Eles devem assumir seu papel, confiantes nas bênçãos e na ajuda divina. Devem participar da vida comunitária, buscando, nas celebrações, sobretudo na Eucaristia, as forças que necessitam para bem desempenhar sua missão na comunidade e no mundo.

Por meio deles, a Igreja se faz presente nos diversos ambientes sociais, impregnando-os da mensagem de Jesus Cristo, semeando os valores evangélicos de solidariedade e justiça, empenhando-se decisivamente na construção da sociedade justa, fraterna e solidária, sinal do Reino de Deus.

Que cada leigo se conscientize disso e dê a sua contribuição para o crescimento cristão no mundo. Cada um usando os dons que Deus lhe deu, poderia fazer concretizar-se aquela imagem de uma vela acesa se juntar a outra e a outra e a outra e, juntas, iluminar o ambiente e o mundo, lembrando sempre a frase de Madre Teresa de Calcutá: “Eu sei que o meu trabalho é como uma gota no oceano, mas sem ele o oceano seria menor”.

Dom Eurico dos Santos Veloso - Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG)

Nossa primeira vocação é amar



Nossa primeira vocação é amar


O amor incondicional de Jesus por todos deve ser o alicerce de nossa resposta ao chamado de Deus

Ao longo de nossa caminha, Deus vai nos chamando a ser, no mundo, um sinal de sua presença. E uma das maneiras de revelarmos o rosto d’Ele aos nossos irmãos acontece por meio da vivência de nossa vocação em sua plenitude.

Não basta dizermos ‘sim’, se a vocação à qual formos chamados não nos ensinar a amar. Nenhuma vocação será plena em seu significado se não cumprir a sua primeira e principal missão: amar. Sem amor, toda e qualquer vocação será estéril e pobre. A riqueza de um chamado está na capacidade que ele nos dá de amar o outro e Deus, a cada dia, de um modo mais profundo e pleno.

É conhecida a frase de Santa Teresinha do Menino Jesus: “Minha vocação é o amor”. Sim, na base de toda vocação estão impressas as marcas do amor de Cristo por cada um de nós. Esse amor incondicional de Jesus por todos deve ser o alicerce de nossa resposta ao chamado de Deus.

Quanto mais amarmos, mais estaremos vivendo a nossa vocação. E talvez esse seja o nosso termômetro vocacional. Olhemos para nossa caminhada e nos perguntemos: minha vocação é um sinal vivo e concreto do amor de Cristo por mim? No meu dia a dia, eu procuro viver esse amor no contato com meus irmãos e irmãs? Fato é que não basta dizermos que Deus nos ama se não vivemos essa realidade em nossos gestos ou palavras. Amor não sobrevive de teorias, amor é ação colocada em prática no contexto da vida.

Sem amor, nós nos desligamos da videira verdadeira, que é o Cristo Senhor. É sempre necessário voltarmos às fontes do amor de Cristo por nós. Com o tempo, corremos o risco de nos descuidarmos da fonte e começarmos a viver de acordo com nossas verdades. Abandonamos o essencial do chamado para nos prendermos ao periférico das teorias. Acabamos nos preocupando tanto com as coisas de Deus, que nos esquecemos d’Ele.

Uma vocação somente será frutuosa se cuidarmos dela com amor e vivermos o nosso chamado no amor de Deus, fonte e origem de nossa existência. Quanto menos amor estiver injetado em nossa veia vocacional, menor será nossa solidariedade, paciência, misericórdia, acolhida e ternura com o outro.

O amor é alimentado com as boas obras, com uma vida de intimidade com Jesus Cristo, com a vivência fecunda da Palavra de Deus, com uma vida eucarística e a certeza de que sem amor nossa vocação é apenas uma função a ser executada, mas não um chamado a ser vivenciado em sua essência.

Um chamado vocacional está sempre ligado ao jeito que amaremos. O carisma de uma vocação é sempre o amor em primeiro lugar. Os meios que esse amor será colocado em prática são os caminhos para realizarmos esse carisma. O mundo necessita de pessoas que vivam sempre mais conscientes de sua vocação e amem em todo tempo e lugar.

Só vai compreender a autenticidade da sua vocação aquele que cultivar no coração um amor incondicional por Jesus Cristo, presente em cada irmão e irmã.
Padre Flávio Sobreiro - vigário paroquial da Paróquia Santo Antônio, em Jacutinga (MG), e padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG).


Vocação, dom gratuito de Deus


Vocação, dom gratuito de Deus

Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
Toda vocação nos remete a uma experiência de felicidade

Vocação é um dom gratuito de Deus e nós precisamos entendê-lo muito bem. A primeira vocação que recebemos é a vida; a segunda, é o chamado à santidade que todo cristão recebe de Deus. Depois, existem as vocações específicas, pessoas que são vocacionadas para a medicina, outras para o direito etc. Contudo, existe também a vocação cristã, como é o caso da vocação ao matrimônio, à vida religiosa, ao sacerdócio, ou seja, é Deus quem nos inspira, é Ele quem nos vocaciona e coloca em nós essa iniciativa.

Algumas pessoas vão discernir que a vocação delas vai ser só a do batismo e não vão se casar; outras, vão ver que não são vocacionados a uma comunidade, à vida religiosa ou ao sacerdócio. O importante é descobrir a felicidade, porque a vocação nos remete a uma experiência de felicidade.

Para a vocação religiosa, por exemplo, é fundamental estar em Deus e ver os caminhos pelos quais Ele nos leva. Para discernir uma vocação como o matrimônio, a vida ao sacerdócio ou a uma comunidade, é sempre bom ter um diretor espiritual que o acompanhe,é bom fazer uma leitura de sua história e ver para onde Deus o chama, onde Ele o encaixa.

A vocação profissional é aquela dinâmica de saber com o que nos identificamos. É uma identificação pessoal, e são vários os sinais.

Na vocação religiosa, por exemplo, nós vamos percebendo cada um deles. Eu nunca me imaginei padre, não nasci sonhando que ia ser um sacerdote, não me imaginava celebrando a vida quando era criança, nunca fui coroinha. Com o decorrer do tempo, eu fui me observando, vendo essas aptidões e percebendo que Deus estava me encaminhando à vocação sacerdotal, porque eu ia rezar e me vinha uma Palavra na Bíblia que me indicava essa vocação. Eu ia à Santa Missa e me via celebrando no lugar do padre. Isso foi algo muito novo para mim, porque não era uma vontade do meu coração. A vontade que eu tinha era a de constituir uma família, mas Deus foi me convencendo a ser padre. Então, é a partir dessa experiência com o Senhor que vai se revelando em nós aquilo que é o nosso chamado.

Deus não nos obriga a nada. Ele não me obrigou a ser padre, Ele me chamou, esperou pela minha resposta e eu a dei livremente; mas poderia ter dito ‘não’. Um exemplo: eu sinto um chamado vocacional ao sacerdócio, mas vou casar. Eu não estaria pecando, não nesse mérito de pecado. Talvez, eu cometesse um pecado contra mim, porque se eu não der uma resposta positiva e não caminhar onde Deus me quer, eu posso não ser plenamente feliz como eu seria se respondesse ao Senhor. Mas eu não acho que isso entre em mérito de pecado, mas sim de liberdade. Deus não nos deu o livre-arbítrio? Eu o tenho para dizer ‘sim’ ou ‘não’ para o Senhor.

Às vezes, pai e mãe sonham que o filho será padre e ficam pressionado-o; ele se torna sacerdote, mas essa não é a vocação dele. O mesmo acontece quando o pai é médico e quer que seu filho também o seja, mas o jovem não quer, e acaba sendo infeliz ao seguir o desejo do pai.

Também pode acontecer a forma negativa, ou seja, o filho quer ser padre, mas os pais querem impedi-lo de seguir sua vocação. Geralmente, aquele que tem um chamado vai em frente, independentemente do apoio da família. É claro que, se essa pessoa foi chamada, mas se deixa influenciar pela voz dos familiares, corre o risco de não se sentir realizado. O importante é discernir o que Deus quer para nós; discernindo isso, vamos nos encontrar com Ele e ser felizes.

Eu, com um ano de caminhada com Deus, comecei a frequentar a Santa Missa diariamente e a me apaixonar pelo altar e pela Palavra. Eu via o padre celebrando e pregando, e a minha vontade era de estar no lugar dele, mas eu achava que aquilo era “coisa da minha cabeça”. Eu ia rezar, abria a Palavra e vinha-me a vocação do profeta: “Eu não sei falar, sou apenas uma criança” (Jr 1,6). Rezando, eu abria a Palavra no Salmo: “Mas que poderei retribuir ao Senhor por tudo o que Ele me tem dado? Erguerei o cálice da salvação, invocando o nome do Senhor” (Sl 115,3). Ou, então: “Tu és sacerdote para sempre, segundo a ordem de Melquisedeque” (Sl 109,4). E eu pensava: “Isso tudo é coisa da minha cabeça”.

Procurei o padre da minha paróquia para me ajudar a discernir. Falei para ele todas as coisas erradas que eu tinha feito na minha vida, pois queria que ele me dissesse: “Não, essa não é a sua vocação”. Mas, pelo contrário, ele me mostrou que eu poderia ser, realmente, um padre, mesmo tendo o passado obscuro que eu tive. No entanto, eu lhe disse: “Olhe, padre, o senhor me desculpa, mas eu não quero ser padre”. “Tudo bem, disse ele, então arruma uma namorada, viva um namoro santo como você nunca viveu antes”.

Eu saí de lá liberto, achando que eu tinha encontrado ali a resposta, mas fui percebendo, no dia a dia, que não era o matrimônio a minha vocação. Eu namorei e não me preenchi. A partir daí, procurei o padre e disse que queria ser acompanhado dentro da dinâmica do sacerdócio. Então, fui descobrindo que, realmente, a minha felicidade estava na vocação sacerdotal.
Padre Roger Luís - Missionário da Canção Nova

12 de agosto de 2015

Oração de João Paulo II para consagração do mundo a Maria


Oração de João Paulo II para consagração do mundo a Maria

Assim como o Papa João Paulo II consagrou o mundo a Maria, consagre a ela também a sua família


Oração:

« Ó Mãe dos homens e dos povos, vós que conheceis todos os seus sofrimentos e as suas esperanças, vós que sentis maternalmente todas as lutas entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas que abalam o mundo contemporâneo, acolhei o nosso clamor que, movidos pelo Espírito Santo, elevamos diretamente ao vosso coração. Abraçai, com amor de Mãe e de Serva do Senhor, esse nosso mundo, o qual vos confiamos e consagramos, cheios de inquietude pela sorte terrena e eterna dos homens e dos povos.

De modo especial, entregamos a Ti aqueles homens e aquelas nações que desta entrega e desta consagração têm particularmente necessidade.

“À vossa proteção nos acolhemos, Santa Mãe de Deus! Não desprezeis as súplicas que se elevam de nós que estamos na provação!”

“Encontrando-nos hoje diante Vós, Mãe de Cristo, diante do vosso Imaculado Coração, desejamos, juntamente com toda a Igreja, unir-nos à consagração que, por nosso amor, o vosso Filho fez de Si mesmo ao Pai: ‘Eu consagro-Me por eles — foram as Suas palavras — para eles serem também consagrados na verdade'” (Jo 17, 19).

Queremos nos unir ao nosso Redentor, nesta consagração pelo mundo e pelos homens, a qual, no seu coração divino, tem o poder de alcançar o perdão e conseguir a reparação.

Neste Ano Santo, bendita sejais acima de todas as criaturas, Serva do Senhor, que obedecestes da maneira mais plena ao chamamento divino. Louvada sejais vós, que estais inteiramente unida à consagração redentora do vosso Filho!

Mãe da Igreja, iluminai o povo de Deus nos caminhos da fé, da esperança e da caridade. Iluminai, de modo especial, os povos dos quais vós esperais a nossa consagração e a nossa entrega. Ajudai-nos a viver na verdade da consagração de Cristo por toda a família humana do mundo contemporâneo.

Confiando-vos, ó Mãe, o mundo, todos os homens e todos os povos, nós vos confiamos também a própria consagração do mundo, depositando-a no vosso coração materno.

Oh, Imaculado Coração, ajudai-nos a vencer a ameaça do mal, que se enraíza tão facilmente nos corações dos homens de hoje e que, nos seus efeitos incomensuráveis, pesa já sobre a vida presente e parece fechar os caminhos do futuro.

Da fome e da guerra, livrai-nos!
Da guerra nuclear, de uma autodestruição incalculável, e de toda a espécie de guerra, livrai-nos!
Dos pecados contra a vida do homem desde os seus primeiros instantes, livrai-nos!
Do ódio e do aviltamento da dignidade dos filhos de Deus, livrai-nos!
De todo o gênero de injustiça na vida social, nacional e internacional, livrai-nos!
Da facilidade em calcar aos pés os mandamentos de Deus, livrai-nos!
Da tentativa de ofuscar nos corações humanos a própria verdade de Deus, livrai-nos!
Da perda da consciência do bem e do mal, livrai-nos!
Dos pecados contra o Espírito Santo, livrai-nos, livrai-nos!

Acolhei, ó Mãe de Cristo, esse clamor carregado do sofrimento de todos os homens. Carregado do sofrimento de sociedades inteiras.
Ajudai-nos, com a força do Espírito Santo, a vencer todo o pecado: o pecado do homem e o pecado do mundo; enfim, o pecado em todas as suas manifestações.

Que se revele uma vez mais, na história do mundo, a força salvífica infinita da Redenção: a força do amor misericordioso. Que ele detenha o mal, transforme as consciências e manifeste para todos, no vosso Imaculado Coração, a luz da esperança!

Amém!
A Irmã Lúcia confirmou pessoalmente que esse ato, solene e universal, de consagração correspondia àquilo que Nossa Senhora queria: « Sim, está feita tal como Nossa Senhora a pediu, desde o dia 25 de Março de 1984 » (carta de 8 de Novembro de 1989). Por isso, qualquer discussão e ulterior petição não tem fundamento.

O que me faz sonhar e ser feliz


O que me faz sonhar e ser feliz


Mesmo em meios às adversidades podemos sonhar e ser feliz

De tempos em tempos, faz muito bem reavaliarmos a vida e percebermos a necessidade de mudanças para continuarmos vivendo plenamente. É como quem está seguindo em uma estrada reta e, de repente, depara-se com uma bifurcação. Não dá mais para seguir do mesmo jeito, é preciso optar por uma direção ou outra e preparar-se para as novidades que seguem. Sim, a vida é feita de novidades!

Cada dia é único, mesmo que seja repleto de coisas aparentemente iguais. Nós também somos únicos, mesmo que, às vezes, nos tratem como iguais. Então, viver cada dia com suas surpresas, fazendo nossas próprias escolhas, abertos às novidades, é o que dá verdadeiro sentido à vida. Aliás, sentido é uma palavra que tem tudo a ver com a forma que escolhemos viver. Não estamos neste mundo por acaso, e ter um sentido na vida faz toda diferença. Conheço um provérbio popular que diz: “Para o barqueiro que não sabe aonde quer chegar, nenhum vento lhe é favorável”. Ou seja, quem não tem uma meta dificilmente chega a alguma conquista, e até quando aconteçam coisas boas, nada parece lhe favorecer.

É que, na verdade, costuma-se encontrar o que se procura. Por isso, se você busca a felicidade, por exemplo, vai encontrar razões para ser feliz mesmo em meio às adversidades; contudo, se não busca a felicidade, quando ela vier ao seu encontro não a reconhecerá. Assim, se não sei o que estou buscando, como posso encontrar? É claro que existem pedras no caminho e nem todos os ventos sopram a nosso favor, mas quando temos uma direção, algumas pedras nos servem de degraus e alguns ventos fazem nosso barco avançar mar adentro com maior velocidade. Então, se quisermos realizar sonhos e viver em paz, é preciso sabermos com clareza aonde queremos chegar, e, a partir daí, fazermos as pequenas e grande escolhas do dia a dia, sem medo de arriscar.

Lembre-se de que você é único e tem um valor fundamental neste mundo. Siga seu coração e procure agir de acordo com aquilo que você sonha e deseja, e não de acordo com o que os outros pensam e querem para você. Nessa busca, você precisa olhar para seu passado com gratidão, mesmo que tenha sido difícil, sabendo que ele só pode influenciar seu futuro positivamente se você tiver aprendido com seus erros. Também precisa ter calma e respeitar seu processo de mudança.

O mundo pede urgência, é verdade, mas o coração tem seu próprio ritmo. Portanto:

– Tenha paciência com você mesmo, respeite seus limites e vá dando um passo de cada vez sem desanimar.

– Não permita que nada impeça suas relações com as pessoas, com Deus e com você mesmo.

– Se for preciso, reconcilie-se, recomece, ame mais intensamente e não queira ser sempre o dono da razão.

Permita-se o direito de errar e arrisque mais uma vez, sempre que for preciso.

Quem sabe o que quer não perde tempo se lamentando das quedas, olha para o futuro com esperança e sabe que para chegar aonde deseja, tem de viver bem o presente. Portanto, levante a cabeça e volte a acreditar nos seus sonhos agora mesmo!

Você não estará sozinho, existe um Deus que o ama e está disposto a orientar seus passos. “Quer você se volte para a direita, quer para a esquerda, uma voz atrás de você lhe dirá: ‘Este é o caminho; siga-o’” (Is 30,21).

A felicidade está à sua espera, por detrás de cada acontecimento que a vida lhe proporciona, vá ao encontro dela sem medo. Os ventos são favoráveis para o barqueiro que sabe onde quer chegar!
Dijanira Silva - missionária da Comunidade Canção Nova, 

Como educar meus filhos com sabedoria?


Como educar meus filhos com sabedoria?

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
Muitos pais se sentem desesperados quando o assunto são os filhos

Vivemos tempos difíceis, quando buscamos uma solução para enfrentar a rebeldia da juventude. Muitas crianças, adolescentes e jovens se rebelam contra seus pais. Qual seria, então, o caminho para os conflitos atuais e como enfrentá-los de modo cristão?

O ‘não’ na vida de uma criança é tão importante quanto o ‘sim’. Dizer ‘não’ indica que a liberdade tem limites. Vivemos um tempo em que a liberdade sem limites é propagada e tudo parece ser permitido. Mas a realidade mostra que liberdade sem limites se torna prisão. O ‘não’ educa a criança para a vida, mostra a ela que até determinado ponto pode-se ir, mas ultrapassar aquele limite é perigoso.

Dizer ‘não’ significa ensinar às crianças que nem na vida tudo é permitido. O fato de receber um ‘não’ amadurece a criança, o adolescente e o jovem para a vida. Quem nunca ouviu um ‘não’, quando se deparar com ele fará birra, esperneará e rolará pelo chão. Essa cena é comum em muitos locais. O ‘não’ educa, desde que seja pronunciado com amor.

Não é raro muitos pais gastarem o salário de um mês suado de trabalho com as roupas mais caras para seus filhos. No desejo de atender às solicitações dos pequenos, usam todo o dinheiro em uma calça ou um tênis. No entanto, nunca têm tempo para perguntar aos filhos como estão na escola, quem são seus amigos ou se estão passando por alguma dificuldade.

A calça, por mais cara que seja, um dia vai rasgar. O tênis, com o tempo, vai se desgastar. O brinquedo, mais cedo ou mais tarde, vai quebrar. No entanto, há valores que permanecem para sempre no coração dos filhos.

As frases: “Eu te amo”, “Você é importante para mim”, “Em que posso ajudá-lo?” ficam para sempre gravados no coração dos filhos. Isso não significa que os presentes não possam ser oferecidos, mas quando eles ocupam um lugar de valor essencial para a saúde emocional de um filho, está na hora de rever alguns conceitos.

Hoje, muitos lares estão enfrentando as “inversões de papéis”, pois a autoridade é concedida a alguém que passa a ocupar um lugar que não é seu. É muito comum vermos cenas em que crianças assumem o papel de pai e mãe dentro de uma família. Talvez, por medo de magoar os filhos, muitos pais vão concedendo às crianças uma autoridade que ainda não é o momento de experimentarem; assim, crescem “mandando” nos pais.

Chega um determinado momento em que a voz dos pais se cala, e a criança, o jovem ou a adolescente, é que dita as regras dentro do lar. O pai e a mãe agora são reféns das vontades e manias de uma criança de cinco anos ou de um adolescente que exige que todos os seus desejos sejam respeitados e realizados. É preciso cuidado nesses casos! Se uma criança de cinco anos “manda” dentro de casa, imaginemos o que não fará quando tiver seus quinze anos de idade. É preciso estabelecer os papéis de maneira correta dentro da família, e todos saberem quem é o pai, a mãe e o filho.

Nas Sagradas Escrituras lemos: “Não se deixem enganar: ‘As más companhias corrompem os bons costumes’” (1 Cor 15,33). Hoje, muitos pais não sabem quem são os amigos e amigas de seus filhos. Esses mesmos pais, por vezes, se perguntam: “O que fiz de errado na educação dos meus filhos? Sempre os levei para a Igreja, mas agora estão em um caminho errado…”. Diante dessas questões que afligem tantos pais e mães, é preciso saber com quem os filhos estão andando. Quem são os amigos dos seus filhos? Quais influências eles exercem sobre suas crianças? Amigos que caminham nas trevas também levam outros para o mesmo caminho. Por isso, sempre será necessário que os pais conheçam os amigos de seus filhos e os oriente sobre o perigo de se envolverem com quem caminha longe da luz de Deus.
Padre Flávio Sobreiro - Vigário Paroquial da Paróquia Nossa Senhora do Carmo (Cambuí-MG). Padre da Arquidiocese de Pouso Alegre – MG.


Oração para educar o filho no caminho da obediência


Oração para educar o filho no caminho da obediência 

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
Educar o filho no caminho da obediência requer oração

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo!

Senhor, dai-nos a graça da sabedoria para educarmos os nossos filhos no caminho da obediência. Dai-nos a graça de não termos medo de corrigi-los.

Nós Lhe pedimos, Senhor, a sabedoria de uma pedagogia inspirada, a fim de formarmos nossos filhos; sabedoria para utilizarmos a correção segundo o Seu coração.

Dai-nos a graça de não nos omitirmos quando eles precisarem de correção.

Senhor, liberta-nos de toda omissão, porque não queremos cruzar os nossos braços diante dos erros dos nossos filhos, mas sim chamá-los a uma vida de obediência e justiça, como Sua Palavra nos ensina.

Senhor, dai a sabedoria a todos os pais, àqueles que se sentem perdidos na formação de seus filhos; ilumina-os com Seu Espírito Santo, tira do coração deles todo sentimento de fracasso e derrota. Liberta-os, Senhor.

Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo. Amém
Autor: Salette Ferreira

Como vencer a desvalorização da família


Como vencer a desvalorização da família

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
O pior problema das famílias desestruturadas não é de ordem financeira, mas moral

Mais do que nunca, a família é atingida, como disse o Papa João Paulo II, por muitas causas: praga do divórcio, “uniões livres”, aborto, controle irregular da natalidade, “amor livre”, “sexo seguro”, “produção independente”, inseminação artificial, “casamentos” de homossexuais, preservativos, eutanásia, úteros de aluguel, pornografia, ideologia de gêneros, adultérios, feminismos excêntricos, novelas imorais, brigas, bebidas etc.

Toda essa desordem moral desaba sobre a família e seus amargos frutos caem sobre a própria sociedade, especialmente sobre as crianças. Irmã Lúcia, vidente de Fátima, disse a um cardeal que a batalha final de satanás contra a Igreja será pela “destruição do matrimônio e da família”; e hoje isso é notório, pois aí está a base do plano de Deus. João Paulo II disse, certa vez, que o mal sabe que não pode vencer Deus; então, procura destruir sua obra: a família. Ele disse também que o futuro da Igreja e da sociedade passa pela família. A própria ONU está aliada com a proposta de “desconstrução da família”, como se viu na Conferência da China, sobre a mulher, em 1995, e na Conferência do Cairo sobre a demografia em 1996.

Hoje, a Igreja vê a família extremamente ameaçada. Na Carta às Famílias, escrita por ocasião do Ano da Família, em 1994, o Papa João Paulo II faz seríssimos alertas sobre as ameaças que hoje a família sofre. Ele disse: “Nos nossos dias, infelizmente, vários programas sustentados por meios muito poderosos parecem apostados na desagregação da família” (CF 5).

Mais à frente, o Papa continua a denunciar as ameaças à família: “No contexto da civilização do desfrutamento, a mulher pode tornar-se para o homem um objeto, o filho um obstáculo para os pais, a família uma instituição embaraçante para a liberdade dos membros que a compõem. Para convencer-se disso, basta examinar certos programas de educação sexual introduzidos nas escolas, as tendências pró-abortivas que em vão procuram esconder-se atrás do chamado “direito de escolha” (pro choice) por parte de ambos os cônjuges e, particularmente, por parte da mulher” (CF,13).

Nessa mesma linha, sem meias palavras, o Papa denunciou os perigos que hoje rondam a família: “O chamado ‘sexo seguro’, propagandeado pela civilização técnica, na realidade, é, sob o perfil das exigências globais da pessoa, ‘radicalmente não seguro’. E mais, é gravemente perigoso”. Por causa disso, o Papa disse no Brasil, em 1997, que há entre nós milhares de crianças “órfãs de pais vivos” (CF, 14). Que tristeza!

Mostrando que a mentalidade consumista e antenatalista é uma ameaça à família, o Papa diz:
“Quando um tal conceito de liberdade encontra aceitação na sociedade, aliando-se facilmente com as mais variadas formas de fraqueza humana, rapidamente se revela como uma sistemática e permanente ameaça à família” (CF,14).

O pior problema, hoje, das famílias desestruturadas, não é de ordem financeira, mas moral. Quando os pais têm caráter, fé, ou como o povo diz, “tem vergonha na cara”, por mais pobre que sejam, são capazes de impedir a destruição do seu lar. São inúmeros os casais pobres, mas que, com uma vida honesta, de trabalho e honradez, educaram muitos filhos e formaram bons cristãos e honestos cidadãos.

A miséria maior que destrói as famílias pobres e ricas é a miséria moral e a falta de religião. É esse resgate moral que precisamos realizar para recuperar a família segundo o coração de Deus. De tudo o que foi exposto até aqui, chegamos à conclusão de que a reforma da sociedade não poderá ser feita sem a reforma da família, segundo os planos do seu fundador. Somente ancorada na Lei eterna de Deus a família e a sociedade poderão ser felizes.

Em vista dessas ameaças contra a família, torna-se casa vez mais importante uma “educação no lar” que valorize a vida, a lei de Deus, a catequese, a oração em família e a solidariedade entre pais e filhos, entre esposo e esposa. Marido e mulher precisam ser fiéis um ao outro, e jamais se permitirem envolver com intimidades com outras pessoas, ameaçando a destruição da família com o adultério e o divórcio. A família cristã precisa, todos os dias, rezar o Terço de Nossa Senhora.

Os pais precisam dar boa formação moral e religiosa aos filhos, ensinando-lhes com clareza, desde pequenos, a evitar tudo que é imoral, tudo o que foi citado acima e ameaça a família. Aos poucos, uma mídia sem Deus, as novelas perversas, as revistas profanas, vão minando a fé e a moral católicas, e muitos começam achar que certos procedimentos irregulares são normais.

Cabe aos pais fiscalizar o que seus filhos estão aprendendo nas escolas, pois, de modo especial nas escolas públicas, têm sido colocado nas mãos das crianças cartilhas imorais e pornográficas. Hoje, a identidade e a formação das crianças são ameaçadas pela diabólica “ideologia de gênero”, que tenta se implantar por lei, visando a criança.

Os cristãos precisam, por outro lado, manifestar-se de maneira organizada e unida com a hierarquia da Igreja, contra tudo que seja proposta de lei que ameace a família, e rechaçar das escolas tudo que seja imoral na formação dos filhos. A grande maioria católica do nosso país não pode se tornar uma maioria silenciosa e omissa, dominada por uma minoria gritante e agitadora que quer implantar entre nós leis imorais e destruidoras da família.

Por tudo isso, é fundamental que em todas as paróquias haja uma boa pastoral familiar, que possa preparar os jovens para o casamento segundo os valores do Evangelho, em retiros para namorados, noivos e casais. Todos os casais cristãos são chamados, hoje, sem que ninguém fique de fora, a ajudar nessa ação evangelizadora em função da família. Urge que se crie um “mutirão familiar”. Caso contrário, vamos chorar mais tarde, quando virmos nossos filhos e netos vivendo valores que não são do Evangelho da salvação.
Felipe Aquino - apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”.

Alimentação e oração caminham juntas?


Alimentação e oração caminham juntas?

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
Com a falta de alimentação e oração, passamos a ser desnutridos espiritual e fisicamente

O nosso corpo é formado por um conjunto de órgãos e tecidos, porém, muitas vezes, esquecemo-nos de que somos dotados também de alma e espírito. Para um bom funcionamento do nosso organismo físico, assim como para nossa saúde espiritual, é necessário que aconteça o equilíbrio entre essas partes. Elas precisam se comunicar de forma saudável e equilibrada.

O primeiro ponto importante para refletirmos é como um corpo mal nutrido pode corresponder também a uma alma que não é nutrida por Deus.

Estar bem nutrido é dar as doses certas de nutrientes em quantidade e qualidade para o corpo. E não basta dar apenas proteínas ou só vitaminas, porque as carências alimentares vão aparecer e, junto com elas, consequentemente, as doenças.

Na nossa vida espiritual, se não nos alimentarmos pela oração, se não soubermos buscar o “alimento” certo e em quantidade certa, seremos desnutridos espiritualmente e ficaremos com a alma doente.

Na Solenidade do Santíssimo Corpo e Sangue de Jesus, neste ano, o Papa Francisco nos falou, em sua homilia, sobre o verdadeiro alimento que sacia a alma: “Se olharmos ao nosso redor, daremos conta de que existem tantas ofertas de alimento que não vêm do Senhor, mas, aparentemente, satisfazem mais. Alguns se nutrem de dinheiro, outros de sucesso e vaidade; há ainda os que se alimentam de poder e orgulho. No entanto, a comida que nos alimenta verdadeiramente e que nos sacia é somente aquela que nos dá o Senhor! O alimento que Ele nos oferece é diferente dos outros, e talvez não nos pareça saboroso como certas iguarias que nos oferece o mundo.”

Outro ponto importante que podemos refletir é que para cumprirmos bem nosso trabalho e missão, é necessário ter o vigor e o ânimo que os alimentos nos trazem. Vemos isso na Palavra de Deus quando Elias, fugindo, sentiu-se desfalecer de fraqueza; então, o anjo o chamou e alimentou, enviando-o novamente para a missão.

“E o anjo do Senhor tornou uma segunda vez, tocou-o e disse: ‘Levanta-te e come, porque te será muito longo o caminho’. Levantou-se, pois, e comeu e bebeu; e com a força daquela comida caminhou quarenta dias e quarenta noites até Horebe, o monte de Deus” (1 Reis 19,7-8).

Vale lembrar que a privação de determinados alimentos parcial ou completa, como uma forma de se relacionar com Deus – prática do jejum –, não pode ser entendida apenas como uma via natural e explicável, pois aí temos toda uma mística, uma ação sobrenatural de Deus no corpo do homem.

Vemos na história de vários santos que muitos se alimentavam apenas com a Eucaristia, e ela os sustentava de forma completa, no que diz respeito também ao seu sustento físico. Santa Catarina de Sena, por exemplo, desde a idade de 20 anos, só se alimentava com a Sagrada Eucaristia. Dessa forma, podemos perceber verdadeiramente que os mistérios de Deus na vida do homem vão muito mais além do que aquilo que podemos explicar de forma fisiológica. Por isso, podemos dizer que a alimentação e a oração caminham juntos: alimentos do corpo e alimentos da alma. Nós rezamos também com o nosso corpo!
Cristiane Zandim -  É missionária na comunidade Canção Nova desde 2011. 

4 de agosto de 2015

Onde se encontram as vocações presentes na Igreja


Onde se encontram as vocações presentes na Igreja

A palavra vocação adquire um significado específico quando se trata de uma vocação especial

“A razão mais sublime da dignidade do homem consiste na sua vocação à união com Deus.
É desde o começo da sua existência que o homem é convidado a dialogar com Deus: pois, se existe, é só porque, criado por Deus por amor, é por Ele por amor constantemente conservado; nem pode viver plenamente segundo a verdade, se não reconhecer livremente esse amor e se entregar ao seu Criador. Porém, muitos dos nossos contemporâneos não atendem a esta íntima e vital ligação a Deus, ou até a rejeitam explicitamente; de tal maneira que o ateísmo deve ser considerado entre os fatos mais graves do tempo atual e submetido a atento exame” (Gaudium et Spes, 19).

“Vocação” tem assim um significado muito amplo e se aplica a toda a humanidade, chamada à salvação cristã. Entretanto, “vocação” se realiza em atitudes e deveres particulares que determinam a escolha que cada pessoa faz para dar à própria vida um sentido ideal: cada estado de vida, cada profissão, cada dedicação aos outros pode ser caracterizada como vocação, que lhe dá uma dignidade superior e um valor transcendente. Mas a palavra vocação adquire um significado específico quando se trata de uma vocação especial, que vem de Deus diretamente, como um raio fulgurante de luz que ilumina o mais profundo da consciência humana e se expressa numa entrega total da vida ao amor de Deus, que depois se desdobra no amor e no serviço ao próximo. Trata-se de um fato tão sagrado que exige uma atenção especial da Igreja, justamente pelo valor da “pérola preciosa” (Mt 13, 46) que aí se expressa (Cf. Beato Paulo VI, Mensagem para a Jornada Mundial de Orações pelas vocações, 1967).

Mais ainda. A Igreja não vive sem pessoas que se dediquem à evangelização. “De fato, ‘todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo’. Ora, como invocarão aquele em quem não creram? E como crerão naquele que não ouviram? E como o ouvirão, se ninguém o proclamar? E como o proclamarão, se não houver enviados? Assim é que está escrito: ‘Bem vindos os pés dos que anunciam boas novas!'” (Rm 10, 13-15). E aqui está o desafio, pois a Igreja não organiza uma rede de propagandistas profissionais, mas envia homens e mulheres livres e voluntários, seguidores de Cristo que lhe dão tudo o que são e o que têm, com todos os riscos que este seguimento comporta. Com que alegria meu olhar se dirige a tantos jovens, rapazes e moças, que têm acolhido o chamado de Deus a esta radicalidade de vida!

Mas onde se encontram tais pessoas? Onde encontrar mais gente que se dedique ao anúncio do Evangelho? “A messe é grande, mas os trabalhadores são poucos. Pedi, pois, ao Senhor da colheita que envie trabalhadores para sua colheita!” (Mt 9, 37-38). Um assunto tão delicado foi confiado por Deus a nós e à nossa oração! Ele quer depender justamente de nós para que as vocações de especial consagração a ele e ao seu Reino sejam despertadas e cultivadas na Igreja. Imensa bondade e confiança indescritível na responsabilidade das pessoas e das comunidades cristãs. Aqui nasce o primeiro apelo para o mês de agosto, dedicado às vocações. Se são importantes todos os estados de vida na Igreja, desta feita nos permitimos voltar nosso olhar de modo especial à consagração específica de dedicação exclusiva à Igreja e ao Reino de Deus.

Onde se encontram estas pessoas? Em nossas Paróquias e Comunidades. Durante o mês dedicado às vocações, chegue minha palavra aos sacerdotes, especialmente os que têm a cura pastoral nas Paróquias. Chamem e o façam de modo bem claro e explícito, pois as vocações estão presentes na Igreja. O que falta é trato, carinho, cuidado atencioso. Proponho que todos os padres e em todas as missas, especialmente aos domingos, durante o mês de agosto, convoquem para o seguimento de Jesus crianças, adolescentes e jovens, para a vida sacerdotal, religiosa, missionária e para as novas formas de dedicação à Igreja. Depois, queira Deus que sejam procurados pelas vocações assim despertadas e dediquem tempo para acompanhá-las.

Onde se encontram tais pessoas? Sem dúvida alguma nas famílias! Peço aos pais e mães que perguntem com liberdade e força aos seus filhos e filhas sobre “vocação”. E tenham a coragem de abrir-lhes o horizonte, dizendo que ser consagrado a Deus é um caminho de grande felicidade! Tenho a certeza de que existem vocações escondidas, quais pedras preciosas, que aguardam pais e mães capazes de as cultivarem com carinho e oração.

Onde se encontram tais pessoas? São crianças, adolescentes e jovens aos quais chegam estas palavras, destinadas a abrir o mês vocacional. É você que já sentiu um apelo irresistível pela entrega total da vida a Deus. Pode ser que o ambiente da sociedade não lhe favoreça responder positivamente, mas muito maior do que todos os ventos que correm é a voz de Deus que lhe diz ser este o seu lugar, na dedicação total a ele e ao seu Reino, no coração da Igreja.

Onde se entram tais pessoas? No coração de Deus! Por isso, proponho às famílias e às Paróquias rezarem durante o mês de agosto uma das mais belas e conhecidas orações pelas vocações:

“Senhor da messe e pastor do rebanho, faz ressoar em nossos ouvidos teu forte e suave convite: ‘Vem e segue-me’! Derrama sobre nós o teu Espírito, que Ele nos dê sabedoria para ver o caminho e generosidade para seguir tua voz. Senhor, que a messe não se perca por falta de operários. Desperta nossas comunidades para a missão. Ensina nossa vida a ser serviço. Fortalece os que querem dedicar-se ao Reino, na vida consagrada e religiosa. Senhor, que o rebanho não pereça por falta de pastores. Sustenta a fidelidade de nossos bispos, padres e ministros. Dá perseverança a nossos seminaristas. Desperta o coração de nossos jovens para o ministério pastoral em tua Igreja. Senhor da messe e pastor do rebanho, chama-nos para o serviço de teu povo. Maria, Mãe da Igreja, modelo dos servidores do Evangelho, ajuda-nos a responder SIM. Amém”.
Dom Alberto Taveira Corrêa - Arcebispo da Arquidiocese de Belém – PA.

Sou padre e feliz


Sou padre e feliz

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
O sacerdócio é um caminho de realização e felicidade, por isso sou padre e sou feliz

Certa ocasião, Jesus estava falando sobre as verdades do Reino de Deus para os seus discípulos. Ele dizia que era preciso renunciar, aceitar os desafios e enfrentar a cruz. Em Suas palavras, explicava valores eternos como a ternura, a sensibilidade para com os pobres, a simplicidade e a fidelidade. De repente, o atrevido Pedro tomou a palavra e perguntou: “Eis que deixamos tudo para te seguir. Que haverá então para nós?”. Jesus respondeu: “Todo aquele que por minha causa deixar irmãos, irmãs, pai, mãe, mulher, filhos, terras ou casa receberá o cêntuplo e possuirá a vida eterna” (Mt 19,27-29).

Isso tem a ver com a Ladainha da Felicidade que Jesus pronunciou no conhecido Sermão da Montanha: “Felizes os pobres, porque deles é o céu; felizes os que choram, porque serão consolados; felizes os mansos, porque possuirão a terra […]; felizes sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós.” (Mt 5,1-12). Deixar tudo para seguir Jesus não é um caminho de frustração e tristeza, mas de realização e felicidade. Por isso, sou padre e sou feliz.

Jesus prometeu aos Seus seguidores a felicidade já na terra e a garantia de um lugar no céu. Isso nos deixa totalmente seguros e felizes. Mas atenção! O mestre de Nazaré não vendeu um pacote de ilusões. Ele avisou – como disse o poeta – que, no meio da caminho, haveria uma pedra: “Em verdade vos digo: ninguém há que tenha deixado casa ou irmãos, ou irmãs, ou pai, ou mãe, ou filhos, ou terras por causa de mim e por causa do Evangelho que não receba, já neste século, cem vezes mais casas, irmãos, irmãs, mães, filhos e terras, com perseguições e no século vindouro a vida eterna” (Mc 10,29-31).

A vida do sacerdote é um caminho de felicidade entre riscos. O profeta tem que estar preparado para colher os frutos de sua profecia. Podem ser elogios ou críticas; admiração ou incompreensão. Se o padre vai à casa das pessoas, muitos dirão que é popular; outros dirão que é populista, vive passeando, escolhe as pessoas etc. Se o padre é mais místico e prefere ficar na casa paroquial em oração e estudo, dirão que é antissocial. Se faz um sermão mais social, dirão que é metido em política. Se a homilia é mais espiritual, alguém dirá que ele é alienado. Se é zeloso com a liturgia, haverá quem o critique por ritualismo. Se é criativo, dirão que não prepara seus sermões. Se fala o básico, alguém dirá o mesmo: não prepara seus sermões.

Nem Jesus agradou a todos. João Batista era um profeta dedicado à ascese e foi criticado como antissocial e possesso por um demônio. Jesus ia à casa das pessoas e comia do que Lhe ofereciam. Foi chamado de guloso e beberrão (cf. Mt 11,18-19). Não tem jeito. O coração maldoso das pessoas teima em criticar quem faz o bem. O padre, no entanto, não toma como parâmetro as palavras malditas. A sua referência é a promessa das palavras benditas de Jesus. Ser padre traz imensa felicidade nesta terra e a certeza de que o meu lugar é o céu.

Tenho muitos irmãos sacerdotes que são criticados injustamente. Nenhum deles é perfeito, mas vivem o que é possível da sua vocação. Cheguei à conclusão de que ninguém joga pedras em uma árvore sem frutos. Os sacerdotes mais criticados normalmente são os que mais frutificam. Continuamos nosso caminho apesar desses rumores. Ser padre sempre passou pela cruz e pela renúncia, mas posso lhe garantir: é muito bom! Sou padre e sou feliz.
Padre Joãozinho, SCJ - Padre da Congregação do Sagrado Coração de Jesus (Dehonianos), 

A influência dos avós na educação dos netos


A influência dos avós na educação dos netos

Daniel Mafra/cancaonova.com

Hoje, os avós têm um papel importante na educação dos netos diante da realidade dos pais trabalharem fora 

Aqui em casa há uma placa que ganhei da minha irmã: “Na casa dos avós tudo pode”. No início pensei que seria deseducador, mas, com o tempo, senti que os meus netos se sentiam orgulhosos com o grau da sua importância para nós. Tudo pode quando eles vêm apenas para passear e não temos a função de educá-los; justamente por isso, fica fácil ser conselheiro, companheiro e contribuir para o desenvolvimento emocional e espiritual. O “domingo” para os netos é dia de diversão, quando podem experimentar e misturar alimentos, tais como batata com leite condensado e comer apenas arroz, porque é o que gostam, mas sem valor nutritivo.

Num mundo conturbado, onde os pais precisam trabalhar para garantir o “melhor” para seus filhos, muitos avós assumem a responsabilidade de ficar com os netos durante a jornada de trabalho de seus filhos.

O tempo de convivência diária e o tipo de relação definem a forma de relacionamento. A responsabilidade cotidiana tem uma forma de tratamento diferente de quem ajuda temporariamente, porque, nesses casos, os avós assumem o papel de educadores. É preciso também ter regras diferentes, para os casos de apoio enquanto os pais trabalham ou quando os avós assumem integralmente a responsabilidade parenteral, em caso de morte ou abandono dos pais.

Para os avós, os efeitos positivos dessa convivência é que rejuvenescem, sentem-se alegres, reencontram sua utilidade e objetivos de vida. Os efeitos negativos aparecem quando se sentem explorados e sobrecarregados física e economicamente. Em alguns casos, os conflitos entre modelos educacionais causam crises entre os pais e avós, que requer um diálogo para definir as bases da educação.

Para estudar ou trabalhar, deixar os filhos com pessoas que confiam, com laços de parentesco e de amor, propicia tranquilidade na maioria dos casos. Os impactos negativos surgem quando as culturas das famílias são muito diferentes e conflitantes ou por imaturidade dos avós que querem competir com os pais pelo amor da criança.

As crianças são beneficiadas, porque convivem com gerações diferentes, aprendem a valorizar os idosos, mantém o sentimento de pertença familiar, sentem facilidade de negociação com os avós, pois teoricamente pela idade já estão mais maduros para definirem as prioridades do que podem ceder ou não. Os estudos mostram que os avós, mesmo que não possuam formação escolar adequada, fornecessem valores sólidos, apoio emocional e se esforçam para garantir a felicidade dos netos, o que impacta positivamente na vida escolar e afetiva deles. Por outro lado, é preciso um alerta para não ter uma educação permissiva, conflitiva, mimada ou de compensação pela falta dos pais.

Quando os avós dividem com os pais a responsabilidade pela educação, alguns cuidados precisam ser tomados, tais como, definir em conjunto a rotina infantil, respeitar os princípios educacionais dos pais, não criticar os pais diante das crianças. Alguns pais se preocupam se os avós podem deseducar netos, a resposta é sim quando: eles não cumprem o seu papel de pais, os avós discordam e agem diferente dos princípios dos pais e estes não encontram disponibilidade de tempo para introjetar os valores e comportamentos que acreditam serem certos.

Em síntese, nesta convivência entre avós e netos, a família pode se beneficiar se as crianças percebem os pais como responsáveis pela educação e o acolhimento, e os avós como apoiadores que oferecem carinho. Entretanto, pode ser prejudicada quando, nesta relação, existe conflito de papéis e princípios, disputa de poder e falta de amor. É preciso discernimento para os avós estarem perto quando precisam e longe quando pais e filhos estão num momento que pertence só a eles. Ou seja, aquilo que ficar combinado num diálogo franco terá de ser cumprido para não sair caro para a família no final.
Ângela Abdo - É coordenadora do grupo de mães que oram pelos filhos da Paróquia São Camilo de Léllis (ES) 

Principais sintomas da hiperatividade


Principais sintomas da hiperatividade

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

É importante ter clareza sobre as características da hiperatividade

Eta, menino sapeca! Esse menino não para quieto; tudo o que começa, ele larga! Só Deus!
Que pena você não ter pensado assim antes sobre o comportamento de seu filho, por isso demorou tanto para ver o que lhe faltava, para que ele pudesse se sentir uma criança socialmente saudável e feliz com ele mesmo! Mas como dizem os jovens, “a ficha caiu”. Vamos lá, então, discernir o que está acontecendo com as crianças de hoje. Creio que elas estejam sendo vítimas de um sistema bruto, carentes de atenção, de ensinamentos domésticos, reforços positivos e extremamente exigentes.

As crianças não sabem mais quem elas são, onde estão e para onde estão levando a sua infância. Ora as pessoas as vestem como adultos, ora as tratam como bebês. Mas nunca somente como crianças. E quem são essas crianças às quais estamos nos referindo? Esperamos que sejam crianças que brincam, choram, fazem birra, perguntam, falam e argumentam, que têm direitos e deveres. Dificilmente elas sabem onde estão: se na casa dos pais, se na casa dos avós ou na escola. Enfim, onde tiver gente para tomar conta, parece-me que ali elas vão estar. Para onde elas vão? Aí está o X do problema. Ops, o X do texto.

Para onde as crianças deste mundo contemporâneo estão indo? Algumas para a academia, outras para o ballet ou inglês; e como se fosse pouco, vão também para o apoio pedagógico, isso é, antiga banca, um lugar para fazer o dever de casa. Já outras vão para os consultórios de psicologia ou, quem sabe, neurologistas em busca de receitas para ficarem mais quietas e concentradas.

Há crianças que vão para psiquiatras infantis por não suportarem suas próprias ansiedades. Há também aqueles meninos e meninas, talvez poucos, que vão para área livre de suas casas, para correr de bicicleta, brincar de bonecas ou de super-heróis, fazer comidinha de mentirinha e cantar parabéns para o aniversário da Barbie, imitar a professora e brincar de escola, cair, levantar, ralar os joelhos, viver sem antecipação…

Que maravilha se todas as crianças fossem, desde o início da sua infância, para um território que se chama “brincar”! A ausência de oportunidades próprias para infância, nos tempos modernos, tem produzido comportamentos infantis intolerantes, birrentos, impacientes e, muitas vezes, insatisfeitos. Crianças que reclamam de tudo, de tudo o que têm e de tudo o que não têm.

O bom sempre é o desnecessário e o necessário sempre é o ruim. Acabam por serem afetadas negativamente pelo ambiente e, por consequência, afetam o mesmo. Um dos sintomas de que este século não tem sido adequado para formação dos nossos pequeninos é o surgimento de comportamentos estranhos, transtornos e desajustes que se instalam em muitas dessas crianças e adolescentes; principalmente os que têm a tendência a desenvolver transtornos mentais e comportamentais.

A hiperatividade tem sido uma característica comum no comportamento de muitas crianças, segundo a queixa dos pais e professores nos consultórios de psicologia. A hiperatividade se refere a uma extrema agitação psicomotora, enquanto o déficit de atenção manifesta-se em baixa concentração, impulsividade. Contudo, os dois sintomas juntos provocam incapacidade de terminar as tarefas propostas, sejam elas em casa ou as tarefas escolares.

Impulsividade na execução das tarefas, pouca organização, incapacidade de compreender instruções etc., são sintomas que impedem pais e professores de serem assertivos em suas atitudes frente tal comportamento. Faz-se necessário, então, autocontrole, paciência, estudos e clareza em como se pretende administrar um comportamento dessa natureza. Contudo, não se deve generalizar e achar que todo comportamento por demais ativo está enquadrado no TDHA – Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade.

Para saber se existe a possibilidade de ser esse o diagnóstico, deve-se basear os sintomas em várias fontes de informação, não apenas nos resultados dos questionários enviados pelos médicos à escola e à família. Devem ser ouvidos os pais e professores, de forma a “contextualizar” a informação dos questionários. Segundo Jorge Elói, psicólogo, mestre em Psicologia da Educação e pós-graduado em Hipnoterapia, a “Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção é uma perturbação neuropsicológica, com uma alta predisposição genética, aproximadamente 70%”.

É importante ter clareza sobre a característica, a frequência, intensidades e duração do comportamento que está comprometido nesse transtorno, para que não seja confundido o comportamento que requer medicamento e o que não precisa de profissionais de saúde para ser administrado. Contudo, o mais importante na educação de uma criança com comportamento que exige uma atenção especial não está apenas na aquisição dos diagnósticos e na escuta dos encaminhamentos médicos, mas na oportunidade de essas crianças se sentirem amadas e pertencentes a uma família: a viver em um lar harmonioso, livre de tensões, que seus pais tenha expectativas em relação à vida dos filhos; que as crianças convivam com bons exemplos e que, em suas vidas, tenham alegria, amor e divertimento.

A hiperatividade deverá ser enfrentada a partir do que de bom uma criança classificada como tal possa oferecer de melhor para o ambiente em que ela está inserida.
Judinara Braz - Diretora Pedagógica da Escola João Paulo I – Feira de Santana (BA).





O que é ser católico?


O que é ser católico?

Conhecer o significado de ser católico é enraizar-se ainda mais no cristianismo 

Um jovem me fez essa pergunta. Disse que há algum tempo está em crise de fé e tem buscado a solução em igrejas evangélicas. Em uma delas, ao se confessar católico, ouviu dizer que a palavra “católico” nem sequer está na Bíblia. Pedi que ele abrisse a sua Bíblia no Evangelho de Mateus, capítulo 28, versículos 18b-20. ““É-me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto ide, fazei discípulos de todas as nações, batizando-os em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo; Ensinando-os a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos. Amém.””

Você percebeu que fiz questão de colocar em negrito uma palavrinha que aparece de modo insistente no texto: “TODO”. Jesus tem todo o poder; devemos anunciá-Lo a todos os povos, guardar todo o ensinamento d’’Ele na certeza de que estará todos os dias conosco. Essa ordem de Cristo foi levada muito a sério pelos discípulos. Em grego, a expressão “todo”” pode ser traduzida por “Kat-holon”. Daí vem a palavra “católico” (em grego seria: Καθολικός). Ao longo do primeiro e segundo séculos, os seguidores de Jesus Cristo começaram a ser reconhecidos como “cristãos” e “católicos”. As duas palavras eram utilizadas indistintamente.

Ser católico já significava “ser plenamente cristão”. O Catolicismo, portanto, é o Cristianismo na sua “totalidade”.

É a forma mais completa de obedecer ao mandato do Mestre antes de sua volta para o Pai. O mesmo mandato pode ser lido no Evangelho de Marcos 16,15: “”Ide e pregai o Evangelho a toda criatura””. Há, portanto, uma catolicidade vertical, que é ter o Cristo todo, ou seja, ser discípulo; e uma catolicidade horizontal, que é levar o Cristo a todos, ou seja, ser missionário. Isso é ser católico: totalmente discípulo, totalmente missionário, totalmente cristão!

Ao que tudo indica, o termo “católico” se tornou mais popular a partir de Santo Inácio de Antioquia (discípulo de São João) no ano 110 d.C. Pode significar tanto a “universalidade” da Igreja como a sua “autenticidade”. Quase na mesma época, São Policarpo utilizava o termo “católico” também nesses dois sentidos. São Cirilo de Jerusalém (315-386), bispo e doutor da Igreja, dizia: “A Igreja é católica porque está espalhada por todo o mundo; ensina em plenitude toda a doutrina que a humanidade deve conhecer; conduz toda a humanidade à obediência religiosa; é a cura universal para o pecado e possui todas as virtudes” (“Catechesis”18:23).

Veja que já estão bem claros os dois sentidos de “católico” como “universal e ortodoxo”. Durante mil anos os dois significados estiveram unidos. Mas, por volta do ano 1000, aconteceu um grande cisma, que dividiu a Igreja em “Ocidental e Oriental”. A Igreja do Ocidente continuou a ser denominada “católica” e a Igreja do Oriente adotou o adjetivo de “ortodoxa”. A raiz as duas palavras remetem ao significado original de Igreja: “autêntica”.

A Igreja católica reconhece que cristãos de outras Igrejas podem ter o batismo válido e possuir sementes da verdade em sua fé. Porém, sabe que apenas ela conserva e ensina, sem corrupção, TODA a doutrina apostólica e possui TODOS os meios de salvação.

Devemos viver e promover a sensibilidade ecumênica favorecendo a fraternidade com os irmãos que pensam ou vivem a fé cristã de um modo diferente. Mas isso não significa abrir mão de nossa catolicidade. Quando celebramos a Eucaristia, seguimos à risca a ordem do Mestre, que disse: “”Fazei isso em memória de mim!”.” A falta da Eucaristia deixa uma grande lacuna em algumas Igrejas. Um pastor evangélico, certa vez, disse-me que gostaria de rezar a Ave-Maria, mas, por ser evangélico, não conseguia. Perguntei por quê? Ele disse que se sentia incomodado toda vez que lia o “Magnificat” em que a Santíssima Virgem proclama: “Todas as gerações me chamarão de bendita” (Lc 1,48).… E se questionava sobre o porquê de sua geração tão evangélica não fazer parte desta geração que proclama Bem-aventurada a Mãe do Salvador!

Realmente, ser católico é ser totalmente cristão!
Padre Joãozinho, SCJ - Padre da Congregação do Sagrado Coração de Jesus (Dehonianos),