A Palavra de Deus

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DOPAS

DOAÇÃO, ORAÇÃO, POBREZA, ALEGRIA E SIMPLICIDADE

18 de maio de 2015

Dom do Entendimento ou Inteligência

Dom do Entendimento ou Inteligência

O dom do entendimento nos faz ver melhor a santidade de Deus e a infinidade do Seu amor

Há pessoas simples que, mesmo sem entender os dogmas e demais ensinamentos da Santa Igreja, permanecem fiéis aos seus ensinamentos; possuem o sabor pelas coisas de Deus e, mesmo ignorando o vasto significado da liturgia, dos dogmas e das orações, dão testemunho de intensa devoção e piedade. Estão repletos de sabedoria, mas lhes falta o entendimento, o qual se resume na busca pela compreensão das coisas de Deus, no seu sentido mais profundo.

O dom do entendimento dá-nos a percepção espiritual necessária para entender as verdades da fé em consonância com as nossas necessidades. Sabedoria não é consequência do entendimento ou vice-versa; mas o perfeito complemento da sabedoria. Por serem distintamente preciosos, fazem com que nos aproximemos de Deus com todas as nossas forças, com toda a nossa devoção e inteligência.

A palavra “inteligência” é derivada de intellegere, que significa ler dentro, penetrar a fundo. Na ordem natural, entendemos intelligimus quando captamos a essência de alguma realidade. Na linha da fé, paralelamente, entender é penetrar, ler no íntimo das verdades reveladas por Deus, é ter a intuição do seu significado profundo. Pelo dom do entendimento, o cristão contempla com mais lucidez o mistério da Santíssima Trindade, o amor do Redentor para com os homens, o significado da Sagrada Eucaristia na vida cristã, a importância dos sacramentos, da liturgia, da Palavra de Deus, das mortificações, meditações, orações, da moral católica etc.

A penetração que o dom da inteligência (ou do entendimento) nos dá é diferente daquela que o teólogo adquire pelo o estudo; esta é relativamente penosa e lenta. Além do que, pode ser alcançada por quem tem alcance intelectual, mesmo que não possua grande amor. Ao contrário, o dom da inteligência é eficaz mesmo sem estudo; é dado aos pequeninos e ignorantes, desde que tenham grande amor a Deus. Jesus disse: “Eu te bendigo, Pai, Senhor do Céu e da Terra, porque escondeste estas coisas aos sábios e entendidos, e as revelastes aos pequeninos” (Mt 11,25)

Conta-se que um irmão leigo franciscano disse certa vez a São Boaventura († 1274), o Doutor Seráfico: “Felizes vós, homens doutos, que podeis amar a Deus muito mais do que nós, os ignorantes!” Respondeu-lhe Boaventura: “Não é a doutrina alcançada nos livros que mede o amor. Uma pobre velha ignorante pode amar Deus mais do que um grande teólogo se estiver unida a Ele”. O irmão compreendeu a lição e saiu gritando pelas ruas: “Velhinha ignorante, você pode amar Deus mais do que o mestre Frei Boaventura!”.

Na ordem natural, é compreensível que o amor brote do conhecimento. Na ordem sobrenatural, porém, pode acontecer o inverso: é o amor que abre os olhos do conhecimento. Os que mais amam a Deus são os que mais profundamente dissertam sobre Ele. Santo Agostinho dizia: “Creio para compreender e compreendo para crer”.

São frutos do dom do entendimento as intuições das verdades da fé que são concedidas a muitos cristãos durante o seu retiro espiritual ou durante uma leitura inspirada pelo amor a Deus. O “renascer da água e do Espírito” (Jo 3,3), a imagem da “videira e dos ramos” (Jo 15,5), o “seguir a Cristo, renunciando a si mesmo e tomando a cruz a cada dia” (Lc 9,26), e muitas outras verdades, tomam então clareza nova e transformam a vida do cristão.

O dom do entendimento mostra também o “horror, a hediondez do pecado” e a grandeza da miséria humana. Os santos, quanto mais se aproximaram de Deus, quanto mais foram santos, tanto mais tiveram consciência do seu pecado ou da sua distância em relação Àquele que é três vezes Santo.

Em suma, o dom do entendimento nos faz ver melhor a santidade de Deus, a infinidade do Seu amor, o significado dos Seus apelos e também a pobreza da criatura que se compraz em si mesma, em vez de aderir corajosamente ao Criador.
Felipe Aquino - Canção Nova

O que acontecerá se pararmos de rezar?


O que acontecerá se pararmos de rezar?

Quando deixamos de rezar, acontece uma grande mudança em nosso interior

Na verdade, eu nunca havia parado para pensar sobre isso, talvez por saber o bem que a oração me proporciona e também por ter, desde criança, aquela discreta lembrança que “Deus castiga se não rezamos”. A feliz descoberta que tenho feito, a cada dia, é que, se eu parar de rezar, Deus não vai parar de me amar, pois o amor d’Ele é incondicional. Ele não ama porque é amado, antes ama, porque é o próprio amor.

Você poderia me perguntar: “Então, por que a Palavra de Deus nos ensina: ‘Orai sem cessar em todas as circunstâcias?'” (Tes. 5). É que a oração purifica o coração de todos os afetos desordenados ligados às coisas terrenas e passageiras e nos aproxima de Deus, de quem nossa alma tem sede e saudade, mesmo que ainda não tenhamos consciência disso.

Compreendi melhor o valor da oração ouvindo a história que partilho também com você: “Conta-se que, numa floresta, existia uma ermida antiga, abandonada e dedicada a São Roque. Todos os anos, pela passagem de sua festa, vinha o piedoso sacristão da aldeia vizinha, que varria e enfeitava o pequeno santuário com simplicidade e beleza. Na véspera da festa, o velho sino da ermida era tocado fortemente para convidar os moradores das redondezas a participar dos festejos. No alto da torrezinha, o sino havia guardado um ano de silêncio e solidão. Aves e insetos noturnos encontraram ali um abrigo tranquilo, onde se aninharam confortavelmente dominando o espaço. Porém, bastava o primeiro repicar do sino e todos saíam esvoaçados em busca de outras paragens.”

E isso nos faz compreender o que acontece em nosso interior. Quando deixamos de rezar, bem depressa, ídolos ocultos começam a se acomodar nos recantos obscuros da nossa alma e tentam aí fazer sua morada. A cobiça, o orgulho a autossuficiência, a avareza, a vaidade e tantas outras mazelas se aninham em nosso ser causando desânimo, tristeza e cada vez mais nos distanciando da felicidade que Deus quer nos proporcionar. Eu mesma sou testemunha disso. Muitas vezes, percebo que estou agitada, impaciente e intolerante até comigo mesma. Então, é como se um sininho discreto começasse a tocar lá no meu interior avisando que está faltando oração. Quando isso acontece, procuro imediatamente retomar com mais afinco minha espiritualidade e, sem demora, também percebo os frutos. É que quando tomamos ânimo e fazemos repicarem os sinos da oração em nossa vida, expulsamos de nosso interior tudo o que é contrário a Deus e nossa alma fica preparada para recebê-Lo. Como Ele é a própria luz, entra em nossa alma e dissipa toda espécie de trevas, devolvendo-nos a paz e a serenidade que tanto queremos.

Então, façamos ressoar o sino da oração em nossa vida, com coragem e disposição hoje mesmo! A reza do terço, a leitura orante da Palavra de Deus, a confissão dos pecados e a participação na Santa Missa podem ser ótimas dicas para recomeçar. E lembre-se: mesmo que você pare de rezar, Deus vai continuar amando-o. Mas se você rezar, poderá experimentar este amor, e isso fará toda diferença!
Dijanira Silva - missionária da Comunidade Canção Nova, atualmente reside na missão de São Paulo. Apresentadora da Rádio CN América (SP)