A Palavra de Deus

A Palavra de Deus

DOPAS

DOAÇÃO, ORAÇÃO, POBREZA, ALEGRIA E SIMPLICIDADE

9 de agosto de 2013

PÓS JMJ: BOTE FÉ, BOTE AMOR, BOTE ESPERANÇA

Após a tão aguardada Jornada Mundial da Juventude no Rio trazemos no coração um novo ardor e uma fé mais viva e disposta a dar testemunho contra a corrente, aliás tão ressaltado pelo papa Francisco. Foram dias de muitas experiências ricas: a unidade na mesma fé, as orações em comuns, a Palavra de Deus refletida, a Eucaristia celebrada, a alegria de ser fiel discípulo do Senhor, que traz em si o desejo de partilhá-la com os demais, o respeito, a paz... A experiência de peregrinar, caminhar, seguir confiando não na mochila que os jovens traziam em suas costas, mas simplesmente confiando no Senhor. “Confia no Senhor e faze o bem, habita na terra e vive tranquilo” (Sl 37, 3).

Sem sombras de dúvida a JMJ marcou positivamente a Igreja no Brasil e a evangelização da juventude. Os milhões de jovens no Rio e acompanhando pelos meios de comunicação se transformou em um dos mais belos testemunhos de fé que o mundo viu. De fato, como o próprio papa lembrou: são os jovens seus herois porque expressam o rosto jovem de Cristo. Os jovens exortados pelo Papa Francisco foram convidados a acrescentarem três elementos em suas vidas: fé, amor e esperança.

É preciso que a cruz plantada no coração de cada católico o faça ser campo aberto, onde haja receptividade para Cristo e sua Palavra. É preciso que se deixe envolver-se e dar-se por Jesus Cristo. O jovem é marcado por grandes ideais, que apostam alto, que querem escolhas definitivas que garantam sentido às suas vidas. E é exatamente estes grandes desejos que encontram em Cristo e em sua Igreja a resposta necessária.

De fato, podemos ter a certeza que a Nova Evangelização empreendida a partir do Beato João Paulo II tem nas jornadas um dos momentos altos, pois elas despertam para a sensibilidade da fé, tira-nos do comodismo para nos lançarmos ao Mistério, que é Deus, ao outro, que é meu irmão. 

As jornadas é o sinal de que a Igreja está próxima, ama, cuida e acaricia os seus fieis. Em um tempo tão marcado pela violência, pelo individualismo, consumismo, corrupção, esvaziamento, depressão; os jovens gritaram no silêncio orante de Copacabana que vale a pena trazer no peito a cruz de Cristo, que vale a pena ter fé e experimentar a proximidade com Cristo. É possível ter fé e dialogar com o mundo. São jovens no mundo, que contra a corrente, na mais variadas vezes, afirmam seu amor a Deus sem perder a alegria e a ternura, tão bem expressados nos cantos, nos sorrisos, nos abraços e nos apertos de mão. Aliás, tais gestos foram a marca da passagem do papa Francisco pelo Brasil – fé e esperança de que vale a pena crer. “Partilhar a experiência da fé, testemunhar a fé, anunciar o Evangelho é o mandato que o Senhor confia a toda a Igreja, também a você. É uma ordem, sim; mas não nasce da vontade de domínio, da vontade de poder. Nasce da força do amor, do fato que Jesus foi quem veio primeiro para junto de nós e não nos deu somente um pouco de Si, mas se deu por inteiro, Ele deu a sua vida para nos salvar e mostrar o amor e a misericórdia de Deus. Jesus não nos trata como escravos, mas como pessoas livres, como amigos, como irmãos; e não somente nos envia, mas nos acompanha, está sempre junto de nós nesta missão de amor” (Papa Francisco).
Geraldo Trindade 
Bacharel em filosofia pela Faculdade Arquidiocesana de Mariana, estudante de teologia no Seminário São José da arquidiocese de Mariana (MG)

FRANCISCO: "SORRISO DE UM BOM CORAÇÃO"!

Caros amigos, quero através destas poucas linhas tentar descrever uma experiência que para mim foi única e sublime; as palavras tentam demonstrar um pouquinho de tudo o que vivi. Estar próximo ao Papa Francisco me trouxe um sentimento de que eu estava representando muitos jovens que tinham o desejo de receber o seu abraço ou mesmo de contemplar de perto o seu sorriso. 

Francisco... Simplicidade até no próprio nome. O primeiro contato que tive com o Santo Padre foi logo que ele desceu da Sacristia improvisada próxima à Capela dos Apóstolos no Santuário Nacional, pois eu iria entrar com ele na procissão de entrada da celebração eucarística. Logo que desceu e nos avistou todos ali o esperando para o início da celebração o Santo Padre já nos saudou com um sorriso gostoso e acolhedor. Durante toda a celebração estive “cara a cara” com o Papa, pois fui o responsável de segurar o microfone para ele (Agüenta coração! Rs). 

Após a celebração nos dirigimos todos ao Seminário Bom Jesus, berço das vocações na Arquidiocese de Aparecida. Ali esperamos por minutos que pareciam não passam aguardando o trajeto do Santo Padre de “papamóvel” do Santuário até o Seminário. Todos ali, na entrada do prédio, ansiosos pela visita do Sucessor de Pedro. Logo que chegou o Santo Padre já esbanjou sua simpatia distribuindo abraços a todos que ali se encontravam; logo também cumprimentou os seminaristas e padres que ali residem. Ao passar por mim senti uma grande paz, era a segunda vez que tinha um contato tão próximo com o Papa. Não perdi a oportunidade, foi ali mesmo que entreguei a ele uma “bandana”, um lenço com os nomes de vários jovens da Paróquia Nossa Senhora da Glória (Guaratinguetá) do meu grupo da JMJ, dos seminaristas e de alguns amigos. Ao entregar a ele o lenço lhe disse “Santo Padre receba um presente de alguns jovens”, ele me acolheu com um surpreso sorriso e me questionou “É para mim mesmo”, mais que pronto respondi “Sim, aí estão os nomes de vários jovens que vão à JMJ” e ele mais que depressa colocou a “bandana” no pescoço e me perguntou “posso usar assim?” e ali os sorrisos e um belo clima de descontração se fizeram presentes. 

Naquele gesto simples senti o amor do Papa pelos jovens. Sua espontaneidade conquista, atrai e envia os jovens em missão. Almoçamos com o Santo Padre no Seminário. E que almoço! Eu não sabia se comia ou se ficava somente contemplando o singelo semblante do Santo Padre. Depois da refeição o reitor do Seminário pediu ao Santo Padre que nos concedesse uma benção e ele mais que pronto lha concedeu, ao término o Papa nos fez o seu insistente pedido: “Rezem por mim!”... Isso tudo me soou tão suave e carinhoso aos ouvidos. Esse foi o terceiro contato com o Santo Padre. 

Após esse momento o aguardamos na saída do seminário. Ao subir no “papamóvel” estávamos do ladinho do mesmo aguardando mais um “tchauzinho” pelo menos; e eis que o Papa nos surpreende vindo ao nosso encontro e dizendo em alto e bom tom “Sean Buenos curas!” (Sejam bons padres!) O que tocou meu coração e que veio como o mandato de um pai que ama os filhos e que querem que eles sejam bons.

Todo esse momento ao lado do Papa me fez ver a maravilha que é ser um Cristão autêntico. Pude fazer uma experiência de estar #seguindoopapa, ou seja, após sua ida para o Rio de Janeiro lá também fui eu participar da JMJ. Que maravilha! Que graça de Deus na vida da juventude de todo o mundo! Como costumo sempre dizer aos que me perguntam, a vinda do Santo Padre à JMJ e suas atividades que nos revelam um servidor, um homem simples, querem nos dizer muito e chamar a nossa atenção para que – mais do que nunca – sejam Cristãos e, especialmente jovens do encontro. Devemos ir ao encontro dos outros que precisam de nós. O mandato foi feito “Ide fazei discípulos entre todas as nações” e agora cabe a cada um de nós jovens levarmos o sorriso, o carinho e a simplicidade de Francisco aos demais jovens que se encontram em meio às drogas, aos vícios... O encontro com o Papa não me “deixou nas nuvens”, muito pelo contrário, me lançou pra frente, me colocou ainda mais os pés no chão e me fez perceber que minha missão é estar entre os jovens para ajudá-los também nos seu processo de encontro com o Mestre Jesus para que também estes sejam missionários. 

Deus abençoe a todos. Aprendi com o Papa a fazer algo muito belo, pedir sempre e insistentemente: “Rezem por mim!”

Paz e Bem! Deus abençoe a todos!
Luiz Fernando Miguel
Seminarista da arquidiocese de Aparecida (SP)

O PAPA FRANCISCO E O OLHAR PARA TRÁS: A JMJ DE 2013

A primeira viagem Apostólica do Papa Francisco, ocorreu na vigésima oitava jornada mundial da juventude. Quis Deus, na sua benignidade, fosse o Brasil, dentro do primeiro ano do seu pontificado. Na sua metodologia ingressou pelo portal do coração. Que linda palavra para demonstrar um dos mais importantes órgãos do ser humano. É ele que nos da vida. Em sua feliz colocação, o Santo Padre, demonstrou o que Jesus disse: “Eu vim para que todos tenham vida” (Jo 10, 10). O coração é o promotor da vida. Na simplicidade das palavras do Pontífice, disse: “Permitem-me que nesta hora eu possa bater delicadamente a esta porta”. Referindo-se ao coração, implicitamente, fez uma alusão à porta estreita (Lc 13, 24). Deu a entender, ao dizer, “que não trazia nem ouro nem prata”, mas trazia o mais precioso, Jesus Cristo. É precisamente o Mestre que nos diz: “Quem põe a mão ao arado e olha para trás não é digno de mim” (Lc 9, 51-62). Acredito que o Papa queria renovar a terra e colocar os jovens para trabalhar na Vinha do Senhor. A parábola da Vinha do Senhor é muito oportuna aqui (Mt 20, 1-16). Lá vimos jovens para todas as horas do dia. O que interessa é que nenhum ouse olhar para trás.

Ao abrir as cortinas do palco da JMJ aquela multidão de Jovens, certamente, pensou: Quantas pessoas e coisas vou conhecer e aprender aqui. A figura profética do Sumo Pontífice sua aparência, seu comportamento, suas atitudes / palavras revelam de modo manifesto, a condição de que algo novo iria acontecer. É aqui que devemos ser criativos, considerando a possibilidade de ganhar ou perder, de romper com velhos padrões para aderir aos novos. O Papa com seus textos e mensagens quer que sejamos novos “atores” sociais de uma nova evangelização. O Documento de Aparecida é a bussola. Ele (documento) apresenta-nos o elenco a prudência a habilidade de conduzir nosso contato com mais profundidade orante, deixando o pessimismo e a mediocridade, abrindo-nos ao otimismo encorajador. Esta é a pedra filosofal do Papa ao se referir ao documento de Aparecida ( Cf. V Conferência do Episcopado da América Latina e do Caribe 13 a 31 de maio de 2007). As palavras de Paulo a Timóteo são sempre novas e atuais neste contexto: “Eu sei em quem depositei minha confiança” (2 Tm 1, 12). O Santo Padre nos encoraja.

Eis que vivemos num mundo em constante mudança. Acredito que isso não seja novidade para ninguém. Devido a esta inovação, a cada dia, necessitamos de informações atualizadas e adaptadas. É a realidade da vida. A da Igreja não é diferente. Devemos estar sempre preparados para o novo. Aquele que olha para trás, percebe que foi, exatamente, neste momento que perdeu a grande chance de avançar em “águas mais profundas” (Lc 5, 4). Jesus formalmente nos diz: “Quem olha para trás não é digno de mim” (Lc 9, 62). Para isso, devemos dar importância a cada oportunidade, consultando nossa consciência, ouvindo a “voz” do coração e permeando os sentimentos como grandes conselheiros. A natureza humana tem algo que lhe é intrínseco, a busca. Não enterres o talento que Deus te deu (Mt 25, 14 - 30; Lc 19, 12 - 27). Jovens vocês foram enviados pelo Papa. 

Diante dos altos e baixos, das certezas e dúvidas que a trajetória da sociedade nos oferece, somos convidados a nos engajar sempre numa nova fase, sem nunca olhar para trás, assumindo uma postura diante do eu que nos faz viver e, sobretudo, diante da vida. Não nos podemos achar pequenos ou indefesos diante do nuclear ou da era da informática. Jesus é mais. Não somos nenhum míssil ou algo supersônico. Nós somos o que somos e isso basta. Não temos a pretensão de ser e-mail, que nos lembra a velocidade de anos luz. Somos humanos e como tal queremos e merecemos ser tratados. Jesus nos diz: “Eu vos chamo de amigos” (Jo 15, 15), logo pessoa, gente.

Não queremos ser deslocamento histórico, mas observadores da história. Nossa intenção não é olhar para trás para criticar ou erigir opiniões compulsivas esquecendo o sentimento e a vivência de cada época. Nossa consciência não quer ser cortesia do “eu penso” por “eu sinto”. Não somos “caixa de ferramentas” com peças que só servem para instantes quando algo está errado. Queremos ser “amortecedores” novos de um pensar consciente, desenvolvendo a habilidade de lidar com sentimentos capazes de transformar a intenção em ação e, sobretudo, ter um coração que perceba, sinta e aceite a capacidade que o eu e o outro somando forças podem transformar o mundo. Jesus é explicito: “Eu vos dei o poder” (Lc 10, 19). Não queremos medir ou pesar distâncias, nosso desejo é fazer reinar o primeiro passo. Nossa intenção nos leva avante a exemplo daquele que anunciou o Reino dos Céus comparando-o a um grão de mostarda (Mt13, 31-32; Mc 4,30; Lc 13,18). Não olhe para trás. O Papa nos pede isso.

O ápice da vitória daquele que acredita no não olhar para trás, está naquele que é “Caminho, Verdade e Vida” (Jo 14,6) Jesus Cristo. O vitorioso não se intimida em levar adiante seus sonhos, planos e projetos, mesmo que alguns possam falhar ou não atingir o sucesso almejado. Só o tentar demonstra que você existe. O apogeu do triunfo está no não reclamar de tudo e de todos, bem como, responsabilizar os outros como os eternos culpados por seus problemas, mas organizar suas forças Naquele que disse que somos sal e luz do mundo ((Mt 5, 13 -16). Jovens vocês são vinho novo (Mt 9, 17; Mc 2, 22) em odres novos. Nossa maior aventura é olhar para frente, ser fermento na massa (Mt 13, 33) e jamais alimentar o sentimento de que somos inúteis. Não olhe para trás. Pense nisso.
Cônego Manuel Quitério de Azevedo
Arquidiocese de Diamantina (MG)

AMOR E SEXO NA VIDA CONJUGAL


Dentre as muitas definições que arriscamos fazer sobre a palavra “amor”, nenhuma delas poderá ser eficaz se não houver o comprometimento das pessoas naquilo que lhes traz a realização mútua.

Algumas pessoas vivem seu relacionamento conjugal de maneira bastante turbulenta, com abusos, violência ou em situações de egoísmo que jamais poderiam ser estabelecidas num convívio, o qual tem como princípio o crescimento comum. Tal relacionamento, se assim permanecer, alcançará uma condição insustentável, fazendo com que um dos cônjuges opte pela separação, ainda que tenham se casado por amor.

Todavia, muitos casos de separação não acontecem somente pelas agressões sofridas por um dos cônjuges. Outras situações podem fazer com que os casais vivam a separação silenciosa, a qual facilmente poderá resultar no rompimento do compromisso conjugal ou permitir a abertura para relacionamentos paralelos, alegando que o amor e o encantamento do início tenham desaparecido entre eles.

Muito se comenta sobre a necessidade de o casal fazer o resgate do romantismo, mesmo tendo acumulado algumas dezenas de anos de vida conjugal. Mas o que eu tenho recebido como resposta é a dificuldade em recuperar tal sentimento devido às muitas “cinzas” surgidas sobre “as brasas” daquele amor que originou o casamento. Isso porque a falta de comprometimento e de atenção às outras queixas – inclusive no que diz respeito à vida sexual do casal – esvaziou-se ao longo do tempo.

Conhecemos as responsabilidades e os compromissos que envolvem a vida conjugal, aquilo que é o prático para a manutenção do lar e da família. Dessas atividades, parece ser prioritário tanto para as esposas quanto para os maridos o cumprimento de seus afazeres estabelecidos como metas do dia, mesmo que para isso eles tenham que aplicar todo seu esforço físico. Dentro dessa dinâmica própria da vida conjugal, os casais podem deixar-se envolver pelas muitas atividades que compreendem o seu dia a dia.

Contudo, é importante para eles se lembrarem de também valorizar outras atitudes que alimentam e fazem a manutenção do amor que desejam nutrir na relação entre homem e mulher, pois, se quando eles eram apenas namorados, foram capazes de fazer todas outras coisas e ainda disponibilizar de um tempo para se prepararem para a (o) namorada (o), hoje as manifestações de carinho para com o cônjuge precisam ter o mesmo grau de importância.

Os momentos de namoro entre os casados não podem acontecer ou serem esperados apenas nas ocasiões de celebração como aniversários de casamento ou em uma viagem, tampouco podem ficar presos a dias específicos da semana.

Se as inúmeras tarefas domésticas, tanto para o marido quanto para a esposa, roubam esses momentos, talvez fosse interessante para os cônjuges incluir, naquilo que é de suas ocupações, também a vivência da intimidade como parte integrante do relacionamento.

A falta de atitude para uma mudança desgasta qualquer relacionamento e, no caso do casamento, poderá minar até mesmo o desejo em trocar beijos mais calorosos ou criar outros momentos de sedução, os quais poderiam propiciar a intimidade.

As bases para esses momentos acontecem quando lembramos que o nosso cônjuge também tem desejos íntimos e espera vivê-los com quem se casou. Vale notar que tal momento, mais que extravasar a libido, deverá ser resultado de outros gestos que ratificam uma união, na qual, seus efeitos extrapolam no tempo e no contato físico. Tudo ganha um novo significado.

Assim, para evitar as famosas escapulidas ou justificativas como o cansaço, a falta de disposição, o sono, a preguiça e a mais conhecida de todas as desculpas – a dor de cabeça – para se esquivarem da intimidade conjugal, o casal optaria por aplicar também para a vida sexual o mesmo grau de interesse com que valorizam suas outras obrigações.

É certo que o trabalho, as obrigações com a família e o lazer são importantes, contudo há uma maneira própria de cada um fazer o cônjuge se sentir sempre o “número 1” como foi em tempos de namoro.

Um abraço!
Dado Moura

DECEPÇÃO


“Ele enxugará toda lágrima dos seus olhos. A morte não existirá mais, e não haverá mais luto, nem grito, nem dor, porque as coisas anteriores passaram” (Ap 21,4).

Enfrentamos inúmeras situações em nossa história que, com ou sem a nossa autorização, acabam nos trazendo esse terrível sentimento: a decepção. Quem nunca se desencantou com alguém em quem acreditava? Quem já não esperou por realidades que não se concretizaram? Quem já não fez a experiência de não ser correspondido quando amou? A decepção é um sentimento presente na vida humana e nós precisamos aprender a bem administrá-lo.

Em algum momento de nossa história, todos nós nos decepcionamos, todos experimentamos a infelicidade de não nos sentirmos os “prediletos”. Contudo, é preciso compreender que se esse sentimento não for trabalhado e superado, poderá nos marcar com desastrosas consequências.

A decepção é um profundo veneno e, quando faz morada no coração, tende a nos roubar o entusiasmo, a alegria e o ânimo, além de nos fazer desacreditar da vida e das pessoas em geral. Ela nos leva a pensar que nossas lutas são em vão, roubando, assim, o sentido de nossos esforços e crenças. Por isso, precisamos sempre contra-atacar esse sentimento.

Antes de tudo, é preciso destruir definitivamente alguns chavões: “homem é tudo igual, não leva nenhuma mulher a sério”, “meus namoros nunca dão certo”, “eu não paro em nenhum emprego”, “o casamento é ilusão, na prática não funciona” etc. É preciso romper com a mentalidade negativista que a decepção acaba fabricando em nós.

Não é porque uma mulher viveu uma experiência dolorosa com um determinado homem, que todos eles “não prestam”. Há, sim, homens bons. Não é porque o casamento de algum conhecido (até mesmo o seu) não deu certo, que o casar-se tornou-se uma utopia irreal. Não é porque você se decepcionou uma vez, que irá se decepcionar sempre. Nem todas as pessoas são ruins e falsas.

Não temos o direito de desistir de amar pelo fato de termos vivido experiências difíceis. É preciso não se tornar escravo(a) da decepção, acreditar na vida, na família, nas pessoas, em Deus! É preciso tentar de novo, recomeçar.

Amanhã tudo poderá ser melhor, pois, a cada dia que se inicia, Deus nos dá a oportunidade de reescrever nossa história e, com Ele, poderemos dar cor e vida ao que antes era dor e ausência.

Deus é fiel e, diante das desventuras, Ele estará sempre pronto a abrir novos caminhos para que possamos recomeçar. É preciso acreditar e não parar na decepção. É preciso acreditar e não deixar a doçura presente nos dias se amargar. É preciso acreditar sempre!
Padre Adriano Zandoná
missionário da Comunidade Canção Nova.

NÃO SEJAMOS DESERTORES DA VONTADE DE DEUS

Tomai cuidado, diletos, para que os benefícios de Deus, tão numerosos, não se tornem condenação para todos nós, se não vivermos para ele de modo digno e não realizarmos em concórdia o que é bom e aceito diante de sua face, pois foi dito em algum lugar: “O Espírito do Senhor é lâmpada que perscruta as cavernas das entranhas” (Pr 20,27 Vulg.).

Consideremos quão próximo está e que nada lhe é oculto de nossos pensamentos e palavras. É, portanto, justo que não sejamos desertores de Sua vontade. É preferível ofendermos os homens estultos e insensatos, soberbos e presunçosos na jactância de seu modo de falar, a ofender a Deus. Veneremos o Senhor Jesus, cujo Sangue foi derramado por nós, respeitemos nossos superiores, honremos os anciãos, eduquemos os jovens na disciplina do temor de Deus, encaminhemos nossas esposas para todo o bem. Manifestem o amável procedimento de castidade, mostrem seu puro e sincero propósito de mansidão, pelo silêncio deem a conhecer a moderação da língua, tenham igual caridade sem acepção de pessoas para com aqueles que santamente temem a Deus.

Participem vossos filhos da ciência de Cristo. Aprendam que grande valor tem para Deus a humildade, o poder da casta caridade junto d'Ele, como é bom e imenso Seu temor, protegendo a todos que n'Ele se demoram na santidade de um coração puro. Ele é o perscrutador dos pensamentos e resoluções da mente. Seu Espírito está em nós, e, quando quer, retira-o.

A fé em Cristo tudo confirma. Ele, pelo Espírito Santo, nos incita: “Vinde, filhos, ouvi-me; ensinar-vos-ei o temor do Senhor. Qual é o homem que quer a vida e deseja ver dias bons? Afasta tua língua do mal e não profiram teus lábios a mentira. Desvia-te do mal e faze o bem. Busca a paz e persegue-a” (Sl 33,12-15).

Misericordioso em tudo, o Pai benigno tem amor pelos que O temem, concede com bondade e doçura Suas graças àqueles que se aproximam d'Ele com simplicidade. Por isso não sejamos fingidos nem insensíveis a Seus dons gloriosos.
São Clemente I, Papa e Mártir - Século I

6 de agosto de 2013

LEGADO DE LIÇÕES DA JMJ

A Jornada Mundial da Juventude 2013 (JMJ), festa da fé realizada no Rio de Janeiro, deixa um legado de lições a serem vivenciadas pela Igreja Católica e por toda a sociedade. Três delas se destacam. Em primeiro lugar e acima de tudo está a evidência da significação da presença e da centralidade de Deus na vida de cada pessoa e da sociedade. Destaca-se também o testemunho luminoso do Papa Francisco, configurado em simplicidade, ternura, transparência e proximidade, na sua primeira visita internacional, ainda bem no início de sua missão como sucessor do apóstolo Pedro. E no coração deste cenário, obviamente, a razão da Jornada Mundial da Juventude, a presença maciça e envolvente dos jovens procedentes do mundo inteiro. Essas lições se desdobram em muitas outras constituindo a Jornada Mundial da Juventude como fonte de referência.

A presença de Deus no coração de cada pessoa e no grandioso coração da multidão reunida nas ruas e praças, no aconchego das famílias, nas igrejas ou nos ambientes de trabalho e lazer, muda tudo. Abre caminhos na direção do bem e fortalece a convicção de que o amor conduz à fundamental afirmação da vida, lugar comum e inegociável do encontro de todos com suas afinidades e diferenças.

A análise simples do que ocorreu nas ruas da cidade do Rio de Janeiro, particularmente nos eventos em Copacabana, especialmente a congregação de mais de três milhões de pessoas na Missa de envio, encerrando uma verdadeira “maratona da fé”, comprova o diferencial em razão da centralidade de Deus. Sua presença no coração de cada um configurou uma grande comunidade, pela fé e pelo amor, de irmãos e irmãs de diferentes raças, línguas, povos, culturas e procedências. Um nível de unidade e fraternidade, sem incidentes ou violências, que só a presença amorosa de Deus consegue articular e manter.

Particularmente, merece atenção o admirável silêncio ante o mistério ali celebrado. Silêncio amoroso e de reverência que, certamente, Copacabana jamais presenciou. Essa força de Deus é uma lição para uma nação laica, por suas razões constitucionais, mas com um povo que preza e se sustenta pelo tesouro de sua fé. Uma realidade que adverte e pede a atenção de governantes e construtores dessa sociedade pluralista. Que torna imprescindível considerar esse horizonte de lições se quiserem dar consistência a projetos sociais e políticos no atendimento das demandas do povo.

O testemunho do Papa Francisco, luminoso por seu caráter evangélico e pela proximidade do seu jeito de ser ao de nosso Mestre Jesus Cristo, ilumina o horizonte do caminho missionário da Igreja. Verdadeiro discípulo do Senhor, Francisco ajuda a sociedade a buscar, de modo imprescindível, a fraternidade e a solidariedade. A proximidade junto a todos, especialmente pobres, sofredores, crianças, sua palavra simples, direta e densa de interpelações, tudo cultivado com a alegria de ser servidor de todos, consolida um rumo novo no caminho evangelizador da Igreja. Oferece muito, ou quase tudo o que a sociedade necessita aprender para ser mais justa e solidária.

Por isso mesmo, o testemunho do Papa Francisco, na gravidade de sua responsabilidade e no peso da repercussão singular de seus gestos e palavras, reafirma o horizonte que deve sempre orientar o caminho da Igreja e de todos os discípulos de Jesus. É primordial essa sua missão como sucessor do apóstolo Pedro, o escolhido por Cristo para presidir o colégio dos primeiros apóstolos. Início do caminho bimilenar da Igreja Católica, que atravessa os tempos pela força de testemunhos como o do Papa Francisco.

Sua missão assim vivida aponta decisivamente o rumo e o rosto de nossa Igreja. Fortalece testemunhos, alarga o comprometimento com uma Igreja simples, pobre, próxima, hospitaleira, que testemunha o Evangelho de Jesus Cristo, nele alavancando crescimentos. Virtudes reafirmadas de maneira eloquente na 5ª Conferência dos Bispos Latino-Americanos e Caribenhos no Santuário de Aparecida, em 2007, com presença e decisiva contribuição do então cardeal Bergoglio. Esse testemunho do Papa Francisco toca especialmente a juventude, que tem uma presença envolvente, anseios e dinâmicas próprias dessa fase da vida. Lições que indicam um lugar de escuta e de aprendizagem para introduzir todos no tempo novo da Igreja e da sociedade. 
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo de Belo Horizonte (MG).

JMJ: CHUVA DE GRAÇAS DIVINAS

Foi sucesso inesperado. Tudo parecia meio complicado até o momento de se iniciar a maior concentração popular do mundo ocidental da atualidade. As inscrições pareciam poucas, a crise econômica da Europa parecia um obstáculo forte, a violência praticada por vândalos nas manifestações de rua no Brasil impunha receios, e por fim, a meteorologia indicava situação dificílima, com queda brusca da temperatura, coisa raríssima no Rio de Janeiro. E assim começou a JMJ. Ao início da semana, tempo chuvoso de uma chuva gelada parecia ameaçar a participação nas catequeses em mais de 250 pontos da periferia ao centro do Rio. Não ameaçou. O Campus Fidei, onde a Igreja empregou milhões de reais para a missa de encerramento, alagava a cada dia. A chegada do Papa Francisco parecia ter sido minimizada por autoridades civis que não prepararam bom esquema de trânsito e nem segurança suficiente. 

Grupos agressivos a Cristo, à Fé Católica e ao direito das pessoas de crerem em Deus e de manifestarem sua fé, extremistas e propugnadores de teses contrárias à moral, à ética e aos direitos humanos manifestavam verdadeiro Odium Fidei, e comprometiam a paz, desafiando até mesmo a polícia e o exército com insultos inexplicáveis aos olhos da boa educação e da saúde mental. 

Depois de rezar com fervor, por vários dias, para a melhoria do tempo e pedindo a proteção para todos nós, cheguei a perguntar a Nosso Senhor: que quereis Vós, ó meu Deus, com este perigo de insucesso? Em que nós teríamos errado, Senhor, para sermos punidos desse jeito?

Porém, ao final do evento, pude perceber que tudo estava misteriosamente no coração amoroso de Deus e que mais uma vez se comprova que Ele não desampara o seu povo e dá vitória final a quem nele confia. A multidão dos fiéis, cuja fé foi mais forte que a chuva e o frio, como expressou o Papa Francisco, foi esplendorosamente recompensada pelo Pai Celeste. Ouvir a Palavra de Deus explicada com sabedoria e santidade pelo Papa Francisco; ver o Sucessor de Pedro que tem alma transparente e todas as características de um Pastor autêntico, simples, sem medo nem mesmo de arriscar sua vida só para ter contato direto e imediato com o povo santo de Deus; observar o crescendo da multidão de brasileiros e estrangeiros que iam chegando a cada dia até passar de três milhões e meio; sentir a sede de Deus, o interesse pela fé e a postura piedosa e comprometida dos rapazes e moças nas catequeses, o entusiasmo, até às lágrimas, por Jesus Cristo por parte daquele mar de jovens na praia de Copacabana; observar a atitude não agressiva, orante e marcada pelo amor aos inimigos, como Jesus ensinou, diante das provocações horríveis de manifestantes; sentir o amor de Cristo que quase se podia tocar com as mãos nos momentos da Via Sacra, da Vigília Eucarística e da Missa do Envio, receber a luz maravilhosa do sol brilhante dos últimos dias, ver a beleza natural do Rio de Janeiro presidida pelo Cristo Redentor no Corcovado, e tantas outras maravilhas de Deus acontecerem a olho nu, foi algo de lavar a alma e de criar um ânimo novo e surpreendente na propagação da fé para o povo de nosso tempo. Ouvi de vários jovens expressões como estas: “vale a pena ser católico”, “como a Igreja é bonita”, “cresci na fé”, “sei agora o que é ser totalmente de Cristo”, “Deus é maravilhoso”, e tantas outras falas que nos resultaram em alegria e renovada esperança.

Senti, ao passar dos dias, que tudo foi mudando para melhor até mesmo na compreensão das pessoas alheias à fé católica, na interpretação da mídia e no comportamento das autoridades. Começaram a aparecer cartazes como aquele “Não sou católico, mas amo o Papa Francisco”, ou testemunhos de evangélicos e de ateus que reconheciam e às vezes manifestavam quase entusiasmo por tudo aquilo que estava acontecendo naquela multidão de pessoas do bem e da paz, cuja fé e amor a Deus eram tão evidentes e tão eloquentes.

Não posso deixar de destacar algo que a grande mídia não mostrou: as Semanas Missionárias nas dioceses. Em Juiz de Fora, o Setor Juventude, as paróquias, as famílias, os padres, as casas religiosas, os seminaristas, os voluntários, a juventude em geral foram tão dedicados e fiéis que me encheram o coração de alegria e gratidão. A acolhida dos estrangeiros por parte de milhares de famílias hospedeiras, seja nas Semanas Missionárias das dioceses, seja nos dias da JMJ na cidade do Rio, e os gestos de cordialidade e partilha cristã demonstrados pelos moradores da orla de Copacabana que abriram suas casas para que os jovens pudessem usar seus banheiros, só foram vistos por quem estava por perto. Também o imenso e bonito trabalho dos féis católicos cariocas, sobretudo dos sessenta mil voluntários, dificilmente terá sido percebido por muita gente.

Mas nem a mídia, nem a coordenação e nem quem quer que seja, nem mesmo o Papa Francisco poderão ver nem medir o quanto do amor de Deus ficou impresso na alma dos que participaram e o esplendoroso efeito missionário que a JMJ 2013 representou e representará. Só Deus! 
Dom Gil Antônio Moreira
Arcebispo de Juiz de Fora (MG).

INSISTÊNCIAS DO PAPA FRANCISCO

A presença entre nós do Papa Francisco se constituiu em abundante semeadura. Cabe a nós agora cultivar essas sementes, a começar pelas mais necessárias para a caminhada de renovação eclesial em que nos encontramos. 

Tendo presente o conjunto de suas homilias e de seus gestos simbólicos, é fácil perceber algumas insistências do Papa Francisco, fruto de suas convicções. Vale a pena destacar algumas. 

Uma primeira insistência é de ordem espiritual, e propõe uma atitude de muita confiança na misericórdia de Deus. No começo, parecia que esta insistência na misericórdia divina era meramente circunstancial, em vista do “domingo da misericórdia” que estava sendo celebrado no início do seu pontificado. . Mas logo se percebeu que ultrapassava as cicunstâncias concretas, e se constituía em mensagem central do Evangelho. E não deixa de ser verdade, que a misericórdia divina faz parte do núcleo central do Evangelho de Cristo. 

A própria Igreja precisa assumir “as entranhas maternas da misericórdia”. 

Outra insistência do Papa Francisco está ligada à simplicidade, a transparência e à pobreza. A começar pelo testemunho que ele transmitiu, deixando bem claro que ele não se identifica com ambientes de elite, onde prevalecem a ostentação e o luxo. Foi enfático em advertir que não fica bem para as pessoas consagradas para estarem ao serviço do povo se valham desta situação para buscar aparências superficiais e enganosas. 

A constatação de que o próprio Deus se faz de necessitado, mostra o alcance desta atitude de desprendimento e simplicidade. “Deus entra pelo subterfúgio de quem mendiga”. Deus se faz de necessitado, para facilitar a acolhida e o diálogo.


Outra insistência se refere à “conversão pastoral”, que reiteradas vezes apareceu em suas homilias. A recomendação concreta enfatiza a importância da proximidade que a Igreja precisa ter face às pessoas e à sociedade. “A proximidade toma forma de diálogo, e cria a cultura do encontro”. São dimensões que fazem pensar nas situações cotidianas que envolvem a pastoral, e que precisam caracterizar a postura da Igreja, chamada a criar espaços de diálogo e oportunidades de encontro.

Uma insistência “revolucionária” foi expressa pelo Papa Francisco em forma de abertura missionária. A Igreja precisa “abrir as portas”, não só para acolher bem os que a procuram, mas sobretudo para sair de si mesma, e ir ao encontro dos que se estão afastados, ou mesmo já separados da própria Igreja. 

Por aí passa a mudança radical que o Papa está propondo. Se for assumida, mudam as perspectivas eclesiais. De uma Igreja acuada, e refugiada em suas próprias estruturas, se passaria para uma Igreja que vai ao encontro das pessoas e da sociedade, se faz próxima, e se coloca ao serviço das grandes causas do Evangelho.

Na verdade, a grande insistência do Papa se traduz na proposta de uma Igreja que deixa de ser “auto referencial”, de ter a si mesma como medida para sua ação. Mas que, ao contrário, escuta os apelos e os desafios que a realidade de hoje lhe apresenta, para aí situar o sentido de sua presença e de sua atuação.

Ele fala numa Igreja “descentrada”, que deixa de ter suas estruturas como referência, mas se situa na “periferia”, e a partir da periferia ela pode reencontrar sua verdadeira identidade e sua missão própria. 

É importante perceber como o Papa situou suas recomendações no horizonte da “Conferência de Aparecida” com sua proposta de realizar uma “missão continental”, colocando a Igreja em “estado permanente de missão”.

Tudo indica que este documento, com o Papa Francisco, assumirá significado mundial, ultrapassando os limites de sua destinação original para o continente latino americano. Neste contexto, deciframos melhor o que o Papa quis nos dizer com suas valiosas homilias. 
Dom Luiz Demétrio Valentini
Bispo de Jales (SP).

CONTINUE CAMINHANDO



Jesus disse: “Vai, tua fé te salvou”. No mesmo instante, ele recuperou a vista e foi seguindo Jesus pelo caminho (Mc 10,52).

A grande cura de Bartimeu se deu de imediato, mas creio que, ao longo do caminho, ele foi se formando como discípulo, até se tornar um grande apóstolo. A Bíblia não cita mais nada sobre ele, mas podemos imaginar o quanto este homem deve ter testemunhado sua cura e anunciado Aquele que o curou.

Nós também somos curados à medida que caminhamos, como o povo de Israel a caminho da Terra Prometida, quando se deparou com o Mar Vermelho (Ex 14,21-22).

Eles olham à frente o imenso mar e ao seu encalço o grande e poderoso exército do faraó. Tomados de espanto, invocam a Deus e murmuram com Moisés. O povo diz a ele: “Era melhor servir como escravos aos egípcios do que morrer no deserto” (Ex 14,12b). Mas Moisés respondeu ao povo: “Não temais! Permaneceis firmes e vereis a libertação!” Na verdade, ele pede três coisas muito difíceis ao povo: não ter medo, ter ânimo e crer que Deus dará a libertação. E o Senhor lhe diz (Ex 14,15):“Dize aos israelitas que se ponham em marcha”, e assim se dá a grande libertação. Ele se põe a caminho do mar, atrás vem seu povo e, à medida que caminham, o mar vai se abrindo. Esta é a resposta de Deus para cada um de nós quando estamos diante do nosso “Mar Vermelho”: continue caminhando e verás a libertação. Somos curados e libertos à medida que caminhamos.

Com os dez leprosos (Lc 17,11-19) aconteceu o mesmo. Naquela época, eles viviam totalmente separados da sociedade e das famílias, e formavam uma vida própria em vila, fora da cidade. Segundo os preceitos do Judaísmo, para que eles pudessem voltar para o convívio de todos era necessário que um sacerdote os examinasse e atestasse a cura. Jesus os curou e pediu que fossem se apresentar ao sacerdote. São Lucas diz que enquanto eles andavam, ficavam curados (Lc 17,14b).

Ao longo de meus anos de experiência e contato direto com as pessoas, tanto da minha comunidade como também por tantos lugares deste país e do mundo, tenho presenciado que conforme vamos caminhando, em comunidade, vamos sendo curados de nossas “lepras” e libertos de tantos cárceres que nos aprisionam: “É pela vossa perseverança que conseguireis salvar a vossa vida!” (Lc 21,19).

E assim as mãos de Deus vão nos moldando, restaurando e devolvendo a nossa originalidade de filhos. Imagem e semelhança de um Deus que é Amor.

Também aprendemos a vontade do Senhor para nossa vida, tornando-nos missionários desse Amor, doando ao próximo aquilo que de Deus recebemos. Como diz Santo Agostinho: “Deus só nos pede aquilo que Ele já nos deu”.

Acredito que, dessa maneira, aconteceu com Bartimeu: ele teve o grande encontro consigo mesmo e com Jesus naquele dia. Mas era necessário ir de encontro ao próximo, dividindo ou doando tudo aquilo que recebeu d'Ele. O Mestre entrou e saiu de Jericó, mas ainda teve tempo suficiente para realizar um grande milagre e formar um verdadeiro discípulo.
Astromar Miranda Braga

PROTAGONISTAS DE UM NOVO MUNDO


Os olhares do mundo se dirigiram para o Rio de Janeiro durante os dias da Jornada Mundial da Juventude! Evidentemente que a mídia em geral enfocou principalmente, como não poderia deixar de ser, a presença, os gestos e as palavras do Papa Francisco em sua primeira viagem pastoral, e justamente à “sua” América Latina. Realmente, foram de “lavar a alma” aqueles belos momentos. Muitos artigos ainda serão publicados sobre cada gesto, sobre cada frase ou cada possível omissão de palavra na frase, ou ainda sobre os momentos escolhidos para que o primeiro peregrino da Jornada estivesse em contato com os jovens presentes no Rio de Janeiro, e, através das mídias, com o mundo todo. Nunca saberemos quantos milhões de pessoas foram atingidas naqueles dias e que foram convidadas para a construção de um mundo mais justo e humano.

Porém, a Jornada teve muitos outros olhares. Os encontros menores, os países presentes, a primeira viagem de muitos jovens fora de sua pátria, a experiência das paróquias, dos padres, das famílias acolhedoras! E o que dizer da feira vocacional, o encontro de grupos nacionais em grandes momentos, a presença das relíquias de santos e beatos, as mostras culturais, os shows variados pela cidade?

E a presença de jovens que embelezaram todos os cantos durante mais de uma semana levou também à admiração e simpatia os habitantes dessa cidade. Já tinham dado um grande passo: abriram suas casas e seus corações ao irmão que veio de longe! Nisso, as pesquisas foram unânimes: a alegria dos que foram acolhidos pela generosidade e fraternidade dos cariocas! Os que para cá vieram experimentaram que foram acolhidos como irmãos! Isso aconteceu tanto nas residências como nas paróquias. Todos se esmeraram. Até mesmo para resolver problemas surgidos de última hora, como falta de vistos de entrada, perda de passaportes ou de outros documentos, dificuldades de alojamento para quem não tinha feito inscrição, acolhimento em dias não previstos, alimentação a mais fornecida com carinho para esses jovens que fizeram essa longa peregrinação. Essa JMJ, foi, sem dúvida, uma ação de Deus na vida de todos nós! Para quem organizou nesses quase dois anos com todos os detalhes e discutiu todas as possibilidades, tudo o que houve não se pode atribuir a nós! Creio que foi o evento que mais teve mudanças que podemos saber: desde a mudança da base aérea de Santa Cruz, passando pela renúncia e eleição do Papa, até a mudança do local das celebrações finais. Nesse mesmo contexto tivemos a dificuldade financeira da Europa, as manifestações no Brasil, acontecimentos que mudaram as questões de segurança, como o incêndio da casa de espetáculos no sul e o atentado nos EUA, que fizeram com que as normas se modificassem a cada momento, com novas exigências. Claro que as pequenas manifestações de pessoas que não concordam com os valores da Igreja também estiveram presentes, mas foram respondidas com paz e fraternidade de quem não estava para brigar, mas para dar as mãos e anunciar a paz! A colaboração de todas as autoridades e organizações trouxe a certeza de que o Senhor conduz a história. Não teria como fazer tantas mudanças e continuar tudo tão em paz, inclusive com a limpeza inédita da praia de Copacabana após um grande evento, e a não ocorrência de violência em uma concentração de mais de três milhões e meio de pessoas no mesmo lugar! Num espaço em que se falavam todas as línguas, a “linguagem do amor” prevaleceu. Contagiou os moradores de Copacabana, que estão acostumados a ver sua região ter grandes eventos, e viram naqueles dias que algo novo estava no ar.

As dificuldades para chegar perto do Santo Padre são naturais, pois ele é um só para milhares de pessoas, mas de uma forma ou outra ele se aproximou o mais possível. Até mesmo a segurança, tão preocupada, viu que a única ameaça que havia era o “grande amor” do povo para com o Santo Padre. Infelizmente, em algumas celebrações, na entrada de sacerdotes prevaleceu mais a força que a caridade, mas tenho certeza de que eles saberão perdoar esses momentos mais difíceis. Em geral, a alegria era contagiante.

As catequeses nas diversas línguas por todos os cantos da cidade e os encontros menores falaram muito ao coração de quem recebia e de quem participava. Não era só um evento de massa! Foi um evento em que houve contatos pessoais, partilhas, meditação, oração! O que dizer dos momentos de oração silenciosa não só em Copacabana, mas também nas paróquias, com jovens fazendo vigílias nas Igrejas?

Esses jovens são responsáveis por um mundo mais justo e humano! Estão dispostos a ir às ruas, como pediu o Papa, também para testemunhar que um mundo novo, sem violência, sem guerras, sem divisões – é possível. Vieram de todos os tipos de regime de governo e sabem o que é cada situação, ou de exclusão ou de ditadura. Sabem também de sua responsabilidade no mundo de hoje e de amanhã. Essa experiência de troca universal que houve aqui no Rio de Janeiro permanecerá em seus corações e, tenho certeza de que já os entusiasmou para viverem ainda mais sua vocação e sua missão.

Nós, que os recebemos aqui, também fomos transformados! Mesmo os corações mais empedernidos se abriram. Essa experiência por nós vivida precisa ser continuada: abertura ao outro, acolhimento do irmão, alegria pela presença das pessoas em nossas vidas, protagonismo do jovem, preocupação com a paz e a fraternidade, luta por um mundo mais justo, diálogo com toda a sociedade e anúncio de Jesus Cristo, Nosso Senhor, caminho, verdade e vida!

Irmãos e irmãs: a Jornada foi um evento importante para nossas vidas e nosso país. Aqui nessa cidade vimos a mão de Deus agir. Agora precisamos continuar nesse mesmo caminho, buscando concretizar tantos sonhos e tantos desejos expressos naqueles dias. Cabe a cada um de nós, a nossas paróquias e nossas pastorais darem os passos dentro daquilo que o Senhor nos concedeu por inteira liberalidade e misericórdia.

Teremos ainda muitas reflexões a fazer, pois melhor que ninguém cada um que viveu aqueles momentos terá muito a contribuir para o presente e o futuro. Agradeço a Deus que se mostrou fiel em tudo o que aconteceu, peço-Lhe para que todos os jovens que para cá vieram se tornem protagonistas em seus ambientes, e exorto a todos dessa querida arquidiocese a estarmos ainda mais unidos para discernir os caminhos que o Senhor nos apontou naqueles abençoados dias.

Aceitem o meu abraço de coração agradecido a todos, e minhas orações na intenção do presente e futuro do mundo que aqui esteve reunido durante uma semana.
Dom Orani João Tempesta, O. Cist
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)

"EU SOU FILHO DA IGREJA"


O Papa Francisco voltou para Roma e deixou um rastro de amor, misericórdia, paz, carisma e acolhimento entranhados na mente e no coração do povo brasileiro e dos jovens do mundo inteiro. Com certeza, estamos com saudades do Papa Francisco.

Muitas pessoas, no entanto, maldosamente dão inúmeras interpretações sobre a visita do Pontífice ao Brasil e também sobre a entrevista que ele concedeu aos jornalistas, no avião, quando retornava para a Itália.

Algo que não podemos deixar de destacar foi o que ele afirmou sobre sua opinião: “É a da Igreja, eu sou filho da Igreja”, ou seja, a opinião da minha Mãe Igreja também é a minha.

Veja a pergunta que foi feita a ele e entenda:

Pergunta - O mundo mudou, os jovens mudaram. Temos, no Brasil, muitos jovens, mas o senhor não falou sobre o aborto, sobre a posição do Vaticano em relação ao casamento entre pessoas do mesmo sexo. No Brasil, foram aprovadas leis que ampliam os direitos para estes casamentos, e também em relação ao aborto. Por que o senhor não falou sobre isso?

Papa - A Igreja já se expressou perfeitamente sobre isso. Eu não queria voltar a falar sobre isso. Não era necessário, como também não era necessário falar sobre outros assuntos. Eu também não falei sobre o roubo, sobre a mentira. Para isso, a Igreja tem uma doutrina clara. Queria falar de coisas positivas, que abrem caminho aos jovens. Além disso, os jovens sabem perfeitamente qual a posição da Igreja.

Pergunta - E a do Papa? Papa - É a da Igreja. Eu sou filho da Igreja.

Na dita entrevista, o Papa Francisco foi questionado sobre a existência de um lobby gay no Vaticano e respondeu com muita tranquilidade:

Papa - Vocês veem muita coisa escrita sobre o lobby gay. Eu ainda não vi ninguém no Vaticano com um cartão de identidade dizendo que é gay. Dizem que há alguns. Acho que, quando alguém se vê com uma pessoa assim, devemos distinguir entre o fato de que uma pessoa é gay e formar um lobby gay, porque nem todos os lobbies são bons. Isso é o que é ruim. Se uma pessoa é gay, procura Deus e tem boa vontade, quem sou eu, por caridade, para julgá-lo? O Catecismo da Igreja Católica explica isso muito bem. Diz que eles não devem ser discriminados por causa disso, mas integrados na sociedade. O problema não é ter essa tendência. Não! Devemos ser como irmãos. O problema é o lobby dessa tendência, da tendência de pessoas gananciosas: lobby político, de maçons... tantos lobbies. Esse é o pior problema. Vamos, então, ao que o Santo Padre citou – O que o Catecismo da Igreja diz sobre a realidade da homossexualidade?

“A homossexualidade designa as relações entre homens ou mulheres, que experimentam uma atração sexual exclusiva ou predominante para pessoas do mesmo sexo. Tem-se revestido de formas muito variadas, através dos séculos e das culturas. A sua gênese psíquica continua continua em grande parte por explicar. Apoiando-se na Sagrada Escritura, que os apresenta como depravações graves, a Tradição sempre declarou que ‘os atos de homossexualidade são intrinsecamente desordenados’. São contrários à lei natural, fecham o ato sexual ao dom da vida, não procedem duma verdadeira complementariedade afetiva sexual, não podem em caso algum, ser aprovados.

Um número considerado de homens e de mulheres apresenta tendências homossexuais profundamente radicadas. Esta propensão, objetivamente desordenada, constitui, para a maior parte deles, uma provação. Devem ser acolhidos com respeito, compaixão e delicadeza. Evitar-se-á em relação a eles, qualquer sinal de discriminação injusta. Estas pessoas são chamadas a realizar na sua vida a vontade de Deus e, se forem cristãs, a unir ao sacrifício da Cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar devido à sua condição.

As pessoas homossexuais são chamadas à castidade. Pelas virtudes do autodomínio, educadoras da liberdade interior, e, às vezes, pelo apoio de uma amizade desinteressada, pela oração e pela graça sacramental, podem e devem aproximar-se, gradual e resolutamente, da perfeição Cristã”. (Catecismo da Igreja Católica 2357-2359).

Essa é a posição da Igreja que o Papa Francisco afirmou ser a dele também. Acolhemos aqueles que vivem nesta realidade [homossexualidade] com muito amor e misericórdia, mostrando o caminho da castidade que leva à perfeição cristã.

Vale a pena ressaltar o que foi afirmado veementemente por ele, o Papa, referindo-se ao lobby, que chama de problema, pois nem todos os lobbies são bons. Mas você, que está lendo esse post, sabe o que é um lobby?

“Lobby é o nome que se dá à atividade de pressão de grupos, ostensiva ou velada, com o objetivo de interferir diretamente nas decisões do poder público, em especial do Legislativo, em favor de interesses privados.

Sobre a aprovação do casamento de pessoas do mesmo sexo, o então Cardeal Mario Jorge Bergoglio afirmou: “Não sejamos ingênuos. Não se trata de uma simples luta política; pretende-se a destruição do plano de Deus. É uma jogada do pai da mentira para confundir e enganar os filhos de Deus”.

Portanto, fica muito claro que o Santo Padre acolhe com amor todas as pessoas, mas não concorda, em hipótese nenhuma, com o lobby, com a militância, com toda a pressão para que tais grupos tenham privilégios nas nações.

Se você quer conhecer a posição da Igreja, indico este documento da Congregação para a Doutrina da Fé: Considerações sobre os projetos de reconhecimento legal das uniões entre pessoas homossexuais.

Um conselho de pai, de irmão, de amigo e de filho da Igreja: não acredite em notícias que você lê nos jornais, escuta no rádio ou assiste na TV, sem antes ir à fonte, principalmente às fontes da Igreja, do Magistério.
Continuamos unidos no amor e na misericórdia de Deus, acolhendo todos os que se aproximam de nós e apresentando-lhes o amor de Cristo.

Deus os abençoe.

Padre Roger Luis
Missionário da Comunidade Canção Nova


1 de agosto de 2013

EVANGELHO E COMENTÁRIO

ANO C - DIA 01/08 SEXTA-FEIRA
A parábola da rede 
Mt 13,47-53
“O Reino dos Céus é ainda como uma rede lançada ao mar e que pegou peixes de todo tipo. Quando ficou cheia, os pescadores puxaram a rede para a praia, sentaram-se, recolheram os peixes bons em cestos e jogaram fora os que não prestavam. Assim acontecerá no fim do mundo: os anjos virão para separar os maus dos justos, e lançarão os maus na fornalha de fogo. Aí haverá choro e ranger de dentes. Entendestes tudo isso? – “Sim”, responderam eles. Então ele acrescentou: “Assim, pois, todo escriba que se torna discípulo do Reino dos Céus é como um pai de família, que tira do seu tesouro coisas novas e velhas”. Quando Jesus terminou de contar essas parábolas, partiu dali. 

COMENTÁRIOS
“Entendestes tudo isso?” 
A parábola da rede é a última das parábolas do Reino do capítulo 13 do evangelho segundo Mateus.
A parábola da rede (vv. 47-48) é seguida imediatamente de sua explicação (vv. 49-50).
Própria a Mateus, tem partes em comum com a parábola do joio e do trigo (vv. 24-30): boa semente e o joio crescem juntos no campo; os peixes bons e os ruins são pegos na mesma rede. Nas duas parábolas é preciso separar um do outro, e ambas terminam mencionando o juízo final (vv. 30.49-50), o que nos remete, igualmente, a Mt 25,31-46.
Esta parábola não deixa margem à interpretação, pois ela mesma já o fez: “Assim acontecerá no fim do mundo…” (v. 49).
O longo discurso do capítulo 13 termina com uma pergunta de Jesus: “Entendestes tudo isso?” (v. 51a), isto é, tudo o que foi ensinado através das parábolas. E os discípulos responderam: “Sim” (v. 51b).
A resposta positiva engaja os discípulos a transmitirem o ensinamento sobre o Reino dos céus. Ao discípulo é exigida criatividade na transmissão deste mistério: “Se o inteligente ouve uma palavra sábia, aprecia-a e acrescenta-lhe algo de seu” (Eclo 21,15).
Carlos Alberto Contieri, sj
ORAÇÃO
Pai, concede-me suficiente realismo para perceber que teu Reino se constrói em meio a perdas e ganhos, e que só tu podes garantir o sucesso final.

BÊNÇÃO
Bênção Bíblica
O Senhor o abençoe e guarde!
O Senhor lhe mostre seu rosto brilhante e tenha piedade de você!
O Senhor lhe mostre seu rosto e lhe conceda a paz!' (Nm 6,24-27).
Em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo. Amém.


PROTAGONISTAS


Daqui a exatamente um mês, estaremos iniciando a Jornada Mundial da Juventude no Rio de Janeiro (RJ). Antes de nos encontrarmos no Santuário Mundial da Juventude, os jovens viverão a "Semana Missionária" por todas as cidades do Brasil. Eis um tempo de graça e esperança!

Na oração oficial da JMJ, nós concluímos pedindo que, impulsionados por este momento único, os jovens se tornem “grandes construtores da cultura da vida e da paz e os protagonistas de um mundo novo”.

É justamente isso que tenho visto por onde tenho encontrado os jovens. É o que constatamos com a peregrinação dos símbolos da JMJ por todos os cantos do mundo e, agora, nestes dois últimos anos, pelo nosso país.

Basta ver o “Comitê Organizador Local” – o COL – para perceber a maioria de jovens que decide e organiza o evento mundial com capacidade, criatividade, animação. Também sabem vencer as dificuldades e problemas que a cada momento ocorrem numa organização como essa.

Nestes dias em que os jovens brasileiros expõem ao mundo seus anseios de uma vida mais justa, fraterna e com dignidade, focando de maneira especial na saúde, educação e transporte, vemos a importância desse momento para o país. Esse programa precisa ser acrescentado com o saneamento básico, dignidade de moradia, segurança, lazer, alimentação e tantos outros ítens. Como teremos aqui, durante a JMJ, jovens de mais de 172 nações, a partilha de experiências poderá ajudar o mundo a ser diferente com o protagonismo deles. Em todas as dioceses por onde passaram os símbolos da JMJ, o testemunho foi sempre de entusiasmo e participação. É alegria por ver o despertar dos jovens.

O interesse de todos para participar da JMJ aparece a cada momento e para nós, organizadores, isso soa como um momento de comunhão, de unidade em meio a tanta diversidade.

Temos valores que norteiam nossas vidas e também nosso trabalho. Acreditamos que os valores cristãos que marcam a nossa civilização poderão ser a luz que ilumina todos os anseios de um mundo novo nascendo em nosso tempo.

Por isso, é providencial que tenhamos justamente neste tempo esse momento com os jovens do mundo e com o Papa Francisco. É a graça de Deus que nos precede e nos alimenta em nossa esperança e caminhada.

Os episódios lamentáveis que alguns grupos minoritários causaram nestes dias demonstram como necessitamos de uma espiritualidade para alimentar o coração e curar feridas e, assim, construir positivamente esse sonhado tempo novo.

Nós cremos num mundo novo com Cristo Ressuscitado! A boa notícia que nos enche a vida a cada momento deve ser extravasada para contagiar, com uma alegria incontida, todos os que de nós se aproximam nesses dias de partilha de vida em nossa JMJ.

Os jovens que vêm como peregrinos, fazendo sacrifícios para estarem aqui conosco, encontrarão uma família de irmãos e irmãs que os acolhem. Encontrarão uma cidade que, à semelhança do Cristo Redentor, os acolhe de braços abertos. Irão encontrar seus irmãos jovens que anseiam, como eles, por dias melhores para a sociedade. O jovem é protagonista de tudo isso. Eles estiveram no início de tudo e estarão nas consequências como protagonistas desse mundo novo.

Teremos muitos legados importantes da JMJ: rede para atender os dependentes químicos, educação ecológica, sustentabilidade, acessibilidade, trabalho em conjunto com entidades internacionais e nacionais sobre paz, justiça, futuro. Viveremos isso no diálogo com as religiões e entre os cristãos. Teremos também a oportunidade da admiração do belo e da arte para os que em nada creem. Mas a grande herança que queremos deixar para todos é a esperança de um “novo amanhecer” para o mundo. É ver os sonhos que todos trazem em seus corações terem caminhos de solução. Em tempos de tantas situações e diversidades o poder dizer, providencialmente, que “o mundo tem jeito” e que a esperança deve estar presente no olhar de cada jovem será um legado que eles levarão para sempre em seus corações.

E diante de tudo isto, depois de tantas controvérsias, trabalhos, incompreensões, lutas, preocupações poderemos olhar para traz com alegria do dever cumprido e, voltados para o futuro, dizer: “valeu a pena”! Deus seja louvado por esse dom que nos concedeu!
Dom Orani João Tempesta, O. Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)

CATÓLICOS DESTEMIDOS NO AGIR

Nós, cristãos católicos, devemos viver a espontaneidade da vida, não ter medo de arriscar, de tentar, de se relacionar e interagir com o mundo nos seus mais diferentes aspectos, sempre agindo no discernimento do Espírito Santo. Devemos dar passos, ousar. O mundo necessita de cristãos ousados!

Não podemos viver um catolicismo raquítico e fechado para a totalidade da vida. A prática religiosa liberta, amplia a visão de mundo, faz-nos pessoas dóceis, misericordiosas, abertas a todas e quaisquer realidades, ao modelo de Jesus Cristo. Jesus amou a todos, perscrutou os corações de pobres e ricos; de prostitutas e princesas. Devemos fazer o mesmo.

A prática religiosa honesta liberta nos faz enxergar o outro, o mundo, como um grande terreno a ser cultivado, transformado, convertido, curado, evangelizado. Jesus veio para os doentes. Disse Jesus: “Não são as pessoas com saúde que precisam de médico, mas as doentes. (…) De fato, não é a justos que vim chamar, mas a pecadores” (Mt 9,12b e 13b).

A vivência religiosa verdadeira limpa a alma, clareia o coração, tira o tapume que sega os olhos – tudo isso, pela ação e pelo poder de Deus. Cristãos que amam, vivem a espontaneidade da vida e, com a graça de Deus, tudo querem transformar. Quem anda nos passos de Jesus está aberto para os desafios e não tem medo de arriscar, de tentar, de buscar. Cristãos comprometidos com o anúncio do Evangelho vivem na certeza de que “tudo concorre para o bem daqueles que amam a Deus” (Rm 8,28).

Deus aponta os caminhos que devemos seguir e fala com aqueles que estão dispostos a ouvir; ainda que erremos, mas querendo acertar na vontade dEle, a sua graça se encarrega de nos recolocar no caminho correto. Deus também assopra em nossos ouvidos o que deseja que façamos. Isso é uma ação particular dEle para aquele momento; é a Sua vontade nos impelindo a tomar determinada atitude naquele momento específico. Mas Deus deu inteligência e discernimento, para que nós pintemos a vida e possamos construí-la. Se não tivéssemos tal liberdade, tudo seria um determinismo. Mas não o é. Gosto de uma explicação que um amigo meu, Bernard, usa para falar do nosso caminhar com Deus. Ele diz que nosso caminhar com Ele é como andar: uma perna se movimenta e a outra também; assim, o caminhar se torna possível, isto é, uma perna é você a outra é Deus. Sem Deus, é impossível caminhar. Outra coisa que esse amigo diz é que muitas vezes Deus espera que demos o primeiro passo, para Ele dar o dEle em seguida. Viu? Não há determinismo. O homem é livre para escolher o seu caminho, e quando é convidado, Deus caminha junto.

O Senhor nos deu a inteligência e infundiu em nós, por intermédio do Batismo os dons do seu Espírito, que são: Temor de Deus, Piedade, Fortaleza, Prudência (ou espírito de Conselho), Ciência (ou espírito de Ciência), Entendimento (ou espírito de Inteligência) e Sabedoria (ou espírito de Sabedoria), para que possamos seguir o nosso caminho e construir a nossa história com prudência, equidade e discernimento.

Mesmo sendo pessoas de oração e conduzidas pelo Espírito Santo, erramos, falhamos. Esse é o caminhar humano, com erros e acertos. Cem por cento não dá para ser. Só Deus é perfeito; só Deus não erra. Como diz uma música do Pe. Fábio de Melo: “Eu sou contradição. Eu sou imperfeição. Só Deus é coerente… Só Deus acerta sempre”.

Augusto Cury (2006, p. 77) diz: “é o ser humano que deve traçar seus caminhos, definir sua trajetória existencial e ser responsável por ela”. Sim. Mas acrescentaria que Deus também participa. Devemos dar os nossos passos sem medo, conscientes de que Deus age na história humana, na realidade de cada dia.

O escritor russo, Leon Tolstói, disse que “onde existe amor, Deus aí está”. É nessa espontaneidade que precisamos viver, na certeza de que Deus está nos atos bons. O próprio Jesus disse que se manifestaria àqueles que acolhessem e observassem seus mandamentos: “Quem acolhe e observa os meus mandamentos, esse me ama. Ora, quem me ama será amado por meu Pai, e eu o amarei e me manifestarei a ele” (Jo 14,21); portanto, quando nós nos manifestamos no amor, Deus se manifesta. Deus fala no seu coração! Confie!

Sejamos destemidos e corajosos no nosso agir. Maria, mãe de Jesus, foi assim. Ela foi uma mulher destemida, corajosa. Um bom exemplo disso foi sua visita a sua prima, Isabel. Bem jovem, e grávida de Jesus, Maria parte numa caminhada desafiadora para a casa de sua parenta.

A relação entre Deus e o nosso cotidiano, os fatos ordinários – trabalhar, vestir, conversar, caminhar, rir, ir ao mercado etc. – são muito mais estreitos e íntimos do que podemos imaginar. Se eu agir em favor do homem, respeitando-o, amando-o, estou agindo em favor de Deus – é mandamento que amemo-nos uns aos outros (cf. Mc 12,31a). Se eu agir em favor da natureza, conservando-a, não desmatando, estou agindo em favor de Deus, pois Deus fez a Terra e tudo que nela contém, para que o homem a submetesse (cf. Gn 1,28).
Thiago Zanetti
Fundador do Portal C3

RIO, TERRA DA BELEZA DA JUVENTUDE

“Temos encontro marcado na próxima Jornada Mundial da Juventude, no ano de 2016, em Cracóvia, na Polônia”. O anúncio do Papa Francisco na conclusão da Missa de envio, no encerramento da JMJ do Rio de Janeiro ontem num domingo de sol, após dias de chuva na capital fluminense, pós fim à aventura da fé que envolveu mais de 2 milhões de jovens de todas as partes do mundo. O encontro já está na agenda do Papa, agora serão os jovens a se prepararem para visitar a cidade do Beato João Paulo II, idealizador das Jornadas Mundiais da Juventude. 

Os jovens que protagonizaram no Rio um dos eventos mais importantes da história do Brasil como Igreja Católica e não somente, deram a verdadeira dimensão do que significa ser jovem que acredita, que segue um sonho, que tem esperança, mas acima de tudo que quer ser o construtor de uma nova humanidade, de uma nova evangelização. Dias que permanecerão indeléveis na mente e no coração de milhões deles. O Rio, terra de belezas inigualáveis, foi palco também da beleza indescritível da juventude, da alegria que contagia, da vontade de viver e crescer. A terra do Cristo Redentor, que recebeu os jovens de braços abertos também não será mais a mesma, pois aqui deixaram seus corações milhões de jovens que, pela suas ruas da Cidade Maravilhosa testemunharam o que significa ser jovem cristão. 

A Praia de Copacabana, também denominada “Praia Fidei”, não será mais a mesma: as barracas montadas sobre a sua areia e os sacos de dormir ficarão como o emblema dessa Jornada, a imagem, o mosaico de cores de um mundo diferente, diversos, mas igual na fé.

E junto com eles, um homem vestido de branco, “vindo do fim do mundo” que com a sua simplicidade e gestos de pastor, envolveu católicos e não católicos, ricos e pobres, crianças, jovens, adultos e anciãos, no grande abraço de pai, que cuida, protege e incentiva seus filhos. 

Francisco, superou, como era de se esperar, todas as provas que uma JMJ pode apresentar: do cansaço, com tantos compromissos, ao gesto de tocar os corações daqueles que tem sede de Deus.

Quando o Papa Francisco chegou ao Rio de Janeiro, na tarde de segunda-feira, 22 de julho, já naquele dia bateu bem devagar, delicadamente a porta do coração daqueles que o recebiam, o Rio, o Brasil, pedindo para entrar, para ficar; os brasileiros, todavia já tinham escancarado as portas ao Sucessor de Pedro. 

A JMJ do Rio, com a presença do Papa e dos jovens é um marco e fez conhecer a todo o Brasil e ao mundo, que a juventude é sadia, que vive novas esperanças e tem novas certezas. Certezas de serem amados por Cristo e de pertencer à sua Igreja.

Nestes dias no Rio, com a etapa no Santuário Nacional de Aparecida, Papa Francisco, primeiro Papa latino-americano, lançou mais uma vez o seu lema de pontificado, como Pedro, “não tenho ouro nem prata, mas trago o que de mais precioso me foi dado: Jesus Cristo!”.

Encontrou políticos e pediu a eles que olhem com atenção para os jovens, encontrou a comunidade de Varginha, e no discurso ao moradores falou do ser brasileiro, do jeito brasileiro, da acolhida, da “água no feijão”, símbolo da partilha. Um momento vivido entre aqueles que por muito tempo se encontravam na extrema periferia da sociedade, e que agora, com a presença do Papa se sentem amados. Francisco criticou ainda a liberalização das drogas na América Latina e disse que retornará ao Brasil em 2017 para a comemoração dos 300 anos da descoberta da imagem de Nossa Senhora Aparecida nas águas do Rio Paraíba. 

Já no seu discurso durante a inauguração de uma ala para o tratamento de dependentes químicos no Hospital São Francisco de Assis, na Tijuca, o Pontífice chamou os traficantes de “mercadores da morte”. Francisco fez um duro discurso contra a liberalização das drogas no continente, um debate que ganha cada vez mais espaço diante do fracasso das políticas de repressão. “Não é deixando livre o uso das drogas, como se discute em várias partes da América Latina, que se conseguirá reduzir a difusão e a influência da dependência química” disse o Papa. Exortou ainda os jovens a deixarem de lado “ídolos passageiros”, como dinheiro e prazer. 

Deus “está próximo de vocês e segura vocês pela mão”, portanto “olhem para o Senhor nos momentos mais duros ele dará consolo e esperança e confiem também no amor materno de Maria”. 

Assim o bispo de Roma, veio ao Rio para confirmar os jovens na fé, encontrar jovens que, atraídos pelo Cristo Redentor, encontraram amparo no seu abraço, bem perto do seu coração, ouvindo de novo o seu chamado claro e poderoso: “Ide e fazei discípulos entre todas as nações”. O Rio, depois disso, não será mais o mesmo. Obrigado Papa Francisco e até Cracóvia com os seus jovens.
Silvonei José Protz
Diocese de Roma (Itália).

SEJA AMIGO DOS AMIGOS DOS SEUS FILHOS


Um erro que muitos pais cometem, e que os separa dos filhos, é rejeitar os amigos deles e não permitir que eles os tragam para casa. Certas mães, por exemplo, para evitar as desordens que os filhos normalmente fazem, quase os expulsam de casa com os amigos. Mas saibam que estão fazendo péssimo negócio.

Para ser amigo do seu filho, seja também amigo dos amigos dele. O seu filho gosta dos amigos e vai ficar zangado caso eles sejam rejeitados por você. Seja inteligente! Esteja com eles, ganhe a confiança deles. Essa atitude vai ajudá-lo a conhecer as amizades de seus filhos, a fim de que possa evitar as más companhias que corrompem os costumes. É muito melhor ter os filhos perto de nós em casa, com os amigos, mesmo fazendo alguma coisa que não seja inteiramente do nosso agrado, do que tê-los longe dos olhos.

Um bom teste para os pais saberem como estão como educadores, é sentir a proximidade que têm dos amigos dos seus filhos. Se os amigos deles se relacionam bem com você, isto é um bom sinal.

O jardim da nossa casa, durante os anos de infância dos nossos filhos, foi o campinho de futebol deles, onde reuniam os amigos para jogar. Preferimos deixar para plantar as flores depois que eles crescessem, já que eles sempre foram as nossas flores mais importantes. Hoje, o jardim e o quintal de nossa casa estão cheios de plantas e flores, mas confesso que eu preferia aquelas “flores” que falavam, corriam, se machucavam... e nos abraçavam. Flores nós podemos comprar a qualquer tempo, filhos não.

Seja inteligente, traga os filhos para perto de você; se preciso, traga-os com os amigos, especialmente se você tem filho único.
Felipe Aquino