A Palavra de Deus

A Palavra de Deus

DOPAS

DOAÇÃO, ORAÇÃO, POBREZA, ALEGRIA E SIMPLICIDADE

24 de maio de 2013

EVANGELHO E LEITURA ORANTE PARA SEXTA-FEIRA

ANO C - DIA 24/05 Sexta-feira
Divórcio? Adultério? 
- Mc 10,1-12
Jesus se pôs a caminho e foi para a região da Judeia, pelo outro lado do rio Jordão. As multidões mais uma vez se ajuntaram ao seu redor, e ele, como de costume, as ensinava. Aproximaram-se alguns fariseus e, para experimentá-lo, perguntaram se era permitido ao homem despedir sua mulher. Jesus perguntou: “Qual é o preceito de Moisés a respeito?” Os fariseus responderam: “Moisés permitiu escrever um atestado de divórcio e despedi-la”. Jesus disse: “Foi por causada dureza do vosso coração que Moisés escreveu este preceito. No entanto, desde o princípio da criação Deus os fez homem e mulher. Por isso, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois formarão uma só carne; assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu o homem não separe!” Em casa, os discípulos fizeram mais perguntas sobre o assunto. Jesus respondeu: “Quem despede sua mulher e se casa com outra, comete adultério contra a primeira. E se uma mulher despede seu marido e se casa com outro, comete adultério também”.

LEITURA ORANTE

ORAÇÃO INICIAL
Preparo-me para a Leitura Orante, rezando, com todos que se encontram neste ambiente virtual Espírito de verdade, a ti consagro a mente e meus pensamentos: ilumina-me.
Que eu conheça Jesus Mestre
e compreenda o seu Evangelho.
Ó Jesus Mestre, Verdade, 
Caminho e Vida, tem piedade de nós.
1- LEITURA (VERDADE)1. Leitura (Verdade) O que diz o texto do dia?
Leio atentamente o texto: Mc 10,1-12, e observo as recomendações de Jesus.
Jesus recorda neste trecho que a lei de Moisés (Dt 24,1-3) tentava proteger os direitos da mulher, mesmo concedendo vantagem ao homem. Os fariseus querem “conseguir uma prova contra ele, Jesus”. Apresentam-lhe a questão, partindo de Moisés, supondo que Jesus negue a lei. Jesus aceita o desafio. Refere-se ao Gênesis e ao Deuteronômio. Reporta-se ao projeto original de Deus (Gn 1,27) que busca a igualdade entre os cônjuges e a entrega total e duradoura que une. “Ninguém separe o que Deus uniu”, diz Jesus. Cônjuge vem de conjugar, significa “unir sob um jugo”, apegar-se e aderir.
2- MEDITAÇÃO (CAMINHO)O que o texto diz para mim, hoje?
Fala-me de ensinamentos e gestos de Jesus que são fundamentais para uma vida cristã. Os bispos, em Aparecida, recordaram:
"O fato de sermos amados por Deus enche-nos de alegria. O amor humano encontra sua plenitude quando participa do amor divino, do amor de Jesus que se entrega solidariamente por nós em seu amor pleno até o fim (cf. Jo 13,1; 15,9). O amor conjugal é a doação recíproca entre um homem e uma mulher, os esposos: é fiel e exclusivo até a morte e fecundo, aberto à vida e à educação dos filhos, assemelhando-se ao amor fecundo da Santíssima Trindade52. O amor conjugal é assumido no Sacramento do Matrimônio para significar a união de Cristo com sua Igreja. Por isso, na graça de Jesus Cristo ele encontra sua purificação, alimento e plenitude ( Ef 5,23-33)." (DAp 117).
3- ORAÇÃO (VIDA)O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo, a Oração da Paz pedindo esta paz para as famílias.
Senhor,
Fazei-me um instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre,
Fazei que eu procure mais consolar, que ser consolado;
Compreender, que ser compreendido;
Amar, que ser amado,
Pois é dando que recebe,
É perdoando que se é perdoado,
E é morrendo que se vive para a vida eterna.
4- CONTEMPLAÇÃO (VIDA E MISSÃO)Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Meu novo olhar e oração é orientado para as famílias que sofrem a desintegração e se encontram perdidas.

BÊNÇÃO
A bênção do Deus de Sara, Abraão e Agar,
a bênção do Filho, nascido de Maria,
a bênção do Espírito Santo de amor,
que cuida com carinho,
qual mãe cuida da gente,
esteja sobre todos nós. Amém!
Ir. Patrícia Silva, fsp

DEUS SEMPRE SE DÁ A CONHECER AS PESSOAS

Deus é um mistério de amor.

Não é fácil falar de Deus. Não é fácil falar de algo que está tão distante e é tão misterioso. “Ninguém jamais viu a Deus”. Pertence a outra ordem de ser. 

No entanto, ao mesmo tempo, encontra-se profundamente envolvido na criação porque é a sua criação e porque somos as suas criaturas. Não encontramos Deus como quem encontra o vizinho da casa ao lado, quando sai para o trabalho a cada manhã. Mas há muitas maneiras de conhecê-lo.

Quando olhamos para a criação, quando olhamos para nós mesmos e para a maravilha que é, por exemplo, nosso próprio corpo, experimentamos a Deus como criador, aquele que nos tirou do nada e nos ofereceu a vida (de fato, a única que nós temos). 

Dizemos, então, que é Pai exatamente porque o vemos como gerador da vida, da nossa vida. Também fizemos memória de Jesus, aquele que nasceu em Belém e que passou a vida fazendo o bem, curando os enfermos e anunciando o Reino de Deus, Ele que falava de Deus como seu PAPAI – ABÁ – e que morreu na cruz em uma tarde escura de sexta-feira. Lembramos de sua vida e de sua ressurreição. É o Filho, porque havia algo especial naquele homem que não nos atrevemos a definir. Sua humanidade era tão grande que nele vemos a presença de Deus. Recordamos também o tempo posterior a Cristo. Os apóstolos e os discípulos sentiram a presença do Espírito de Deus. Esse Espírito trouxe-lhes inspiração e os animou a anunciar a Boa-Nova do Reino. Hoje continua inspirando e animando muitos a prosseguir o anúncio da salvação para todos.

Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Três formas de ver a realidade? Não. Há algo mais. Algo nos diz que esse mistério que é Deus é o mistério do amor. E que, quando experimentamos a presença de Deus, nos sentimos chamados a participar desse amor e a compartilhá-lo com os que estão ao nosso redor.

Nos acontecimentos de nossa vida, percebemos, muitas vezes, a mão de Deus nos guiando, nos ajudando, nos amparando, nos perdoando. Basta que coloquemos a nossa fé de prontidão para que sintamos a sua presença em todos os momentos de nossa vida.

Podemos afirmar, já que sabemos que Deus é amor, que viver como Deus é viver amando. E é para isto que Ele nos criou – essa é a nossa vocação.
Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo emérito de Juiz de Fora (MG).

COMO É DEUS?

O homem tinha uma aparência simples e cheia de bondade. Por isso lhe pedi:
- Por favor, diga-me:como é Deus?
Ele respondeu:
- Muitas palavras não serviriam. No entanto, toma este livro – era um livro no qual ele mesmo escrevia – Se o ler no momento certo, ele te dirá como é Deus.

Eu queria ver logo o que estava escrito, mas quando cheguei em casa minha mulher não ficou tão animada. Ela estava toda ocupada porque se aproximavam os dias do nascimento do nosso primeiro filho. Eu me perguntava: quando será o momento certo para ler o livro? Talvez por ocasião de algum dia santo. Quem sabe, num dia de tristeza. Pode ser também que Deus mesmo vai nos dizer quando abrir o livro. Decidimos esperar. Duas semanas depois, nasceu o nosso primeiro filho. É muito difícil explicar o que eu senti. Era pai, estava cheio de orgulho, mas ao mesmo tempo estava humilhado porque nem sabia como pegar no colo aquela criança. Achava de ter já entendido tudo da vida, mas aquele pequeno ser era maior do que eu. Devia aprender com ele coisas novas. Todos crescem quando se tornam pais. Naquela noite, sonhei que meu filho me perguntava:

- Como é Deus?

Levantei-me e fui buscar o livro. Disse à minha esposa:
- Este é o momento certo. Abrimos o livro e eu li:
- É muito simples: Deus é um Pai.

Ela também quis abrir o livro e leu:
- É muito simples: Deus é um Filho.
– Vamos agora abrir o livro juntos – pedi.

Unimos as nossas mãos, abrimos e lemos:
- É muito simples, cada respiro seu é um respiro da vida de Deus! 

Essas são palavras de Teofane, um dos monges do deserto. Nada de mais humano que buscar o sentido das coisas grandes a partir da simplicidade da vida, aquela que,talvez, vivemos todos os dias sem dar atenção. Deus sempre será infinitamente maior do que nós, maior do que nossas ideias e nossas palavras; maior do que as nossas tentativas de explicação. No entanto dizer que Deus é Pai, Filho e Espírito Santo é mais do que proclamar um dos mistérios maiores e mais bonitos da nossa fé; é expressar com singeleza algo que deve envolver também as nossas vidas.

Jesus ensinou e prometeu que ele e o Pai iriam “fazer morada” naqueles que o amarem e guardarem a sua palavra (cf. Jo14, 23). Deus quer estar conosco, caminhar conosco, quer ter o seu lugar em nosso coração. Com isso, quero dizer que, apesar da sua grandeza e da nossa pequenez, algo de Deus deve estar necessariamente ao nosso alcance.Deve ser possível falar, ao menos um pouco, dele e fazer a experiência do seu amor. Acredito que, apesar das limitações das palavras, dizer que Deus é Pai, Filho e Espírito Santo faz que o sintamos cada vez mais perto de nós.

Pai (e mãe) significa o dom da vida. A uma criança basta pouco para ser feliz, serve alguém que a tome no colo e atenda às suas necessidades elementares de sobrevivência. Filho é aquele que, em primeiro lugar, encanta-se com seus pais e os admira. Um filho aprende a agradecer a cada dia e prova a sua gratidão no respeito e na atenção para com os pais. Enfim, o “respiro”, o sopro do Espírito, é como o ar necessário em cada momento para se viver, porque é o amor que transforma tudo em beleza,em alegria, e bondade.

O amor faz de gestos simples, cotidianos, muitas vezes despercebidos, verdadeiros atos de heroísmo,de sacrifício, de desprendimento e doação. É o amor que, dado e recebido, faz da nossa vida um dom, além dos cálculos e dos interesses: pura gratuidade.Gestos de amor verdadeiro não tem preço, purificam o nosso coração das invejas,limpam os nossos olhos das maldades, fazem surgir a paz onde reinava a inquietação. Talvez nos sintamos muitas vezes infelizes pela incapacidade de enxergar o bem que nos é oferecido e o bem que podemos doar sem esperar nada de volta. Temos medo de sermos os primeiros a amar, de nos “perder” por causa do amor. Na realidade o “momento certo” para entender o amor é, e sempre será,quando amamos. Fora do amor vivido, real e sofrido, é difícil entender o amor. Também é difícil entender Deus.
Dom Pedro José Conti
Bispo de Macapá (AP).

SANTÍSSIMA TRINDADE, MISTÉRIO DE COMUNHÃO


Ao iniciarmos essa reflexão acerca da Santíssima Trindade (Pai Criador, Filho Redentor e Espírito Santo Santificador), como mistério de comunhão, precisamos ter presente o conceito da relação perene de amor, que estabelece e sustenta essa comunhão. Tendo por referência esta relação, partimos do pressuposto de que a divina comunhão se apresenta como o modelo ideal da sociedade humana, da Igreja e de toda a comunidade humana e religiosa. A Trindade é o sentido e a missão da Igreja, sacramento da unidade do gênero humano. Unidade da Trindade, pois, a Igreja é reunida pela unidade da Trindade! Essa relação de amor, em vista da vivência da comunhão, revela-se para nós como fundamento e estímulo da prática da caridade fraterna e do apostolado. “Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher. Deus os abençoou...” (Gn 1, 27-28a). Já que o ser humano foi criado à imagem e semelhança divina, ou seja, criado à imagem e semelhança do Amor, tendo por fundamento e exigência essa verdade da Sagrada Escritura, devemos corresponder a essa participação na comunhão da Trindade com atitudes de transbordamento de amor. 

Superar as divisões, competições e as demais concupiscências humanas, que a sociedade vigente constantemente apresenta como padrão de comportamento e meta de vida, constitui o grande desafio do homem na atualidade. Trilhar um dinâmico caminho de conversão e arrependimento que o coloque numa permanente atitude de abertura amorosa é uma necessidade vital. A comunhão exige uma saudável e madura relação entre as individualidades de cada pessoa, pois a comunhão na verdade não significa aniquilamento da individualidade, mas enriquecimento dela à luz do amor verdadeiro que harmoniza e equilibra as diferenças. Quando a pessoa busca se auto afirmar no egoísmo e individualismo, tendo o outro como mero instrumento dos seus interesses ou algo descartável, não existe comunhão, mas exploração e instrumentalização do outro. A comunhão tem por base a liberdade e a complementariedade, onde brota o chamado a viver a doação de si mesmo e o acolhimento do outro numa mútua relação.

O mistério trinitário não é uma teoria de termos complexos, um enigma ou uma mera formalidade teológica, mas plenitude de vida. Não se entende a Trindade, porque é difícil imaginar como é possível amar tanto e doar-se na totalidade. O Deus-Amor é único e, ao mesmo tempo, trino, na medida em que isso é necessário para a perfeita comunhão de vida. A comunhão plena de vida é o objetivo e a meta para onde tudo se encaminha. Para viver a dinâmica santificante da comunhão, não basta fazer parte de um grupo de pessoas que vivem conjuntamente, nem mesmo ter os mesmos objetivos, pois, mesmo assim, os interesses ainda podem ser individualistas. A vivência da comunhão, cujo modelo é a Trindade Santa, exige amar como Jesus ama, um amor de gratuidade e doação. O mandato de Cristo é nítido para todos os que anseiam pela comunhão verdadeira: “... Amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 34-35). Nesta dimensão, encontramos também a missão evangelizadora da Igreja em um dos seus fundamentos mais importantes que é o amor. A comunhão é concreta, deixando de ser verbalização quando o compromisso prático do amor é concreto e transformador.

A comunhão entre as Pessoas da Santíssima Trindade é comunicada ao homem pelo dom do Espírito Santo, que estabelece a Nova e Eterna Aliança. Anteriormente, tínhamos a afirmação: “Sereis o meu povo, e Eu, o vosso Deus” (Jr 30,22); agora, temos a plenitude da graça: “... conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim e eu em vós. Se alguém me ama, guardará a minha Palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada” (Jo 14, 20.23). Temos claramente, aqui, o princípio base de que a relação entre nós e Jesus manifesta e continua as relações trinitárias.

Peçamos, nessa Solenidade da Santíssima Trindade, o dom da comunhão. O dom é graça de Deus, força do alto que atua rompendo as barreiras e divisões, tendo em vista transformar os muros em pontes. Deixemos que o Espírito Santo nos convença e impulsione nas decisões e atitudes que fecundam, fazem florescer e frutificar a comunhão na Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo. Conscientes que o amor vivido e continuamente experimentado em nosso meio testemunha ao mundo a salvação e a paz, estabelecendo e construindo o Reino de Deus entre nós. Que o Deus da esperança vos cumule de todo bem e, abençoando-vos, faça acontecer em vós e por meio de vós, a comunhão que revela a face redentora e salvífica de Cristo Jesus! Amém!
Padre Eliano Luiz Gonçalves
Vigário da Paróquia Cristo Rei – Diocese de Lorena (SP)

COMPETIÇÃO E CONCORRÊNCIA?


Lá, no início da Bíblia, encontramos um irmão ciumento e invejoso, que elimina aquele que parecia ter maior benevolência da parte de Deus (Cf. Gn 4,1-16). “Por que andas irritado e com o rosto abatido? Não é verdade que, se fizeres o bem, andarás de cabeça erguida? E se fizeres o mal, não estará o pecado espreitando-te à porta? A ti vai seu desejo, mas tu deves dominá-lo”, diz o Senhor a Caim que, fechado em seus sentimentos, inaugura uma série de comportamentos que, ao longo da história da humanidade, levaram, muitas vezes, os homens e as mulheres à indiferença e ao egoísmo diante do próximo.

Com frequência encontramos afirmações que nos fazem refletir sobre os valores que norteiam nosso comportamento e os rumos assumidos pela sociedade: "E eu, como fico nessa história?" "Exijo que me respeitem como eu sou!" "Eu sou eu e o resto é resto!". E lá vamos nós, defendendo nossas políticas afirmativas, para ver quem conquista maiores espaços na sociedade. Quando falta num discurso a referência a um determinado grupo, desabam as reações e reclamações. Logo os esquecidos se sentem discriminados, porque não lhes podem faltar as devidas deferências. Curioso é ver que a definição dos espaços dos diversos grupos não traz a esperada realização. Vêm à tona novas exigências e as pessoas continuam em busca da felicidade que poderia vir do bater o pé para defender suas posições. É óbvio que nossas observações encontram resistências, pois a sociedade de mercado e consumo vê, justamente na competição, o seu motor, mas tomamos a liberdade de propor questionamentos que nos possibilitem confrontar modelos, equilibrar atitudes e moderar as tendências que estão dentro de nós mesmos. É bem verdade que a história da humanidade assistiu inúmeras discriminações injustas, por raça, cor, religião, condição social ou outros motivos, mas, tantas vezes, a justa busca de superação das mesmas estabelece um círculo vicioso, gerando novas divisões entre pessoas e grupos. Mais crescem as reivindicações, mais aparecem manifestações de egoísmo. Parece-nos estar envolvidos num novelo interminável!

Deus, que é perfeição eterna, quando criou o mundo (Cf. Gn 1,26), fez o homem à Sua imagem e semelhança, homem e mulher o criou. Inteligência, liberdade e comunhão de amor são os valores da mais íntima intimidade na família eterna que nossa fé cristã professa “Santíssima Trindade”. Um só Deus verdadeiro em três pessoas iguais em sua divindade e distintas, tanto que afirmamos que o Pai é Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus. Desde toda a eternidade, ser Deus é amar infinitamente, sair de si mesmo, pois o Pai ama e gera o Filho, o Filho ama e é gerado pelo Pai, o Espírito Santo é o amor do Pai e do Filho. Difícil de entender, pode alguém afirmar, mas decisivo para conhecer a estampa com a qual fomos pensados e amados, para existirmos neste mundo como imagem e semelhança! As tentativas de reinventar o ser humano, sem referência a Deus, são fadadas à frustração. Sim, no acolhimento do fato de termos sido criados para amar e sair de nós mesmos está o caminho para a plena realização humana.

Na Santíssima Trindade, o Pai Criador, o Filho Redentor e o Espírito Santificador vivem num perene relacionamento de amor, que pode atrair e provocar gestos e atitudes novas em nosso tempo. Afinal, a Trindade de Deus foi revelada por Jesus Cristo a nosso favor! Ele afirma constantemente seu relacionamento com o Pai do Céu, de quem quer realizar a vontade, de onde veio e para onde vai. É o Pai que sabe tudo e é com o Pai que Jesus se encontra continuamente no silêncio da oração, linguagem da Trindade de Deus! Na hora decisiva, quando o homem verdadeiro que é Jesus experimenta a agonia, a dor e o abandono, é nas mãos do Pai que se entrega! Quando o Pai toma a palavra nos Evangelhos, é para afirmar que Jesus é seu Filho amado, a quem todos devem ouvir. Ele o glorificou e haveria de glorificar de novo! E o Espírito Santo de Deus, que conduz a humanidade à plena verdade, que procede do Pai e do Filho, acompanha a Igreja para esclarecer tudo, inclusive nossa dificuldade para entender este modelo de vida! (Cf. Jo 16,12-15). Em Deus está o relacionamento e a saída de si para amar, criar, salvar, santificar!

“Quem quiser salvar sua vida a perderá; e quem perder sua vida por causa de mim a encontrará” (Mt 16,25). Afirmar o valor da outra pessoa, amar e servir, olhar ao nosso redor para ver as necessidades dos outros, usar criatividade para propor soluções dos problemas sociais, cumprimentar primeiro, ouvir, esvaziar-se de si mesmo para dar espaço aos mais sofredores, incluir e não discriminar!!! Mas qual é a diferença? É que o primeiro passo cabe sempre a cada um de nós. Na perspectiva cristã, a novidade é que a competição e a concorrência são justamente por sair de si mesmo. É nossa proposta cristã e sabemos que pode não só contribuir para que o mundo seja melhor, mas é a única possibilidade de desatar os nós da existência humana. Trata-se de viver em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo!
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA

IGREJA E SOCIEDADE


Dentro dos conceitos apresentados pela tradição bimilenar da Igreja, sua fundamentação está baseada na figura da Santíssima Trindade, na profunda unidade entre as três pessoas, formando uma verdadeira comunidade. O que faz esta unidade é a intensidade vivenciada no amor entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

O papa Francisco, que vem encantando o mundo com seus gestos e expressões de simplicidade, em sua primeira coletiva com os jornalistas,fez uma declaração fundamental sobre a Igreja: Precisamos de “uma Igreja pobre para os pobres”, uma Igreja “da verdade, da bondade e da beleza”. Ele valoriza o papel do jornalista na divulgação da mensagem cristã. 

Sentimos a presença da sabedoria de Deus neste momento histórico da Igreja. Significa que ela ainda pode dar uma contribuição positiva para a sociedade. Isto aconteceu no passado e em todas as áreas da cultura, sendo impossível negar uma realidade tão marcante na ciência, na história, na literatura, na área científica, nas questões sociais etc. Houve muita coisa negativa por ser formada de humanos.

O mundo faz o caminho do bem e do mal. Não é por acaso que muitos optam pelo bem e não se deixam levar pela maldade, que não condiz com a vontade do Criador. O mal causa destruição e infelicidade para as pessoas envolvidas. Além disto, ele contamina os desprevenidos e desestruturados em sua vida de fé e de cidadania.

O Papa Francisco fala de uma Igreja “da verdade”. Os apóstolos tiveram dificuldade para entender que o projeto de Deus é da verdade e passa pela derrota, pelo dom gratuito, como o fez Jesus até a morte. Hoje, não é diferente numa cultura que proclama a felicidade como “gozo” descomprometido e individualista.

A sociedade é formada por cidadãos que proclamam fé em Deus e outros que seguem diferentes princípios. A Igreja tem por meta, dentro dos ensinamentos de Jesus Cristo, fazer com que todos os cidadãos tenham vida e dignidade. Se não é isto, seu caminho está fora do querer e da vontade de Deus.

Dom Paulo Mendes Peixoto 
Arcebispo de Uberaba (MG)

20 de maio de 2013

EVANGELHO E LEITURA ORANTE PARA SEGUNDA E TERÇA-FEIRA


ANO C - DIA 20/05 Segunda-feira
Tudo é possível para quem crê 
- Mc 9,14-29
[...] A multidão viu Jesus, ficou admirada e correu para saudá-lo. Jesus perguntou: “Que estais discutindo?” Alguém da multidão respondeu-lhe: “Mestre, eu trouxe a ti o meu filho que tem um espírito mudo. [...] Eu pedi aos teus discípulos que o expulsassem, mas eles não conseguiram”. Jesus lhes respondeu: “Ó geração sem fé! Até quando vou ficar convosco? Até quando vou suportar-vos? Trazei-me o menino!” [...] Quando o espírito viu Jesus, sacudiu o menino, que caiu no chão e rolava espumando. Jesus perguntou ao pai: “Desde quando lhe acontece isso?” O pai respondeu: “Desde criança. [...] Se podes fazer alguma coisa, tem compaixão e ajuda-nos”. Jesus disse: “Se podes…? Tudo é possível para quem crê”. O pai do menino exclamou: “Eu creio, mas ajuda-me na minha falta de fé”. Vendo Jesus que a multidão se ajuntava ao seu redor, repreendeu o espírito impuro: “Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: sai do menino e nunca mais entres nele”. O espírito saiu, gritando e sacudindo o menino. Este ficou como morto, tanto que muitos diziam: “Morreu!” Mas Jesus o tomou pela mão e o levantou; e ele ficou de pé. Depois que Jesus voltou para casa, os discípulos lhe perguntaram, em particular: “Por que nós não conseguimos expulsá-lo?” Ele respondeu: “Essa espécie só pode ser expulsa pela oração”.

LEITURA ORANTE

ORAÇÃO INICIAL
Preparo-me para a Leitura Orante, rezando com Jacques Lebret:
Pai, fonte de luz e de calor,
envia-nos hoje a tua Palavra viva, e faze que
aceitemos sem medo o sermos por ela abrasados.
1- LEITURA (VERDADE)1.Leitura (Verdade)
- O que a Palavra diz? Leio, na minha Bíblia, Marcos 9,14-29.
“Eu creio”, disse o homem, e confessou sua fé insuficiente. Jesus expulsou o demônio
Em casa, os discípulos perguntaram por que eles não tinham conseguido expulsar o demônio. Jesus respondeu que aquele tipo de demônio só se expulsava com oração.
2- MEDITAÇÃO (CAMINHO)- O que a Palavra diz para mim? 
Neste texto, a fé aparece como dom de Deus que se conquista pela oração.A oração do pai do menino pode ser modelo de nossa oração: “Eu creio, senhor, mas ajuda-me na minha falta de fé”.No final, Jesus explica aos discípulos que também nós cristãos só podemos agir com plena força se pedirmos esta força ao Pai, em oração.Como é a minha oração? Freqüente? Confiante? Humilde?
Disseram os bispos, em Aparecida: " Cremos e anunciamos “a boa nova de Jesus, Messias, Filho de Deus” (Mc 1,1). Como filhos obedientes á voz do Pai queremos escutar a Jesus (cf. Lc 9,35) porque Ele é o único Mestre (cf. Mt 23,8). Como seus discípulos sabemos que suas palavras são Espírito e Vida (cf. Jo 6,63.68). Com a alegria da fé somos missionários para proclamar o Evangelho de Jesus Cristo e, n’Ele, a boa nova da dignidade humana, da vida, da família, do trabalho, da ciência e da solidariedade com a criação." (DAp 103).
3- ORAÇÃO (VIDA)- O que a Palavra me leva a dizer a Deus? 
Reze ainda com Jacques Lebret:
Venha a tua Palavra, Senhor, e,
uma vez aceso em nossos corações o teu fogo inextinguível,
nós mesmos seremos portadores deste fogo uns para os outros.
Torna-nos, Senhor, palavras quentes e luminosas,
capazes de incendiar o mundo,
a fim de que cada pessoa possa sentir-se cercada
pelas chamas infinitas do teu amor. Amém.
4- CONTEMPLAÇÃO (VIDA E MISSÃO)- Qual o meu novo olhar a partir da Palavra?
 (Vida).
Quero transformar minha vida em oração para comunicar a força, a bondade e a misericórdia de Deus.

BÊNÇÃO
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém. 
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém. 
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Amém.


ANO C - DIA 21/05 Terça-feira
Quem é o mais importante 
- Mc 9,30-37
Partindo dali, Jesus e seus discípulos atravessavam a Galileia, mas ele não queria que ninguém o soubesse. Ele ensinava seus discípulos e dizia-lhes: “O Filho do Homem vai ser entregue às mãos dos homens, e eles o matarão. Morto, porém, três dias depois ressuscitará”. Mas eles não compreendiam o que lhes dizia e tinham medo de perguntar. Chegaram a Cafarnaum. Estando em casa, Jesus perguntou-lhes: “Que discutíeis pelo caminho?” Eles, no entanto, ficaram calados, porque pelo caminho tinham discutido quem era o maior. Jesus sentou-se, chamou os Doze e lhes disse: “Se alguém quiser ser o primeiro, seja o último de todos, aquele que serve a todos!” Em seguida, pegou uma criança, colocou-a no meio deles e, abraçando-a, disse: “Quem acolhe em meu nome uma destas crianças, a mim acolhe. E quem me acolhe, acolhe, não a mim, mas Àquele que me enviou”.

LEITURA ORANTE

ORAÇÃO INICIAL
- A nós, a paz de Deus, nosso Pai, a graça e a alegria de Nosso Senhor Jesus Cristo, no amor e na comunhão do Espírito Santo.
- Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo!
Preparo-me para a Leitura, rezando:
Jesus Mestre, que dissestes:
"Onde dois ou mais estiverem reunidos em meu nome,
eu aí estarei no meio deles",
ficai conosco,
aqui reunidos (pela grande rede da internet),
para melhor meditar
e comungar com a vossa Palavra.
Sois o Mestre e a Verdade:
iluminai-nos, para que melhor compreendamos
as Sagradas Escrituras.
Sois o Guia e o Caminho:
fazei-nos dóceis ao vosso seguimento.
Sois a Vida:
transformai nosso coração em terra boa,
onde a Palavra de Deus produza frutos
abundantes de santidade e missão.
(Bv. Alberione)

1- LEITURA (VERDADE)1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Leio atentamente, na Bíblia, o texto: Mc 9, 30-37, e observo pessoas, palavras, relações, lugares.
Os discípulos e seguidores de Jesus Cristo encontram alguns desafios nas relações.
O primeiro é a competição. Está na afirmação de Jesus: “Se alguém quer ser o primeiro, deve ficar em último lugar e servir a todos”. E a resposta é dada por Jesus através de uma parábola viva: segura uma criança e a põe no meio de todos. Abraça-a e diz aos discípulos que ao acolher uma criança estarão acolhendo a Ele. Parece coisa sem muita importância, sem expressão, mas quem receber a criança receberá o Cristo e, por conseqüência, recebe o Pai. Não é um gesto sem importância! Duas atitudes de suma importância para o discípulo de Jesus: colocar-se no último lugar e fazer-se servidor.
2- MEDITAÇÃO (CAMINHO)O que o texto diz para mim, hoje? 
O que mais me toca o coração?
Entro em diálogo com o texto. Reflito e atualizo a Palavra na minha vida, recordando os bispos da América Latina e Caribe que disseram: “Para ficar parecido verdadeiramente com o Mestre é necessário assumir a centralidade do Mandamento do amor, que Ele quis chamar seu e novo: “Amem-se uns aos outros, como eu os amei” (Jo 15,12). Este amor, com a medida de Jesus, com total dom de si, além de ser o diferencial de cada cristão, não pode deixar de ser a característica de sua Igreja, comunidade discípula de Cristo, cujo testemunho de caridade fraterna será o primeiro e principal anúncio, “todos reconhecerão que sois meus discípulos” (Jo 13,35).” (DAp 138).
3- ORAÇÃO (VIDA)O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo com o bem-aventurado Alberione:
Jesus Mestre, 
disseste que a vida eterna consiste
em conhecer a ti e ao Pai.
Derrama sobre nós, a abundância
do Espírito Santo!
Que ele nos ilumine, guie e fortaleça no teu seguimento,
porque és o único caminho para o Pai.
Faze-nos crescer no teu amor,
para que sejamos, como o apóstolo Paulo
testemunhas vivas do teu Evangelho.
Com Maria,
Mãe Mestra e Rainha dos Apóstolos,
guardaremos tua Palavra,
meditando-a no coração.
Jesus Mestre, Caminho, Verdade e Vida, 
tem piedade de nós.
4- CONTEMPLAÇÃO (VIDA E MISSÃO)Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Vou olhar o mundo e a vida com os olhos de Deus.
Por isso, vou eliminar do meu modo de pensar e agir aquilo que não vem de Deus,
toda pretensão de ser o maior e o melhor, de ser servido, mas procurando servir e ajudar.
Escolho uma frase ou palavra para memorizar e repeti-la durante o dia.

BÊNÇÃO
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Irmã Patrícia Silva, fsp

OUSADIA ECUMÊNICA

Com o domingo de Pentecostes se conclui a semana de orações pela unidade dos cristãos. Entre nós, ela coincide com a preparação de Pentecostes. Na Europa, ela é celebrada na semana que precede a festa da conversão de São Paulo, a 25 de janeiro. 

Sempre é bom lembrar que foi no contexto desta “semana de orações pela unidade dos cristãos” que João 23 lançou a idéia do Concílio, em 25 de janeiro de 1959. Desde o início, o Concílio esteve ligado ao ecumenismo. 

De fato, foi a causa ecumênica que proporcionou o ambiente de pronta acolhida à iniciativa de João 23. Tanto que no começo, a versão que se difundiu era que o Concílio iria realizar uma ampla reunião dos representantes das diversas Igrejas Cristãs, com a finalidade de superar os desentendimentos acontecidos no passado, e propor um caminho de plena reconciliação. 

O povo se entusiasmou, achando que o Concílio iria refazer a unidade entre os cristãos. 

Para segurar este entusiasmo ecumênico, João 23 sentiu a necessidade de fazer alguns esclarecimentos. Mesmo que suscitado pela causa ecumênica, o Concílio seria realizado pela Igreja Católica, como caminho prévio para aplainar a estrada do diálogo entre as Igrejas, identificando os passos que precisavam ser dados para a lenta aproximação entre os cristãos. 

Com isto, cresceu a consciência da gravidade das divisões acontecidas, e da complexidade de sua superação. Mesmo convidando “observadores” de outras Igrejas, o Concílio se realizaria no âmbito da Igreja Católica. Mas ele seria “ecumênico” não só por sua índole de abertura para a dimensão universal dos assuntos a serem tratados, mas também no sentido mais restrito da palavra, fazendo da preocupação com a unidade dos cristãos a referência permanente para todos os assuntos a serem tratados. 

Assim, o sonho da plena reunificação dos cristãos ficaria para depois do Concílio, como fruto de iniciativas a serem levadas em frente, de acordo com as orientações aprovadas pelo Concílio, e consignadas no documento “Unitatis Redintegratio”, o decreto sobre a prática do ecumenismo. 

Olhado o Concílio à distância de 50 anos de sua realização, é forçoso constatar que os avanços ecumênicos foram muito lentos. Houve passos positivos de aproximação com os luteranos, expressos na declaração conjunta, mostrando que não existem diferenças em torno da tese central de Lutero, sobre a justificação. Daria para dizer que os impasses doutrinais entre católicos e luteranos estariam superados. O que não significa dizer que já foram analisadas as questões práticas de uma eventual reconciliação entre católicos e luteranos. 

Com o mundo ortodoxo, houve gestos muito fecundos, que produziram mudanças significativas no clima do relacionamento entre as duas grandes tradições eclesiais do cristianismo, a “Igreja do Oriente” e a “Igreja do Ocidente”. Ainda permanece no horizonte do clima ecumênico do Concílio, o abraço de paz entre o Patriarca Atenágoras de Constantinopla, e o Papa VI, retirando a “excomunhão mútua”, acontecida no longínquo ano de 1054. 

Diante do esfacelamento eclesial hoje existente, com o proliferar de tantas denominações cristãs, parece sempre mais clara e mais urgente a responsabilidade de católicos e ortodoxos refazerem sua plena comunhão eclesial, para juntos testemunharem o tesouro da fé que Cristo confiou aos seus discípulos. 

O fato é que o Concílio recebeu do movimento ecumênico o impulso para a sua realização. Agora, para levar em frente a sua implementação, se faz necessária a retomada do ecumenismo, com maior ímpeto e mais ousadia. 

Nestes dias, o Patriarca Teodoro II, dos Ortodoxos Coptas, do Egito, visitou o Papa Francisco, demonstrando grande disposição para a plena reconciliação entre as duas Igrejas. 

Como falou o etíope ao Diácono Felipe: “temos aqui água, o que me impede de ser batizado” (Atos 8, 37), poderíamos dizer a Francisco e a Teodoro: “o mundo está necessitado, os cristãos estão esperando, o que falta para a completa reconciliação?” 
Dom Luiz Demétrio Valentini - Bispo de Jales (SP).

O PÓ DAS VIDAS ADORMECIDAS

Papa Francisco cunhou nesta semana mais algumas frases que sacodem a consciência dos fiéis: “Não aos cristãos de salão” e “o dinheiro deve servir e não governar a vida”. A primeira frase o Santo Padre disse durante a Santa Missa na Capela da Casa Santa Marta, no Vaticano, lançando o seu não aos cristãos somente educados, sem fervor apostólico. E foi mais longe pedindo ao Espírito Santo que nos dê a graça de sacudir as coisas que estão muito tranquilas na Igreja, a graça de ir avante em direção das “periferias existenciais”. Uma exortação a todos os fiéis para que não se acomodem em suas “vidas tranquilas” como se tudo estivesse pronto, tudo fosse perfeito. Exemplo do contrário disso foi São Paulo um homem capaz de incomodar, de sacudir a poeira do tempo com suas palavras e pregações, com suas atitudes, suas ações. Não media esforços para anunciar o homem que o “derrubou do cavalo” que transformou a sua vida de perseguidor em perseguido. De fato Paulo viveu a sua vida cotidiana após o encontro com o Mestre, perseguido, odiado, não mais amado. Paulo nos ajuda a entender que devemos viver não jogados em um “salão de comodidades”, em uma vida tranquila, mas sim no compromisso do verdadeiro cristão, do anúncio do Evangelho. Papa Francisco falou de “Zelo apostólico”, recordando que não é entusiasmo pelo poder, de possuir, mas sim do conhecimento de Jesus, “do nosso encontro pessoal com ele”, e para isso devemos ser loucos, numa loucura espiritual, como Paulo. Não devemos ser frios mornos mas pessoas comprometidas, agitadas, sedentas. Francisco diz ainda que devemos incomodar as coisas tranquilas na Igreja, questionar, e se perturbarmos, bendito seja o Senhor. 

A segunda frase “o dinheiro deve servir e não governar a vida” foi dita em outro contexto falando a 4 novos embaixadores recebidos no Vaticano para a apresentação de suas cartas credenciais. O Papa não condenou o rico, disse que ama a todos, ricos e pobres, mas o dever de quem tem posses é ajudar aqueles que têm menos, respeitando os últimos. O dinheiro tornou-se para muitos um ídolo e ideologias promovem a autonomia absoluta do mesmo. O Papa cita a especulação dos mercados financeiros afirmando, sem meias palavras, que existe uma “tirania invisível”, às vezes virtual, das leis do mercado. Hoje vivemos uma crise financeira que atinge muitos países em todo o mundo, antes seguros de sua força econômica, e que hoje balançando na corda de um futuro incerto, muitas vezes esquecem que na crise financeira teve um papel fundamental “a vontade de poder e de posse”, uma vontade sem limites. O Papa Francisco de modo sintético enfatiza que por detrás desse comportamento se esconde a rejeição à ética, ao próprio Deus. Precisamente como a solidariedade, a ética incomoda. O aumento da pobreza no mundo tem suas causas precisamente na falta de solidariedade. Francisco encorajou os homens das finanças e os governantes a refletirem sobre as palavras de São João Crisóstomo: “Não compartilhar com os pobres os próprios bens é roubar deles e tirar-lhes a vida. Os bens que possuímos não são nossos, mas deles”. 

A Igreja não possui receitas para acabar com crises financeiras, com situações criadas pela corrida desenfreada do homem passando sobre o homem, mas indica a direção a ser tomada agindo sempre para o desenvolvimento integral de cada pessoa. Encoraja a estarem a serviço do bem comum. Papa Francisco através das suas frases voltou a mexer com os brios de fiéis que se sentem fiéis justos, mas passivos, e daqueles que vêem só no dinheiro, o poder transformador da sociedade. Francisco sacudiu e sacode as consciências. Ele nos encoraja a tirarmos o pó das nossas vidas adormecidas e sem sentido, a mudar de vida.
Silvonei José Protz
Colunista do Portal Ecclesia.
Diocese de Roma (Itália).

O CHAMADO DE DEUS


Nós, que pelo batismo somos irmãos em Cristo, somos chamados a uma alta vocação. Nós cristãos somos vocacionados a viver a vida de Jesus, de quem somos imagem e semelhança. Pelo batismo ressuscitamos com Cristo, por isso, somos chamados a buscar as coisas do alto (cf. Cl 3, 1), a nos revestir do homem novo. Pois, o homem velho está morto e a nossa vida está escondida com Cristo em Deus (cf. Cl 3, 3).

Viver a vida de Cristo significa assumir o seu projeto de justiça e santidade, que não meramente exterior, mas principalmente interior. O Reino de Deus, onde acontecerá a justiça e a santidade está dentro de nós, pois ressuscitamos com Cristo. Ele está em nós e a sua vida passará a se manifestar em nós a partir da nossa fé e adesão a essa vocação, a esse projeto de vida e de santidade.

A partir dessa adesão a Jesus Cristo, ao Seu projeto de amor em nossas vidas, se manifestará em nós a vocação, o chamado de assumir a nossa cruz e segui-lo. Como os apóstolos e discípulos de Jesus, somos chamados anunciar essa vida nova, esse projeto de justiça e santidade. Projeto este que comporta acolher o mistério da cruz de Cristo em nossas vidas. Pois, vivemos, mas não somos nós, é Cristo que vive em nós (cf. Gl 2, 20). E, se Ele vive em nós, o mistério de Sua cruz passa a fazer parte de nossas vidas. Dentre os cristãos, que são chamados a viver o Reino de Deus já aqui neste mundo, existem aqueles que por uma vocação, por uma escolha de Deus, são separados para um ministério específico dentro da Igreja, como o sacerdócio, a vida religiosa e missionária. Por isso, cada um de nós cristãos somos convidados a nos colocarmos diante de Deus e questionar-se a respeito desse chamado de Deus para o Seu serviço e da comunidade. A exemplo de Santa Terezinha, padroeira das missões, os vocacionados são convidados a responder o chamado de Deus com generosidade de coração.

Aqueles que não são chamados a estas vocações, não devem sentir-se menosprezados, pois têm a vocação sublime de santificar as suas famílias e a sociedade. Todos os cristãos têm a vocação dentro da Igreja, que é a santidade. Fazemos parte do corpo místico de Cristo, que é a Igreja, somos membros de Jesus Cristo, cabeça da Igreja. Por isso, devemos orar e oferecer sacrifícios pelos vocacionados, que Deus suscitou para o serviço e o bem de toda a Igreja.

Oremos por cada pessoa que é chamada a uma vocação missionária ou ministério dentro da Igreja, principalmente neste mês, dedicado às missões. Rezemos para que os vocacionados à vida religiosa e missionária respondam com alegria e generosidade de coração ao chamado de Nosso Senhor Jesus Cristo, para que eles vivam a vida de Jesus e produzam frutos abundantes a Igreja. Peçamos também a Virgem Maria que, da mesma maneira que ela cuidou generosamente de Jesus, cuide desses vocacionados, os fortaleça e lhes dê perseverança no caminho que conduz ao serviço do Reino dos Céus e à salvação.
Natalino Ueda - Comunidade Canção Nova

UM NOVO PENTECOSTES


Um novo Pentecostes, existencial e espiritual, deve acontecer sempre, em todas as épocas e para todos os cristãos. A passagem de direito para a nova aliança dá-se no instante preciso do batismo, mas a passagem moral, psicológica – ou de fato – requer uma vida inteira. Pode-se viver objetiva e historicamente sob a graça, mas subjetivamente, com o coração, sob a lei.

Cristo nos libertou para que fôssemos livres: “ficai, portanto, firmes e não vos submetais outra vez ao jugo da escravidão” (Gl 5,1). Viver na nova aliança é como nadar contra a correnteza; se parar de nadar, a pessoa é arrastada pelas águas. Continuamente, todos os dias, é preciso renovar a novidade. A novidade cristã é ofuscada quando se insiste unilateralmente nos deveres, nas virtudes, no que deve ser feito pelo homem, quando a graça é vista como um auxílio para o homem, a fim de suprir o que ele não pode fazer sozinho.

O centro de atenção desloca-se de Deus para o homem e da graça para a lei. Os homens podem dar leis, mas só Jesus Cristo pode, com Seu Espírito, nos dar a graça de vivê-las.

Em consequência do pecado, o ser humano não consegue ver a grandeza da nova aliança, pois está impedido por uma espécie de véu, que será removido somente quando nos convertermos ao Senhor (cf. II Cor 4,14ss).

É preciso despojar-se de tudo o que é velho e ultrapassado. É preciso cantar o cântico novo, mas esse cântico só pode ser cantado por homens novos, e homens novos necessitam de coração novo. Com o Pentecostes, tudo é novo: novo testamento, vinho novo, cântico novo, vaso novo e homem novo. Só quem tem coração novo é capaz de cantar o cântico novo.

Cristo nos deu um mandamento novo: amar-nos uns aos outros como Ele nos amou. É este amor que nos renova, fazendo-nos homens novos, herdeiros do testamento novo, cantores do cântico novo.

Um novo Pentecostes precisa ir além da experiência dos carismas. Por mais importantes que sejam, eles são apenas um sinal de algo muito mais profundo. Se o primeiro Pentecostes celebrava o dom da lei, o novo Pentecostes é o grande presente de Deus, que cria o coração novo e a nova aliança, possibilita-nos um jeito novo de amar e servir a Deus.

Além da profecia de Joel sobre os carismas, que é a certeza da realização do derramamento do espírito profético sobre todos os fiéis, também o novo Pentecostes é o cumprimento da profecia de Ezequiel e de Jeremias sobre o coração novo.

O Espírito Santo é muito mais do que a manifestação carismática. Antes, é um princípio de vida nova. Ele permite e realiza a renovação da Igreja, não só em seu aspecto exterior, mas, sobretudo, consiste na renovação do coração.

Para cada um de nós, a porta de entrada para este novo Pentecostes atuante na Igreja é uma renovação do batismo. O fogo do Espírito nos foi depositado nesse sacramento; devemos remover a camada de cinzas para que volte a arder e nos tornemos capazes de amar.
Padre Léo, scj

TEMOS DIREITO A VIDA


A lei brasileira permite o uso, para pesquisa e terapia, de células-tronco obtidas de embriões humanos de até cinco dias, que sejam sobras do processo de fertilização in vitro, inviáveis para implantação ou congelados por mais de três anos com o consentimento dos genitores. Todavia, ainda que a lei aprove, esta prática é um atentado contra a vida humana.

Em primeiro lugar, a destruição do blastocisto, embrião na segunda semana de gestação, para a obtenção de células-tronco, é um atentado contra a vida, porque esta é inviolável, ainda que em sua fase inicial de formação. Esta prática é eticamente incorreta, porque é um desrespeito contra a dignidade humana. Uma vida, ainda que em sua fase inicial, não pode ser usada para pesquisas e/ou terapias. Ainda que o fim dessas pesquisas seja para o bem da humanidade, não se pode dispor de um meio mau para chegar a esse fim. Além da questão ética, há também implicações do ponto de vista religioso a respeito do uso de células tronco embrionárias para pesquisas e terapias. Segundo a Carta Encíclica Evangelium Vitae, do Papa João Paulo II, o quinto mandamento da Lei é lembrado, em primeiro lugar, por Jesus ao jovem rico: “Não matarás; não cometerás adultério; não roubarás...” (Mt 19, 18). Segundo o Pontífice, o mandamento de Deus não pode ser desvinculado do seu amor, que é sempre um dom para a alegria do homem. Este constitui um aspecto essencial e um elemento inalienável do Evangelho, uma boa e feliz notícia.

O Evangelho da vida é um grande dom de Deus e, ao mesmo tempo, uma exigente tarefa para o homem. “Aquele suscita assombro e gratidão na pessoa livre e pede para ser acolhido, guardado e valorizado com vivo sentimento de responsabilidade: dando-lhe a vida, Deus exige do homem que a ame, respeite e promova. Deste modo, o dom faz-se mandamento, e o mandamento é em si mesmo um dom”. O homem tem o dever de amar, respeitar e promover a vida, por isso a destruição do embrião para a obter células-tronco é pecado grave contra Deus e Sua Lei.

João Paulo II afirma que o homem é rei e senhor não apenas das coisas, mas também, e em primeiro lugar, de si mesmo e da vida que lhe é dada. O gênero humano pode transmitir a vida por meio da geração cumprida no amor e no respeito do desígnio de Deus. Porém, o seu domínio não é absoluto, mas um reflexo concreto do domínio único e infinito de Deus. Por isso, o homem deve viver esse domínio com sabedoria e amor, participando da sabedoria e do amor de Deus, o qual é tão grande que não pode ser medido (cf. EV 52). O homem não é senhor absoluto e árbitro incontestável, mas ministro do desígnio de Deus. A vida é confiada ao homem como um tesouro que não pode desprezar, como um talento que deve fazer render, pois dele terá de prestar contas ao seu Senhor (cf. Mt 25, 14-30; Lc 19, 12-27).

A vida humana é sagrada, pois tem como origem a ação criadora de Deus e mantém para sempre uma relação especial com o Criador, seu único fim. “Só Deus é Senhor da vida, desde o princípio até ao fim: ninguém, em circunstância alguma, pode reivindicar o direito de destruir diretamente um ser humano inocente” (EV 53). Somente Deus é o Senhor absoluto da vida do homem, formado à Sua imagem e semelhança (cf. Gn 1, 26-28), por isso, não podemos manipular a vida.

A vida humana possui um caráter sagrado e inviolável, no qual se reflete a própria inviolabilidade do Criador. Por isso, Deus se fará juiz severo de qualquer violação do mandamento “não matarás”, colocado na base de toda a convivência social. Deus é o defensor do inocente (cf. Gn 4, 9-15; Is 41, 14; Jr 50, 34; Sal 19 18, 15), que não Se alegra com a perdição dos vivos (cf. Sb 1, 13). Com a perdição, somente satanás pode se alegrar. Foi pela inveja do homem que a morte entrou no mundo (cf. Sb 2, 24). O demônio é assassino desde o princípio e também mentiroso e pai da mentira (cf. Jo 8, 44).

Enganando o homem, satanás levou-o ao pecado e à morte, que lhe foram apresentados como objetivos e frutos de vida (cf. EV 52). Não nos enganemos, pois tais pesquisas com células-tronco embrionárias podem ser apresentados da mesma forma, como objetivos e frutos de vida, mas na verdade fazem parte da cultura de morte, que se espalha pelo mundo. Protejamos estas vidas contra qualquer tipo de manipulação, pois nos lembra o Beato João Paulo II, o ser humano tem direito à vida desde a concepção até o momento da morte natural (cf. Exortação Apostólica Christifideles laici, 38).
Natalino Ueda - Comunidade Canção Nova

18 de maio de 2013

ESTOU MUITO OCUPADO

Eu era jovem e me sentia forte. Naquela manhã de primavera, saí de casa e gritei:
- Estou disponível, quem me quer que me pegue.
Pela estrada passava o Rei com seu séquito de mil guerreiros.
– Eu te aceito ao meu serviço – disse o Rei parando o cortejo – Receberás parte do meu poder. Mas do poder dele eu não sabia o que fazer e o deixei ir embora.
– Estou disponível para todos. Quem me quer? – Repeti. Naquela tarde de sol, um velho pensativo me parou e disse:
- Eu te contrato para os meus negócios. Vou te pagar com muito dinheiro – e me mostrou um monte de moedas de ouro. Mas eu não sabia o que fazer do dinheiro dele e me virei do outro lado.
Ao anoitecer cheguei perto de um casebre. Apareceu uma linda jovem e falou:
Eu te aceito. Terás o meu sorriso como recompensa.
Eu fiquei perplexo: quanto dura um sorriso? Entretanto aquele sorriso desapareceu e a jovem sumiu nas sombras. Passei a noite deitado na grama e de manhã estava todo molhado pelo orvalho.
- Estou disponível, quem me quer?
O sol já brilhava sobre a areia quando percebi que tinha uma criança sentada na praia brincando com três conchinhas. Quando me viu, levantou a cabeça e sorriu:
- Eu te quero – ela falou – e em troca não tenho nada para te dar.
Aceitei o contrato e comecei a brincar com ela. Às pessoas que passavam e perguntavam por mim, respondia:
- Não posso, estou muito ocupado. A partir daquele dia, senti-me um homem livre.

Peguei emprestada esta bela página do poeta Tagore. No domingo de Pentecostes, devemos refletir sobre o Espírito Santo, a “força do alto”, o advogado, o consolador, prometido e doado por Jesus. Ele mesmo quando falou do Espírito a Nicodemos o comparou ao vento, porque sopra onde quer e ninguém sabe de onde vem e para onde vai (cf. Jo 3,8). Não tem portas e nem janelas que possam segurá-lo. O Espírito é a liberdade de Deus para amar. Uma liberdade que, parece uma contradição, o obriga a amar. Deus não escolhe e por isso não pode errar e nem fazer menos, pior ou diferente. É a perfeita liberdade de fazer e escolher sempre o único melhor: amar. Também se pode custar a vida do Filho encarnado.

O Espírito é o contrário do interesse, da ganância, do lucro e da vantagem. O Espírito é pura gratuidade. Se não fosse assim, se Deus escolhesse as coisas para ter algo em troca, esta, sim, seria uma contradição do amor. Não seria mais o amor total. Como as brincadeiras das crianças, muito ocupadas em gastar livremente as suas energias. Liberdade e gratuidade juntas para amar.

Pensando bem, o Espírito Santo é também o contrário da prudência, do medo, dos cálculos estratégicos. 

Os apóstolos perdem o medo, as portas são escancaradas; não para que entrem os judeus ameaçadores, mas para que eles possam sair. A boa notícia de Jesus agora está livre para chegar até os confins da terra.
O Espírito Santo é o contrário da dúvida, da confusão, da desunião. A fé é proclamada sem titubeios: Jesus é o Senhor. O anúncio é ouvido e compreendido por cada um em sua própria língua. Os povos continuam diferentes com sua própria história e sua própria cultura, mas agora se encontram para formar um único corpo onde as diversidades enriquecem e vale para todos e acima de todos o bem comum.

O dia de Pentecostes é também o dia do envio em missão. Depois daquele dia, o Evangelho nunca mais voltou atrás. Nós, os cristãos, é que podemos ficar parados, podemos ter resolvido dar um tempo, decidido descansar. O Espírito Santo não, porque vai à nossa frente, antecipa-se, prepara os ouvidos e os corações para que acolham a Palavra de Vida. O Espírito Santo é a força da evangelização. Ajuda o pregador a falar, o catequista a explicar, os pais a educarem na fé os seus filhos. Mas também está com os filhos, com os que buscam a verdade e até com os indiferentes, incomodados pela Boa Notícia.

O Espírito não promete nada em troca. Ele mesmo é a meta e o prêmio. É só gratuidade e liberdade porque somente é amor.
Dom Pedro José Conti
Bispo de Macapá (AP).

EVANGELHO E LEITURA ORANTE PARA DOMINGO


ANO C - DIA 19/05 Domingo
A vinda do Espírito Santo 
- Jo 20,19-23
Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, os discípulos estavam reunidos, com as portas fechadas por medo dos judeus. Jesus entrou e pôs-se no meio deles. Disse: “A paz esteja convosco”. Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos, então, se alegraram por verem o Senhor. Jesus disse, de novo: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou também eu vos envio”. Então, soprou sobre eles e falou: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, serão perdoados; a quem os retiverdes, lhes serão retidos”.

LEITURA ORANTE

ORAÇÃO INICIAL
Solenidade de Pentecostes.
Preparo-me para a Leitura Orante, invocando o Espírito Santo:
Espírito de verdade,
a ti consagro a mente e meus pensamentos: 
ilumina-me.
Que eu conheça Jesus Mestre
e compreenda o seu Evangelho.
1- LEITURA (VERDADE)O que diz o texto do dia?
Leio atentamente, na Bíblia, o texto: Jo 20,19-23, e observo pessoas, palavras, relações, lugares.
Jesus atravessa as barreiras internas e externas das pessoas. Com a vinda do Espírito Santo, o medo é vencido pela paz, a dúvida e o desânimo com a identificação e o encontro com Jesus Ressuscitado.
2- MEDITAÇÃO (CAMINHO)O que o texto diz para mim, hoje?
Jesus oferece a paz aos discípulos. E com a paz, oferece-lhes o Espírito Santo.
“Jesus nos transmitiu as palavras de seu Pai e é o Espírito que recorda à Igreja as palavras de Cristo (cf. Jo 14,26). Desde o princípio, os discípulos haviam sido formados por Jesus no Espírito Santo (cf. At 1,2) que é, na Igreja, o Mestre interior que conduz ao conhecimento da verdade total formando discípulos e missionários. Esta é a razão pela qual os seguidores de Jesus devem se deixar guiar constantemente pelo Espírito (cf. Gl 5,25), e tornar a paixão pelo Pai e pelo Reino sua própria paixão: anunciar a Boa Nova aos pobres, curar os enfermos, consolar os tristes, libertar os cativos e anunciar a todos o ano da graça do Senhor (cf. Lc 4,18-19)." (DAp 152).
3- ORAÇÃO (VIDA)O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo, com o papa Paulo VI:
Oração ao Espírito Santo
Ó Espírito Santo, dai-me um coração grande, 
Aberto à vossa silenciosa
E forte palavra inspiradora, 
Fechado a todas as ambições mesquinhas, 
Alheio a qualquer desprezível competição humana, 
Compenetrado do sentido da santa Igreja! 
Um coração grande, 
Desejoso de tornar-se semelhante
Ao Coração do Senhor Jesus! 
Um coração grande e forte
Para amar todos, 
Para servir a todos, 
Para sofrer por todos! 
Um coração grande e forte
Para superar todas as provações, 
Todo tédio, todo cansaço, 
Toda desilusão, toda ofensa! 
Um coração grande e forte, 
Constante até o sacrifício, 
Quando for necessário! 
Um coração cuja felicidade
É palpitar com o Coração de Cristo
E cumprir humilde, fiel e virilmente
A vontade do Pai. 
Amém.
4- CONTEMPLAÇÃO (VIDA E MISSÃO)Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Meu novo olhar, iluminado pela luz do Espírito Santo,
Leva-me a pensar e desejar com os bispos da América Latina:
“ O Espírito Santo, com o qual o Pai nos presenteia, identifica-nos com Jesus-Caminho, abrindo-nos a seu mistério de salvação para que sejamos seus filhos e irmãos uns dos outros; identifica-nos com Jesus-Verdade, ensinando-nos a renunciar a nossas mentiras e ambições pessoais, e nos identifica com Jesus-Vida, permitindo-nos abraçar seu plano de amor e nos entregar para que outros “tenham vida n’Ele”.” (DAp 137).
BÊNÇÃO
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém. 
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém. 
-Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém. 
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Irmã Patrícia Silva, fsp

A IGREJA NO ESPÍRITO DE CRISTO

No final do ciclo pascal, chega a festa de Pentecostes, a grande Páscoa do Espírito, a celebração de uma história em que o Espírito de Deus é o guia e inspirador. Não devemos olhar apenas para o momento inicial, relatado nos Atos dos Apóstolos, quando os discípulos experimentaram, com uma força inusitada, a presença do Espírito de Deus animando-os a deixarem o quarto fechado em que estavam – por temerem os judeus – e a pregarem a Boa-Nova a toda a humanidade, em todas as línguas e culturas. E isso tudo porque o amor e a salvação de Deus são para todos. 

Deveríamos saber contemplar a ação do Espírito ao longo da história da Igreja. Quando olhamos para esses vinte séculos, temos a tentação de fazer a história das idéias e dos concílios, ou dos documentos, ou dos papas. Mas a história da Igreja é muito mais que isso: é a história de homens e mulheres – importantes ou não, com cargo ou sem ele – que aceitaram ser conduzidos pela força do Espírito e anunciaram a Boa-Nova com sua vida, suas palavras, sua forma de amar a todos que encontraram pelo caminho. 

É importante repassar os nomes que conhecemos: os dos santos, aqueles em quem o povo de Deus reconheceu a presença do Espírito e a fidelidade humana. Graças a eles, os santos, continuamos reconhecendo a presença do Espírito na Igreja. Desde aqueles que escreveram os evangelhos e os que deram testemunho na primeira hora, como o foram Pedro e Paulo, até os santos dos últimos séculos. Tampouco podemos esquecer o atual momento da Igreja. 

As línguas de fogo e o vento impetuoso de que se fala na primeira leitura não são mais que um símbolo para expressar a força do Espírito de Deus que chega até o coração da pessoa e é capaz de transformá-la. Quando as portas do coração são abertas para o Espírito, já nada mais é igual. Tudo é visto a partir dessa nova perspectiva, a do amor e da misericórdia de Deus. Nossa história pessoal se transforma no fogo do Espírito. 

O dia de Pentecostes é dia para darmos graças a Deus pelo dom do seu Espírito. Ele nos fez participar da história dos homens e mulheres santos e nos chama, igualmente, à santidade. Abramos o coração ao Espírito de Jesus e Ele nos ensinará, como diz o Evangelho, a viver em cristianismo, nos fará lembrar de Jesus a todo momento e nos ajudará a guardar o mandamento do amor. 
Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo emérito de Juiz de Fora (MG).

O PREÇO DA INTOLERÂNCIA



No início de um novo ano, Geovani Vicente Ferreira, 33 anos, tomou um táxi e indicou o lugar para onde desejava ir. Lá chegando, foi informado de que a corrida custara R$ 4,64. Geovani pagou somente R$ 4,60, mas o taxista exigiu os quatro centavos que faltavam. Geovani entregou uma moeda de cinco centavos e passou a exigir seu troco: exatamente um centavo. O taxista disse que não tinha uma moeda desse valor e que não iria dar o troco. Os ânimos foram ficando acirrados, até que o passageiro desistiu do seu troco e saiu com raiva do táxi, batendo a porta com toda a força. O taxista não se conteve e deu um tiro, matando o passageiro. O que leva uma pessoa a chegar a esse grau de intolerância? Como a vida pode chegar a valer apenas um centavo? 

Estamos diante de um fato extremo, mas que nos faz pensar. Dificilmente alguém de nós chegaria tão longe, mas é possível que você já tenha dito poucas e boas para aquele carro que fechou o seu ou demorou demais para sair com o semáforo aberto. Você pode ter levantado a voz com aquela pessoa que estava atendendo a fila sem pressa. A verdade é que a intolerância é um mal muito presente no mundo estressado em que vivemos. Queremos tudo para ontem. Ficamos viciados na impaciência.

Coloque, nesse contexto, um pouco de arrogância e violência. Aí está a mistura explosiva. O resultado pode ser verificado no jornal nosso de cada dia. Guerra, sangue, violência.

Os intolerantes perdem a capacidade de sorrir e procuram seu refúgio no mau humor e na ignorância. A inteligência não consegue sobreviver nesse canteiro de ervas daninhas. Terroristas, assassinos e traficantes precisam usar o capuz, esconder o rosto, evitar fazer algum raciocínio, pois se arriscariam a descobrir que sua atitude é totalmente idiota e sem sentido. É por isso que aqueles que estão interessados no lucro que a intolerância pode gerar estimulam o fundamentalismo, que é a ignorância em sua forma religiosa. Então, você tem aqueles que matam e morrem em nome de Deus.

Atenção: há formas de terrorismo presentes nas salas de aula, nas casas e nas ruas. A intolerância pode aflorar até em um táxi qualquer, por um mero centavo. Há pais intolerantes com seus filhos e vice-versa. Há professores que são um verdadeiro terror para os alunos, e há alunos que fazem o terror de seus mestres. Precisamos dar um basta. Se ficarmos em silêncio sempre, teremos apenas que chorar os mortos. Devemos anunciar a solidariedade e a paz.

A calma, a compreensão, a compaixão, o diálogo, o humor e o amor são as raízes dessa atitude profunda que chamamos de tolerância. Não me entenda mal, tolerar não significa deixar as coisas como estão, colocar panos quentes, aceitar o reinado dos maus. Já se falou muito em “tolerância zero”. Não devemos tolerar o pecado. Mas precisamos atirar no pecador? Não precisamos perdoar a dívida de R$ 10 mil. Mas precisamos gastar tanta adrenalina por um centavo? Pense nisso!
Padre Joãozinho, SCJ

EVANGELHO E LEITURA ORANTE PARA SÁBADO


ANO C - DIA 18/05 Sábado
Jesus e o outro discípulo 
- Jo 21,20-25
Voltando-se, Pedro viu que também o seguia o discípulo que Jesus mais amava, aquele que na ceia se tinha inclinado sobre seu peito e perguntado: “Senhor, quem é que vai te entregar?” Quando Pedro viu aquele discípulo, perguntou a Jesus: “E este, Senhor?” Jesus respondeu: “Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa? Tu, segue-me”. Por isso, divulgou-se entre os irmãos que aquele discípulo não morreria. Ora, Jesus não tinha dito que ele não morreria, mas: “Se eu quero que ele permaneça até que eu venha, que te importa?” Este é o discípulo que dá testemunho destas coisas e as pôs por escrito. Nós sabemos que seu testemunho é verdadeiro. Ora, Jesus fez ainda muitas outras coisas. Se todas elas fossem escritas uma por uma, creio que nem o mundo inteiro poderia conter os livros que seria preciso escrever.

LEITURA ORANTE

ORAÇÃO INICIAL
Preparo-me, com todos os internautas, para a Leitura Orante, recordando o que disse Bento XVI: “A oração é o caminho silencioso que nos conduz diretamente ao coração de Deus; é o respiro da alma que nos doa paz nas tempestades da vida”. Assim invoco o Espírito:
Espírito de verdade, 
a ti consagro a mente e meus pensamentos: 
ilumina-me.
Que eu conheça Jesus Mestre
e compreenda o seu Evangelho.
1- LEITURA (VERDADE)O que diz o texto do dia?
Leio atentamente o texto: Jo 21,20-25, e observo pessoas, palavras, relações.
Neste texto que é o final do Evangelho de João, é recordado o discípulo amado – João – como modelo dos seguidores de Jesus. O discípulo amado é aquele que também ama e, por amar, conduz as pessoas a Jesus.
2- MEDITAÇÃO (CAMINHO)O que o texto diz para mim, hoje?
Posso me comparar a João? Amo a Jesus e levo outras pessoas por este mesmo caminho?
Disseram os bispos em Aparecida: "O Espírito Santo, que o Pai nos presenteia, identificanos com Jesus-Caminho, abrindo-nos a seu mistério de salvação para que sejamos filhos seus e irmãos uns dos outros; identifica-nos com Jesus-Verdade, ensinando-nos a renunciar a nossas mentiras e ambições pessoais; e nos identifica com Jesus-Vida, permitindo-nos abraçar seu plano de amor e nos entregar para que outros “tenham vida nEle”.(DAp 137. )
3- ORAÇÃO (VIDA)O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo, espontaneamente, e concluo com a Oração da Unidade:
Pai Nosso que estais nos céus.... e ao Espírito Santo:
Ao Espírito Santo ( pedindo-lhe os dons)
Ó Espírito Santo, 
por intercessão da Rainha de Pentecostes, 
cura a minha mente da irreflexão, ignorância, carências, 
dureza, prejuízos, erros, perversões, 
e concebe em mim a Sabedoria de Jesus- Verdade em tudo. 
Cura a minha sensibilidade da indiferença, desconfiança 
e más inclinações, paixões, sentimentos, afetos, 
e concebe os gostos, sentimentos, inclinações de Jesus-Vida, em tudo.
Cura a minha vontade da inércia, superficialidade, 
inconstância, inveja, obstinação, maus costumes, 
e concebe Jesus Cristo-Caminho em mim.
Eleva divinamente em mim: a inteligência com o dom do Intelecto, 
a sabedoria com o dom da Sabedoria, 
a ciência com o a Ciência, 
a prudência com o Conselho,
a justiça com a Piedade, 
e Fortaleza com o dom da Força Espiritual, 
a temperança com Temor de Deus.
4- CONTEMPLAÇÃO (VIDA E MISSÃO)Qual meu novo olhar a partir da Palavra? 
Meu novo olhar é aquele sugerido pelos Bispos da América Latina: “O compromisso missionário de toda a comunidade. Ela sai ao encontro dos afastados, interessa-se por sua situação, a fim de reencantá-los com a Igreja e convidá-los a novamente se envolverem com ela.” (DAp 226,d).

BÊNÇÃO
Que Deus todo poderoso repouse sobre teus ombros 
e proteja todos os teus passos. 
Que o Filho de Maria habite em teu coração 
e que o Espírito Santo se derrame sobre ti.
Irmã Patrícia Silva, fsp

O QUE O ESPÍRITO DIZ À IGREJA



"O Espírito de Deus pairava sobre as águas" (Gn 1,1-2), proclama o magnífico hino da criação do universo, no qual retorna, como alegre refrão, a afirmação de que tudo o que Deus criou é bom! É o mesmo Espírito de Deus que "falou pelos profetas" (Credo niceno-constantinopolitano), o Espírito cuja presença se reconhece agindo naquele que as gerações esperaram: "O Espírito do Senhor Deus está sobre mim, porque o Senhor me ungiu. Enviou-me para levar a boa-nova aos pobres, para curar os de coração aflito, anunciar aos cativos a libertação, aos prisioneiros o alvará de soltura; para anunciar o ano do agrado do Senhor, o dia de nosso Deus fazer justiça, para consolar os que estão tristes, para levar aos entristecidos de Sião um adorno em vez de cinzas, perfume de festa em vez de luto, ação de graças em vez de espírito abatido" (Is 61,1-3). É o Espírito de Deus, capaz de fazer reviver as ossadas ressequidas da visão de Ezequiel! (cf. Ez 37,1-28). Na plenitude dos tempos, quando se realizam as profecias, a Sinagoga de Nazaré, para escândalo de tantos e alegria daqueles que não deixaram apagar-se a chama da esperança, testemunha a presença daquele que é o Ungido do Pai, sobre o qual repousa o Espírito Santo. É o mesmo Jesus do batismo de João no Jordão, quando o Espírito apareceu sob forma de uma pomba. Ele, impulsionado pelo Espírito (cf. Lc 4,14), realiza a sua missão e, efetivamente, traz consigo o ano da graça da parte do Senhor. Sua presença restaura, liberta e salva, de modo que ninguém passa em vão ao seu lado. Ele chama discípulos que caminham à sua frente, exulta no Espírito Santo e se alegra: “Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra, porque escondeste essas coisas aos sábios e entendidos e as revelaste aos pequeninos. Sim, Pai, assim foi do teu agrado" (Lc 10, 21). Jesus anuncia que Deus é Pai, abre a arca eterna do tesouro da Santíssima Trindade e revela que a vida divina não é solidão, mas comunhão, partilha, família. No monte da transfiguração, os discípulos "entram na nuvem" da presença do Espírito! Ali escutam a voz do Pai que os convida a ouvir e receber o Filho amado (cf. Lc 9, 28-36). O "movimento" de amor existente da Santíssima Trindade é posto à disposição de todos os homens e mulheres de fé! Uma verdadeira voragem de vida sobrenatural, agora oferecida como dom!

Em Sua cruz redentora, Jesus Cristo "entrega" o Espírito (cf. Jo 19,30). Já ressuscitado, Ele tem pressa! Sopra sobre os discípulos reunidos para que recebam o Espírito Santo e se transformem em portadores da misericórdia e do perdão. Elevado aos céus na Ascensão, leva à plena realização Seu mistério pascal, infundindo, no Pentecostes da "inauguração da Igreja", as línguas de fogo do Espírito Santo prometido, penhor da realização de Suas palavras. Dali para frente, começa o tempo do Espírito, no qual nos encontramos, enquanto esperamos a vinda gloriosa de nosso Deus e Salvador, Jesus Cristo.

Este é o tempo em que o dom do discernimento se faz presente e urgente. Já as igrejas dos tempos apostólicos (cf. Ap 2-3) buscavam o que o Espírito lhes dizia, para serem fiéis ao Senhor. As respostas ao discernimento continuam atuais: retornar ao primeiro amor da conversão, adquirir novo vigor para a evangelização, tomar consciência dos males existentes nas próprias comunidades, não ter medo dos sofrimentos, conservar o que é bom a todo custo, vigilância para identificar os problemas existentes, superar a mediocridade. Ele está à porta e bate, entra na casa, partilha os dons, repreende, educa os que ama! Até hoje as mesmas recomendações entram pelas portas dos corações e das Igrejas, com frutos abundantes para o anúncio do Evangelho.

Com esta iluminação, podemos buscar o discernimento do que o Espírito grita à Igreja de nosso tempo! Nos discursos de despedida, reunido com os apóstolos no Cenáculo, vendo-os assustados com as revelações que recebiam, desejava que estes tivessem a paz, quando os alerta que no mundo teriam aflições: "Tende coragem! Eu venci o mundo” (Jo 17, 33). Como a vitória que vence o mundo é a nossa fé, vem o chamado a não pretender destruir pessoas ou lançar-lhes sentenças de condenação, mas ir-lhes ao encontro, identificando com o farol da fé as sementes do Verbo de Deus que estão plantadas pelo próprio Espírito Santo.

Mais! Seja vencido todo o derrotismo e a acomodação! O Evangelho é o que existe de melhor e mais atual para as pessoas de nosso tempo. Cristão acuado é cristão derrotado! Antes, com o testemunho pessoal e com a palavra, manifestar que o bem existe e é maior do que o mal.

Quando as pessoas encontrarem comunidades unidas, vivas e ardorosas, oração, testemunho da Palavra de Deus, templos de portas abertas, espírito missionário, serão tocadas pela ação do próprio Espírito Santo, que é a alma da Igreja. Elas virão em busca dos inúmeros poços, nos quais desejarão encontrar água viva (cf. Jo 4, 7-15). Ao encontrarem ministros da Igreja ungidos pelo Espírito, abrirão sua alma e acolherão o dom da graça! As palavras de sabedoria, então destiladas dos lábios das pessoas de Igreja, serão acolhidas de boa vontade! Onde o fogo da caridade manifestar a fé, os homens e mulheres de nosso tempo acorrerão pressurosos, pois também hoje o Senhor tem um povo escolhido e amado em cada lugar! (cf. At 18, 10).

"Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às Igrejas!" (Ap 2,7.11.17.29; 3, 6.13.22).
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA

15 de maio de 2013

EVANGELHO E LEITURA ORANTE PARA QUARTA E QUINTA-FEIRA

ANO C - DIA 15/05 Quarta-feira
Jesus ora pelos seus seguidores 
- Jo 17,11b-19
“Pai Santo, guarda-os em teu nome, o nome que me deste, para que eles sejam um, como nós somos um. "Quando estava com eles, eu os guardava em teu nome, o nome que me deste. Eu os guardei, e nenhum deles se perdeu, a não ser o filho da perdição, para se cumprir a Escritura. Agora, porém, eu vou para junto de ti, e digo estas coisas estando ainda no mundo, para que tenham em si a minha alegria em plenitude. Eu lhes dei a tua palavra, mas o mundo os odiou, porque eles não são do mundo, como eu não sou do mundo. Eu não rogo que os tires do mundo, mas que os guardes do maligno. Eles não são do mundo, como eu não sou do mundo. Consagra-os pela verdade: a tua palavra é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, eu também os enviei ao mundo. Eu me consagro por eles, a fim de que também eles sejam consagrados na verdade.”

LEITURA ORANTE

ORAÇÃO INICIAL
Começamos nossa oração rezando pela unidade:
Oramos por todos aqueles que têm coração frio.
Oramos por aqueles que pensam que já viram tudo.
Agradecemos pelos profetas do passado e de hoje
que partilharam o que Deus lhes revelou.
Agradecemos por aqueles que, por amor a Cristo,
trouxeram justiça e libertação aos oprimidos.
Louvamos a Deus por todas as pessoas
que estão vivendo revelações de sua Palavra.
Amém.
1- LEITURA (VERDADE)O que diz o texto do dia?
Leio atentamente, na Bíblia, o texto: Jo 17,11b-19, e observo as palavras de Jesus na sua oração ao Pai.
Pai santo, pelo poder do teu nome, o nome que me deste, guarda-os para que sejam um, assim como tu e eu somos um. Quando estava com eles no mundo, eu os guardava pelo poder do teu nome, o mesmo nome que me deste. Tomei conta deles; e nenhum se perdeu, a não ser aquele que já ia se perder para que se cumprisse o que as Escrituras Sagradas dizem. E agora estou indo para perto de ti. Mas digo isso enquanto estou no mundo para que o coração deles fique cheio da minha alegria. Eu lhes dei a tua mensagem, mas o mundo ficou com ódio deles porque eles não são do mundo, como eu também não sou. Não peço que os tires do mundo, mas que os guardes do Maligno. Assim como eu não sou do mundo, eles também não são. Que eles sejam teus por meio da verdade; a tua mensagem é a verdade. Assim como tu me enviaste ao mundo, eu também os enviei. Em favor deles eu me entrego completamente a ti. Faço isso para que, de fato, eles também sejam completamente teus.
Jesus fala ao Pai, na sua oração, por aqueles que ele chamou e com eles formou seu grupo de apóstolos. Aqueles que Ele enviou em missão. Ele deseja que o coração dos seus seguidores sejam cheios da sua alegria. Pede ao Pai que os guarde do Maligno. Mais ainda: entrega-se em favor dos seus seguidores.
2- MEDITAÇÃO (CAMINHO)O que o texto diz para mim, hoje?
Aprendo de Jesus Mestre a orar ao Pai e faço minhas as suas intenções: rezo em favor dos que seguem Jesus. Estando na Semana de Oração pela Unidade dos cristãos, recordamos as palavras dos bispos, Na Conferência de Aparecida: “A compreensão e a prática da eclesiologia de comunhão nos conduz ao diálogo ecumênico. A relação com os irmãos e irmãs batizados de outras Igrejas e comunidades eclesiais é um caminho irrenunciável para o discípulo e missionário, pois a falta de unidade representa um escândalo, um pecado e um atraso do cumprimento do desejo de Cristo: “para que todos sejam um, como tu, Pai,estás em mim e eu em ti. E para que também eles estejam em nós, a fim de que o mundo acredite que tu me enviaste” (Jo 17,21).(DAp 227).
3- ORAÇÃO (VIDA)O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo, com todos, e, se possível, com o grupo com o qual trabalho, na comunidade ou minha família, a Oração da Unidade:
Senhor, hoje temos conhecimento de desastres naturais
que ocorrem do outro lado do mundo.
Mas ainda assim deixamos de notar quando nosso vizinho sofre perdas
e não sabemos o que eles festejam na casa ao lado.
Sentimo-me como estrangeiros em minha própria terra.
Às vezes somos chamados a ficar quietos.
Se olharmos e escutarmos, encontraremos Cristo no outro.
Se olharmos para dentro, encontraremos Cristo em nós mesmos.
E, se estivermos abertos ao desafio e à vulnerabilidade,
então o Espírito Santo nos mostrará onde Deus nos quer.
Deus está em todas as situações. Ninguém é um estranho para Deus.
Temos visto Deus em ação no que é grande e no que é pequeno.
Oramos por todos que se encontram em circunstâncias trágicas.
Agradecemos pelas agências internacionais de assistência,
por serviços de emergência e por indivíduos que fazem
sacrifícios pessoais para ajudar seu próximo.
Louvamos a Deus, pelo dom e pelo poder da oração
– porque sempre há algo que podemos fazer –
podemos orar.
4- CONTEMPLAÇÃO (VIDA E MISSÃO)Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Meu olhar quer hoje traduzir o desejo de diálogo com o diferente e descobrir a presença de deus nas mais diversas situações e pessoas. Com os bispos reconheço:
“Faz mais de quarenta anos que o Concílio Vaticano II reconheceu a ação do Espírito Santo no movimento pela unidade dos cristãos. Desde então, temos colhido muitos frutos. Neste campo, necessitamos de mais agentes de diálogo e melhor qualificados.”(DAp 231).

BÊNÇÃO
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém. 
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém. 
-Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém. 
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém. 


ANO C - DIA 16/05 Quinta-feira
Oração sacerdotal de Jesus 
- Jo 17,20-26
“Eu não rogo somente por eles, mas também por aqueles que vão crer em mim pela palavra deles. Que todos sejam um, como tu, Pai, estás em mim, e eu em ti. Que eles estejam em nós, a fim de que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes dei a glória que tu me deste, para que eles sejam um, como nós somos um: eu neles, e tu em mim, para que sejam perfeitamente unidos, e o mundo conheça que tu me enviaste e os amaste como amaste a mim. Pai, quero que estejam comigo aqueles que me deste, para que contemplem a minha glória, a glória que tu me deste, porque me amaste antes da criação do mundo. Pai justo, o mundo não te conheceu, mas eu te conheci, e estes conheceram que tu me enviaste. Eu lhes fiz conhecer o teu nome, e o farei conhecer ainda, para que o amor com que me amaste esteja neles, e eu mesmo esteja neles.”

LEITURA ORANTE

ORAÇÃO INICIAL
Estamos na Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos Começamos nossa oração rezando pela unidade
Oramos por todos aqueles que têm coração frio.
Oramos por aqueles que pensam que já viram tudo.
Agradecemos pelos profetas do passado e de hoje
que partilharam o que Deus lhes revelou.
Agradecemos por aqueles que, por amor a Cristo,
trouxeram justiça e libertação aos oprimidos.
Louvamos a Deus por todas as pessoas
que estão vivendo revelações de sua Palavra.
Amém.
1- LEITURA (VERDADE)O que diz o texto do dia?
Leio atentamente, na Bíblia, o texto: Jo 17,20-26, e observo as palavras de Jesus na sua oração ao Pai.
Jesus pede pelo que ainda vão crer nele, por meio da pregação dos apóstolos. Também estes ele os quer junto de si, na comunhão e na unidade.
2- MEDITAÇÃO (CAMINHO)O que o texto diz para mim, hoje?
Aprendo de Jesus Mestre a orar ao Pai e faço minhas as suas intenções: pelos que vão crer e para que todos sejam um e conheçam o Pai. Relembro as palavras do bispos na Conferência de Aparecida: “Como resposta generosa à oração do Senhor “para que todos sejam um” (Jo 17,21), os Papas nos tem incentivado a avançar pacientemente no caminho da unidade(..) Bento XVI abriu seu pontificado dizendo: “Não bastam as manifestações de bons sentimentos. Fazem falta gestos concretos que penetrem nos espíritos e sacudam as consciências, impulsionando cada um à conversão interior, que é o fundamento de todo progresso no caminho do ecumenismo”(DAp 234).
3- ORAÇÃO (VIDA)O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo com os que participam da Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos com mais um gesto.
Senhor, minha fé é preciosa.
Eu me apeguei a ela em momentos de grande tensão.
Não posso imaginar a vida sem ela.
Quero essa fé para os meus filhos.
Não podemos deixar a responsabilidade para outros.
Somos chamados a testemunhar nossa fé.
Através dos tempos, homens e mulheres
têm espalhado a Palavra de Deus
e lugares escuros se tornaram claros.
Relembramos
aqueles que inspiraram a fé que temos hoje.
Somos testemunhas dessas coisas.
Oramos por aqueles que defendem a fé em Cristo,
mesmo quando enfrentam o ridículo, a perseguição, a morte.
Agradecemos por aqueles que nos influenciaram.
E em silêncio agradecemos pelas coisas da fé
que são mais importantes para cada um de nós.
Louvamos a Deus por sua fidelidade
que permanece para sempre.
Amém.
4- CONTEMPLAÇÃO (VIDA E MISSÃO)Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Com Bento XVI também eu penso que “não bastam as manifestações de bons sentimentos. Fazem falta gestos concretos que penetrem nos espíritos e sacudam as consciências, impulsionando cada um à conversão interior, que é o fundamento de todo progresso no caminho do ecumenismo”(DAp 234).

BÊNÇÃO
Deus, que conhece nossas alegrias, sofrimentos e esperanças, nos guie hoje e sempre. 
Nele somos encorajados a viver na fé e conduzir uma vida digna e santa, conforme o Evangelho. Amém. 
Que o Senhor vos abençoe e vos guarde. 
Que o Senhor faça resplandecer sua face sobre vós, e vos seja favorável. 
Que o Senhor volte para vós a sua face e vos dê a paz. Amém.
Irmã Patrícia Silva, fsp