A Palavra de Deus

A Palavra de Deus

DOPAS

DOAÇÃO, ORAÇÃO, POBREZA, ALEGRIA E SIMPLICIDADE

24 de maio de 2013

EVANGELHO E LEITURA ORANTE PARA SEXTA-FEIRA

ANO C - DIA 24/05 Sexta-feira
Divórcio? Adultério? 
- Mc 10,1-12
Jesus se pôs a caminho e foi para a região da Judeia, pelo outro lado do rio Jordão. As multidões mais uma vez se ajuntaram ao seu redor, e ele, como de costume, as ensinava. Aproximaram-se alguns fariseus e, para experimentá-lo, perguntaram se era permitido ao homem despedir sua mulher. Jesus perguntou: “Qual é o preceito de Moisés a respeito?” Os fariseus responderam: “Moisés permitiu escrever um atestado de divórcio e despedi-la”. Jesus disse: “Foi por causada dureza do vosso coração que Moisés escreveu este preceito. No entanto, desde o princípio da criação Deus os fez homem e mulher. Por isso, o homem deixará pai e mãe e se unirá à sua mulher, e os dois formarão uma só carne; assim, já não são dois, mas uma só carne. Portanto, o que Deus uniu o homem não separe!” Em casa, os discípulos fizeram mais perguntas sobre o assunto. Jesus respondeu: “Quem despede sua mulher e se casa com outra, comete adultério contra a primeira. E se uma mulher despede seu marido e se casa com outro, comete adultério também”.

LEITURA ORANTE

ORAÇÃO INICIAL
Preparo-me para a Leitura Orante, rezando, com todos que se encontram neste ambiente virtual Espírito de verdade, a ti consagro a mente e meus pensamentos: ilumina-me.
Que eu conheça Jesus Mestre
e compreenda o seu Evangelho.
Ó Jesus Mestre, Verdade, 
Caminho e Vida, tem piedade de nós.
1- LEITURA (VERDADE)1. Leitura (Verdade) O que diz o texto do dia?
Leio atentamente o texto: Mc 10,1-12, e observo as recomendações de Jesus.
Jesus recorda neste trecho que a lei de Moisés (Dt 24,1-3) tentava proteger os direitos da mulher, mesmo concedendo vantagem ao homem. Os fariseus querem “conseguir uma prova contra ele, Jesus”. Apresentam-lhe a questão, partindo de Moisés, supondo que Jesus negue a lei. Jesus aceita o desafio. Refere-se ao Gênesis e ao Deuteronômio. Reporta-se ao projeto original de Deus (Gn 1,27) que busca a igualdade entre os cônjuges e a entrega total e duradoura que une. “Ninguém separe o que Deus uniu”, diz Jesus. Cônjuge vem de conjugar, significa “unir sob um jugo”, apegar-se e aderir.
2- MEDITAÇÃO (CAMINHO)O que o texto diz para mim, hoje?
Fala-me de ensinamentos e gestos de Jesus que são fundamentais para uma vida cristã. Os bispos, em Aparecida, recordaram:
"O fato de sermos amados por Deus enche-nos de alegria. O amor humano encontra sua plenitude quando participa do amor divino, do amor de Jesus que se entrega solidariamente por nós em seu amor pleno até o fim (cf. Jo 13,1; 15,9). O amor conjugal é a doação recíproca entre um homem e uma mulher, os esposos: é fiel e exclusivo até a morte e fecundo, aberto à vida e à educação dos filhos, assemelhando-se ao amor fecundo da Santíssima Trindade52. O amor conjugal é assumido no Sacramento do Matrimônio para significar a união de Cristo com sua Igreja. Por isso, na graça de Jesus Cristo ele encontra sua purificação, alimento e plenitude ( Ef 5,23-33)." (DAp 117).
3- ORAÇÃO (VIDA)O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo, a Oração da Paz pedindo esta paz para as famílias.
Senhor,
Fazei-me um instrumento de vossa paz.
Onde houver ódio, que eu leve o amor;
Onde houver ofensa, que eu leve o perdão;
Onde houver discórdia, que eu leve a união;
Onde houver dúvida, que eu leve a fé;
Onde houver erro, que eu leve a verdade;
Onde houver desespero, que eu leve a esperança;
Onde houver tristeza, que eu leve a alegria;
Onde houver trevas, que eu leve a luz.
Ó Mestre,
Fazei que eu procure mais consolar, que ser consolado;
Compreender, que ser compreendido;
Amar, que ser amado,
Pois é dando que recebe,
É perdoando que se é perdoado,
E é morrendo que se vive para a vida eterna.
4- CONTEMPLAÇÃO (VIDA E MISSÃO)Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Meu novo olhar e oração é orientado para as famílias que sofrem a desintegração e se encontram perdidas.

BÊNÇÃO
A bênção do Deus de Sara, Abraão e Agar,
a bênção do Filho, nascido de Maria,
a bênção do Espírito Santo de amor,
que cuida com carinho,
qual mãe cuida da gente,
esteja sobre todos nós. Amém!
Ir. Patrícia Silva, fsp

DEUS SEMPRE SE DÁ A CONHECER AS PESSOAS

Deus é um mistério de amor.

Não é fácil falar de Deus. Não é fácil falar de algo que está tão distante e é tão misterioso. “Ninguém jamais viu a Deus”. Pertence a outra ordem de ser. 

No entanto, ao mesmo tempo, encontra-se profundamente envolvido na criação porque é a sua criação e porque somos as suas criaturas. Não encontramos Deus como quem encontra o vizinho da casa ao lado, quando sai para o trabalho a cada manhã. Mas há muitas maneiras de conhecê-lo.

Quando olhamos para a criação, quando olhamos para nós mesmos e para a maravilha que é, por exemplo, nosso próprio corpo, experimentamos a Deus como criador, aquele que nos tirou do nada e nos ofereceu a vida (de fato, a única que nós temos). 

Dizemos, então, que é Pai exatamente porque o vemos como gerador da vida, da nossa vida. Também fizemos memória de Jesus, aquele que nasceu em Belém e que passou a vida fazendo o bem, curando os enfermos e anunciando o Reino de Deus, Ele que falava de Deus como seu PAPAI – ABÁ – e que morreu na cruz em uma tarde escura de sexta-feira. Lembramos de sua vida e de sua ressurreição. É o Filho, porque havia algo especial naquele homem que não nos atrevemos a definir. Sua humanidade era tão grande que nele vemos a presença de Deus. Recordamos também o tempo posterior a Cristo. Os apóstolos e os discípulos sentiram a presença do Espírito de Deus. Esse Espírito trouxe-lhes inspiração e os animou a anunciar a Boa-Nova do Reino. Hoje continua inspirando e animando muitos a prosseguir o anúncio da salvação para todos.

Deus Pai, Filho e Espírito Santo. Três formas de ver a realidade? Não. Há algo mais. Algo nos diz que esse mistério que é Deus é o mistério do amor. E que, quando experimentamos a presença de Deus, nos sentimos chamados a participar desse amor e a compartilhá-lo com os que estão ao nosso redor.

Nos acontecimentos de nossa vida, percebemos, muitas vezes, a mão de Deus nos guiando, nos ajudando, nos amparando, nos perdoando. Basta que coloquemos a nossa fé de prontidão para que sintamos a sua presença em todos os momentos de nossa vida.

Podemos afirmar, já que sabemos que Deus é amor, que viver como Deus é viver amando. E é para isto que Ele nos criou – essa é a nossa vocação.
Dom Eurico dos Santos Veloso
Arcebispo emérito de Juiz de Fora (MG).

COMO É DEUS?

O homem tinha uma aparência simples e cheia de bondade. Por isso lhe pedi:
- Por favor, diga-me:como é Deus?
Ele respondeu:
- Muitas palavras não serviriam. No entanto, toma este livro – era um livro no qual ele mesmo escrevia – Se o ler no momento certo, ele te dirá como é Deus.

Eu queria ver logo o que estava escrito, mas quando cheguei em casa minha mulher não ficou tão animada. Ela estava toda ocupada porque se aproximavam os dias do nascimento do nosso primeiro filho. Eu me perguntava: quando será o momento certo para ler o livro? Talvez por ocasião de algum dia santo. Quem sabe, num dia de tristeza. Pode ser também que Deus mesmo vai nos dizer quando abrir o livro. Decidimos esperar. Duas semanas depois, nasceu o nosso primeiro filho. É muito difícil explicar o que eu senti. Era pai, estava cheio de orgulho, mas ao mesmo tempo estava humilhado porque nem sabia como pegar no colo aquela criança. Achava de ter já entendido tudo da vida, mas aquele pequeno ser era maior do que eu. Devia aprender com ele coisas novas. Todos crescem quando se tornam pais. Naquela noite, sonhei que meu filho me perguntava:

- Como é Deus?

Levantei-me e fui buscar o livro. Disse à minha esposa:
- Este é o momento certo. Abrimos o livro e eu li:
- É muito simples: Deus é um Pai.

Ela também quis abrir o livro e leu:
- É muito simples: Deus é um Filho.
– Vamos agora abrir o livro juntos – pedi.

Unimos as nossas mãos, abrimos e lemos:
- É muito simples, cada respiro seu é um respiro da vida de Deus! 

Essas são palavras de Teofane, um dos monges do deserto. Nada de mais humano que buscar o sentido das coisas grandes a partir da simplicidade da vida, aquela que,talvez, vivemos todos os dias sem dar atenção. Deus sempre será infinitamente maior do que nós, maior do que nossas ideias e nossas palavras; maior do que as nossas tentativas de explicação. No entanto dizer que Deus é Pai, Filho e Espírito Santo é mais do que proclamar um dos mistérios maiores e mais bonitos da nossa fé; é expressar com singeleza algo que deve envolver também as nossas vidas.

Jesus ensinou e prometeu que ele e o Pai iriam “fazer morada” naqueles que o amarem e guardarem a sua palavra (cf. Jo14, 23). Deus quer estar conosco, caminhar conosco, quer ter o seu lugar em nosso coração. Com isso, quero dizer que, apesar da sua grandeza e da nossa pequenez, algo de Deus deve estar necessariamente ao nosso alcance.Deve ser possível falar, ao menos um pouco, dele e fazer a experiência do seu amor. Acredito que, apesar das limitações das palavras, dizer que Deus é Pai, Filho e Espírito Santo faz que o sintamos cada vez mais perto de nós.

Pai (e mãe) significa o dom da vida. A uma criança basta pouco para ser feliz, serve alguém que a tome no colo e atenda às suas necessidades elementares de sobrevivência. Filho é aquele que, em primeiro lugar, encanta-se com seus pais e os admira. Um filho aprende a agradecer a cada dia e prova a sua gratidão no respeito e na atenção para com os pais. Enfim, o “respiro”, o sopro do Espírito, é como o ar necessário em cada momento para se viver, porque é o amor que transforma tudo em beleza,em alegria, e bondade.

O amor faz de gestos simples, cotidianos, muitas vezes despercebidos, verdadeiros atos de heroísmo,de sacrifício, de desprendimento e doação. É o amor que, dado e recebido, faz da nossa vida um dom, além dos cálculos e dos interesses: pura gratuidade.Gestos de amor verdadeiro não tem preço, purificam o nosso coração das invejas,limpam os nossos olhos das maldades, fazem surgir a paz onde reinava a inquietação. Talvez nos sintamos muitas vezes infelizes pela incapacidade de enxergar o bem que nos é oferecido e o bem que podemos doar sem esperar nada de volta. Temos medo de sermos os primeiros a amar, de nos “perder” por causa do amor. Na realidade o “momento certo” para entender o amor é, e sempre será,quando amamos. Fora do amor vivido, real e sofrido, é difícil entender o amor. Também é difícil entender Deus.
Dom Pedro José Conti
Bispo de Macapá (AP).

SANTÍSSIMA TRINDADE, MISTÉRIO DE COMUNHÃO


Ao iniciarmos essa reflexão acerca da Santíssima Trindade (Pai Criador, Filho Redentor e Espírito Santo Santificador), como mistério de comunhão, precisamos ter presente o conceito da relação perene de amor, que estabelece e sustenta essa comunhão. Tendo por referência esta relação, partimos do pressuposto de que a divina comunhão se apresenta como o modelo ideal da sociedade humana, da Igreja e de toda a comunidade humana e religiosa. A Trindade é o sentido e a missão da Igreja, sacramento da unidade do gênero humano. Unidade da Trindade, pois, a Igreja é reunida pela unidade da Trindade! Essa relação de amor, em vista da vivência da comunhão, revela-se para nós como fundamento e estímulo da prática da caridade fraterna e do apostolado. “Deus criou o homem à sua imagem; criou-o à imagem de Deus, criou o homem e a mulher. Deus os abençoou...” (Gn 1, 27-28a). Já que o ser humano foi criado à imagem e semelhança divina, ou seja, criado à imagem e semelhança do Amor, tendo por fundamento e exigência essa verdade da Sagrada Escritura, devemos corresponder a essa participação na comunhão da Trindade com atitudes de transbordamento de amor. 

Superar as divisões, competições e as demais concupiscências humanas, que a sociedade vigente constantemente apresenta como padrão de comportamento e meta de vida, constitui o grande desafio do homem na atualidade. Trilhar um dinâmico caminho de conversão e arrependimento que o coloque numa permanente atitude de abertura amorosa é uma necessidade vital. A comunhão exige uma saudável e madura relação entre as individualidades de cada pessoa, pois a comunhão na verdade não significa aniquilamento da individualidade, mas enriquecimento dela à luz do amor verdadeiro que harmoniza e equilibra as diferenças. Quando a pessoa busca se auto afirmar no egoísmo e individualismo, tendo o outro como mero instrumento dos seus interesses ou algo descartável, não existe comunhão, mas exploração e instrumentalização do outro. A comunhão tem por base a liberdade e a complementariedade, onde brota o chamado a viver a doação de si mesmo e o acolhimento do outro numa mútua relação.

O mistério trinitário não é uma teoria de termos complexos, um enigma ou uma mera formalidade teológica, mas plenitude de vida. Não se entende a Trindade, porque é difícil imaginar como é possível amar tanto e doar-se na totalidade. O Deus-Amor é único e, ao mesmo tempo, trino, na medida em que isso é necessário para a perfeita comunhão de vida. A comunhão plena de vida é o objetivo e a meta para onde tudo se encaminha. Para viver a dinâmica santificante da comunhão, não basta fazer parte de um grupo de pessoas que vivem conjuntamente, nem mesmo ter os mesmos objetivos, pois, mesmo assim, os interesses ainda podem ser individualistas. A vivência da comunhão, cujo modelo é a Trindade Santa, exige amar como Jesus ama, um amor de gratuidade e doação. O mandato de Cristo é nítido para todos os que anseiam pela comunhão verdadeira: “... Amai-vos uns aos outros. Como eu vos tenho amado, assim também vós deveis amar-vos uns aos outros. Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros” (Jo 13, 34-35). Nesta dimensão, encontramos também a missão evangelizadora da Igreja em um dos seus fundamentos mais importantes que é o amor. A comunhão é concreta, deixando de ser verbalização quando o compromisso prático do amor é concreto e transformador.

A comunhão entre as Pessoas da Santíssima Trindade é comunicada ao homem pelo dom do Espírito Santo, que estabelece a Nova e Eterna Aliança. Anteriormente, tínhamos a afirmação: “Sereis o meu povo, e Eu, o vosso Deus” (Jr 30,22); agora, temos a plenitude da graça: “... conhecereis que estou em meu Pai, e vós em mim e eu em vós. Se alguém me ama, guardará a minha Palavra e meu Pai o amará, e nós viremos a ele e nele faremos nossa morada” (Jo 14, 20.23). Temos claramente, aqui, o princípio base de que a relação entre nós e Jesus manifesta e continua as relações trinitárias.

Peçamos, nessa Solenidade da Santíssima Trindade, o dom da comunhão. O dom é graça de Deus, força do alto que atua rompendo as barreiras e divisões, tendo em vista transformar os muros em pontes. Deixemos que o Espírito Santo nos convença e impulsione nas decisões e atitudes que fecundam, fazem florescer e frutificar a comunhão na Igreja de Nosso Senhor Jesus Cristo. Conscientes que o amor vivido e continuamente experimentado em nosso meio testemunha ao mundo a salvação e a paz, estabelecendo e construindo o Reino de Deus entre nós. Que o Deus da esperança vos cumule de todo bem e, abençoando-vos, faça acontecer em vós e por meio de vós, a comunhão que revela a face redentora e salvífica de Cristo Jesus! Amém!
Padre Eliano Luiz Gonçalves
Vigário da Paróquia Cristo Rei – Diocese de Lorena (SP)

COMPETIÇÃO E CONCORRÊNCIA?


Lá, no início da Bíblia, encontramos um irmão ciumento e invejoso, que elimina aquele que parecia ter maior benevolência da parte de Deus (Cf. Gn 4,1-16). “Por que andas irritado e com o rosto abatido? Não é verdade que, se fizeres o bem, andarás de cabeça erguida? E se fizeres o mal, não estará o pecado espreitando-te à porta? A ti vai seu desejo, mas tu deves dominá-lo”, diz o Senhor a Caim que, fechado em seus sentimentos, inaugura uma série de comportamentos que, ao longo da história da humanidade, levaram, muitas vezes, os homens e as mulheres à indiferença e ao egoísmo diante do próximo.

Com frequência encontramos afirmações que nos fazem refletir sobre os valores que norteiam nosso comportamento e os rumos assumidos pela sociedade: "E eu, como fico nessa história?" "Exijo que me respeitem como eu sou!" "Eu sou eu e o resto é resto!". E lá vamos nós, defendendo nossas políticas afirmativas, para ver quem conquista maiores espaços na sociedade. Quando falta num discurso a referência a um determinado grupo, desabam as reações e reclamações. Logo os esquecidos se sentem discriminados, porque não lhes podem faltar as devidas deferências. Curioso é ver que a definição dos espaços dos diversos grupos não traz a esperada realização. Vêm à tona novas exigências e as pessoas continuam em busca da felicidade que poderia vir do bater o pé para defender suas posições. É óbvio que nossas observações encontram resistências, pois a sociedade de mercado e consumo vê, justamente na competição, o seu motor, mas tomamos a liberdade de propor questionamentos que nos possibilitem confrontar modelos, equilibrar atitudes e moderar as tendências que estão dentro de nós mesmos. É bem verdade que a história da humanidade assistiu inúmeras discriminações injustas, por raça, cor, religião, condição social ou outros motivos, mas, tantas vezes, a justa busca de superação das mesmas estabelece um círculo vicioso, gerando novas divisões entre pessoas e grupos. Mais crescem as reivindicações, mais aparecem manifestações de egoísmo. Parece-nos estar envolvidos num novelo interminável!

Deus, que é perfeição eterna, quando criou o mundo (Cf. Gn 1,26), fez o homem à Sua imagem e semelhança, homem e mulher o criou. Inteligência, liberdade e comunhão de amor são os valores da mais íntima intimidade na família eterna que nossa fé cristã professa “Santíssima Trindade”. Um só Deus verdadeiro em três pessoas iguais em sua divindade e distintas, tanto que afirmamos que o Pai é Deus, o Filho é Deus e o Espírito Santo é Deus. Desde toda a eternidade, ser Deus é amar infinitamente, sair de si mesmo, pois o Pai ama e gera o Filho, o Filho ama e é gerado pelo Pai, o Espírito Santo é o amor do Pai e do Filho. Difícil de entender, pode alguém afirmar, mas decisivo para conhecer a estampa com a qual fomos pensados e amados, para existirmos neste mundo como imagem e semelhança! As tentativas de reinventar o ser humano, sem referência a Deus, são fadadas à frustração. Sim, no acolhimento do fato de termos sido criados para amar e sair de nós mesmos está o caminho para a plena realização humana.

Na Santíssima Trindade, o Pai Criador, o Filho Redentor e o Espírito Santificador vivem num perene relacionamento de amor, que pode atrair e provocar gestos e atitudes novas em nosso tempo. Afinal, a Trindade de Deus foi revelada por Jesus Cristo a nosso favor! Ele afirma constantemente seu relacionamento com o Pai do Céu, de quem quer realizar a vontade, de onde veio e para onde vai. É o Pai que sabe tudo e é com o Pai que Jesus se encontra continuamente no silêncio da oração, linguagem da Trindade de Deus! Na hora decisiva, quando o homem verdadeiro que é Jesus experimenta a agonia, a dor e o abandono, é nas mãos do Pai que se entrega! Quando o Pai toma a palavra nos Evangelhos, é para afirmar que Jesus é seu Filho amado, a quem todos devem ouvir. Ele o glorificou e haveria de glorificar de novo! E o Espírito Santo de Deus, que conduz a humanidade à plena verdade, que procede do Pai e do Filho, acompanha a Igreja para esclarecer tudo, inclusive nossa dificuldade para entender este modelo de vida! (Cf. Jo 16,12-15). Em Deus está o relacionamento e a saída de si para amar, criar, salvar, santificar!

“Quem quiser salvar sua vida a perderá; e quem perder sua vida por causa de mim a encontrará” (Mt 16,25). Afirmar o valor da outra pessoa, amar e servir, olhar ao nosso redor para ver as necessidades dos outros, usar criatividade para propor soluções dos problemas sociais, cumprimentar primeiro, ouvir, esvaziar-se de si mesmo para dar espaço aos mais sofredores, incluir e não discriminar!!! Mas qual é a diferença? É que o primeiro passo cabe sempre a cada um de nós. Na perspectiva cristã, a novidade é que a competição e a concorrência são justamente por sair de si mesmo. É nossa proposta cristã e sabemos que pode não só contribuir para que o mundo seja melhor, mas é a única possibilidade de desatar os nós da existência humana. Trata-se de viver em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo!
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA

IGREJA E SOCIEDADE


Dentro dos conceitos apresentados pela tradição bimilenar da Igreja, sua fundamentação está baseada na figura da Santíssima Trindade, na profunda unidade entre as três pessoas, formando uma verdadeira comunidade. O que faz esta unidade é a intensidade vivenciada no amor entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo.

O papa Francisco, que vem encantando o mundo com seus gestos e expressões de simplicidade, em sua primeira coletiva com os jornalistas,fez uma declaração fundamental sobre a Igreja: Precisamos de “uma Igreja pobre para os pobres”, uma Igreja “da verdade, da bondade e da beleza”. Ele valoriza o papel do jornalista na divulgação da mensagem cristã. 

Sentimos a presença da sabedoria de Deus neste momento histórico da Igreja. Significa que ela ainda pode dar uma contribuição positiva para a sociedade. Isto aconteceu no passado e em todas as áreas da cultura, sendo impossível negar uma realidade tão marcante na ciência, na história, na literatura, na área científica, nas questões sociais etc. Houve muita coisa negativa por ser formada de humanos.

O mundo faz o caminho do bem e do mal. Não é por acaso que muitos optam pelo bem e não se deixam levar pela maldade, que não condiz com a vontade do Criador. O mal causa destruição e infelicidade para as pessoas envolvidas. Além disto, ele contamina os desprevenidos e desestruturados em sua vida de fé e de cidadania.

O Papa Francisco fala de uma Igreja “da verdade”. Os apóstolos tiveram dificuldade para entender que o projeto de Deus é da verdade e passa pela derrota, pelo dom gratuito, como o fez Jesus até a morte. Hoje, não é diferente numa cultura que proclama a felicidade como “gozo” descomprometido e individualista.

A sociedade é formada por cidadãos que proclamam fé em Deus e outros que seguem diferentes princípios. A Igreja tem por meta, dentro dos ensinamentos de Jesus Cristo, fazer com que todos os cidadãos tenham vida e dignidade. Se não é isto, seu caminho está fora do querer e da vontade de Deus.

Dom Paulo Mendes Peixoto 
Arcebispo de Uberaba (MG)