A Palavra de Deus

A Palavra de Deus

DOPAS

DOAÇÃO, ORAÇÃO, POBREZA, ALEGRIA E SIMPLICIDADE

4 de julho de 2018


Oração de libertação de nossa casa




Esta oração de libertação pode ser feita em casa com a família reunida

Após fazê-la, reze um Pai-Nosso e jogue água abençoada em todos os cômodos.


Início da Oração

Em nome do Pai, do Filho, do Espírito Santo. Amém!

Pai de infinita bondade, estou consagrando ao Senhor minha casa, este lugar em que moro com meus familiares.

Muitas casas se tornam lugar de brigas, de disputas por heranças, de dívidas financeiras, choros e sofrimentos. Algumas são cenário de adultério, outras se transformam em lugar de ódio, vingança, prostituição, pornografia, devassidão, roubos, tráfico de drogas, falta de respeito, doenças graves, doenças psicológicas, agressividade, mortes e abortos.

Às vezes, enquanto a casa é construída, alguém, pelos mais variados motivos, amaldiçoa os donos ou os materiais de construção usados. Isso não é bom para o lugar em que vivemos. Por isso eu Te peço, Senhor, retira tudo isso do nosso lar.

Se o terreno, no qual está a casa, foi motivo de disputas judiciais e heranças mal resolvidas, o que pode ter gerado mortes, acidentes, violência e agressividade, peço, Senhor, que nos abençoes e afaste de nós todo esse mal!

Eu sei que o inimigo se aproveita dessas situações para instalar seu quartel geral, mas também sei que Tu tens o poder de expulsar daqui todo mal. Por isso, peço que o demônio vá direto aos Teus pés e nunca mais volte para esta casa.

Hoje, tomei a decisão de consagrar esta casa a Ti. Peço que, assim como foste na casa dos noivos de Caná da Galileia e ali fizeste o Teu primeiro milagre, venha hoje à minha casa e expulse todo o mal que possa estar nela enraizado e as possíveis maldições nela impregnadas.

Por favor, Cristo Senhor, expulsa agora, com o Teu poder, todo mal, toda falsa enfermidade, o espírito de separação, o adultério, os problemas financeiros, os espíritos malignos de agressividade, de desobediência, de bloqueios afetivos e familiares, toda e qualquer consagração, feitiço, benzimentos ou evocação dos mortos, simpatias ou uso de cristais, energização, todo tipo de vulto e barulho (cite outros incômodos que não estão aqui listados e que o (a) perturbam).

Que esses males sejam expulsos, agora, deste lugar, em nome de Jesus, e nunca mais voltem, pois esta casa agora pertence a Deus e a Ele é consagrada!

Senhor, eu Te peço, expulsa daqui toda a agressividade entre irmãos, toda briga, a falta de respeito e violência entre pais e filhos, entre o casal que aqui habita, entre os moradores desta casa e os vizinhos.

Que os anjos de Deus venham morar conosco. Que cada quarto, sala, banheiro, cozinha, corredor e área externa sejam agora habitados por eles. Que nossa casa seja uma fortaleza habitada e protegida pelos anjos do Senhor, para que toda a nossa família permaneça em oração, na fidelidade do amor a Deus, e que nela habitem a paz e a plena concórdia.

Muito obrigado, Senhor, por atender as minhas preces! Que cada dia possamos Te servir e que sejamos sempre agraciados com a Tua bênção. Saiba, Senhor, que esta casa Te pertence. Fica conosco, Senhor! Amém!

Autor: Padre Vagner Baia

Por que ir à igreja se eu posso rezar em casa?




A igreja, por mais simples que seja, exala Cristo

É muito comum os católicos “praticantes”, ao convidarem alguém para ir à igreja, ouvirem coisas como: “Por que ir à igreja se posso rezar em casa?” ou “Rezo em casa mesmo! Não preciso ir à igreja”.

A verdade é que precisamos, sim, ir à igreja. Tudo bem que podemos e devemos rezar em casa. Aliás, devemos rezar em todos os momentos. O próprio São Paulo nos diz:“ “Orai sem cessar, porque essa é a vontade de Deus a vosso respeito”” (cf. I Ts 5,17-18). Porém, a igreja é um lugar especial, é a Casa de Deus. É ali que Ele habita. Ali, a cada Santa Missa, Jesus renova Seu Santo Sacrifício e se faz Corpo e Sangue para nos dar a vida. Ali, Jesus fica no Sacrário esperando a nossa visita.

Moisés, quando viu a sarça que ardia, recebeu a seguinte ordem: “Não te aproximes daqui. Tira as sandálias dos teus pés, porque o lugar em que te encontras é uma terra santa” (Ex 3,5).

A morada de Deus é um lugar santo, é um lugar diferente, separado. O ato de sair de casa para ir ao encontro do Senhor é semelhante ao que fez Moisés quando tirou as sandálias para entrar no território santo. Quando visitamos a Casa de Deus, saímos do nosso orgulho, e por que não dizer do nosso comodismo espiritual para encontrar o Deus que nos acolhe?

Antigamente, não nos era permitido ver o que acontecia nos altares. Até hoje a Igreja Católica Ortodoxa é assim. O altar fica por trás de um grande ícone e os fiéis apenas participam aguardando, contemplando o que acontece, numa mistura de expectativa e zelo, tamanho é o zelo e o respeito pelo Santo Mistério da Eucaristia e, consequentemente, do tempo de Deus.

Hoje, para nós católicos, é permitido não apenas ver, mas contemplar e participar do Santo Sacrifício. E por causa do Sacrifício de Cristo podemos adorá-lo na Eucaristia. Estando na casa de Deus, podemos experimentar a graça de, através do visível, tocar no invisível. Quando você entra na igreja, imediatamente acontece o encontro de dois corações: o seu, do jeito que está, com o de Jesus, do jeito que é. Ainda que você não sinta nada, só o ar que você respira é diferente. O solo é santo. A igreja, por mais simples que seja, exala Cristo. As graças acontecem quando você tem consciência disso. E não precisa de sentimentos. Se tomarmos consciência disso, nós podemos dizer como o Salmista:

“Que alegria quando me disseram: Vamos subir à casa do Senhor” (Sl 121,1).

Por isso devemos ir à igreja sempre, com alegria e respeito. Para aprendermos o que é um templo, devemos frequentá-lo sempre, pois São Paulo também nos ensina: “Não sabeis que sois o templo de Deus, e que o Espírito de Deus habita em vós?” (I Cor 3,16).

Sim, somos, de fato, Templo de Deus. O Espírito Santo habita em nós. Mas para saber como “ser” templo do Senhor temos de aprender com o Templo Igreja. Como disse antes: por meio do visível, tocamos o invisível. Só frequentando, com zelo e respeito, o templo que vemos, aprenderemos e tomaremos consciência do templo que nós somos.

Proponho a você, que há muito tempo não entra numa igreja, fazer, ainda que por alguns minutos, uma visita à capela, sabendo que lá habita Deus. Sente-se, respire e perceba que ali algo maior o envolve. Esse algo maior é Deus, que se faz presente com Sua santidade. Não peça nem fale nada. Experimente a graça de estar na Casa do Pai. Eu lhe garanto que, depois disso, você voltará muitas e muitas vezes!

Léo Rabelo: Fundador, vocalista e líder da Banda Dominus

A espiritualidade dos casais em segunda união




É direito de todo cristão manter um relacionamento com Deus, inclusive os casais em segunda união

A Igreja não quer discriminar nem punir os casais em segunda união, mas lhes oferecer um caminho espiritual-pastoral adaptado à sua situação, o qual é apontado claramente pela “Familiaris Consortio”. Esse caminho pode ser chamado e é de fato um caminho espiritual-pastoral, muito rico de frutos de vida cristã, mesmo que o “status permanente” de segunda união seja uma situação “irregular”.

A Exortação Apostólica “Familiaris Consortio”, 1981, de João Paulo II, no n. 84, exorta os casais divorciados a participar de um caminho de vida cristã que deve consistir em:

“Ouvir a Palavra de Deus, frequentar o sacrifício da Missa, perseverar na oração, incrementar as obras de caridade e as iniciativas da comunidade em favor da justiça, educar os filhos na fé cristã, cultivar o espírito e as obras de penitência, que se resume em “perseverarem na oração, na penitência e na caridade”.

A Exortação Apostólica “Sacramentum caritatis”, 2007, de Bento XVI, no n.29, reafirma o convite de cultivar, quanto possível, um estilo cristão de vida por meio da participação da Santa Missa, ainda que sem receber a comunhão, da escuta da Palavra de Deus, da adoração Eucarística, da oração, da cooperação na vida comunitária, do diálogo franco com um sacerdote ou mestre de vida espiritual, da dedicação ao serviço da caridade, das obras de penitência, do empenho na educação dos filhos”.

1. A comunhão com a Palavra de Deus

Escutar é mais que ouvir, é atender o que se diz. É ir assimilando e tornando pessoal o que foi dito. É algo ativo, não passivo. É uma abertura a Deus que a eles dirige a Sua Palavra. Por intermédio de Isaías ou de Paulo fala-lhes aqui e agora. Algumas vezes, esta Palavra os consola e os anima. Outras, julga suas atitudes e desautoriza seu estilo de vida, convidando-os para a conversão. Sempre os ilumina, os estimula e os alimenta.

A Palavra que Deus lhes dirige é sobretudo uma Pessoa: o Seu Verbo, a Sua Palavra, Jesus Cristo. Ele não se dá somente no Pão e no Vinho, mas está realmente presente na Palavra que nos é proclamada e que escutamos. Também a nós o Pai continua a dizer: “Este é o meu Filho muito amado: escutai-O”.

A leitura da Sagrada Escritura, acompanhada pela oração, estabelece um colóquio de familiaridade entre Deus e o homem, pois a Ele falamos quando rezamos, a Ele ouvimos quando lemos os divinos oráculos” (DV 25). Este colóquio torna-se mais intenso pela “Lectio Divina”, ou seja, pela leitura meditada da Bíblia, que se prolonga na oração contemplativa. A Lectio é divina, porque se lê a Deus na Sua Palavra e com o Seu Espírito, pode ajudar os casais em segunda união na consecução de uma grande familiaridade não só com a Palavra, mas com o mesmo Deus.

2. A visita e a adoração ao Santíssimo Sacramento:

Jesus, sendo vivo e presente no Sacrário, pode ser visitado e adorado. Ele espera, ouve, conforta, anima, sustenta e cura. Por conseguinte, a visita e a adoração ao Santíssimo é um verdadeiro e íntimo encontro entre o visitante e o Visitado, que é Jesus. A visita e a adoração são uma escolha pessoal do visitante, e, acima de tudo, um ato de amor para com o Visitado. A simples visita ao Santíssimo transforma-se em adoração, que é o ponto mais alto desse encontro.

Os casais em segunda união são chamados e convidados para serem os adoradores do Santíssimo pela prática tradicional da hora santa, que muito os ajudará na espiritualidade, seja do grupo como também do próprio casal. A prática frequente da hora santa não é um opcional, por isso não se pode deixá-la facilmente de lado, pois ela é necessária para a perseverança.

3. A visita a Maria Santíssima: um conforto para o seu povo

Se o próprio Jesus, moribundo na cruz, deu Maria como Mãe ao discípulo: “’Mulher, eis aí teu filho’;” e a você discípulo como Mãe: ‘Eis aí, tua mãe!’” (João 19, 26-27), é bom e recomendável que o casal em segunda união não tenha medo em fazer esta visita de carinho para receber conforto, força e consolação de sua Mãe. Essa visita pode ser feita numa capela dedicada a Virgem Maria ou em casa junto com a família ou na intimidade do seu quarto. Pensando nisso, é bom e confortável que o casal em segunda união não se esqueça de visitar, quantas vezes puder, Maria Santíssima.

Visitar Maria, a Mãe de Jesus, é ir ao seu encontro sem reservas, é entregar-se de coração a um coração que não tem limites para amar. Nossa Senhora em Medjugorie disse aos videntes e a nós seus filhos: “”Se soubésseis quanto vos amo, choraríeis de alegria””. Maria nos ama muito, como filhos queridos. O que ela mais deseja é ver seus filhos deixarem-se amar por ela. O seu desejo é o de seu Filho: salvar a todos. A Santíssima Virgem nos espera, todos os dias, e ela sabe que quanto mais perto estivermos dela, mais perto ficaremos de Jesus, pois a sua meta é a de nos levar a Ele.

4. Perseverança na Oração

O casal em segunda união é convidado para perseverar na oração. A oração pode ser pessoal, pode ser como casal, com a família e os filhos ou oração comunitária com os outros casais ou com outros fiéis.

5. Participação da Santa Missa: um encontro de amor

O casal de segunda união, como todo bom cristão, considerando este amor infinito de Jesus, deve participar da Santa Missa com amor fervoroso, de modo a particular do momento da consagração, pois é nesse momento que Jesus é vivo e presente.

Bento XVI, em recente discurso ao clero de Aosta, valoriza a participação dos casais recasados na Santa Missa mesmo sem a comunhão eucarística. A esse respeito o Papa fez este lindo e confortável comentário:

““Uma Eucaristia sem a comunhão eucarística não é certamente completa, pois lhe falta algo essencial. Todavia, é também verdade que participar na Eucaristia sem a comunhão eucarística não é igual a nada, é sempre um estar envolvido no mistério da cruz e da ressurreição de Cristo. É sempre uma participação no grande sacramento, na dimensão espiritual, pneumática e também eclesial, se não estreitamente sacramental.

E dado que é o sacramento da Paixão do Senhor, é Cristo sofredor que abraça de modo particular essas pessoas e comunica-se com elas de outra forma; portanto, elas podem sentir-se abraçadas pelo Senhor crucificado que cai por terra e sofre por elas e com elas.

Por conseguinte, é necessário fazer compreender que mesmo que, infelizmente, falte uma dimensão fundamental, todavia tais pessoas não devem ser excluídas do grande mistério da Eucaristia, do amor de Cristo aqui presente. Isso parece-me importante, como é importante que o pároco e a comunidade paroquial levem tais pessoas a sentir que, se por um lado, devemos respeitar a indissolubilidade do sacramento e, por outro, amamos as pessoas que sofrem também por nós. E devemos também sofrer juntamente com elas, porque dão um testemunho importante, a fim de que saibam que no momento em que se cede por amor, se comete injustiça ao próprio sacramento, e a indissolubilidade parece cada vez mais menos verdadeira””.

Padre Alir Sanagiotto, SCJ.

Cuidado com nossas palavras



Será que prestamos atenção àquilo que falamos?

Infelizmente, fomos educados e estamos acostumados a dizer palavras que se tornam verdadeiras maldições. Carregamos em nosso vocabulário palavras perigosas, que podem causar sérios danos a nossa vida física e espiritual. São Paulo, na Carta aos Gálatas, diz: “Não se iluda, de Deus não se zomba; o que alguém semeia, é isto que vai colher”.

Muitas pessoas estão vivendo uma vida amarrada, porque estão debaixo de uma maldição. Mas o que vem a ser maldição, qual o fundamento bíblico? São Tiago vai nos dizer: “A língua, nenhum ser humano consegue domá-la, ela é um mal que não se desiste e está cheia de veneno mortífero. Com ela bendizemos o Senhor e Pai, e com ela amaldiçoamos as pessoas, feitas à imagem de Deus” (Tiago 3,8s). Maldição é proferir para nós e para os outros um mal, é maledicência.

Muitas conversões de nossas famílias estão amarradas por causa de maldições. Certas pessoas não conseguem sair dos vícios, porque foram envenenadas pela língua dos outros. É comum ouvirmos: “Você é um alcoólatra, você é um drogado, você não tem jeito”, e outros tipos de palavras que atraem o mal.

Muitas pessoas carregam problemas financeiros, mês a mês, porque maldizem o seu salário. Quantas, ao verem o dinheiro no fim do mês, dizem: “Esse salário não serve para nada, não vai dar para pagar as contas! Esse salário é muito baixo”. Outras parecem gostar de falar mal de si mesmo: “Eu não dou conta, eu não consigo, não presto! Eu sou burro, não consigo aprender nada”.

O cristão nunca pode dizer “eu não presto”, “eu não consigo”. Ele tem de dizer como Paulo: “Tudo posso naquele que me fortalece”.

O mesmo acontece com os pais, que receberam de Deus a autoridade de abençoar seus filhos, mas, infelizmente, amaldiçoam seus filhos com palavras. É comum ouvirmos algumas palavras como: “Menino burro, você não aprende as coisas, você é um imprestável! Essa criança é uma praga!”.

Muitos jovens não saem das drogas, da prostituição nem da depressão, porque não são abençoados pelos pais. Da parte dos filhos, também se perdeu o costume de pedir a bênção. Há também famílias que carregam maldições de seus antepassados, pessoas que vivem com doenças, problemas financeiros, problemas de relacionamentos e outros, porque herdaram de seus bisavós, avós e pais as maldições proferidas contra eles naquela época.
Como romper com as maldições?

São Paulo, na carta aos Gálatas, diz: “Cristo nos resgatou da maldição da lei, tornando-se ele próprio um maldito em nosso favor, pois está escrito: maldito todo aquele que for suspenso no madeiro” (Gal 3,13). Jesus, na cruz, livrou-nos de toda maldição fazendo-se por nós maldito, por isso, toda libertação está em Jesus. É preciso romper com todo tipo de maldição por meio do Sangue de Jesus e do poder de Seu Nome, fazer um exame de consciência, buscar o Sacramento da Reconciliação, celebrar Missas em intenção dos nossos antepassados e de nossa família. Nós precisamos tomar cuidado com as nossas palavras.

São Pedro diz: “Abençoai, porque para isso foste chamado: para serdes herdeiros da bênção”. Somos herdeiros da bênção, e quando abençoamos, quebramos maldições.

“Todo batizado é chamado a ser uma ‘bênção’ e a abençoar” (CIC)

Daniel Machado: natural de São Bernardo do Campo-SP, é membro da Canção Nova desde 2002. Psicólogo formado pelo Centro Universitário Salesiano de São Paulo, também estudou filosofia pelo Instituto Canção Nova. Atualmente é coordenador do Núcleo de Psicologia Canção Nova que tem por objetivo assessorar e auxiliar a formação dos membros desta instituição.

3 de julho de 2018

A devoção pode ser considerada uma prova de amor?



Expressar a fé é transbordar o amor e alegria ao próximo

Devoção é prova de amor! Manifestar por meio de gestos o quanto se quer bem, entregar-se de corpo e alma às causas que movem a existência, expressar a própria com carinho, deixar que o coração transborde de alegria, exultar por aquilo que se passa dentro de nós! Tudo isso faz parte de nossa vida cristã e do modo cristão de encarar o mundo! Não somos apenas ”cabeça pensante”, mas pessoas que amam e se dedicam àquilo que acreditam. Durante algumas semanas, o povo de Belém mostrou o que tem de melhor, no Círio de Nazaré, expressão legítima de sua raiz religiosa cristã, católica e mariana. Todos ficaram edificados pela presença da “Estrela da Evangelização”, aquela que caminha à nossa frente na aventura da fé cristã. Tivemos imensa liberdade para manifestar, através dos vários ícones com que nossa história religiosa enfeitou estas provas de amor e devoção, as cordas de amor tecidas pela Virgem Maria, para nos unirem ao seu Filho amado, Nosso Senhor Jesus Cristo, para o qual vivemos e caminhamos, na maravilhosa aventura da fé.

O contato de Jesus com as pessoas e os grupos religiosos de seu tempo, foi marcado por muitos conflitos, pela liberdade imensa com que suas palavras e atitudes propunham um caminho diferente, a ponto de atrair as multidões que a ele acorriam. Havia uma novidade no ar, e esta era feita de coisas muito simples. Sua pregação, enfeitada com parábolas tiradas do quotidiano e da natureza, atraía a todos! Os inúmeros mandamentos e preceitos com os quais gerações de entendidos na lei, multiplicaram verdadeiros penduricalhos e dificultavam a prática religiosa. Grupos como os fariseus e saduceus, inimigos entre si, tinham em comum o desejo de preparar armadilhas ardilosas contra Jesus, que consegue escapar de todas elas com sabedoria. Certamente, era duro para tais pessoas encontrar alguém que simplificava tanto a lei, reduzindo “apenas” ao amor toda a imensa riqueza da lei! (Cf. Mt 22,34-40)

Amar a Deus sob todas as coisas

O maior e primeiro mandamento, raiz de nossa vida é: “Amarás o Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todo o teu entendimento!”- responde Jesus a uma pergunta provocante, feita por um fariseu, membro de um grupo considerado “separado”, pela dedicação ao estudo e meditação da lei. Eram tão competentes na observância dos preceitos, que se tornaram convencidos da própria justiça, permitindo que o veneno do orgulho lhes impedisse a liberdade nascida da gratuidade, que é a fonte do amor verdadeiro. Julgavam a todos e consideravam fracos na prática religiosa a imensa multidão, vista como ignorante. E justamente o povo simples se sentia atraído por Jesus.

Este, quando remete seu interlocutor ao maior mandamento, logo acrescenta que o segundo é “semelhante”: “Amarás teu próximo como a ti mesmo”. A raiz se expressa na grandiosidade da árvore frondosa que é o amor ao próximo. Aliás, quanto mais se aprofunda o sentido do amor a Deus, mais se dá conta que este é real e verdadeiro quando conduz ao amor ao próximo, a ponto da primeira carta de São João (1 Jo 4, 20-21) afirmar: “Se alguém disser: “Amo a Deus”, mas odeia o seu irmão, é mentiroso; pois quem não ama o seu irmão, a quem vê, não poderá amar a Deus, a quem não vê. E este é o mandamento que dele recebemos: quem ama a Deus, ame também seu irmão”.

A liturgia da Igreja. põe ao lado do Evangelho de São Mateus, o magnífico e atualíssimo texto (Ex 22,20-26), no qual se abrem algumas indicações muito concretas para o amor ao próximo. Uma delas é o amor ao estrangeiro, que não venha a ser oprimido! Em nossos dias, a provocante presença de gente “de fora” em nossas grandes cidades e o fenômeno das migrações forçadas e das perseguições pelo mundo afora pedem atitude de abertura e criatividade de nossa parte. E desde os tempos do livro do Êxodo, Deus, protetor dos órfãos e das viúvas, continua clamando pelos frutos da caridade concreta com que devemos acolher, os mais pobres e excluídos. Mais ainda, o uso do dinheiro, o lucro absurdo, a exploração e a agiotagem, a chaga da corrupção, a vergonhosa troca de favores e proveitos, escandalosamente estampada diante de todos! De nossa parte, como cristãos chamados a anunciar um mundo diferente, pautado na lei de Deus, não é possível qualquer acomodamento. Antes, uma prática do amor ao próximo que purifique nosso trato com os outros.

Próximo, num primeiro momento pode ser o parente ou quem é da própria raça (Cf. Lv 19,18; Dt 15,3). No tempo de Jesus, havia uma discussão, para estabelecer os limites do que significava “próximo”. Perguntado sobre o assunto, Jesus respondeu com a parábola do Bom Samaritano (Cf. Lc 10,29-37). Resolveu o problema, fazendo com que próximo seja aquele, cujo ser, cada um de nós se aproxima dele, para amar, e pronto! Mais ainda, o mandamento que mais lhe agrada, é amar como Ele amou e tornar recíproco tal amor (Cf. Jo 15,12-13). Aqui está a estrada mestra para uma convivência justa e fraterna, capaz de curar os males da sociedade. O mesmo amor, raiz, galhos, flores e frutos, plantados por Deus no coração humano.

Os cristãos são chamados a serem missionários desse amor, para transmiti-lo a todos, sem medo algum, conscientes de sua vocação de sal, luz e fermento, sinais de um mundo renovado. Que o façam com devotamento, dedicação total, amor incontido e alegre!

Dom Alberto Taveira Corrêa: Foi Reitor do Seminário Provincial Coração Eucarístico de Jesus em Belo Horizonte. Na Arquidiocese de Belo Horizonte foi ainda vigário Episcopal para a Pastoral e Professor de Liturgia na PUC-MG. Em Brasília, assumiu a coordenação do Vicariato Sul da Arquidiocese, além das diversas atividades de Bispo Auxiliar, entre outras. No dia 30 de dezembro de 2009, foi nomeado Arcebispo da Arquidiocese de Belém – PA.

O que é a fé? O que significa crer nos dias de hoje?



A fé é algo além de um sentimento ou uma certeza

Ainda tem sentido a fé, em um mundo onde a ciência ultrapassou horizontes que, há pouco tempo, eram impensáveis? Pode parecer que esse tipo de questionamento só possa surgir em uma pessoa incrédula, porém isso não é verdade. Atualmente, torna-se cada vez mais necessária uma “renovada educação para a fé, que inclua, sem dúvida, um conhecimento das suas verdades e dos acontecimentos da salvação; sobretudo, que nasça de um encontro verdadeiro com Deus em Jesus Cristo”¹.

Não obstante a grandeza das descobertas da ciência, hoje o homem não parece ter se tornado verdadeiramente mais livre, mais humano. Papa emérito Bento XVI nos ensina: “Temos necessidade não só do pão material, mas precisamos de amor, de significado e esperança, de um terreno sólido que nos ajude a ter um sentido autêntico também na crise, nas obscuridades, nas dificuldades e nos problemas cotidianos”.

A fé, segundo ele, “oferece-nos precisamente isso: Um entregar-se confiante a um «Tu», que é Deus, o qual me confere uma certeza diversa, mas não menos sólida do que aquela que me deriva do cálculo exato ou da ciência. A fé não é simples assentimento intelectual do homem a verdades particulares sobre Deus; é um gesto mediante o qual me confio livremente a um Deus que é Pai e que me ama; é adesão a um «Tu» que me dá esperança e confiança”.
A fé é uma experiência

A fé é algo além de um sentimento ou uma certeza; é uma experiência. Quando olhamos para Deus, podemos nos deparar com um “deus” tradicional, um ser poderoso, no qual aprendemos a crer, porque, normalmente, a maioria das pessoas ao nosso redor acreditam ou, podemos realmente olhar para o Senhor e saber que Ele existe não porque contam, mas porque o conhecemos e fazemos uma experiência pessoal com Ele.

Não que a tradição familiar e cultural da fé sejam algo ruim, mas essa “educação para a fé” deve nos direcionar também a um caminho que nos levará a uma profunda e verdadeira experiência com esse “Tu” que é Deus. Dessa relação, dia a dia, nasce a verdadeira conversão do coração e da mente.

Fé: caminho seguro para uma verdadeira conversão

Essa fé que a Igreja professa é o caminho seguro para uma verdadeira conversão de vida. O Papa João Paulo I, em uma das quatro catequeses que fez durante seu curto papado, definiu: “Eis o que é a fé: entregarmo-nos a Deus, mas transformando a própria vida”. É esse o caminho que Deus quer trilhar conosco: uma relação pessoal e real com Ele, e uma transformação verdadeira das nossas vidas. Não há sincera experiência de fé se não houver uma concreta mudança na vida pessoal.

Uma experiência de fé que não atinge a minha forma de agir, pensar, sentir, relacionar-se, não pode ser considerada fé em Cristo. Fé é relacionar-se, e o relacionamento com Jesus atinge toda a nossa forma de estar e ser no mundo. A começar do nosso caráter, não existe relação com Deus que não nos leve a uma busca sincera para segui-lo e imitá-lo. Por isso, o próprio Jesus afirmou que “uma árvore se conhece pelo fruto” (Lc 6, 44). Um cristão é conhecido pelo amor.

Desconheceis que a bondade de Deus o convida à conversão?

Essa educação para a fé é um trajeto feito no pessoal. Não dá para pensar que Deus me ama como sou, e por isso não preciso mudar. É justamente esse amor de Deus, real e concreto, que nos impulsiona e no incomoda a não continuarmos como somos, mas querer ser melhor para Deus e para o outro.

Em sua catequese sobre a fé, o João Paulo I pediu que cada um de nós, toda a Igreja, rezasse a oração que ele costumava rezar: “Senhor, aceita-me como sou, com os meus defeitos, com as minhas faltas, mas faz que me torne como tu desejas”.

Unidos pela oração.

Referências:

1 – PAPA BENTO XVI, AUDIÊNCIA GERAL, Praça de São Pedro, (24 de Outubro de 2012)

Paulo Pereira: José Paulo Neves Pereira nasceu em Nossa Senhora do Livramento (BA). É missionário da Comunidade Canção Nova e atua no setor de Jornalismo da Canção Nova em Roma, Itália.