A Palavra de Deus

A Palavra de Deus

DOPAS

DOAÇÃO, ORAÇÃO, POBREZA, ALEGRIA E SIMPLICIDADE

5 de janeiro de 2016

O segredo da alegria

O segredo da alegria

Foto: Todor Tsvetkov, 78023165, iStock by getty images
A alegria pode ser encontrada de diversas formas

A alegria é algo essencial na vida humana. Conscientes ou não, o que mais buscamos em nossos dias, desde o nascer ao por do sol, é a alegria de viver. Mas, de maneira especial, na vida cristã a alegria é fundamental, pois seja o que for que dissermos sobre Deus, se não estivermos alegres, os nossos pensamentos e palavras não poderão produzir os frutos que desejamos. Daí, nasce a pergunta: mas como encontrar a alegria em meio a tantos desencontros neste mundo? Jesus veio revelar-nos o amor de Deus para que a nossa alegria seja a d’Ele e, assim, seja completa. E a maior alegria consiste em saber que somos amados incondicionalmente e que nada neste mundo, nem mesmo a doença, o fracasso, o término de um relacionamento ou até mesmo a morte, podem nos privar deste amor, portanto, desta alegria.

Naturalmente, somos levados a julgar que, quando estamos abatidos, não podemos viver a alegria; mas numa pessoa que tem a vida centrada em Deus, a tristeza e a alegria podem conviver. No nascimento de uma criança, por exemplo, a tristeza, a dor e a alegria parecem fazer parte do mesmo acontecimento. O desafio é identificar a alegria e saber optar por ela em meio, muitas vezes, às lágrimas.

Alegria e contentamento

O escritor Henri J. M. Nouwen, no seu livro “Mosaicos do presente”, faz uma definição interessante entre a alegria e o contentamento. Segundo ele, podemos nos sentir pouco contentes em relação a muitas coisas, mas, mesmo assim, a alegria lá está, porque provém desta certeza do amor de Deus por nós. Para o autor, acolher esta verdade e dar-lhe espaço em nossos dias é uma escolha diária. Uma escolha baseada na experiência do amor apaixonado de Deus por nós, no qual encontramos refúgio e segurança e do qual nada nos pode separar.

Já está mais do que provado que dinheiro e sucesso não fazem as pessoas alegres. Certamente, conhecemos muitas pessoas ricas, com sucesso em seus negócios, mas vivem também com ansiedade, medo e bastante melancolia. Em contraste, conhecemos muitos outros que são bem pobres materialmente, mas riem com muita facilidade e com frequência transmitem alegria onde quer que estejam. Recordo-me agora de uma casal de parentes meus que é assim.

A alegria em coisas simples

Materialmente falando, são bem pobres, mas todos nós da família fazemos questão de ir, muitas vezes, à casa deles, mesmo enfrentando todos os obstáculos da estrada e dos transportes que nos levam até lá. Moram em uma casinha modesta, num pé de serra bem distante da cidade; têm 3 filhos, alguns animais e um pedaço de terra de onde provém, pela força do trabalho e das bênçãos de Deus, o sustento da família. Quando chegamos à casa, quase sempre passamos direto para a cozinha e é lá que começam a nossas festas mais animadas.

Em uma mesa larga, rodeada de bancos pesados de madeira crua, oferecem-nos o que têm de melhor em casa. O sabor genuíno dos produtos da terra se mistura aos sinais de delicadeza e acolhimento daquela gente simples que parece não ter conhecimento da maldade. Enquanto nos alimentamos em família, entre uma prosa e outra surgem rapidamente os primeiros risos que são sempre seguidos de outros; em pouco tempo, mesmo ao longe, pode-se ouvir grandes gargalhadas.

Estes meus parentes têm o dom da alegria e nos contagiam. Com suas simples histórias e interpretações dos fatos, arrancam até dos rostos mais “cizudos” o sorriso que estava escondido pelas preocupações da cidade grande. Sem perceber, o tempo passa e o dia termina. Voltamos para casa mais leves, mas felizes sem nem nos perguntarmos o porquê; porém, já com a promessa de voltarmos à visita assim que possível. Isso acontece já há mais de trinta anos.

Não tenho dúvidas de que Deus está ali, naquela casa, em meio àqueles risos e gargalhadas. A alegria e o riso são dons que brotam do fato de confiar em Deus; assim sendo, saber que não vale a pena preocupar-se tanto com o amanhã, já que ele pertence ao Criador. Não há razão para romantizar a pobreza e esta não é minha intensão; aliás, conheço-a de perto e sei bem o quanto ela é penosa, mas quando vejo os receios e ansiedades dos que têm muitos bens, consigo compreender ainda mais as palavras de Jesus quando diz: “Felizes os pobres de espírito, pois deles é o Reino de Deus”. É certo, no entanto, que o problema maior não é ter sucesso e dinheiro, mas sim não ter tempo disponível para o encontro com Deus no presente e perceber Seu amor que se manifesta na simplicidade dos fatos no aqui e agora.

Quando acreditarmos, verdadeiramente, que hoje é o dia do Senhor e que o amanhã está cuidadosamente guardado no seu coração, podemos descobrir o segredo da alegria, reencontrar a calma e sorrir de novo para aquele que sorrir também para nós. Podemos estender nossa mão e ajudar muitos a reencontrar o verdadeiro sentido da vida. Podemos, mesmo em meio às lutas diárias, exclamar com voz forte e convicta: “Senhor, Tu és a minha esperança, Tu és a fonte da minha alegria!”
Dijanira Silva - missionária da Comunidade Canção Nova, atualmente reside na missão de São Paulo. Apresentadora da Rádio CN América (SP).

Santa Missa: ponto alto de nossa fé

Santa Missa: ponto alto de nossa fé

Foto: Arquivo cancaonova.com
O ponto mais alto da nossa fé é a celebração da Santa Missa

A Santa Missa é o ponto alto de nossa fé católica, a celebração Eucarística que a Igreja vive desde que Cristo instituiu esse sacramento na Santa Ceia. Falando sobre a Celebração Eucarística na sua “Profissão de Fé”, o Papa Paulo VI disse:

“Cremos que a Missa, celebrada pelo sacerdote, que representa a pessoa de Cristo em virtude do poder recebido no sacramento da Ordem e oferecida por Ele em nome de Cristo e dos membros do Seu Corpo Místico, é realmente o sacrifício do Calvário, que se torna sacramentalmente presente em nossos altares. Cremos que, como o Pão e o Vinho consagrados pelo Senhor, na Última Ceia, converteram-se no Seu Corpo e Sangue, que logo iam ser oferecidos por nós na Cruz; assim também o Pão e o Vinho consagrados pelo sacerdote se convertem no Corpo e Sangue de Cristo, que assiste gloriosamente no céu. Cremos ainda que a misteriosa presença do Senhor, debaixo daquelas espécies que continuam aparecendo aos nossos sentidos do mesmo modo que antes, é uma presença verdadeira, real e substancial” (n.24).
Saiba o que é transubstanciação

“Neste sacramento, pois, Cristo não pode estar presente de outra maneira a não ser pela mudança de toda a substância do pão no Seu Corpo, e pela mudança de toda a substância do vinho no Seu Sangue, permanecendo apenas inalteradas as propriedades do pão e do vinho, que percebemos com os nossos sentidos. Esta mudança misteriosa é chamada pela Igreja, com toda a exatidão e conveniência, de transubstanciação.

Assim, qualquer interpretação de teólogos, buscando alguma inteligência deste mistério, para que concorde com a fé católica, deve colocar bem a salvo que, na própria natureza das coisas, isto é, independente do nosso espírito, o pão e o vinho deixaram de existir depois da consagração, de sorte que o Corpo adorável e o Sangue do Senhor Jesus estão na verdade diante de nós, debaixo das espécies sacramentais do pão e do vinho (31), conforme o mesmo Senhor quis, para se dar a nós em alimento e para nos associar pela unidade do Seu Corpo Místico” (n. 25).

“A única e indivisível existência de Cristo nosso Senhor, glorioso no céu, não se multiplica, mas se torna presente pelo Sacramento, nos vários lugares da terra, onde o Sacrifício Eucarístico é celebrado. E depois da celebração do Sacrifício, a mesma existência permanece presente no Santíssimo Sacramento, o qual no sacrário do altar é como o coração vivo de nossas igrejas. Por isso estamos obrigados, por um dever certamente suavíssimo, a honrar e adorar, na Sagrada Hóstia, que os nossos olhos veem, ao próprio Verbo Encarnado que eles não podem ver, e que, sem ter deixado o céu, se tornou presente diante de nós” (n.26).
Felipe Aquino - Na TV Canção Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”.




2 de janeiro de 2016

Como aceitar nossos erros

Como aceitar nossos erros

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com

Aceitar nossos erros e lidar com eles exige aprendizado

Errar faz parte da natureza humana, e todos nós podemos, em algum momento da vida, cometer enganos. Admitir nossos erros, porém, nem sempre é tarefa fácil, e lidar com nossas fraquezas exige um aprendizado que dura a vida inteira. Segundo estudiosos, a principal dificuldade que temos para aceitar nossos limites e erros está ligada à falsa crença de que, na maioria das vezes, nós os herdamos de nossa própria educação familiar; de que só seremos amáveis e úteis se formos perfeitos. Sendo assim, admitir que erramos incomoda o ego e soa para ele como fraqueza ou ignorância. Daí, nasce a luta, muitas vezes, estressante contra nossas falhas; a ponto de nos tornamos intolerantes também quanto aos erros dos outros e, consequentemente, sermos uma pessoa menos agradável do que poderíamos ser.

Ao meu ver, existem três dicas que podem nos ajudar nesse processo de convivência com nossos limites:

Sem condenação

A primeira é lembrarmos que a perfeição pertence somente a Deus, e que, por mais sábios, bonitos e agradáveis que sejamos, também temos defeitos, somos “sinfonias incompletas”. Podemos e devemos tentar ser melhores, é verdade, mas sem condenação. Quem se cobra demais e evita errar passa pela vida de maneira tão tensa, que se esquece de viver de verdade.

Sem pressão psicológica

A segunda sugestão é não fazermos comparações. Compararmo-nos com pessoas que admiramos e tentarmos ser iguais a elas coloca em risco nossa própria felicidade, porque agir assim seria abandonar o projeto de Deus para nossa vida, para tentarmos viver o projeto que Ele sonhou para outra pessoa.

James Martins, grande escritor jesuíta, afirma que a autoaceitação é o primeiro passo para a santidade. Não é preciso usar o mapa de alguma outra pessoa para chegar ao céu, porque Deus já colocou dentro da alma de cada um de nós todas as direções de que precisamos. Isso, ao meu ver, também significa aceitar a própria personalidade com seus dons e limites, uma vez que fomos criados por Deus assim como somos, e é assim que Ele espera nos receber na eternidade. É claro que isso não dispensa nossa mudança de atitudes, para nos tornamos melhores, porém, sem a pressão psicológica de termos de ser diferentes do que somos na essência. Existem comportamentos que fomos adquirindo ao longo da vida por várias razões, mas, no fundo, sabemos que eles não nos pertencem, e existem outros que expressam o que realmente somos. É desse segundo que falo, pois o que somos deve ser sempre preservado.

Comparações não ajudam

Fazer comparações com outras pessoas e pensar que para elas as coisas funcionam melhor, é muito fácil, mas essa maneira de pensar, além de falsa é também perigosa, pois nos afasta da realidade mais linda que existe: Deus nos ama com exclusividade e exatamente como somos! Ele nos criou com todas as capacidade e talentos que temos e estabeleceu conosco, desde o momento em que começou nossa existência, um relacionamento profundo que durará para sempre. Ele sabe dos nossos desejos mais profundos e não é alheio às nossas quedas, mas está conosco aconteça o que acontecer, estejamos onde estivermos, como lembra o Salmo 138: “Senhor, Tu me sondas e me conheces…”. Ele nos convoca a sermos quem realmente somos para trazer alegria à nossa própria vida e a este mundo que não seria o mesmo se não existíssemos.

Tenhamos calma com nós mesmos

A terceira dica, portanto, é: sejamos pacientes com nós mesmos e com nosso processo. A paciência é uma companheira indispensável para quem deseja lidar melhor com seus erros. Santo Inácio de Loyola faz uma comparação interessante de Deus como um artesão Todo-Poderoso. Diz ele: “A lenha rústica e intocada não tem ideia de que pode se transformar em uma estátua que será considerada uma obra-prima, mas o escultor antevê o que pode ser feito com ela. Muitos não entendem que Deus pode esculpi-los em santidade, até se entregarem às mãos do artesão Todo-Poderoso e deixar-se moldar por Ele.”

Por natureza, somos impacientes e queremos resultados sempre imediatos; com relação aos nossos erros não é diferente. No entanto, o trabalho lento de Deus é a regra para grandes progressos. Tenhamos calma com nós mesmos e percebamos que, enquanto vivemos um dia de cada vez, conhecendo-nos melhor e deixando-nos moldar por Deus, nossas ideias amadurecem e os erros perdem a força que hoje têm. Não tentemos forçar o Senhor, como se pudéssemos ser agora o que o tempo, com a graça e as circunstâncias, atuando diretamente em nossa vida, nos tornará amanhã. Demos a Deus o benefício da confiança de que Ele nos conduzirá pelo melhor caminho e aceitemos o desafio de passar por este mundo como “obra inacabada”, sempre diante dos olhos amorosos do artesão que pode, a qualquer hora, aprimorar ainda mais o trabalho de suas mãos.
Dijanira Silva - missionária da Comunidade Canção Nova, atualmente reside na missão de São Paulo. Apresentadora da Rádio CN América (SP). 

Receita para um ano novo de paz

Receita para um ano novo de paz

Foto: Istock by getty images

Para que o ano seja novo, é preciso que você desamarre os laços que o impedem de caminhar rumo ao perdão. Desfaça os nós da prepotência e revista-se de humildade. Dê o primeiro passo e acredite que o perdão revigora a alma e devolve a paz ao coração angustiado.

Não tenha medo de recomeçar. Nem sempre é fácil deixar aquilo que nos aprisiona. Liberte-se das prisões que criou para si mesmo. Olhe ao seu redor e veja que na liberdade madura você pode ser mais feliz do que sendo prisioneiro de seus pecados. Liberdade conquista-se com responsabilidade, e maturidade é fruto das escolhas bem realizadas. Abra os cadeados que o impedem de ver a vida com mais otimismo. Despeça-se do mau humor. Viva com mais leveza e pare de achar o lado ruim das pessoas e das situações. Chegou o momento de viver a vida com mais gratidão. Mais um ano mal-humorado será insuportável para você mesmo.

Sempre é tempo de praticar gestos de bondade

Fuja das trevas e caminhe na luz. Um novo ano é sempre uma nova oportunidade de buscar a luz. Deixe-se iluminar pelo bom exemplo das pessoas. Busque amizades que agreguem valor à sua vida. Despeça-se das situações que ofuscam sua visão. Você foi criado para iluminar-se. Seja luz! Brilhe amando! Ilumine semeando esperança!

Acredite que sempre é tempo de praticar gestos de bondade. Não espere o momento ideal para ajudar alguém. Faça de cada situação uma oportunidade única para praticar o bem. Faça de cada dia deste novo ano o tempo de amar. Faça a diferença. Acredite na força do amor partilhado.
Pequenos gestos fazem grandes diferenças

Seja misericordioso. Acolha a todos com um sorriso verdadeiro e com um abraço fraterno. Pequenos gestos fazem grandes diferenças quando praticados com amor. Seja ponte que une e não muro que separa. Ajude os necessitados e cada dia deste ano novo será um Natal permanente. Visite os enfermos e celebre a liturgia da caridade no altar de cada leito de dor. Ofereça sua bondade sem esperar retorno. Quem semeia com amor colhe sorrisos de gratidão.
A oração é alimento da alma e fortaleza na vida

Ore mais. A oração é alimento da alma e fortaleza na vida. Em cada oração, unimo-nos mais profundamente ao coração de Deus. Mesmo em meio às lágrimas e dificuldades, busque o auxilio e a segurança d’Aquele que nunca nos abandona. Em Deus somos acolhidos no amor e na misericórdia. Nosso Pai celestial jamais abandona um filho necessitado. Seja na dor ou na alegria, busque Deus com amor. N’Ele somos amados eternamente.
Acredite em si mesmo

Você é protagonista da mais bela história da vida, da qual Deus o fez personagem principal. Sua missão começa com um sorriso de bondade e se expande pelo mundo com pequenos gestos de amor. No palco da vida, você é obra divina da criação. Você foi gerado no amor de Deus. Em sua alma estão impressas as marcas da divindade. Você é fruto de um amor eterno, por isso mesmo, faça deste novo ano o início de um novo tempo na sua história. Seja para o mundo a realidade de um novo tempo! Seja de Deus! Seja feliz com Deus!
Padre Flávio Sobreiro -  padre da Arquidiocese de Pouso Alegre (MG).


Conselhos do Papa Francisco para a educação dos filhos

Conselhos do Papa Francisco para a educação dos filhos


Foto: 20878569, Milan Zeremski, By iStock getty images

Papa Francisco dá bons conselhos para a educação dos filhos

“Filhos, obedecei em tudo aos vossos pais, pois isso agrada ao Senhor. Pais, não irriteis vossos filhos, para que eles não percam o ânimo” (Colossenses 3,20-21).

No versículo apresentado acima, São Paulo nos ajuda a perceber o quão tênue é, na educação, a linha entre a firmeza necessária e a rigidez exagerada. Os pais são chamados a educar seus filhos numa época em que se observa uma grande parcela de famílias que abrem mão desse processo educativo para as escolas ou igrejas. Nossos avós já diziam, com sabedoria, que educação começa em casa ou ainda que se herda de berço. De acordo com o Papa Francisco, a família tem a característica essencial, portanto, “vocação natural de educar os filhos para que cresçam na responsabilidade de si e dos outros”.

Pais e filhos

O trecho apresentado na Carta de São Paulo aos Colossenses apresenta uma regra sábia:

“…o filho que é educado a escutar os pais e a obedecer aos pais, os quais não devem operar de maneira bruta, para não desanimar os filhos. Os filhos, de fato, devem crescer sem se desanimar, passo a passo. Se vocês pais dizem aos seus filhos: ‘Vamos subir nessa escada’ e pegam a mão deles e passo após passo os fazem subir, as coisas irão bem. Mas se vocês dizem: ‘Vá em frente!’ – ‘Mas não posso’ – ‘Vá!’, isso se chama irritar os filhos, pedir aos filhos as coisas que não são capazes de fazer. Por isso, a relação entre pais e filhos deve ser de uma sabedoria, de um equilíbrio tão grande. Filhos, obedeçam aos pais, isso agrada a Deus. E vocês pais, não irritem os filhos, pedindo-lhes coisas que não podem fazer. E isso é necessário ser feito para que os filhos cresçam na responsabilidade de si e dos outros”.
Investir tempo na educação

Entre as dificuldades enfrentadas por muitos pais, Francisco recorda a falta de tempo. “É difícil educar para os pais que veem os filhos somente à noite, quando voltam para casa cansados do trabalho”, reconhece. Por outro lado, em épocas de crise, o Santo Padre reconhece que são bem-aventurados aqueles que têm um emprego para sustentar seu lar.
Filhos reféns de separações

O Papa elenca ainda desafios como a separação; porém adverte que jamais o filho pode ser tomado como “refém” nessa situação. “Tantas vezes o filho é tomado como um refém, e o pai fala mal da mãe e a mãe fala mal do pai, e isso faz tanto mal”, exorta.

“Digo aos pais separados: nunca, nunca, nunca tomem o filho como refém! Vocês se separaram por tantas dificuldades e motivos, a vida deu essa prova a vocês, mas os filhos não sejam os que levam o peso dessa separação, não sejam usados como reféns contra o outro cônjuge, cresçam ouvindo que a mãe fala bem do pai, embora não estejam juntos, e que o pai fala bem da mãe. Para os pais separados, isso é muito importante e muito difícil, mas podem fazê-lo”.

Como educar?

Diante dessa pergunta, o Papa Francisco apresenta uma outra questão: “Quais tradições temos hoje para transmitir aos nossos filhos?”. O Pontífice apresenta um balanço dessa busca por educação na história, ao destacar que intelectuais “críticos” silenciaram os pais para defender as jovens gerações de danos – verdadeiros ou presumidos – da educação familiar. Entre os erros, autoritarismo, favoritismo, conformismo e repressão afetiva.
Educar, papel de quem?

O Santo Padre reconhece que a parceria na educação entre família e escola foi rompida por uma ameaça da confiança recíproca. Constata-se que, por exemplo, foram afetadas as relações entre pais e professores na escola. Diante dessa fragilidade e pouca busca por conhecimento ou imaturidade, muitos pais estão abrindo mão de sua responsabilidade e atribuindo aspectos da educação a pessoas que se dizem “Superespecialistas” em vida afetiva, personalidade e desenvolvimento. Privados do seu papel, o resultado tem sido pais excessivamente apreensivos e possessivos na relação com eles chegando ao ponto de nunca corrigir os filhos. Ao dar ouvidos a essas orientações que se vê em programa de TV apelativos, os pais colocam os filhos no canto sozinhos, correndo o risco de se autoexcluir da vida deles. O Papa afirma que atitudes desse tipo são gravíssimas já que os filhos necessitam de limites e correção.

Eu recordo um acontecimento pessoal. Uma vez, quando eu estava na quarta série, disse uma palavra feia para a professora; ela, uma mulher brava, chamou minha mãe. Ela foi no dia seguinte à escola. Falaram entre si e depois fui chamado. Minha mãe, diante da professora, explicou-me que aquilo que eu fiz foi uma coisa ruim, que não se devia fazer. A mãe fez isso com tanta doçura e me pediu para pedir perdão, diante dela, à professora. Eu o fiz e depois fiquei contente, porque disse: “terminou bem a história”. Imaginem vocês se a professora faz uma coisa desse tipo! No dia seguinte, os pais a reprova, porque os “especialistas” dizem que as crianças não devem ser repreendidas assim. As coisas mudaram! Mas os pais não devem se autoexcluir da educação dos filhos.

Um risco apresentado pelo Papa Francisco é a falta de tempo gerada pelo excesso da carga horária de trabalho. Ele observa que a vida se tornou mesquinha de tempo para falar, refletir e confrontar-se. Muitos pais e mães “sequestrados” pela vida profissional e outras preocupações sentem-se envergonhados em admitir que a chegada dos filhos traz novas exigências. Diante dessa ausência, muitos pais se aventuram em um “dialoguismo” superficial, não levam a um verdadeiro encontro da mente e do coração. Aí, o Papa propõe algumas reflexões:

“Procuramos entender ‘onde’ os filhos estão verdadeiramente em seu caminho? Onde está realmente a alma deles, sabemos? E sobretudo: queremos saber? Estamos convencidos de que esses, na realidade, não esperam outra coisa?”
Comunidades cristãs como apoio à missão educativa

O Santo Padre chama a atenção das comunidades cristãs para a responsabilidade de oferecer apoio à missão educativa das famílias, à luz da Palavra de Deus.

“Na base de tudo está o amor, aquele que Deus nos dá, que ‘não falta com respeito, não procura o próprio interesse, não fica com raiva, não faz conta do mal recebido… Tudo desculpa, tudo crê, tudo espera, tudo suporta'(1 Cor 13,5-6)”.
Suportar-se em família

Como acontece nas melhores famílias, o Papa diz que é preciso paciência para se suportar e que não há fórmulas prontas, porque a vida se faz na realidade. E aqui recordamos nossos pais que conseguiram transmitir a educação a nós com tanta simplicidade. Pais cristãos cheios de sabedoria humana mostram que a boa educação familiar é a coluna vertebral do humanismo. Tal ensinamento provoca uma “irradiação social”, que permite compensar lacunas, feridas, vazios de paternidade e maternidade. Esse amor que se transforma em “irradiação” pode fazer autênticos milagres como podem ser vistos na Igreja todos os dias.

Pais e mães retornem do exílio

“Desejo que o Senhor dê às famílias cristãs a fé, a liberdade e a coragem necessárias para a sua missão. Se a educação familiar encontra o orgulho do seu protagonismo, muitas coisas mudarão para melhor, para os pais incertos e para os filhos desiludidos. É hora dos pais e das mães retornarem do seu exílio – porque se exilaram da educação dos filhos – e reassumirem plenamente o seu papel educativo. Esperamos que o Senhor dê aos pais esta graça: de não se autoexilar na educação dos filhos. E isto somente o amor, a ternura e a paciência podem fazer.
Rodrigo Luiz dos Santos -  é chefe de reportagem da Central de Jornalismo da TVCN e apresentador de programas relacionados à Igreja. Missionário na Canção Nova, 

Consagre o novo ano a Nossa Senhora

Consagre o novo ano a Nossa Senhora


Foto Daniel Mafra/cancaonova.com
Reze e consagre o novo ano a Nossa Senhora

Ó Mãe dos homens e dos povos, vós que conheceis todos os seus sofrimentos e as suas esperanças, vós que sentis maternalmente todas as lutas entre o bem e o mal, entre a luz e as trevas que abalam o mundo contemporâneo, acolhei o nosso clamor que, movidos pelo Espírito Santo, elevamos diretamente ao vosso coração. Abraçai, com amor de Mãe e de Serva do Senhor, este nosso mundo humano que vos confiamos e consagramos, cheios de inquietude pela sorte terrena e eterna dos homens e dos povos.

De modo especial, entregamos e consagramos a vós aqueles homens e nações que têm particular necessidade dessa entrega e consagração.

À vossa proteção nos acolhemos, Santa Mãe de Deus! Não desprezeis as súplicas que se elevam de nós que estamos na provação.

Encontrando-nos, hoje, diante vós, Mãe de Cristo, diante do vosso Imaculado Coração, desejamos, juntamente com toda a Igreja, unir-nos à consagração que, por nosso amor, o vosso Filho fez de Si mesmo ao Pai: “Eu consagro-Me por eles — foram as suas palavras — para eles serem também consagrados na verdade” (Jo 17,19).

Queremos nos unir ao nosso Redentor nessa consagração pelo mundo e pelos homens, a qual, no Seu coração divino, tem o poder de alcançar o perdão e conseguir a reparação.

Neste ano santo, bendita sejais acima de todas as criaturas, Serva do Senhor, que obedecestes da maneira mais plena ao chamamento divino.

Louvada sejais vós, que estais inteiramente unida à consagração redentora do vosso Filho!

Mãe da Igreja, iluminai o povo de Deus nos caminhos da fé, da esperança e da caridade! Iluminai, de modo especial, os povos dos quais vós esperais a nossa consagração e entrega. Ajudai-nos a viver na verdade da consagração de Cristo por toda a família humana do mundo contemporâneo.

Confiando-vos, ó Mãe, o mundo, todos os homens e povos, nós vos confiamos também a própria consagração do mundo, depositando-a no vosso coração materno.

Oh Imaculado Coração, ajudai-nos a vencer a ameaça do mal que se enraíza tão facilmente no coração dos homens de hoje e que, nos seus efeitos incomensuráveis, pesa já sobre a vida presente e parece fechar os caminhos do futuro!

Da fome e da guerra, livrai-nos!

Da guerra nuclear, de uma autodestruição incalculável e de toda a espécie de guerra, livrai-nos!

Dos pecados contra a vida do homem, desde os seus primeiros instantes, livrai-nos!

Do ódio e do aviltamento da dignidade dos filhos de Deus, livrai-nos!

De todo o gênero de injustiça na vida social, nacional e internacional, livrai-nos!

Da facilidade em calcar aos pés os mandamentos de Deus, livrai-nos!

Da tentativa de ofuscar nos corações humanos a própria verdade de Deus, livrai-nos!

Da perda da consciência do bem e do mal, livrai-nos!

Dos pecados contra o Espírito Santo, livrai-nos, livrai-nos!

Acolhei, ó Mãe de Cristo, esse clamor carregado do sofrimento de todos os homens! Carregado do sofrimento de sociedades inteiras!

Ajudai-nos com a força do Espírito Santo a vencer todo o pecado: o pecado do homem e o “pecado do mundo”; enfim, o pecado em todas as suas manifestações.

Que se revele uma vez mais, na história do mundo, a força salvífica infinita da Redenção: a força do amor misericordioso! Que ele detenha o mal! Que ele transforme as consciências! Que se manifeste para todos, no vosso Imaculado Coração, a luz da esperança!

Amém!

Irmã Lúcia confirmou pessoalmente que esse ato de consagração, solene e universal, correspondia àquilo que Nossa Senhora queria: «Sim, está feita tal como Nossa Senhora a pediu, desde o dia 25 de março de 1984» (carta de 8 de novembro de 1989). Por isso, qualquer discussão e ulterior petição não tem fundamento