A Palavra de Deus

A Palavra de Deus

DOPAS

DOAÇÃO, ORAÇÃO, POBREZA, ALEGRIA E SIMPLICIDADE

6 de abril de 2013

EVANGELHO E LEITURA ORANTE PARA O DOMINGO

ANO C - DIA 07/04 - Domingo
Jesus aparece aos discípulos
 - Jo 20,19-31Ao 
anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, os discípulos estavam reunidos, com as portas fechadas por medo dos judeus. Jesus entrou e pôs-se no meio deles. Disse: “A paz esteja convosco”. Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos, então, se alegraram por verem o Senhor. Jesus disse, de novo: “A paz esteja convosco. Como o Pai me enviou também eu vos envio”. Então, soprou sobre eles e falou: “Recebei o Espírito Santo. A quem perdoardes os pecados, serão perdoados; a quem os retiverdes, lhes serão retidos”. Tomé, chamado Gêmeo, que era um dos Doze, não estava com eles quando Jesus veio. Os outros discípulos contaram-lhe: “Nós vimos o Senhor!” Mas Tomé disse: “Se eu não vir a marca dos pregos em suas mãos, se eu não puser o dedo nas marcas dos pregos, se eu não puser a mão no seu lado, não acreditarei”. Oito dias depois, os discípulos encontravam-se reunidos na casa, e Tomé estava com eles. Estando as portas fechadas, Jesus entrou, pôs-se no meio deles e disse: “A paz esteja convosco”. Depois disse a Tomé: “Põe o teu dedo aqui e olha as minhas mãos. Estende a tua mão e coloca-a no meu lado e não sejas incrédulo, mas crê!” Tomé respondeu: “Meu Senhor e meu Deus!” Jesus lhe disse: “Creste por que me viste? Bem-aventurados os que não viram, e creram!” Jesus fez diante dos discípulos muitos outros sinais, que não estão escritos neste livro. Estes, porém, foram escritos para que creiais que Jesus é o Cristo, o Filho de Deus, e para que, crendo, tenhais a vida em seu nome.

LEITURA ORANTE

ORAÇÃO INICIAL
Preparo-me para rezar a Palavra, com a prece de São Tomás de Aquino:
Espírito Santo, Deus de amor,
concede-me:uma inteligência que te conheça,
uma inquietação que te procure,
uma sabedoria que te encontre,
uma vida que te agrade,
uma perseverança que,
enfim, te possua. Amém.
1- LEITURA (VERDADE)O que diz o texto do dia?
Leio atentamente, na minha Bíblia, o texto: Jo 20,19-31, e observo pessoas, palavras, relações, lugares.

A comunidade reunida e unida com a presença do Senhor Ressuscitado se fortalece e cresce. Recebe o Espírito Santo e a missão. Tomé não está presente. Por isso tem dificuldade para crer. Não acredita no primeiro anúncio que os apóstolos fazem depois de estarem com o Senhor. Tomé diz, em outras palavras, que precisa ver para crer. Uma semana depois, todos estão reunidos e, desta vez, Tomé está também. O Ressuscitado o convida para tocar as chagas. É quando ele faz aquela bela oração: “Meu Senhor e meu Deus!” E Jesus diz: “ Felizes são os que não viram, mas assim mesmo creram!” O Evangelho conclui com dizendo sua finalidade: “para que crendo, tenham vida por meio de Jesus”.
2- MEDITAÇÃO (CAMINHO)O que o texto diz para mim, hoje?
Sou uma pessoa que marco presença na comunidade? Por acaso, sou como Tomé? Preciso ver para crer?
Ou posso tomar para mim, a afirmação de Jesus: “ Felizes são os que não viram, mas assim mesmo creram!” Os bispos na V Conferência falaram muitas vezes da fé: “O “irmão” de Jesus (cf. Jo 20,17) participa da vida do Ressuscitado, Filho do Pai celestial, porque Jesus e seu discípulo compartilham a mesma vida que procede do Pai: Jesus, por natureza (cf. Jo 5,26; 10,30) e o discípulo, por participação (cf Jo 10,10). A conseqüência imediata deste tipo de vínculo é a condição de irmãos que os membros de sua comunidade adquirem.” (DAp 132).
3- ORAÇÃO (VIDA)O que o texto me leva a dizer a Deus?
Rezo, espontaneamente, com salmos ou outras orações e concluo:
Jesus Mestre,
que eu pense com a tua inteligência
e com a tua sabedoria.
Que eu ame com o teu Coração...
Que eu veja sempre com os teus olhos.
Que eu fale com a tua língua.
Que eu ouça somente com teus ouvidos.
Que eu saboreie aquilo que tu gostas.
Que as minhas mãos sejam as tuas.
Que os meus pés sigam os teus passos.
Que eu reze com as tuas orações.
Que meu tratamento seja o teu.
Que eu celebre como tu te imolaste.
Que eu esteja em ti e tu em mim,
de modo que eu desapareça.
(Bem-aventurado Tiago Alberione)
4- CONTEMPLAÇÃO (VIDA E MISSÃO)Qual meu novo olhar a partir da Palavra?
Vou estar presente na minha comunidade – família, grupo, Igreja, amigos – e descobrir juntos a presença de Jesus Ressuscitado em nosso meio, com a sua mensagem de paz!
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós.

BÊNÇÃO
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém. 
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém. 
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém. 
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.
Ir. Patrícia Silva, fsp

A FESTA ETERNA

Depois que o Cristianismo tomou vulto no mundo antigo, os cristãos conseguiram direitos de ordem estrutural, uma verdadeira configuração da normalidade da vida. As leis protegiam seus costumes. Assim, conquistaram o direito de celebrar em público os seus cultos sagrados; conseguiram do Estado a proteção do casamento monogâmico; puniram-se os atentados violentos ao pudor; criou-se a noção de liberdade de religião; puderam ter as suas escolas com ensinamento cristão; estabeleceram o calendário, baseado na vida de Jesus; e ainda, a duras penas, foram vitoriosos na escolha do domingo como dia de repouso e de culto. Neste ponto o sucesso não veio sem derramamento de sangue. “No primeiro dia da semana cada um separe o que conseguiu economizar” ( 1Cor 16, 02). Somente por leis, que atendiam ao interesse da maioria, é que o domingo ficou reservado como “Dia do Senhor”. 

O mundo de hoje possui uma tendência de introduzir novos costumes, alguns deles muito bons, e outros que são de péssima qualidade. Assim, começam a vigorar outros princípios de ordem sexual, outros tipos de família (a ONU é um grande centro que irradia petardos contra a família cristã), poderes públicos secularizados, escola contrária a qualquer expressão de religiosidade, e um domingo desidratado e de pura atividade lúdica. Já na revolução francesa, num dos seus momentos de loucura, instituiu o “dia de descanso” a cada 10 dias. Entre vários Estados modernos se determinou que não há mais dia santo nem dia de repouso. Todos os dias são de trabalho...Nem por isso são mais ricos. Nós cristãos não podemos ser sem espinha dorsal. Não vamos entregar de mão beijada o dia do Senhor, como o dia em que o comércio, sem razão nenhuma plausível, funciona como sempre. O dia em que as rodovias se enchem de caminhões. Os cortadores de cana prosseguem o seu pesado trabalho. Poucos se sentem chamados para as orações na comunidade, para se alegrar com a festa da ressurreição do Senhor. Em seis dias o trabalho rende mais do que em sete. Queremos fazer questão de observar o domingo, para um justo repouso de trabalhos pesados, e fazer dele o dia família e da comunidade. “Este é o dia do Senhor. Alegremo-nos e nele exultemos” (Ap 19, 7). 
Dom Aloísio Roque Oppermann - Arcebispo emérito de Uberaba, MG.

EU SOU O PRIMEIRO E O ÚLTIMO


No início do Livro do Apocalipse, João, o vidente, faz a experiência da presença do Senhor Jesus: "No meio dos candelabros havia alguém semelhante a um filho de homem, vestido com uma túnica comprida e com uma faixa de ouro em volta do peito. Sua cabeça e seus cabelos eram brancos como lã alvejada, igual à neve, e seus olhos eram como chama de fogo. Seus pés pareciam de bronze incandescente no crisol, e sua voz era como o fragor de águas torrenciais. Na mão direita, tinha sete estrelas, de sua boca saía uma espada afiada, de dois gumes, e seu rosto era como o sol no seu brilho mais forte. Ao vê-lo, caí como morto a seus pés, mas ele pôs sobre mim sua mão direita e disse: Não tenhas medo. Eu sou o Primeiro e o Último, aquele que vive. Estive morto, mas agora estou vivo para todo o sempre. Eu tenho a chave da Morte e da Morada dos mortos" (Ap 1,13-18).

Uma cena celeste que confirma uma outra terrena, mas igualmente verdadeira, vivida pelos discípulos de Jesus no dia da Ressurreição: "Ao anoitecer daquele dia, o primeiro da semana, os discípulos estavam reunidos com as portas fechadas por medo dos judeus. Jesus entrou e pôs-se no meio deles. Disse: A paz esteja convosco. Dito isso, mostrou-lhes as mãos e o lado. Os discípulos, então, se alegraram por verem o Senhor" (Jo 20,19-21). No centro, está Jesus vivo; as duas cenas têm lugar no primeiro dia da semana, chamado "domingo". Este é o espaço de vida da comunidade cristã, a qual se reúne, na fé, para o encontro com Aquele que é o Senhor e Salvador, o Primeiro e o Último, o Único que pode dar sentido à existência humana e apontar-nos a estrada da eternidade feliz. Por isso a Igreja privilegia o dia de domingo, valorizado desde os tempos apostólicos: "Não abandonemos as nossas assembleias, como alguns costumam fazer. Antes, procuremos animar-nos mutuamente – tanto mais que vedes o dia aproximar-se" (Hb 10,25).

Quando a Igreja se reúne para a Eucaristia de domingo, tem como preparação o anúncio de Jesus Cristo, chamado Kerigma, "o encontro com Cristo que dá origem à iniciação cristã. Este encontro deve renovar-se, constantemente, pelo testemunho pessoal, pelo anúncio do Kerigma e pela ação missionária da comunidade. O Kerigma não é somente uma etapa, mas o fio condutor de um processo que culmina na maturidade do discípulo de Jesus Cristo. Sem ele, os demais aspectos deste processo estão condenados à esterilidade, sem corações verdadeiramente convertidos ao Senhor. Só a partir do Kerigma acontece a possibilidade de uma iniciação cristã verdadeira" (Documento de Aparecida 278).

Evangelização e catequese resumem a formação do discípulo missionário de Cristo. Depois, tendo celebrado o mistério e a presença de Jesus, Aquele que é o Primeiro e o Último, o Princípio e o Fim, Alfa e Ômega, faz-se necessário praticar o que se crê e o que se celebra.

Toda vida cristã é, então, marcada com o sigilo da proclamação dosenhorio de Jesus Cristo. A leitura dos Atos dos Apóstolos, oferecida pela Igreja e buscada por todos nós, cristãos, durante o tempo pascal, testemunha o crescimento dos que aderiam "ao Senhor" pela fé, uma grande multidão de homens e mulheres (Cf. At 5,14). Será, então, possível perceber as características dos cristãos de ontem e hoje.

Sua vida se fundamenta no reconhecimento de Jesus Cristo como Deus e Salvador. Não existe, fora d'Ele, qualquer esperança ou sentido de vida. Sua Palavra é reconhecida como fonte para todas as decisões, torna-se norma de comportamento, gera uma nova cultura, estabelece limites morais e, ao mesmo tempo, escancara as portas da liberdade e da felicidade.

Garimpando os textos das Cartas de São Paulo, é possível encontrar pérolas como a que se segue: "Tendo vós todos rompido com a mentira, que cada um diga a verdade ao seu próximo, pois somos membros uns dos outros. Podeis irar-vos, contanto que não pequeis. Não se ponha o sol sobre vossa ira, e não deis nenhuma chance ao diabo. O que roubava não roube mais; pelo contrário, que se afadigue num trabalho manual honesto, de maneira que sempre tenha alguma coisa para dar aos necessitados. De vossa boca não saia nenhuma palavra maliciosa, mas somente palavras boas, capazes de edificar e de fazer bem aos ouvintes. Não entristeçais o Espírito Santo de Deus, com o qual fostes marcados, como por um sinal, para o dia da redenção. Desapareça do meio de vós todo amargor e exaltação, toda ira e gritaria, ultrajes e toda espécie de maldade. Pelo contrário, sede bondosos e compassivos, uns para com os outros, perdoando-vos mutuamente, como Deus vos perdoou em Cristo"(Ef 4,25-32).

Para anunciar Jesus aos outros, à luz da Páscoa de Cristo, o primeiro anúncio e a primeira mudança ocorrem dentro de cada cristão ou cristã. Depois, tornamo-nos propagadores da mesma verdade que liberta, tendo ouvido a palavra de missão dita aos primeiros discípulos e que continua a ressoar nas sucessivas gerações: "A paz esteja convosco! Como Pai me enviou, também eu vos envio" (Jo 20,21).

Mudará, então, o trato com os bens da terra, com o desafio da comunhão dos bens (Cf. At 2,42-47), o trato com o dinheiro e as relações familiares e sociais: "Perseverai no amor fraterno. Não descuideis da hospitalidade; pois, graças a ela, alguns hospedaram anjos, sem o perceber. Lembrai-vos dos presos, como se estivésseis presos com eles, e dos que são maltratados, pois também vós tendes um corpo! O matrimônio seja honrado por todos, e o leito conjugal, sem mancha; pois Deus julgará os libertinos e os adúlteros. Que vossa conduta não seja inspirada pelo amor ao dinheiro. Contentai-vos com o que tendes, porque ele próprio disse: Eu nunca te deixarei, jamais te abandonarei" (Hb 13,1-5).

Desafiador? Possível! Com a graça de Deus, sim! Com Aquele que é Senhor, Primeiro e Último, Princípio e Fim.
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA

UM DIA TRISTE


Quem já não teve um dia triste em sua vida? Podem existir ou não razões concretas, mas essas pequenas variações de humor são normais e precisam ser administradas com sabedoria. Não estou falando dadepressão, uma doença que deve ser tratada, mas daquele desânimo passageiro que nos deixa um pouco “para baixo”.

O próprio Jesus sentiu uma profunda tristeza quando se aproximou o momento em que seria morto na cruz. Conta a Bíblia que Ele convidou três dos Seus melhores amigos para ir a um lugar afastado onde queria rezar, mas não queria estar sozinho.

Este é o primeiro erro que, normalmente, cometemos quando a tristezabate à nossa porta. Nós a convidamos para entrar e ficamos curtindo-a de maneira solitária, com nossos "botões". A solução é ter a humildade de pedir a ajuda de Deus e dos amigos.

Rezar é o primeiro remédio, realmente eficaz, diante da tristeza. Deus nos ouve e encontra sempre uma maneira, surpreendente, de nos consolar. O que acontece é que, muitas vezes, estamos tão chateados que nem temos inspiração para dizer nada a Deus. E precisa?! Nesses momentos, todas as palavras dizem quase nada e uma palavra parece que já é demais. Mas, então, como rezar?

Uma sugestão é abrir a Bíblia e ler um salmo qualquer. Você verá que a tristeza estava no coração dos autores de muitos daqueles poemas sagrados. Alguns estavam até indignados com Deus. Escutamos frases extremamente verdadeiras como: “debaixo dos salgueiros penduramos nossas harpas e nos pusemos a chorar. Como cantar em uma terra estranha?!”.

É sinal de maturidade espiritual mostrar o coração para Deus do jeito que ele se encontra. O Senhor não quer nos ver maquiados ou com algum tipo de máscara. O próprio apóstolo Paulo, quando nos aconselha, reconhece que, nem sempre, estamos tão bem: “Está alegre? Cante! Está triste? Reze!”.

Santos e sábios procuraram entender essa dinâmica interior. Inácio de Loyola, por exemplo, a chamou de “moções”. Seriam movimentos de ânimo que variam de consolação para desolação. Vale a pena conhecer os Seus Exercícios Espirituais, nos quais ele estabelece regras para discernir o significado desses “sentimentos místicos”.

Dizem que até a grande Santa Teresa d'Ávila viveu grandes momentos de tristeza espiritual. Apesar disso, manteve-se fiel. Este é um sinal muito seguro de que o amor é autêntico. Quando vivemos momentos de euforia, não podemos ter certeza de que aquilo que estamos fazendo é movido por “puro amor”. 

Aproveite a hora de tristeza e desolação para purificar as suas motivações. Lembre-se: nada como um dia depois do outro.

(Trecho extraído do livro “Pronto, falei!”)
Padre Joãozinho, SCJ

O QUE É A SADIA CONVIVÊNCIA?


Faz parte do carisma da Comunidade Canção Nova uma regra de vida muito importante: homens e mulheres vivendo, juntos, em sadia convivência. Mas o que é isso? É viver com naturalidade e sinceridade os nossos relacionamentos - o termo "sadio" é antônimo de "doente".

Hoje, vivemos numa sociedade doente, marcada pela pornografia, pelamalícia nos relacionamentos, pelas brincadeiras inconvenientes, e tudo isso conduz para o sensual. Mas quando vivemos de forma sadia, tudo isso precisa ser eliminado. A Palavra de Deus nos diz: “Não vos conformeis com este mundo” (cf. Rm 12,2) “A imoralidade sexual e qualquer espécie de impureza ou cobiça nem sequer sejam mencionadas entre vós, como convém aos santos. Nada de palavrões ou conversas tolas, nem de piadas de mau gosto: são coisas inconvenientes; entregai-vos, antes, à ação de graças. Pois, ficai bem certos: nenhum libertino ou impuro ou ganancioso - que é um idólatra - tem herança no reino de Cristo e de Deus” (Ef 5,3-5).

Tenho a graça de relacionar-me bem com minhas irmãs e com meus irmãos de comunidade, e isso tem sido para mim motivo de realização pessoal, pois eu era uma pessoa tímida, introvertida, mas a nossa sadia convivência curou também o meu temperamento, a minha forma de lidar com as pessoas.

Hoje, aconselho muitos jovens e luto com eles na busca da cura dos seus afetos. Uma coisa está ligada à outra, não podendo, portanto, separar o afetivo do sexual, sabendo que em Deus buscamos o equilíbrio.

A comunidade nos ajuda a buscar a santidade, ela nos impulsiona a sermos santos. Se você busca esses propósitos, ressurge, no coração, o desejo de corresponder, buscando uma vida íntegra e equilibrada.

“Filho, pecaste? Não tornes a fazê-lo; e suplica pelas faltas passadas, para que te sejam perdoadas. Foge dos pecados como de uma cobra: se deles te aproximares, te morderão” (Eclo21,1-2).

Há pessoas que, com a boa intenção de ajudar o outro, começam a se aproximar dele sem conhecer suas fragilidades. O resultado, no entanto, pode ser desastroso, porque, em vez de ajudar, acabam provocando sentimentos que prejudicam a vida do outro. É maravilhoso perceber essa preocupação de São Pedro: “Vociferando discursos pomposos e vazios, aliciam nas paixões carnais e na libertinagem aqueles que há pouco escaparam dos que vivem no erro. Prometem-lhes a liberdade, enquanto eles mesmos continuam escravos da corrupção. Pois cada um é escravo de quem o domina” (2Pd 2,18-19).

Dom Bosco dizia que para salvar os jovens ele iria até as últimas consequências, mas era preciso ser prudente. Há confusão quando não há maturidade.

Temos um modelo na nossa comunidade: Padre Jonas Abib, o qual atingiu a maturidade na sua sexualidade. Assim como Paulo diz às comunidades: “Sede meus imitadores”, o meu fundador também diz:“Sejam meus imitadores, meus filhos”. Mas é preciso construir um caminho de luta, de sacrifício, de esforço, dedicação e zelo. Porém, se você busca a castidade, mas não consegue se desvencilhar dos filmes pornográficos e das sessões de piadas, como ser curado?

A Igreja nos ensina que o diabo não entra na nossa vontade, ele apenas age de acordo com nossas sensações, nossos impulsos; ele percebe que houve uma brecha naquele determinado lugar e entra. Dentro de você precisa haver uma disposição interior para fechar todas as brechas.

Somente conseguiremos ser homens profundamente curados na nossa afetividade e sexualidade pelo poder do Espírito Santo. A cada dia, peçamos esta graça para que sejamos homens curados e plenos do amor de Deus.
Padre Edimilson Lopes - Comunidade Canção Nova

PESSOAS E FLORES


Estive pensando na relação que existe entre pessoas e flores. Sei que podemos passar a vida inteira sem pensar sobre isso e vivermos bem, mas acredito que podemos observar certas coisas e vivermos ainda melhor.

Sempre gostei de flores. Desde criança interesso-me por elas. Já aprendi que cada planta tem seus mistérios e exige cuidados específicos, adaptam-se ou não a determinadas situações do clima e do solo. Por isso, o tratamento de um jardim, por exemplo, nunca pode acontecer “em série”, e o melhor resultado na variedade de cores, aromas e beleza será daquele ao qual mais se dedicou o cultivo. Com pessoas seria diferente?

Esses dias, vivi uma situação que tem me feito pensar ainda mais na relação que encontro entre pessoas e flores:

Chegando a um supermercado, fui atraída pela diversidade de violetas, as quais, naquele dia, estavam em promoção, expostas já na entrada do estabelecimento. Ao aproximar-me das plantas, uma delas chamou-me a atenção pela cor e pela diferença entre as outras. Driblei alguns obstáculos e elegi, em segundos, aquela violeta como minha preferida entre dezenas. Acontece que, continuando a trajetória - ainda dentro do supermercado -, fui percebendo que a violeta que eu havia escolhido não era perfeita. Aliás, tinha graves defeitos: flores murchas, folhas quebradas e, na verdade, sua cor já não me parecia tão atraente, ou seja, perdi o encanto da primeira vista. Então, decidi que a trocaria por outra, afinal, opções era o que não faltava.

Voltei à área de jardinagem e, de longe, fui procurando identificar outra violeta que eu elegeria para substituir a que eu havia escolhido minutos antes. Porém, algo interessante aconteceu naquela hora.

Ao abaixar-me para escolher outra flor, ouvi como se fosse o próprio Deus falando ao meu coração: “Como você se deixa levar pelas aparências! Primeiro, escolheu a violeta e lutou por ela, mas bastou perceber algumas imperfeições para decidir trocá-la por outra! Certamente, você espera receber da planta sua beleza e vivacidade. Mas e você? Não tem nada a lhe oferecer?”

Já pensou se, em vez de trocar a planta por outra, resolver levá-la para casa e dedicar-se ao seu cultivo? Se contemplar sua superação e acompanhar, de perto, seu desenvolvimento, não a fará mais valiosa?

Lembrei-me da frase tão conhecida de Saint-Exupéry: “O tempo que eu gastei com minha rosa é o que fez minha rosa ser mais importante”. Sem dar ouvidos à razão, fiz o que meu coração mandava: trouxe a violeta comigo e tenho cuidado dela. Aliás, enquanto escrevo, desfruto de sua agradável companhia.

Mas a história não para por aqui. Na verdade, é agora que ela começa, pois, com este fato, Deus tem me falado que, o que aconteceu com a violeta também acontece com as pessoas.

Muitas vezes, escolhemos alguém para fazer parte da nossa vida levados pela aparência. Envolvidos pela emoção do encontro, fazemos logo uma ideia a respeito da pessoa e a idealizamos “perfeita”. Por mais que nos digam, não conseguimos enxergar seus limites. Só que isso, geralmente, é passageiro, e quando o encantamento se vai, fica a realidade. Aí começamos a lidar com as limitações da pessoa e, se não tivermos tido tempo para passarmos do encantamento ao amor, nossa primeira atitude será de recusa.

Falta-nos maestria, coragem e disposição para ajudar o outro na arte de ser melhor. É aí que tomamos a decisão que tomei com relação à violeta: “Esta tem defeitos, vou trocar por outra”.

Infelizmente, é com frequência que vemos isso acontecer. Pessoas são escolhidas e descartadas em seus relacionamentos como se fossem flores em promoção no supermercado. Daí, eu me pergunto: “Será que essa é a vontade de Deus para a vida de seus filhos? Ou será que Ele está nos pedindo para cuidarmos da 'violeta' que Ele nos deu sem pensar em trocas?”.

Defeitos todos nós temos; as violetas também. Percebi, depois que olhei com mais calma, que, naquele arsenal de flores, não havia nem um vasinho sequer que fosse perfeito. Se eu não me decidisse a trazer aquela violeta com seus limites para minha casa, correria o risco de passar a vida inteira sem flores.

Com gente também é assim. Se ficarmos esperando pessoas “prontas e perfeitas” para amarmos, corremos o risco de passarmos a vida inteira sozinhos ou “trocando de vasos”, sem ter a alegria de ver nascer novos brotos na planta que decidimos gastar tempo com o cultivo.

Quem gosta de jardinagem sabe o prazer que se sente ao ver os brotos romperem o silêncio da terra e vir ao mundo trazendo cores e vida ao ambiente. Agora, imagine quando o assunto está relacionado às pessoas!

É muito gratificante ver alguém ser transformado, dia após dia, só porque você resolveu olhar diferente para ele. Se a planta precisa de cultivo para florescer, a pessoa ainda mais. Não queira trocar “sua violeta” por outra, mesmo que as ofertas sejam tentadoras. Cuide da que você tem em mãos. Ela pode não ser perfeita, mas se você gastar tempo com o cultivo, ela vai florir e alegrar sua vida. A minha já está bem mais bonita do que quando a encontrei!

A violeta, que hoje está em suas mãos, pode ser seu esposo, esposa, filho, colega de trabalho, amigo, pai ou mãe... Enfim, a decisão deve ser a mesma: empenhar-se no cultivo para superar as fraquezas. Se tiver a coragem de viver esta aventura, verá que vale muito mais a pena contemplar os brotos que virão depois dos seus cuidados, do que trazer flores artesanais para casa.

Cada sinal de vida que surgir será motivo de celebração e vitória. Faça a experiência e me conte, depois, como foi o resultado. Deus o ajudará no cultivo. Ele é “Mestre” em transformar desertos em jardins. Estou torcendo por você!
Dijanira Silva