A Palavra de Deus

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DOPAS

DOAÇÃO, ORAÇÃO, POBREZA, ALEGRIA E SIMPLICIDADE

24 de junho de 2016

Não existe mãe perfeita, não se cobre tanto

Não existe mãe perfeita, não se cobre tanto

Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
Toda mãe traz em si a obrigação de ser infalível mas não existe mãe perfeita

Quem não chegou em um momento da vida que precisou se deparar com as fragilidades de sua própria mãe? Que frustração! Ela era uma heroína, quase “imaculada” àqueles olhos infantis. Nesse dia, passamos a ter de compreender que ela tem muitas fraquezas e não dá conta de tudo como imaginávamos.

Quando fomos introduzidos em nossa cultura, herdamos essa imagem materna de alguém que não erra, que nos protege, que é forte e quase podemos dizer que é dotada de “superpoderes”.

Toda mãe traz em si essa enraizada “obrigação” de ser infalível para seus filhos. Principalmente nos dias atuais, em que é preciso dar conta de uma jornada de trabalho longa, cuidar da saúde dos filhos, assim como escola, atividades extras, alimentação, roupa, higiene, organização da casa, relacionamento com o marido, agenda da família, e assim vai… Ufa! E ainda tem o cuidado com si mesma. Por que isso só me veio à lembrança por último? Sim, é assim que acontece. Toda mãe traz consigo o dom da renúncia e de querer fazer o melhor possível para os filhos, mesmo que esse melhor requeira não colocar a si mesma na lista de prioridades.

Com essa “obrigação” de acertar em tudo, perde-se também o direito de cometer falhas. E quando elas acontecem, desmorona um “mundo” sobre os próprios ombros, justamente porque sabemos que nos foi confiado alguém que depende totalmente de nós. “Educar e suprir as necessidades de um filho não é uma tarefa fácil, pois consome todo tempo e energia da mãe. É um cuidado integral, de intensa dependência, que pode, muitas vezes, gerar sentimentos de angústia, ansiedade, fracasso e culpa”, esclarece a psicóloga Lisandra Borges.
Os motivos que fazem as mães não se sentirem a mãe ideal

Comum é encontrar alguém não se sentindo a mãe ideal, e os motivos são díspares. Ou porque acha que é muito protetora ou muito ausente. Outras vezes, porque é muito rígida ou ainda porque não consegue ter a firmeza necessária. Quantas vezes choramos depois de gritarmos com as crianças, mas também porque percebemos nossas omissões e limitações. Ou ainda sentimos aquela angústia e medo por não conseguirmos dar para eles o que precisam. Se o desenvolvimento do filho não está da melhor forma, se as notas na escola estão baixas, se tem ficado doente com frequência ou se o filho está muito rebelde… Ai, meu Deus! Onde estou errando? Tudo pode se tornar motivo de preocupação dentro da cabeça de uma mãe, pois ela entende que suas atitudes são determinantes na vida dos filhos.

Esse sentimento é fruto do muito amor, de alguém que não sabe fazer nada além de se doar, um verdadeiro martírio, como tem citado Papa Francisco, ressaltando também que esse dom não é só o de gerar o filho, mas de lhe dar a vida, a sua própria vida no dia a dia, nas suas escolhas.

Por outro lado, na vivência desse dom, a mulher é chamada a cuidar de si mesma para que esteja também em boas condições para lidar com aqueles que tanto ama e para que tenha saúde e disposição para as lutas diárias. Lisandra Borges dá algumas dicas que favorecem esse processo, como lembrar que a mãe perfeita não existe, pois somos seres humanos e estamos aprendendo todos os dias. Além disso, nenhuma criança vem com manual de instruções, então, aprendemos no dia a dia, com a experiência.

Seis dicas para as mães se cuidarem

1. Aceitar a imperfeição já é um começo. É importante saber que você está fazendo o melhor, atendendo as necessidades do seu filho, mas nunca as conseguirá sanar cem por cento.

2. Aproveitar os bons momentos junto com os filhos, valorizando mais os sentimentos positivos.

3. Cuidar-se. Esse consumir-se provoca um esgotamento, por isso é necessário dar-se o direito de ser cuidada, sem culpa; e aqui vale reafirmar: sem culpa mesmo. Não é porque você se tornou mãe, que vai esquecer de si mesma. Quando nos sentimos bem, os filhos colhem o melhor de nós e são os primeiros beneficiados. Quando você se sente bonita, por exemplo, tudo muda, principalmente o humor.

4. Separar um tempo para si. Em meio a tanta correria, não é fácil ser prioridade, porém vale muito a pena separar um tempo para si. De repente, cuidar das unhas, do cabelo ou fazer algo que lhe dê prazer. Que tal se encontrar com os amigos de que tanto gosta? Separar um momento para estar a sós com Deus? Ou então deixar as crianças com alguém para curtir um cineminha com o marido? De repente, um jantar a dois!

Filhos são os melhores presentes que uma pessoa pode receber de Deus, mas as mães precisam respirar novos ares de vez em quando, retomar as forças para dar o melhor de si para esses tesouros.

5. É preciso também, e principalmente, olhar para o Senhor. Ele sabe das nossas intenções, como está em 1 João 3,19-20: “Nisto conheceremos que somos da verdade, e diante dele tranquilizaremos o nosso coração; porque se o coração nos condena, maior é Deus do que o nosso coração, e conhece todas as coisas”.

Com isso, a mãe é chamada a confiar na graça de Deus. Aliás, mulheres heroínas só existem nas telas de cinema e revistas em quadrinhos. Nós, simples pecadoras, dependemos da graça de Deus. Uma boa forma de nos depararmos com nossas fragilidades e limitações é entendermos que sem Ele não conseguimos realizar nossa missão, que não somos suficientes.

6. Sempre é tempo de retomar. Pedir ajuda é uma excelente saída. Muitas vezes, escondemo-nos atrás de lamúrias ou autopiedade, para não enfrentarmos os problemas.

“Se o sentimento de culpa realmente tiver fundamento e você conseguir identificar alguns pontos que pode melhorar, faça isso, encontre soluções práticas para resolver o problema. Se você se sente culpada por não estar sempre presente com seu filho, encontre uma hora para estar somente os dois”, diz a psicóloga Lisandra Borges.

Aproveite para escutar seu filho e refletir o que está fora do equilíbrio e, talvez, minando sua maternidade. Os nossos exageros como mães, muitas vezes, deixam-nos cegas. Porém, dá para respirar fundo e recomeçar.

A Palavra de Deus nos diz ainda que “a mulher será salva pela maternidade, contanto que permaneça com modéstia na fé, na caridade e na santidade” (I Tm 2,15). Portanto, abandonemo-nos nas mãos de Nosso Senhor, pois à medida que fazemos isso, o fardo se torna leve. A maternidade não é algo que possuímos, mas um presente que nos faz participar da criação e paternidade de Deus. Uma linda experiência do amor de Deus.

Não deixe que a tristeza tome conta de seu coração. Cuide de você sem culpa, cuide de seu filho e acredite na graça de Deus. Celebre, porque Deus, Aquele que realmente é perfeito, faz festa com sua maternidade!
Elzirene Pereira -Jornalista e Missionária da Comunidade Canção Nova 

Fernanda Soares -  é missionária da Canção Nova. Foi apresentadora do programa Revolução Jesus e Vitrine da TV Canção Nova. Jornalista.  Autora dos livros “A mulher segundo o coração de Deus” e “A beleza da mulher a ser revelada”. 

A importância do afeto no relacionamento

A importância do afeto no relacionamento

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
Quando o assunto é relacionamento amoroso, o afeto é fundamental

Cada pessoa tem uma maneira própria de ser, e o mundo é melhor por ser assim. Mas temos em comum o fato de nos relacionarmos uns com os outros e sabermos que os relacionamentos são mais frutuosos quando são marcados pelo afeto, ou seja, um sentimento de carinho que se tem por alguém e que se expressa de diversas maneiras, embora com o mesmo objetivo: demostrar que aprecia e ama. Para uns, demonstrar afeto é fácil e prazeroso; para outros, é difícil e até constrangedor. Tudo depende da relação que se tem com a vida.

Quem não foi desejado pelos pais nem recebeu afeto nos primeiros anos de vida, provavelmente, tem mais dificuldades de acreditar no amor do que quem viveu a experiência de ser acolhido e amado desde sempre. Mas tanto um caso como o outro tem necessidade de experimentar o amor traduzido em afeto e até mesmo, de maneira inconsciente, é inclinado a buscá-lo em tudo o que faz. O afeto tem um poder extraordinário de nos revigorar, e quem já recebeu um abraço em momentos difíceis entende bem o que digo. E não para por aí! Uma boa risada, um olhar amoroso, uma mão amiga, um coração sincero que nos acolhe, independente dos nossos erros, e tantas outras expressões de afetos, trazem sempre um colorido especial aos nossos dias.

Quando o assunto é relacionamento amoroso, aí nem se fala, o afeto é fundamental!
Não imagino um casal de namorados, por exemplo, que raramente se abracem e se beijem, poucas vezes se olham trocando cumplicidade. Não que o afeto seja só isso, mas digamos que seria o mínimo para um casal que se ama. O afeto, a meu ver, é também uma forma de diminuir a distância entre nós que amamos e a alma do amado, onde mora o amor.

O poder de um abraço

Experimento isso, por exemplo, quando abraço afetuosamente meu marido. Sinto-me mais perto do centro do seu ser, que podemos chamar de coração; assim, no mistério desse encontro, sou envolvida não só por seus braços, mas também pela força que emana de sua alma, fazendo-o ser o que é e chamando-me a ser quem sou. Acredito que seja por razões como essa que estudiosos exaltam tanto o poder de um abraço, até mesmo como meio para alcançar a cura do físico e da alma. Não só o abraço, mas o afeto em si, expresso de forma ordenada, traz inúmeros benefícios aos relacionamentos, proporcionando consequentemente uma vida mais plena e feliz.

Afeto x apego

O que não pode acontecer é confundirmos afeto com apego, principalmente em um relacionamento amoroso, pois quanto mais nos apegamos a uma pessoa, menos chances temos de amá-la verdadeiramente, já que apego é egoísmo e não tem nada a ver com amor. Além disso, experiências comprovam que quando tentamos preencher os espaços vazios da nossa alma com a presença exclusiva de uma pessoa, é muito fácil nos decepcionarmos com ela e mais vazios nos tornarmos. Portanto, cuidado, ninguém, a não ser Deus, que é o próprio amor, pode preencher totalmente o coração humano, e o afeto é bom e benéfico, desde que submetido a essa verdade. Amar é viver o desafio de plantar, cultivar e contemplar os frutos sem a pretensão de fazer a colheita, é ter a coragem de sair de si mesmo e doar-se a exemplo de Jesus, sem esperar ser amado; é escolher plantar a felicidade no coração do outro e ser feliz só por isso.

Então, seja afetuoso sem jamais deixar de amar, pois é o amor expresso com afeto que torna seu relacionamento mais pleno e dá sentido a todas as coisas, mesmo as mais ordinárias do dia a dia. Vá além dos muros da indiferença e ame mais, abrace mais, pois já está provado que os benefícios do amar compensam os sacrifícios que ele implica.

“Então, ama! Ama e expressa teu amor sem medo nem culpa, desprende-te de quem te retém, mas não recuses receber nem dar um afeto amoroso”.
Dijanira Silva - missionária da Comunidade Canção Nova, atualmente reside na missão de São Paulo. Apresentadora da Rádio CN América (SP). 

A ternura nasce no coração de quem se sente amado

A ternura nasce no coração de quem se sente amado

Foto: Daniel Mafra/cancaonova.com
A ternura contribui para deixar de lado qualquer tipo de divisão ou interesse

Prezados casais de namorados, no artigo anterior, abordamos o tema da admiração. Neste artigo, teremos a possibilidade de nos depararmos com uma das maiores virtudes e atitudes humanas: a ternura. Não se trata aqui de a definir, mas descobrir o que podemos fazer para nos tornarmos pessoas doces, singelas e próximas.

“A ternura nasce no coração de quem se sente amado”, afirma Santa Teresa de Jesus, mística espanhola do século XVI. Essa mulher apaixonada pela vida deixou-se, um dia, tocar pela doçura divina e mudou por inteiro.

Na vida de duas pessoas, que admiradas uma pela outra se sentem chamadas a partilhar momentos, circunstâncias e esperanças, a ternura vem contribuir para deixar de lado qualquer tipo de divisão ou interesse.

Falta constante de ternura

Hoje, ouço muitos casais que, por diversas razões, queixam-se profundamente pela dor que causa um certo ciúme ou desconfiança, um desconforto e até um certo aperto no coração. “Meu namorado, minha namorada não confia em mim.” Expressões como essas vêm de uma atitude agressiva e nada terna. As desconfianças são um sinal visível de quem, não se contentando com não se aproximar, prefere se manter distante. Na vida que levamos, muitas atitudes negativas provêm de imaturidade, mas no relacionamento de pessoas que se amam, provêm de uma falta constante de ternura e bondade.

Exercitar a ternura exige, como primeiro passo, aproximar-se. Temos de sentir o cheiro do outro, temos de nos sensibilizar frente ao rosto dele. Quem não se aproxima nunca terá a oportunidade de praticar a ternura. O colo da mãe é o espaço exclusivo através do qual ela manifesta toda a sua ternura para com seu filho. Não se pode sentir o calor por trás de um vidro ou a milhões de quilômetros de distância. Os namorados serão próximos à medida que se sensibilizam um para com o outro. É belo quando a namorada boa em matemática explica para seu namorado bom em português. Essa complementariedade que nasce da ternura faz com que as relações se tornem cada vez mais sólidas.

Coragem de perdoar

Perguntas e respostas ríspidas, silêncios vazios ou ações indevidas levam não só à mágoa, como também endurece o coração. Um segundo passo para a vivência da ternura é a consolação. Até é uma obra de misericórdia espiritual. Encontro pessoas que, no lugar de consolar, aumentam e dilatam a ferida, criando situações desproporcionadas. Quem vive a ternura sabe que um erro não pode ser superado com uma ofensa. Quando há um mal entendido, precisamos consolar e não aumentar o tamanho da situação ou da circunstância que causou aquele mal estar. O Papa Francisco pede para que, sempre que acontecer algo errado, tenhamos a coragem de desculpar o outro mesmo que nos não tenhamos tido nenhuma responsabilidade. Isso transforma, supera e suaviza o coração de quem precisa ser acolhido e perdoado com ternura.

Por último, há quem diga que doença não dura mil anos, pois não há corpo que a resista. A ternura vence todos os conflitos interiores. Aprendamos, por exemplo, a nos acusarmos das nossas faltas, fazendo com que a relação de namoro e noivado sejam menos tensa. Não digo justificar como alguns pretendem fazer, mas acusar-se. Aprender a pedir perdão sem dar tanta transcendência, sem tanto conflito. Os namorados e os noivos têm o tempo todo para fazer brincadeiras, para crescer na alegria, no conhecimento reciproco, e a ternura é um instrumento eficaz e valioso que contribui nessa realidade. Evitemos, então, tudo aquilo que possa nos tornar pessoas agressivas e vivamos a ternura de maneira forte e aguerrida. Ser tenro não é ser meloso, mas sim doce!

Abraço de ternura e amizade
Padre Rafael Solano - Sacerdote da Arquidiocese de Londrina. Reitor do Seminário Maior Paulo VI. Professor da PUC – PR.

Existe proteção quando se usa amuletos?

Existe proteção quando se usa amuletos?

Foto: Sue Ding / iStock. by Getty Images
Deve-se ter confiança em Deus e não no uso de amuletos

São inúmeros os amuletos nos quais se acredita que, ao portá-los, cria-se uma proteção de todo mal e ainda traz sorte. São eles: figa, olho de cabra, pé de coelho, moedas da sorte, chave, elefante virado de costas para a porta ou a ferradura atrás dela etc. Mas será que tudo isso é verdade? Esses objetos possuem mesmo algum tipo de poder capaz de afetar a vida do ser humano?

Há uma mentalidade vinda do século III ainda muito presente nas pessoas, que é a doutrina maniqueísta, fortemente criticada por Santo Agostinho. Essa seita gnóstica afirma a existência ontológica do bem e do mal como sendo os dois princípios eternos opostos, ou seja, acredita-se que o Reino da Luz e o Reino das Trevas lutam entre si e possuem o mesmo poder. Contrária a essa crença, o cristão católico sabe que só existe um único Deus, Ele é o Todo-poderoso, portanto, não existe nada além ou igual a Ele, porque senão Ele não seria o único Deus. “Jamais haverá outro Deus, ó Trifão, nem houve outro, desde sempre (…) além daquele que fez e ordenou o universo”, afirma São Justino.

Não recorrer a amuletos

Havendo um único Deus, devemos ter confiança n’Ele, ter a certeza do salmista quando nos diz: “O Senhor vai te proteger quando sais e quando entras, desde agora e para sempre.” (Sl 121,8). O próprio Jesus, Deus encarnado, antes da agonia experimentada no Getsêmani, fez uma oração de proteção para seus discípulos, para nós: “Eu já não estou no mundo, mas eles estão no mundo, enquanto eu vou para junto de ti. Pai Santo, guarda-os em teu nome, o nome que me deste, para que eles sejam um, como nós somos um” (Jo 17,11). Ora, não precisamos recorrer a objetos de superstição, uma vez que o próprio Deus nos guarda. Ele é o Pai que dá segurança e proteção para nós que somos Seus filhos.

Dentro da própria Igreja podemos cair nas superstições. Isso acontece quando se “atribui só à materialidade das orações ou aos sinais sacramentais a respectiva eficácia, independentemente das disposições interiores que exigem” (CIC 2111). O cristão que utiliza de objetos sagrados, tais como o terço no bolso, a cruz ou o escapulário no pescoço, as imagens dos santos entre outros, somente como proteção sem depender de Deus é um supersticioso. Esses objetos devem manifestar o amor que se tem a Deus, ou seja, para louvá-lo. Eles servem para demonstrar que se é cristão, embora o mais importante é a intenção do coração, pois é dele que saem as boas ou más intenções (Cf. Mt 15,19).
Prestar culto a Deus

É importante percebermos que os sacramentos estão ordenados à santificação dos homens e à prestação dos cultos a Deus. Os sacramentais são sinais sagrados que significam realidades, sobretudo, espirituais. São obtidos pela oração da Igreja, onde os homens se dispõem a receber o efeito principal dos sacramentos e santificam as diversas situações da vida (Cf. SC 60). Assim, os sacramentais nos conduzem aos sacramentos e não podem ser confundidos como amuletos.

Deus aceita não ser amado, mas é inadmissível para Ele ficar em segundo lugar na nossa vida. Pede-se na Sagrada Escritura: “Amarás o Senhor teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças” (Dt 6,5). Portanto, recorrer a tais amuletos da sorte ou, ainda mais, à magia, feitiçaria e adivinhação, é desrespeitar o amor de Deus, porque “o primeiro mandamento chama o homem a crer em Deus, a esperar n’Ele e a amá-Lo sobre todas as coisas” (CIC 2134). Assim, a verdadeira proteção do cristão é o próprio Deus.
Ricardo Cordeiro - Candidato às Ordens Sacras na Comunidade Canção Nova. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova, Atua no Departamento de Internet da Canção Nova, no Santuário Pai das Misericórdias e Confessionários.

Como passar pelas provações a exemplo de Tobit

Como passar pelas provações a exemplo de Tobit

Foto: Wesley Almeida/cancaonova.com
Vida de Tobit, ensinamento de amor e fidelidade para os dias atuais

O livro de Tobias, escrito por volta de 200 a.C, promove relatos de amor e fidelidade a Deus e ao próximo, pois narra a história da família de Tobit, que é casado com Ana e pai de Tobias.

A vida de Tobit é marcada por muitas provações, mas também por experiências concretas da Providência de Deus que rege todas as coisas. Seu filho Tobias, que conhece Sara, protagoniza uma bela história de amor num relacionamento que, pela força da oração, culmina num feliz matrimônio. Porém, em toda trajetória de Tobit, Sara e Tobias foi preciso confiar em Deus e esperar mesmo diante de tempos difíceis.

Quem é Tobit?

Tobit, pai de Tobias, homem piedoso e fiel, “andava nos caminhos da verdade e praticava boas obras todos os dias” (Tb 1,3), dava de comer a quem tinha fome, vestia os nus e sepultava os mortos em tempo de perseguições. Ele representa o modelo de pessoa justa. Tobit ainda fazia ofertas em Jerusalém do “dízimo do trigo, do vinho, do óleo, das romãs e das outras frutas” (Tb 1,7), ou seja, era comprometido com a lei e com a caridade naquela época, mas já sinalizando para a nova lei em Jesus Cristo, que “é uma lei de amor, uma lei de graça e liberdade” (CIC 1985).

A história desse homem de Deus, analisada a partir das boas obras do dia a dia, é um testemunho para o mundo de hoje, pois ser justo não é uma exceção nem privilégio para alguns, mas algo necessário para todos. E a postura de Tobit, frente a sua realidade ainda no contexto histórico do Antigo Testamento, demonstra já a preocupação em cuidar do próximo e a importância de ser família. Pois, trazendo para os dias de hoje, a Igreja já ensina que “ao criar o homem e a mulher, Deus instituiu a família humana e dotou-a de sua constituição fundamental” (CIC 2203), ou seja, o que se pode ver na história de família do livro de Tobias, que contempla já o fundamento indispensável, que é o âmbito familiar, o lugar de bênção e da presença de Deus.

É fato que Tobit não praticava obras boas por aquilo que poderia receber em troca, mas por gratuidade, no amor e fidelidade à lei. Em suas práticas ao sepultar mortos, pagar o dízimo e outros gestos, sua postura nos faz pensar, nos dias de hoje, o quanto é preciso servir e ajudar as pessoas com benevolência e doação, o quanto é preciso caminhar contrário à cultura do descarte e do individualismo, como nos tem alertado o Papa Francisco atualmente.

Tobit nas provações

As provações, os sofrimentos e tribulações, que muitas vezes parecem não ter um fundamento ou causa para acontecer, são experiências vividas por muitas pessoas. Pode-se ver situações similares na vida de Tobit, que chega a ponto de querer desistir da própria vida. Porém, não se deve cultivar o fatalismo nem o negativismo, mas crer em Deus que “quer comunicar sua própria vida divina aos homens, criados livremente por ele, para fazer deles, no Seu Filho único, filhos adotivos” (CIC 52).

Assim, antes de ver quais foram tais experiências difíceis na vida de Tobit, há uma urgência nos tempos atuais de compreender a distinção entre provação e tentação, já que “o Espírito Santo permite-nos discernir entre a provação, necessária ao crescimento do homem interior em vista duma virtude comprovada, e a tentação que conduz ao pecado e à morte”(CIC 2847). Na provação, podemos ser moldados para a perfeição, já a tentação conduz, na atração, em fazer o mal no intuito de buscar prazer, egoísmo e lucro.

Dessa forma, após dar sepultura a um homem lançado em praça pública, ato de misericórdia comum na vida cotidiana de Tobit, ele retorna para sua casa. Ao adormecer, a Bíblia narra que havia acima dele pardais, e o excremento destes caiu em seus olhos, deixando-o totalmente cego (cf. Tb 2,9-10). O que dizer dessa situação que Tobit vive, sendo que ele estava fazendo o bem e, logo em seguida, veio a cegueira? Essa é uma realidade que muitas pessoas experimentam, começam a caminhar com Deus e as provações aparecem, e muitas não sabem lidar com essas situações. É preciso entender que ser justo e praticar boas obras não quer dizer que não se terá problemas nem sofrimentos, pois Deus “faz nascer o seu sol sobre maus e bons e faz cair a chuva sobre justos e injustos” (Mt 5,45), ou seja, não há distinção de pessoas por erros cometidos, e sim amor incondicional a todos os seus filhos e filhas.

Assim, diante das provações, vale lembrar que a esperança “proporciona-nos alegria, mesmo em meio à provação: alegres na esperança, pacientes na tribulação” (CIC 1820), pois o próprio Jesus, após conferir aos discípulos a missão de evangelizar, garantiu a eles e a nós: “Eis que estou convosco todos os dias, até o fim dos tempos” (Mt 28,20).
Márcio Leandro Fernandes - Natural de Sete Lagoas (MG), é missionário da Comunidade Canção Nova e candidato às Ordens Sacras. Licenciado em Filosofia pela Faculdade Canção Nova,