A Palavra de Deus

A Palavra de Deus

DOPAS

DOAÇÃO, ORAÇÃO, POBREZA, ALEGRIA E SIMPLICIDADE

27 de fevereiro de 2015

O POTE RACHADO


MENSAGEM DO DIA

 O pote rachado

Um carregador de água na Índia levava dois potes grandes, ambos pendurados em cada ponta de uma vara, a qual ele carregava atravessada em seu pescoço. 

Um dos potes tinha uma rachadura, enquanto o outro era perfeito e sempre chegava cheio de água no fim da longa jornada entre o poço e a casa do chefe. O ponte rachado chegava apenas pela metade. 

Foi assim por dois anos, diariamente, o carregador entregando um ponte e meio de água na casa de seu chefe. 
Claro, o pote perfeito estava orgulhoso de suas realizações. Porém, o pote rachado estava envergonhado de sua imperfeição, e sentia-se miserável por ser capaz de realizar apenas a metade do que havia sido designado a fazer. 

Após perceber que por dois anos havia sido uma falha amarga, o pote falou para o homem um dia, à beira do poço: 
- Estou envergonhado, quero pedir-lhes desculpas. 
- Por quê? - perguntou o homem. 
- De que você está envergonhado? 
- Desses dois anos eu fui capaz de entregar apenas metade da minha carga, porque essa rachadura no meu lado faz com que a água vaze por todo o caminho da casa de seu Senhor. Por causa do meu defeito, você tem que fazer todo esse trabalho, e não ganha o salário completo dos seus esforços - disse o pote. 

O homem ficou triste pela situação do velho pote, e com compaixão falou: 
- Assim que retornarmos para a casa do meu senhor,quero que perceba as flores ao longo do caminho. 

De fato, à medida que eles subiam a montanha, o velho pote rachado notou flores selvagens ao lado do caminho, e isto lhe deu ânimo. Mas, ao fim da estrada, o pote ainda se sentia mal porque tinha vazado a metade, e de novo pediu desculpas ao homem por sua falha. 

Disse o homem ao pote: 
- Você notou que pelo caminho só havia flores no seu lado do caminho? Notou ainda que cada dia enquanto voltávamos do poço, você as regava? 
Por dois anos eu pude colher flores para ornamentar a mesa do meu senhor. 
Sem você ser do jeito que é, ele não poderia ter essa beleza para dar graça à sua casa. 

Cada um de nós tem seus próprios e únicos defeitos. Todos nós somos potes rachados. 
Porém, se permitirmos, o Senhor vai usar nossos defeitos para embelezar a mesa do Pai. 

Na grandiosa economia de Deus, nada se perde. Nunca deveríamos ter medo dos nossos defeitos. Basta reconhecermos nossos defeitos e eles com certeza embelezarão a mesa de alguém... Das nossas fraquezas, devemos tirar nossa maior força... 
Autor desconhecido

"Eu vim para servir" na prática


"Eu vim para servir" na prática

A grande missão e o principal mandamento: amar e servir, servir e amar

Deus Pai enviou Seu Filho Unigênito para servir; e de maneira especial, nosso Senhor Jesus Cristo serviu o mundo com a Sua vida. Os ensinamentos de Cristo, Sua acolhida aos necessitados – doentes, pobres, mulheres, crianças e pecadores em geral – foi para servi-los.

Jesus Cristo veio a este mundo e não brincou de ser humano, Ele foi gente mesmo, assumiu a nossa carne (cf. Jo 1,14), teve fome, sede, andou muito a pé, de barco, obrigava-se a estar com o Pai em oração fazendo Suas vigílias, mostrou Sua indignação com as autoridades da época, chamando-as de “hipócritas”, “sepulcros caiados” e “víboras”. O Filho de Deus, também com os Seus discípulos, mostrou Sua indignação pelo fato de eles não entenderem os ensinamentos d’Ele, chamando-os de “homens de pouca fé” e “lentos para crer”. Pode-se constatar o quanto Ele foi gente, pois podemos olhar para nossa vida e verificar que enfrentamos diversas dificuldades não só por causa dos erros que um dia cometemos, mas por causa da nossa limitação humana.

Claro que nosso Senhor não só lamentou as dificuldades que tinha com os sábios e com Seu grupo de discípulos, mas também não parou nas limitações deles e das autoridades da lei. Ele foi adiante; mesmo correndo risco de morte, Jesus continuou a evangelizar. A Boa Nova precisava ser anunciada, o amor do Pai precisava ser transbordado. Mas quem era alvo desse amor? O homem. E assim Ele fez: nasceu, cresceu, aprendeu tantas coisas, até o ofício de Seu pai adotivo; viveu a missão que o Pai do céu Lhe confiou, a grande missão e o principal mandamento: amar e servir, servir e amar.

Neste ano, a Campanha da Fraternidade apresenta o lema “Eu vim para servir” (Mc 10,45). Quem veio para servir? Jesus. Ele veio para servir e não para ser servido, Sua vida mostrou isso.

Talvez, seja muito bonito falar e escrever que Jesus veio para servir, que Sua vida foi um serviço solidário e amoroso, mas o nosso olhar de louvor e gratidão para Jesus deve se traduzir também por meio de nossa vida. Devemos fazer ressoar o “servir” do Senhor.

De que maneira traduzo o “servir” do Senhor? Bom, vamos olhar para o meio em que estamos, em casa, no trabalho, nos estudos e nos relacionamentos, estes são os ambiente que nós somos chamados a servir.

Por fim, onde você estiver, viva o “servir” de Jesus, que significa dar a sua vida na realização do bem. Qual a sua vocação? Qual seu chamado? Já está definido? Ótimo! Não está? Que bom também! Descubra-o colocando-se a serviço. Mãos à obra!

É certo que somos chamados a viver. E se nosso Senhor, que teria muitos motivos para cruzar os braços e apenas pensar nas coisas acontecerem, não fez isso, quanto mais nós! Sabe por que Jesus não quis ter uma vida fácil? Porque quem tem vida fácil fica pelo caminho, não resiste, não dura. É preciso ter força, e esta só se adquire com exercício; não adianta tomar “anabolizante” para ser forte na realidade espiritual, não dá para “maquiar”, fingir ser forte. Viver esta vida, servir às pessoas significa ter paciência, tolerar, dar uma nova chance, significa também chamar à atenção aquele que está se corrompendo pelo mal; por fim, significa ser um outro Cristo que serviu por amor, que amou e por isso serviu.
Padre Marcio - Canção Nova

Existe oração ineficaz?


Existe oração ineficaz?

Na oração, encontramo-nos com o Amigo

Sabiamente disse o Papa Francisco: “A oração muda nosso coração, faz-nos compreender melhor como é o nosso Deus. Mas para isso é importante falar com o Senhor não com palavras vazias, mas com a realidade”, e, diante dessa realidade, nos perguntarmos: “Existe oração ineficaz?”.

Muitos são os pedidos que acompanham a oração. Muitos pedem a Deus o restabelecimento da saúde de alguém que se encontra enfermo. Outros ainda pedem que o namorado ou a namorada volte após um rompimento. Tais pedidos acompanham os momentos de oração e cada um deles traz em si uma angústia que determinada pessoa vive na vida.

Quando nos recolhemos em oração, trazemos conosco tudo aquilo que vivemos. Nossa vida e os seus mais diversos desdobramentos são matéria-prima para o diálogo com Deus. Ao encontrar um amigo, partilhamos com ele a nossa vida. Desde os acontecimentos mais simples e banais até os fatos mais complexos e problemáticos. Deus é nosso amigo, nosso confidente, nossa resposta diante das angústias existenciais.

Se com um amigo partilhamos a vida, que dirá com Deus, o nosso maior e melhor Amigo!Cada pessoa tem suas dores e alegrias, e as leva consigo em seus momentos de oração. Não nos cabe julgar aquilo que parece ser futilidade aos nossos olhos, pois cada um sabe o peso daquilo que sua alma carrega. Deus, em Sua infinita misericórdia, saberá compreender aquilo que ao nosso parecer pode se apresentar como fútil.

A resposta a cada oração dependerá da vontade do Senhor para a vida de cada pessoa. Deus tem os Seus planos para cada ser humano, e, muitas vezes, os nossos planos e projetos não são aqueles que Ele sonhou para nós. Caberá a cada pessoa observar a delicadeza das respostas do Senhor no cotidiano da vida, ver nos acontecimentos simples Suas respostas extraordinárias.

Não podemos dizer que existe oração ineficaz, mas que as respostas de Deus podem ser aquelas que não esperamos receber. Um amigo, quando verdadeiro, saberá dizer-nos com sinceridade quando não concorda com nosso ponto de vista e colocará as suas opiniões. Muitas vezes, ouvir tais opiniões não nos faz bem, contudo, o amigo verdadeiro quer o nosso bem.

Deus também nos escuta com amor, mesmo que aos olhos humanos nossas súplicas pareçam desnecessárias. Mas ouvir não significa atender. Deus sabe o que é bom para nós, e não se deixa levar por caprichos humanos. Ele atende as preces segundo as necessidades reais de cada pessoa.

Na oração, encontramo-nos com o Amigo que nos ouve com amor e nos atende segundo Seu coração. Não tenhamos medo de nos aproximarmos de Deus, mas aprendamos a colher Suas respostas com delicadeza e sem revoltas. Deus quer o nosso bem, mesmo que, a princípio, não compreendamos o que Ele nos fala.
Padre Flávio Sobreiro - Canção Nova

Como lidar com a saudade

Como lidar com a saudade

“Só se tem saudades do que é bom, se chorei de saudades não foi por fraqueza, foi porque amei…”

Canções como essa, do diácono Nelsinho Corrêa, e tantas outras que conhecemos, além de poemas e versos que foram inspirados em corações saudosos ao longo dos anos, tentam exprimir esse sentimento tão nobre que mereceu até mesmo uma data em nosso calendário. 30 de janeiro é o Dia Nacional da Saudade!

De origem latina, “saudade” é fruto da transformação da palavra solidão, que, no latim, seriasolitatem. Com o passar dos anos, a mudança dos tempos e a variação da pronúncia sofrida pela influência das diversas raças, o resultado é a nossa saudade, sentimento tão familiar que até dispensa tradução.

Quem já abriu o coração ao amor sabe bem o seu significado. Talvez, uma mistura de alegria e dor. Alegria por ter vivido algo bom e dor por estar privado dessa alegria no momento presente. Mas será que é só isso?

Na verdade, é muito mais. Pesquisadores afirmam que saudade é uma das palavras mais difíceis de traduzir em praticamente todas as línguas. E quando se fala da nossa saudade, em termos brasileiros, é ainda mais complicado, porque ela está ligada a muitos fatores, inclusive à cultura, que tem por si só uma explosão de sentidos. O fato é que a saudade não está ligada somente às pessoas, mas também a lugares, tempos, situações, cheiros, sabores e tantas outras coisas que marcam nossa história.

Quem não se recorda, por exemplo, dos amigos da infância, das brincadeiras, dos passeios da escola, dos primeiros acenos do amor? São recordações que nos transportam de um tempo a outro em segundos, e isso é fruto da saudade. Esse sentimento, que tem sentido próprio para cada um, é traduzido no dicionário como “uma sensação de incompletude, ligada à privação de pessoas, lugares, experiências, prazeres já vividos e vistos, que ainda são um bem desejável”. Digamos que é algo ligado ao amor, ao afeto ou coisa assim, que é bom, mas, às vezes, “amarga que nem jiló”, como afirma o grande compositor nordestino Luiz Gonzaga em uma de suas famosas canções.

O interessante é que, na mesma música, ele relata também que aprendeu a lidar com a saudade de um jeito diferente: “…mas ninguém pode dizer, que me viu triste a chorar, saudade o meu remédio é cantar”. Aí está uma via que muitos artistas seguiram, deixando, ao longo dos anos, um arsenal de poesias e versos como herança: transformar o sentimento em arte, conduzi-lo à gratidão. E gratidão é a palavra que vem a minha mente quando penso em saudade!

Como “só sentimos saudades do que é bom”, em vez de pararmos na dor, por que não agradecer?

Sim, agradecer por aquilo que nos fez bem. Por exemplo: eu tenho saudades do meu pai que já partiu para a eternidade, mas sempre que me recordo dele, a gratidão por ter tido um pai tão bom é maior que o sentimento de vazio que sua morte deixou. Então, sinto saudades sim, e muita! Mas sou grata, e isso me faz seguir em frente de coração aberto ao amor e à vida.

Penso que reconhecer as coisas boas que já recebemos, e mais ainda, relembrar com gratidão as pessoas que Deus nos permitiu conhecer, cativar e amar, seja uma boa dica para celebrar o dia da saudade. E como “relembrar é, de certa forma, reviver”, relembremos momentos bons da nossa história, pessoas queridas que fazem parte dela e expressemos nosso amor deixando o coração falar através dos meios que estão ao nosso alcance. E porque só se tem saudades do que é bom – e de coisas boas só faz sentido lembrar com gratidão –, sejamos gratos também pela saudade!
Dijanira Silva

O segredo para a cura emocional


O segredo para a cura emocional

A cura emocional é a “porta de entrada” para todas as outras curas

Sabemos que Jesus veio ao mundo para nos trazer a Boa Nova. Nós ouvimos, nos dias de hoje, tantas más notícias! Mas os anjos disseram aos pastores que Jesus nascera em Belém para trazer ao mundo a Boa Notícia.

O Cristianismo é a religião da alegria. A Renovação Carismática Católica tem nos ensinado que precisamos ser um povo de louvor, e não “quietinho”, triste; mas um povo que louva a Deus constantemente.

Quando eu era pároco em Bombaim (Índia), eu rezava o “Glória” todos os dias da semana e não somente aos domingos. Pessoalmente, eu penso que, quando recitamos o “Glória”, nós o devemos fazer com os braços erguidos.

O problema é que somos muito tímidos e medrosos, mas a Bíblia nos chama a sermos um povo valente, que louva a Deus publicamente. Os anjos disseram aos pastores que eles estavam anunciando uma Boa Nova para todos os povos. Portanto, precisamos louvar ao Senhor diante de todas as nações. Mas isso só é possível mediante um profundo arrependimento.

Na confissão, necessitamos experimentar o abraço do Pai. Eu tenho recomendado aos padres que eles sejam verdadeiros pais durante a confissão, pois precisamos sentir o calor do abraço amoroso de Jesus. Quando eu rezo pelas pessoas, eu primeiro a atendo em confissão e depois rezo por sua cura interior. Somente em seguida eu rezo pela cura física e, por fim, pela sua libertação.

A confissão não foi feita para ser apenas uma penitência, mas sim uma libertação completa. Você deveria sair da confissão com um sorriso nos lábios.

Infelizmente, há um destaque muito grande para a cura física. Mas Jesus não veio ao mundo apenas para fazer os paralíticos andarem e os cegos enxergarem. Ele veio para nos transformar inteiramente. Daí a importância da cura emocional, pois ela é o início, a “porta de entrada” para a cura física.

A Palavra de Deus nos fala daquele cego que gritou para o Senhor: “Jesus, filho de Davi, tem piedade de mim!”. Ele o chamou e perguntou: “O que você quer?”. É a mesma pergunta que o Senhor nos faz no dia de hoje. Ele fez essa pergunta, porque sabia que aquele cego necessitava não somente de uma cura física, mas, antes, de cura emocional e espiritual.

Por que eu afirmo isso? Porque aquele cego, após ter sido curado por Jesus, pôs-se a segui-Lo. É isso o que o Senhor quer fazer com cada um de nós, curar-nos para que nos coloquemos em Seu seguimento.

A cura emocional é a “porta de entrada” para todas as outras curas. A pessoa não experimentará a cura psíquica, a cura de seus vícios nem a libertação do mal se ela não passar, primeiro, pela experiência da cura interior. Nós precisamos saber como rezar e pedir essa.

A oração é algo científico, ela não vem “do nada”, por isso precisamos rezar a partir dos sintomas. Eles são importantes, são indicações, sinais que nos ajudam a descobrir quais são as nossas doenças emocionais.

São quatro as principais doenças emocionais. A primeira delas é o sentimento de rejeição. Jesus foi rejeitado e crucificado; e a crucificação tinha o objetivo de não apenas matar os condenados, mas também de os humilhar publicamente. Eu estive, há algum tempo, no Paraguai numa bela casa de retiros. Na capela daquele lugar, existe um lindo mosaico de Jesus crucificado, onde Ele está nu. Foi o único lugar do mundo onde vi essa imagem. E Jesus morreu na Cruz despido e humilhado.

Jesus foi crucificado por inveja. Eu vejo a inveja como a grande “porta de entrada” para as doenças emocionais. A grande dor de Jesus na cruz não foi aquela causada pelos pregos em Suas mãos e pés, mas sim aquela causada pelo abandono que sofreu na cruz. Hoje, vejo muitas pessoas sofrendo por trazerem, dentro de si, esse sentimento de abandono. Pessoas abandonadas por aqueles que menos esperavam, ou seja, pelas pessoas amadas.

O primeiro passo para a cura emocional é detectar os sintomas do problema e encontrar as causas também. É importante encontrar a raiz desse mal. Eu não tenho visto nenhum caso ser resolvido sem que antes a “causa-raiz” tenha sido descoberta. E como descobrir essa “causa-raiz”? Primeiro: rezar ao Espírito Santo. O trabalho dele não é somente descobrir a verdade de Deus para nós, mas também descobrir a verdade que trazemos diante de Deus. Precisamos rezar ao Espírito Santo constantemente. Segundo: rezar pelo meu passado, mas não com um sentimento de culpa.

A causa raiz pode estar em qualquer um dos quatro estágios da minha vida: 1) Minha árvore genealógica; 2) Minha vida intrauterina (dentro do ventre materno no período da gestação); 3) Minha infância até a juventude; 4) Minha juventude até a idade adulta.

A oração é igual ao medicamento, você não pode tomar pouco nem em demasia; tem de ser na dose certa.

Vou contar a vocês o meu segredo para descobrir a causa raiz de uma doença.
Quando as pessoas chegam até mim com algum tipo de problema, seja ele físico ou espiritual – principalmente de ordem emocional, quando a pessoa vem trazendo problemas de ataques demoníacos –, eu faço duas perguntas a elas.

A primeira pergunta é: “Quando começou o problema?”. Com frequência, as pessoas respondem: “Ah! Eu sempre tive esse problema”. E eu respondo que somente Deus é “sempre”. Nós temos um começo, o nosso problema tem um começo e eu preciso saber quando ele começou.

A segunda pergunta é: “Você se lembra de qualquer coisa que possa ter acontecido, nessa época, e que possa estar relacionado a esse problema?”

Nessa conversa, a pessoa se lembra dos acontecimentos com maior precisão e os motivos que levaram a esses acontecimentos. Ali, eu sei, estava a causa, a chave para o fim de tanto tempo de sofrimento.

Padre Rufus Pereira

24 de fevereiro de 2015

EVANGELHO DO DIA

EVANGELHO DO DIA

ANO B - DIA 24/02

Quando orardes... - Mt 6, 7-15
Quando orardes, não useis de muitas palavras, como fazem os pagãos. Vós, portanto, orai assim: Pai nosso que estás nos céus, santificado seja o teu nome; venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, como no céu, assim também na terra. O pão nosso de cada dia dá-nos hoje. Perdoa as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos que nos devem. E não nos introduzas em tentação, mas livra-nos do Maligno. De fato, se vós perdoardes aos outros as suas faltas, vosso Pai que está nos céus também vos perdoará. Mas, se vós não perdoardes aos outros, vosso Pai também não perdoará as vossas faltas.

COMENTÁRIO

Deus conhece as nossas necessidades

      A oração tipicamente cristã não se faz por muitas palavras; ela exige fundamentalmente escuta. As palavras devem traduzir o essencial da relação do ser humano com Deus. A vida em Cristo exige a renúncia da hipocrisia que, por sua vez, é um contratestemunho. 
    Não é a oração que é posta em questão, mas o modo de fazê-la, uma maneira que faz dela expressão da vaidade humana. Deus conhece o coração de cada um, antes mesmo que as palavras cheguem à boca. Diante dele a multiplicação de palavras é inútil. 
    Ademais, essa multiplicação de palavras é expressão da pressão exercida sobre Deus para conseguir algo dele. O que Deus concede ao seu povo é fruto de seu amor e de sua bondade, e não de merecimento de quem quer que seja. 
     A oração do Senhor é, para o discípulo, referência no modo de relacionar-se com Deus. Essa oração exprime, em primeiro lugar, a centralidade de Deus e o engajamento filial do discípulo com relação ao Pai. Em seguida, o discípulo consciente de sua condição suplica pelo que deve sustentá-lo na vida cotidiana: pão e perdão. 
      Por fim, como o mal está sempre diante do ser humano, o cristão pede, pela graça de Deus, para não ser envolvido pelo poder da tentação, mas liberto de todo mal.
Pe. Carlos Alberto Contieri

Pensamento do dia

Que encanto, que contemplação vemos na mãe que toma nas mãos o bebê recém-nascido e pousa o olhar de ternura naqueles olhinhos admirados que a procuram! Uma imagem assim traz a certeza de que Deus contempla, sustenta e se encanta, porque tem nas mãos cada uma das criaturas.
Maria Inês Carniatto, fsp

O que preciso para ser uma mulher de fé?

O que preciso para ser uma mulher de fé?

Tudo, absolutamente tudo, muda na vida de uma mulher se ela tem fé. Já ouvi, muitas vezes, que a “fé é o exercício da memória”. É a capacidade de não somente lembrar-se do que é eterno e amável, mas também de ser guiada por essas lembranças. Pela fé, sabemos que não são apenas lembranças, mas marcas profundas que trazemos pelas experiências que tivemos pelo caminho.

As lembranças que trazemos nos moldam sem que percebamos. Elas dão caminho para as nossas decisões mas também ações e reações. Por meio da memória, posso observar claramente como minha fé foi construída e entender que ela existe e é vivida nas relações. Posso ter fé em mim mesma, fé em alguém e em Deus.

Tudo, absolutamente tudo, muda na vida de uma mulher se ela tem fé. Uma mulher que confia em Deus, confia em si mesma e também no outro para estabelecer com ele relações duradouras e fecundas, podendo viver novas experiências ou dando a si outras chances quando as decepções chegam.

Toda realidade interior, para se manter viva e com qualidade de existência, necessita de alimento. A fé de uma mulher precisa de alimento nobre e seguro. Às vezes, temos a tentação de fazer com que a fé em alguém seja um alimento, mas sabemos que o ser humano falha enossa fé mais profunda não pode depender de instabilidades, incoerências ou decepções.

A convivência com pessoas que amamos provoca em nós vários gestos de confiança, mas toda fé depositada em um ser humano deve vir acompanhada de misericórdia e caridade, pois o amor humano não subsiste sem uma elevada porção de compreensão, humildade e recomeços. Sim, uma mulher pode alimentar-se de bons relacionamentos para manter sua fé em pé e cada vez mais amadurecida e forte, mas não deve depender da perfeição desses vínculos para ser fiel, pois eles realmente não existem com perfeição, somente com perfeito esforço.

Uma mulher inteligente ama a verdade e a busca com toda intensidade de seu ser. Ela precisa estar atualizada diante de tantos estímulos modernos que pretendem insistentemente dissolver sua vida interior. Ela precisa ler bons livros, que não alimentem somente seus afetos e sede de boas sensações e emoções, mas que deem resistência e solidez à sua mentalidade; ela precisa ver bons filmes e estimular a abertura à sua realidade e também aos que estão à sua volta; ouvir pregações que a levem a um lugar cada vez mais sagrado em sua alma. Uma mulher inteligente precisa constantemente dar conteúdos bons a si mesma e alargar a capacidade de compreensão de sua alma, crescer espiritualmente não somente com as experiências providentes da vida, mas deliberadamente com esforço e vontade forte. Isso é alimentar sua fé.

Tudo vai ficar diferente em uma mulher quando ela passar a entender que nem tudo o que ela sente é real e que a alma precisa de alimento sólido para amadurecer, crescer e assim fazer boas escolhas. Por isso, antes de se tornar uma mulher de fé, é preciso tomar uma decisão que implicará em gasto de tempo e esforço; a menos que essa mulher decida ficar “sempre a mesma”. O que não é real, pois quem para no tempo anda para trás com mais velocidade do que se imagina e sente.

Alimentar a fé não é uma atitude apenas emocional, não é um impulso sentimental. Mas sim uma decisão consciente e bem acordada. Do mais secreto lugar em uma alma feminina, no seu lugar mais consciente e comprometedor, é que uma mulher decide mudar. A fé é um dom de Deus, mas a melhora e o crescimento dela depende de uma decisão interna. É uma das decisões mais importantes da vida, pois muda um destino inteiro. Que você, mulher, se decida a ser uma pessoa movida pela fé em Deus!

Isso sim é típico de uma mulher de fé, pois ela se deixa mover pelo Espírito de Deus. Uma mulher de fé é uma mulher de decisão, ainda que discreta e silenciosa.

A partir de uma Mulher discreta, silenciosa e muito decidida, Deus pôde interferir na história da humanidade inteira! É precisa agir interiormente. Isso é uma mulher de fé. Você quer ser uma mulher assim?
Ziza Fernandes - Cantora e compositora

Como a Igreja participa na sociedade


Como a Igreja participa na sociedade

A Igreja tem um papel fundamental na sociedade
É tempo da Quaresma, quando os discípulos e discípulas de Jesus são chamados a escutar a Palavra de Deus com redobrada atenção amorosa para alcançar uma qualificação humana e espiritual. Esse percurso educativo é indispensável para a conquista de uma vida mais saudável, construída na justiça como projeto de paz. Trata-se de um aperfeiçoamento que ocorre na interioridade de cada pessoa. Promove a superação de desgastes, sofrimentos e disputas que abatem a condição humana. Perdida a unidade interior, inevitáveis são os comprometimentos na vida cidadã, no testemunho da fé e na conduta individual e comunitária. Crescem os desvarios que ocorrem na sociedade contemporânea, marcada pela iluminação instrumental da razão e pelas possibilidades dos grandes avanços tecnológicos.

De um lado, o espetacular das conquistas e da modernização. Do outro, o cenário injusto da miséria e exclusão de tantos pobres, a vergonha da corrupção, o horror da violência e a superficialidade que a sociedade do descartável alimenta nos corações. É preciso silenciar, escutar com maior acuidade, recuperar o sentido determinante do outro na própria vida, o lugar inigualável de Deus na existência de cada um e no coração da história. Fundamental também é a disposição para remodelar-se, não exteriormente, nas aparências, mas no fundo do coração. A interioridade é o núcleo central de comando ético e moral que sustenta condutas balizadas pela justiça, pelo amor e pela coragem da solidariedade.

Por isso mesmo, a Igreja celebra o tempo quaresmal convidando todas as pessoas a percorrerem esse caminho de quarenta dias para vivenciar, de modo adequado, a Páscoa de Jesus Cristo, o único projeto de verdadeiro resgate e salvação da humanidade. Um tempo para a checagem da qualidade humana e espiritual, na certeza de que é possível encontrar as indicações das mudanças necessárias, capazes de fazer da própria vida uma base fundamental que sustenta a construção de uma sociedade mais justa.

Como ocorre há mais de cinquenta anos, a Igreja no Brasil vivencia o tempo da Quaresma promovendo a Campanha da Fraternidade. O tema e o lema da Campanha em 2015 – “Fraternidade: Igreja e Sociedade” e “Eu vim para servir” (cf. Mc 10,45) – constituem, neste ano, o horizonte inspirador e de confronto. A indicação da condição de servidor vem do próprio Jesus, o que Ele diz de si mesmo, na obediência amorosa a seu Pai. Trata-se, portanto, de característica inegociável e insubstituível de quem é discípulo de Cristo. Esse serviço é à vida, aos pobres, a cada pessoa, à cultura da paz. Busca a justiça e a superação das exclusões, que perpetuam a violência.

O despertar da consciência de estar a serviço, em nome do Mestre Jesus, em tudo o que se faz – no âmbito profissional, familiar, até naquele da vivência da fé e da disposição ao voluntariado para recuperar e promover a dignidade sagrada de toda pessoa – é o caminho revolucionário que a Igreja sabe que precisa trilhar. Nessa trajetória, a Igreja reconfigurará o seu verdadeiro rosto, superando suas incoerências, considerados os seus funcionamentos e a sua organização interna, particularmente a conduta de seus pastores, ministros e servidores. Essa é a coragem que a própria Igreja precisa revigorar, no mais íntimo de si, conforme indica o Papa Francisco ao dizer: “Prefiro uma Igreja acidentada, ferida e enlameada por ter saído pelas estradas, a uma Igreja enferma pelo fechamento e comodidade de se agarrar às próprias seguranças. Não quero uma Igreja preocupada com ser o centro, que acaba presa num emaranhado de obsessões e procedimentos”.

A Igreja Católica assume esse desafio em busca de conversão, de respostas novas e adequadas, de olhar para si no contexto da sociedade contemporânea para servir ainda mais, anunciando o Evangelho. Um compromisso com a vida de todos, sobretudo dos pobres e sofredores, que é iluminado pela convicção e pelo anúncio do Reino de Deus a caminho do qual estamos. Partilhamos a certeza de que há uma vida definitiva a desabrochar plenamente para além deste tempo, garantia incontestável da Páscoa do Senhor Jesus. Em espírito de escuta, de profunda humildade, a Igreja, congregação dos discípulos de Jesus, deixa-se interpelar pela indispensável revisão. Assim, busca avançar ainda mais na vivência e no testemunho da caridade, que transforma e efetiva a missão de servidora que tem a Igreja na sociedade.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo

A preciosa bênção dos pais


A preciosa bênção dos pais

A Sagrada Escritura nos alerta sobre a necessidade dessa bênção
Quando eu era criança, estava acostumado a pedir a bênção aos meus pais a qualquer hora que saísse ou chegasse em casa. Era um apressado “bênça, pai!”, bênça, mãe!”,” tão apressado que quase não se ouvia a resposta. Todos nós, quando crianças, estávamos tão acostumados a pedir a bênção dos pais que, quando saíamos sem ela, parecia-nos que faltava algo à nossa segurança ou ao sucesso de nossos planos.… Ao menos quatro vezes por dia eu e meus oito irmãos pedíamos a bênção a nossos pais: ao acordarmos, ao irmos para a escola, ao voltarmos da escola e ao nos deitarmos.

Hoje, passados os anos, tenho profunda consciência da importância da bênção dos pais na vida dos filhos. É a Sagrada Escritura que nos alerta sobre a necessidade dessa bênção. Toda a Bíblia está repleta de passagens indicando a importância que Deus dá aos pais na vida dos filhos. Os pais são os cooperadores de Deus na criação dos filhos e, dessa forma, são também um canal aberto para que a bênção divina chegue a eles [filhos].

O livro do Deuteronômio registra o quarto mandamento: “”Honra teu pai e tua mãe, como te mandou o Senhor, para que se prolonguem teus dias e prosperes na terra que te deu o Senhor teu Deus”” (Dt 5,16). Dessa forma, o Senhor promete vida longa e prosperidade àqueles que honram os pais. São Paulo disse que esse é “o primeiro mandamento acompanhado de uma promessa de Deus” (Ef 6,2).

Os livros dos Provérbios e do Eclesiástico estão cheios de versículos que trazem a marca da presença dos pais. Eis um deles: “”A bênção paterna fortalece a casa de seus filhos, a maldição de uma mãe a arrasa até os alicerces”” (Eclo 3,11). Esse versículo mostra que a bênção dos pais (e também a maldição!) não é simplesmente uma tradição do passado ou mera formalidade social. Muito mais do que isso, a Sagrada Escritura nos assegura que a bênção dos pais é algo eficaz e real, isto é, um meio que Deus escolheu para agraciar os filhos. O Senhor quis outorgar aos pais o direito e o poder de fazer a Sua bênção chegar aos filhos. É a forma que Deus usou para deixar clara a importância dos genitores. Analisemos estas passagens marcantes:

“Ouvi, meus filhos, os conselhos de vosso pai, segui-os de tal modo que sejais salvos, pois Deus quis honrar os pais pelos filhos e, cuidadosamente, fortaleceu a autoridade da mãe sobre eles. Quem honra sua mãe é semelhante àquele que acumula um tesouro. Quem honra seu pai achará alegria em seus filhos, será ouvido no dia da oração. Honra teu pai por teus atos, tuas palavras, tua paciência, a fim de que ele te dê sua bênção, e que esta permaneça em ti até o teu último dia. Pois um homem adquire glória com a honra de seu pai, e um pai sem honra é a vergonha do filho. Como é infame aquele que abandona seu pai, como é amaldiçoado por Deus aquele que irrita sua mãe!” (Eclo 3, 2-3.5-6.9-10.13.18).

Todos esses versículos do capítulo 3 do Eclesiástico mostram claramente a grande importância que Deus dá aos pais na vida dos filhos e, de modo especial, à bênção paterna e materna. Infelizmente, muitos pais já não sentem a prerrogativa de que Deus lhes deu para educar formar e abençoar os filhos. Muitos já não acreditam no poder da bênção paterna e nem mesmo ensinam os filhos a pedi-la.

Os pais têm uma missão sagrada na terra, pois deles dependem a geração e a educação dos filhos de Deus. Eles são os primeiros mensageiros de Deus na vida dos filhos, sobre os quais têm o poder de atrair as dádivas divinas. Não importa qual seja a idade do filho, ele sempre deve pedir a bênção de seus pais. E também não importa se o velho pai é um doutor ou um analfabeto, o filho não deve perder a oportunidade de ser abençoado por ele, se possível todos os dias, mesmo já adulto.

Se você ainda tem seus pais (ou apenas um deles) não perca a oportunidade que Deus lhe dá de lhes beijar as mãos e lhes pedir a bênção, para que Deus o abençoe, guiando seus passos e protegendo sua vida. Importa jamais nos esquecermos de que, enquanto “a bênção paterna fortalece a casa de seus filhos, a maldição de uma mãe a arrasa até os alicerces” (Eclo 3,11).

Felipe Aquino - Canção Nova

Sou uma pessoa afetivamente madura?

Sou uma pessoa afetivamente madura?





               A nossa afetividade necessita alcançar nossa maturidade

Todos nós precisamos de cura. Para sermos curados em nossa sexualidade e em nossa afetividade, precisamos nos abrir ao amor de Deus.
Comecei a trilhar esse caminho por meio de um grande amigo que nunca conheci pessoalmente, João Mohana, sacerdote, médico e psicólogo, um santo de Deus. Ao ficar viúva com vinte e três anos, deram-me de presente um de seus livros: “Sofrer e amar”, o qual me ajudou a dar os primeiros passos no conhecimento do meu grau de maturidade afetiva. Foi com ele que percebi a necessidade de crescer nesse aspecto, a ponto de equipará-lo à minha maturidade cronológica.

João Mohana explica: “Hoje, sabe-se que todo indivíduo, homem e mulher, possui uma idade afetiva e uma idade cronológica, e que ambas podem coincidir ou não. Quando a idade afetiva é inferior à idade cronológica, estamos diante de um caso de imaturidade afetiva. Quando iguala ou supera, estamos diante de um caso de maturidade”.

Algumas pessoas, que parecem adultas por fora, têm o coração imaturo. Não é sadia a imaturidade psicológica no adulto. É um fenômeno anormal. Normal é que o psiquismo vá se desenvolvendo, passo a passo, com o corpo, amadurecendo à proporção que o corpo amadurece.

Jesus Cristo deixou um programa para a nossa afetividade. E este está expresso no novo mandamento: “Dou-vos um novo mandamento. Que vos ameis como eu vos tenho amado” (Jo 15,12). “Amai-vos” no estilo d’Ele, ou seja, no estilo maduro para o coração humano. Esse programa supõe que nossa afetividade alcance a maturidade.

Para nós cristãos a maturidade humana não é tudo, nela está incluída a santidade. Além da maturidade humana, somos chamados por Jesus Cristo a ser uma “nova criatura”, a fazer com que o Filho de Deus venha à tona em nós. É um processo que leva tempo, pois consiste em pegar a pessoa machucada, sofrida, marcada, amarrada, bloqueada e trazê-la para fora como Jesus fez com Lázaro: “Lázaro, vem para fora!”. É preciso que a criatura nova em nós venha para fora. É preciso deixar a cura e a libertação acontecerem.

Todos nós sabemos que a maneira como nos comportamos e nos expressamos na nossa afetividade está intimamente ligada à nossa infância. Especialmente o relacionamento com nosso pai, nossa mãe, nossos irmãos que foram modelo para nós. Gandhi dizia que a “a gente imita o que admira”, afirmando que o ser humano aprende por imitação.

Meu pai era muito afetuoso, não só nos seus gestos – em fazer um “cafuné”, dar um abraço, colocar no colo –, mas também com ternura, dizendo: “Eu te amo!”. Passei a minha vida inteira presenciando o afeto entre meus pais e o carinho que tinham com cada filho. Suas expressões de afeto entre um e outro e conosco, seus seis filhos, fizeram de nós uma família amorosa, unida e feliz.

Numa família pode haver segurança econômica, financeira, boa moradia, mas se não houver a segurança afetiva entre os pais, expressões de afetos, o resultado será, na maioria das vezes, um adulto reprimido nos seus sentimentos de afetos, emoções de carinho, de ternura. Se ficar doente, terá tudo, menos afeto. João Mohana chama isso de “subnutrição da afetividade na infância”. Mas também ele diz: “O excesso de afeto pode levar à imaturidade, por vir a exigir um estilo de convívio com os outros semelhante ao que se habituou a ter na infância. Serão os insaciáveis nos grupos e nas famílias. Tanto excesso de carência e afeto na infância podem gerar as seguintes expressões de imaturidade na idade adulta: desconfiança, insegurança, agressividade, dependência, hermetismo, complexos, inibições, fugas, desajustamento e até perda de sentido da vida”.

É por isso que para o cristão é tão importante o sobrenatural integrado ao natural, à sua maturidade afetiva. É o que expressa São Paulo:

“Assim, ele capacitou os santos para obra do ministério, para edificação do Corpo de Cristo até chegarmos, todos juntos, à unidade na fé no conhecimento do Filho de Deus, ao estado de adultos, à estatura do Cristo em sua plenitude. Então, não seremos mais como crianças, entregues ao sabor das ondas. Ao contrário, vivendo segundo a verdade, no amor, cresceremos sob todos os aspectos em relação a Cristo, que é a cabeça” (Ef 4,12-14a.15).

Este é o trabalho da graça de Deus em nós, e todos nós devemos colaborar. Pelo Espírito Santo que nos santifica, vamos rumo à nossa maturidade humana e cristã.

Trecho extraído do livro “A cura da nossa afetividade e sexualidade” de Luzia Santiago.