A Palavra de Deus

A Palavra de Deus

DOPAS

DOAÇÃO, ORAÇÃO, POBREZA, ALEGRIA E SIMPLICIDADE

8 de maio de 2014

A DOUTORA E SUAS MÃES

Um livro de mil páginas não seria suficiente para falar de Zilda Arns. Também não o seria para falar de seu irmão mais velho Dom Paulo Arns. A Igreja e o Brasil lhes devem muito. Em tempos difíceis eles assumiram a catequese de atitudes. Repercutiram o evangelho, porque é disso que trata o "catechein". Creram e agiram. 

Dom Paulo ainda está conosco. Neste começo de ano o terremoto do Haiti levou a Doutora Zilda. Morreu entre os mais pobres da América Latina. Se lhe fosse oferecida uma escolha de onde e como morrer, imagino que é escolha que teria feito: morrer entre os pobres e ensinando a sair da pobreza. Era mulher de orar, de falar e de fazer. 

Todos perdem com sua partida. Milhões de mães do Brasil e milhares de outras mães do mundo perdem a cúmplice, que, a conselho e incentivo do irmão cardeal e com o apoio de irmãos católicos e de outras igrejas criou e desenvolveu a Pastoral da Criança. Presidentes e governos estaduais e municipais do Brasil perdem uma aliada sorridente, exigente e competente. Extensos programas de radio e de televisão, revistas e jornais já falaram dela e certamente ainda falarão. 

Quem pensava que a era das Terezas de Calcutá e de Irmã Dulce terminara, não sabia da Doutora Zilda e não sabe de centenas de outras que vivem pelos pobres, agem para libertar e para promover os outros. A fé, com elas, se traduz em gestos concretos. Doutora Zilda mirou as mães e suas crianças. 

Felizmente, ouço dizer, a doutora criou deitou raízes, multiplicou-se por mais de 160 mil corações solidários que entenderam sua mensagem. Com pouco se faz muito, desde que haja união, espírito e equipe e senso de comunidade. Outra vez a história dos cinco pães e dos dois peixes deu certo. Começou e os governos e grupos de serviço perceberam que, nas mãos dessas mulheres cúmplices em favor da vida, as coisas aconteciam e custavam bem menos do que a burocracia do poder. Era o poder das mães em ação. 

Nós católicos quando vemos um herói da solidariedade e da justiça o proclamamos pessoa santificada, eleita, escolhida. Dizemos que viveram em Cristo por Cristo e com Cristo, nos outros, com os outros e pelos outros. Os santos erram, mas se corrigem, perdoam, pedem perdão e apesar de seus pecados e limites, ajudam como podem e como sabem. Milhares de cristãos fazem pelos sofredores coisas que o mundo só fica sabendo quando morrem. Felizmente, de Dra. Zilda já sabíamos pelos resultados da sua Pastoral da Criança. Fez, fazia e fará falta! 
Pe Zezinho scj

A ESPIRITUALIDADE MARIANA DE JOÃO PAULO II


Falar da espiritualidade mariana de São João Paulo II torna-se ainda mais significativo , após a canonização dele. Estamos falando da devoção a Virgem Maria, que levou Karol Wojtyla a tamanha santidade que os fiéis o queriam proclamado santo logo depois da sua morte: “santo súbito”.

Ainda seminarista, um grande tratado de espiritualidade mariana o ajudou a tirar as dúvidas que tinha em relação a sua devoção a Nossa Senhora e a centralidade de Jesus Cristo na vida e na espiritualidade cristã. A espiritualidade mariana do grande João Paulo II o levou a uma vida inteiramente dedicada a Deus, principalmente nos seus mais de 25 anos de pontificado. Com João Paulo II, este santo dos nossos dias, podemos aprender a espiritualidade que o fez de um dos Papas mais extraordinários de todos os tempos e que o elevou à glória dos altares.


A obra que marcou profundamente a vida e, consequentemente, a espiritualidade de Wojtyla foi o “Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem”, de autoria de São Luís Maria Grignion de Montfort. O Papa João Paulo II disse, na Carta às Famílias Monfortinas, que o Tratado é um “texto clássico da espiritualidade mariana”1, que teve singular importância em seu pensamento e em sua vida. Segundo o Pontífice, o Tratado é uma “obra de eficiência extraordinária para a difusão da ‘verdadeira devoção’ à Virgem Santíssima”2. João Paulo II experimentou e testemunhou essa eficácia do Tratado: “Eu próprio, nos anos da minha juventude, tirei grandes benefícios da leitura desse livro, no qual ‘encontrei a resposta às minhas perplexidades’ devidas ao receio que o culto a Maria, ‘dilatando-se excessivamente, acabasse por comprometer a supremacia do culto devido a Cristo’3. Sob a orientação sábia de São Luís Maria compreendi que, quando se vive o mistério de Maria em Cristo, esse risco não subsiste. O pensamento mariológico do Santo, de fato, ‘está radicado no Mistério trinitário e na verdade da Encarnação do Verbo de Deus’”4.

A perfeição, ensina São Luís Maria, consiste em ser conformes, unidos e consagrados a Jesus Cristo. Por isso, a mais perfeita de todas as devoções é, sem dúvida, a que nos conforma, une e consagra mais perfeitamente a Ele. Por conseguinte, foi Maria a criatura que mais se conformou ao seu Filho, por isso, “entre todas as devoções, a que consagra e conforma mais uma alma a nosso Senhor é a devoção a Maria, Sua Mãe santa, e que quanto mais uma alma estiver consagrada a Maria, tanto mais estará consagrada a Jesus Cristo”5.

Dirigindo-se a Jesus Cristo, São Luís Maria exprime como é maravilhosa a união entre o Filho de Deus e a Sua Mãe Santíssima: “Ela é de tal forma transformada em Ti pela graça, que não vive mais, não existe mais: és unicamente Tu, meu Jesus, que vives e reinas nela… Ah! se conhecêssemos a glória e o amor que tu recebes nesta maravilhosa criatura… Ela está tão intimamente unida… De fato, ela ama-Te mais ardentemente e glorifica-Te mais perfeitamente do que todas as outras criaturas juntas”6.

Em Jesus Cristo, Filho unigênito de Deus, somos realmente filhos do Pai e, ao mesmo tempo, filhos da Virgem Maria e da Igreja. Com a Encarnação do Verbo eterno de Deus, de certa forma é toda a humanidade que renasce. À Mãe de Jesus podem ser aplicadas, de maneira mais verdadeira que São Paulo as aplica a si mesmo estas palavras: “Meus filhos, por quem sinto outra vez dores de parto, até que Cristo se forme entre vós”7. Nossa Senhora dá à luz, todos os dias, os filhos de Deus, enquanto não estiver formado neles Jesus Cristo, seu Filho, na plenitude da sua idade8. Essa doutrina encontra a sua expressão mais bela na oração: “Oh! Espírito Santo, concede-me uma grande devoção e uma grande inclinação para Maria, um apoio sólido sobre o seu seio materno e um recurso assíduo à sua misericórdia, para que, nela, tu possas formar Jesus dentro de mim”9.

Na espiritualidade monfortina, o dinamismo da caridade é expresso especialmente pelo símbolo da escravidão do amor ou consagração total a Jesus, a exemplo e com a ajuda materna de Maria. “Trata-se da comunhão plena na kenosis (despojamento) de Cristo; comunhão vivida com Maria, intimamente presente nos mistérios da vida do Filho”10. Segundo São Luís Maria, “não há nada entre os cristãos que faça pertencer de maneira mais absoluta a Jesus Cristo e à Sua Santa Mãe como a escravidão da vontade, segundo o exemplo do próprio Jesus Cristo, que assumiu as condição de escravo por amor a nós formam servi accipiens11 e da Santa Virgem, que se considerou serva e escrava do Senhor12. O apóstolo honra-se do título de servus Christi. Várias vezes, na Sagrada Escritura, os cristãos são chamados servi Christi”13. Jesus Cristo, o Filho de Deus, veio ao mundo em obediência ao Pai na Encarnação14, humilhou-se fazendo-se obediente até a morte de Cruz15. Em comunhão com o Filho, “Maria correspondeu à vontade de Deus com o dom total de si, corpo e alma, para sempre, desde a Anunciação até à cruz, e da cruz até à Assunção”16.

Esta consagração ou escravidão de amor a Virgem Maria deve ser interpretada à luz do admirável intercâmbio entre Deus e a humanidade no mistério do Verbo encarnado. Este é um verdadeiro intercâmbio de amor entre Deus e os homens, na reciprocidade da doação total de si. O espírito desta devoção é uma resposta ao amor de Deus, que consiste em “tornar a alma interiormente dependente e escrava da Santíssima Virgem e de Jesus por meio dela”17. Ao contrário do que podemos pensar, este “vínculo de caridade”, esta “escravidão de amor” torna-nos plenamente livres, com a verdadeira liberdade dos filhos de Deus18. Trata-se de nos entregar totalmente a Jesus Cristo, respondendo ao Amor com que Ele nos amou por primeiro. Qualquer pessoa que viver esta consagração, esta escravidão de amor, pode dizer como São Paulo: “Já não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim”19.

Assim como São João Paulo II, façamos do Tratado o nosso livro de cabeceira: “Li e reli muitas vezes, e com grande proveito espiritual, este precioso livrinho ascético de capa azul”20.

Esse precioso clássico de espiritualidade mariana ajudou o Santo Padre a entender que “a Virgem pertence ao plano da salvação por vontade do Pai, como Mãe do Verbo encarnado, por Ela concebido por obra do Espírito Santo. Toda a intervenção de Maria na obra da regeneração dos fiéis não se põe em competição com Cristo, mas d’Ele deriva e está ao seu serviço. A ação que Maria realiza no plano da salvação é sempre cristocêntrica, isto é, faz diretamente referência a uma mediação que acontece em Cristo”21. A partir do entendimento destas verdades de fé pelo Tratado, João Paulo II abraçou a escravidão de amor a Santíssima Virgem Maria: “Compreendi, então, que não podia excluir da minha vida a Mãe do Senhor sem desatender a vontade de Deus-Trindade, que quis ‘iniciar e realizar’ os grandes mistérios da história da salvação com a colaboração responsável e fiel da humilde Serva de Nazaré”22. Como João Paulo II, este homem extraordinário, abracemos também a escravidão de amor a Virgem Maria, para que como ele sejamos fiéis a Jesus Cristo.
Natalino Ueda - Missionário da comunidade Canção Nova

O SEGREDO PARA TER UM CASAMENTO FELIZ

Pequenos gestos que reforçam os laços da vida conjugal feliz

Não é difícil de encontrar casais que relatam suas dificuldades no casamento, ainda que estejam casados há poucos meses. A impressão que a maioria desses casais têm é de que, enquanto estavam namorando, tudo era bem diferente. Eles comentam que, antes de oficializar o casamento, viviam melhor.

Se formos considerar a longevidade da proposta conjugal, certamente alguns poucos anos corresponderiam a um período de lua de mel. É o começo de uma vida nova que se desdobra.


O segredo para ter um casamento feliz é os casais aprenderem a deixar de conjugar os verbos na primeira pessoa – eu vou, eu quero, eu faço… – para conjugá-los na primeira pessoa do plural – nós vamos, nós queremos, nós faremos…

Muitas são as queixas de ambos. Parece que o romantismo vivido por eles no namoro e nas primeiras semanas de casados foi abandonado.

Se ficarem presos às coisas que deixamos para trás ou às situações que têm sido motivos de brigas, em muito pouco tempo os casais começarão a pensar em se separar, antes mesmo de fazerem a experiência da verdadeira vida conjugal, além da cama.

Diante das primeiras crises, eles reclamam que o cônjuge já não se preocupa em ser a mesma pessoa atenciosa com quem, um dia, se casaram. Com isso, muitas farpas são trocadas. Na tentativa de fazer valer sua opinião, o casal se prende ao objetivo de vencer uma batalha, na qual as palavras são as armas.

Obcecados em vencer a briga, eles se esquecem de que o objetivo da vida a dois está em eliminar os motivos de desavenças e não criar barreiras contra alguém que está no mesmo time.

Numa guerra, ainda que o soldado não seja morto, certamente alguns arranhões ele trará consigo. Tal situação não seria diferente para aqueles que travam uma guerra de palavras. Ainda que haja um vencedor, ambos perdem por causa dos resquícios das ofensas lançadas contra o outro.

Poderíamos fazer uma lista com muitas dicas usadas pelas revistas, mas nenhum conselho poderá ser útil se não houver a atitude de resgatar o primeiro objetivo que tiveram ao optar pelo casamento: ser feliz junto com a pessoa por quem se apaixonou. No entanto, nada será diferente se, nos momentos de crise, a pessoa começar a olhar apenas para os sinais que a fazem infeliz no casamento, pois, em pouco tempo, ela cogitará a hipótese de separação.

Em vez disso, será muito mais proveitoso para o casal fazer uma reflexão, em conjunto, sobre a situação, na tentativa de entender aquilo que poderia os tornar mais felizes dentro do novo estado de vida.

Mesmo que as nossas atividades e os nossos trabalhos não permitam que estejamos juntos, podemos fazer outras pequenas coisas que reforçam também os laços da vida de casados.
Dado Moura - Comunidade Canção Nova

A ARIDEZ ESPIRITUAL PODE SER UM TRAMPOLIM PARA A SANTIDADE


Seguir Jesus Cristo não é aventura para os fortes, mas caminhada para aqueles que sabem insistir. Se o próprio Jesus caiu três vezes sob o peso da cruz, como esperar que sejamos tão fortes quanto inabaláveis durante o percurso? Persevera não aquele que nunca cai, mas aquele que, no chão, tem a humildade de estender a mão à misericórdia de Deus e se levantar para retomar a caminhada.

A aridez espiritual e os momentos de crise são inerentes à caminhada espiritual. A questão é o que fazemos com as nossas crises. A aridez pode se tornar um trampolim para a santidade ou um peso que nos afunda na infidelidade, como nos ensina São Francisco de Sales (1567-1622).

Caminhar com Cristo significa nos deixarmos purificar por Ele para nos configurarmos a Ele. Quando Cristo nos purifica, ou seja, quando arranca de nós costumes, sentimentos, valores, concepções e consolos, que outrora nos animavam a caminhar e a viver, a tendência natural é entrarmos na aridez. É um momento de “êxodo”, porque tantas vezes perdemos os confortos do Egito, mas ainda não tomamos posse da Terra Prometida, ou seja, da novidade de uma relação mais íntima, livre e pura com Deus. Esse espaço entre o Egito e a Terra Prometida é o lugar do deserto. Este está presente na história de salvação do povo de Deus desde Abraão, passando por Moisés, pelo próprio Jesus e permanecendo na Igreja por meio dos “padres do deserto” dos primeiros séculos, que são a grande imagem dessa realidade perene na Igreja.

Ao deparar-se com a aridez, é preciso discernir o motivo que nos levou a ela. Trata-se de uma causa de conversão ou uma consequência advinda de erros na caminhada? Se descobrirmos o motivo, respondendo a eles como alguém que renova sua decisão por Cristo, mesmo que os motivos sejam ruins, sempre seremos capazes de colher bons frutos. Diz São Paulo em Fl 3,16: “Contudo, seja qual for o grau a que chegamos, o que importa é prosseguir decididamente.”

MOTIVOS DA ARIDEZ

A primeira causa da aridez espiritual é a ação de Deus na alma, na vida do cristão. Muitas vezes, aquilo que nos animava na fé já não é mais motivo de entusiasmo. Isso é bom, porque nossas motivações precisam amadurecer. Temos de entender que “as obras de Deus ainda não são Deus” (Venerável Cardeal Van Thuan – 1928-2002). Nesse sentido, parece-me que podemos perceber três fases:

No início da caminhada, a pessoa, encantada com a beleza das obras de Deus, sente uma empolgação em viver as coisas d’Ele. Na linguagem de Santa Teresa de Jesus (1515-1582), que é mestra nesse assunto, trata-se dos consolos espirituais. Esses consolos de experiências espirituais, comunitárias e missionárias do início são importantes, mas insuficientes para um verdadeiro conhecimento de Deus. Daí, surge uma primeira purificação dessas realidades.

Depois, a pessoa amadurece e vai descobrindo o sentido do serviço ao Senhor. Surge o entusiasmo de dedicar-se às coisas d’Ele, empenhar-se na missão. Isso é ótimo, é profundamente evangélico; porém, o serviço do Senhor ainda não é Ele. Justamente aqui, surgem os cansaços, os fracassos e as frustrações. A tendência é o desânimo. Esse é o momento da descoberta de Deus, o momento da decisão pelo amor. São João diz: “Aquele que ama é nascido de Deus e conhece a Deus” (1Jo 3,7). Não tem jeito, somente quando o amor é puro e gratuito nós O conhecemos. Somente quando o amor a Deus é livre de condicionamentos, de sentimentos, afazeres, pessoas e estruturas, é que realmente é livre e puro.

Os erros na caminhada são os motivos negativos que levam à aridez: cansaço espiritual-psicológico. É diferente esse cansaço daquele que é próprio das atividades mesmas. Esse cansaço é um desgaste, um esgotamento espiritual e psicológico que rouba a alegria de viver a vida, a fé e a vocação.

O cansaço e suas causas:

Ativismo: Assumir tarefas e missões sem respeitar o descanso do corpo e da mente, o respeito pela vida e suas realidades belas como, por exemplo, o tempo para uma amizade, a prática de esporte etc. No ativismo, a pessoa se descentraliza do essencial de sua missão motivado por empolgações imaturas, fuga de si mesmo, agitações interiores, vaidade pelo sucesso, necessidade de domínio, centralização das tarefas ou mesmo por um zelo irreal pela obra de Deus.

Falta de disciplina: Leva-nos a dispensar energia para organizar a vida desorganizada. A disciplina nos encaminha com naturalidade aos compromissos. Surge a frustração em não cumprir os compromissos.

O fracasso no apostolado: Paulo experimentou fracassos, com em Atenas, e soube fazer deles causa de conversão (cf. 1Cor 2, 1-5). Mesmo o Evangelho está cheio de situações de fracasso de Jesus junto com o povo, com os Seus e os discípulos, que custaram entender Sua mensagem. Para os orgulhosos, os fracassos são motivo de desânimo ou de acusações. Para os humildes, os fracassos são pistas para retomar o essencial da missão. Beata Elisabete da Trindade (1880-1906) nos traz a ideia de que o fracasso é tão importante, que é como um mandamento.

Uma espiritualidade insuficiente: A pressa na oração, a pouca qualidade na oferta de si mesmo. O cansaço vem quando se perde a identidade e o sentido! Uma fonte de repouso é a redescoberta do essencial de nossa vocação. A oração nos coloca no coração de Deus, mantendo-nos na identidade e no sentido de nossa caminhada.

O adiamento da conversão: Quando não assumimos a decisão de mudança e vamos adiando a conversão, há uma tremenda luta e perda de energia na sustentação da identidade e de práticas antigas. Às vezes, lutamos com realidades em nós que são desnecessárias e carregamos “não o peso suave e fardo leve de Cristo”, ou seja, “a mansidão e a humildade” que é a Sua Doutrina (cf. Mt 11,29), mas o peso de nossas mentiras, de nossos orgulhos: a angústia de quem não perdoa, o azedume de quem critica, a luta de quem tem um coração duro, a desconfiança de quem não confia, o desespero de quem é orgulhoso. O tempo pede a maturidade de ser feliz na doação de si. Contudo, quando se resiste à felicidade da maturidade, e continua insistindo em receber, logo surge uma vida frustrada, e a caminhada humana/cristã se torna infeliz e pesada.

Não aceitação da própria verdade: A mentira a respeito de nós mesmos nos faz desprender energias com coisas desnecessárias, bem como esforço para manter oculta a verdade. Deus nos ama, não apesar de nossa franqueza, mas porque somos fracos. Procuramos o bem, não por méritos, mas como resposta ao Seu amor e, quando parecemos ricos, saibamos que continuamos pobres, porque só Ele é rico. É preciso reconhecer nossas franquezas com liberdade e louvor (cf. 1Jo 1, 8-9; 1Cor 1, 27; 2Cor, 12,10).

Luta contra Deus e Sua Vontade: ter um coração agradecido, louvor à glória de Deus.

Diante disso tudo, é preciso sempre discernir o motivo da aridez. Para tanto, é importante um diretor espiritual. Discernido, especialmente se os motivos são os erros da caminhada, é preciso aplicar os remédios que vêm de encontro a esses erros. Santo Inácio de Loyola (1491-1556) dizia que “na tribulação não se deve tomar nenhuma decisão”. Isso é importante, porque se trata de um momento frágil que o maligno pode usar para nos confundir. Fundamental é que em toda aridez se mantenha a decisão por Cristo, pois Ele mesmo nos diz: “Buscai e achareis. Batei e vos será aberto.Porque todo aquele que pede, recebe. Quem busca, acha. A quem bate, abrir-se-á” (Mt 7, 7-8).
André L. Botelho de Andrade
Canção Nova

5 de maio de 2014

PEREGRINAÇÃO NACIONAL DA FAMÍLIA


Com o tema “Família: caminhar com a luz de Cristo e a sabedoria do Evangelho”, acontecerão a 6ª Peregrinação Nacional da Família e o 4º Simpósio, nos dias 24 e 25 de maio, em Aparecida (SP). O evento pretende reunir peregrinos de todo o país com a proposta de refletir sobre a realidade da família brasileira. Em 2013, participaram da peregrinação mais de 150 mil pessoas. A expectativa da organização é superar esse número na edição deste ano.

Para o bispo de Camaçari (BA) e presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família da CNBB, dom João Carlos Petrini, são esperadas muitas famílias das dioceses e comunidades próximas ao Santuário Nacional. Ele destaca que o Simpósio é uma oportunidade de formação.

“É um momento muito importante, não somente para rezar e apresentar as necessidades das nossas famílias à Virgem Maria, mas também para refletir e aprofundar sobre a nossa caminhada e perceber como a luz de Cristo pode iluminar a nossa realidade cotidiana de vida em família”, ressalta.

Diante dos desafios da vida em família, dom Petrini acredita “ser uma ilusão viver sem Deus”. Para o bispo, questões como a violência representa o distanciamento da família da prática espiritual. “A família cresce e se desenvolve tecnologicamente, mas perde em humanidade. Hoje constatamos muita solidão e tristeza. As famílias devem retornar ao desígnio de Deus e a Ele”, aponta.

Reflexão
Segundo dom Petrini a peregrinação nacional, além de ser espaço de formação, confraternização e aprofundamento das questões da família, possibilita visibilidade das famílias brasileiras que estão comprometidas com os valores humanos e cristãos. “A peregrinação é uma oportunidade de mostrar para a sociedade que tem muita gente que deseja ser família assim como Deus a imaginou, exatamente para ser uma fonte de alegria, de felicidade e realização humana”, explica.

O tema proposto para o evento quer refletir com os participantes sobre a vivência da espiritualidade em família, tendo como referências a luz de Cristo e o Evangelho. “Não podemos viver somente com aquilo que nos oferecem. Precisamos de um ponto de referência maior, para sermos permanentemente alimentados na capacidade de amor, de doação e serviço recíproco no interior da família e na sociedade”, enfatiza dom Petrini.

Entre os conferencistas convidados estão o bispo de Palmas-Francisco Beltrão (PR) e doutor em Ciências Bíblicas, dom José Antônio Peruzzo, que irá tratar da espiritualidade da família, e a poetisa, Adélia Prado, que dará seu testemunho sobre a vida em família.

Caravanas
A Comissão motiva as dioceses para que organizem suas caravanas rumo ao Santuário Nacional que está preparando uma estrutura de qualidade para atender as famílias peregrinas. As atividades do Simpósio serão realizadas no Centro de Eventos Padre Vítor, nas imediações da Basílica.

No domingo, 25, uma missa será celebrada no Santuário, às 8h, com transmissão pela TV Aparecida. Também está prevista a apresentação da orquestra de jovens do Santuário durante o 4º simpósio.

Com informações da CNBB
Da redação do Portal Ecclesia.

É PRECISO PERDER O MEDO DE ERRAR


Quem se reconhece e se aceita, quem é humilde, não tem medo de errar. Por quê? Porque se, depois de ponderar, prudentemente, a sua decisão, ainda cometer um erro, isso não o surpreenderá, pois sabe que é próprio da sua condição limitada. São Francisco de Sales dizia de uma forma muito expressiva: “Por que se surpreender que a miséria seja miserável?”.

Lembro-me ainda daquele dia em que subia a encosta da Perdizes, lá em São Paulo, para dar a minha primeira aula na Faculdade Paulista de Direito, da PUC (Pontifícia Universidade Católica). Ia virando e revirando as matérias, repetindo conceitos e ideias. Estava nervoso; não sabia que impressão causariam as minhas palavras naqueles alunos de rosto desconhecido. E se me fizessem alguma pergunta a qual eu não saberia responder? E se, no meio da exposição, eu esquecesse a sequência de ideias?

Entrei na sala de aula tenso, com um sorriso artificial. Comecei a falar. Estava excessivamente pendente do que dizia, nem olhava para a cara dos alunos. Falei quarenta e cinco minutos seguidos sem interrupção, sem consultar uma nota sequer.

Percebi, porém, um certo distanciamento da “turma”, um certo respeito. Um rapaz, muito comunicativo e inteligente, talvez para superar a distância criada entre o grupo e o professor, aproximou-se e me cumprimentou: “Parabéns, professor. Que memória! Não consultou, em nenhum momento, os seus apontamentos. Foi muito interessante!"
Respirei, mas, desconfiado, quis saber: "Você entendeu o que eu disse?" Admirou-se com a minha pergunta; não a esperava. Sorrindo, encabulado, confessou-me: "Entendi muito pouco, e, pelo que pude observar, a 'turma' entendeu menos ainda".

A lição estava clara: "Dei a aula para mim e não para eles. Dei a aula para demonstrar que estava capacitado, mas não para ensinar”. Faltara descontração, didática, empatia; não fizera nenhuma pausa, nenhuma pergunta. Fora tudo academicamente perfeito, como um belo cadáver. Fora um fracasso.

Lembro-me também que, quando descia aquela encosta, fiz o propósito de tentar ser mais humilde, de preparar um esquema mais simples, de perder o medo de errar, esse medo que me deixara tão tenso e tão cansado; de pensar mais nos meus alunos e menos na imagem que eles pudessem fazer de mim. E se me fizessem uma pergunta a qual não soubesse responder, o que diria? Pois bem, diria a verdade, que precisava estudar a questão com mais calma e, na próxima aula, lhes responderia. Tão simples assim.

Que tranquilidade a minha ao subir a encosta no dia seguinte! E que agradecimento dos alunos ao verem a minha atitude mais solta, mais desinibida, mais simpática! Uma lição que tive de reaprender muitas vezes ao longo da minha vida de professor e de sacerdote: a simplicidade, a transparência e a espontaneidade são o melhor remédio para a tensão e a timidez e o recurso mais eficaz para que as nossas palavras e os nossos desejos de fazer o bem tenham eco. 

Não olhemos as pupilas alheias como se fossem um espelho, no qual se reflete a nossa própria imagem; não estejamos pendentes da resposta que esse espelho possa dar às perguntas que a nossa vaidade formula continuamente: "O que é que você pensa de mim? Gostou da colocação que fiz?" Tudo isso é raquítico, decadente, cheira ao mofo do próprio "eu", imobiliza e retrai, inibe e tranca a espontaneidade. Percamos o medo de errar e erraremos menos.
Canção Nova

2 de maio de 2014

RETRATO DE MÃE


Há uma mulher que tem algo de Deus pela imensidade de seu amor, e muito de anjo pela incansabilidade de seu cuidado; 

uma mulher que, sendo jovem, tem a maturidade de uma anciã e que, na velhice, trabalha com o vigor da juventude;|

uma mulher que, se é ignorante, resolve os problemas da vida com mais acerto que um sábio, e, se é instruída, se adapta à simplicidade das crianças; 

uma mulher que, sendo pobre, se satisfaz com a felicidade daqueles que ama, e que, sendo rica, com prazer daria seu tesouro para não sofrer em seu coração a ferida da ingratidão;|

uma mulher que, sendo vigorosa, estremece ao primeiro choro de um pequenino, e que, sendo fraca, se reveste, às vezes, da bravura de um leão; 

uma mulher que, enquanto vive, não sabemos estimar, porque, junto dela todas as dores se esquecem, mas que, 
depois de morta, daríamos tudo o que somos e temos para vê-la de novo um só instante, para receber dela um só abraço e para ouvir dela uma só palavra. 

O nome dessa mulher, se não quereis que eu inunde de lágrimas este álbum, não me exijais, porque ela já passou em meu caminho. 

Quando crescerem os vossos filhos, lede a eles esta página. E eles, cobrindo de beijos a vossa fronte, vos dirão que um humilde peregrino, em paga da suntuosa hospitalidade recebida, deixou, aqui, para nós, um esboço do retrato da sua mãe. 
Romón Angel Yara

CARDEAL DE SÃO PAULO DESTACA O REAL SENTIDO DO TRABALHO HUMANO

Cardeal de São Paulo destacou que o trabalho não é apenas utilitarista, mas tem uma dimensão mais ampla


Nesta quinta-feira, 1º, a Missa celebrada pelos bispos participantes da 52ª Assembleia Geral da CNBB, em Aparecida (SP), recordou a memória litúrgica de São José Operário, data em que celebra-se o Dia do Trabalho. A Solenidade foi presidida pelo Arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer.

Na homilia, Dom Odilo enfatizou que a festa de hoje remete à importância do trabalho para a vida humana. “São José, um trabalhador comum, que buscava seu sustento, mas também dava sua contribuição à comunidade com seus dons. Jesus, que também é conhecido como filho do carpinteiro, trabalhou, valorizou o trabalho (…) Vemos neste fato a valorização e a dignidade do trabalho humano”.

O cardeal explicou que a primeira leitura da Missa, apresenta Deus criador (cf. Gn 1,26–2,3), “poderíamos dizer: Deus trabalhador”, pondo ordem ao caos. “E essa ordem Deus dá a Adão e Eva, para que façam a mesma coisa: ‘dominem a terra’, façam o que Deus fez, pondo ordem ao caos”.

Em cada trecho que narra a criação, Deus vê que aquilo que criou é bom, e quando faz o homem e a mulher, Ele diz que era “muito bom”, e no sétimo dia descansou. Segundo Dom Odilo, isso mostra que o trabalho não é um fim em si mesmo, ele tem um objetivo a realizar, uma obra boa, mas por fim é preciso descansar, ter o prazer do trabalho.

“Estamos habituados a ver o trabalho dentro de um sistema, com uma dimensão utilitarista (…) Se estamos acostumados a ver o trabalho apenas como mercadoria, em função do ganho, do acúmulo, nós estaremos desvirtuando a maneira originária de ver o trabalho”, alertou.

Dom Odilo explicou que o trabalho já existia antes do pecado original, e depois do pecado tornou-se desvirtuado e pesado. “O trabalho é a nossa participação criativa na obra comum, na obra solidária da coisa boa a realizar em comum, neste mundo. Cada um dando de sua parte, o dom que Deus lhe deu. O trabalho é nossa forma de assumir nossas responsabilidades sociais e familiares”.

Por fim, o cardeal recordou a Exortação Apostólica Evangelli Gaudium, na qual Papa Francisco destaca que uma das questões fundamentais do nosso tempo é a inclusão social dos pobres, sobretudo através da dignidade do trabalho, que lhes possa ser oferecido.

“Os pobres estão em aumento por causa das crises econômicas, decorrentes de uma visao materialista da economia e do trabalho. Este é um desafio grande da evangelização. Permear novamente o mundo da economia do trabalho com os valores cristãos é missão da Igreja, a fim de que os grandes princípios norteadores da dignidade da pessoa, da solidariedade social e da justiça nas relações de trabalho sejam postos em prática”, ressaltou.

O Arcebispo de São Paulo também rezou por aqueles que vivem a angústia de não ter um trabalho ou não têm acesso a um trabalho digno para sustentar a si e à sua família, ou mesmo para dar sua contribuição na edificação do bem comum na sociedade.
Kelen Galvan
Da redação


MISSIONÁRIO DESTACA ENSINAMENTO DE MARIA PARA MULHER MODERNA


Para Sandro Arquejada, quanto mais a mulher se espelhar em Nossa Senhora, mais descobrirá como viver a essência da feminilidade


Sandro Arquejada, missionário da Comunidade Canção Nova / Foto:Arquivo

O Canção Nova em Foco, neste início de maio, destaca a devoção à Virgem Maria em conversa com o missionário da Comunidade Canção Nova, Sandro Arquejada, autor do livro “Maria, humana como nós”.

O missionário destaca que, ao pensar nos santos, pensa-se somente na dimensão espiritual e se esquece da dimensão humana. “Maria teve de dizer seu ‘sim’ diário à santidade, foi com luta, com esforço igual a mim e a você”, explica.

Em seu livro, afirma que é uma graça descobrir o lado mulher, o ser de Maria, visto que o humano não se desvencilha do divino.

Arquejada destaca que a humanidade de Maria tem muito a ensinar para as mulheres do século XXI, mesmo diante das diferenças culturais “gigantes” da sociedade daquela época para a atual. “Quanto mais a mulher se espelhar em Nossa Senhora, vai descobrir, não como viver as regras daquela sociedade que ela viva, mas como viver a essência da feminilidade”.

Para ele, a essência da mulher continua a mesma, naquele tempo, naquela sociedade, e hoje. “Fico impressionado como Nossa Senhora sabia a hora de fazer as coisas: partia apressadamente, agia pedindo a providência de Jesus (como nas bodas de Caná) ou guardava as coisas no seu coração. Ela tem a sabedoria de lidar com essas situações. Isso é um dom profundamente feminino, a mulher é mais sensível.”

O amor à Virgem Maria e o desejo de que Ela seja mais conhecida e amada, motivou Arquejada a escrever um livro sobre Nossa Senhora. “É um exemplo tão grande de vida, de mãe, de pessoa que acolhe, que segue os preceitos evangélicos.”

Na entrevista, o missionário fala ainda sobre a humanidade de Maria, sobre os inúmeros títulos pelos quais Nossa Senhora é lembrada e conta seu testemunho pessoal com a mãe de Jesus.

“Às vezes, não estou nem me lembrando dela, mas, quando acontece alguma coisa, Nossa Senhora está ali para me proteger.” Ele recorda como se livrou de um acidente de carro e da depressão ao recorrer à Mãe de Jesus.
Luciane Marins
Da Redação

A NOSSA VIDA INTEIRA É UM PROCESSO DE CURA INTERIOR


Ninguém se coloca sob o sol sem se queimar. Se tomarmos sol em excesso, vamos sofrer as consequências dele. Com Deus acontece algo semelhante, pois ninguém se coloca na presença d'Ele sem ser beneficiado por Suas graças. As marcas da presença do Todo-poderoso também são irreversíveis para a nossa salvação. Quando nós nos deixamos conduzir pelo Espírito Santo, Ele nos dá liberdade. Nunca o Senhor pensou em nos trazer para perto d'Ele a fim de tira algo de nós, muito menos para limitar a nossa liberdade. Se Ele não quisesse a nossa liberdade, por que teria nos criado livres?

Nossa liberdade ficou comprometida por nossa própria culpa, porque quem peca se torna escravo do pecado. Pelos erros e pelos vícios que entram em nossa vida, ficamos debilitados. O Pai nos deu Cristo para nos libertar daquilo que nos amarra. Deus nos mostra quais caminhos podemos seguir, mas a liberdade de escolher é nossa. O desejo do Senhor é nos libertar de toda angústia, de toda opressão. O desejo d'Ele é nos ver felizes.

Em Gálatas 5,1 lemos: "É para que sejamos homens livres que Cristo nos libertou. Ficai, portanto, firmes e não vos submetais outra vez ao jugo da escravidão". Cristo nos amou, morreu numa cruz por nossa causa, para que não fôssemos escravos do pecado. O Ressuscitado nos libertou de todo mal, de toda armadilha do inimigo para que permanecêssemos livres. Contudo, ninguém é livre na maldade. Uma vez que o Espírito Santo nos visita, não há brechas para o pecado.

Quem conhece as coisas que há no homem senão o espírito do homem que nele reside? (cf. Coríntios 2,10-16). Assim também ninguém conhece as coisas de Deus senão o Seu Espírito.

Ninguém pode saber o que há em nosso interior se não abrirmos a boca e dissermos o que pensamos. Quando rezamos, Deus Pai nos refaz e o Espírito Santo nos cura e liberta. Rezar é ficar nu na presença de Deus, é abrir-se a Ele. Quando rezamos, colocamo-nos na presença do Altíssimo, nos expomos e somos curados. Quando tiramos a roupa diante do espelho, vemos o que queremos e o que não queremos. Na hora em que estamos rezando, caem as nossas vestes espirituais; assim, vemos aquilo que queremos e o que não queremos. Tudo que fazemos de mau volta para nós no momento da oração. No momento em que o Senhor nos mostra quem somos, Ele também nos mostra quem Ele é. Se Ele nos revela uma coisa que não está boa, é porque precisamos consertá-la. 

Na oração nós aprendemos a ouvir o Senhor. Não existe ninguém que, tendo rezado, Deus não o tenha respondido. E se Ele não lhe responde diretamente, vai fazê-lo por meio de uma pessoa ou de um fato, mas Ele responde. Nós precisamos aprender a ouvi-Lo na oração, para conhecermos os planos que Ele tem para nossa vida.

Nós precisamos, na oração, pedir ao Espírito Santo que nos faça descobrir o que está ruim dentro de nós. Deus sabe o quando fomos machucados e sabe como nos curar.

A nossa vida inteira é um processo de cura interior. Enquanto estivermos com os pés nesta terra, nossa vida será um processo de cura interior. Nós temos de nos apresentar diante de Deus. O Todo-poderoso tem um plano para nossa vida, um plano de amor, de realização e de felicidade para nós. Se não abrirmos o nosso coração para a oração, correremos o sério risco de morrer sem conhecer o plano que Deus tinha para nós.
Canção Nova

O MUNDO E A IGREJA


A Igreja de Jesus Cristo saiu, literalmente, à praça pública, no dia dacanonização de São João XXIII e São João Paulo II, dois Papas de nossa geração, testemunhas das muitas vicissitudes e alegrias do tempo desafiador e maravilhoso em que nos encontramos. Quem acompanhou pessoalmente ou pelos meios de comunicação pôde conferir a diversidade de culturas, línguas e povos ali representados. Chamava à atenção o fato de que chefes de Estado e de Governo compartilhavam espaço e emoção com a multidão presente em Roma. As várias confissões cristãs, representantes de outras religiões e pessoas de convicções diferentes... Um mundo inteiro se sentia atraído por duas figuras ímpares quanto à missão exercida a seu tempo e quanto à têmpera de seu modo de ser homens e cristãos. 

Papa Francisco salientou, em sua homilia da Missa da Festa da Divina Misericórdia, que João XXIII e João Paulo II não tiveram medo de se defrontar com as chagas do mundo e de sua geração. João XXIII quis abrir as janelas da Igreja para que o sopro do Espírito se espalhasse, a fim de alcançar todos os homens e mulheres. João Paulo II, o missionário mais ardoroso de que temos conhecimento nos últimos tempos, além de todo o empenho pela Evangelização, foi ao encontro das pessoas, conversou com todos, não fugiu das situações mais dolorosas da Igreja e do mundo. É que os cristãos se encontram dentro das realidades do mundo, são passíveis de erros e pecados, podem colocar tudo a perder, se não é a graça de Deus que os acompanha e sustenta. 

A chave que abre as portas da esperança e da felicidade é, justamente, o reconhecimento simultâneo das fragilidades humanas e da força de Deus. Aquele que pode abrir o livro da vida das pessoas e da história humana é Jesus Cristo, o Cordeiro Imolado, o Santo de Deus. Só Ele tira o pecado do mundo (Cf. Ap 5, 1-8). Como Deus não nos fez para amassar barro na maldade e no egoísmo, o desejo de ser puros e santos atrai a todos. Por isso, apresentar a Boa Nova de Jesus Cristo, malgrado todos os pecados do mundo, é a estrada mestra para todos, sem exceção. Cabe à Igreja ter a ousadia de apontar para frente e para o alto, fazendo tudo para que o maior número possível de pessoas se envolva nesta grande marcha rumo à perfeição das relações das pessoas com Deus e entre si. Por isso, tantos irmãos e irmãs são inscritos no catálogo dos santos, reconhecidos como modelos no seguimento de Jesus

As imagens do dia da Divina Misericórdia eram suficientemente eloquentes para nos convencermos de que a Igreja tem uma palavra e um testemunho a oferecer ao mundo. Trata-se de sua missão, na qual não pode se omitir. Ela deve ser anunciadora da verdade e lutar pela dignidade das pessoas, assim como há de mostrar que o melhor para todos é o amor ao próximo e o amor a Deus. Ao mostrar este caminho, que tem o nome de santidade, a Igreja e os cristãos aprenderão a se confrontar com as realidades humanas, inclusive quando as diferenças vêm à tona. E o diálogo entre diferentes começa com a valorização recíproca, que comporta superação de julgamentos e preconceitos. Acreditar no bem que existe no outro, seja qual for sua origem, idade ou prática religiosa, é um passo fundamental. Convergem na direção do bem as pessoas que apostam tudo nas próprias convicções e, ao mesmo tempo, se abrem para o bem que existe em quem procede de outras plagas.

As pessoas com quem dialogamos venham também a ter conhecimento de que temos algo a oferecer. Não somos incapazes quanto à humanidade e a cultura. A luz do Evangelho é o que existe de melhor para o mundo. Nada de omissão. Sejam, pois, superados os eventuais complexos de inferioridade com os quais muitos cristãos se apresentam diante das estruturas do mundo. Cresça a presença qualificada dos cristãos nos diversos campos profissionais. Amadureça sua capacidade de dar razão da esperança, segundo o caminho proposto pelo Apóstolo São Pedro: “Se tiverdes que sofrer por causa da justiça, felizes de vós! Não tenhais medo de suas intimidações, nem vos deixeis perturbar. Antes, declarai santo, em vossos corações, o Senhor Jesus Cristo e estai sempre prontos a dar a razão da vossa esperança a todo aquele que a pedir. Fazei-o, porém, com mansidão e respeito e com boa consciência" (1Pd 3,14-16). 

A aventura da santidade se tornou mais atraente ainda com São João XXIII e São João Paulo II. Mas o que fazer para ser santo? Santo é quem olha ao seu redor e não se cansa de colher as flores e os frutos da árvore da vida, plantada pelo próprio Deus. Santo é quem não receia olhar nos olhos dos outros e ver o brilho que neles se acende. Santo é quem não se rende diante da maldade, mas persevera na busca do bem e dá nome ao bem que encontra. Santo é quem se convence de que Deus só sabe amar e olha para as pessoas com amor infinito. Santo é quem gosta do bem, da beleza, da verdade.

Nestes primeiros dias do mês de maio, venha em relevo um campo específico, no qual a santidade pode e deve crescer, o do trabalho. Ninguém separe sua vida de fé das suas atividades profissionais, sejam quais forem. E vale oferecer, justamente para o trabalho, dois outros sinais esplêndidos. Trata-se de Maria, Mãe do Redentor, uma simples Mãe de Família, no mês que lhe é dedicado. Outro é São José, o operário! As duas figuras, indispensáveis na vida cristã, foram mundo e Igreja, mãos que trabalharam e santidade inigualável. Os dois santos, apenas canonizados, souberam oferecer tais exemplos e deles foram devotos. É a hora da Igreja, é a hora do mundo, a quem o Senhor Jesus oferece a salvação, pelos méritos de Sua Paixão, Morte e Ressurreição. Ninguém desperdice o tempo de Deus, que se chama hoje!
Dom Alberto Taveira Corrêa
Arcebispo de Belém - PA

SACRALIDADE DO TRABALHO


A celebração do dia primeiro de maio, pela consideração reverente ao trabalhador, é oportunidade para reavivar a compreensão do trabalho como necessidade e dom de Deus. A concepção cristã do trabalho tem suas raízes numa articulada e clarividente compreensão antropológica e teológica. Deus, Criador onipotente, Pai de todos, cria o homem e a mulher à Sua imagem e semelhança e lhes confia o cultivo da terra. O Pai sublinha a primazia da humanidade em relação às outras criaturas, que devem merecer cuidados e respeitos. Cultivar a terra, como ponto especial na narrativa da missão do homem e da mulher, no conjunto da obra da criação, significa não abandoná-la. E exercer domínio sobre ela significa comprometimento com o seu cuidado e com sua guarda, como um pastor deve cuidar de seu rebanho. Esse horizonte inspirador é determinante nos rumos escolhidos para a dinâmica da economia com seus desdobramentos incisivos sobre a questão social e política.

Nesse sentido, no atual momento político e econômico, os construtores da sociedade pluralista devem superar a lógica perversa do lucro. Precisam buscar uma efetiva sustentabilidade, necessária para se alcançar o equilíbrio social. Imprescindível é deixar-se iluminar por um horizonte com princípios antropológicos inequívocos. Isso é um enorme desafio para quem se orienta por parâmetros de funcionamentos mecanicistas e, consequentemente, não consegue compreender o que se pode chamar de subjetividade do trabalho. O conjunto de recursos, atividades, instrumentos e técnicas que permite a cada pessoa o exercício adequado de suas tarefas não pode se sobrepor ou minar a dimensão subjetiva do trabalho humano. O respeito a essa perspectiva é a consideração insubstituível de cada ser humano e de sua vocação pessoal. Assim, alcança-se a compreensão de que todo trabalho é imagem e extensão da ação criadora de Deus, de que o homem e a mulher, em suas muitas tarefas, participam da obra da criação.

A Doutrina Social da Igreja enfatiza, por isso mesmo, que o trabalho não somente procede da pessoa, mas também é ordenado a ela e a tem por finalidade. Assim sendo, todo ofício, mesmo aquele mais humilde, é caminho para que cada pessoa tenha preservada a sua dignidade. Consequentemente, o trabalho se torna uma necessidade e, ao mesmo tempo, um dever de todos. Trabalhar refere-se ao respeito moral ao próximo e, por desdobramento, é reverência à própria família e à sociedade. Abominável, pois, é o enquadramento do trabalhador na condição de escravo. Trata-se de um verdadeiro atentado contra a dignidade, ferida na cultura solidária e civilizada, com consequências nefastas também para escravocratas.

A sacralidade do trabalho implica compreendê-lo, na escala de valoração e prioridade, como superior a todo e qualquer fator de produção, inclusive o capital. No horizonte largo e diversificado sobre a sua abordagem como importante chave social, é prioritário considerá-lo como direito. A necessidade do trabalho não se refere apenas ao sustento familiar e pessoal, prioridade incontestável, mas, particularmente, ao bem que promove a cada pessoa. Trata-se de direito fundamental. Por isso, a Igreja considera o desemprego uma perversa calamidade social. E sublinha que uma sociedade orientada para o bem comum tem sua capacidade avaliada, também, com base nas perspectivas de trabalho que ela pode oferecer.

Com a oferta do trabalho, caminha a exigência de se promover a capacitação, já que a manutenção do emprego depende, cada vez mais, da competência profissional. O Estado, então, é chamado à responsabilidade, por seu dever de promover políticas ativas de trabalho, particularmente pela regulação do funcionamento econômico, convocando as corporações a cumprirem seu papel social. As empresas têm o dever de garantir a oferta adequada de emprego. O tratamento desse desafio não pode prescindir de uma correta visão antropológica e cristã pelo respeito à sacralidade do trabalho.
Dom Walmor Oliveira de Azevedo
Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte

23 de abril de 2014

CRISTO RESSUSCITOU, RESSUSCITOU DE VERDADE!


Quarta-Feira, 23 de abril 2014
Cristo ressuscitou, ressuscitou de verdade!

Este mês de abril tem como centro o maior fato de todos os tempos, a grande verdade que dividiu a história em "antes de Cristo e depois de Cristo": a Ressurreição de Jesus. É a grande verdade, porque, se Cristo não houvesse ressuscitado, vã seria a nossa fé e a vida cristã não teria sentido. Assim, qualquer religião seria válida, pois são caminhos para Deus, por isso cada um escolheria livremente o seu caminho e a sua religião; mas não! Cristo ressuscitou! Ele dá sentido à vida e à história. Ele é realmente o caminho para Deus. Ele é a Verdade que todo ser humano procura. Ele é a Vida que todos nós almejamos: vida com qualidade total, vida em abundância, vida verdadeira.

O outro fato para o qual converge e se dirige toda a história é a vinda gloriosa de Jesus para implantar, no meio de nós, o Seu reino. Sua vinda trará a terra nova, a humanidade nova, o mundo novo com homens e mulheres novos, a nova sociedade onde reinará a verdade, a justiça, o amor e a paz. O mundo e a vida que todos almejamos.

A Palavra de Deus, que nos atesta a Ressurreição de Jesus, nos aponta também para a Sua vinda gloriosa. E nós estamos entre esses dois eventos maravilhosos, buscando, em cada Páscoa, a nossa ressurreição e a vida nova. Ao mesmo tempo, voltamo-nos para a feliz expectativa da vinda de Jesus em glória, e nos deixamos transformar, a cada dia, pela ação poderosa do Espírito Santo que nos foi dado. Veja bem: o mesmo Espírito Santo – nos atesta as escrituras –, que ressuscitou Jesus dos mortos, nos foi dado e habita em nós, para realizar em cada um a Ressurreição de Cristo e conduzir-nos para a vida nova.

Seu irmão, 
Monsenhor Jonas Abib
Fundador da Comunidade Canção Nova

LANÇADA CARTILHA SOBRE REFORMA POLÍTICA E ELEIÇÕES LIMPAS

Cartilha é intitulada “Por um sistema político identificado com as reivindicações do povo”

Da redação, com CNBB



Membros da Coalização Democrática pela Reforma Política e Eleições Limpas lançaram, nesta terça-feira, 22, a cartilha sobre o Projeto de Lei de Iniciativa Popular de Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, intitulada “Por um sistema político identificado com as reivindicações do povo”.

O lançamento ocorreu durante entrevista coletiva à imprensa, na Câmara dos Deputados, da qual participaram o bispo auxiliar de Brasília e secretário geral da CNBB, Dom Leonardo Steiner, os membros do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Aldo Arantes, Cláudio Pereira e Marcello Lavenère, e da diretora do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral, Jovita Rosa. Na ocasião, houve também o lançamento da Coalização Parlamentar pela Reforma Política.

A cartilha explica o que é a Coalização pela Reforma Política Democrática e Eleições Limpas, constituída por 95 entidades, entre elas a CNBB, bem como os principais pontos da proposta: proibição de doações de recursos financeiros de empresas para financiar campanhas eleitorais; a mudança no sistema de votação, sendo feito em dois turnos, no qual, no primeiro, o eleitor votaria em um programa, em ideias e, no segundo turno, escolheria as pessoas que irão colocar em prática o projeto; a equiparação entre o número de homens e mulheres no meio político, sendo que, para cada candidato homem, teria uma mulher; e a regulamentação do artigo 14 da Constituição de 1988, que trata dos instrumentos de participação popular.

Financiamento de campanhas

Durante a coletiva, Dom Leonardo falou sobre a prévia da votação da Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADIn) número 4650, impetrada no Supremo Tribunal Federal (STF) pela OAB.

Até o momento, há seis votos a favor da inconstitucionalidade de artigos da Lei Eleitoral (9.504/1997), que tratam de doações a campanhas eleitorais por pessoas físicas e jurídicas, e de trechos da Lei dos Partidos Políticos (9.096/1995), que disciplinam a forma e os limites para efetivação de doações a partidos políticos no Brasil. “A coalizão tem trabalhado para que, realmente, o poder econômico tenha cada vez menos influência nas nossas eleições”, disse Dom Leonardo.

Na Câmara dos Deputados, um projeto de emenda constitucional prevê tornar a prática de doações de empresas privadas uma norma da Constituição Federal. Para Dom Leonardo, o resultado prévio da votação no STF já demonstra que não será possível.

“O desejo aqui na Câmara, por um determinado grupo de trabalho, é que se constitucionalize essa participação econômica. O Supremo está sinalizando que isso não seja constitucional”, resumiu.

O secretário geral do Conselho Federal da OAB, Cláudio Pereira, ressaltou o sentido de igualdade de condições na disputa eleitoral que a inconstitucionalidade da Lei representa.

“O que o Supremo faz ao impedir que as empresas interfiram no processo político eleitoral é aprimorar o processo político eleitoral, é permitir que a vontade popular prevaleça em igualdade de condições, contribuindo com isso para legitimação ainda maior dos nossos representantes eleitos pelo voto do povo”, disse.

O membro do Conselho Federal da OAB e Comissão Brasileira de Justiça e Paz (CBJP), Marcello Laverère Machado, considerou a coletiva como um convite à imprensa, “responsáveis pela formação da opinião plural”, para comunicar que, no final deste ano, acontecerão as últimas eleições com financiamento de empresas.

“Certamente, em 2016 nós não teremos mais a participação do dinheiro das empreiteiras, das pessoas jurídicas, do capital financeiro, dos bancos, tornando desigual a luta política, entre outras conquistas que esperamos até as próximas eleições, como a paridade de gênero, o fortalecimento dos instrumentos da democracia direta”, comemorou Lavenère.

Coalização Parlamentar

Logo após a coletiva, houve o lançamento da Coalização Parlamentar pela Reforma Política e Eleições Limpas, que conta com o apoio, segundo dados da OAB, de 170 parlamentares.
Kelen Galvan
Jornalista da rede Canção Nova de comunicação

A DISTÂNCIA NÃO DEVE RESTRINGIR A FRATERNIDADE


Notamos em nossa vida, o quanto ela nos prepara e alimenta amizades boas, esse relacionamento sincero, é de forma exuberante a nossa vida, pois, a energia que é transmitida de um ao outro é inimaginavel! Forças especiais são criadas pra melhorar aquele laço de fraternidade! Uma nova conquista pacífica é encaminhada aos corações, que lutam por manter este laço de amizade! Assim surge a necessidade, de se manterem em contato, trocando informações, e preservando um ao outro, de forma que gere um domínio do bem-estar da sua querida amizade! A forma com que prosperam, é individual a cada ser, fornecem conforto e carinho a todo momento, para que não tenha a impressão de que se encontra no esquecimento. O valor do afeto, é inpagável, cada sensação, cada segundo de dedicação é unico, e de forma verdadeira jamais é esquecido! É bom e essencial ter amizades*. O ruim é desapegar daquela saudável rotina, de trocar carisma e apoio. Assim transforma em um problema sombrio, a distância evidentemente corroi a alegria, principalmente quando este costume de estar feliz é arrancado a força. Esta é uma luta que muitos enfrentam, e acredito que é o destino de todos nós nesse mundo. Crescemos juntos, ou vivemos juntos com pessoas, ou se conheceram o tempo suficiente pra considerar o proximo como especial. Acredito que esta é a ironia do destino mais injusta que existe. Infelizmente com o tempo, somos obrigados a nos afastar, e não poder viver no mesmo ambiente de antes. É certo que não existe uma pessoa hoje no mundo, que não esta distante de um ente querido, trocam saudações, de tempos em tempos, mas conformar com isso é uma luta de tristeza a enfrentar ate o fim! E so percebemos a realidade da distancia, quando tudo se esvazia, é quando lembramos dos momentos que mais poderiamos aproveitar, e deixamos escapar entre os dedos. É um arrependimento sem fim, mas o tempo passa, coisas novas acontecem ao mesmo nível, e sera uma jornada sem fim, encontrar uma nova pessoa como aquela que prezava. É difícil entender a vida ou objetivo, se parar-mos pra pensar, a coisa que encontraremos no fim, é apenas uma vasta solidão de tudo aquilo que ja foi real. Um dia, jamais sera semelhante ao anterior, tentamos enganar o nosso proprio interior, e passamos a ter uma certa esperança, mas isso é incerto, e previlegiado a poucos, muitos morreram com ela, injustiçamente não foram capazes de realizar novamente o desejo de presenciar tudo que ja passou. Termino dizendo, de que vale todo o egoismo, se no final tudo se torna contra si, e o problemático arrependimento perpetua seu bem-estar? "Não Lute para ser esquecido, e sim para ser lembrado!" Esta ousadia, lhe recompensará com Honra ao final.
Lucas da Silva Moreira

CELEBRAR A PÁSCOA É DEIXAR-SE ILUMINAR POR JESUS


Somos uma imensa nação constituída pela fé em Jesus Cristo morto e ressuscitado, homens e mulheres espalhados por todo o mundo, convocados a testemunhar a presença salvadora d'Ele a todos, certos de que este anúncio é portador de vida e de esperança. Nos anos de Sua vida pública, o Senhor Jesus semeou essa esperança nos muitos encontros com as pessoas, como sinal da Sua vitória sobre o pecado e a morte. Ninguém passou em vão ao Seu lado! Aos Seus discípulos, mesmo quando tinham a visão obscurecida, o Senhor anunciou-lhes o Seu mistério de Morte e Ressurreição. E Sua palavra se cumpriu: Jesus Cristo ressuscitou, como havia dito! 

No correr dos séculos, este anúncio chega às sucessivas gerações por meio do testemunho. A averiguação científica, no sentido frio que a caracteriza, não é suficiente para crer. Trata-se de uma moção da liberdade, que traz consigo o risco, no qual a pessoa aposta, antes de tudo, na honestidade e na seriedade de quem diz "Jesus ressuscitou!". É uma experiência semelhante ao acreditar no amor dos outros. Pode-se fazer mil observações, mas o passo decisivo será dado pela liberdade de quem se arrisca. Quem diz "eu creio" torna-se, por sua vez, anunciador da mesma verdade. E o resultado é que, até o dia da volta do Senhor, no fim dos tempos, a mesma força transformadora da Ressurreição de Cristo se atualiza e produz seus frutos. 

Queremos celebrar a Páscoa de Jesus Cristo mais uma vez. Nas últimas semanas, a Igreja propôs um caminho de conversão que, de certa maneira, antecipou o que se quer viver na Páscoa. É uma vida nova, na superação do pecado e da maldade. Quem se reconhece frágil e pecador, diante do Senhor Jesus Cristo, não teme aproximar-se do trono da graça, mas experimenta o acolhimento da misericórdia e do perdão. Páscoa é a alegria da conversão a Jesus Cristo! 

Celebrar a Páscoa é deixar-se iluminar por Jesus. Na Vigília Pascal, o Rito da Luz expressa tal disposição. A escuridão da noite é vencida pelo fogo novo, sinal do Ressuscitado: "Eis a luz de Cristo!". Graças a Deus, porque a esperança se acende no coração de todos os homens e mulheres. "Esta noite lava todo crime, liberta o pecador dos seus grilhões; dissipa o ódio e dobra os poderosos, enche de luz e paz os corações. Na graça desta noite, o vosso povo acende um sacrifício de louvor; acolhei, ó Pai Santo, o fogo novo: não perde, ao dividir-se, o seu fulgor". Assim proclama a Igreja na Páscoa. 

Celebrar a Páscoa é fazer memória aos feitos de Deus. Por isso, as celebrações pascais são abundantes na proclamação da Palavra do Senhor. É costume passar algumas hora em oração - vigília - de sábado para domingo, na Páscoa, ouvindo os passos principais da história da salvação. Atualizam-se palavras que iluminavam as celebrações pascais no Antigo Testamento: "Quando vossos filhos vos perguntarem: ‘Que significa este rito?’ respondereis: ‘É o sacrifício da Páscoa do Senhor, que passou ao lado das casas dos israelitas no Egito, quando feriu os egípcios e salvou as nossas casas’” (Ex 12, 26-27). "Quando amanhã teu filho te perguntar: ‘Que significam estes mandamentos, estas leis e estes decretos que o Senhor nosso Deus vos prescreveu?’, então lhe responderás: ‘Nós éramos escravos do Faraó no Egito, e o Senhor nos tirou de lá com mão poderosa. O Senhor fez à nossa vista grandes sinais e prodígios terríveis contra o Egito, contra o Faraó e contra toda a sua casa. Ele nos tirou de lá para nos conduzir à terra que havia jurado dar a nossos pais. O Senhor mandou que cumpríssemos todas essas leis e temêssemos o Senhor nosso Deus, para que fôssemos sempre felizes, e ele nos conservasse vivos, como o fez até hoje. Seremos justos se guardarmos estes mandamentos e os observarmos diante do Senhor nosso Deus, como ele nos ordenou’" (Dt 6, 20-25). Páscoa é memória cheia de gratidão! 

Celebrar a Páscoa é renovar a graça do Batismo. A liturgia da Igreja é feita para louvar a Deus e santificar os fiéis. Todo o caminho quaresmal percorrido pelos cristãos os conduz à noite pascal, quando, acompanhando os que nela são batizados, todos renunciam ao pecado e ao demônio e professam a fé: 'Creio em Deus, Pai e Filho e Espírito Santo! Creio na Igreja, na Ressurreição da Carne, na Remissão dos pecados, na vida eterna!' Velas acesas no Círio Pascal expressem a mesma vida recebida no dia do batismo. Depois, a mesma água, sinal da vida no batismo, é aspergida sobre o povo de Deus reunido: "Banhados em Cristo, somos uma nova criatura. As coisas antigas já se passaram, somos nascidos de novo. Aleluia" (Canto da Liturgia Pascal). 

Celebrar a Páscoa é participar da Ceia do Senhor, onde o verdadeiro Cordeiro Pascal, Nosso Senhor Jesus Cristo, é dado em alimento na Santa Eucaristia. Páscoa é comunhão pascal, vivida de forma profunda e participada, deixando para trás os ressentimentos, ódios e rancores, abrindo-se para que as marcas do pecado sejam superadas. 

Celebrar a Páscoa é viver de forma diferente: "Pelo batismo fomos sepultados com ele na morte, para que, como Cristo foi ressuscitado dos mortos pela ação gloriosa do Pai, assim também nós vivamos uma vida nova. Pois, se fomos, de certo modo, identificados a ele por uma morte semelhante à sua, seremos semelhantes a ele também pela ressurreição. Sabemos que o nosso homem velho foi crucificado com Cristo, para que seja destruído o corpo sujeito ao pecado, de maneira a não mais servirmos ao pecado. Pois aquele que morreu está livre do pecado. E, se já morremos com Cristo, cremos que também viveremos com ele. Sabemos que Cristo, ressuscitado dos mortos, não morre mais. A morte não tem mais poder sobre ele. Pois aquele que morreu, morreu para o pecado, uma vez por todas, e aquele que vive, vive para Deus. Assim, vós também, considerai-vos mortos para o pecado e vivos para Deus, no Cristo Jesus" (Rm 6, 4-10). A palavra de São Paulo é um roteiro precioso para viver a Páscoa! Celebremos, pois, a festa, com os pães ázimos da sinceridade e da verdade! (Cf. 1Cor 5,8) 

Nossos votos de Páscoa cheguem a todos os irmãos e irmãs, com o convite de nos tornarmos sinais de vida nova. Há muita gente que espera o sinal de uma vida diferente da parte dos cristãos. Há um clamor pelo testemunho mais ativo nas estruturas do mundo, no compromisso com os valores do Evangelho, com a dignidade da vida humana e a verdade. Cabe-nos dar uma resposta corajosa e alegre, para que o facho luminoso do aleluia pascal continue a percorrer as estradas do mundo por meio de nossa geração.
Dom Alberto Taveira Corrêa - Arcebispo de Belém - PA

FRATERNIDADE



Quero fraternidade e amor de verdade não importando a intensidade, respeito e companheirismo, doçura, quero ser valorizado pelo que sou e não pelo que tenho, quero alguém que procura me entender, que sonhe junto comigo, que seja minha amiga pra todas as horas, que me ouça, que me ajude nas horas difíceis, uma pessoa que queira compartilhar momentos e memórias, que queira construir comigo uma história de felicidade, uma mulher que saiba valorizar meus sentimentos, que saiba valorizar cada segundo, quero paz e saúde, quero que me ajude com soluções, que goste de estudar e que deixe a ignorância de lado, que avalie e pense nas palavras que diz, que evita tomar decisões no calor das emoções, que seja consciente do que faz, uma pessoa eminente à mim, quero uma arquiteta para planejar o futuro comigo, que valorize o tempo, que valorize Deus, não importa a forma como o vê,que tenha fé em si própria, que saiba plantar e colher sentimentos,que durma abraçada e aconchegada comigo e que logo pela manhã conte seus sonhos...
Felipe Cordeiro

SANTOS POR AMOR


Nos primeiros séculos, os que tinham sido batizados, na Vigília Pascal, vestiam-se de branco até o segundo domingo da Páscoa, oferecendo a todos o testemunho externo da vida nova recebida no sacramento. Neste fim de semana, é toda a Igreja, vestida de gala, que deseja oferecer ao mundo inteiro a roupa da alegria, chamada santidade, com a canonização de João XXIII e João Paulo II, duas pérolas da coroa da Igreja em nosso tempo, cujos exemplos são oferecidos como referência para a maravilhosa aventura cristã. São dois contemporâneos, com os quais muitos de nós compartilharam diálogo e convivência. Seu modo de viver está bem ao nosso alcance, suas palavras e ensinamentos ecoaram pelo mundo pelos meios de comunicação de nossa época. Mostram que a santidade é atual e possível.

Os santos são homens e mulheres que levaram a sério a graça do batismo e decidiram viver não para si, mas para Deus e para o serviço dos outros. Não programaram ser canonizados, mas quiseram ser bons cristãos. João XXIII, em seu diário, descreveu com simplicidade e profundidade o seu dia a dia, seus roteiros de oração e meditação, suas decisões cotidianas de perdão, alegria, seriedade no seguimento de Nosso Senhor. João Paulo II, que viveu, na infância e na juventude, capítulos dolorosos provocados pelas ideologias e autoritarismos do século XX, conduziu a Igreja à virada do milênio e nos brindou com o convite à santidade: "Se o batismo é um verdadeiro ingresso à santidade de Deus, por meio da inserção em Cristo e da habitação do Seu Espírito, seria um contrassenso contentar-se com uma vida medíocre, pautada por uma ética minimalista e uma religiosidade superficial. Perguntar a um catecúmeno: 'Queres receber o Batismo?' significa, ao mesmo tempo, pedir-lhe: 'Queres fazer-te santo?'. Significa colocar, na sua estrada, o radicalismo do Sermão da Montanha: 'Sede perfeitos, como é perfeito vosso Pai celeste' (Mt 5,48). 

Este ideal de perfeição não deve ser objeto de equívoco vendo nele um caminho extraordinário, percorrido apenas por algum gênio da santidade. Os caminhos da santidade são variados e apropriados à vocação de cada um. Agradeço ao Senhor por me ter concedido beatificar e canonizar muitos cristãos, entre os quais numerosos leigos que se santificaram nas condições ordinárias da vida. É hora de propor, de novo, a todos, com convicção, esta medida alta da vida cristã ordinária: toda a vida da comunidade eclesial e das famílias cristãs deve apontar nesta direção". (Novo millenio ineunte, 31).

João XXIII viveu as duras realidades das duas guerras mundiais e veio a suceder, visto como eventual Papa "de transição", o grande Papa Pio XII. Como alguém que trata de amenidades, fez saber aos que com ele trabalhavam, no início de seu pontificado, que convocaria um Concílio Ecumênico. Dali para frente, provocou na Igreja a oração e a preparação efetiva para o que o próprio Papa chamou de nova primavera, desejando uma nova estação de abertura e diálogo com todas as realidades de nosso tempo. Os cinco anos de pontificado valeram séculos! Mater et Magistra e Pacem in terris foram duas encíclicas que firmaram princípios e práticas para a ação social da Igreja. Abriu e conduziu a primeira sessão de trabalhos do Concílio Vaticano II, mostrou ao mundo a face da bondade, abriu sorrisos, foi ao encontro dos mais sofredores, pintou de bom humor o rosto da Igreja! Viveu a dura experiência de uma enfermidade dolorosa, com o câncer que o levou à morte, parecido com tanta gente de nosso tempo. Sim, foi homem, Papa, irmão, sorriso de Deus para sua época. No próximo domingo, elevado definitivamente à glória dos altares, resplandece como presente de Deus à Igreja e à humanidade.

De João Paulo II nunca se falará suficientemente. Um magistério pontilhado pela sensibilidade inusitada a todas as situações humanas e desafios a serem enfrentados pela Igreja. Uma presença universal efetiva, indo até os confins da terra para levar a Boa Nova do Evangelho. Aquele que nas lides da Polônia havia enfrentado nazistas e comunistas, corajoso na liderança dos católicos para se manterem fiéis à fé cristã, tesouro maior de sua nação, foi conduzido ao sólio de Pedro, em 1978, permanecendo à frente da Igreja até o dia 2 de abril de 2005, na véspera Festa da Divina Misericórdia. No próprio Domingo da Misericórdia, será, agora, canonizado. 

Quantos adultos, jovens e crianças só tiveram esta figura de Papa em seu horizonte de Igreja, até que o Senhor o chamou para a Sua Páscoa pessoal. Naquele início de noite de sua partida, desejoso de estar com o Senhor, tinha o coração agradecido especialmente aos jovens, aos quais tantas vezes se dirigiu e, ali, se encontravam bem perto dele. Apagou-se como uma chama, deu tudo de si à Igreja e ao mundo. Em seus funerais, uma faixa emergia no meio da multidão - "Santo subito" - pedindo que fosse logo aclamado santo. Seu sucessor, o grande Bento XVI, teve a alegria de beatificá-lo, numa apoteótica afluência de gente do mundo inteiro, no dia 1º de maio de 2011. Seus ensinamentos continuam a ser conhecidos e aprofundados na Igreja e no mundo. O convite feito, no início de seu pontificado, continua atual e provocante: "Não tenhais medo de acolher Cristo e de aceitar o seu poder! Antes, procurai abrir, melhor, escancarar as portas a Cristo! Ao seu poder salvador abri os confins dos Estados, os sistemas econômicos assim como os políticos, os vastos campos de cultura, de civilização e de progresso! Não tenhais medo! Cristo sabe bem 'o que é que está dentro do homem'. Somente Ele o sabe!" (Homilia da Missa de inauguração do Pontificado de João Paulo II, 22 de outubro de 1978)

Agora, Papa Francisco canoniza os dois Papas. A Igreja oferece, na Festa da Divina Misericórdia, dois presentes de amor. Fizerem-se santos pela Igreja e pela humanidade, foram homens de nosso tempo, amaram a Igreja e se entregaram por ela. Louvado seja o Senhor pela história, o exemplo e a intercessão dos dois heróis de nosso tempo.

São João XXIII, rogai por nós! São João Paulo II, rogai por nós!
Dom Alberto Taveira Corrêa - Arcebispo de Belém - PA

18 de abril de 2014

EVANGELHO PARA SEXTA-FEIRA (LEITURA ORANTE)

ANO A - DIA 18/04
Paixão e morte de Jesus 
- Jo 18,1–19,42
Tendo dito estas coisas, Jesus saiu com os discípulos para o outro lado da torrente do Cédron, onde havia um horto, e ali entrou com os seus discípulos. Judas, aquele que o ia entregar, conhecia bem o sítio, porque Jesus se reunia ali frequentemente com os discípulos. Judas, então, guiando o destacamento romano e os guardas ao serviço dos sumos sacerdotes e dos fariseus, munidos de lanternas, archotes e armas, entrou lá.
Jesus, sabendo tudo o que lhe ia acontecer, adiantou-se e disse-lhes: «Quem buscais?» Responderam-lhe: «Jesus, o Nazareno.» Disse-lhes Ele: «Sou Eu!» E Judas, aquele que o ia entregar, também estava junto deles. Logo que Jesus lhes disse: ‘Sou Eu!’, recuaram e caíram por terra. E perguntou-lhes segunda vez: «Quem buscais?» Disseram-lhe: «Jesus, o Nazareno!» Jesus replicou-lhes: «Já vos disse que sou Eu. Se é a mim que buscais, então deixai estes ir embora.»
Assim se cumpria o que dissera antes: ‘Dos que me deste, não perdi nenhum.’ Nessa altura, Simão Pedro, que trazia uma espada, desembainhou-a e arremeteu contra um servo do Sumo Sacerdote, cortando-lhe a orelha direita. O servo chamava-se Malco. Mas Jesus disse a Pedro: «Mete a espada na bainha. Não hei-de beber o cálice de amargura que o Pai me ofereceu?»
- Então, o destacamento, o comandante e os guardas das autoridades judaicas prenderam Jesus e manietaram-no. E levaram-no primeiro a Anás, porque era sogro de Caifás, o Sumo Sacerdote naquele ano. Caifás era quem tinha dado aos judeus este conselho: ‘Convém que morra um só homem pelo povo’.
Entretanto, Simão Pedro e outro discípulo foram seguindo Jesus. Esse outro discípulo era conhecido do Sumo Sacerdote e pôde entrar no seu palácio ao mesmo tempo que Jesus. Mas Pedro ficou à porta, de fora. Saiu, então, o outro discípulo que era conhecido do Sumo Sacerdote, falou com a porteira e levou Pedro para dentro. Disse-lhe a porteira: «Tu não és um dos discípulos desse homem?» Ele respondeu: «Não sou.»
Lá dentro estavam os servos e os guardas, de pé, aquecendo-se à volta de um braseiro que tinham acendido, porque fazia frio. Pedro ficou no meio deles, aquecendo-se também.
Então, o Sumo Sacerdote interrogou Jesus acerca dos seus discípulos e da sua doutrina. Jesus respondeu-lhe: «Eu tenho falado abertamente ao mundo; sempre ensinei na sinagoga e no templo, onde todos os judeus se reúnem, e não disse nada em segredo. Porque me interrogas? Interroga os que ouviram o que Eu lhes disse. Eles bem sabem do que Eu lhes falei.»
Quando Jesus disse isto, um dos guardas ali presente deu-lhe uma bofetada, dizendo: «É assim que respondes ao Sumo Sacerdote?» 23Jesus replicou: «Se falei mal, mostra onde está o mal; mas, se falei bem, porque me bates?» 24Então, Anás mandou-o manietado ao Sumo Sacerdote Caifás.
Entretanto, Simão Pedro estava de pé a aquecer-se. Disseram-lhe, então: «Não és tu também um dos seus discípulos?» Ele negou, dizendo: «Não sou.» Mas um dos servos do Sumo Sacerdote, parente daquele a quem Pedro cortara a orelha, disse-lhe: «Não te vi eu no horto com Ele?» Pedro negou Jesus de novo; e nesse instante cantou um galo.
De Caifás, levaram Jesus à sede do governador romano. Era de manhã cedo e eles não entraram no edifício para não se contaminarem e poderem celebrar a Páscoa.
Pilatos veio ter com eles cá fora e perguntou-lhes: «Que acusações apresentais contra este homem?» Responderam-lhe: «Se Ele não fosse um malfeitor, não to entregaríamos.» Retorquiu-lhes Pilatos: «Tomai-o vós e julgai-o segundo a vossa Lei.» «Não nos é permitido dar a morte a ninguém», disseram-lhe os judeus, em cumprimento do que Jesus tinha dito, quando explicou de que espécie de morte havia de morrer.
Pilatos entrou de novo no edifício da sede, chamou Jesus e perguntou-lhe: «Tu és rei dos judeus?» Respondeu-lhe Jesus: «Tu perguntas isso por ti mesmo, ou porque outros to disseram de mim?»Pilatos replicou: «Serei eu, porventura, judeu? A tua gente e os sumos sacerdotes é que te entregaram a mim! Que fizeste?» Jesus respondeu: «A minha realeza não é deste mundo; se a minha realeza fosse deste mundo, os meus guardas teriam lutado para que Eu não fosse entregue às autoridades judaicas; portanto, o meu reino não é de cá.» Disse-lhe Pilatos: «Logo, Tu és rei!» Respondeu-lhe Jesus: «É como dizes: Eu sou rei! Para isto nasci, para isto vim ao mundo: para dar testemunho da Verdade. Todo aquele que vive da Verdade escuta a minha voz.» Pilatos replicou-lhe: «Que é a verdade?»
Dito isto, foi ter de novo com os judeus e disse-lhes: «Não vejo nele nenhum crime. 39Mas é costume eu libertar-vos um preso na Páscoa. Quereis que vos solte o rei dos judeus?» 40Eles puseram-se de novo a gritar, dizendo: «Esse não, mas sim Barrabás!» Ora Barrabás era um salteador.
Então, Pilatos mandou levar Jesus e flagelá-lo. Depois, os soldados entrelaçaram uma coroa de espinhos, cravaram-lha na cabeça e cobriram-no com um manto de púrpura; e, aproximando-se dele, diziam-lhe: «Salve! Ó Rei dos judeus!» E davam-lhe bofetadas.
Pilatos saiu de novo e disse-lhes: «Vou trazê-lo cá fora para saberdes que eu não vejo nele nenhuma causa de condenação.» Então, saiu Jesus com a coroa de espinhos e o manto de púrpura. Disse-lhes Pilatos: «Eis o Homem!»
Assim que viram Jesus, os sumos sacerdotes e os seus servidores gritaram: «Crucifica-o! Crucifica-o!» Disse-lhes Pilatos: «Levai-o vós e crucificai-o. Eu não descubro nele nenhum crime.» Os judeus replicaram-lhe: «Nós temos uma Lei e, segundo essa Lei, deve morrer, porque disse ser Filho de Deus.»
Quando Pilatos ouviu estas palavras, mais assustado ficou. Voltou a entrar no edifício da sede e perguntou a Jesus: «Donde és Tu?» Mas Jesus não lhe deu resposta. Pilatos disse-lhe, então: «Não me dizes nada? Não sabes que tenho o poder de te libertar e o poder de te crucificar?» Respondeu-lhe Jesus: «Não terias nenhum poder sobre mim, se não te fosse dado do Alto. Por isso, quem me entregou a ti tem maior pecado.»
A partir daí, Pilatos procurava libertá-lo, mas os judeus clamavam: «Se libertas este homem, não és amigo de César! Todo aquele que se faz rei declara-se contra César.»
Ouvindo estas palavras, Pilatos trouxe Jesus para fora e fê-lo sentar numa tribuna, no lugar chamado Lajedo, ou Gabatá em hebraico. 14Era o dia da Preparação da Páscoa, por volta do meio-dia. Disse, então, aos judeus: «Aqui está o vosso Rei!» 15E eles bradaram: «Fora! Fora! Crucifica-o!» Disse-lhes Pilatos: «Então, hei-de crucificar o vosso Rei?» Replicaram os sumos sacerdotes: «Não temos outro rei, senão César.» 16Então, entregou-o para ser crucificado. E eles tomaram conta de Jesus.
Jesus, levando a cruz às costas, saiu para o chamado Lugar da Caveira, que em hebraico se diz Gólgota, onde o crucificaram, e com Ele outros dois, um de cada lado, ficando Jesus no meio. Pilatos redigiu um letreiro e mandou pô-lo sobre a cruz. Dizia: «Jesus Nazareno, Rei dos Judeus.»
Este letreiro foi lido por muitos judeus, porque o lugar onde Jesus tinha sido crucificado era perto da cidade e o letreiro estava escrito em hebraico, em latim e em grego. Então, os sumos sacerdotes dos judeus disseram a Pilatos: «Não escrevas ‘Rei dos Judeus’, mas sim: ‘Este homem afirmou: Eu sou Rei dos Judeus.’» Pilatos respondeu: «O que escrevi, escrevi.»
Os soldados, depois de terem crucificado Jesus, pegaram na roupa dele e fizeram quatro partes, uma para cada soldado, excepto a túnica. A túnica, toda tecida de uma só peça de alto a baixo, não tinha costuras. Então, os soldados disseram uns aos outros: «Não a rasguemos; tiremo-la à sorte, para ver a quem tocará.» Assim se cumpriu a Escritura, que diz:Repartiram entre eles as minhas vestese sobre a minha túnica lançaram sortes.
E foi isto o que fizeram os soldados.
Junto à cruz de Jesus estavam, de pé, sua mãe e a irmã da sua mãe, Maria, a mulher de Clopas, e Maria Madalena. Então, Jesus, ao ver ali ao pé a sua mãe e o discípulo que Ele amava, disse à mãe: «Mulher, eis o teu filho!» Depois, disse ao discípulo: «Eis a tua mãe!» E, desde aquela hora, o discípulo acolheu-a como sua.
Depois disso, Jesus, sabendo que tudo se consumara, para se cumprir totalmente a Escritura, disse: «Tenho sede!»
Havia ali uma vasilha cheia de vinagre. Então, ensopando no vinagre uma esponja fixada num ramo de hissopo, chegaram-lha à boca. Quando tomou o vinagre, Jesus disse: «Tudo está consumado.» E, inclinando a cabeça, entregou o espírito.
Como era o dia da Preparação da Páscoa, para evitar que no sábado ficassem os corpos na cruz, porque aquele sábado era um dia muito solene, os judeus pediram a Pilatos que se lhes quebrassem as pernas e fossem retirados. Os soldados foram e quebraram as pernas ao primeiro e também ao outro que tinha sido crucificado juntamente. Mas, ao chegarem a Jesus, vendo que já estava morto, não lhe quebraram as pernas. Porém, um dos soldados traspassou-lhe o peito com uma lança e logo brotou sangue e água. Aquele que viu estas coisas é que dá testemunho delas e o seu testemunho é verdadeiro. E ele bem sabe que diz a verdade, para vós crerdes também.
É que isto aconteceu para se cumprir a Escritura, que diz: Não se lhe quebrará nenhum osso. E também outro passo da Escritura diz: Hão-de olhar para aquele que trespassaram.
Depois disto, José de Arimateia, que era discípulo de Jesus, mas secretamente por medo das autoridades judaicas, pediu a Pilatos que lhe deixasse levar o corpo de Jesus. E Pilatos permitiu-lho.
Veio, pois, e retirou o corpo. Nicodemos, aquele que antes tinha ido ter com Jesus de noite, apareceu também trazendo uma mistura de perto de cem libras de mirra e aloés. Tomaram então o corpo de Jesus e envolveram-no em panos de linho com os perfumes, segundo o costume dos judeus. No sítio em que Ele tinha sido crucificado havia um horto e, no horto, um túmulo novo, onde ainda ninguém tinha sido sepultado. Como para os judeus era o dia da Preparação da Páscoa e o túmulo estava perto, foi ali que puseram Jesus.

LEITURA ORANTE
ORAÇÃO INICIAL
Preparo-me para a Leitura Orante, rezando:
- Nós vos adoramos, ó Cristo, e vos bendizemos.
- Porque pela vossa santa cruz, remistes o mundo.

1- LEITURA (VERDADE)O que diz o texto? 
Leio atentamente a Paixão de Jesus em Jo 18, 1-19,42.
Depois de fazer essa oração, Jesus saiu com os discípulos e foi para o outro lado do riacho de Cedrom. Havia ali um jardim, onde Jesus entrou com eles. Judas, o traidor, conhecia aquele lugar porque Jesus tinha se reunido muitas vezes ali com os discípulos. Então Judas foi ao jardim com um grupo de soldados e alguns guardas do Templo mandados pelos chefes dos sacerdotes e pelos fariseus. Eles estavam armados e levavam lanternas e tochas. Jesus sabia de tudo o que lhe ia acontecer. Por isso caminhou na direção deles e perguntou: 
- Quem é que vocês estão procurando? 
- Jesus de Nazaré! - responderam. 
- Sou eu! - disse Jesus. 
Judas, o traidor, estava com eles. Quando Jesus disse: "Sou eu", eles recuaram e caíram no chão. Jesus perguntou outra vez: 
- Quem é que vocês estão procurando? 
- Jesus de Nazaré! - tornaram a responder. 
Jesus disse: 
- Já afirmei que sou eu. Se é a mim que vocês procuram, então deixem que estes outros vão embora! 
Jesus disse isso para que se cumprisse o que ele tinha dito antes: "Pai, de todos aqueles que me deste, nenhum se perdeu." 
Aí Simão Pedro tirou a espada, atacou um empregado do Grande Sacerdote e cortou a orelha direita dele. O nome do empregado era Malco. Mas Jesus disse a Pedro: 
- Guarde a sua espada! Por acaso você pensa que eu não vou beber o cálice de sofrimento que o Pai me deu? 
Jesus diante de Anás 
Em seguida os soldados, o comandante e os guardas do Templo prenderam Jesus e o amarraram. Então o levaram primeiro até a casa de Anás. Anás era o sogro de Caifás, que naquele ano era o Grande Sacerdote. Caifás era quem tinha dito aos líderes judeus que era melhor para eles que morresse apenas um homem pelo povo. 
Pedro nega Jesus 
Simão Pedro foi seguindo Jesus, junto com outro discípulo. Esse discípulo era conhecido do Grande Sacerdote e por isso conseguiu entrar no pátio da casa dele junto com Jesus. Mas Pedro ficou do lado de fora, perto da porta. O outro discípulo, que era conhecido do Grande Sacerdote, saiu e falou com a empregada que tomava conta da porta. Então ela deixou Pedro entrar e lhe perguntou: 
- Você não é um dos seguidores daquele homem? 
- Eu, não! - respondeu ele. 
Por causa do frio, os empregados e os guardas tinham feito uma fogueira e estavam se aquecendo de pé, em volta dela. Pedro estava de pé, no meio deles, aquecendo-se também. 
Jesus diante do Grande Sacerdote 
O Grande Sacerdote fez algumas perguntas a Jesus a respeito dos seus seguidores e dos seus ensinamentos. 
E Jesus respondeu: 
- Eu sempre falei a todos publicamente. Ensinava nas sinagogas e no pátio do Templo, onde o povo se reúne, e nunca disse nada em segredo. Então, por que o senhor está me fazendo essas perguntas? Pergunte aos que me ouviram, pois eles sabem muito bem o que eu disse a eles. 
Quando Jesus disse isso, um dos guardas do Templo que estavam ali deu-lhe uma bofetada e disse: 
- Isso é maneira de falar com o Grande Sacerdote? 
- Se eu disse alguma mentira, prove que menti! - respondeu Jesus. - Mas, se eu falei a verdade, por que é que você está me batendo? 
Depois Anás mandou Jesus, ainda amarrado, para Caifás, o Grande Sacerdote. 
Pedro nega Jesus outra vez 
Pedro ainda estava lá, de pé, aquecendo-se perto do fogo. Então lhe perguntaram: 
- Você não é um dos seguidores daquele homem? 
- Não, eu não sou! - respondeu ele. 
Um dos empregados do Grande Sacerdote, parente do homem de quem Pedro tinha cortado a orelha, perguntou: 
- Será que eu não vi você com ele no jardim? 
E outra vez Pedro disse que não. 
E no mesmo instante o galo cantou. 
Jesus diante de Pilatos 
Depois levaram Jesus da casa de Caifás para o palácio do Governador romano. Já era de manhã cedo. Os líderes judeus não entraram no palácio porque queriam continuar puros, conforme a religião deles; pois só assim poderiam comer o jantar da Páscoa. Então o governador Pilatos saiu, foi encontrar-se com eles e perguntou: 
- Que acusação vocês têm contra este homem? 
Eles responderam: 
- O senhor acha que nós lhe entregaríamos este homem se ele não tivesse cometido algum crime? 
Pilatos disse: 
- Levem este homem e o julguem vocês mesmos, de acordo com a lei de vocês. 
Então eles responderam: 
- Nós não temos o direito de matar ninguém. 
Isso aconteceu assim para que se cumprisse o que Jesus tinha dito quando falou a respeito de como ia morrer. 
Pilatos tornou a entrar no palácio, chamou Jesus e perguntou: 
- Você é o rei dos judeus? 
Jesus respondeu: 
- Esta pergunta é do senhor mesmo ou foram outras pessoas que lhe disseram isso a meu respeito? 
- Por acaso eu sou judeu? - disse Pilatos. - A sua própria gente e os chefes dos sacerdotes é que o entregaram a mim. O que foi que você fez? 
Jesus respondeu: 
- O meu Reino não é deste mundo! Se o meu Reino fosse deste mundo, os meus seguidores lutariam para não deixar que eu fosse entregue aos líderes judeus. Mas o fato é que o meu Reino não é deste mundo! 
- Então você é rei? - perguntou Pilatos. 
- É o senhor que está dizendo que eu sou rei! - respondeu Jesus. - Foi para falar da verdade que eu nasci e vim ao mundo. Quem está do lado da verdade ouve a minha voz. 
- O que é a verdade? - perguntou Pilatos. 
Jesus é condenado à morte 
Depois de dizer isso, Pilatos saiu outra vez para falar com a multidão e disse: 
- Não vejo nenhum motivo para condenar este homem. Mas, de acordo com o costume de vocês, eu sempre solto um prisioneiro na ocasião da Páscoa. Vocês querem que eu solte para vocês o rei dos judeus? 
Todos começaram a gritar: 
- Não, ele não! Nós queremos que solte Barrabás! 
Acontece que esse Barrabás era um criminoso. 
Continuo a leitura na sua Bíblia, até Jo 19,1-42.

2- MEDITAÇÃO (CAMINHO)O que diz o texto para mim, para nós?
Hoje, sexta-feira santa, leio, com calma e pausas de silêncio, o texto da Paixão e Morte de Jesus.

3- ORAÇÃO (VIDA)O que o texto me leva a dizer a Deus? 
Rezo, com toda a Igreja, a 
VIA-SACRA 
1. Jesus é condenado à morte por Pilatos (Mt27,26) 
A cada estação, faço um momento de silêncio e depois rezo: 
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós.
2. Jesus carrega a sua Cruz (Mt 27,31) 
3. Jesus cai pela primeira vez 
4. Jesus encontra a sua Mãe 
5. Jesus recebe ajuda de Simão para carregar a Cruz (Mt27.32) 
6. Verônica enxuga o rosto de Jesus 
7. Jesus cai pela segunda vez sob o peso da Cruz 
8. Jesus fala às mulheres de Jerusalém (Lc 23,27) 
9. Jesus cai pela terceira vez sob o peso da Cruz 
10. Jesus é despojado de suas vestes (Mt 27,35) 
11. Jesus é pregado na Cruz 
12. Jesus morre na Cruz (Mt 27,50) 
13. Jesus é descido da Cruz (Mt 27,59) 
14. Jesus é sepultado (Mt27,60) 
15. Jesus ressuscitou (Mt 28,5). 

Termino, rezando por todas as pessoas que sofrem: 

Senhor, não te peço que me troques a cruz. 
Ajuda-me a carregá-la. 
Não te peço que me encurtes o caminho. 
Peço-te que venhas comigo. 
Não te peço que me troques a água em vinho. 
Dá-me de beber o que for do teu agrado. 
Não te peço que me troques a cruz. 
Ajuda-me a carregá-la. 

Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida, tem piedade de nós.

4- CONTEMPLAÇÃO (VIDA E MISSÃO)Qual o meu novo olhar? 
A contemplação da Paixão de Cristo move-me a amá-lo, dado que Ele nos deu provas da verdade e da grandeza do seu amor. Move-nos à contrição, à conversão, a evitar o pecado, a seguir Cristo e a imitá-lo para abraçar a vontade de Deus , mesmo carregando a nossa cruz.

BÊNÇÃO
Bênção
Que o Senhor nos abençoe (fazendo o sinal da cruz)
"Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo".
Ir. Patrícia Silva, fsp