A Palavra de Deus

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DOPAS

DOAÇÃO, ORAÇÃO, POBREZA, ALEGRIA E SIMPLICIDADE

22 de julho de 2020

O amor que sentimos ou o amor que decidimos

Foto ilustrativa: by Getty Images / PeopleImages







É próprio do namoro experimentar o arrebatamento da paixão. Afinal, normalmente é ela que aproxima o casal. É a paixão que provoca o desejo de estar sempre perto, que faz o coração disparar ao pensar no outro, que leva o amante a perder-se eu sua imaginação, criando na mente as mais variadas situações em que consegue conquistar o ser amado. No namoro, a paixão é o combustível que dá disposição para grandes feitos românticos em favor do outro, assim como é ela que motiva as declarações de amor eterno – há às vezes até uma competição para ver quem consegue ser mais exagerado em sua demonstração de amor. Num relacionamento que se encaminha para o casamento, a paixão é desejável, pois a sua chama trata de manter as almas aquecidas no percurso que o casal percorrerá até amadurecer sua decisão de compartilharem juntos uma vida. Sem a paixão, algumas descobertas duras a respeito do outro – duras, mas inevitáveis e igualmente desejáveis – poderiam desanimar e afastar os corações, pondo fim de forma prematura ao relacionamento.

       Ainda que desejável, a paixão por si só não é suficiente para sustentar um namoro, quanto mais um casamento. É que a paixão se baseia nos sentimentos, e estes mudam ao sabor dos ventos – algumas vezes favoráveis, outras nem tanto – da vida. Um namoro ancorado na paixão – ou no “amor romântico”, como muitos chamam – tende a ser um
relacionamento marcado por sentimentos fortes e muitas vezes opostos: grandes momentos de alegria e júbilo e brigas homéricas; juras de amor eterno e raiva (ou tristeza, dependendo do temperamento) quase mortal diante de uma frustração; certeza de que é para sempre agora e certeza de que não vai dar certo daqui a cinco minutos.

Amor e paixão são a mesma coisa?

       Há pessoas que julgam ser capazes de amar muito só porque têm grandes sentimentos. O Papa Francisco nos ensina na Amoris Laetitia1 que isso é uma grande mentira: “Julgar que somos bons só porque ‘provamos sentimentos’ é um tremendo engano”. De nada adianta, nos ensina o Papa, termos todo esse sentimento em nós se não conseguimos lutar pela felicidade dos outros e vivemos confinados nos nossos próprios desejos.

      Todo casal de namorados deve entender o que diz Denis de Rougemont2: “Estar apaixonado não é necessariamente amar. Estar apaixonado é um estado; amar é um ato. Sofre-se um estado, mas decide-se um ato”. Dessa afirmação depreende-se que é possível estar apaixonado sem amar. Num namoro assim, isso significa que quando os ventos mudarem e os sentimentos forem para outra direção, aquele que não mais se sente apaixonado porá fim ao relacionamento. Pois, uma vez que o “estar apaixonado” passa, o que sobra? Num relacionamento em que há o amor, este permanece. Porque o amor, diz o autor, é um ato, uma decisão que independe do meu estado e do meu sentimento agora ou ontem ou amanhã.

        Após alguns anos de casamento, é possível perceber claramente que muitos dos nossos mais meritórios atos de amor pelo nosso cônjuge não são motivados pelos sentimentos, mas apesar deles. Há quem, durante o namoro, ande uma hora para colher uma flor para a amada movido apenas pela expectativa do beijo que receberá como recompensa ou do sorriso emocionado que provocará nela. No casamento, o desafio muitas vezes será levar essa mesma flor ainda que você esteja com raiva ou decepcionado com a esposa por ela ter sido injusta com você. Ou o desafio será calar-se quando os seus sentimentos dizem “grite!”, “reaja!”, “não suporte isso”. Outras vezes, o desafio será dar o primeiro passo e abraçar o cônjuge após uma discussão, para dar início à reconciliação, dizendo-lhe “eu te amo”, mesmo que a vontade seja afastar-se, brigar ou dizer “verdades cruéis” que só machucarão o outro.

Decisão diária

       Não é que o namoro seja um sonho, um parque de diversões, e o casamento seja um pesadelo, uma provação sem fim. Definitivamente não. É que o casamento é, pode-se dizer, a vida real. Por maior que seja a transparência com que se viva no namoro, está sempre presente um esforço para dar o melhor para o outro, para mostrar sua melhor face. No casamento, é impossível manter isso o tempo todo. Você mostrará suas misérias e seu cônjuge também. Se um relacionamento está baseado na paixão ou no amor romântico, encarar essas misérias mútuas costuma ser fatal.

       Por isso, a necessidade de lembrar que o amor – aquele declarado no altar, diante de Deus – é uma decisão que deve ser renovada todos os dias. O Papa Emérito Bento XVI aconselhou jovens namorados a trilhar um caminho de amadurecimento: “a partir da atração inicial e do ‘sentir-se bem’ com o outro, educai-vos a ‘amar’ o outro, a ‘querer o bem’ do outro. O amor vive de gratuidade, de sacrifício de si, de perdão e de respeito do outro”3. Não se pode parar na paixão. O amor conjugal, nos ensina o Papa Francisco, “é uma ‘união afetiva’, espiritual e oblativa, mas que reúne em si a ternura da amizade e a paixão erótica, embora seja capaz de subsistir mesmo quando os sentimentos e a paixão enfraquecem”4.

Qual a qualidade do seu alicerce para um relacionamento?

No casamento, cônjuges que experimentam a verdadeira partilha e a transparência vão ferir um ao outro ao se deixar conhecer, por mais que se esforcem para não o fazer. Faz parte do processo de conhecimento. Deve ser parte desse processo também a consciência de que os sentimentos que tiverem ao longo dessas descobertas dolorosas não determinam o amor entre eles. Para viver isso no matrimônio, entretanto, é necessário que o casal busque uma experiência profunda e autêntica com Deus. Só assim os cônjuges conseguirão decidir-se pelo amor quando precisarem ser pacientes e bondosos; só decidindo-se pelo amor conseguirão não ser invejosos, nem orgulhosos, nem arrogantes, nem escandalosos; não buscarão os seus próprios interesses, não se irritarão, não guardarão rancor, nem se alegrarão com a injustiça. Só sustentado por Deus um cônjuge vai olhar para o outro e decidir tudo desculpar, tudo crer, tudo esperar, tudo suportar.

       A paixão pode acabar, mas o amor, nos ensina São Paulo, jamais acabará. Amparado nessa palavra, você pode hoje olhar para a sua vida e refletir qual a qualidade do alicerce que você tem preparado para o seu relacionamento: são os vistosos, mas frágeis fundamentos da paixão ou a discreta, mas sólida e confiável estrutura do amor? Confiantes em Deus, sabemos que ainda é tempo de mudar quaisquer inadequações estruturais que o nosso relacionamento possa ter. Basta nos decidirmos, nas pequenas e nas grandes coisas, pelo amor.

José Leonardo Nascimento
José Leonardo Ribeiro Nascimento é casado, pai de quatro filhos e membro do segundo elo da Comunidade Canção Nova desde 2007. Natural de Paripiranga (BA),  Ele e sua esposa trabalham, há muitos anos, com a evangelização de casais e de famílias, coordenando grupos e pregando em retiros e encontros.


A importância do controle do peso corporal

Foto ilustrativa: BocosB by GettyImages







O aumento de peso está diretamente relacionado à elevação dos níveis da pressão arterial, tanto em adultos quanto em crianças. A relação entre sobrepeso e hipertensão arterial já pode ser observada a partir dos 8 anos de idade. O aumento da gordura visceral também é considerado um fator de risco. Essa gordura, também conhecida popularmente como “barriga de cerveja”, é aquela que, mais profundamente, localiza-se ao redor de órgãos importantes, como o fígado, o pâncreas e os rins.

          Qualquer excesso de gordura corporal é perigoso para a saúde em geral, mas essa gordura visceral é um fator de risco ainda maior do que a subcutânea. Hoje, sabemos que o tecido adiposo é um órgão endócrino, isto é, libera uma série de hormônios e pequenas proteínas (citocinas) na corrente sanguínea, como a Interleucina-6 (IL-6), que estimula a produção de outras proteínas de fase aguda de inflamação, além de aumentar a secreção de triglicérides pelo fígado, contribuindo para a hipertrigliceridemia associada à obesidade visceral.
Diminuição de peso

Resumindo: a gordura em excesso é pró-inflamatória e precisa ser intensamente combatida. Estudos mostram que a diminuição de peso corporal e da circunferência abdominal correlacionam-se com reduções da pressão arterial.

Em relação à circunferência abdominal, sugere-se manter os seguintes parâmetros:

Mulheres: menor do que 80 cm;
Homens: menor do que 94 cm.

Vamos medir a sua?

      Passe uma fita métrica em torno da barriga relaxada, na altura do umbigo. Certifique-se que toda a fita esteja na mesma altura e que não esteja enrolada em parte alguma. Fazer isso em frente ao espelho ajuda bastante. E, caso você ainda não esteja convencida ou convencido que emagrecer é uma das melhores estratégias para controlar a sua pressão arterial, uma meta-análise publicada em 2008, que analisou estudos já realizados sobre perda de peso e hipertensão, mostrou que: a redução do peso corporal é mais eficaz do que usar medicamentos como Orlistat e Sibutramina, utilizados habitualmente para o tratamento da obesidade.

Dra. Gisela Savioli
nutricionista Clínica Funcional e Fitoterapeuta – Escritora e Jornalista.


7 de julho de 2020

O desafio do diálogo conjugal

Foto Ilustrativa: by Getty Images / fizkes

        Há quase vinte anos, no dia em que minha esposa e eu começamos a namorar, nossa primeira atitude foi nos sentarmos na escadaria lateral da igreja matriz da nossa cidade natal, lá no interior da Bahia, e contarmos as nossas histórias afetivas um para o outro. Trazíamos no coração o desejo de sermos transparentes em nosso namoro e aquele parecia ser o melhor começo possível. Conversamos por algumas horas e firmamos o compromisso da sinceridade e do diálogo franco antes de trocarmos o primeiro beijo.

        Os anos se passaram e já casados fomos nos conhecendo mais profundamente e percebendo as enormes diferenças que nos marcavam. O desejo do diálogo permanecia e era o mesmo nos dois, mas a capacidade de dialogar era muito diferente. Minha esposa não tinha dificuldade em falar dos seus sentimentos. Pelo contrário, ela precisava falar, sentia-se sufocada se não desabafasse, se não deixasse claro como ela se sentia em relação a mim diante desta ou daquela conduta que a magoasse. Quando eu contemplo a mim mesmo nos primeiros anos de casamento, recordo sempre de A dócil, um conto brilhante de Dostoievski que trata de uma tragédia que se abateu sobre um casal que não conseguia dialogar. “Sou mestre na arte de falar em silêncio, passei minha vida toda conversando em silêncio e em silêncio acabei vivendo tragédias inteiras comigo mesmo.”

Tem algo impedindo que o diálogo aconteça?

        Quando li essa frase pela primeira vez, como me identifiquei com o marido, narrador da história! Ele havia se casado com as melhores intenções. Queria viver bem com sua esposa, a quem amava, mas ele não conseguia conversar com ela sobre os assuntos que importavam: seus sentimentos, os sentimentos dela, as dificuldades do casamento. Ele preenchia o tempo e os espaços com seus silêncios, que foram afligindo sua esposa cada vez mais, até se tornarem insuportáveis para a pobre moça. Assim eu me comportava muitas vezes, quando algum ato meu incomodava minha esposa ou vice-versa. Ela tentava iniciar um diálogo, expressando o que sentia, e eu no mais das vezes tentava responder, mas não conseguia. Algo travava na minha garganta e a palavra ficava retida. Em algumas ocasiões, uma palavra – perdão! – seria o suficiente, mas ela não vinha, só o silêncio. Eu não percebia que essa era uma deficiência séria minha. Pensava ser só mais uma das diferenças naturais que há entre os esposos.

        Ocorre que quando algo impede o diálogo, o casamento começa a murchar, porque a conversa entre os cônjuges é como uma poda que deve ser realizada com frequência para que uma árvore cresça saudável. Se o tempo vai passando e espera-se que um galho esteja muito grande para podar, a árvore terá a sua saúde comprometida, porque a cicatrização vai demorar demais. No casamento, essa poda deve ser mais do que diária, deve ocorrer sempre que necessário, instantaneamente.

Ocorreu um desentendimento?

        O casal deve esclarecer tudo ali, no ato, porque a vida conjugal é muito dinâmica e se não houver reconciliação imediata, cada ato subsequente será afetado por aquela pequena mancha que não foi resolvida. Se no início do dia, por exemplo, eu desagrado a minha esposa com um comentário qualquer e ela guarda aquilo, não compartilha comigo a sua insatisfação, é bem provável que isso pese nas reações que ela terá a tudo o que eu fizer ou falar ao longo do dia, iniciando uma reação em cadeia.

        Assim, na hora do almoço, por exemplo, ela será menos tolerante ao elogio que não veio para a comida preparada com esforço e carinho. Ficará de cara fechada e não responderá com bom humor a alguma brincadeira que eu faça à tarde. E à noite resistirá às minhas investidas românticas e a chance de dormirmos chateados um com o outro será grande. E tudo começou com um comentário lá no início da manhã, para o qual não demos a devida importância.

        Foram anos ouvindo a minha esposa, aprendendo com ela e treinando a mim mesmo na arte do diálogo para que eu fosse vencendo essa barreira invisível do silêncio. Como minha esposa teve paciência comigo! De tempos em tempos precisávamos retomar nossos compromissos da época do namoro, de nunca desistirmos um do outro, de sempre sermos transparentes quanto aos nossos sentimentos, de acolhermos a fala do outro com amor. Fui percebendo, por exemplo, como o diálogo exige humildade, já que muitas vezes eu me via coberto de razão em um determinado assunto, mas ao mesmo tempo percebia como o Espirito Santo me impulsionava a tomar a iniciativa e falar com minha esposa. No final da história, tudo ficava claro, e eu me dava conta de que o erro tinha sido realmente meu. Em outras situações, naturalmente, era o inverso que acontecia, e minha esposa não tinha problemas em assumir que havia errado.

Dicas

        Nisso tudo fomos percebendo que há, no nosso casamento, alguns princípios dos quais jamais poderemos abrir mão. Devemos tê-los como a nossa constituição não escrita. Em primeiro lugar, manter vivo na memória que foi Deus que nos uniu. Ter isso sempre à nossa frente coloca todas as demais situações em perspectiva. Qualquer briga se torna menor se temos o nosso casamento como uma casa construída sobre a rocha. É como se sempre lembrássemos a nós mesmos e ao outro: “Tudo bem, você me magoou ou eu magoei você, mas não é o fim do mundo. Foi Deus quem nos uniu. Vamos respirar, rezar e conversar, porque tudo isso vai passar.”

        Em segundo lugar, o diálogo tem que ser aqui, agora. O sol não pode se por sobre o nosso ressentimento. Não vamos deixar para depois do almoço ou para depois que as crianças dormirem. Se necessário, vamos nos trancar no quarto, deixar o filho maior cuidando dos menores e vamos conversar até nos entendermos ou pelo menos até um perdoar o outro.

        Em terceiro lugar, trazer para o casamento o “pensar bem de todos, falar bem de todos, querer o bem de todos”. Se vivo essa realidade lá fora, muito mais a viverei aqui dentro de casa. Se minha esposa me magoou, não tenho o direito de pensar que ela fez por mal. Vou pensar sempre o melhor dela. Ela vai pensar sempre o melhor de mim. Isso é antídoto para muitas brigas. Antes mesmo de reagir com raiva diante de alguma ofensa, eu penso: “Ela não fez por mal. Preciso pensar o melhor da minha esposa. Ela me ama, não quer me ferir.”

        Em quarto lugar, abandonar as supostas certezas. Talvez seja o maior desafio, porque com o passar dos anos, nós começamos a achar que já sabemos exatamente o que esperar do outro e isso se reflete nos desentendimentos: “Eu sabia que você iria dizer isso” ou “eu sabia que você ia fazer isso de novo”. Aqui em casa nós não sabemos de nada, além do fato de que o outro está tentando ser o melhor possível.

        Em quinto lugar, por fim, paciência e amor. Não desistir do outro, por mais que repita os mesmos erros. É o perdoar setenta vezes sete, só que dentro do casamento. É ter a tranquilidade de que diversas vezes eu e minha esposa vamos tropeçar nos passos que acabei de descrever e vamos ter que nos perdoar e recomeçar com um sorriso no rosto, um abraço, um beijo, um carinho.
Aprenda a lidar com os desafios

        Na história de Dostoievski, aquele casamento termina de maneira trágica porque o homem não conseguiu fazer a experiência da conversão. Ele sabia que precisava mudar, tinha consciência da sua miséria, mas não conseguia dar os passos necessários porque faltava-lhe uma experiência transformadora com Deus.

        Cada um de nós vai se deparar com diferentes desafios dentro do casamento. Pode ser o temperamento do outro, que me surpreende negativamente, alguma mania que me desagrada, a falta de paciência do outro ou a incapacidade de falar de si. O que não pode mudar é a disposição de recomeçar, que parte da certeza de que por ser uma vocação, um chamado de Deus, Ele mesmo nos capacitará a viver bem o casamento, como meio de alcançar a santidade e chegar ao céu. Em face dessa certeza, tudo, mas tudo mesmo se resolve com uma boa conversa.

José Leonardo Nascimento
é casado, pai de quatro filhos e membro do segundo elo da Comunidade Canção Nova desde 2007. Natural de Paripiranga (BA), cursou Ciências Contábeis na Universidade Federal de Sergipe e fez pós-graduação em economia por meio do Minerva Program, na George Washington University, nos Estados Unidos. Trabalha, há 18 anos, como Auditor Federal na Controladoria-Geral da União em Aracaju (SE). Ele e sua esposa trabalham, há muitos anos, com a evangelização de casais e de famílias.
O MEDO
Deus ama o pecador, mas detesta o pecado

Foto Ilustrativa: lolostock by Getty


        Um grande aliado do Tentador é o medo. Quantas pessoas se tornaram infelizes, desviaram-se de Deus, entregaram-se a toda espécie de vícios por causa do medo! Medo de Deus, medo do diabo, medo de não ser feliz, medo de não se casar, medo de perder o marido, medo de morrer pobre, de fracassar, de ir para o inferno e, por fim, um dos piores medos: medo da morte!

        Numa busca desesperada de segurança, de garantias e “felicidade instantânea”, um número incontável de pessoas se entregou aos arrastos da carne, aos prazeres pecaminosos e a toda sorte de pecados, procurando vida onde só há morte. Muita gente buscou e ainda busca libertações no espiritismo, no ocultismo e em outros tantos espiritualismos, a fim de manipular o sobrenatural, como se com o barro pudesse do barro se limpar. Até parece que ouvimos o desespero gritar: “Comamos e bebamos, pois amanhã morreremos”.

        Deus ama o pecador, mas detesta o pecado, pois, no Seu amor de Pai, Ele jamais consentirá algo que nos destrua e nos faça infelizes. Não há nenhum pecado que faça bem. Eu nunca vi. Sei que jamais verei o pecado, por si só, gerar verdadeiros benefícios.

O pecado tem a força de destruir o homem

Deus se ofende com o pecado, principalmente, porque este mata o homem, destrói aquele que Deus mais ama.

        O Apocalipse narra: “alegrai-vos, ó céus, e todos os que aí habitais. Mas ó terra e mar, cuidado! Porque o demônio desceu para vós, cheio de grande ira, sabendo que pouco tempo lhe resta” (Ap 12,12). Não podendo nada contra Deus, o diabo. O ofende em Suas criaturas. Quer atingi-Lo pelo Seu amor.

        O que será mais doloroso: machucarem-nos ou machucarem nosso filho ou a nossa mãe, por exemplo? Eu penso que a dor assume proporções gigantescas quando o mal se abate sobre aqueles que amamos. Que sofrimento Deus padece pelo amor que tem por nós! Diz a Sagrada Escritura que o coração de Deus se revolve, que o Senhor se comove, estremece de dó e compaixão pelos Seus filhos que O abandonam seduzidos pelo diabo (cf. Os 11,8c).

Quais são as artimanhas do inimigo?

        Há mais um medo pelo qual o inimigo nos seduz: o medo de perder a nossa liberdade. Tentamos garanti-la defendendo-a de Deus, defendendo-a d’Aquele que nos deu toda a liberdade. Como se Ele no-la quisesse tirar.

        No íntimo do nosso coração, sopra uma vozinha dizendo: “Deus não vai me deixar fazer isso ou aquilo!”; “Olha que Deus está te vendo!”. Pergunto-me se será mesmo só a voz da consciência.

        Deus ama, e quem ama liberta. Porque nos ama, Ele nos respeita. Precisamos defender a nossa liberdade sempre, mas não de Deus, e sim do violador, do príncipe deste mundo que mantém as pessoas prisioneiras pelos seus vícios: álcool, fumo, drogas, jogos, promiscuidade, mentira e uma infinidade de outros que só trazem como salário a morte – primeiro da alma e depois do corpo. Mas, pela oração, podemos desarmar todas as ciladas do demônio.

Trecho extraído do livro "Quando só Deus é a resposta" do Márcio Mendes

Márcio Mendes
Nascido em Brasília, em 1974, Márcio Mendes é casado e pai de dois filhos. Ex-cadete da Academia da Força Área Brasileira, Mendes é missionário da Comunidade Canção Nova, desde 1994, onde atua em áreas ligadas à comunicação. Teólogo.

DECLARAÇÃO
CMI e Fórum Inter-religioso: crise sanitária e climática estão relacionadas

TERÇA-FEIRA, 7 DE JULHO DE 2020, 9H51 MODIFICADO: TERÇA-FEIRA, 7 DE JULHO DE 2020, 10H31


        Declaração foi apresentada na 44ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, que acontece desde 30 de junho, em Genebra

Vatican News

        Emergência da Covid-19 e mudanças climáticas de origem antrópica são os dois lados da mesma crise cuja raiz há “um sistema econômico injusto e ecologicamente insustentável”, com profundas consequências para os povos do mundo inteiro e para os direitos humanos. Este é o ponto de partida da declaração conjunta publicada pelo Fórum Inter-religioso sobre Mudanças Climáticas, Direitos Humanos e Meio Ambiente (Gif), em Genebra, na Suíça, do qual fazem parte o Conselho Mundial de Igrejas (CMI), os Dominicanos pela Justiça e Paz e a Federação Luterana Mundial.

        A declaração foi apresentada na 44ª sessão do Conselho de Direitos Humanos da ONU, que se reúne desde 30 de junho a 17 de julho, em Genebra, de onde o Fórum Inter-religioso sobre Mudanças Climáticas, Direitos Humanos e Meio Ambiente, por ocasião da Cúpula da ONU, organizou uma série de seminários on-line centrados no tema “Direitos humanos, ética e mudanças climáticas”.

        O texto sublinha a estreita ligação entre as crises sanitária e climática que o mundo está vivendo, por causa de seu impacto sobre os direitos humanos fundamentais dos mais vulneráveis, começando pelo da saúde, estabelecido pela ONU como terceiro Objetivo do desenvolvimento sustentável (SDG3). Vários estudos destacam que a seca causada pelas mudanças climáticas e a má qualidade do ar pioram os sintomas da Covid-19 e confirmam que o maior preço em termos de vidas humanas é pago pelas categorias desfavorecidas: os pobres, as mulheres, as minorias, os povos indígenas, os migrantes e os refugiados.

“As duas emergências”, prossegue a declaração, “também estão ligadas por suas consequências econômicas: o confinamento levou a um aumento dramático do desemprego e também da pobreza e da fome em todo o mundo, mas as mudanças climáticas também estão corroendo os meios de subsistência, em particular dos agricultores, pescadores e populações indígenas e minando os direitos à alimentação e à água, junto com outros direitos econômicos, sociais e culturais. Mais uma vez, as pessoas com poucos meios socioeconômicos e que vivem às margens são as mais atingidas”, observa o documento.

        Recordando as palavras do Papa Francisco na Laudato si’, o Fórum Inter-religioso afirma que essas crises “revelaram claramente a nossa interconexão como única humanidade e o fato de fazermos parte de uma comunidade mais ampla de vida, bem como a indivisibilidade e a interdependência de todos os direitos humanos e a necessidade de investir decisivamente nos sistemas de assistência para proteger esses direitos”.

        O organismo faz um apelo a “remodelar radicalmente as políticas e sistemas econômicos a fim de promover os direitos humanos e apoiar a saúde e o bem-estar das pessoas e do planeta”. Isso envolve ações coordenadas, coerentes e transformadoras da parte dos Estados em colaboração com todos os setores da sociedade”, ressalta ainda o Fórum Inter-religioso.

        A Declaração se conclui com quatro recomendações: reconhecer o direito humano a um ambiente seguro, limpo e saudável para todos, protegendo a biodiversidade e reduzindo as emissões de gases de efeito estufa em todos os países; garantir o respeito dos direitos humanos na aplicação das medidas contra a Covid-19; assegurar a fruição plena e equitativa dos direitos econômicos, sociais, culturais, civis e políticos e a transição para uma economia e uma sociedade sustentável e sem emissão de gás carbônico na era pós-Covid; e por fim, cancelar a dívida dos países mais pobres e reformar o sistema tributário em todo o mundo.

27 de junho de 2020

Por que tenho pressão alta?

Foto ilustrativa: Madrolly by Getty Images

        Na maioria das pessoas que sofrem de pressão alta, não se encontra uma causa definida, embora admita-se que fatores genéticos e ambientais estejam envolvidos na gênese dessa doença. Por conta de não se conhecer a sua etiologia, é chamada de hipertensão primária. Embora não causais, vários fatores de risco estão forte e independentemente associados à hipertensão primaria, como:
Alguns fatores que cooperam com a pressão alta

• Idade – idade avançada está associada ao aumento da pressão arterial, particularmente da sistólica; além disso, com o avançar da idade, aumenta a incidência de hipertensão arterial.

• Obesidade – aumento do peso e, consequentemente, da massa gordurosa do corpo é fator de risco importante para a hipertensão. O que vale a pena dizer é que, para muitos pacientes que chegam à nossa clínica com excesso de peso e hipertensos, após reeducação alimentar, conseguimos reduzir a quantidade de medicamentos que tomam e, em alguns casos, até suspender totalmente qualquer tipo de remédio para a pressão alta.

• História familiar – se sua mãe e/ou seu pai são hipertensos, você tem duas vezes mais chances de um dia ter pressão alta do que aqueles cujos pais são normotensos.

• Raça – em negros, a hipertensão tende a ser mais comum, ser mais grave, ocorrer mais cedo na vida e ser associada a maiores danos nos órgãos-alvo, como rins, por exemplo.

• Dieta com alto teor de sódio – excesso de ingestão de sódio (por exemplo: > 3000 mg/dia) aumenta o risco de hipertensão.

• Consumo excessivo de alcoól – associado à ocorrência de hipertensão arterial.

• Inatividade física – aumenta o risco de hipertensão, e o exercício é um meio efetivo de baixar a pressão arterial.

• Diabetes e dislipidemia – presença de outros fatores de risco cardiovasculares como diabetes e dislipidemias (aumento do colesterol e triglicérides no sangue) parece estar associada a maior risco de desenvolver hipertensão.

• Traços de personalidade e depressão – hipertensão pode ser mais comum entre aqueles indivíduos com atitudes hostis, impaciência quanto ao tempo, bem como entre aqueles com depressão e ansiedade.

Texto extraído do livro “Hipertensão Arterial - Uma Visão Integrativa“, de Dr. Roque e Dra. Gisela Savioli.

Dr. Roque Savioli
CRMESP 22.338
Formado pela Faculdade de Ciências Médicas de Santos em 1974. Residência Médica em 1975 e 1976 no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, obtendo o título de especialista em Cardiologia, pela Segunda Clínica Médica, Serviço do Prof. Luis Vénere Décourt. Desde 1977 é integrante do Corpo Clínico do Instituto do Coração do HC-FMUSP , atualmente lotado como Médico Supervisor da Divisão Clínica – Unidade de Cardiogeriatria. Doutor em Medicina pela FMUSP e integrante da Sociedade Paulista e Brasileira de Cardiologia .
Apresentador do programa “ Mais Saúde “na Rede Canção Nova de Radio (AM).